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Historiografia 1

Historiografia
Historiografia (de "historiógrafo", do grego Ιστοριογράφος, de
Ιστορία, "História" e -γράφος, da raiz de γράφειν, "escrever": "o que
escreve, ou descreve, a História"[1]) é uma palavra polissémica.
Designa não apenas o registro escrito da História, a memória
estabelecida pela própria humanidade através da escrita do seu próprio
passado, mas também a ciência da História.

A historiografia como meta-história


Se a História é uma ciência (cujo objecto é o homem no tempo), tem
que submeter-se, como toda a ciência, ao método científico. Ainda que
este não possa ser integralmente aplicado a todos os campos das
ciências experimentais, pode-se fazê-lo a um nível equiparável ao das
chamadas Ciências Sociais (ver: Método histórico, Metodologia e
Mulher escrevendo (Johannes Vermeer).
Metodologia nas ciências sociais).

Um terceiro conceito confluente no momento de definir-se a História como fonte de conhecimento é a chamada
Teoria da História, também denominada como "historiologia" (termo cunhado por José Ortega y Gasset)[2]), cujo
papel é o de estudar a estrutura, leis e condições da realidade histórica (DRAE [3]); enquanto que o da
"historiografia" é o de relato em si mesmo da história, da arte de escrevê-la (DRAE [4]).
É impossível acabar com a polissemia e com a superposição destas três acepções, mas de maneira simplificada,
pode-se admitir: a história é o estudo dos homens no tempo e seus feitos; a historiografia é a ciência da história e a
historiologia a sua epistemologia.
A Filosofia da História é o ramo da filosofia que concerne ao significado da história humana, se é que o tem.
Especula acerca de um possível fim teleológico de seu desenvolvimento, ou seja, pergunta-se se há um esboço, um
propósito, princípio director ou finalidade no processo da história humana. Não deve confundir-se com os três
conceitos anteriores, dos quais se separa claramente. Se o seu objecto é a verdade ou o dever ser, se a história é
cíclica ou linear, ou se nela existe a ideia de progresso, são matérias das quais trata esta disciplina, alheias à história
e à historiografia propriamente ditas.
Um enfoque intelectual, que tampouco contribui muito para entender a ciência histórica como tal, é a subordinação
do ponto de vista filosófico à historicidade, considerando toda a realidade como produto de um devir histórico: esse
seria o lugar do historicismo, corrente filosófica que pode estender-se a outras ciências, como a Geografia.
Uma vez despojada da questão meramente nominal, resta para a historiografia, portanto, a análise da história escrita,
das descrições do passado; especificamente dos enfoques na narração, interpretações, visões de mundo, uso das
evidências ou documentos e os métodos de sua apresentação pelos historiadores; e também o estudo destes, por sua
vez sujeitos e objectos da ciência.
A historiografia, de maneira restrita, é a maneira pela qual a história foi escrita. Em um sentido mais amplo, a
historiografia refere-se à metodologia e às práticas da escrita da historia. Em um sentido mais específico, refere-se a
escrever sobre a história em si.
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Fontes historiográficas e seu tratamento


É importante distinguir a matéria-prima do trabalho dos historiadores (a fonte primária) do produto acabados ou
semi-acabado (fonte secundária e fonte terciária). Do mesmo modo, importa notar a diferença entre a fonte e o
documento e o estudo das fontes documentais: a sua classificação, prioridade e tipologia (escritas, orais,
arqueológicas); o seu tratamento (reunião, crítica, contraste), e manter o devido respeito a essas fontes,
principalmente com a sua citação fiel. A originalidade do trabalho dos historiadores é uma questão delicada.

A historiografia como produção historiográfica


Historiografia é o equivalente a qualquer parte da produção
historiográfica, ou seja: ao conjunto dos escritos dos historiadores
acerca de um tema ou período histórico específico. Por exemplo, a
frase: "é muito escassa a historiografia sobre a vida cotidiana no
Japão na Era Meiji" quer dizer que existem poucos livros escritos
sobre esta questão, uma vez que até ao momento ela não recebeu
atenção por parte dos historiadores, e não porque esse objecto de
Arquivo das Índias, diante da Catedral de
estudo seja pouco relevante ou porque haja poucas fontes documentais
Sevilha.
que proporcionem documentação histórica para fazê-lo.[5]

No que diz respeito à difusão e divulgação da produção historiográfica,


seria bom que cumprisse os mesmos requisitos a que se submetem as
demais publicações científicas (ver publicação).
Também se utiliza o vocábulo "historiografia" para falar do conjunto
de historiadores de uma nação, por exemplo, em frases como esta: "a
historiografia espanhola abriu os seus braços e os seus arquivos a
partir da década de 1930 para os hispanistas franceses e
anglo-saxãos, que renovaram a sua metodologia."
Enterramento da cultura Nazca.
É necessário diferenciar os dois termos utilizados acima: "produção
historiográfica" e "documentação histórica", ainda que em muitos
casos coincida que os historiadores utilizem como documentação
histórica precisamente a produção historiográfica anterior.
Por exemplo: sobre um conjunto de documentos de arquivo da Casa de
Contratação em Sevilha que foi produzido apenas para fins de
contabilidade;[6] ou qualquer material arqueológico que esteja em uma
escavação no Peru, e se depositou sem a intenção de que alguém o
encontrasse; um historiador americanista terá de usar a "Brevíssima
Relação da Destruição das Índias", que foi escrita por Frei Bartolomé
de Las Casas com um afã histórico indubitável, além de com fins da
defesa de um interesse ou do seu próprio ponto de vista.[7]

Com este último vemos outra insuperável característica da História que


a peculiariza como ciência: nenhum historiador, por mais objectivo que
pretenda ser, é alheio aos seus próprios interesses, ideologia ou
Frei Bartolomé de las Casas.
mentalidades, nem pode subtrair-se ao seu ponto de vista particular.
Quando muito, pode tentar a intersubjetividade, ou seja, ter em conta a
existência de múltiplos pontos de vista. Para o caso do exemplo em tela, contrastar as fontes de Bartolomé de las
Casas com as demais vozes que se ouviram na Junta de Valladolid, entre as quais se destacou a de seu rival, Juan
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Gines de Sepulveda, ou inclusive com a chamada "voz dos vencidos", que raramente é preservada, mas às vezes sim,
como acontece com a "Nueva Crónica y Buen Gobierno" do inca Guaman Poma de Ayala.[8]
A reflexão sobre a possibilidade ou impossibilidade de um enfoque objectivo conduz à necessidade de superar a
oposição entre a objectividade (a de uma inexistente ciência "pura", que não seja contaminada pelo cientista) e
subjectividade (implicada nos interesses, ideologia e limitações do cientista), com o conceito de intersubjectividade,
que obriga a considerar a tarefa do historiador, como o de qualquer cientista, como um produtor social, inseparável
do restante da cultura humana, em diálogo com os demais historiadores e com toda sociedade como um todo.

Historiografia e perspectiva: o objecto da História


A história não tem outra alternativa senão seguir a tendência de especialização de qualquer disciplina científica. O
conhecimento de toda a realidade é epistemologicamente impossível, ainda que o esforço de conhecimento
transversal, humanístico, de todas as partes da história, seja exigível a quem verdadeiramente queira ter uma visão
correcta do passado.
A História, portanto, deve segmentar-se, não apenas porque a perspectiva do historiador esteja contaminada com
subjectividade e ideologia, mas porque ele deve optar, necessariamente, por um ponto de vista, do mesmo modo que
um cientista: se quiser observar o seu objecto, deve optar por usar um telescópio ou um microscópio (ou, de forma
menos grosseira, que tipo de lente irá aplicar). Com o ponto de vista determina-se a selecção da parte da realidade
histórica que se toma como objecto, e que, sem dúvida, dará tanto a informação sobre o objeto estudado como sobre
as motivações de um historiador que o estuda. Essa visão preferencial pode ser consciente ou inconsciente, assumida
com maior ou menor cinismo pelo historiador, e é diferente para cada época, para cada nacionalidade, religião, classe
social ou âmbito no qual o historiador pretenda situar-se.
A inevitável perda que supõe a segmentação, compensa-se pela confiança em que outros historiadores farão outras
selecções, sempre parciais, que devem complementar-se. A pretensão de conseguir uma perspectiva holística, como
o pretende a História total ou a História das Civilizações, não substitui a necessidade de todas e cada uma das
perspectivas parciais como as que se tratam a seguir:

Recortes temporais
Os recortes temporais vão desde as periodizações clássicas
(Pré-história, História, Idade Antiga, Idade Média, Idade Moderna ou
Idade Contemporânea), até às histórias por séculos, reinados, e outras.
A periodização clássica (ver a sua justificação em Divisão do tempo
histórico) é discutível, tanto pela necessidade de períodos de transição
e de solapamentos, como por não representar períodos coincidentes
para todos os países do mundo (razão pela qual foi acusada de
eurocêntrica).

A Escola dos Annales foi uma das origens da fixação da memória dos
feitos históricos em muitas culturas (veja-se em seu verbete próprio e
mais abaixo em Historiografia de Roma). As crónicas (que em seu
nome já indicam a intenção do recorte temporal) são usadas como
reflexo dos acontecimentos notáveis de um período, habitualmente um
reinado (veja-se no verbete próprio e mais abaixo em Historiografia da Mapa-múndi de Fra Mauro (detalhe):
Idade Média e Historiografia espanhola medieval e moderna). A incomoda-nos um mapa invertido?

arcontologia seria a limitação do registro histórico à lista de nomes que


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ocupavam determinados cargos de importância ordenados cronologicamente. De fato, a mesma cronologia,


disciplina auxiliar da história, nasce em muitas civilizações, associada ao cômputo do tempo passado que se fixa na
memória escrita pelos nomes dos magistrados, como ocorria em Roma, onde era mais comum citar um ano por ser o
dos cônsules tais ou quais. No Egipto, a localização do tempo se fazia pelos faraós e dinastias. É muito significativo
que nas culturas não históricas, que não fixam mediante a escrita a memória do seu passado, é muito frequente que
não se mantenha a duração concreta do tempo passado mais do que uns poucos anos, que podem ser inclusive menos
do que os que dura uma vida humana.[9] Tudo o que ocorre fora dele é referido como faz muito tempo", ou como no
tempo dos antepassados, que passa a ser um tempo mítico, ahistórico.[10]
O tratamento cronológico é o mais utilizado pela maioria dos historiadores, pois é o que corresponde à narrativa
convencional, e o que permite ligar as causas passadas com os efeitos no presente ou no futuro. No entanto, ele é
usado de várias maneiras: por exemplo, o historiador deve sempre optar por um tratamento síncrono ou diacrónico
do seu estudo dos factos, ainda que muitas vezes se façam os dois.
• o tratamento diacrónico estuda a evolução temporal de um fato, por exemplo, a formação da classe operária na
Inglaterra ao longo dos séculos XVIII e XIX.
• o tratamento síncrono, concentra-se nas diferenças que o fato histórico estudado tem ao mesmo tempo, mas em
diferentes níveis, por exemplo: compara a situação da classe trabalhadora na França e na Inglaterra, na conjuntura
da revolução de 1848 (ambos os exemplos foram referidos a partir de Edward Palmer Thompson.[11]
Períodos ou momentos especialmente atraentes para os historiadores acabam convertendo-se, pela intensidade do
debate e do volume de produção em verdadeiras especialidades, tais como a história da Guerra Civil Espanhola, a
história da Revolução Francesa a da Guerra da Independência dos Estados Unidos, ou a da Revolução Soviética, por
exemplo.
Também devem ser consideradas as diferentes concepções de tempo histórico, que, de acordo com Fernand Braudel
vão da longa duração ao evento pontual, passando pela conjuntura.

Recortes metodológicos: as fontes não escritas


Pré-história

Idade da Pedra Idade dos Metais

Paleolítico Mesolítico Neolítico Idade do Idade do Idade do


Cobre Bronze Ferro
P. P. P. EpipaleolíticoProtoneolítico
Inferior Médio Superior

No caso do período pré-histórico, a diferença radical entre fontes e método (assim como a divisão burocrática das
cátedras universitárias) fazem com que seja uma ciência muito distante daquela feita pelos historiadores, sobretudo
quando tais fontes e métodos se prolongam, dando primazia à utilização das fontes arqueológicas e ao estudo da
cultura material em períodos para os quais já existam fontes escritas, falando-se então não da Pré-história, mas sim
propriamente da Arqueologia com as suas próprias periodizações (Arqueologia clássica, Arqueologia Medieval e
mesmo Arqueologia Industrial). Uma diferença menor pode ser encontrada com o uso de fontes orais, no que é
chamado de História Oral. Não obstante, há que recordar o que foi dito (ver acima recortes temporais) acerca da
primazia das fontes escritas e o que estas determinam à ciência historiográfica e à própria consciência da história em
seu protagonista, que é toda a humanidade.
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Recortes espaciais
São exemplos de recortes espaciais a História continental, a História nacional e a História regional. O papel da
história nacional na definição das próprias nações é inegável (para a Espanha, por exemplo, desde as Crónicas
medievais até à História do Padre Mariana; veja-se ainda nacionalismo). Também como exemplo, veja-se em
História da História) como os historiadores se agrupam distintamente por nacionalidade, por época ou por tendência.
A Geografia dispõe de conceitos não tão potentes porém não menos arbitrários, que têm permitido edificar o
prestigioso ramo da Geografia regional. A História local é, sem dúvida, a de mais fácil justificação e de validade
universal, sempre que supere o nível da simples erudição (que ao menos sempre servirá como fonte primária para
obras de maior ambição explicativa).

Recortes temáticos
São os que dão lugar a uma história sectorial, presente na historiografia desde a antiguidade, como ocorre com a:
• História Política, reduzida à história dos eventos ou categorizada na História das instituições, História dos
sistemas políticos, História do Direito e História Militar;
• História Económica, às vezes geminada com a História Social, no entanto, também pode ser entendida como
História do movimento operário ou uma história mais universal, a dos movimentos sociais;
• História da Igreja, tão antiga como ela mesma, ou a história das religiões, nascida pela necessidade de tornar o seu
estudo comparativo;
• História da Arte, nascida ainda na Antiguidade Clássica com a valorização da sua produção artística e de seu
passado;
• mais recente do que estas, mas englobando-as de algum modo, a História das ideias, que pode incluir as crenças,
as ideologias ou a História da ciência e da tecnologia e com elas subdividir-se até ao infinito: História das
doutrinas económicas, História das doutrinas políticas, etc.;
Uma das formas de se perguntar qual é o objecto da História é através da escolha do que é que merece ser mantido
na memória, quais são os factos memoráveis. São todos, ou são apenas aqueles que o historiador considera
transcendentais? Na lista acima, temos algumas respostas que cada um pode dar.
Algumas destas denominações encerram não uma simples divisão, mas sim visões metodológicas opostas ou
divergentes, que se têm multiplicado nos últimos cinquenta anos. A história é hoje mais plural do que nunca,
dividida em uma multiplicidade de especialidades tão fragmentada que muitos dos seus ramos não se comunicam
entre si, sem ter sujeito e objecto comuns:
• a Microhistória, que se interessa pela especificidade dos fenómenos sociais a partir de uma perspectiva que tem
sido comparada a uma lupa de aumento;
• a História da vida quotidiana, a partir de uma mesma selecção do objecto, abre depois o campo de visão buscando
a generalização;
• a História da mulher ou os chamados estudos de género, como muitas histórias transversais que, por vezes, podem
ser colocadas como uma história das minorias, ou discriminar-se tematicamente como a história da sensibilidade,
ou a história da sexualidade;
• alterações na história económica como a cliometria ou a história da empresa;
• a História cultural, que registra um novo impulso após várias décadas;
• a História do tempo presente, criada na década de 1980 e que está interessada nos grandes avanços do nosso
tempo;
• a climatologia e a genética, que junto com outras disciplinas, estão se deixando notar mais no debate
historiográfico, através da história ambiental ou ecohistória, nos cada vez mais utilizados estudos de genética
populacional.
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Ciências auxiliares da História


A fragmentação do objecto histórico pode induzir, em algumas ocasiões, a uma limitação muito forçada da
perspectiva historiográfica. Levada a um extremo, pode-se reduzir a história à ciência auxiliar daquela de que se
serve para encontrar explicação para os factos do passado, como por exemplo a Economia, a Demografia, a
Sociologia, a Antropologia ou a Ecologia.
Em outras ocasiões, a limitação do campo de estudo produz realmente um "género historiográfico":

Géneros historiográficos
Pode assinalar-se que há "géneros historiográficos" que participam da
História mas que podem chegar a aproximar-se mais ou menos dela:
num extremo encontram-se os terrenos da ficção ocupados pela novela
histórica, cujo valor desigual não diminui a sua importância. Outro
extremo é ocupado pela Biografia e um género anexo, sistemático e
extraordinariamente útil para a história geral como é a Prosopografia.
Vinculada à história desde o começo do registro escrito, uma de suas
principais preocupações no momento de estabelecer os dados foi o que
hoje chamamos Arcontologia (as listas de reis e dirigentes).

Correntes historiográficas: o sujeito da História


De modo mais explícito, as correntes historiográficas normalmente
explicitam a sua metodologia de uma forma combativa, como o
Providencialismo, de origem Cristã (convém recordar que, para além Clio, a musa da História, por Pierre Mignard
(1689).
da tradição historiográfica grega Heródoto e Tucídides, a origem da
nossa historiografia é a História sagrada) ou o Materialismo histórico
de origem marxista (que triunfou nos ambientes intelectuais e universitários europeus e americanos em meados do
século XX, permanecendo adormecido desde a queda do Muro de Berlim).[12]

Às vezes a rotulação das correntes é obra de seus detractores, com o que os historiadores ali identificados podem ou
não concordar com o modo pelo qual foram definidos. Este tipo de coisa poderia ser dito do próprio
providencialismo, mas seria mais apropriado para correntes mais modernas, como o positivo burguês, a história dos
eventos (dos acontecimentos) e outras.
É sempre necessário interpretar a historiografia como parte da atmosfera intelectual da época em que se coloca.
Qualquer produção cultural é dependente do modelo cultural existente, chamando-se a isso moda, estilo ou
paradigma dominante na arte ou na filosofia, e é evidente que o registro da história é uma produção cultural. A
desconstrução, o pensamento débil ou a pós-modernidade, conceitos do final do século XX, foram a incubadora da
actual desconstrução da história, que para alguns é apenas uma narrativa.[13]
Uma boa maneira de distinguir a interpretação da história que tem uma determinada corrente historiográfica actual é
perguntar-lhe a quem considera "sujeito histórico" ou verdadeiro protagonista da história.
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Agrupamentos de historiadores
Grupos de historiadores que partilham metodologias (e se autopromovem conjuntamente com o poderoso mecanismo
publicação-citação) surgem por vezes em torno de revistas, como a escola francesa dos Annales, a inglesa Past and
Present ou a italiana Quaderni Storici; grupos de investigação ou as próprias cátedras universitárias, que são a
cúspide da reprodução das elites historiográficas, através do clientelismo e do reconhecimento entre pares ("peer
review").

A história da História
O surgimento da História é equivalente ao da escrita, mas a
consciência de estudar o passado ou de deixar para o futuro um registro
da memória é uma elaboração mais complexa do que as anotações dos
templos da Suméria.[14] As estelas e relevos comemorativas de
batalhas na Mesopotâmia e no Egipto já são algo mais aproximado.
As demais civilizações asiáticas alcançaram a escrita e a história em
seu próprio ritmo, pela compilação das suas fontes teológicas sob a
forma de livros sagrados - por vezes com trechos históricos (como a
Bíblia hebraica) ou sofisticações cronológicas (como os Vedas hindu)
-, registram os seus próprios anais e finalmente a sua própria
historiografia, em especial na China,[15] que tem o seu Heródoto em
Sima Qian ("Memórias históricas", 109 a.C. – 91 a.C.) e alcançou uma
definição clássica história tipificada, oficial, com o Livro dos Han de
Ban Gu (século I), que estabeleceu um padrão repetido sucessivamente
pelos historiadores dos períodos seguintes, de vinte e cinco "histórias
tipificadas" até 1928, data em que apareceu a última dessa monumental
série..[16]

No continente americano, salvo a civilização Maia, não há textos, de


Ban Gu.
forma alguma, comparáveis. No entanto, o desenvolvimento e a
variedade que a historiografia alcançou na Civilização Ocidental é de
um nível diferente a todas elas.[17]
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Grécia
Os primeiros Gregos, que se interessaram sobretudo sobre os mitos de
criação (os logógrafos), já praticavam a recitação dos eventos. A sua
narração podia apoiar-se em escritos, como foi o caso de Hecateu de
Mileto, na segunda metade do século VI a.C.. No século V a.C.
Heródoto de Halicarnaso diferenciou-se deles pela sua vontade de
distinguir o verdadeiro do falso; por isso, realizou a sua "investigação"
(etimologicamente "História"). Uma geração mais tarde, com
Tucídides, esta preocupação tornou-se crítica, com base na
confrontação de diferentes fontes orais e escritas. A sua "História da
Guerra do Peloponeso" pode ser vista como a primeira obra
verdadeiramente historiográfica.

Os seguidores do novo género literário inaugurado por Heródoto e


Heródoto e Tucídides, opostos em um curioso Tucídides foram muito numerosas na Grécia Antiga e, entre eles
mármore no Museu de Nápoles. contam-se Xenofonte (autor do "Anábase"), Posidónio Ctésias,
Apolodoro de Artémis, Apolodoro de Atenas e Aristóbulo de
Casandrea, entre outros (Ver literatura grega e historiografia helenística)
No século II a.C. Políbio, em sua obra "Pragmateia" (traduzido também como "História"), talvez tentando escrever
uma obra de Geografia, abordou a questão da sucessão dos regimes políticos para explicar como é que o seu mundo
entrou na órbita romana. Ele foi o primeiro a procurar causas intrínsecas para o desenvolvimento da história, mais do
que invocar princípios externos. Nesta fase do período helenístico, a biblioteca e o Museu de Alexandria
representavam o ápice do afã grego em preservar a memória do passado, o que significa a sua valorização como uma
ferramenta útil para o presente e o futuro.

Roma
A civilização romana dispõe, à semelhança dos gregos Homero e
Hesíodo, de mitos de origem recolhidos por Virgílio que os poetizou
na Eneida como um elemento do programa ideológico desenhado por
Augusto. Também, pelo menos desde a República, teve um cuidado
especial pela recopilação de feitos em anais, a legislação escrita e os
arquivos vinculados ao sagrado dos templos. Até às guerras púnicas a
recopilação dos principais sucessos ocorridos estava a cargo dos
pontífices, sob a forma de crónicas anuais.

A primeira obra histórica latina completa é "As Origens" de Catão, do


século III a.C..
O contacto de Roma com o mundo Mediterrâneo, primeiro com
Cartago, mas sobretudo com a Grécia, o Egipto e o Oriente, foi
fundamental para ampliar a visão e utilidade do seu género histórico.
Os historiadores (quer romanos quer gregos) acompanharam os
Tácito.
exércitos nas campanhas militares, com o objectivo declarado de
preservar a sua memória para a posteridade, de recolher informações
úteis e de justificar as suas acções. A língua culta, o idioma grego, foi utilizado para este género, a par da mais
sóbria, o Latim.
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Salústio, o Tucídides romano, escreveu De Coniuratione Catilinae (A conjuração de Catilina, da qual foi
contemporâneo, no ano de 63 a.C.). Faz um extenso relato das causas remotas da conjuração, assim como das
ambições de Catilina, retractado como um nobre degenerado e sem escrúpulos. Em Bellum Ingurthinum ("A Guerra
de Jugurta" rei dos númidas, 111 a.C. – 105 a.C.), denuncia um escândalo colonial. Historiae foi a sua obra mais
ambiciosa e madura, parcialmente conservada que abrange, em cinco livros, os doze anos transcorridos após a morte
de Sila em 78 a.C. até 67 a.C.. Não e a precisão histórica que lhe interessa e sim a narração de alguns factos com as
suas causas e consequências, assim como a oportunidade de esclarecer o processo de degeneração em que a
República se viu imersa. Além dos indivíduos, o objecto da sua observação centra-se nas classes sociais e nas
facções políticas: idealiza um passado virtuoso, e detecta um processo de decadência que atribui aos vícios morais, à
discórdia social e ao abuso do poder pelas diferentes facções políticas.
Júlio César com o seu "Commentarii Rerum Gestarum", acerca de duas das maiores operações militares que
conduziu, as Guerras da Gália (58 a.C. – 52 a.C.) (De Bello Gallico) e a guerra civil (49 a.C. – 48 (De Bello Civili).
Tito Lívio (59 a.C. – 17), com os cento e quarenta e dois livros de "Ab Urbe Condita", divididos em grupos de dez
livros, conhecidos como "Décadas", actualmente perdidos em sua maior parte, escreveu uma grande História
nacional, cujo único tema é Roma ("fortuna populi romani"), e cujos únicos actores são o Senado e as pessoas de
Roma ("senatus populusque romanus", SPQR). O seu objectivo geral é ético e didáctico; os seus métodos foram os
do grego Isócrates do século IV a.C.: é dever da História dizer a verdade e ser imparcial, mas a verdade deve
apresentar-se de uma maneira elaborada e literária. Ele utilizou como fonte os primeiros analistas e Políbio, mas o
seu patriotismo levou-o a distorcer a realidade em detrimento do exterior e a um espírito crítico pobre. É um
historiador de gabinete, não viaja nem conhece pessoalmente os cenários dos eventos que descreve.
Tácito (55 - 120), o grande historiador do Império sob os Flávios, é, acima de tudo, um investigador das causas.
A lista de historiadores da época romana é vasta, tanto em língua latina (Plínio, o velho, Suetónio e outros[18] ou
grega (Estrabão, Plutarco).
Na decadência de Roma, o Cristianismo virá a dar uma mudança metodológica radical, introduzindo o
providencialismo de Agostinho de Hipona. É exemplo Orósio, presbítero hispânico de Braga ("Historiae adversum
paganus").

Idade Média
A historiografia medieval é feita principalmente por hagiógrafos,
cronistas, membros do clero episcopal próximos ao poder, ou pelos
monges. Escrevem-se genealogias, áridos anais, listas cronológicas de
acontecimentos ocorridos nos reinados dos seus soberanos (anais reais)
ou da sucessão de abades (anais monásticos); "vidas" (biografias) de
carácter edificante, como as dos santos Merovíngios, ou, mais tarde,
dos reis da França), e "histórias" que contam o nascimento de uma
nação cristã, exaltam uma dinastia ou, inversamente, fustigam os
ignóbeis de uma perspectiva religiosa. Esta história, de que são
exemplos Beda, o venerável ("História Ecclesiástica Gentis
Anglorum", século VIII) ou Isidoro de Sevilha ("Etimologias" e
"Historia Gothorum"), é providencialista, de inspiração agostiniana, e
circunscreve as acções dos homens nos desígnios de Deus. É preciso
esperar até ao século XIV para que os cronistas se interessem pelo
povo, o grande ausente da produção deste período, como por exemplo, O venerável Beda.
a do francês Jean Froissart ou do florentino Matteo Villani.
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Idade Moderna
Durante o Renascimento, o Humanismo trouxe um gosto renovado
pelo estudo dos textos antigos, gregos ou latinos, mas também pelo
estudo de novos suportes: as inscrições (epigrafia); as moedas
(numismática) ou as cartas, diplomas e outros documentos
(diplomática). Estas novas ciências auxiliares da era moderna
contribuíram para enriquecer os métodos dos historiadores: em 1681
Dom Mabillon indicou os critérios para determinar a autenticidade de
um registro, pela comparação de diferentes fontes em "De Re
Diplomática". Em Nápoles, mais de duzentos anos antes, Lorenzo
Valla, a serviço de Afonso V de Aragão tinha conseguido demonstrar a
falsidade da Doação de Constantino. Giorgio Vasari com a obra "As
vidas" ofereceu, por sua vez, uma fonte e um método historiográfico
para a História da Arte.

Neste período a história não é diferente da geografia e nem mesmo das


ciências naturais. É dividida em duas partes: a história geral
Folha de rosto de As vidas, de Giorgio Vasari.
(actualmente denominada simplesmente como "história") e a história
natural (actualmente as ciências naturais e a geografia). Este sentido
amplo de história pode ser explicado pela etimologia da palavra (ver História).
A questão da unidade do reino que se colocou pelas guerras de religião na França no século XVI, deu origem a
trabalhos de historiadores que pertencem à corrente chamada de "história perfeita", que mostra que a unidade política
e religiosa da França moderna é necessária, ao derivar-se de origens Gaulesas (Etienne Pasquier, "Recherches de la
France"). O providencialismo de autores como Jacques-Bénigne Bossuet ("Discurso sobre a história universal",
1681), tende a desvalorizar o significado de qualquer mudança histórica.
Ao mesmo tempo, a história se mostra como um instrumento de poder: põe-se ao serviço dos príncipes, desde
Nicolau Maquiavel até aos panegiristas de Luís XIV de França, entre os quais se incluiu Jean Racine.
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Historiografia espanhola medieval e moderna


Embora não se trate de nada de novo, e a historiografia espanhola é, talvez, o mais completo exemplo de um esforço
secular para manter a continuidade da memória escrita do passado, que tão bons serviços prestou desde as crónicas
medievais que justificavam a Reconquista, para reforçar o poder dos reis nos vários reinos cristãos.

As crónicas

Para o Principado das Astúrias, o Reino de Leão e o Reino de Castela


encadeiam-se sucessivamente em um conjunto abrangente, que
realmente começa com duas crónicas redigidas no Al-Andalus: a
"Crónica bizantina-árabe" (741) e a "Crónica Moçárabe"(754), que
precedem uma crónica actualmente perdida do reinado de Afonso II e
estabelecem a sua continuidade com as de Afonso III ao final do século
IX ("Crónica Albeldense", "Crónica Rotense", "Crónica Profética" e
"Crónica Sebastianense"), a de Sampiro (do reinado de Bermudo II de
Leão, por volta do ano 1000), as do século XII ("Crónica Silense" ou
do monge anónimo de Santo Domingo de Silos, por volta de 1110, a de
Pelayo, Bispo de Oviedo, a "Crónica do Imperador Afonso VII" e a do
monge anónimo de Nájera, estas três do final do século), as do reinado
de Fernando III de Leão e Castela ("Chronicon mundi" de Lucas, bispo
de Tui, "Crónica Latina dos reis de Castela" de Juan, bispo de Osma e
"De rebus Hispaniae" de Rodrigo Jiménez de Rada, arcebispo de
Toledo), as de Afonso X de Leão e Castela ("História de Espanha",
editado pelo filólogo Ramón Menéndez Pidal com o título de "Estoria de España", de Afonso X, século XIII.
"Primeira Crónica General", e a "Grande e General Estoria");
chegando ao século XIV, em que se destacam as "Crónicas" de Pedro López de Ayala ("Crónica do rei D. Pedro", a
de Henrique II, a de João I e a inacabada de Henrique III), mais sóbrias e próximas aos factos que as suas
contemporâneas europeias, embora o seu objectivo principal seja o da auto-justificação de seu autor, Chanceler de
Castela, que compôs ainda o "Rimado de Palacio", onde descreve os seus contemporâneos.

No século XV, a recompilação de crónicas multiplicou-se: a "Suma de crónicas de España", de Pablo Garcia de
Santa Maria (até 1412); "Crónica de Juan II" (sobre eventos de 1406 a 1434) por Álvar Garcia de Santa Maria (c.
1370 - 1460), irmão de Pablo (e retomada com o nome de "Crónica del Halconero" por Pedro Carrillo de Huete,
sendo refundida por Lope de Barrientos); Alfonso Martinez de Toledo (arcipreste de Talavera) escreveu em 1443
uma "Atalaia das Crónicas"; a "Crónica" de Álvaro de Luna(1453), é atribuída a Gonzalo Chacon; Diego de Valera
escreveu a "Crónica abreviada de Espanha" ou "Crónica Valeriana" (1482), que terminou no reinado de João II, o
"Memorial de diversas hazañas", o de Henrique IV (1486 - 1487) e a "Crónica de los Reyes Católicos" (até
1488).[19]
Nos outros reinos cristãos peninsulares, a literatura cronística é algo mais tardia, mas produz a primeira história geral
da Espanha em uma língua romântica: o "Liber regum", redigido entre 1194 e 1211 em Aragonês, que conta a
história dos distintos reinos cristãos desde as origens míticas da história peninsular.[20] O Condado de Aragão
produziu em 851 a "Passio beatissimarum birginum Nunilonis atque Alodie". E do posterior Reino de Aragão
dispomos dos "Anales de San Juan de la Peña", do século XII, que foram copiados na "crónica homónima". Do
mesmo século data uma "Breve história ribagorzana de los reyes de Aragón".[21]
Para a Coroa de Aragão, após as "Gestas veterum Comitatum Barcinonensium e Regum Aragonensium" (iniciada no
século XII e continuada até ao século XIV), destaca-se o "Llibre dels feyts" ou "Crónica de Jaime I o Conquistador";
a "Crónica de San Juan de la Peña" ou de "Pedro, o Ceremonioso"; a Crônica de Muntaner, que abrange o período
de 1207 a 1328, incluindo a famosa expedição dos Almogávares, da qual participou, e a de Bernat Desclot "Llibre
Historiografia 12

del rei En Pere d'Aragó e dels seus antecessors passats" (segunda metade do século XIII).
Completam o quadro peninsular a "Crónica de los Reyes de Navarra" (1454), do Príncipe de Viana (composta para
justificar a sua aspiração ao trono), e os "Annales Portugaleses Veteres" (987-1079).

Século XVI

Após a unificação dos Reis Católicos, já na Idade Moderna, continua


com a mesma função, explicitamente, a monumental "História da
Espanha", do Padre Mariana ("De Rebus Hispaniae libri XX", 1592,
aumentada para trinta livros em sua própria tradução para o castelhano
em 1601). Este religioso tornou-se célebre por sua defesa do tiranicídio
em "De Rege et regendi ratione" escrito para a educação de Filipe III
de Espanha.

Outros cronistas do século XVI foram Florián de Ocampo e Ambrosio


de Morales (continuando a "Crónica General" em cinco livros, iniciada
por aquele); Jerónimo Zurita ("Anales de la Corona de Aragón") e
Esteban de Garibay ("Compendio Historial de las Chronicas y
Universal Historia de todos los reynos de España").

Século XVII

A historiografia barroca inclui manipulações históricas fantasiosas,


como os "plomos del Sacromonte" ou os falsos cronicões "Ramón de la
Higuera". Fray Prudencio de Sandoval continua a crónica de Ocampo e
Argensola, em gravura de Luis Paret para El
Morales e redige uma "Historia de la vida y hechos del Emperador
Parnaso Español.
Carlos V"; Pedro de Salazar y Mendoza, uma "Origen de las
dignidades seglares de Castilla y León" e Bartolomé Leonardo de
Argensola, os "Anales de Aragón".

Em fins do século XVII, a reflexão sobre a própria historiografia surge na Espanha como uma necessidade
decorrente do acúmulo de tão vasto corpo cronístico, sendo a sua primeira tentativa a "Noticia y juicio de los más
principales historiadores de España, de Gaspar Ibáñez de Segovia, marquês de Mondéjar (publicado após a sua
morte em 1708).

Outros géneros historiográficos


Outros géneros historiográficos também foram cultivados desde a Idade Média, como o tratamento de uma figura
isolada (o ciclo de El Cid) e, já no século XV, as memórias (Leonor Lopez de Cordoba, circa 1400), a biografia ("El
Victorial" de Gutierre Díez de Games, "Generaciones y Semblanzas" de Fernán Pérez de Guzmán) e a relação de um
evento pontual como o "Libro del paso honroso de Suero de Quiñones", de Rodríguez de Lena. Os livros de viagens
como o de Pedro Tafur o de Ruy González de Clavijo (que foi embaixador diante de Tamerlão), também
proporcionam valiosas informações.
Historiografia 13

O al-Ândalus
Na primeira metade do século X da Era cristã (IV da Hégira), Muhammad al-Razi redigiu a primeira história geral da
península Ibérica, "Akhbār mulūk al-Andalus" continuada por outros al-Razi: o seu filho Ahmad (conhecido como o
"Mouro Rasis") e o deste (Isa ben Ahmad). Esta história foi divulgada nos reinos cristãos com o nome de "Crónica
del Moro Rasis", que foi utilizada por Jiménez de Rada.
Aríb de Córdoba, secretário de Al-Hakam II, escreveu uma Crónica de seu governo, e no mesmo reinado
Muhammad al-Jusaní (morto em 361/971) o "Kitáb al-qudá bi-Qurtuba" história dos cádis (juízes) de Córdoba.
À época de Almançor escreveu-se uma história controladíssima, como é a de Ibn Asim, significativamente intitulada
de "al-Ma'atir al-camiriyya" ("Gestas amiríes"), obra que apenas conhecemos por referências.
Entre os historiadores do século XI (V da Hégira), na idade de ouro que coincidiu com a desagregação do califado e
o surgimento dos reinos taifa, os cordoveses Ibn Hazm ("Fisal" ou "Historia crítica de las religiones, sectas y
escuelas") e Ibn Hayyán ("Muqtabis el Matín").
De família Andalus emigrada, o tunisino Ibn Khaldun (fim do século XIV, início do XV), tem sido muito valorizado
como um dos predecessores da filosofia da história e por suas abordagens inovadoras nas áreas da economia e da
sociologia no seu "al-Muqaddimah" ("História").
Já fora do período da presença muçulmana no Al-Andalus completa a historiografia islâmica clássica Al-Maqqari,
com o seu "Nafh al-Tib" (séculos XVI-XVII), que reúne muitas das fontes anteriores. As fontes muçulmanas, em
geral, são menos conhecidas, e incluem aquelas posteriores à Reconquista, como a pouco conhecida "História" de
Ibn Idhari (século XVI).[22]

Os cronistas das Índias

As primeiras obras de História da América, desde as "Relações" do


próprio Cristóvão Colombo, do seu filho Fernando e muitos outros
exploradores e conquistadores como Hernán Cortés ou Bernal Diaz del
Castillo ("Historia Verdadera de la Conquista de la Nueva España"),
têm um nítido caráter de auto-justificação. A tendência contrária, de
Bartolomé de las Casas ("Brevísima relación de la destrucción de las
Indias") foi tão importante que deu origem à controvérsia dos "justos
títulos", à qual deu réplica Juan Ginés de Sepúlveda; e mesmo à
chamada "Lenda negra", divulgada por toda a Europa como
propaganda antiespanhola. A visão dos povos indígenas, que viram os
seus documentos e cultura material serem pilhados e destruídos, foi
possível em alguns casos excepcionais, como a do Inca Felipe Guaman
Poma de Ayala.

Oficialmente, o cargo de Cronista das Índias iniciou-se com a


documentação recolhida por Pedro Mártir de Anglería passou, em
O trabalho inca em ilustração da Nueva Corónica
1526, a Fray Antonio de Guevara, cronista de Castela; e com Juan
y Buen Gobierno de Felipe Guaman Poma de
Gómez de Velasco que fez o mesmo com os papéis do Ayala (1616).
Cosmógrafo-mor Alonso de Santa Cruz, que acumulou o cargo de
cronista. Antônio de Herrera foi nomeado Cronista-mor das Índias em 1596, e publicou entre 1601 e 1615 a
"Historia general de los hechos de los castellanos en las islas y Tierra Firme del mar Océano", conhecida como
"Décadas". Antonio de León Pinelo (criado em Lima, e que havia recompilado as "Leis da Índias"), Antonio de Sólis
e Pedro Fernández del Pulgar exerceram o cargo durante o século XVII. No século XVIII a instituição consolidou-se

com a criação de duas outras, muito importantes para a manutenção da memória e da historiografia espanhola: a Real
Academia de la Historia e o Archivo General de Indias. Ainda houve tempo para destacar-se a figura de Juan
Historiografia 14

Bautista Muñoz ("Historia del Nuevo Mundo", que não chegou a completar).

O Iluminismo
No século XVIII, ocorreu uma mudança fundamental: as abordagens
intelectuais do Iluminismo por um lado, e a descoberta de um "outro"
em culturas fora da Europa (o exotismo, o mito do "bom selvagem")
por outro, suscitam um novo espírito crítico (embora, na realidade,
fossem circunstâncias semelhantes às que se podiam observar em
Heródoto). São postos em questão os prejuízos culturais e o
universalismo clássico.

A descoberta de Pompéia renovou o interesse pela Antiguidade


clássica (neoclassicismo) e fornece os materiais que inauguram uma
ciência emergente da arqueologia. As nações européias distantes do
Mediterrâneo buscam as suas origens históricas nos mitos e lendas que,
por vezes, foram inventadas (como em "Ossian" de James
Macpherson, que simulou ter encontrado o Homero Celta).

Também se interessam pelos costumes nacionais os franceses François


Fénelon, Voltaire ("História do império russo sob Pedro, o Grande" e
O padre Flórez, iniciador de La España Sagrada.
"O século de Luís XIV", 1751) e Montesquieu, que teorizou sobre ele
em "O Espírito das Leis". Na Inglaterra, Edward Gibbon escreveu a
sua monumental obra "História do declínio e queda do Império Romano" (1776-1788), onde fez da precisão um
aspecto essencial do trabalho do historiador.

Os limites da historiografia no século XVIII são a submissão à moral e a inclusão de juízos de valores, de modo que
o seu objectivo continua limitado.
Na Espanha destaca-se a publicação de "España Sagrada", do padre agostiniano Enrique Flórez, recompilação de
documentos de história eclesiástica, expostos com critério ultraconservador (1747 e continuada após a sua morte, até
ao século XX) e a "Historia crítica de España" do jesuíta desterrado Juan Francisco Masdeu; a partir de uma
perspectiva mais ilustrada temos o regalista Melchor Rafael de Macanaz, o crítico Gregorio Mayans y Siscar (um
dos seus discípulos, Francisco Cerdá y Rico, tentou imitar Lorenzo Valla ao discutir a veracidade do voto de
Santiago medieval), e mais tarde, nesse mesmo século, ao próprio Gaspar Melchor de Jovellanos, Juan Sempere y
Guarinos, Eugene Larruga y Boneta ("Memorias políticas y económicas"), e ao excelente documento recompilatório
que é "Viaje de España" de Antonio Ponz. A meio caminho entre as duas tendências encontra-se o exemplo de Juan
Pablo Forner, casticista na sua famosa "Oración apologética por España y su mérito literiario" (1786) e reformista
em outras obras, publicadas após a sua morte.
Historiografia 15

O século XIX: a História, ciência erudita


O século XIX foi um período rico em mudanças, tanto na maneira de
conceber a história como na de escrevê-la.
Na Alemanha, esta evolução havia se produzido antes, e já estava
presente nas universidades da Idade Moderna. Agora, a
institucionalização da disciplina deu lugar a vastos corpos que reuniam
e transcreviam as fontes, sistematicamente. Entre estes, o mais
conhecido é o "Monumenta Germaniae Historica", a partir de 1819. A
História ganha uma dimensão de erudição, mas também de actualidade.
Pretende rivalizar com as demais ciências, sobretudo com o grande
desenvolvimento que estas atravessam, à época. Theodor Mommsen
contribui para dar à erudição as suas bases críticas, em seu "Römische
Geschischte" ("História de Roma", 1845-1846), além de ter colaborado
no citado "Monumenta Germaniae Historica" e no "Corpus
Inscriptionum Latinarum".
Jules Michelet, o historiador da Revolução
Na França, foi considerada como uma disciplina intelectual distinta de Francesa.

outros géneros literários desde o começo do século, quando os


historiadores profissionalizaram-se e fundaram os arquivos nacionais
franceses (1808). Em 1821 fundou-se a "Ècole nationale des Chartes",
primeira grande instituição para o ensino da História no país.
A partir da década de 1860, o historiador Fustel de Coulanges escreveu
"a história não é uma arte, é uma ciência pura, como a física ou a
geologia". Sem dúvida, a história implica o debate da sua época e é
influenciada pelas grandes ideologias, como o liberalismo de Alexis de
Tocqueville e François Guizot. Sobretudo deixou-se influenciar pelo
nacionalismo e mesmo pelo racismo. Coulanges e Mommsen
transladaram para o debate historiográfico o enfrentamento da Guerra
franco-prussiana de 1870. Cada historiador tende a encontrar as
qualidades de seu povo (o "génio"). É o momento de fundação das
grandes histórias nacionais.

Os historiadores românticos, como Augustin Thierry e Jules Michelet,


mantendo a qualidade da reflexão e a exploração crítica das fontes, sem
receando espraiar-se no estilo, mantiveram-na como uma arte. Os
progressos metodológicos não impediram contribuir para as ideias Menéndez y Pelayo.
políticas de seu tempo. Michelet, em sua "História da Revolução
Francesa" (1847-1853), contribuiu igualmente para a definição da nação francesa contra a ditadura dos Bonaparte,
assim como para o revanchismo antiprussiano (faleceu pouco depois da batalha de Sedan). Com a Terceira
República Francesa, o ensino da História conformou-se a um instrumento de propaganda a serviço da formação dos
cidadãos, e continuou a sê-lo durante todo o século XX.

Outro dos fundadores da historiografia no século XIX foi Leopold Von Ranke, que se destacou pela sua elevada
crítica com as fontes usadas na História. Adepto das análises e das racionalizações, o seu lema era "escrever a
História tal como foi". Desejava relatos de testemunhas visuais, enfatizando sobre o seu ponto de vista.
Hegel e Karl Marx introduziram o viés social na História. Os historiadores anteriores haviam-se concentrado nos
ciclos ciclos de apogeu e crise dos governos e das nações. Uma nova disciplina emergente trouxe a análise e a
comparação em grande escala: a Sociologia. A partir da História da Arte, estudos como o de Jacob Burckhardt sobre
Historiografia 16

o Renascimento converteram-se na referência para entender os fenómenos culturais. A Arqueologia pôs em contacto
o mito com a realidade histórica, tanto no Egipto como na Mesopotâmia e Grécia (Heinrich Schliemann em Tróia,
Micenas e Tirinto, e mais tarde Arthur Evans em Creta); tudo isso em um ambiente romântico e aventureiro que
lentamente foi-se depurando para tornar-se científico, ainda que não desapareça, como demonstra a tardia aparição
de de Howard Carter (Tutankhamon) e a imagem popular dos arqueólogos que se perpetua no cinema (Indiana
Jones). A Antropologia aplicada à explicação dos mitos produziu o monumental trabalho de James George Frazer
("The Golden Bough; a Study in Magic and Religion" ("O ramo de ouro", 1890), a partir do qual os historiadores
puderam repensar o seu ponto de vista sobre a relação das sociedades humanas de todas as épocas com a magia, a
religião e inclusive a ciência.
Durante o século XIX, a Espanha conseguiu preservar o seu património documental com a criação da Biblioteca
Nacional de Espanha e do Arquivo Histórico Nacional da Espanha, mas não se distinguiu por uma grande renovação
da sua historiografia que, salvo o arabismo de Pascual de Gayangos, ou da historia económica de Manuel Colmeiro,
aparece dividida entre uma corrente liberal (Modesto Lafuente y Zamalloa, Juan Valera), e outra reaccionária, cujo
expoente, o erudito e polígrafo Marcelino Menéndez y Pelayo (Historia de los heterodoxos españoles), é uma digna
continuação da tradição que nasceu com Santo Isidoro e passou pela Historia do Padre Mariana e pela España
Sagrada do Padre Flórez.

O século XX
A história vai se afirmando como uma ciência social, uma disciplina científica envolvida com a sociedade. Nos
princípios do século XX, a história já havia adquirido uma dimensão científica incontestável.

A história, entre o positivismo e o ensaísmo


Instalado no mundo académico, erudito, a disciplina foi influenciada por uma versão empobrecida do positivismo de
Auguste Comte. Pretendendo objectividade, a história limitou o seu objecto: o fato ou evento isolado, o centro do
trabalho de um historiador, é considerado como a única referência para responder correctamente ao imperativo da
objectividade. Tampouco se ocupa por estabelecer relações de causalidade, substituindo por retórica o discurso que
se pretendia científico.
Simultaneamente, e em contraste, desenvolvem-se disciplinas similares, que tendem à generalização como a história
cultural e a história das ideias, com Johan Huizinga ("O Outono da Idade Média") ou Paul Hazard ("A crise da
consciência europeia") entre os seus iniciadores. Ensaístas como Oswald Spengler ("O Declínio do Ocidente"), e
Arnold J. Toynbee ("Um Estudo da História") em controvérsia famosa, publicam profundas reflexões sobre o
próprio conceito de civilização, que juntamente com a "Revolta das Massas" ou "España invertebrada", de José
Ortega y Gasset obtiveram extraordinária divulgação, como um reflexo do pessimismo intelectual do entre-guerras.
Mais próximo ao método do historiador, e não menos profundo, é o trabalho de seus contemporâneos, o Belga Henri
Pirenne ("Mohammed e Charlemagne", em português, "Maomé e Carlos Magno"), ou o australiano Vere Gordon
Childe (pai do conceito "Revolução Neolítica").
Contudo, a grande transformação na história dos eventos vem de contribuições externas: Por um lado, o
materialismo histórico de inspiração marxista, que introduz a economia nas preocupações do historiador. Por outro
lado, a perturbação provocadas pela historiografia pelos desenvolvimentos políticos, técnicos, económicos ou sociais
vividos pelo mundo, sem esquecer os conflitos mundiais. Novas ciências auxiliares surgem ou desenvolvem-se
consideravelmente: a Arqueologia, a Demografia, a Sociologia e a Antropologia, sob a influência do estruturalismo.
Historiografia 17

A Escola dos Annales


Uma escola de pensamento conhecida como Escola dos Annales formou-se em torno da revista "Annales d'histoire
économique et sociale", fundada por Lucien Febvre e Marc Bloch em 15 de janeiro de 1929 editado pela Librairie
Armand Colin em Paris. Essa revista trimestral aparece com uma proposta mais abrangente tanto temporariamente
quanto aos novos objetos de estudo e novas abordagens, e portanto uma nova metodologia que se enveredasse nas
interdisciplinaridades para passar de discursos teóricos para a prática, como uma maneira de redescobrir o homem.
Alargou o âmbito da disciplina, solicitando a confluência das outras ciências, em particular a da Sociologia, e, de
maneira mais geral transforma a história ampliando o seu objeto para além do evento e inscrevendo-o na longa
duração ("longue durée"). Cabe ainda lembrar da influência da psicologia, uma ciência que chamava a atenção dentre
historiadores do início do século e a luta contra o que Febvre chamava de a história "Historicisante", ou seja, a
história política, diplomática e militar feita até então. No ano em que a revista foi lançada, a situação européia não
era das melhores pois havia uma grave crise econômica e política, como reflexo do fim da Primeira Guerra Mundial
1929. Após o hiato da Segunda Guerra Mundial, Fernand Braudel continuou a editar a revista e recorreu, pela
primeira vez, à Geografia, à Economia e à Sociologia para desenvolver a sua tese de "economia-mundo" (o exemplo
clássico é o "O Mediterrâneo e o mundo mediterrânico na época de Filipe II").
O papel do testemunho histórico muda: permanece no centro das preocupações do historiador, mas já não é o
objecto, senão o que se considera como um útil para construir a história, útil que pode ser obtido em qualquer
domínio do conhecimento. Uma constelação de autores mais ou menos próximos à "Annales" participa dessa
renovação metodológica que preenche as décadas centrais do século XX (Georges Lefebvre, Ernest Labrousse).
A visão da Idade Média mudou completamente após uma releitura crítica das fontes, que têm a sua melhor parte
justamente no que não mencionam (Georges Duby).
Privilegiando a longa duração ao tempo curto da história dos eventos, muitos historiadores propõem repensar o
campo da história a partir dos "Annales", entre eles Emmanuel Le Roy Ladurie ou Pierre Goubert.
"Nova História" é a denominação, popularizada por Pierre Nora e Jacques Le Goff ("Fazer a História", 1973), que
designa a corrente historiográfica que anima a terceira geração dos "Annales". A nova história trata de estabelecer
uma história serial das mentalidades, ou seja, das representações colectivas e das estruturas mentais das sociedades.
Outros historiadores franceses, alheios aos "Annales" como Philippe Ariès, Jean Delumeau e Michel Foucault, este
último nas fronteiras da filosofia, descrevem a história dos temas da vida quotidiana, como a morte, o medo e a
sexualidade. Querem que a história escreva sobre todos os temas, e que todas as perguntas sejam respondidas.
De uma orientação completamente oposto (a da direita católica), Roland Mousnier realizou uma contribuição
decisiva para a História Social do Antigo Regime, negando a existência de luta de classes e inclusive dessas mesmas
classes, em benefício do que descreve como uma sociedade de ordens e relações clientelistas..[23]

A historiografia francesa repensa a sua Revolução


Foi dito que cada geração tem o direito de reescrever a história.[24] Na esfera académica, a revisão das maneiras de
compreender o passado é parte da tarefa do historiador profissional. Até que ponto é que essa revisão surge
cientificamente, como uma distorção das certezas anteriormente estabelecidas (Karl Popper) e não
pseudo-cientificamente, como faria o que se denomina pejorativamente de revisionismo historiográfico, é algo difícil
de avaliar. Uma prova de toque seria detectar se o revisionista é um estranho ao mundo académico, que se dedicada
ao uso político da história, o que aliás é um vício comum: a história sempre foi usada como uma arma para a
transformação social e os meios académicos nunca foram uma excepção. Na historiografia, ciência social, é difícil
perceber se nos encontramos diante de uma mudança de paradigma como os que estudou Thomas Kuhn para as
ciências experimentais ("História das Revoluções Científicas"), principalmente porque nunca há um consenso tão
universalmente partilhado como para entender que o desvio dele seja uma revolução..[25]
Uma das grandes polémicas revisionistas (no bom sentido) veio com as comemorações do segundo centenário da
Revolução Francesa (1989). Autores de tendência estruturalista, próximos à "Annales" (François Furet ou Denis
Historiografia 18

Richet), sintetizaram os estudos das décadas de 1970 e 1980, em que se pretendia ser um novo paradigma
interpretativo alternativo ao marxismo que havia dominado a história social do período: Albert Soboul, Jacques
Godechot, e, mais recentemente Claude Mazauric, Michel Vovelle ou Crane Brinton ("Anatomia de uma
Revolução"). Distante de ambas as tendências, Simon Schama e os novos narrativistas fazem uma história cultural do
político e muito narrativa, antiestructuralista e de tintas tendencialmente conservadoras (iniciada por Richard Cobb já
na década de 1970). Além disso, mantém à frente a "Nouvelle Histoire Politique" de René Rémond. Arno Mayer
lamenta que a revisão haja dado lugar um uso político da história, no qual se condenam, "a priori", as revoluções
como intrinsecamente perversas.[26]

Um subgénero: as comemorações

Por outro lado, a utilização da história para celebrar acontecimentos


que atendam a anos "redondos" (centenários, decenários, etc.)
constitui-se numa oportunidade de destaque profissional para os
historiadores, de aproximação da disciplina do grande público e de
álibi para diferentes tipos de justificações. O bicentenário dos Estados
Unidos (1976) havia sido um precedente difícil de superar, em termos
de cobertura mediática e custos económicos. A mais recente, no caso
da Espanha foi a da Guerra Civil Espanhola (1976, com a inovadora
exposição do Palacio de Cristal do Retiro da qual foi curador Javier
Tusell; 1986, o cinquentenário que se aproveitou para recordar,
particularmente, a Machado e a Garcia Lorca com a esquerda no poder;
1996; 2006, com discussões sobre a memória histórica), Carlos III de Logotipo oficial das comemorações do
Espanha (1988, na emulação da paralela preparação do bicentenário bicentenário da Revolução Americana.
francês), o "Quinto Centenario del Encuentro entre dos Mundos"
(1992), Cánovas (1998), o "Año Quijote" (2005). Existe mesmo a Sociedad Estatal de Conmemoraciones Culturales,
que mantém um movimentado calendário..[27]

Sem a necessidade de celebrar algo mais concreto do que a sua próprio intemporalidade, mas com o mesmo zelo
justificativo (no que leva milénios de vantagem), a Igreja Católica espanhola tem feito o mais notável conjunto de
exposições: "Las Edades del Hombre",[28] uma revisão temática dos assuntos religiosos ilustrada sucessivamente
com diferentes suportes histórico-artísticos elegantemente seleccionados e expostos (livros, músicas, esculturas, etc.)
de maneira itinerante pelas catedrais de Castilla y León, as quais em si mesmas já justificam as visitas. O mesmo
formato e curador teria "Imaculada", para assinalar os 150 anos de aniversário do dogma (Catedral da Almudena,
Madrid, 2006) e que serviu para compensar a recente inauguração do edifício, de gosto e decoração discutíveis.
Inspirada nelas foi realizado pelo Governo de Navarra a exposição "Las Edades de un Reino" (Pamplona 2006,
coincidindo com o centenário de São Francisco Xavier em Javier).

A historiografia anglo-saxónica
Os Estados Unidos são muito pródigos na experimentação de novas abordagens metodológicas, entre as quais:
• o quantitativismo da cliometria ou "new economic history" ("nova história económica") estadunidense de Robert
Fogel e Douglass North, laureados com o Prémio Nobel de Economia de 1993 (dos poucos historiadores que
receberam o Nobel, com os de literatura Theodor Mommsen e Winston Churchill).
• os estudos de caso (a partir da década de 1970). Um estudo de caso é um método particular de investigação
qualitativa. Em vez de utilizar grandes bases de dados e rígidos protocolos para examinar um número limitado de
variáveis, este método envolve um corte longitudinal de um caso: um único facto. A história se aproxima do
método experimental.[29]
Historiografia 19

• a chamada "World History" (desde a década de 1980), que compara as diferenças e semelhanças entre regiões do
mundo e chega a novos conceitos para descrevê-las (considera-se Arnold J. Toynbee como um precursor).
Também é digno de nota o papel dos Estados Unidos como anfitrião dos intelectuais europeus antes e depois da
Segunda Guerra Mundial, como foi o cado de Mircea Eliade, o maior renovador da história das religiões ou história
das crenças ("O sagrado e o profano", "O mito do eterno retorno").
Mas a grande contribuição dos historiadores ingleses, que têm publicações comparáveis à da "Revue des Annales"
("Past and Present"), está no cerne da principal corrente de produção historiográfica, no caso desta revista, de
tendência marxista, entre cujos destaques se incluem autores da estatura de E. P. Thompson, Eric Hobsbawm, Perry
Anderson, Maurice Dobb, Christopher Hill, Rodney Hilton, Paul Sweezy, John Merrington e outros, que, de modo
algum devemos entender como uma tendência unitária, uma vez que, nos anos da Segunda Guerra Mundial e nos do
pós-guerra (em que muitos deles funcionaram como o Grupo de Historiadores do Partido Comunista da
Grã-Bretanha) foram se afastando entre si e das posições marxistas ortodoxas, dando origem ao que tem sido
chamado de tendência "marxiana". As polémicas entre eles e com autores não-marxista como H. R. Trevor-Roper,
tornaram-se, merecidamente, famosas.
Cada autor deve ser visto através de sua posição pessoal, como a do estadunidense Immanuel Wallerstein (também
no domínio da história económica e social, que tem desenvolvido um conceito de "sistema mundial" na linha de
Fernand Braudel), o britânico Steven Runciman (medievalista imprescindível para o estudo das Cruzadas), ou dos já
mencionados Arno Mayer, Richard Cobb, Crane Brinton ou Simon Schama.

A historiografía italiana
A partir do fim do século XX, na Itália, um grupo de historiadores desenvolveu, em torno da revista "Quaderni
Storici", uma extensão inovadora da história social, a que se denominou Microhistória (Giovanni Levi, Carlo
Ginzburg). Com alguma aproximação a este método, Carlo M. Cipolla faz, sobretudo, uma história económica de
grande envergadura, assim como reflexões metodológicas interessantes (a paródia "Allegro ma non troppo").

Os hispanistas

A disponibilidade de matéria-prima documental nos arquivos


espanhóis atrai profissionais formados nas universidades europeias e
estadunidenses, em uma espécie de "fuga de cérebros" ao contrário,
que renovou a metodologia e as perspectivas dos historiadores
espanhóis.
Maurice Legendre foi um dos iniciadores do hispanismo francês
através da "Casa de Velazquez", seguido por uma lista impressionante:
Marcel Bataillon (com o seu imprescindível "Erasmo na Espanha"),
Pierre Vilar ("Cataluña en la España Moderna" e a sua breve mas
influente "Historia de Espanha"), Bartolomé Bennassar (um modelo de
como a história local pode ser integrada na corrente central da
historiografia de vanguarda com o seu "Valladolid en el siglo de
oro"),[30] Georges Demerson, Joseph Pérez (autoridades para as
Comunidades, a Inquisição, os judeus…), Jean Sarrailh (exemplo de
síntese de uma época com "La España ilustrada de la segunda mitad
Arquivo da Guerra Civil em Salamanca.
del siglo XVIII").

O hispanismo anglo-saxão tem como um dos seus decanos Gerald Brenan (observador do "El laberinto español"
desde a sua posição estratégica nas Alpujarras), secundado por uma lista não menos impressionantes que a dos
franceses: Hugh Thomas (durante muito tempo o autor mais citado em sua especialidade com "Spanish Civil War"),
John Elliott (com "El Conde-Duque de Olivares" deu mostras de como uma biografia pode reflectir uma época),
Historiografia 20

John Lynch, Henry Kamen, Ian Gibson ((Irlandês nacionalizado espanhol, autor de biografias imprescindíveis dos
principais gigantes culturais do século XX), Paul Preston, Gabriel Jackson, Stanley G. Payne, Raymond Carr,
Geoffrey Parker, Edward Malefakis e outros.

Historiografia espanhola contemporânea


Entretanto, as universidades espanholas viram-se esvaziadas pela Guerra Civil Espanhola e pelo exílio interno e
externo. Na metade do século XX, espalhados pelo mundo, figuram: Ramón Menéndez Pidal, Américo Castro,
Claudio Sánchez Albornoz, Julio Caro Baroja José Antonio Maravall, Jaume Vicens Vives (a quem se deve, entre
outras contribuições, a criação do "Índice Histórico Español" em 1952), Antonio Domínguez Ortiz, Luis García de
Valdeavellano, Ramon Carande y Thovar…
No pós-guerra foi fundado o CSIC, em cujo organograma se incluem departamentos da história. A requisição dos
documentos por parte do lado vencedor, com a finalidade de repressão política e a sua concentração permitiram o
funcionamento de uma secção do "Archivo Histórico Nacional" em Salamanca, especializado na Guerra Civil
Espanhola (desde 1999 denominado de "Archivo General de la Guerra Civil Española"). Foi o centro de uma
polémica que ultrapassou o âmbito do historiográfico para entrar plenamente no do político, muito intensa entre 2004
e 2006, para a devolução à Generalitat de Catalunha dos originais dessa instituição e de outras Catalãs (os chamados
"papéis de Salamanca"), que se pode considerar como parte da controvérsia simultânea em torno da recuperação da
chamada memória histórica.[31]
Na segunda metade do século XX produziu-se uma forte renovação metodológica em todos os ramos da ciência
história, e multiplicaram-se os departamentos universitários. Alguns historiadores retornaram do exílio, onde haviam
mantido como referenciais para uma forma de fazer história não submetida à censura. É o caso de Manuel Tuñón de
Lara, preocupado com a reflexão metodológica (materialismo histórico) uma vez que mantém uma postura militante
na política. É de se destacar o trabalho realizado, também em França, pela Editorial Ruedo Ibérico, cujos livros
foram distribuídos de forma semiclandestina, assim como de algumas no México (Fondo de Cultura Económica).
Há uma clara divisão entre uma minoria de historiadores conservadores (Luis Suárez Fernández, Ricardo de la
Cierva) e uma maioria receptiva às novas tendências, que não forma uma corrente historiográfica unida. A esse
respeito, veja-se Gonzalo Anes, Julio Aróstegui, Miguel Artola, Ángel Bahamonde, Bartolomé Clavero, Manuel
Espadas Burgos, Manuel Fernández Álvarez Emiliano Fernández de Pinedo, Josep Fontana, Jordi Nadal, Gabriel
Tortella, Javier Tusell, Julio Valdeón e outros.
Também são dignas de nota as figuras destacadas em campos de estudo concretos: a de Francisco Tomás y Valiente
e Alfonso García-Gallo na História do Direito, a de Emilio García Gómez no Arabismo, e a de Guillermo Céspedes
del Castillo no Americanismo, a de Antonio García y Bellido e a de Antonio Blanco Freijeiro na Arqueologia, as de
Pedro Bosch Gimpera, Luis Pericot, Juan Maluquer ou Emiliano Aguirre na Pré-história (a deste último vinculada ao
início do excepcional depósito de Atapuerca, cujo estudo é continuado por Juan Luis Arsuaga, Eudald Carbonell e
José María Bermúdez de Castro que puseram a pré-história espanhola no centro das atenções mundiais).
Historiografia 21

História excêntrica. A mistificação. Falsear a história


Não pode deixar de referir-se o que poderia ser chamado de "história
excêntrica", ou fora do "consenso" ou campo central do trabalho dos
historiadores "oficiais". Sempre existiu literatura semelhante e poderia
ser recordado um exemplo notável, como Ignacio Olagüe e o seu livro
"A Revolução Islâmica no Ocidente", que pretendeu provar a
inexistência da invasão árabe no século VIII, e que obteve alguma
repercussão nas décadas de 1960 e 1970.[32]

Actualmente, o debate sobre a Segunda República Espanhola, a


Revolução de Outubro de 1934 e a Guerra Civil Espanhola, que afecta Lenin dirige-se ao Exército Vermelho em 1920.
inclusive questões como que data assumir como o início da mesma,[33] Trotsky aparece mais abaixo à sua esquerda, à
está enchendo as prateleiras dos supermercados com uma literatura que direita da foto.

alguns chamam de revisionismo histórico, em paralelo com o


negacionismo do Holocausto.

Não é a espanhola a única historiografia que se defronta com a


excentricidade: o caso mais chamativo dos últimos anos foi,
seguramente, a da atribuição da descoberta da América ao almirante
chinês Zheng He.[34]
Ultrapassar a fronteira da história excêntrica é ingressar em cheio na
fraude histórica, terreno em que há egrégios precedentes: a partir da
"Doação de Constantino" (que pretendia justificar o poder temporal
dos papas) ao "Os Protocolos dos Sábios de Sião" (que alimentaram o Com Stalin, o passado já não é o que era: Trotsky
anti-semitismo e estão na origem da Conspiração Judaico-Maçónica). não sai na foto...(ver: falsificações de fotografias
O caso estapafúrdio mais recente (sem lograr alcançar o sucesso dos na União Soviética)

anteriores, na medida do possível, em comparação com as tentativas


fracassadas de falsificação da história, como os plomos del Sacromonte), e o dos casos famosos (e falsos) dos
"Diários de Hitler", publicados pela revista alemã Stern em 1983, com os que um historiador tão sério como Trevor
Roper foi enganado ou deixou-se enganar.

A utilização da historiografia para falsear a história é tão antiga como a própria disciplina (que teria que remontar
pelo menos a Ramsés II e à Batalha de Kadesh), mas no século XX a capacidade que o Estado e os meios de
comunicação de massa (chamados de quarta potência) alcançaram, permitiram aos regimes totalitários jogar com a
capacidade de mudar a história, não só em direcção ao futuro, mas para o passado. A novela 1984 de George Orwell
(1948) é um testemunho de que isso era credível. As fotografias retocadas foram uma especialidade, não apenas de
Stálin contra Trotsky, mas de Franco com Hitler.[35] O próprio Winston Churchill tinha claro, mesmo dentro da
democracia, que "a História será amável comigo porque tenho a intenção de escrevê-la"[36] Reflectir sobre se a
história é escrita pelos vencedores é uma tarefa mais própria da filosofia da história.
A verdade é que, na história, tudo muda, nada é permanente, e muito menos a sua ocultação, como evidenciado pelo
debate sobre a escalada da malignidade, entre a esquerda e a direita, que ainda dará tantos livros como o de Stéphane
Courtois ("O livro negro do comunismo", 1997).
Historiografia 22

Historiografia em Portugal
Na historiografia em Portugal podem ser identificados três grandes géneros de produção literária que correspondem a
períodos históricos sucessivos:
• o dos chamados "Livros de Linhagens", produzidos entre os séculos XII e XVI, que se constituem em registos
genealógicos das famílias nobres do reino, e em que a literatura portuguesa tem a primazia. Neles se alternam
fatos históricos com elementos da lenda, e chegaram até nós três. Deles, o primeiro, incluindo a "Lenda de Gaia",
e o terceiro, de autoria de D. Pedro Afonso, conde de Barcelos, filho bastardo de D. Dinis, onde se inclui uma
importante descrição da batalha do Salado, encontram-se publicados por Alexandre Herculano no seu "Portugaliæ
Monumenta Historica";
• o da produção dos cronistas, desde a "Crónica Geral de Espanha" (D. Pedro Afonso, conde de Barcelos, 1344), as
crónicas de D. Pedro I, D. Fernando e D. João I (Fernão Lopes, século XV), a Crónica da Guiné (Gomes Eanes de
Zurara, 1453), a Crónica de D. João II (Rui de Pina, 1545), as Décadas da Ásia (João de Barros, a partir de 1552),
a História do Descobrimento e Conquista da Índia pelos Portugueses (Fernão Lopes de Castanheda, a partir de
1551), a Crónica do Rei D. Manuel (Damião de Góis, a partir de 1566), e outros. É com os cronistas que ganha
corpo a organização sistematizada, por escrito, de um discurso que assume a evolução do acontecer humano e a
consciência da relevância de fatos e personalidades que possam determinar a especificidade da civilização e a
necessidade do seu registo objetivo); e
• o da constituição escrita da história moderna, que se inicia no país durante a fase do Romantismo, com Alexandre
Herculano, autor da História de Portugal até D. Afonso III, na qual o autor coloca em prática uma concepção da
escrita da história sujeita a preocupações científicas de rigor e a uma perspectiva da evolução dos sucessos
fundada na observação das transformações sociais e não na simples sucessão das personalidades e dos
acontecimentos.
Uma geração mais tarde, Oliveira Martins (1845-1894) representa, na literatura portuguesa, a conjunção da
inspiração literária com os objetivos históricos, em obras como Portugal Contemporâneo (1881), e Os Filhos de D.
João I (1891).

Bibliografia

Na Espanha
• ANDERSON, Perry. Los fines de la historia. Barcelona: Anagrama, 1996. ISBN 84-339-0536-8
• ARÓSTEGUI, Julio. La investigación histórica: teoría y método. Barcelona: Crítica, 2001. ISBN 84-8432-137-1
• CANNADINE, David (ed.). ¿Qué es la historia ahora? Granada: Editorial Universidad de Granada, 2005. ISBN
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• CARR, Edward H.. ¿Qué es la Historia? Barcelona: Ariel, 1961. ISBN 84-344-1001-X
• FONTANA LÁZARO, Josep. La historia después del fin de la historia. Barcelona: Crítica, 1996. ISBN
84-7423-561-8
• GALLEGO, José Andrés (ed.). Historia de la historiografía española. Madrid: Encuentro, 2003. ISBN
84-7490-709-8
• MORALES MOYA, Antonio. Historia de la historiografía española, in: Enciclopedia de Historia de España, vol.
7. Madrid: Alianza Editorial, 1993. ISBN 8420652437
• TUÑÓN DE LARA, Manuel. Por qué la Historia. Barcelona: Aula Abierta Salvat, 1985. ISBN 84-345-7814-X
Historiografia 23

Em Portugal
• BOURDÉ, Guy; MARTIN, Hervé. As escolas históricas. Mem Martins (Portugal): Europa-América, 1990.
• CARBONELL, Charles-Olivier. Historiografia. Lisboa: Teorema, 1992.

No Brasil
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• BARROS, José d'Assunção. O Campo da História. Petrópolis (RJ): Editora Vozes, 2004.
• CARDOSO, Ciro Flamarion; VAINFAS, Ronaldo (org.). Domínios da História. São Paulo: Campus, 1997.
• FICO, Carlos; POLITO, Ronald. A história no Brasil (1980-1989): elementos para uma avaliação historiográfica
(vol. 1). Ouro Preto (MG): UFOP, 1992.
• IGLÉSIAS, Francisco. Historiadores do Brasil: capítulos de historiografia brasileira. Rio de Janeiro: Ed. Nova
Fronteira; Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2000. 256p.
• LAPA, José Roberto do Amaral. Historiografia brasileira contemporânea: a História em questão (2ª ed.).
Petrópolis: Vozes, 1981. 256p.
• MALERBA, Jurandir. A História escrita: teoria e história da historiografia. São Paulo: Contexto, 2006.
• MALERBA, Jurandir. A História na América Latina: ensaio de crítica historiográfica. Rio de Janeiro: Editora
FGV, 2009.
• MALERBA, Jurandir; AGUIRRE ROJAS, Carlos Antonio. Historiografia contemporânea em perspectiva crítica.
Bauru (SP): EDUSC, 2007.
• RODRIGUES, José Honório. Teoria de História do Brasil: introdução metodológica (5ª ed.). São Paulo:
Companhia Editora Nacional, 1978. 502p. il.
[1] Consulta no Diccionario de la Real Academia Española acessível em : (http:/ / buscon. rae. es/ draeI/ ). Entrada de 'historiografia': (http:/ /
buscon. rae. es/ draeI/ SrvltGUIBusUsual?TIPO_HTML=2& TIPO_BUS=3& LEMA=historiografía)
[2] ORTEGA Y GASSET, José (1928): La "Filosofia de la Historia" de Hegel y la Historiologia, in Obras Completas. Vol. IV, Madrid: Taurus,
2005. ISBN 84-306-0592-4.
[3] http:/ / buscon. rae. es/ draeI/ SrvltGUIBusUsual?TIPO_HTML=2& TIPO_BUS=3& LEMA=historiolog%EDa
[4] http:/ / buscon. rae. es/ draeI/ SrvltGUIBusUsual?TIPO_HTML=2& TIPO_BUS=3& LEMA=historiograf%EDa
[5] De fato, há bibliografia sobre o tema: ver BOLITO, Harold. Japón Meiji. Madrid: Akal, 1991. ISBN 84-7600-718-3. Uma rápida visão pode
ser obtida em: BONIFAZI, Mauro Japón: Revolución, occidentalización y milagro económico em (http:/ / www. nodo50. org/ observatorio/
japon. htm)
[6] o Arquivo das Índias pode ser acessado em: (http:/ / www. mcu. es/ archivos/ visitas/ indias/ indias. html)
[7] A obra de Las Casas encontra-se acessível em: (http:/ / www. ciudadseva. com/ textos/ otros/ brevisi. htm).
[8] Disponível para consulta, com as ilustrações originais, na Biblioteca Nacional Dinamarquesa em: (http:/ / www. kb. dk/ elib/ mss/ poma/
index-en. htm).
[9] Claude Lévi-Strauss faz uma análise, do ponto de vista antropológico, do significado destas noções do tempo, também desde uma perspectiva
diacrónica e sincrónica; ver artigo de MARTÍNEZ CASAS, Regina (2003) De la orilla de la eternidad informacional a la atemporalidad del
ritual, acessível em: (http:/ / redalyc. uaemex. mx/ redalyc/ pdf/ 421/ 42118909. pdf).
[10] Ver: El tiempo totémico y el tiempo del sueño o de los antepasados de los aborígenes australianos: 'A la manera de los primitivos,
trascender lo real' , disponível na Universitat Pompeu Fabra em: (http:/ / 209. 85. 135. 104/ search?q=cache:Wl0xrWU57aIJ:www. upf. es/
iuc/ ciap/ materials/ cast/ eo_real. pdf+ cómputo+ del+ tiempo+ tiempo+ de+ los+ antepasados+ mÃtico& hl=es& gl=es& ct=clnk& cd=3).
[11] THOMPSON, E. P. (1963-1989). La formación de la clase obrera en Inglaterra. Barcelona: Crítica.
[12] Existe um grupo internacional de historiadores interessados na renovação do paradigma materialista, muito activo em torno de Carlos
Barros, da Universidade de Santiago de Compostela (com a presença de Bartolomé Clavero e muitos outros), que organiza congressos e
mantém o Website Historia a Debate, disponível para consulta em (http:/ / www. h-debate. com/ ).
[13] A reflexão de Rafael Vidal sobre La Historia y la Posmodernidad encontra-se disponível em: (http:/ / www. ucm. es/ info/ especulo/
numero13/ finhisto. html).
[14] Que, no entanto, são muito sofisticadas desde tempos muito antigos, como se encarregou de divulgar o clássico de Samuel Noah Kramer
(1965-1974) La Historia Empieza en Sumer Valencia, Círculo de Lectores. ISBN 84-226-0555-4, uma magnífica introdução à história da
suméria para todos os públicos, como também o é, para a História do Antigo Egipto, a obra equivalente de C. Walter Ceram, Deuses, Túmulos
e Sábios.
[15] No verbete Interpretações da História da China menciona-se a filosofia particular da história da historiografia tradicional chinesa, que inclui
o conceito de "ciclo dinástico", e foi substituído pela interpretação do materialismo histórico na moderna República Popular da China. Outros
Historiografia 24

intelectuais chineses não-marxistas, como Hu Shih e Ray Huang, desenvolveram teorias de integração da civilização chinesa e da Ocidental
em uma única e moderno civilização mundial.
[16] Ver China primitiva em Historia Universal - El País - Salvat, tomo 3, Madrid: Salvat Editores. ISBN 84-345-6232-4.
[17] Na África, as fontes orais têm sido, tradicionalmente, uma prioridade, e são muito recentes as tentativas de se construir uma historiografia
africana, entre as quais podem citar-se Joseph Ki-Zerbo e Cheikh Ant Diop. Há alguns casos excepcionais, tais como as bibliotecas de
manuscritos de Timbuktu, associadas a viajantes e conquistadores Magrebinos, alguns de origem Andaluzia como Leão, o Africano,
conhecido autor de "Historia y descripción de África y de las extraordinarias cosas que contiene" (1526). NAVIA (maio de 2006): Timbuctú,
la nostalgia de un sueño, National Geographic, p. 44-71.
[18] PÉREZ ROYO, María del Carmen; RAMOS MORELL, María Luisa (1996): «Historiografía Romana», en Latín: Lengua y Literatura.
C.O.U. Sevilla, Ediciones La Ñ. Ed. Electrónica, acessível em: (http:/ / www. culturaclasica. com/ literatura/ historiografia_romana. htm)
[19] Um Website de referência para a história da literatura, neste caso, a prosa baixo-medieval encontra-se em: (http:/ / www. spanisharts. com/
books/ literature/ projii. htm).
[20] UBIETO ARTETA, Antonio (1982): Historia de Aragón. Literatura medieval I. Zaragoza, Anubar, pág. 36.
[21] PÉREZ LASHERAS, Antonio (2003): «La historiografía aragonesa y el Derecho foral», em La literatura del reino de Aragón hasta el siglo
XVI. Zaragoza, Ibercaja-Institución «Fernando el Católico» (Biblioteca Aragonesa de Cultura, 15), ISBN 84-8324-149-8 , pp. 100 - 104.
[22] Um Website de referência para a historiografia andaluz encontra-se disponível em: (http:/ / www. islamyal-andalus. org/ octubre02/ Ibn
Hayyan. htm). E outra, que inclui toda a sua literatura, em: (http:/ / www. spanisharts. com/ books/ literature/ hisparab. htm).
[23] É célebre a sua famosa polémica com o historiador soviético e marxista Boris Porchnev a propósito dessas teses. MOUSNIER, Roland
(1968) "Furores camponeses".
[24] A citação é atribuída a diferentes autores; aqui é atribuída a Pierre Nora: = 17252 (http:/ / www. lpp-uerj. net/ olped/ exibir_opiniao.
asp?codnoticias).
[25] JARAMILLO ECHEVERRI, Luis Guillermo; AGUIRRE GARCIA, Juan Carlos (2004): "La Controversia Kuhn – Popper en torno al
Progreso Científico y sus posibles aportes a la Enseñanza de las Ciencias", disponível em: (http:/ / www. moebio. uchile. cl/ 20/ jaramillo.
htm).
[26] MAYER, Arno (2002). "The Furies: Violence and Terror in the French and Russian Revolutions". Princeton University Press. ISBN
0-691-09015-7. Há uma tradução em castelhano: Las Furias. O comentário localiza-se na introdução.
[27] Página da Sociedad Estatal de Conmemoraciones Culturales disponível em: (http:/ / www. secc. es/ ).
[28] O Website da Fundación Las Edades del Hombre, que actualmente (desde Novembro de 2006) exibe "Kirios" em Ciudad Rodrigo,
encontra-se disponível em: (http:/ / www. lasedades. es/ )
[29] Os autores mais conhecidos no emprego deste método são Robert Stake e Jan Nespor (ver wikipedia em Inglês (http:/ / en. wikipedia. org/
wiki/ Case_study)).
[30] BENNASSAR, Bartolomé (1967) Valladolid au siècle d'or. Une ville de Castille et sa campagne au XVe. siècle. Paris-La Haya, Mouton.
Considerado um clássico de síntese de história regional no espírito dos "Annales", seguindo o método de integração de diferentes disciplinas
iniciado por Fernand Braudel.
[31] Uma cronologia das vicissitudes dos "papéis de Salamanca" pode ser consultada em: (http:/ / www. elmundo. es/ elmundo/ 2005/ 06/ 09/
cultura/ 1118336528. html).
[32] E, mais recentemente, incluindo reflexões oriundas do campo da genética das populações: PULIDO PASTOR, Antonio. La Revolución
Islámica en Occidente (1 de Outubro de 2006), disponível em: . Php? ID = 39 & tx_ttnews% 5Btt_news% 5D = 1134 & tx_ttnews%
5BbackPid% 5D = 14 & cHash = 1865a9f269 (http:/ / www. diariolatorre. es/ index). O texto completo do livro de Olagüe pode ser
encontrado em uma Web islamista, em: (http:/ / www. islamyal-andalus. org/ nuevo/ olague/ indice. htm).
[33] MOA, Pio (2006). 70 aniversario del comienzo de la guerra civil, em Liberdad Digital, acessível em: (http:/ / revista. libertaddigital. com/
articulo. php/ 1276218631).
[34] MENZIES, Gavin (2005). 1421: el año en que China descubrió América Ed. Debolsillo (originalmente publicado em inglês em 2002). O
autor, oficial da Marinha e "historiador" autodidacta mantém um Website oficial em: (http:/ / www. 1421. tv/ ), e os seus críticos contestam-no
do mesmo modo em: (http:/ / www. kenspy. com/ Menzies/ ). Há artigos na Wikipedia em espanhol sobre a hipótese de 1421, e na em Inglês
(http:/ / en. wikipedia. org/ wiki/ Gavin_Menzies) este sobre o autor.
[35] As famosas fotos da entrevista Hitler-Franco em Hendaye (1940) podem ser encontradas no arquivo da Agência Efe, divulgadas em Outubro
de 2006 em: (http:/ / www. informativos. telecinco. es/ famosos/ hijos/ adoptados/ Dn_34128. htm).
[36] Artigo de Juan Bolea no "El Periódico de Aragón", citando várias das célebres mistificações de imagens históricas. Disponível em: (http:/ /
www. elperiodicodearagon. com/ noticias/ noticia. asp?pkid=282246).
Historiografia 25

Ligações externas
• História Aberta - As grandes correntes historiográficas: da Antiguidade ao século XX. (http://historiaaberta.
com.sapo.pt/lib/art001.htm)
• A day in life (http://www.historiografia.org) Página experimental que busca criar um documento ou memória
coletiva na Internet de todos os usuários que nela queiram inserir informações.
• Portal Historiografia e cultura histórica. (http://www.culturahistorica.es)
Fontes e Editores da Página 26

Fontes e Editores da Página


Historiografia  Fonte: http://pt.wikipedia.org/w/index.php?oldid=33062077  Contribuidores: 200.187.0.xxx, 555, Acscosta, Alchimista, Alessa77, Alexandrepastre, Alfonso Márquez, Aoaassis,
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Fontes, Licenças e Editores da Imagem


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retrato está tomado de un dibujo de tinta que se hallaba en un antiguo ms. o colección de piezas en prosa y verso, con otros varios retratos de hombres ilustres que fue de D. Pedro Cañaveras.
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