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O reflexo do crescimento de uma cidade
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capitalista e desigual.
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RIO DAS OSTRAS
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. DEZ / 2014
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..0
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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE
BANCA EXAMINADORA
2014
RESUMO
Macaé city's development skyrocketed after the arrival of Petrobras, in the 1970s, in
an unstructured and uneven fashion, that excluded of the formal areas of the city
those who were outside the labor market or lacked enough purchasing power to
access the urban areas. Macaé favors economic expansion, marked by significant
real estate speculation and social development below expectations, in a model that
causes a series of structural social problems, such as burgeoning favelas and the
impoverishment of the people.
A toda minha família pelo grande apoio dado durante todos os obstáculos
propostos pela vida, em especial aos entes queridos, Bento, Dalva, Davi e Viviane.
A minha família, por estar ao meu lado sempre, nas derrotas e vitórias.
Este trabalho foi idealizado tendo como alusão a minha inserção como
estagiário de Serviço Social no PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), que
tinha como o cerne a urbanização de assentamentos precários no município de
Macaé, o que contribuiu para o vislumbramento da realidade Macaense,
contribuindo para a construção de uma visão crítica da ocupação urbana e as
consequências da falta de estruturação da referida cidade.
9
ainda sim 1/3 de sua população encontra-se vivendo de forma precária e insalubre
em diversas ocupações espalhadas pela cidade.
11
Introdução ......................................................................................................... 9
1.5.2 – Momento pós- BNH, Projeto Minha Casa Minha Vida. .................... 41
12
4 - Referências Bibliográficas: ........................................................................ 79
13
Capítulo 1 - A Urbanização do Brasil: um processo de
agravamento das desigualdades construídas historicamente.
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a cerca,seja para ampliar as suas propriedades, seja para valorizar as terras
urbanas, os segmentos de baixa ou nenhuma renda toma em geral um
posicionamento político que venha a priorizar a permanência do espaço
apropriado. (Campos, 2005:31).
A cidade do Rio de Janeiro, que era apenas mais uma dentre outras da
colônia de Portugal aqui no Brasil, passou a ser uma área de refúgio do reino,
concentrando e sendo a sede do reinado português, trazendo consigo uma vasta
gama burocrática e seu maquinário para a continuidade do funcionamento pleno das
atividades da coroa. O aumento da população da cidade ocorreu devido à tamanha
atratividade exercida pela chegada da Coroa Portuguesa; com as várias
oportunidades emergidas (Abertura dos Portos, Fundação da Biblioteca Nacional e
do Banco do Brasil, etc.) Trouxe ainda, segundo Maricato (1997:16), um salto
vertiginoso no quantitativo de habitantes, aumentando de 50 mil para 100 mil.
1
A chegada da família foi ocasionada por uma investida de Napoleão à cidade de Lisboa, em
1808 após a fuga instalam-se aqui no Brasil trazendo consigo toda a corte portuguesa.
15
moderna, que causou impacto na Europa no século XII, chegou ao Brasil
somente no século XIX, com a vinda da família real. (Maricato, 1997:16).
Em 1822, o Brasil tinha doze núcleos classificados como cidades. Ainda que
não se tenha passado por rupturas importantes, foi durante o período
imperial que começaram a ser gestadas as mudanças fundamentais
responsáveis pelo deslanche do processo de urbanização no Brasil. As
disputas políticas que se estenderam por todo o Império (1822 a 1889),
culminando com a Lei de Terras (1850), a abolição da escravidão (1888)e a
proclamação da República (1889),compõe um conjunto de medidas e
acontecimentos que viabilizariam condições para a
industrialização/urbanização no final daquele século. (Maricato, 1997:16-
17).
16
1.2 – Fim da escravidão: a emergência do trabalho “livre”.
A cidade imperial era sustentada pelo trabalho dos escravos, que realizavam
todo e qualquer tipo de serviço para os seus senhores.
17
A Lei de Terras (1850), lei Eusébio de Queiroz (1850) - que proíbe o tráfico
de escravos para o Brasil - e a abolição da escravidão (1888) não foram fatos
aleatórios para a urbanização e ocupação do espaço das cidades brasileiras, foram
processos que expuseram a marginalização e restrição do acesso a terra para a
camada mais pobre da população, os negros, e aumentou a riqueza dos
exploradores desta mão de obra.
Não por coincidência, uma semana separa essa lei e outra que tratava da
propriedade da terra. Esta continua sendo um privilégio das parcelas mais
ricas, que podiam adquiri-la, pois a propriedade baseada na ocupação ou
cessão pública, como feita através do antigo sistema de sesmarias, não é
mais permitida. Os escravos são substituídos pela terra como condição para
o exercício do poder e o controle da produção. (Maricato, 1997:18-19).
2
As leis abolicionistas e suas possíveis conquistas no decorrer século XIX na verdade
representavam a manutenção do ideário escravocrata beneficiando diretamente os senhores
de escravos, tornam-se medidas paliativas para fins de amenizar as revoltas, pressões
externas pelo fim do regime de escravidão dentre outros posicionamentos divergentes a este
regime.
A Lei do Ventre Livre (1871), a primeira lei com sentido abolicionista, de acordo com esta lei
os filhos de escravas nascidos depois desta ganhariam a sua liberdade, entretanto, este
deveria permanecer nas terras do seu “dono” até os 21 anos, ou seja, falsa liberdade,
expropriação da maior parte da vida produtiva do escravo que viviam em média até os 40
anos de idade.
Lei dos sexagenários (1885), esta lei dava liberdade aos escravos com idade superior aos 65
anos, como explicitado anteriormente, a expectativa de vida dos escravos no período era em
média de 40 anos de idade, ou seja, uma lei sem valor em seu uso.
18
subsídio, e os maiores prejudicados neste processo de exploração mais uma vez
foram os trabalhadores negros, que foram simplesmente descartados ou pouco
aproveitados como mão de obra livre.
3
Segundo passagem importante de Maricato (2001:15):
As reformas urbanas, realizadas em diversas cidades brasileiras entre o final do século XIX e
início do século XX, lançaram as bases de um urbanismo moderno “à moda" da periferia.
Realizavam-se obras de saneamento básico para eliminação das epidemias ao mesmo tempo
em que se promovia o embelezamento paisagístico e eram implantadas as bases legais para
um mercado imobiliário de corte capitalista. A população excluída desse processo era expulsa
para os morros e franjas da cidade. Manaus, Belém, Porto Alegre, Curitiba, Santos, Recife,
São Paulo e especialmente o Rio de Janeiro são cidades que passaram por mudança que
conjugaram saneamento ambiental, embelezamento e segregação territorial, nesse período.
19
medidas foram utilizadas para esconder os problemas sociais, ocasionados pela
presença da massa com menor poder aquisitivo.
4
Neste período a relação de vassalagem estabelecida no período monárquico deu
importância à propriedade da terra, segundo Maricato (2005:21): “A revolução exigia
liberdade para o homem e para a terra”.
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propriedade privada aqui no Brasil, caracterizada pela restrição do acesso ou da
concessão de terras para as camadas mais pobre da população brasileira, sendo um
ambiente propício para o aumento da riqueza, por ausência de controle da Coroa
portuguesa, criando um campo fértil para o crescimento dos latifúndios de alguns em
detrimento da multiplicação da pobreza de muitos.
A condenação carregada por ser negro não foi suprimida pela revogação da
escravidão e sim foi um processo que evoluiu juntamente com a urbanização
brasileira, afastando cada vez mais o negro das oportunidades reais de
desenvolvimento social. O mesmo foi excluído tanto do acesso da riqueza como do
acesso aos mais simples e diversos direitos. Em certos momentos tratados ainda
como objeto de troca, ou simplesmente como uma “coisa”. Como ainda relata
Campos (2005:49) “Na sociedade ‘branca’ o mulato é um homem livre,
estigmatizado pelas marcas raciais de ‘outro’ grupo, daqueles que foram escravos”.
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também como não iguais, mesmo sendo considerados “livres”; “[...] porém, o “Outro”,
não de forma clara, continuou muito diferente, não somente na cor, mas em todas as
atividades, considerados , quase sempre, como inferiores”.(Campos,2005:50).
5
Guerra de Canudos, que ocorreu um pouco depois do período republicano, entre 1896 e
1897. Este movimento foi um movimento de resistência ao novo regime, o republicano,
separando o Estado da Igreja, o que deixou indignando vários fanáticos religiosos, dentre eles
Antonio Conselheiro, um cenário de penúria, junto ao fanatismo religioso no nordeste e em
todo o país evidenciaram movimentos populares deste tipo.
24
lhe seriam fornecidas habitações e que ali se alojassem, de forma provisória,
reverenciando esta ocupação com nome de “morro da favela”, haja vista em que tais
morros, semelhante aos de Canudos, eram revestidos de um arbusto de nome
“Favela”.
25
Além de o Estado tentar impedir a existência de cortiços na área central da
cidade, havia o problema dos altos preços alcançados pelos terrenos
disponibilizados que impediam uma ocupação mais efetiva pelas classes
populares. (Campos, 2005:52).
26
Não serão mais permitidas as construções chamadas ‘cortiços’ entre as
praças D. Pedro II e Onze de Junho e todo o espaço da cidade entre as
ruas do Riachuelo e Livramento [...] Outra postura reforçaria a proibição,
esclarecendo que a interdição à construção de cortiços valia mesmo quando
os proprietários insistiam em chamá-los de ‘casinhas’ ou com nome
equivalente. (Chalhoub, 1996: 33 apud Campos, 2005:53).
Entre 1887 e 1900 nele (Estado de São Paulo) entraram 599 pessoas que
vinham principalmente da Europa. A cidade de São Paulo cresceu 3% entre
1872 e 1886,8% entre 1886 e 1890 e 14% entre 1890 e 1900. O processo
migratório era tão intenso que, em 1920, a maioria absoluta da população
de São Paulo era Italiana. [...] No Rio de Janeiro, para onde acorreram
muitos escravos libertos das fazendas decadentes, a população quase
dobrou entre 1872 e 1890. O crescimento urbano acarretou uma demanda
por moradia, transporte e demais serviços urbanos até então inédita. Em
1861, 21. 929 pessoas, de uma população de 191.002, viviam em cortiços.
Em 1888 esse número foi para 46.680. A concentração da pobreza, a
27
ausência de saneamento básico, o desemprego, a fome, os altos índices de
criminalidade, as epidemias, a insalubridade e o congestionamento
habitacional nos cortiços e casa de cômodo como degradantes e imorais, e
ameaças à ordem pública. (Maricato, 1997:26-27).
29
impõem, de maneira compulsória, o deslocamento forçado da população
mais pobre de uma determinada área da cidade, visando reassenta-la em
áreas distantes. Essa política visa, tão somente, à valorização da área
desocupada para futuros empreendimentos, sejam eles públicos ou
privados. Dessa maneira, o que era considerado depósito de entulho
humano (os espaços supracitados) é agora valorizado em função do
interesse que grupos hegemônicos têm pela área. (Campos, 2005:66).
31
Ainda Segundo Maricato (1997:30), a questão da expansão do transporte
urbano foi essencial para a ligação da área central até o subúrbio, principalmente o
transporte ferroviário, expandindo a cidade para as proximidades de onde se
passavam as linhas férreas.
Como parte desse valor vem dos investimentos públicos aplicados nas
obras urbanas, é fundamental, para os proprietários de terra e para o
nascente capital imobiliário, o controle sobre os recursos públicos. Na
construção das obras urbanas coletivas, as empreiteiras que começam a
substituir profissionais autônomos garantiam, frequentemente, o
financiamento. Inicia-se uma articulação pela qual passarão, nas próximas
décadas, as mais importantes decisões sobre a produção do espaço
urbano. Ela vincula os proprietários de terra e imóveis, capitais imobiliários,
construtoras, parlamentares e governantes e as concessionárias de
serviços públicos contratadas por capital estrangeiro. (Maricato, 1997:31).
32
[...] grande parte dos grupos subalternos encontrava-se fora da escola e à
margem da sociedade, as instituições (escola, igrejas, clubes) serviram
como meio de reproduzir os valores que manteriam os grupos considerados
subalternos em condição de precariedade de vida durante todo o século XX.
(Campos, 2005:64).
As decisões políticas são tomadas á favor de uma cidade apta para o aporte
do capital, em detrimento da exclusão ou afastamento da classe operária, ou pobre,
esta cidade formal ganhará formato que evidência ainda mais o fortalecimento do
capital imobiliário, construtores, investidores internacionais e etc.
Os problemas que atingem a maior camada das famílias citadas são a falta
de diversos serviços básicos para manutenção ou ausência de uma moradia salubre
com condições ideais para habitação, dentre estas necessidades estão: inexistência
de luz elétrica, esgoto, água encanada, coleta de lixo, como também, o grande
adensamento das residências, ficando caracterizada uma grande concentração
pessoas por um espaço ínfimo.
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Os brasileiros que sofrem com o problema de moradia- seja pela falta, seja
pela inadequação das casas ou ausência de serviços básicos – são os
trabalhadores mais pobres, em especial aqueles que vivem nas periferias
urbanas. Os dados mostram 90% das famílias que não tem casa no Brasil
vivem com renda menor que 3 salários mínimos por mês. (Boulos, 2012:15).
[...] são 6.273.000 de famílias que não tem casa nos país. Problema muito
grave, principalmente quando a mesma pesquisa nos mostra que existem
7.351.000 de imóveis vazios, sendo que 85% deles teriam condições de
serem imediatamente ocupados por moradores. Ou seja, há mais casas
sem gente do que gente sem casa. Em tese, nenhum imóvel precisaria ser
construído para resolver o problema habitacional do Brasil. (Boulos,
2012:17).
35
O direcionamento das políticas públicas sociais habitacionais
brasileiras foram direcionados à atender o mercado imobiliário e construtores,e
consequentemente a classe média emergente, como também, os ricos, restando ao
trabalhador apenas ocupar áreas de risco, alugueis de longos períodos, dentre
outras medidas de sobrevivência e resistência.
36
Este projeto de programa público de habitação surgiu em 19646, com o já
citado BNH que teve grande aporte financeiro do Estado, entretanto, sua gestão
capitalista e bancária não atingiu aos que necessitavam diretamente dele, isto é, a
camada mais pobre da população, esta política foi direcionada para o capital
imobiliário, caracterizando uma gestão puramente financeira da política social de
habitação.
Isso ocorreu por conta da lógica bancária e empresarial do BNH. Não havia
praticamente nada de subsídio, isto é, o valor completo do imóvel tinha que
ser pago pelo mutuário do programa. Além disso, as prestações eram
elevadas e seguiam as normas de crédito bancário privado. (Boulos,
2012:19).
6
Lei nº 4 380/64 de 21 de agosto de 1964.
37
O grande crescimento urbano somado as políticas de habitação
capitalista excludentes contribuíram substancialmente para o agravo da questão
social que circunda esta política, podemos observar na tabela a seguir o crescimento
urbano em detrimento da diminuição da população rural.
População
Década População
Rural em
de: Urbana em %
%
40 31,2 68,8
50 36,2 63,8
60 45,4 54,6
70 55,9 44,1
80 67,7 32,4
E 1991 24,5 24,5
Fonte: IBGE.
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poder de compra do salário diminuir consideravelmente, principalmente atingiu ao
novo público alvo desta política, a classe média, a qual elevou o índice de
inadimplência tendo atingido 54,6% dos mutuários.
Apesar dos números que mostraram grande aporte financeiro para a política
de habitação, não foi o suficiente para o suprimento da grande demanda de
ocupação urbana.
39
financiamento habitacional se dá em 19867, sendo a política habitacional
incorporada pela Caixa Econômica Federal.
Com o fim do BNH, perdeu-se uma estrutura de caráter nacional que, mal
ou bem, tinha acumulado enorme experiência na área, formado técnicos e
financiado a maior produção habitacional da história do país. A política
habitacional do regime militar podia ser equivocada, como já ressaltamos,
mas era articulada e coerente. Na redemocratização, ao invés de uma
transformação, ocorreu um esvaziamento e pode-se dizer que deixou
propriamente de existir uma política nacional de habitação. Entre a extinção
do BNH (1986)e a criação do Ministério das Cidades (2003), o setor do
governo federal responsável pela gestão da política habitacional esteve
subordinado a sete ministérios ou estruturas administrativas diferentes,
caracterizando descontinuidade e ausência de estratégia para enfrentar o
problema. (Bonduki, sd, 75-76).
7
Decreto nº 2291 de 21 de Novembro de 1986.
40
Programa voltado para o poder público, focado na urbanização de áreas de
áreas precárias (Pró-Moradia), paralisado em 1998, quando se proibiu o
financiamento para o setor público e um programa voltado para o setor
privado (Apoio à Produção), que teve um desempenho pífio. Em 1999, foi
criado o Programa de Arrendamento Residencial – PAR –, programa
inovador voltado à produção de unidades novas para arrendamento que
utiliza um mix de recursos formado pelo FGTS e recursos de origem fiscal.
(Bonduki, sd, 79).
8
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se
aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
41
no quesito habitação, grandes conquistas dos movimentos sociais desta temática,
entretanto, o crescimento do déficit habitacional e grande concentração urbana, e a
necessidade cada vez maior de respostas eficazes para a questão da moradia, eram
o pano de fundo do desenvolvimento urbano.
Para situarmos a política habitacional do século XXI, vamos nos basear nos
dados apresentados por Bonduki(Sd: 81), que nos revela a realidade deste momento
crucial que direciona os rumos das políticas urbanas.
42
concentra-se nos Estados do Sudeste (41%) e do Nordeste (32%), regiões
que agregam a maioria da população urbana do país, e dispõem da maior
parte dos domicílios urbanos duráveis [...] sendo que 83,2% do déficit
habitacional urbano está concentrado nas famílias com renda mensal de até
três salários mínimos (US$260).
Déficit em
Faixa de renda Milhões Em (%).
de Unidades
Até 3 SM 4.490 83,2
De 3 a 5 SM 450 8,4
De 5 a 10 SM 290 5,4
Acima de 10 SM 110 2
Total: 5.400 100
Fonte: (Bonduki, Sd: 82).
9
Lei nº 10.257, de 10 de Julho de 2001.
43
sobre a aprovação dos pedidos de financiamentos e acompanhamento dos
empreendimentos seja sua responsabilidade. (Bonduki, sd,97).
44
caros – as empreiteiras ganham mais. Apenas 40% das moradias do
programa são para as famílias com renda menor do que 3 salários mínimos,
o que representa menos de 10% do déficit habitacional nesta faixa de
renda. É um filão que interessa menos às construtoras. (Boulos, 2012:22).
Além dos privilégios já elencados para este grupo, estes ainda realizaram
uma diversidade de aberrações, segundo Boulos (2012:22), este grupo realizou suas
construções em áreas longínquas, ou seja, em áreas de terrenos mais baratos e de
baixo investimento para sua aquisição, isto é, construção de baixa qualidade,
apartamentos pequenos, principalmente para aqueles que detêm uma renda de até
3 salários mínimos. [...] vemos que o Minha Casa, Minha Vida aprofundou, ao invés
de combater, a lógica da moradia como uma mercadoria, que deve dar lucro, e não
como um direito. Aprofundou também o princípio de que o pobre deve morar mal e
em regiões cada vez mais periféricas. (Boulos, 2012: 23).
45
Capítulo 2 – A Capital Nacional do Petróleo: a construção da
ocupação desigual do espaço urbano de Macaé.
10
Os habitantes da nova vila exigem a destruição dos nativos da vizinhança e espalham em
seus campos roupas de doentes de varíola, a fim de contaminá-los. A medida desumana não
traz qualquer vantagem aos feitores.
46
No inicio do XIX, foi conseguido a independência de Cabo Frio e Campos,
emancipando o povoado, em 29 de Julho de 1813, para a categoria de vila como o
nome de Villa de São João de Macahé (PHLIS - Macaé, 2010:8).
47
No começo do século XX, a principal fonte de empregos da cidade era
ferrovia inglesa Leopoldina Raylway Company Limited (1890-1975), que se
estabelece em 1890. Para suprir a sua demanda de mão de obra, esta empresa, em
1911, fundou o “Liceu Operário da Imbetiba”, que ofertou cursos profissionalizantes
de qualificação para o trabalho ferroviário. Esta empresa durante toda a sua
existência foi protagonista na economia de Macaé, gerando um grande número de
empregos, alavancando a economia local e influenciando politicamente os rumos da
cidade, ou seja, influenciou também diretamente na ordenação urbana da cidade.
48
feijão, milho e mandioca, culturas de subsistência mas que também
abasteciam as criações de aves e outros pequenos animais. Ao mesmo
tempo percebeu-se a expansão da monocultura canavieira, como resultado
da modernização do setor sucroalcooleiro bem como das condições
favoráveis do mercado internacional na década de 1960, com a saída de
Cuba como mercado preferencial norte-americano, em decorrência da
revolução socialista. Entre 1950 e 1970, a região Norte Fluminense
apresentou um crescimento da área plantada de cana-de-açúcar de
47,29%, acompanhada por um crescimento de números de tratores
utilizados de 818,5%. (Paganoto, 2008:9).
Tabela 4
Crescimento relativo da população total segundo
estado, mesorregiões e municípios selecionados no estado do
Rio de Janeiro (%) 1940 -1970.
Unidades Espaciais 1940-1950 1950-1960 1960-1970
Estado do Rio de
Janeiro 27,75 42,24 35,26
Norte Fluminense 4,64 17,89 4,74
Noroeste Fluminense 6,09 -2,83 -5,43
Campos dos
Goytacazes 6,42 21,73 10,2
Macaé -2,07 6,16 12,12
Fonte: IBGE/CIDE apud Paganoto, 2008:10.
49
É neste contexto que a Petrobras aporta no município de Macaé, um terreno
impregnado de desigualdades sociais, os quais foram propícios para uma política de
Estado desenvolvimentista, com baixo custo salarial, incentivos fiscais, infraestrutura
garantida pelo governo local e expulsão dos pobres das áreas urbanas estruturadas
para lugares nos quais eles ficassem a margem da sociedade.
11
A Petrobras foi fundada em 3 de outubro de 1953, como resultado de uma campanha
popular, “O petróleo é nosso”, que durou sete anos.
12
Lembremos que durante toda história do Brasil as indústrias foram beneficiadas com
subsídios e incentivos governamentais, seja qual for a sua esfera, municipal, estadual ou
50
Quando do início da exploração de petróleo na Bacia de Campos, não
houve, da Petrobras, preocupação em minimizar os impactos que poderiam
ser causados localmente, e sua atuação seguiu o padrão das demais
empresas brasileiras de grande porte da década de 1970. Em Macaé, então
um pequeno município de base agropecuária, a chegada de trabalhadores e
suas famílias, assim como daqueles que se deslocam em busca de alguma
oportunidade de serviço, acarretaram uma ocupação urbana desordenada e
uma sobrecarga nos parcos equipamentos de consumo coletivo existentes.
Deu-se uma ocupação predatória do litoral não só pelas empresas ligadas
ao petróleo como também por novos loteamentos para moradias. (Piquet,
2010:13).
federal, entretanto, a apropriação das riquezas e obtenção dos lucros ficaram nas mãos da
Petrobrás, enquanto a cidade evoluía sem estrutura e sem políticas sociais direcionadas para
a classe trabalhadora.
51
ambiental e social que poderia produzir em sua chegada e sobre a sua implantação
a curto e longo prazo, ou seja, teve carta branca para ocupar e adaptar todo o
espaço urbano, muitas vezes deteriorando a natureza local, como foi a sua
ocupação na praia de Imbetiba, uma das belas praias da cidade na década de 1970,
hoje, uma paisagem drasticamente alterada em prol da Petrobras, tornando-se
praticamente o porto particular desta empresa.
52
trabalhadora, construindo e fomentando ainda mais o abismo criado durante todo o
processo da urbanização brasileira.
53
atratividade. Entretanto, seus problemas estruturais se agravaram cada vez mais
conforme o crescimento populacional.
[...] O país se prepara para investir entre 2011 e 2014 cerca de R$ 230
bilhões em exploração e produção de petróleo nos estados do Rio de
Janeiro, Espírito Santo e São Paulo. Estes investimentos fazem parte da
retomada do processo de desenvolvimento econômico, feito por
investidores privados, com o aval do BNDES e da CEF, e se somam a
usinas hidroelétricas, refinarias, infraestrutura portuária, reprimarização
(agronegócio em parceria com o setor financeiro). Segundo Piquet,
cumprem um papel de desenvolvimento nacional, mas não regional e local;
provocam melhoras no sistema de abastecimento e de comunicação e tem
efeito multiplicador, todavia contraposto pela atração de uma mão de obra
desempregada e desqualificada e que não reflui para outras áreas. A
indústria do petróleo possui efeito multiplicador em função do parque
industrial e de empresas de serviços que se instalam para abastecê-la. A
indústria do petróleo na relação política local, para sua instalação, recebe
benefícios em vez de exigências, havendo receptividade na instalação de
indústrias impactantes de outros países. A indústria do petróleo pode não
estar voltada para o desenvolvimento regional, sendo seu efeito
multiplicador sentido em outras regiões. Ao fim de sua fala, Piquet a
resumiu, enfatizando a necessidade de se discutir quais os limites entre a
atuação de grandes grupos econômicos e a atuação do Estado. (Herculano,
2010:2).
54
Tabela 6: Taxa de Crescimento da População Residente.
População
Ano (hab.) Fonte:
1991 93.657 Censo demográfico IBGE.
1996 112.971 Contagem da população IBGE.
2000 132.971 Censo demográfico IBGE.
2007 169.513 Contagem da população IBGE.
2009 194.413 Estimativa de população IBGE.
Fonte: (PHLIS - Macaé, 2010:13).
56
mão-de-obra suplementar de que carece nos momentos de brusca
expansão produtiva, por motivo de abertura de novos mercados, de
ingresso na fase de auge do ciclo econômico etc. (Marx, 1996: 41).
13
Verbas destinadas para os municípios para compensações dos impactos causados pela
indústria do petróleo.
57
Tabela 8: Valores de Compensação de Royalties (R$) na Região em
Junho/2009.
Este centro está ladeado por duas zonas de enormes contrastes: ao norte,
favelas que ocupam áreas de manguezais e de proteção ambiental: Nova
Holanda, Malvinas, Aroeira, Nova Brasília, Botafogo, Parque Aeroporto,
Cabiúnas, Lagomar, dentre outras. Ao sul, zonas de moradia de luxo em
condomínios fechados nos bairros da Glória, Cancela Preta, Cavaleiros,
etc., onde trabalhadores de alta qualificação habitam em torno da Lagoa de
Imboassica, parcialmente aterrada e assoreada.
60
As únicas medidas após o BNH/SFH na cidade macaense para tentar frear
esta ocupação desordenada do espaço e suprir as necessidades habitacionais do
município surgiram por intermédio do governo estadual com o projeto habitacional
CEHAB-RJ (Companhia Estadual de Habitação do Rio de Janeiro), as intervenções
ocorreram em 1982 e 1994.
61
anos para que o município planejasse e construísse alguma política direcionada
para área habitacional, isso somado ao crescimento populacional da cidade tornou o
município de Macaé uma localidade com diversos problemas estruturais urbanos
(trânsito intenso,falta de transporte coletivo de qualidade, ausência de segurança, o
crescimento da favelização e de ocupações insalubres, déficit habitacional, dentre
outras mazelas ocasionadas do desenvolvimento desestruturado).
63
poder aquisitivo, locais onde a pobreza é criminalizada e não existe uma mínima
estrutura social para uma estadia dos referidos nesta localidade.
14
Gráfico Transformado em tabela pelo autor.
64
Para compreensão dos dados já expostos seguiremos com explicação dos
autores, que foram apresentadas em tópicos para melhor elucidar as etapas do
processo de pesquisa para captação destes dados. (PLHIS – Macaé -2010:92).
a coabitação familiar: mais de uma família composta por pelo menos
duas pessoas residindo no mesmo domicílio da família considerada
“principal”.
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Gráfico Transformado em tabela pelo autor.
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Os conceitos que foram utilizados para a construção da tabela anterior:
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Tabela 12: QUANTITATIVO DOMICILIAR E POPULACIONAL DOS
ASSENTAMENTOS PRECÁRIOS POR MÉTODO DE RECONHECIMENTO.
Podemos dizer que isto resulta em uma cidade caótica, prejudicada pelo
rápido crescimento da "cidade empresa”, a evidente ausência de um planejamento
urbano direcionado para esta demanda crescente que residem em “assentamentos
precários”, o que gerou ao longo de toda história urbana macaense problemas
estruturais, como o crescimento continuado das favelas, empobrecimento da
população, ausência de estrutura em diversas localidades, elementos que tiveram
um crescimento tão rápido quanto ao crescimento econômico das empresas.
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para um crescimento demográfico de 104.400 habitantes, que equivale a
31.636 domicílios, quando aplicado o número médio de 3,3 pessoas por
domicílio, de acordo com o levantamento realizado pelo IBGE no Censo de
2000. Se utilizada a mesma fonte de dados, e considerando que seja
mantida a distribuição dos rendimentos domiciliares, do total de 31.636
novos domicílios, 44% corresponderão à faixa de rendimentos
compreendida entre zero e três salários mínimos (12.654 domicílios) e 18 %
à faixa entre três e cinco salários mínimos (5.694 domicílios), faixas estas
prioritárias em termos de atendimento pelos programas habitacionais do
Município. Isto significa que, além de atender ao déficit atual, será
necessário criar condições de acesso para cerca de 18.000 novas unidades
habitacionais nos próximos quinze anos. (PHLIS - Macaé, 2010:102).
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A transformação da cidade de Macaé em um pólo da indústria do petróleo e
também do emprego, trouxe esta tendência e aparência de um novo “eldorado”, uma
cidade que poderia ser um grande de centro de oportunidades, as quais poderiam
ser acedidas por uma parcela maior da população, entretanto, esta aparente
prosperidade, como em todo o processo histórico brasileiro não esta ao alcance dos
trabalhadores, apesar do município apresentar um número crescente de postos de
empregos, apresenta também um empobrecimento da população ainda maior.
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[...] o montante de recursos previstos por funções, o quanto meio ambiente,
saneamento, urbanismo e habitação tampouco são prioridades para a
administração pública local (Respectivamente 0,3%, 9%, 5,7% e 0,3% dos
recursos previstos para 2010-2013). (Herculano, 2010:26).
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Cabo Frio 180.635,00 447.728.234,70 205.685,909, 41 45,90%
Macaé 188.787,00 1.150.731.987,00 517.468.310,30 45%
Fonte: Serra, 2010:50.
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Podemos observar nesta noticia ou chamamento para a inscrição do
programa Habitar Legal que as unidades que estão sendo ofertadas (2.208
unidades) irão atender 50% do déficit habitacional existente no município, entretanto,
os dados expostos datam de 2010, os quais apontam um déficit de 4.000
residências. Como já observamos o processo migratório da cidade de Macaé é
intenso, o que significa dizer que pode ocorrer à existência de déficit habitacional
ainda maior do que o exposto através do censo demográfico (IBGE, 2010).
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A cidade do capital rentista apesar dos avanços notados em produções
habitacionais que são direcionadas para a camada de baixa renda da população (1 a
3 salários), ainda investe o insuficiente a contenção do crescimento do déficit
habitacional de Macaé. Como já representado neste trabalho, infelizmente os
modelos de urbanização atual priorizam cada vez mais a cidade empresa em
detrimento de um baixo investimento nas políticas sociais, não somente
direcionados para as políticas habitacionais, mais para as políticas públicas como
um todo.
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3. Considerações Finais:
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Foi verificada a realização de uma territorialização, antes mesmo da
concentração urbana, que favoreciam a pequenos grupos,estes determinavam as
regras de diversas localidades no Brasil, mais conhecidos como “coronéis”, os quais
receberam essa incumbência da própria Coroa portuguesa com a criação da guarda
nacional, exercendo práticas paternalistas e clientelistas de controle dos pequenos
agricultores rurais ao seu redor.
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ou terra, como meras e simples mercadorias, e não como objeto de direito comum a
todos. Verifica-se também a ocorrência de direcionamento destas políticas
habitacionais para aqueles que detém capital, destinando o mínimo para a
população que justamente mais necessita.
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para implementação de políticas públicas, dentre elas e nosso objeto de estudo, as
questões habitacionais.
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4 - Referências Bibliográficas:
Sítios de pesquisa:
Livros:
ANTUNES, Ricardo. Adeus ao Trabalho? Ensaio sobre as metamorfoses e a
centralidade do mundo do trabalho. 9ª ed. São Paulo: Cortez, 2003.
80
BEHRING, Elaine Rosseti e BOSCHETTI, Ivanete. Política Social:
fundamentos e história.São Paulo: Cortez, 2006. p. 68,69.
81
________________. Capitalismo Monopolista e Serviço Social. 2ª Ed. São
Paulo, 1996. Cortez.
82