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SOCIOLOGIA DA RELIGIÃO – IBED/ Prof.

Rosangela Adell

1. A RELIGIÃO EM DURKHEIM, WEBER E MARX

A RELIGIÃO EM DURKHEIM (AS FORMAS ELEMENTARES DA VIDA


RELIGIOSA – 1912)
Ele toma a religião como espaço primeiro de produção do sagrado, que possibilita
a vida em sociedade, ao estabelecer normas e conteúdos morais fundamentais para a
socialização dos indivíduos. Os fenômenos religiosos se ordenam sob duas categorias
fundamentais: as crenças e os ritos. As primeiras são estados da opinião, consistem em
representações; os segundos são modos de ação determinados. A religião é um sistema
solidário de crenças seguintes e de praticas relativas a coisas sagradas, ou seja,
separadas, proibidas; crenças e práticas que unem a mesma comunidade moral,
chamada igreja, todos os que a ela aderem.
Durkheim tem um interesse pela religião porque ela articula rituais e símbolos que
têm o efeito de criar entre indivíduos afinidades sentimentais que constituem a base de
classificações e representações coletivas. As cerimônias religiosas cumprem um papel
importante ao colocarem a coletividade em movimento para sua celebração: elas
aproximam os indivíduos, multiplicam os contatos entre eles, torna-os mais íntimos e por
isso mesmo, o conteúdo das consciências muda. A função da religião seria a de
conservação da unidade e a integração. As coisas sagradas são símbolos da vida social,
o que revela uma compreensão de que a religião é um elemento constitutivo da vida e da
sociedade, porém, apresentando-se como uma variável dependente, isto é, depende das
formas da sociedade.
Ao tomar como objeto a religião, Durkheim tenta estabelecer que ela não suponha
necessariamente a crença num Deus transcendente. Ela é antes de tudo um “sistema de
crenças e de práticas”. A religião é vista como um fenômeno coletivo, onde ele procura
mostrar de forma concludente que não pode haver crenças morais coletivas que não
sejam dotadas de um caráter sagrado. Sua existência baseia-se numa distinção essencial
entre fenômenos sagrados e profanos. É um conjunto de práticas e representações que
vemos em ação tanto nas sociedades modernas quanto nas sociedades primitivas.
Portanto, sua sociologia da religião está referida a uma teoria do conhecimento e à
questão da coesão social. 
A RELIGIÃO EM MARX - ÓPIO, IDEOLOGIA E ALIENAÇÃO (A Ideologia Alemã
- 1846)
Marx nunca estudou a fundo a religião, e esta só foi objeto de suas reflexões em
virtude da religião fazer parte da estrutura social e econômica, esta sim seu objeto
principal de estudo. Sua preocupação principal é o estudo da sociedade capitalista. “A
angústia religiosa é ao mesmo tempo a expressão da dor real e o protesto contra ela. A
religião é o suspiro da criatura oprimida, o coração de um mundo sem coração, tal como o
é o espírito de uma situação sem espírito. É o ópio do povo”. A religião hipnotiza os
homens com falsa superação da miséria e assim destrói sua força de revolta, atuando
assim como uma força conservadora no campo social e econômico. um produto tóxico,
que entorpece, aliena e enfraquece  porque a esperança de consolação e de prometida
justiça no “outro mundo” transforma o explorado e oprimido num ser resignado, tende a
afastá-lo da luta contra as causas reais do seu sofrimento.
Na perspectiva de Marx, qualquer componente da ação ou da identidade dos
indivíduos que não resulte ou não se vincule diretamente a sua inserção “objetiva” no
processo produtivo tem um status meramente residual. A devoção religiosa, na medida
em que não é um componente essencial das identidades individuais, não foge a essa
regra. Tudo que se tem a dizer sobre ela é que é inconsistente com a identidade essencial
dos indivíduos, são cognições disfuncionais com o que indivíduos históricos concretos
virão a ser.
Portanto, a religião não é propriamente objeto de seu estudo, mas de condenação. 
Para Marx: “tudo o que existe, tudo o que vive sobre a Terra e sob a água, não existe e
não vive, senão em virtude de um movimento qualquer. Assim, o movimento da história
cria as relações sociais, o movimento da indústria nos proporciona os produtos industriais
etc.”(Miséria da Filosofia).
O trabalho é percebido pelo trabalhador como algo fora de si, que pertence a
outros. Daí adquire uma consciência falsa do mundo em que vive: IDEOLOGIA
“A produção das ideias, das representações e da consciência está em primeiro
lugar direta e intimamente ligada à atividade material e ao comércio material dos homens,
é a linguagem da vida real. As representações, o pensamento, o comércio intelectual dos
homens, aparecem ainda aqui como a emanação direta do seu comportamento material.
(…) Ao encontro da filosofia alemã que desce do céu para a terra, é da terra para o céu
que se sobe por aqui “ ( A IDEOLOGIA ALEMÃ, MARX-ENGELS, 1972, p. 87)
Marx considera que a religião é uma forma de alienação. Nela verifica-se o fosso
entre o mundo concreto e um mundo ideal, entre o mundo em que o homem vive e o
mundo em que ele desejaria viver.
Segundo ele, não basta criticar a religião: é preciso não só criticar a raiz material (a
alienação do trabalho, a exploração econômica) da alienação religiosa, como também
eliminar revolucionariamente as condições de  miséria terrestre das quais deriva a
necessidade do "mundo celeste" que é o resultado de um protesto da criatura oprimida
contra o mundo em que vive e sofre. Ou seja, procura-se um refúgio no mundo divino
porque o mundo em que o homem vive é desumano.
A alienação social é a diminuição da capacidade dos indivíduos em pensar ou agir
por si próprios, incapacita o pensamento independente do ser humano, e ele passa a
aceitar tudo como algo natural, racional ou divino.

A RELIGIÃO EM WEBER - RELIGIÃO E CAPITALISMO (A ÉTICA


PROTESTANTE E O ESPÍRITO DO CAPITALISMO - 1904)
Ele se interessa pelo aspecto cognitivo das religiões. Weber associa a objetividade
do conhecimento a uma ordenação da realidade segundo categorias subjetivas, as quais
representam, segundo ele, o pressuposto do nosso conhecimento. Sociologia entendida
como ciência compreensiva, que por interpretação, mas sem artifício de estilo, procura
analisar o sentido visado por um ou mais de um sujeito em função do comportamento de
outrem e, consequentemente, pretende esclarecer o sentido de toda a atividade social.
Neste sentido, Weber toma as religiões como respostas racionais a indagações referentes
aos problemas do sofrimento e do destino, quaisquer que sejam os termos em que esses
se colocam. Assim, estando a racionalização do mundo inscrita no mais profundo da
civilização, o sociólogo deve explicar as origens e os caracteres de um mundo que se
modernizou ao se laicizar e se desembaraçou de seus mistérios, entregando-se às
miragens da razão. Portanto, sua sociologia da religião está referida a uma teoria da
mudança social que se traduz no estudo de processos de racionalização na história. 
Para Weber, a racionalidade prática é inerentemente problemática e insuficiente.
Em seu contato com o mundo, ela confronta incertezas – experiências de sofrimento e
infortúnios – cuja solução requer ações e cognições que necessariamente transcendam a
faticidade da vida cotidiana. Tais soluções tendem, contudo, ser parciais e insatisfatórias,
deixando sem sentido alguns aspectos da existência, ou seja, suas teodicéias tornam-se
irracionais. O desenvolvimento das religiões como criadores de imagens racionais de
mundo, deriva-se da própria lógica da teodicéia, requerendo solução interna para suas
inconsistências, criando, assim, uma compulsão natural para aquisição de versões mais
racionais de suas ideias. 
O importante neste mundo é trabalhar para criar riqueza e criar riqueza não para o
desfrute pessoal e esbanjamento, mas para que se crie novamente trabalho. Esta é a
base da salvação do homem. Esta mentalidade acabou configurando a tipologia do
empresário moderno.
Weber descobre que os valores do protestantismo, como a disciplina ascética, a
poupança, a austeridade, a vocação, o dever e a propensão ao trabalho atuavam de
maneira decisiva sobre os indivíduos. A vivência espiritual da doutrina e da conduta
religiosa exigida pelo protestantismo organizou uma maneira de agir econômica,
necessária para a realização de um lucro sistemático e racional. Para Weber, as atitudes
envolvidas no espírito capitalismo tinham sua origem na teologia protestante onde há a
valorização positiva do trabalho e da riqueza criada pelo trabalho e é possível um
reinvestimento da riqueza que é o de assegurar o lugar de eleito, de “salvo”.

2. SINCRETISMO RELIGIOSO

Sincretismo é a fusão de diferentes doutrinas para a formação de uma nova,


seja de caráter filosófico, cultural ou religioso. O sincretismo mantém características
típicas de todas as suas doutrinas-base, sejam rituais, superstições, processos, ideologias
e etc. O sincretismo religioso é a mistura de uma ou mais crenças religiosas em uma
única doutrina. Este modelo de sincretismo, assim como o cultural, nasce a partir do
contato direto ou indireto entre crendices e costumes distintos.

O processo de sincretismo está intrinsecamente ligado às relações de


comunicação entre grupos sociais heterogêneos, ou seja, com diferentes culturas,
costumes e tradições. Quando ocorre o contato e se desenvolve um convívio entre estes
grupos distintos, surgem "adaptações" nos vários aspectos culturais, fazendo com que um
grupo "absorva" o sistema de crenças do outro.

Um exemplo deste processo foi a adaptação e absorção que o cristianismo fez de


conceitos das religiões pagãs na Europa durante a consolidação da Igreja Católica no
continente. A Igreja utilizou os costumes e tradições dos pagãos em benefício da doutrina
cristã, reconstruindo os discursos já estabelecidos nas sociedades pagãs em nome do
cristianismo.

No Brasil, por exemplo, o sincretismo religioso nasce desde a chegada dos


primeiros colonizadores portugueses, se intensificando com a presença dos escravos
africanos, que, em contato com a população nativa do Brasil (os indígenas), disseminou
os seus costumes, rituais e tradições.

No Brasil o sincretismo religioso é uma prática bastante comum.Mas tudo


começou a partir do ano de 1500, quando o território brasileiro tornou-se palco para o
encontro de três grandes tradições culturais: a ameríndia, nativa da terra; a europeia,
trazida pelos colonizadores portugueses e mais tarde a africana, trazida pelos escravos
bantos e sudaneses. Um encontro que foi desde o início marcado pela imposição da
cultura europeia às populações indígenas e africanas, refletida, principalmente, na
imposição da cristã da Igreja Católica Apostólica Romana a esses dois grupos.

Para se viver no Brasil, nesta época, o índio e o negro mesmo como escravo, e
principalmente depois, sendo livre, era indispensável antes de mais nada, ser católico.
Por isso eles que cultuavam seus deuses e tinham suas bases religiosas bem
estruturadas, no Brasil se diziam católicos e se comportavam como tais, além de
praticarem os rituais de seus ancestrais, freqüentavam os ritos católicos.

Essa tentativa forçada de aculturação sempre encontrou resistência, o que acabou


resultando em várias tentativas feitas por indígenas e africanos de conciliar os princípios
de suas culturas e, por consequência, de suas tradições religiosas, a doutrina cultural e
religiosa que lhes eram impostas.

Na tentativa de preservação dos princípios e práticas religiosas indígenas e


africanas, por meio da conciliação com os princípios e práticas católicas, acabaram
levando ao nascimento de várias manifestações sincréticas em solo brasileiro, únicas no
mundo, algumas delas existentes até os dias de hoje. Mas infelizmente existem poucos
estudos sobre a grande maioria delas, o que veremos aqui, é uma pequena ideia de como
eram as bases dessas duas culturas religiosas, o sincretismo entre elas e os processos
que deram origem a essas outras.

Como forma de tornar a religião católica mais fácil de ser assimilada pelos
indígenas, os jesuítas associou ao seu deus e santos os nomes de algumas divindades
tupis. Entretanto, na maioria dos casos, os jesuítas associaram os deuses indígenas aos
demônios da doutrina católica. Isso tudo acabou gerando a primeira religião sincrética
surgida no Brasil da junção da Religiosidade Tupi e do Catolicismo, que ficou conhecida
como SANTIDADE, nome criado por Manoel da Nóbrega, em 1549, quando viu um pajé
em transe pregando a outros indígenas.

Os adeptos da Santidade cultuavam um ídolo de pedra, chamado de Tupanaçu,


que acreditavam possuir poderes sagrados, rezavam usando cruzes, terços e rosários,
construíam “igrejas” e colocavam tábuas com desenhos de símbolos sagradas nelas,
cultuavam alguns santos católicos e entoavam cantos em honra aos mesmos, faziam um
ritual semelhante ao batismo e realizavam procissões.

Neste mesmo período, com o início dos trabalhos de catequese na região


amazônica, a partir da cidade de São Luís do Maranhão, iniciou-se um processo de
sincretismo entre a religiosidade ameríndia local e o catolicismo, semelhante ao que
ocorrera no litoral tupi, levando ao surgimento da religião sincrética conhecida pelo nome
de PAJELANÇA.

Embora o termo pajelança acabe sendo usado também para designar todo e
qualquer ritual ameríndio, ele aqui designa a religião sincrética de caráter mágico-curativa
que ainda existe nos dias de hoje na região amazônica, sobretudo nos estados do Pará e
do Amazonas. A exemplo da Santidade, nos rituais da Pajelança são encontrados o uso
de trajes nativos (pena, arco, flecha, colares, máscaras), cantos e danças, a fumaça
derivada da queima do tabaco e o consumo de bebidas fermentadas, que permitem ao
pajé entrar em transe místico e ter visões e incorporar espíritos. Em algumas Pajelanças
pode-se encontrar também a devoção aos santos católicos.

Uma característica marcante da Pajelança é que além de incorporarem os espíritos


dos antepassados das tribos e de antigos chefes do culto, os pajés também incorporam
espíritos animais, sejam eles reais como: jacarés, botos, cavalos-marinhos, cobras ou
imaginários como: mãe d’água, cobra-grande, e por meio dos quais descobriam a causa
das doenças de seus consulentes e os remédios para eles.

Ao longo dos séculos XVII e XVIII cresce consideravelmente o número de cidades


em todo o país, devido a esse fato, surge uma situação completamente nova em todo o
território colonial: o aumento do número de negros e mulatos alforriados, livres, e de
escravos circulando com relativa liberdade nessas áreas urbanas. A partir das residências
desses negros e mulatos livres, localizadas em sua grande maioria em casebres e
cortiços, que as manifestações religiosas de origem africana encontraram condições
mínimas para se desenvolverem, onde poderiam realizar suas festas com certa
frequência, construírem e preservarem seus altares com os recipientes consagrados aos
seus deuses.
São nessas residências que surgem, em fins do século XVIII e início do século
XIX,        uma nova manifestação sincrética brasileira, que ficou conhecida na Bahia como
CASAS DE CANDOMBLÉ. O Candomblé surge então com base no fortalecimento das
tradições religiosas dos bantos preservadas no sincretismo com o Calundu e a
assimilação de algumas poucas práticas indígenas que sobreviviam nos quilombos e nas
aldeias indígenas dos arredores deles.
Pelo fato de servirem como moradia e também como locais de culto, as Casas de
Candomblé se estruturavam com base em famílias-de-santo, que estabelecia entre seus
adeptos uma espécie de parentesco religioso, característica que foi um importante legado
a outras religiões sincréticas que se originaram a partir dele.
Nas religiões afro-latino-americanas, cada orixá corresponde a um santo católico,
mas, de fato, não se trata de um amálgama. As figuras não se confundem. Muitos dos
santos Católicos são cultuados também no candomblé e em outras religiões afro-latino-
americanas. Na época da escravidão na América Latina, os escravos africanos criaram
uma maneira criativa e inteligente de enganar os seus senhores. Invocavam os seus
deuses africanos sob a forma dos santos católicos: Oxóssi na forma de São
Sebastião, Ogum como São Jorge, Oxalá como Jesus Cristo, Ibejis como Cosme e
Damião, Iansã como Santa Bárbara, os fios de contas como Nossa Senhora do Rosário,
entre outros.
Também adaptaram alguns rituais africanos à tradição cristã: por exemplo, a
incorporação da Lavagem do Bonfim à cerimônia das Águas de Oxalá. Podiam, assim,
manifestar publicamente, ainda que de forma dissimulada, sua religiosidade africana. O
sincretismo religioso afro-brasileiro já foi retratado em várias obras
da literatura, música, teatro e artes plásticas brasileiras. Letristas como Dorival
Caymmi, Vinícius de Moraes e Jorge Ben Jor retrataram o tema em diversas canções,
enquanto Dias Gomes levou-o para o teatro com a peça O Pagador de Promessas, que,
mais tarde, foi levada para o cinema conquistando uma Palma de Ouro no Festival de
Cannes e uma indicação ao prêmio Oscar de melhor filme estrangeiro.

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