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Campus de Tucuruí
Faculdade de Engenharia Elétrica
Tucuruí-Pará-Brasil
2013
Universidade Federal do Pará
Campus de Tucuruí
Faculdade de Engenharia Elétrica
Tucuruí-Pará-Brasil
2013
Universidade Federal do Pará
Campus de Tucuruí
Faculdade de Engenharia Elétrica
Tucuruí-Pará-Brasil
2013
Universidade Federal do Pará
Campus de Tucuruí
Faculdade de Engenharia Elétrica
Banca Examinadora:
______________________________
Prof. Dr. Ewerton Ramos Granhen
(Orientador – UFPA)
______________________________
Prof(a). Dr(a). Luciana Pereira Gonzalez
(UFPA)
______________________________
Prof. Janilson Leão de Souza
(UFPA)
ii
Agradecimentos
A Deus, em primeiro lugar;
Aos meus pais, que sempre estiveram presentes na minha vida e me apoiaram
durante essa jornada;
A todos os professores da faculdade de Engenharia Elétrica, em especial ao
professor Ewerton Granhen, pela orientação e oportunidade, e a banca avaliadora
deste trabalho.
Aos amigos da turma de 2009;
iii
“O sucesso nasce do querer, da
determinação e persistência em se chegar a
um objetivo. Mesmo não atingindo o alvo,
quem busca e vence obstáculos, no mínimo
fará coisas admiráveis”.
(José de Alencar)
iv
Sumário
Lista de Símbolos e Abreviações ........................................................................ viii
Lista de Figuras .................................................................................................. x
Lista de Tabelas .................................................................................................. xiii
Resumo ................................................................................................................ xiv
Abstract ............................................................................................................... xv
1 Introdução ........................................................................................................ 1
2 O Conversor Boost e Sua Aplicação em PFC – “Power Factor Correction” .... 5
2.1 Considerações Iniciais .............................................................................. 5
2.2 Princípio de Operação do Conversor Boost .............................................. 5
2.2.1. Modo de Condução Contínua ....................................................... 8
2.2.2. Modo de Condução Descontínua .................................................. 8
2.3. Conversor Boost Aplicado à Correção do Fator de Potência ................ 9
2.3.1. Conceitos e Definições .................................................................. 9
2.3.2. Normatização ............................................................................... 11
2.3.3. O Retificador Boost ...................................................................... 13
2.4. Circuito de Controle ............................................................................... 15
2.4.1. Principais Técnicas Ativas Para Correção do Fator de Potência 16
2.4.1.1. Controle Por Corrente de Pico .............................................. 17
2.4.1.2. Controle Por Histerese .......................................................... 18
2.4.1.3. Controle Por Portadora Programada ................................... 19
2.4.1.4. Controle Por Corrente Média ............................................... 21
2.5. Circuito Integrado UC3854 ................................................................... 24
2.5.1. Características do Circuito Integrado UC3854........................... 24
2.5.2. Configuração do CI UC3854 ........................................................ 27
2.5.2.1. Tensão de Alimentação do CI ............................................... 28
2.5.2.2. Multiplicador/Divisor ............................................................ 28
v
2.5.2.3. Proteção de Sobrecorrente ou Sobretensão .......................... 29
2.5.2.4. Frequência de Chaveamento ................................................ 30
2.5.2.5. Compensador de Erro de Corrente ....................................... 30
2.5.2.6. Compensador de Tensão ....................................................... 31
3 Projeto do Conversor Proposto ........................................................................ 34
3.1 Considerações Iniciais .............................................................................. 34
3.2 Especificações Gerais de Projeto .............................................................. 36
3.3 Dimensionamento do Circuito de Potência .............................................. 37
3.3.1. Indutor Boost ................................................................................ 37
3.3.2. Capacitor de Saída ....................................................................... 38
3.3.3. Ponte Retificadora/Chave/Diodo Boost ........................................ 39
3.4. Dimensionamento do Circuito de Controle ........................................... 39
3.4.1. Resistor Shunt.............................................................................. 39
3.4.1.1. Determinação da Corrente Máxima No Conversor Ipk(máx).... 40
3.4.1.2. Cálculo do Resistor Shunt .................................................... 40
3.4.2. Especificação dos Resistores do Divisor de Tensão Que Estabelece o
Limite de Corrente Máxima no Conversor. (Proteção Contra
Sobrecarga) ......................................................................................... 40
3.4.3. Resistores de Polarização das Entradas Vff e Iac do Multiplicador
Analógico ............................................................................................ 42
3.4.3.1. Cálculo dos Resistores Que Compõe a Malha de Entrada Vff 42
3.4.3.2. Especificação do Resistor Rvac Que Limita a Corrente de
Entrada do Multiplicador .................................................................. 43
3.4.3.3. Especificação do Resistor Rb1 Que Limita a Corrente Constante
de Entrada do Multiplicador ............................................................. 43
3.4.3.4. Especificação do Resistor Rset e Rmo Que Limitam a Máxima
Corrente de Saída do Multiplicador .................................................. 44
3.4.4. Especificação do Capacitor Ct Que Determinará a Frequência de
Chaveamento do Conversor ............................................................... 45
3.4.5. Compensação do Amplificador de Erro de Corrente ................... 45
3.4.5.1. Ganho do Amplificador Na Frequência de Chaveamento ... 45
vi
3.4.5.2. Especificação dos Resistores Que Compõe a Malha de Ganho do
Amplificador de Corrente (Rci e Rcz) .................................................. 46
3.4.5.3. Frequência de Corte da Realimentação de Corrente ........... 46
3.4.5.4. Especificação dos Capacitores Ccz e Ccp da Malhda de
Realimentação de Corrente ............................................................... 46
3.4.6. Compensação do Amplificador de Erro de Tensão ...................... 47
3.4.6.1. Determinação do Valor de Pico do “Ripple” da Tensão de
Saída... ................................................................................................ 47
3.4.6.2. Determinação do Ganho Gva da Saída do Amplificador....... 48
3.4.6.3. Especificação dos Componentes da Rede de Realimentação da
Tensão de Saída do Conversor (Rv1, Rvd, Cvf, Rvf) ............................. 48
3.4.7. Especificação dos Capacitores Cff1 e Cff2 da Malha “Feedforward” 49
3.5. Simulação do Circuito ............................................................................ 51
3.5.1. Ensaio da Ponte Retificadora Convencional. .............................. 52
3.5.2. Ensaio do Retificador Boost Sob Condições Nominais de
Funcionamento................................................................................... 54
3.5.3. Ensaio do Retificador Boost Operando Com Carga Abaixo da
Nominal .............................................................................................. 58
3.5.4. Ensaio do Retificador Boost Para Perturbação de Carga ........... 60
4 Considerações Finais ....................................................................................... 64
Referências .......................................................................................................... 66
Anexo I ................................................................................................................ 69
vii
Lista de Símbolos e Abreviações
viii
Rci Resistor da Malha de Ganho do Amplificador de Corrente
Rcz Resistor da Malha de Ganho do Amplificador de Corrente
Rff1 Resistor do Divisor de Tensão – Malha de Entrada Vff
Rff2 Resistor do Divisor de Tensão – Malha de Entrada Vff
Rff3 Resistor do Divisor de Tensão – Malha de Entrada Vff
RFI Interferência de Rádio Frequência
Rmo Resistor Limitador da Corrente de Saída do Multiplicador
RMS Root Mean Square
Rpk1 Resistor do Divisor de Tensão
Rpk2 Resistor do Divisor de Tensão
Rs Resistor Shunt
Rvac Resistor Limitador da Corrente de Entrada do Multiplicador
Rvd Resistor da Rede de Alimentação da Tensão de Saída
Rvf Resistor da Rede de Alimentação da Tensão de Saída
S Potência Aparente
SS Soft Start
THD Taxa de Distorção Harmônica Total “Total Harmonic Distorsion”
Tx Tempo Onde a Corrente no Indutor é Igual a Zero
Vff Tensão Feedforward
Vffc Tensão Feedforward (Outro Nó do Divisor)
Vg(t) Tensão Instantânea de Entrada no Conversor Boost
Vin Tensão de Entrada
Vo Tensão de Saída
Vpk (max) Valor de Pico da Tensão de Entrada
Vs Tensão Na Chave Semicondutora
Vvao Sinal de Tensão no Pino 7 do UC3854
Vvea Voltage Error Amplifier
ix
Lista de Figuras
xii
Lista de Tabelas
xiii
Resumo
xiv
Abstract
The work deals with the study of the application to a DC-DC converter, Boost
type, for correct the power factor in switched power supplies. Use of this
converter as pre-regulator circuit (PFC), originates a high quality rectifier, which
aims to ensure the power factor of the source close to unity, the attenuation of
injecting harmonic current in the electric grid, and the regulation of the output
voltage for a power range specified. From the idealization this circuit as a virtual
prototype, simulations were performed in order to analyze it and check its
performance compared to conventional rectifiers. We opted for the operation of
the converter in continuous conduction mode (CCM), and control for average
current, made by IC UC3854, which is also responsible for regulating the output
voltage. In general, in this work the steps and modes of operation of the
converter, a description of the integrated circuit used, the dimensioning of
components, besides of assembly the virtual prototype, the tests performed and
the results obtained will be presented.
xv
Capítulo 1
1 Introdução
Durante muito tempo, a grande maioria das cargas ligadas à rede elétrica
comercial apresentava comportamento linear, de forma que a corrente drenada
por elas possuía apenas componente senoidal na mesma frequência da tensão.
Este panorama permaneceu até as décadas de 1930 e 1940, onde apesar da
extensiva utilização de válvulas e outros dispositivos não-lineares, tais cargas
não representavam um problema para a rede elétrica.
O cenário começou a mudar, em 1957, quando a General Electric anunciou o
desenvolvimento do tiristor, inicialmente denominado de SCR (Silicon Controlled
Rectifier), para diferenciá-lo do diodo normal (Silicon Rectifier), o que deu origem
à Eletrônica de Potência atual [1]. A invenção desse componente foi responsável
direto por um grande surto de evolução tecnológica, que se estendeu pelos anos 60
e 70.
Tal evolução marcada pela criação de novos equipamentos eletroeletrônicos,
também gerou um contingente de problemas, especialmente no âmbito da
qualidade da energia elétrica, com o crescimento e disseminação das cargas não-
lineares.
A expansão desse tipo de carga se deve ao fato das fontes utilizadas por estes
equipamentos comumente apresentar no primeiro estágio, um circuito de
retificação, responsável pela conversão da tensão alternada para contínua.
A problemática consiste no fato destes circuitos retificadores serem,
basicamente, topologias clássicas, nas quais utilizam tradicionalmente uma ponte
retificadora a diodos e um capacitor de valor expressivo na saída, conforme
mostra a figura 1.1.
1
Figura 1.1: Circuito Retificador Convencional. (Adaptado de [2]).
2
A circulação dessa corrente de formato descontínuo e pulsado provoca a injeção
de alto conteúdo harmônico na rede elétrica, e um baixo fator de potência da
instalação, trazendo consequências adversas para todo sistema, desde a geração
até as próprias cargas, tais como: a distorção da forma de onda da tensão da rede,
aquecimento e redução na vida útil de transformadores e motores de indução,
sobredimensionamento da fiação elétrica, falhas nos sistemas de proteção,
limitação de potência ativa a ser absorvida da rede de alimentação, possível má
operação dos demais equipamentos conectados à mesma rede, entre outras
[1,3,5,6,7].
Em virtude dos problemas citados, normas internacionais [8,9] foram
estabelecidas com o intuito de limitar os níveis das componentes harmônicas
injetadas na rede. Em função disto, técnicas baseadas na correção do fator de
potência (PFC – Power Factor Correction) passaram a ser desenvolvidas para
adequar as fontes de alimentação a estas normatizações, aumentar a eficiência do
estágio retificador e reduzir o consumo de energia [1,10].
De maneira geral, tais técnicas são classificadas em: de Correção Passiva e de
Correção Ativa [3,4,6,11].
A Correção Passiva compreende a introdução de um filtro na entrada da fonte
(geralmente um passa-baixa) utilizando apenas componentes passivos (resistores,
capacitores, indutores). Circuitos passivos possuem qualidades como: robustez,
alta confiabilidade, insensibilidade a surtos e uma operação silenciosa. No
entanto, possuem diversas desvantagens: são pesados e volumosos; afetam as
formas de onda na frequência fundamental; Não possibilitam regulação da
tensão; a resposta dinâmica é pobre e o correto dimensionamento não é simples.
Se bem projetado, este tipo de correção garante um fator de potência de até 0,9.
Na correção ativa, utilizam-se componentes não-lineares (semicondutores)
associados a elementos passivos. O circuito de correção ativa do fator de potência
(PFC ativo) mantém tanto o fator de deslocamento quanto o fator de potência do
retificador próximos da unidade, fazendo com que o equipamento passe a se
comportar como uma carga resistiva ao sistema elétrico. Por estes motivos, tais
circuitos também são conhecidos como pré-reguladores.
3
Joao Carlos Giacomim em sua dissertação de mestrado [6], de 1998, comprovou
a obtenção de resultados satisfatórios quanto à utilização de circuitos pré-
reguladores em retificadores.
Estudos mais recentes [3,10,12,13,14], já tratam da utilização de conversores
CC-CC nas fontes retificadoras, como uma técnica notável para obtenção de um
alto fator de potência e baixo nível de distorção harmônica. O assunto é alvo de
muitas pesquisas, o que ao decorrer do tempo aprimorou o uso dessa técnica,
citando como exemplo, a criação de circuitos integrados com múltiplas funções,
capazes de realizar o controle, o comando e a proteção desses circuitos pré-
reguladores, tornando as fontes chaveadas mais simples e mais confiáveis.
Assim, baseando-se nas ideias qualitativas de materiais que abordam a
utilização de técnicas de correção do fator de potência a partir de circuitos pré-
reguladores, e nos seus respectivos resultados obtidos [1,2,3,6,10,11,12,13,14,15],
este trabalho tem como objetivo o desenvolvimento de um retificador de alto fator
de potência utilizando um conversor boost operando com uma técnica de controle
capaz de mitigar o conteúdo harmônico de corrente, e, proporcionar um fator de
potência próximo da unidade. A partir disto, será analisado o seu desempenho
quando submetido a situações adversas, e frente a circuitos retificadores
convencionais.
4
Capítulo 2
2 O Conversor Boost e Sua Aplicação em PFC –
“Power Factor Correction”
2.1. Considerações Iniciais
Para que se atinja o objetivo deste trabalho, faz-se necessário, primeiramente,
um embasamento teórico sobre o assunto.
Para tanto, neste capítulo, será feita a abordagem do princípio de
funcionamento do conversor boost e da sua aplicação à correção do fator de
potência, além de apresentar o CI UC3854, que corresponde a uma das
alternativas de controle do circuito proposto, e, que foi adotado na implementação
do protótipo virtual utilizado nos ensaios.
5
Figura 2.1: Configuração do Conversor Boost. (Adaptado de [16]).
Figura 2.2: 1ª Etapa de Operação do Conversor Boost - Acúmulo de Energia. (Adaptado de [16]).
Figura 2.3: Formas de onda do Conversor Boost operando no (a) Modo de condução contínua; (b)
Modo de condução descontínua. (Adaptado de [16]).
(2.1)
Onde, é a razão cíclica, ou ciclo de trabalho, dada pela razão do tempo em que
o semicondutor está conduzindo ( ), pelo período total de chaveamento ( ).
Teoricamente, a tensão de saída deveria alcançar valores infinitos para ciclos
de trabalho que tendam a unidade. No entanto, devido principalmente às perdas
resistivas da fonte, dos semicondutores e do indutor, o valor máximo da tensão
fica limitado, uma vez que a potência dissipada se torna maior do que a potência
entregue à saída [16].
(2.2)
8
O limiar para a passagem de uma situação de condução contínua para
descontínua ocorre quando a variação da corrente ( ) é igual ao dobro da
corrente média de entrada que passa pelo indutor, . Esta situação implica num
limite inferior para a indutância, a qual depende de um valor mínimo para a
corrente de saída. Para permitir condução contínua a indutância deve respeitar a
equação 2.3.
(2.3)
(2.4)
(2.5)
9
caráter senoidal (caso ideal), isto nos leva a definição tradicional para o fator de
potência, dado pela equação 2.6,
(2.6)
Onde representa o deslocamento de fase da corrente em relação à tensão
[11], ilustrado na figura 2.5.
(2.8)
(2.9)
10
Esta expressão (2.9) determina o fator de potência para elementos de circuitos
submetidos a tensões perfeitamente senoidais e quaisquer correntes periódicas,
com período igual ao da tensão. Nota-se que se a corrente não for distorcida, tal
expressão se reduz à apresentada em 2.6.
A figura 2.6 mostra o gráfico da relação aproximada entre o fator de potência e
a distorção harmônica total da corrente. Através da figura, percebe-se que o fator
de potência só é degradado para elevados índices de distorções harmônicas, o que
ocorre justamente na presença de cargas com características não-lineares.
Figura 2.5: Relação Entre Fator de Potência e Distorção Harmônica Total. (Adaptado de [12]).
2.3.2. Normatização
11
frequência foi criada na Europa, em 1969, quando o Comitê Europeu de
Normalização Eletrotécnica (CENELEC) e a Comissão Eletrotécnica
Internacional (IEC) formaram grupos para estudar os efeitos dos harmônicos
causados por equipamentos usados em aplicações domésticas.
Atualmente, a norma IEC 61000-3-2 (2005) [8] e a recomendação IEEE 519
(1992) [9] são as com maior potencial de aplicação em todo o mundo.
A norma IEC 61000-3-2 de 2005, criada pela “International Electrotechnical
Commission” aborda o assunto de limites para introdução de correntes
harmônicas (corrente de entrada em equipamentos menores ou iguais a 16 A por
fase). O objetivo dessa norma é tratar da limitação de introdução de corrente
harmônica em sistemas de suprimento de energia elétrica. Ela especifica os
limites máximos de componentes harmônicas da corrente de entrada que podem
ser produzidas pelo equipamento testado sob condições específicas. Na Europa, a
Comunidade Europeia tem dado força de lei a diversas normas IEC, o Brasil por
sua vez é associado ao IEC através da ABNT, desta forma, todas as normas IEC
sem equivalente nacional aplicam-se ao país [8].
O IEEE (“Institute of Electrical and Electronics Engineering”) gerou o
documento IEEE Standard 519-1992 – Recommended Practice and Requeriments
for Harmonic Control in Electric Power Systems que não possui peso de lei,
constitui apenas recomendações técnicas não se tratando, portanto, de uma
norma. O documento trata do controle de harmônicas no sistema elétrico de
potência.
Essa recomendação [9] descreve os principais fenômenos causadores de
distorção harmônica, assim como seus efeitos, indica métodos de medição e define
os limites de distorção harmônica (de tensão e corrente) aceitáveis em um sistema
de potência. Os limites de distorção harmônica estabelecidos referem-se aos
valores medidos no ponto de acoplamento comum (PAC) do consumidor à rede
elétrica e não individualmente em cada equipamento. Dessa forma, a filosofia
deste conjunto de recomendações é a de que o que ocorre dentro de uma
instalação não é de interesse, mas sim o que essa instalação acarreta ao exterior,
ou seja, para os demais consumidores conectados ao mesmo sistema de
alimentação.
12
No Brasil, para a rede básica de energia, o Operador Nacional do Sistema
(ONS) estabelece desde 2002 parâmetros de qualidade para a tensão suprida.
Mas, do ponto de vista do consumidor, as restrições a serem consideradas são, na
imensa maioria, as do sistema de distribuição. A Agência Nacional de Energia
Elétrica (Aneel), no documento “Procedimentos de Distribuição de Energia
elétrica no Sistema Elétrico Nacional” [18], propõe valores para a distorção
harmônica da tensão no sistema de distribuição.
13
Figura 2.6: Topologia do Retificador Boost. (Adaptado de [2])
Figura 2.7: Formas de Onda do Retificador Boost Em Modo Descontínuo. (Adaptado de [4]).
14
Ao operar em modo de condução contínua, o conversor não apresentará valores
instantâneos de corrente na entrada igual a zero durante os ciclos de operação da
chave. A figura 2.9 mostra as formas de onda típicas do conversor operando no
modo de condução contínua.
Figura 2.8: Formas de Onda do Retificador Boost Em Modo Contínuo. (Adaptado de [4]).
15
outro a tensão de saída. O loop de controle da corrente de entrada comanda o
conversor para que ele faça com que esta tenha uma forma de onda senoidal. O
loop de controle da tensão de saída comanda o conversor para que ele opere como
uma fonte de tensão contínua para a carga. Sendo assim, a programação da
corrente de entrada do retificador é realizada através da imposição de um sinal
PWM especifico para o acionamento do dispositivo de chaveamento. As malhas de
controle do retificador utilizam como variáveis, amostras dos sinais de tensão de
entrada e saída do circuito de potência do mesmo.
A figura 2.10 mostra a concepção básica para o controle de um retificador
boost. Em geral, existem várias topologias de controle que podem ser utilizadas,
as quais se podem classificar segundo [5,15], em controle por: corrente de pico
[15,20], histerese [21], controle por portadora programada [22] e corrente média
instantânea [23].
Figura 2.9: Configuração Básica de Um Circuito de Controle Para Correção do Fator de Potência.
(Adaptado de [23]).
16
Todas as estratégias a serem apresentadas utilizam o retificador operando em
MCC e com modulação PWM (frequência de comutação fixa).
O Controle por Corrente de Pico [24], também chamado por alguns autores
como controle por corrente programada (current programmed control [5]) é
demonstrado na figura 2.11. O principio de funcionamento está baseado no
controle da corrente instantânea através da comparação com uma corrente de
referência, cuja amplitude é regulada pela malha de tensão através de um
multiplicador. O ciclo de funcionamento começa com o sinal do clock (CLK), onde
o interruptor S é comandado a conduzir e finaliza quando o sinal Vc (t) é maior
que o sinal de referência Vir (t), onde o interruptor é bloqueado.
Figura 2.10: Retificador Boost Com Controle Por Corrente de Pico. (Extraído de [3]).
17
- Controle complexo, sendo necessário, o uso de um sensor de tensão na saída da
ponte retificadora para gerar a corrente de referência.
Figura 2.11: Retificador Boost Com Controle da Corrente Por Histerese. (Extraído de [3]).
18
Figura 2.12: Tensão de Entrada e Corrente de Entrada do Retificador Boost Com
Controle da Corrente Por Histerese. (Extraído de [3]).
19
Figura 2.13: Retificador Boost Monofásico Com Controle Por Portadora Programada.
(Extraído de [3]).
20
Dentro das principais características do retificador boost com controle por
corrente programada, pode-se citar as seguintes:
- Não é necessário um compensador de corrente;
- Não é necessária a geração de uma corrente de referência;
- Circuito de controle simples;
- Corrente de entrada ligeiramente defasada em relação à tensão;
- Apresenta distorção na passagem por zero da corrente;
- Ausência de uma boa regulação da potência entregue à carga;
- Controle indireto da corrente no retificador.
21
Figura 2.14: Retificador Boost Monofásico Com Controle Convencional. (Extraído de [3]).
22
A tensão de saída permanece praticamente constante, mesmo que ocorra um
aumento de carga, a corrente de referência cresça, ou se a tensão da rede cair
implicando em elevação da amplitude da mesma.
A figura 2.16 mostra a tensão e a corrente de entrada típicas do retificador
boost com controle por corrente média. Embora apresente uma pequena distorção
na passagem por zero, tem-se uma corrente praticamente senoidal e em fase com
a tensão de entrada [3].
23
2.5. Circuito Integrado UC3854
O circuito integrado UC3854 foi desenvolvido para reduzir a distorção
harmônica na forma de onda da corrente de entrada. Este circuito integrado (CI)
monolítico possui todos os artifícios de controle ativo necessários para se obter
um fator de potência aproximadamente unitário. Este dispositivo possibilita o
projeto de um pré-regulador em condições de operar sobre uma larga faixa de
potência da tensão de linha, sem necessidade de levar em consideração a tensão
ou frequência da rede local.
Além de ser um dispositivo poderoso para projetos de correção de fator de
potência, o CI UC3854 apresenta as seguintes funções complementares [23]:
- Regulador para tensão de referência;
- Comparador para proteção contra sobrecarga;
- Habilitador compatível com a lógica TTL;
- Início Suave (“Soft-Start”).
24
Figura 2.16:Arquitetura Interna do CI UC3854. (Extraído de [23]).
25
divisor resistivo, de forma que quando a corrente de entrada ultrapassar a
corrente programada, o comparador interno atua desabilitando os pulsos para a
chave.
- CA Out (Pino 3) (current amplifier output): É a saída do amplificador de
corrente, que fornece o sinal de controle para o bloco responsável pela geração dos
pulsos para a chave. A diferença entre o sinal de corrente de referência produzido
pelo multiplicador interno e o sinal de corrente nos terminais do sensor é
amplificada para que possa ser comparada com um sinal dente-de-serra,
produzindo assim o sinal PWM.
- ISENSE (Pino 4) (current sense minus): É a entrada inversora do comparador de
corrente que auxilia no surgimento da corrente de referência.
- Mult Out (Pino 5) (multiplier output and current sense plus): A saída do
multiplicador-divisor e a entrada não inversora do amplificador de corrente são
conectados juntos neste pino. É o bloco responsável por criar o sinal de referência
para a corrente de entrada. Constitui a parte mais importante do circuito
integrado.
- IAC (Pino 6) (input AC current): É o terminal de entrada para a corrente de
referência, retirada da tensão de entrada retificada através de uma resistência. É
também uma das entradas do bloco multiplicador.
- VA Out (Pino 7) (voltage amplifier output): Este é a saída do amplificador de
erro de tensão “Vvea – Voltage error amplifier” que regula a tensão de saída.
Também é uma entrada do bloco multiplicador, tendo influência na referência de
corrente gerada, portanto.
- VRMS (Pino 8) (RMS line voltage): Neste terminal é aplicada uma tensão
proporcional ao valor RMS da tensão de entrada, para fazer a compensação da
variação da tensão de entrada. Este valor é elevado ao quadrado e aplicado como
denominador no bloco multiplicador, de forma que se houver uma queda na
tensão de entrada, a referência de corrente aumenta e consequentemente a
potência de saída aumenta para manter a tensão constante.
- REF (Pino 9) (voltage reference output): É a saída de uma precisa tensão de
referência de 7,5 V para ser usada interna e externamente como tensão de
referência.
26
- ENA (Pino 10) (enable): Este pino é uma entrada lógica que habilita a operação
do sinal PWM, da fonte de referência de 7,5 Vcc e do oscilador, além de permitir a
partida suave (“soft-Start”) do conversor.
- VSENSE (Pino 11) (voltage amplifier inverting input): Recebe uma amostra da
tensão de saída e envia para o amplificador de erro (voltage error amplifier) para
promover a correção da razão cíclica do sinal PWM e proporcionar o controle da
tensão de saída do conversor.
- RSET (Pino 12) (Oscillator charging current and multiplier limit set): Este
terminal tem dupla função. Com um resistor para GND conectado a ele,
determina a frequência de oscilação interna e limita a máxima corrente fornecida
pelo bloco multiplicador.
- SS (Pino 13) (soft start): Tem a função de fazer com que a tensão na entrada
não-inversora do amplificador de erro cresça suavemente. Através de um
capacitor para GND conectado a este terminal é possível incrementar a razão
cíclica do PWM gradativamente, evitando assim transitórios durante a partida do
conversor.
- CT (Pino 14) (oscillator timing capacitor): Usado para ajustar a frequência de
oscilação por meio de um capacitor para GND conectado.
- VCC (Pino 15) (positive supply voltage): Entrada de alimentação do circuito
integrado.
- GTDrv (Pino 16): Saída dos pulsos PWM para comando da chave de potência do
conversor.
27
2.5.2.1 Tensão de Alimentação do CI
2.5.2.2 Multiplicador/Divisor
(2.10)
Onde,
- Km é a constante do multiplicador/divisor, e, apresenta-se com valor unitário.
- Iac é a corrente programada obtida a partir da tensão de entrada, fornecendo a
forma senoidal retificada para a referência de corrente Imo. O fabricante
recomenda que esta corrente não exceda 600 μA, embora afirme que o circuito
apresenta melhor linearidade em correntes relativamente altas.
- Vff é a tensão feedforward (Pino 8), um sinal proporcional a tensão RMS de
entrada, e se apresenta no denominador do multiplicador tendo como função uma
compensação mais rápida, quando da ocorrência de variações na tensão de
entrada. O circuito opera com este parâmetro na faixa de 1,4 a 4,5 volts e é obtido
a partir de um filtro passa baixa de 2ª ordem, conforme a figura 2.19.
28
Figura 2.18: Filtro Passa Baixa de Segunda Ordem – Obtenção de Vff. (Adaptado de [27]).
O divisor de tensão composto pelos resistores Rff1, Rff2 e Rff3 deve ser calculado
de forma que a tensão do pino 8, correspondente a esta variável fique em torno de
1,414 volts com a tensão no nó superior do divisor de tensão em 7,5 volts, para a
menor tensão de entrada do circuito.
Os capacitores Cff1 e Cff2 do filtro são calculados para atenuar o ripple
29
A limitação de corrente ou da tensão de saída pode ser realizada através do
pino 2 do CI UC3854, através do qual os pulsos de gatilho são bloqueados quando
a sua tensão cai abaixo do nível de referência de terra. Para implementação dessa
proteção a variável a ser limitada é amostrada gerando uma tensão V co. Essa
tensão é utilizada em um divisor resistivo juntamente com a tensão de referência
do próprio CI UC3854. A expressão para o divisor de tensão é dada pela equação
2.11.
(2.11)
Onde Rpk1 e Rpk2 são resistores do divisor de tensão, Vref é a tensão de
referência interna do CI, com valor de 7,5 V, e Vco é a tensão de saída limite com
polaridade invertida. A corrente sobre o resistor Rpk2 deve ficar em torno de 1 mA
para a tensão de saída máxima.
(2.12)
30
Figura 2.19: Circuito Para Compensação de Erro de Corrente. (Extraído de [27]).
(2.13)
31
Figura 2.20: Compensador de Tensão. (Extraído de [27]).
(2.14)
(2.15)
Com,
(2.16)
Onde,
- – Ganho do compensador;
- – Valor pico a pico do ripple de tensão de saída do conversor;
- – Percentagem do ripple desejada na saída do compensador;
- – Faixa de tensão de saída do amplificador operacional interno do UC3854;
- – Frequência do segundo harmônico do ripple da tensão de saída (120 Hz);
- – Potência do Conversor.
A partir de um valor escolhido para Rvi, obtém-se:
(2.17)
32
(2.18)
e,
(2.19)
(2.20)
33
Capítulo 3
3 Projeto do Conversor Proposto
3.1. Considerações Iniciais
A fim de solucionar os problemas ocasionados pelos circuitos retificadores
convencionais, foi apresentada como alternativa, a substituição destes por um
circuito retificador de alto fator de potência, formado por um conversor boost
controlado pelo CI UC3854.
Para verificar na prática o desempenho desse circuito retificador proposto, foi
projetado e construído um protótipo virtual. Nele puderam ser feitos os ensaios
necessários para validar a teoria.
O projeto é baseado na metodologia apresentada em [23], o qual trata de todos
os procedimentos e equações necessárias para a especificação do protótipo virtual.
Na figura 3.1 tem-se o modelo completo do circuito que será tomado como base,
também retirado de [23].
34
Figura 3.1: Circuito Retificador Boost Utilizado Como Base. (Extraído de [23]).
35
A seguir, estão apresentados os requerimentos de operação e os cálculos
relacionados ao projeto proposto.
36
Tabela 3.1: Especificações Gerais do Projeto.
Valor
Parâmetro do Projeto
Especificado
Tensão de Entrada CA Mínima (Vin(min)) 80 V
Tensão de Entrada CA Máxima (Vin(máx)) 270 V
Potência de Saída do Conversor (Po) 250 W
Frequência da Rede (f) 60 Hz
Tensão de Saída do Conversor (Vo) 400 Vcc
Frequência de Chaveamento (fch) 100 kHz
(3.1)
Logo,
(3.2)
A máxima variação de corrente para este projeto foi arbitrada em 20% (valor
típico) da corrente de pico no indutor, ou seja:
(3.3)
Além disso, a razão cíclica de pior caso deve ser obtida para calcular o valor do
indutor de entrada. Assim:
(3.4)
37
Logo,
(3.5)
De posse dos dados acima, o valor do indutor boost pode ser calculado pela
equação 3.6.
(3.6)
Logo,
(3.7)
Valor adotado: 1,0 mH (Valor comercial mais aproximado, segundo tabela 4.3 em
anexo I).
(3.8)
(3.9)
Valor adotado: 450 μF (Segundo a tabela 4.2, em anexo I, tal valor pode ser obtido
associando 3 capacitores de 150 μF em paralelo).
38
3.3.3. Ponte Retificadora/Chave/Diodo Boost
Valor
Parâmetro do Circuito de Potência
Especificado
Indutor Boost (L) 1 mH
Capacitor de Saída (Co) 450 μF
39
3.4.1.1 Determinação da Corrente Máxima No Conversor Ipk(máx)
(3.10)
Logo,
(3.11)
(3.12)
Logo,
(3.13)
(3.14)
Logo,
(3.15)
(3.16)
Logo,
(3.17)
Tem-se que acima desse valor de corrente, o controle irá desarmar o conversor.
O procedimento adotado para o dimensionamento dos resistores do divisor de
tensão, será o de especificar um valor para Rpk1, e calcular Rpk2 a partir do valor
da queda de tensão no resistor de monitoramento, Rs, durante a corrente em
sobrecarga.
Para Rpk1 será adotado o valor de 10 kΩ (Sugerido por [23]).
Para Rpk2 tem-se:
(3.18)
(3.19)
Logo,
(3.20)
Assim,
(3.21)
Valor adotado: 1,8 kΩ (Valor comercial mais aproximado, segundo tabela 4.1 em
anexo I).
41
Um pequeno capacitor, Cpk = 100 pF, é colocado no pino 2 para filtrar
eventuais ruídos.
Sendo assim, utiliza-se a equação 3.22 para determinar o valor dos resistores
do divisor de tensão, admitindo Vff = 1,414 V.
(3.22)
Onde, Vin(médio), valor da tensão média mínima retificada é dado pela equação
3.23.
(3.23)
Logo,
(3.24)
Arbitrando-se o valor de Rff3 em 20 kΩ, os outros resistores são calculados com
base na equação 3.22. Logo, obtém-se:
42
- Rff1 = 910 kΩ
- Rff2 = 91 kΩ
- Rff3 = 20 kΩ
(3.25)
Onde, o valor da corrente Iac é arbitrado em 600 μA, valor padrão utilizado em
projetos segundo [23], e Vpk(máx), é o valor de pico da tensão de entrada no instante
em que o máximo desta corrente ocorre, ou seja, quando a tensão de entrada
estiver também no seu valor máximo Vin(máx).
Vpk(máx), é definido pela expressão 3.26.
(3.26)
Logo,
(3.27)
Assim, substituindo na equação 3.25, tem-se:
(3.28)
Valor adotado: 620 kΩ. (Valor comercial mais aproximado, segundo tabela 4.1 em
anexo I). Tal valor, abaixo do calculado, está dentro de uma faixa aceitável que
mantém a corrente Iac entre 600 μA e 750 μA conforme desejado.
43
multiplicador. Para resolver este problema, uma pequena corrente contínua será
injetada na entrada Iac a partir da fonte de referência do UC3854, que
disponibiliza no pino 9 uma tensão de 7,5 Vcc. O resistor Rb1, conectado entre o
pino 9 e o 6, é o responsável por limitar o valor desta corrente CC.
O valor de Rb1 recomendado por [23] é de um quarto do valor de Rvac, portanto
tem-se:
(3.29)
Logo,
(3.30)
Valor adotado: 150 kΩ (Valor comercial mais aproximado, segundo tabela 4.1 em
anexo).
3.4.3.4 Especificação dos Resistores Rset e Rmo Que Limitam a Máxima Corrente de Saída
do Multiplicador
(3.31)
Como Imo não pode ser maior do que duas vezes a corrente Iac, isto representa
uma corrente máxima permitida para esta tensão de entrada e, em consequência
disto, a corrente de pico na entrada do conversor será limitada.
A corrente Iset, além de ser a corrente de carga do oscilador, também impõe
uma limitação para a corrente de saída do multiplicador. A corrente I mo não
poderá ser maior do que 3,75 V dividido pelo valor da resistência de Rset. Sendo
assim, o valor de Rset é definido pela expressão 3.32.
(3.32)
44
Logo,
(3.33)
(3.34)
Logo,
(3.35)
Valor adotado: 3,9 kΩ. (Valor comercial mais aproximado, segundo tabela 4.1 em
anexo I).
(3.36)
Valor adotado: 1,2 nF (Valor comercial mais aproximado, segundo tabela 4.2 em
anexo I).
(3.37)
Logo,
(3.38)
Esta tensão deverá ser igual à amplitude de pico a pico da tensão V s (rampa do
oscilador). Como a tensão de pico a pico da rampa é igual a 5,2 V, o valor do
ganho do amplificador de erro de corrente Gca é dado pela equação 3.39.
(3.39)
Logo,
(3.40)
(3.41)
(3.42)
Logo,
(3.43)
46
(3.44)
Logo,
(3.45)
(3.46)
Logo,
(3.47)
Valor adotado: 510 pF (Valor comercial mais aproximado, segundo tabela 4.3 em
anexo I).
O polo deverá ser acima da metade da frequência de chaveamento. Portanto, o
capacitor Ccp é calculado conforme a equação 3.48.
(3.48)
Logo,
(3.49)
O valor de pico do ripple da tensão de saída Vo(pk) é definido pela equação 2.16.
Logo, substituindo, tem-se:
47
(3.50)
A tensão Vo(pk) deve ser reduzida para o valor da ondulação permitida na saída
do amplificador de erro de tensão. Isto irá determinar o ganho do amplificador na
segunda harmônica de tensão.
Logo, o ganho Gva pode ser definido pela expressão 2.15.
No UC3854, a tensão Vvao = 4V, e definindo um ripple de 1,5%, tem-se:
(3.51)
(3.52)
Logo,
(3.53)
Valor adotado: 10,0 kΩ (Valor comercial mais aproximado, segundo tabela 4.1 em
anexo I).
Os resistores Rvi e Rvd fazem parte de um divisor de tensão responsável pelo
controle da tensão de saída.
O capacitor Cvf é definido através da expressão 3.54
48
(3.54)
Logo,
(3.55)
Valor adotado: 0,082 μF (Valor comercial mais aproximado, segundo tabela 4.2
em anexo I).
Para calcular o valor do resistor Rvf, deve-se antes determinar o polo de
frequência. A frequência chamada de fvi é a de ganho unitário do “loop” de tensão.
Esta será definida através da equação 2.19. Logo, substituindo, tem-se:
(3.56)
(3.57)
Valor adotado: 174 kΩ (Segundo a tabela 4.1, em anexo I, tal valor pode ser
obtido associando 2 resistores de 75 kΩ e 1 de 24 kΩ em série).
(3.58)
49
Logo,
(3.59)
O ganho total do filtro de segunda ordem é igual ao produto dos ganhos de cada
filtro individualmente. Sendo assim, o ganho de cada filtro é igual à raiz
quadrada do ganho total. Utilizam-se dois polos iguais em cascata. Com isso, o
polo de frequência fp, sabendo-se que fr é a frequência de 2ª harmônica, esta pode
ser determinada pela equação 3.60.
(3.60)
Logo,
(3.61)
(3.62)
Logo,
(3.63)
(3.64)
Logo,
(3.65)
Valor adotado: 0,47 μF (Valor comercial mais aproximado, segundo tabela 4.2 em
anexo I).
Como elementos adicionais, um capacitor (C3) de 1 μF foi utilizado com a
finalidade de minimizar os ruídos da tensão de comparação de proteção. Por fim,
um resistor (Rena) de 22 kΩ foi inserido entre os pinos 10 e 15, seguindo as
recomendações do datasheet para manter o CI sempre ativado.
50
As especificações dos parâmetros do circuito de controle do conversor boost
estão apresentadas resumidamente na tabela 3.3.
52
Figura 3.3: Formas de Onda da Corrente (Em Vermelho) e Tensão de Entrada (Em Azul) do
Circuito Retificador Convencional Mostrado na Figura 1.1, Para Uma Operação em 127 V.
Figura 3.4: Formas de Onda da Corrente (Em Vermelho) e Tensão de Entrada (Em Azul) do
Circuito Retificador Convencional Mostrado na Figura 1.1, Para Uma Operação em 220 V.
A forma de onda da corrente foi multiplicada por 10, para uma melhor
visualização.
Na tabela 3.4 são expostos os resultados deste ensaio.
127 V 220 V
Fator de Potência (FP) 0,5435 0,4384
THDi 137,45% 196,5%
53
obteve menor rendimento, devido à acentuação do formato da corrente de
entrada.
Figura 3.5: Amostra da Corrente de Entrada do Retificador Boost Operando a 80 V Com Carga
Nominal.
Figura 3.6: Sobreposição das Formas de Onda da Corrente de Entrada (Em Vermelho) e Tensão
de Entrada (Em Azul) do Retificador Boost Operando a 80 V Com Carga Nominal.
54
A forma de onda da corrente foi multiplicada por 20, para uma melhor
visualização.
Para 127 V:
Figura 3.7: Amostra da Corrente de Entrada do Retificador Boost Operando a 127 V com Carga
Nominal.
Figura 3.8: Sobreposição das Formas de Onda da Corrente de Entrada (Em Vermelho) e Tensão
de Entrada (Em Azul) do Retificador Boost Operando a 127 V Com Carga Nominal.
A forma de onda da corrente foi multiplicada por 20, para uma melhor
visualização.
Para 220 V:
Figura 3.9: Amostra da Corrente de Entrada do Retificador Boost Operando a 220 V com Carga
Nominal.
55
Figura 3.10: Sobreposição das Formas de Onda da Corrente de Entrada (Em Vermelho) e Tensão
de Entrada (Em Azul) do Retificador Boost Operando a 220 V Com Carga Nominal.
A forma de onda da corrente foi multiplicada por 20, para uma melhor
visualização.
Para 270 V:
Figura 3.11: Amostra da Corrente de Entrada do Retificador Boost Operando a 270 V com Carga
Nominal.
Figura 3.12: Sobreposição das Formas de Onda da Corrente de Entrada (Em Vermelho) e Tensão
de Entrada (Em Azul) do Retificador Boost Operando a 270 V Com Carga Nominal.
56
Tabela 3.5: Resultados do Ensaio do Retificador Boost Sob Condições Nominais de Funcionamento
Figura 3.13: Amostra da Corrente de Entrada do Retificador Boost Proposto por [10] operando a
127 V e Com Carga Nominal (800W). (Extraído de [10]).
57
Figura 3.14: Sobreposição das Formas de Onda da Corrente de Entrada e Tensão de Entrada do
Retificador Boost Proposto por [10] Operando a 220 V Com Carga Nominal. (Extraído de [10]).
Figura 3.15: Sobreposição das Formas de Onda da Corrente de Entrada (Em Vermelho) e Tensão
de Entrada (Em Azul) do Retificador Boost Operando a 127 V Com 75% da Sua Carga Nominal.
58
Para 50% de carga:
Figura 3.16: Sobreposição das Formas de Onda da Corrente de Entrada (Em Vermelho) e Tensão
de Entrada (Em Azul) do Retificador Boost Operando a 127 V Com 50% da Sua Carga Nominal.
Figura 3.17: Sobreposição das Formas de Onda da Corrente de Entrada (Em Vermelho) e Tensão
de Entrada (Em Azul) do Retificador Boost Operando a 127 V Com 25% da Sua Carga Nominal.
Tabela 3.6: Resultados do Ensaio do Retificador Boost Operando Com Carga Abaixo da Nominal.
A partir dos gráficos obtidos tem-se que da mesma forma que em carga plena,
figura 3.8, operando com potência abaixo da nominal, o circuito também
apresenta uma corrente proporcional à tensão da rede, todavia, com amplitudes
menores.
O fator de potência manteve-se com valores elevados, porém, abaixo do 0,99
esperados. O THDi operando com potências abaixo da metade da nominal,
adentrou a faixa limite especificada pelas norma IEEE.
59
Observa-se também que a tensão de saída aplicada a carga se apresentou com
valores acima do esperado, 400 V, apresentando uma pequena variação na ordem
de 1%.
Os resultados obtidos neste ensaio possui similaridade com os apresentados em
[3], conforme mostram as figuras 3.18 (a) e (b).
Figura 3.18: Sobreposição das Formas de Onda da Corrente de Entrada (Azul Claro), e Tensão de
Entrada (Azul Escuro), Para: (a) Operando com Tensão e Potência Nominal; (b) Operando com
Tensão Nominal e 50% da Potência. (Extraído de [3]).
60
O circuito se encontra em pleno funcionamento a 127 V, alimentando uma
carga resistiva. Serão realizadas perturbações de 50% e 75% da potência nominal.
Na figura 3.19 tem-se o caso para retirada abrupta de carga. Em (a) o valor da
carga é amortizado pela metade. Em (b) ¾ do valor da carga é subtraído.
Figura 3.19: Ensaio Com Variação de Carga de: (a) 100% para 50% da Potência; (b)100% para
25% da Potência.
Pela figura 3.19 percebe-se que a retirada abrupta de carga provoca num
primeiro momento uma elevação da tensão de carga, que posteriormente é
acomodada aos valores normais de funcionamento. Este fenômeno é devido à
alimentação em corrente do capacitor de saída. Instantaneamente a corrente no
indutor se mantém e a corrente que sai para a carga diminui. Crescendo a tensão
no capacitor.
A regulação obtida é satisfatória, apresentando picos de tensão dentro da faixa
permitida, 12,5%, e um tempo de acomodação de cerca de 300 ms para ambas
situações, estando de acordo com aquilo foi projetado. Apesar disso, um estudo
mais aprofundado é cabível a fim de promover um aprimoramento do controle no
sentido de melhorar a resposta dinâmica do circuito.
Na figura 3.20 tem-se o caso para inserção abrupta de carga. Em (a) o valor da
carga é elevado em 75%, e em (b) em 50%.
61
Figura 3.20: Ensaio Com Variação de Carga de: (a) 25% para 100% da Potência; (b)50% para
100% da Potência.
62
Figura 3.21: Ciclo de Trabalho do Dispositivo de Chaveamento com operação em (a) 127 V; (b) 220
V. (Extraído de [29]).
A partir das formas de onda e dos resultados gerados pelo software, observa-se
que o retificador proposto cumpre razoavelmente bem seus principais objetivos:
obter um alto fator de potência e fornecer uma tensão de saída regulada. Os
índices de distorção de corrente, porém, se mantiveram em alguns casos acima do
permitido por normas internacionais, assim como o FP se manteve abaixo dos
0,99 esperados, entretanto, não se tratando de grandes problemas.
.
63
Capítulo 4
4 Considerações Finais
No decorrer da pesquisa bibliográfica para a realização deste trabalho
observou-se a crescente importância do desenvolvimento de retificadores de alto
rendimento, implicando em maior densidade de potência e principalmente na não
perturbação do sistema elétrico.
Baseado nisso, este trabalho apresentou o estudo da aplicação de um conversor
boost como circuito pré-regulador na etapa retificadora de uma fonte, por meio do
desenvolvimento de um protótipo virtual.
O circuito proposto teve seus conceitos fundamentais expostos no capítulo 2, no
qual proporcionaram um embasamento para escolha do modo de condução e
técnica de controle do protótipo desenvolvido.
Os componentes do circuito foram dimensionados segundo o manual do
fabricante do CI. Não foi feito nenhum tipo de modificação na parte do controle do
circuito, sendo seguidas a risca todas as orientações e sugestões propostas, com a
garantia do bom funcionamento.
Durante a simulação dificuldades referentes à complexidade de operação do
software puderam ser verificadas, principalmente para obtenção das formas de
onda e medições. Foi preciso um ajuste correto do tempo de simulação e demais
parâmetros.
De maneira geral, os ensaios comprovaram a eficiência do uso do conversor
CC-CC trabalhando como pré-regulador do fator de potência. O circuito integrado
UC3854 empregado também se mostrou suficientemente versátil, facilitando toda
a esquematização necessária para o controle do retificador proposto e
cumprimento dos objetivos deste trabalho.
64
Conforme mostra o tópico 3.5, os resultados obtidos demonstraram que o
sistema opera com alto fator de potência, tensão de saída regulada, e uma taxa de
distorção baixa, ainda que acima dos níveis permitidos por normas
internacionais. Devido a não montagem prática do circuito, foi de extrema
preocupação, que tais resultados obtidos fossem comparados com de outros
trabalhos.
Como sugestão, tem-se que a distorção harmônica na entrada pode ser
melhorada gerando-se a forma de onda da referência através de um
microprocessador, ao invés de ser uma amostra da forma de onda da tensão da
rede.
Por fim, para trabalhos futuros, sugere-se a montagem prática do circuito
proposto, com o desígnio primário de se confrontar os resultados aqui
apresentados.
65
Referências
[2] BASTOS, George H.A. “Retificador Monofásico Com Alto Fator de Potência
Com Conexão Comum Entre Entrada e Saída”. Dissertação de Mestrado,
UFC, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2006.
66
[10] MELO, Fernando C.; DE FREITAS, Luiz C.G.; BUIATTI, Gustavo M.
“Estudo do Conversor Boost Para Correção do Fator de Potência Em Fontes
Chaveadas”. Artigo, UFU, Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia,
2011.
[21] ZHOU, Chen; RIDLEY, R.B; LEE, F. “Design and Analysis of a Hysteretic
Boost Power Factor Correction Circuit”. PESC Conf.Proc., 1990.
67
[22] MAKSIMOVIÉ, Dragon; JANG, Yungtaek; ERICKSON, Robert W.
“Nonlinear-Carrier Control For High-Power Factor Boost Rectifiers”. IEEE
Transactions on Power Electronics, 1996.
68
Anexo I
A – Resistores
B – Capacitores
69
C – Indutores
70