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Instituto de Formação de Professores Eduardo Chivambo Mondlane


Departamento de Ciências da Educação
Psicologia da Aprendizagem / 12a + 3 anos
Psicologia
Conceito
Há várias definições de Psicologia. No entanto alguns autores definem a Psicologia
como:

- Ciência que estuda o comportamento;

- Ciência que estuda o comportamento e processos mentais (DAVIDOFF, 2001);

- Ciência que estuda os fenómenos psíquicos.

O psíquico é a função do sistema nervoso central (S.N.C.);

É a reflexão subjectiva da realidade objectiva.

Os fenómenos psíquicos são:

Processos psíquicos (sensação, percepção, atenção, memória, pensamento,


linguagem, imaginação e consciência);

Propriedades psíquicas (temperamento, personalidade, capacidade, talento e


vontade);

Estados psíquicos (sentimentos, emoções e motivação).

Objecto de estudo da Psicologia


O objecto de estudo da Psicologia é o comportamento e os processos mentais.

Formador: Artur A. Chanjale


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Ramos de Psicologia
Psiconeurologia: ciência que estuda as bases biológicas (fisiológicas) do
comportamento (conduta) humana.

Psicologia Social: estuda os processos de interacção entre o indivíduo e os outros,


bem como a interacção entre os grupos. Estuda o processo de socialização.

Psicologia Comparada: estuda as variações das características que se manifestam


entre diferentes grupos sociais (profissionais, religiosos, etários, étnicos, etc) ou entre
os indivíduos do mesmo grupo.

Psicologia Clínica: estuda as perturbações psicológicas da personalidade.

Psicologia Educacional: estuda a psicologia para compreender, facilitar e melhorar o


processo de ensino - aprendizagem, considerando:
 Os currículos de ensino;
 Os métodos / técnicas de ensino;
 Recursos de ensino;
 O ambiente de ensino;
 A relação pedagógica;
 O desempenho, as atitudes e a percepção do professor face ao processo de
ensino – aprendizagem;
 Os problemas particulares de aprendizagem (maturação orgânica, inteligência,
experiências de vida, cultura, valores, motivação, expectativas sociais e outras
interferências);
 A avaliação de aprendizagem.

Psicologia da Aprendizagem: estuda a maneira como a pessoa aprende, as


condições necessárias para aprender, o que aprende e o faz com que aprende.

Formador: Artur A. Chanjale


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Psicologia Experimental: estuda os princípios psicológicos básicos (sensação,


percepção, atenção, motivação, memória, pensamento, emoções, etc) em
situação laboratorial visando a solução de problemas práticos do dia-a-dia da
humanidade.

Psicologia Organizacional: estuda o relacionamento e o desempenho humano


nas organizações (escolas, hospitais, igrejas, empresas, clubes, associações,
etc).

Psicologia da Personalidade: estuda a maneira de ser de cada pessoa.

Psicologia do Desenvolvimento: estuda o conjunto das transformações físicas


e psicológicas que o ser humano sofre desde a fecundação até a velhice.

Relação da psicologia com outras ciências


Psicologia com a Sociologia
A psicologia estuda como é que a sociedade ou um grupo social pode
influenciar o comportamento de um indivíduo, enquanto a sociologia estuda
como é que um indivíduo pode influenciar o comportamento de um grupo de
pessoas ou de uma sociedade.

Psicologia com Pedagogia


A interligação surge na resolução dos problemas da formação da personalidade
do aluno, pois no campo da pedagogia para que o ensino e educação sejam
efectivos são preciso que o professor conheça as particularidades psicológicas
de um ser humano.

Psicologia com a Filosofia


A Psicologia está ligada a filosofia, pois a filosofia é a mãe de todas as ciências.

Formador: Artur A. Chanjale


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Psicologia com a Biologia


As ligações estão na investigação do sistema nervoso que é a base do psíquico.
A Biologia estuda a anatomia e funcionamento do sistema nervoso, enquanto a
Psicologia estuda os fenómenos psíquicos que são funções do sistema nervoso
central.

Psicologia com a Medicina


A Psicologia estuda o comportamento humano condicionado pelas perturbações
psíquicas, enquanto a medicina (psiquiatria) estuda as bases biológicas das tais
perturbações.

Outra ligação nota-se no estudo da relação que existe entre o psíquico e o


biológico. A Psicologia estuda como é que o estado de saúde afecta psíquico,
enquanto a medicina estuda como é que o estado psíquico afecta a saúde de
um indivíduo.

Importância de Psicologia para o professor


A Psicologia, para o professo é aquilo que a Botânica é para um agrónomo. Um
agrónomo para ter uma boa produção tem de conhecer as plantas: as que
precisam de muita água, as que resistem a seca, as que se desenvolvem
melhor no inverno, etc.

Do mesmo jeito, o professor para conseguir um bom aproveitamento escolar


tem que ter noções de psicologia para compreender o comportamento dos seus
alunos: os que não suportam as frustrações de notas baixas, os que precisam
muito de elogios do professor, os que são inteligentes / talentosos, os que tem
fraca força de vontade, os tímidos, etc.

A Psicologia também pode ajudar o professor a adequar: conteúdos de ensino,


métodos de ensino, técnicas de motivação e recursos de ensino de acordo com
as particularidades individuais do educando.

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Psicologia do senso comum


A psicologia de senso comum é algo que transportamos connosco e faz parte do
dispositivo com o qual codificamos a diversidade de mensagens com que
diariamente somos confrontados.

Com efeito, cada um de nós é portador de uma psicologia implícita no senso


comum de que, por condição, todos somos em maior ou menor grau tributários.
Por senso comum entendemos o conjunto de opiniões geralmente aceites pelos
membros de um grupo social numa determinada época. É aquela forma de
saber vulgar, própria do comum das pessoas, que se adquire de modo
espontâneo, sem esforço e não intencionalmente, na experiência do dia-a-dia.
Assim cada um de nós se sente em condições, mesmo sem um estudo
específico da psicologia, de sustentar opiniões a respeito de vários temas
psicológicos, como o melhor método de estudar, melhor maneira de educar as
crianças, de fazer amigos, de ser bem-sucedido no amor ou nos negócios, etc.

Muitos desses saberes do senso comum encontrou expressão em provérbios


respeitáveis: “de pequenino se torce o pepino”; “quem torto nasce, tarde ou
nunca se endireita”; “diz-me com quem andas, dir-te-ei quem és”; “quem muito
dorme, pouco aprende”; e muitos outros.

Características da psicologia do senso comum


- É uma psicologia que se adquire informalmente na prática da vida;

- É um saber que pode não corresponder os factos;

- É um saber superficial, pois não se faz um estudo profundo desses factos;

- É um saber que não fornece orientações metodológicas cientificamente


aceitáveis para avaliar criticamente os factos;

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- É um saber que pode servir de hipótese para uma investigação científica.

Obs: o senso comum confia na intuição (experiência pessoal) ou na palavra de


qualquer autoridade. Ora, a ciência ensina a desconfiar as intuições como fontes
de deformação e de erro, e rejeita a autoridade como critério de verdade. As
pessoas não avaliam sistematicamente as suas crenças, que se lhes
apresentam como óbvias e concebidas pela maioria. Por isso, tendem a resistir
à crítica e à inovação. Há provas de que os humanos têm tendência a aceitar
aquilo que reforça as suas convicções e a tudo interpretar em função delas,
distorcendo ou ignorando as informações que se lhes parecem opor.

Psicologia como ciência


Breve historial
O termo “Psicologia” (do grego: psiqué – alma e logos – tratado ou ciência)
significa, etimologicamente, ciência da alma.

Este vocábulo data do sec. XVI, pois aparece como título de uma obra de
Gloekel, em 1590.

Incluída na Filosofia até ao sec. XIX, a Psicologia, só em 1879, com a fundação


em Leipzig do primeiro laboratório de Psicologia Experimental, por Wundt (1832
– 1920), se constituía como ciência autónoma.

Wilhelm Wundt e a Psicologia científica


Wilhelm Wundt (1832 – 1920) nasceu na Alemanha, formou-se em Medicina no
mesmo país.

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Ele é considerado o pai da Psicologia, pois foi quem em 1879, fundou em


Leipzig (Alemanha) o 1º laboratório de Psicologia Experimental, seguindo o
modelo das Ciências Naturais.
O seu laboratório tornou-se rapidamente um centro de investigação de
psicólogos e estudantes de todo mundo. Aí trabalharam e treinaram psicólogos
que depois fundaram laboratórios ou departamentos onde divulgaram as
práticas de Psicologia como uma nova ciência experimental. Estas divulgações
fizeram com que a Psicologia se separasse da Filosofia tornando-se uma ciência
autónoma.

A curta história de Psicologia científica foi atravessada por diversas concepções


que se reflectiram no conceito, objecto e método de estudo desta área do saber.

Dentre essas concepções destacaram-se os 5 movimentos que deram origem a


Psicologia moderna: Estruturalismo, o funcionalismo, o Behaviorismo, o
Gestaltismo e a Psicanálise.

Wilhelm Wundt, Edward Titchener e o Estruturalismo


Wundt acreditava que os psicólogos deveriam investigar os processos
elementares da consciência (experiência imediata / sensações), suas
combinações e relações, da mesma forma que os químicos estudam os
elementos fundamentais da matéria.

Wundt sentiu que era particularmente importante estudar as operações mentais


centrais, tais como: sensações e sentimentos. Para os psicólogos investigarem
esses elementos deviam recorrer a um método denominado introspecção
analítica, tipo formal de auto-observação. Cientistas observadores foram
cuidadosamente treinados para responder a perguntas específicas e bem
definidas sobre suas próprias experiências em laboratórios, tendo sido
considerados inaptos a fornecer dados para publicação enquanto não fizessem
10 000 observações!

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Por exemplo, em um estudo Wundt e seus colegas escutaram as batidas de um


metrónomo (um instrumento mecânico de som), que bate repetidamente a um
ritmo ajustável e é utilizado pelos estudantes de música para ajudar a manter
ritmos específicos. Logo que tivera um sentimento de ligeira tensão enquanto
esperava que as batidas começassem, uma leve sensação de excitação quando
a velocidade crescia e uma sensação agradável quando os sons paravam.

Outro exemplo: podemos pedir a um indivíduo para descrever uma maçã. Assim,
uma descrição adequada de uma maçã deve conter material a respeito de sua
cor, forma, cheiro, peso, gosto, etc. Será erro porém, chamá-la de maçã que
sabemos ser uma fruta comestível.

Procedendo desse modo geral, Wundt e seus seguidores analisaram muitos


padrões de sensações em suas partes componentes. Titchener depois publicou
um sumário das qualidades de sensações básicas que haviam sido descobertas.
A lista incluía 32. 820 qualidades de sensação para a visão, 11. 600 para a
audição, 4 para o tacto e 1 para as articulações. Presumivelmente cada
elemento podia ser combinado a outros de vários modos para formar
percepções e ideias.

Em 1892, Titchener emigrou para os Estados Unidos e encarregou-se de um


novo laboratório de Psicologia Experimental na Universidade de Cornell. Lá
difundiu as ideias de wundt e tornou-se o líder do movimento conhecido como
estruturalismo.

Principais teses do estruturalismo


O estruturalismo sustentava as seguintes teses:

1- Os psicólogos devem estudar a consciência humana, especialmente as


experiências sensoriais;

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2- Deveriam utilizar como método de estudo de Psicologia a introspecção analítica


de laboratório;
3- Deveriam analisar os processos mentais em seus elementos, descobrir suas
combinações e conexões e localizar no sistema nervoso as estruturas a eles
relacionados.

Limitações do estruturalismo
O estruturalismo tinha algumas limitações óbvias:

1- Os psicólogos estruturalistas preconizavam um método de estudo, a


introspecção formal. Tratava-se de um processo obscuro e não confinável, pois
tomar consciência de um estado psíquico é uma actividade psíquica que
modifica necessariamente o fenómeno que se observa. Uma coisa é a vivência a
descrever, outra coisa a auto-observação e análise de tal vivência.

2- Exclui automaticamente do estudo as experiências de crianças, portadores de


deficiência mental e animais, pois estes não podiam ser treinados
convenientemente;

3- Consideravam fenómenos complexos, tais como pensamento, linguagem


moralidade e anormalidade, material do inconsciente impróprios para estudos
introspectivos e, portanto, fora do alcance da Psicologia (acreditavam que
assuntos complicados como esses podiam ser estudados em Filosofia);

4- Eram contra a orientação para assuntos práticos (investigavam apenas para


obterem conhecimentos)

William James e o funcionalismo


William James (1842 – 1910), um dos mais influentes psicólogos americanos,
formou-se em Medicina.

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Ele se opunha ao estruturalismo porque o via como artificial, limitado e


essencialmente inexacto. A consciência, dizia Jemes, é pessoal e única, está
continuamente em mudança, evolui com o tempo e é selectiva na escolha dentre os
estímulos que a bombardeiam. Acima de tudo, ajuda as pessoas a se adaptarem
aos seus ambientes.

No início dos anos 1900, diversos psicólogos da Universidade de Chicago (inclusive


John Dewey, o famoso filósofo educador) foram fortemente influenciados pela visão
de James. Como este, interessavam-se pelos processos mentais especialmente
pelo modo como funcionavam para ajudar os homens a sobreviverem num mundo
perigoso. Embora os funcionalistas discordassem entre si em muitos pontos,
solidarizavam-se fortemente em sua oposição ao estruturalismo. Compartilhavam,
ainda as seguintes opiniões:

1- Os psicólogos deveriam estudar o funcionamento dos processos mentais e


muitos outros assuntos, inclusive o comportamento das crianças e dos animais
simples, a anormalidade e as diferenças individuais entre as pessoas;

2- Deveriam utilizar como método de estudo a introspecção informal (auto-


observação e auto-relato);

3- Os conhecimentos psicológicos deveriam ser aplicados a coisas práticas tais


como educação, direito, negócio, etc.

John Watson e o Behaviorismo (comportamentalismo)


John Watson (1878 – 1958) completou seu doutoramento no campo da Psicologia
Animal na Universidade de Chicago, sob orientação de um professor funcionalista.

Uma das principais queixas de Watson contra o estruturalismo e o funcionalismo


era a seguinte: os factos da consciência não podiam ser testados e reproduzidos

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por todos os observadores treinados, pois dependiam das impressões de cada


pessoa.

Watson sentiu que a introspecção constituía sério obstáculo no progresso da


Psicologia.

Watson resolveu fazer da Psicologia uma ciência respeitável como as ciências


naturais. Sentiu que os psicólogos deviam estudar o comportamento observável e
adoptar métodos objectivos.

Em 1912, quando Watson começou a fazer conferências e a escrever para difundir


as suas ideias, nasceu o movimento behaviorista. O behaviorismo dominou a
psicologia americana durante 30 anos.

Os primeiros behavioristas aceitavam as seguintes teses:

1- Os psicólogos deviam estudar os eventos ambientais (estímulos) e o


comportamento observável (respostas);

2- A experiência é uma influência mais importante no comportamento, nas


aptidões do que a hereditariedade. Por essa razão a aprendizagem é um tópico
significativo para a investigação;

3- A introspecção deve ser abandonada em benefício dos métodos objectivos


(experimentação, observação e testes);

4- Os psicólogos devem descrever, explicar, predizer e controlar o comportamento.


Devem também empreender tarefas práticas, tais como aconselhamento de
pais, legisladores, educadores e homens de negócios;

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5- O comportamento (kto) de animais inferiores deve ser investigado (juntamente


com o comportamento humano), pois os organismos simples são mais fáceis de
estudar, compreender do que os complexos.

Max Wertheimer e o gestaltismo


A gestalt ou psicologia da forma é uma corrente que surgiu na Alemanha em 1912,
quando Max Wertheimer (1880 – 1943) publicou um relatório sobre estudos de
movimento aparente.

Os representantes deste movimento são: Wertheimer, Kurt Kffka (1886 – 1941) e


Wolfgang Köhler (1887 – 1967), todos eles alemães que vieram a emigrar para os
Estados Unidos.

O gestaltismo (organização, estrutura ou configuração) nasceu por oposição ao


estruturalismo que tomando o modelo das outras ciências, procurava decompor os
processos mentais nos seus elementos mais simples. Se a Fisiologia analisava os
órgãos, decompondo-os em tecidos e células, a psicologia deveria decompor os
processos conscientes nos seus elementos constitutivos e enunciar as leis que
regem as suas combinações e relações. Os elementos mais simples seriam as
sensações que associados, somados, constituiriam a percepção.

Os gestaltistas reagem invertendo o processo explicativo. Enquanto os


associacionistas (estruturalistas) partem das sensações elementares para constituir
as percepções, os gestaltistas partem das estruturas, das formas: nós
percepcionamos conjuntos organizados em totalidades. A teoria da forma considera
a percepção como um todo. A percepção parte de todo para as partes: o todo não
se reduz a uma simples soma das partes. Por isso os gestaltistas centram a sua
atenção nos fenómenos da inteligência, nomeadamente no estudo da percepção,
solução de problemas e pensamento. O acento vai ser posto não em mecanismos
objectivos de estímulo e resposta (E – R), mas no modo como o sujeito integra os
dados a que aplica a sua inteligência na sua experiência e no modo de a organizar.

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Assim, as significações, ou seja, o que uma situação representa para um sujeito


ocupam um lugar privilegiado ao nível da Psicologia da forma.

Segundo os gestaltistas para o comportamento humano teremos o seguinte


esquema: kto = sujeito ↔ meio.

Este movimento tinha como método de estudo a introspecção e a experimentação.

Para este movimento a Psicologia estuda a experiência subjectiva humana global.

Objectivo: conhecimento.

Sigmund Freud e a psicanálise


Sigmund Freud (1856 -1939), médico vienense que se especializou no tratamento
de problemas de desordens neuróticas. As desordens neuróticas caracterizam-se
pela ansiedade excessiva e, em alguns casos, depressão, fadiga, insónia, paralisia
ou outros sintomas relacionados com conflitos emocionais.

Freud acreditava que o psíquico humano é uma estrutura dividida em 3 níveis:

Na superfície dessa estrutura está o consciente, ou seja, a noção actual e presente


da realidade. A seguir em camada imediatamente inferior, encontra-se o pré-
consciente, constituído de elementos que determinam o comportamento do
indivíduo, mas dos quais ele não tem nítida consciência.

Num nível mais profundo, denominado inconsciente, encontramos os factores que


determinam o comportamento do homem e que raramente se tornam conscientes, a
não ser através do método psicanalítico, análise de erros e sonhos.

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A psicanálise surgiu na última década do sec. XIX, com um âmbito muito vasto, que
abarcava:

- Um método de investigação;

- Uma técnica terapêutica;

- Um corpo doutrinal teórico.

O objectivo da psicanálise era de ajudar as pessoas em sofrimento.

Psicologia contemporânea
O início do sec. XX testemunhou o surgimento e desenvolvimento de movimentos
rivais na psicologia. Todos eles ajudaram a modelar nossa actual e ainda
desagregada área. Embora os psicólogos contemporâneos não mais integram
movimentos específicos, muitos se identificam com uma das 4 principais
perspectivas:

- Behaviorismo;
- Cognitivismo;
- Humanismo;
- Psicanálise.

Behaviorismo contemporâneo
O behaviorismo começou como um movimento colérico. Conforme evolui, sua
filosofia ampliou-se consideravelmente. Hoje a perspectiva behaviorista é muito
mais flexível do que na época de Watson.

Os behavioristas contemporâneos ainda investigam estímulos, respostas


observáveis e aprendizagem, mas também estudam cada vez mais complicados
fenómenos que não podem ser observados directamente – por exemplo, amor,

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stress, empatia e sexualidade. As principais características do behaviorismo


moderno são seu forte envolvimento com a formulação de perguntas precisas e
claras e o uso de métodos relativamente objectivos na condução de pesquisas.

Visão cognitiva
Os primeiros psicólogos – dentre eles Wundt e James – eram fascinados por
perguntas sobre a mente humana. Watson rejeitou esta matéria porque dependia da
introspecção (não era observável). Os psicólogos que seguiam Watson tratavam as
pessoas como se elas fossem “caixa – preta”. Eles tentavam entender os humanos
meramente pela medição de condições ambientais, ou estímulos, e pelas respostas
dadas a eles. De 1930 até início de 1960, psicólogos “respeitáveis” conversavam
rara e cautelosamente sobre actividades mentais, ou cognição.

A vitória behaviorista sobre a cognição não era porém absoluta. Alguns


investigadores continuaram a pensar sobre o pensamento. Mas não havia nenhum
símbolo forte a seguir; e os não-conformistas careciam de visão. Levou anos para
que grande número de psicólogos visse que podiam estudar tópicos como formação
de imagem e resolução de problemas de forma ordenada e científica.

Uma significativa fonte de encorajamento foi a tecnologia e teoria da computação.


Se as máquinas podiam ser programadas para processar informações e esse
processamento de informação podia ser estudado, naturalmente se justificava tentar
examinar o processamento de informação das pessoas. A área da computação
revelou-se fértil tanto para ideias como para métodos.

A linguística (ciência da linguagem) moderna foi uma segunda importante fonte de


contribuição. Estudiosos eminentes eram críticos da visão behaviorista da
linguagem. E surgiu um persuasivo argumento: adultos de língua inglesa podem
entender em torno de mais de um bilião de sentenças em inglês. Não obstante, não
há tempo suficiente para as pessoas aprenderem cada unidade e cada combinação.

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Em vez disso, algo muito mais geral precisa estar ocorrendo. Quando esta crítica foi
aceita, processos simbólicos como o da linguagem tornaram-se áreas de pesquisa
cada vez mais atraentes.

Psicologia cognitiva e behaviorismo


Na década de 1970, grande número de psicólogos rejeitou o modelo estímulo –
resposta dos behavioristas, insistindo em que os psicólogos deviam procurar
entender o que ocorria dentro da caixa – negra (particularmente as operações da
mente. Esses novos psicólogos da mente conhecidos como psicólogos
cognitivos, não rejeitaram o behaviorismo inteiramente. Eles incorporaram o
principal princípio behaviorista: fazem perguntas precisas e conduzem pesquisas
objectivas. Ao mesmo tempo, sentiram-se livres para basear-se em suas próprias
introspecções e nos comentários dos participantes de pesquisas sobre o que
ocorria na mente deles.

A abordagem cognitiva é provavelmente o modelo predominante na psicologia


contemporânea, e os tópicos cognitivos ocupam lugar de destaque em muitas
áreas. Os psicólogos do desenvolvimento estudam o desenvolvimento do raciocínio.
Os psicólogos fisiologistas exploram a base fisiológica da memória. Psicólogos da
personalidade, sociais e clínicos geralmente se concentra em como as pessoas
pensam.

Premissas dos psicólogos cognitivos


De modo geral, os psicólogos cognitivos partilham as seguintes ideias:

1- Os psicólogos devem concentrar-se em processos, estruturas e funções


mentais. É a mente que dá ao comportamento seu carácter distintamente
humano;

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2- A psicologia deve ter como objectivo conhecimento e aplicações práticas. (se


entendermos mais da memória, por exemplo, podemos melhorar o ensino);

3- A auto-observação, ou introspecção, e os auto-relatos são úteis. Todavia, há


tendência para métodos objectivos.
Visão humanista
Os psicólogos humanistas estão unidos em torno de uma meta comum –
concentrar-se “naquilo que significa estar vivo como ser humano” (BUGENTHA,
1967, citado por DAVIDOFF, 2001).

Premissas dos humanistas


A maioria dos psicólogos humanistas endossa a filosofia europeia chamada
fenomenologia, segundo a qual as pessoas vêem o mundo de sua própria e única
perspectiva. Para obter conhecimento válido sobre qualquer qualidade ou
experiência humanas é preciso focalizá-las tendo como base diferentes quadros de
referência da forma como os diversos indivíduos a experienciam. Em outras
palavras, a interpretação subjectiva é central a toda actividade humana e não pode
ser ignorada.

Os humanistas partilham também os seguintes pontos de vista:

1- Embora os psicólogos devam obter conhecimento, sua maior preocupação deve


estar no oferecimento de seus serviços, de sua prática. Os humanistas desejam
expandir e enriquecer a vida humana ajudando as pessoas a entender a si
próprias e a se desenvolver ao máximo. Eles assumem que as pessoas são
basicamente boas;

2- Os psicólogos devem estudar o ser humano vivo como um todo. Compartimentar


pessoas por funções como percepção, aprendizagem e motivação não gera
informações substancias;

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3- Problemas humanos significativos devem ser objecto de investigações


psicológicas. Dentre os interesses humanistas estão responsabilidade,
objectivos de vida, compromisso, satisfação, criatividade, solidão e
espontaneidade.

4- Psicólogos, psicanalistas, behavioristas e cognitivistas buscam descobrir as leis


de funcionamento que se aplicam a todos. Os humanistas enfatizam o individual,
o excepcional e o imprevisível;

5- Métodos de estudo são secundários aos problemas estudados. De todos os


psicólogos, são os humanistas que usam a mais ampla gama de instrumentos
de pesquisa – desde técnicas científicas relativamente objectivas, como a
introspecção e a análise de literatura. Os psicólogos humanistas consideram a
intuição como uma fonte de informação válida.

Visão psicanalítica
Freud não tentou influenciar a psicologia académica. Sua meta era, antes ajudar as
pessoas que sofriam. Ao tratar os problemas neuróticos, Freud descobriu que a
prática médica até então aceita – voltada aos sintomas físicos do paciente – era
inútil. Diversos de seus colegas estavam hipnotizando seus pacientes neuróticos e
encorajando-os a “pôr para fora seus problemas. Freud adoptou a hipnose por
algum tempo, mas acabou percebendo que era insatisfatória. Gradualmente, Freud
trabalhou no desenvolvimento de um novo procedimento, a associação livre. Os
pacientes, relaxados em um divã, eram estimulados a dizer qualquer coisa que lhes
viesse à mente. Eram também solicitados a relatar seus sonhos. Freud analisava
todo o material que emergia, à procura de desejos, medos, conflitos, impulsos e
memórias que estavam além da consciência do paciente.

Premissas de Freud

Formador: Artur A. Chanjale


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As ideias de Freud ainda permanecem muito vivas, tanto em sua forma original
como em numerosas modificações. Os psicólogos que adoptam a perspectiva
psicanalítica geralmente têm as seguintes concepções:

1- Os psicólogos devem estudar as leis e os determinantes da personalidade


(normal e anormal) e tratar os distúrbios mentais;
2- O inconsciente é um importante aspecto da personalidade. Trazer o que é
inconsciente para o consciente é uma terapia essencial para distúrbios
neuróticos;

3- A personalidade é mais apropriadamente estudada no contexto de um longo e


íntimo relacionamento entre paciente e terapeuta, à medida que o paciente
relata o que lhe ocorre na mente, o terapeuta analisa e interpreta os dados e
observa o comportamento de forma contínua.

Os métodos de estudo de Psicologia


Os métodos são estratégias que a investigação científica usa para atingir uma
conclusão ou para testar hipóteses explicativas acerca do comportamento e dos
processos mentais.

Costuma-se distinguir métodos explicativos de métodos descritivos ou qualitativos.

O método experimental é um tipo de método explicativo. A observação naturalista, os


métodos introspectivos (entrevista e questionário), clínico e psicanalítico são
considerados exemplos de métodos descritivos.

O método introspectivo
Reconhecido por Wilhelme wundt como o mais apropriado para estudar a experiência
consciente, a introspecção laboratorialmente controlada foi o primeiro método da
Psicologia.

Formador: Artur A. Chanjale


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Vimos que para Wundt, o objectivo da Psicologia era conhecer a estrutura da


experiência consciente decompondo-a nos seus constituintes mais simples. Como é
fácil de compreender, o único método adequado para o estudo dos estados de
consciência é a auto-observação ou introspecção (também denominada, por Wundt,
“percepção interior”). Quem vive um determinado estado de consciência descreve-o
verbalmente com o maior rigor possível, em condições que obedecem o controlo
experimental. Não se trata, portanto, de introspecção no sentido habitual do termo:
quem participa nas experiências de Wundt era treinado, em laboratório, para responder
descrevendo a sensação em si mesma e não os objectos a que ela se refere. Assim, o
que interessava a Wundt era que os participantes descrevessem o que se passava na
sua consciência e não como os objectos eram constituídos.

É o carácter subjectivo do método introspectivo e o seu relativismo que vão conduzir a


vigorosa reacções que preconizam a utilização do método experimental para estudar o
comportamento. Com os comportamentalistas (behaviorismo), a introspecção é banido
como método da Psicologia.

Contudo, a introspecção é hoje utilizada como complemento de outros métodos. O


recurso à auto-observação pode fornecer dados sobre experiências interiores como os
sentimentos, as fantasias, os devaneios. É através da expressão verbal-oral e escrita
(entrevista e questionário) que lhe são colocadas: gostaria de ter filhos? O que sente
quando o insultam? Sente ciúme?

As respostas dadas não podem ser encaradas pelo psicólogo como dados objectivos,
requerendo, por isso uma análise crítica, uma interpretação.

O método experimental
A falta de rigor e de objectividade do método introspectivo e o sucesso do método
experimental nas ciências da natureza conduzem muitos psicólogos (desejosos de dar
credibilidade científica à Psicologia) para o campo da investigação experimental.

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Hoje em dia, o método experimental é o mais utilizado pelos psicólogos.

Os psicólogos que utilizam o método experimental nas suas investigações praticam


aquilo a que se chama experimentação, significando isso que a validade científica de
uma conjectura, de uma explicação, tem de ser sempre posta à prova, experimentada
para ver se realmente se confirma ou não.

A definição geral do método experimental em Psicologia é esta:

O método experimental é uma forma de investigação na qual, orientado por uma


hipótese explicativa, o investigador manipula, em condições cuidadosamente
controladas, uma determinada variável e observa se alguma alteração acontece numa
outra variável.

O método experimental é, segundo muitos psicólogos, a única forma de investigação


que nos permite estabelecer uma relação causa - efeito entre acontecimentos, isto é,
explicar um facto através de outro.

Vantagens
A investigação experimental desenrola-se, na maior parte dos casos, em ambiente
laboratorial. Quais as vantagens da experimentação laboratorial?

Várias são as vantagens reconhecidas pelos investigadores:

1- O estabelecimento de relações causais


A generalidade dos investigadores considera que o método experimental tem a seu
favor, no confronto com os outros métodos. Permitir-nos estabelecer relações de
causa e efeito. Assim, se por exemplo, o “X” (consumo habitual de chocolate) se
segue “Y” (hiperactividade de crianças) é razoável inferir que “X” causou “Y”. Nota-
se que a casualidade no plano do comportamento humano pode ser simplesmente
inferida.

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2- A replicação dos procedimentos (replicabilidade)


Outra vantagem da investigação experimental é a possibilidade de os
procedimentos serem repetidos ou replicados por outro experimentador para
verificar se obtém resultados semelhantes. Assim, não é necessário esperar pelo
surgimento do conjunto de circunstâncias que são próprias de um dado
experimento.
3- O controlo das variáveis estranhas ou parasitas
O conceito das variáveis cuja interferência nos resultados quer evitar é fácil no
laboratório do que em outros contextos e com outros métodos de investigação,
sendo possível atingir elevados níveis de precisão (garantir com alto grau de
segurança que os resultados derivam da manipulação da variável independente).

4- O uso de tecnologias sofisticada


O laboratório é normalmente o único contexto em que equipamento técnico
sofisticado pode ser utilizado para efectuar medições precisas.

5- Generalização dos resultados


O método experimental é, segundo o parecer de muitos investigadores, o único que
possibilita uma generalização relativamente mais fiável dos resultados ao resto da
população que os participantes representavam. A forma como os resultados são
expressos – em termos numéricos permite análises e inferência estatisticamente
controladas.

Limitações
O método experimental apresenta várias limitações em Psicologia dificuldade em
isolar a variável independente, em controlar atitudes e expectativas dos sujeitos, em
neutralizar os efeitos do experimentador.

Para além destas limitações metodológicas, colocam-se questões éticas quando a


experimentação põe em causa a integridade física ou psicológica de um ser

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humano. Não se pode, por exemplo, isolar uma criança de todo o contacto social
para se avaliar a importância dos factores sociais no comportamento; não se pode
provocar uma lesão no cérebro ou uma mutilação para verificarmos as suas
consequências no comportamento; não se podem submeter pessoas a prolongados
e intensos períodos de tensão e stress para analisar o seu efeito na saúde dos
sujeitos.

Não podendo provocar este tipo de situações, o investigador recorrerá à


observação de situações já existentes: registará os efeitos do isolamento social em
crianças abandonadas; analisará os efeitos de lesões ou mutilações resultado de
doenças ou acidentes, etc.. É o que muitos autores designam por experiência
invocada.

O método clínico
O método clínico (muitas vezes chamado “estudo de caso”) inspira-se de certo
modo na teoria psicanalítica, que salientava a importância de compreender a
história singular de cada pessoa. Os partidários do método clínico entendem que
uma pessoa e o seu funcionamento psicológico são um caso singular que só pode
ser compreendido se estudado de uma forma personalizada e detalhada.

Em oposição ao método experimental, os defensores do método clínico propõem


uma abordagem qualitativa do comportamento humano. Consideram que o controlo
experimental do comportamento humano em laboratório o descaracteriza porque
unicamente é possível estudar certos aspectos comportamentais. O método clínico
pretende compreender o funcionamento psicológico de um indivíduo entendido
como totalidade singular, ou seja, visa uma compreensão global e aprofundada do
comportamento singular. Em oposição ao artificialismo das condições experimentais
do laboratório, procura integrar determinado aspecto comportamental nas
circunstâncias particulares e reais próprias de cada pessoa. Uma vez que a
totalidade individual é o seu objecto, de estudo, o método clínico, para compreender

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determinado comportamento, tem sempre presentes todas situações particulares


relevantes do percurso evolutivo do indivíduo.

Assim, se para o método experimental interessa, por exemplo, explicar a causa de


agressividade como variável que depende da outra (procurando isolar o efeito de
outras eventuais variáveis), para o método clínico importa compreender por que se
tornou esse indivíduo agressivo, se a agressividade exibida é passageira ou uma
tendência frequente, em que momentos particulares ela se desencadeia. Cada
comportamento é o resultado de um processo e não se pode compreender dando
simplesmente atenção ao momento final (este só é compreensível como sequência
de uma série de situações e vivências particulares). A atenção do método clínico
incide na história evolutiva do indivíduo, na sua psicobiografia: é o indivíduo em
situação e em evolução que lhe interessa.

A atitude característica do método clínico consiste em considerar e encarar a


conduta do sujeito na sua perfectiva particular – na sua circunstância particular –
fazendo o levantamento tão fiel quanto possível das maneiras de ser e de reagir do
ser humano em dada situação, procurando estabelecer o seu sentido e a sua
génese, descobrir os conflitos que lhes estão eventualmente associados e os meios
tendentes a resolvê-los.

A dupla vertente do método clínico: terapia e investigação


O criador da expressão “método clínico”, o psicólogo norte-americano Wimer,
definia-o como uma actividade que, estudando de modo aprofundados casos
individuais, visava prevenir e tratar determinadas perturbações e desordens
comportamentais. Apesar de “clínico” singular etimologicamente “o que se faz à
cabeceira do doente”, o método clínico não se reduz à relação terapeuta-paciente.
Em Psicologia, o seu significado é mais abrangente. As técnicas e procedimentos
próprios do método clínico são frequentemente utilizados para o diagnóstico e
tratamento de perturbações psíquicas em crianças, jovens e adultos, mas também
no estudo e investigação de comportamentos, atitudes e processos mentais em

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indivíduos sem problemas de ordem psicológica. Tem, portanto, uma dupla


vertente: é um método terapêutico (vertente prática) e um método de investigação
(vertente teórica) sobretudo no campo da Psicologia do Desenvolvimento.

Vantagens
Obtém-se grande quantidade de informação detalhada que, nalguns casos, é de
fenómenos novos, complexos e raros;

Encara cada indivíduo como ser único e não como a expressão comportamental
particular de uma lei geral;

É um método de investigação e também de intervenção terapêutica.

Limitações
O rigor dos resultados pode ser comprometido por erros de memória do sujeito e
pela tendência a comportar-se de modo “socialmente desejável.”

Pode dar uma ideia pouco representativa de um facto psicológico.

O método psicanalítico
O método psicanalítico, encarado do ponto de vista simplesmente terapêutico, é
uma terapia que se baseia na ideia de que conhecer e compreender a origem dos
problemas que nos afectam, nos liberta, em certa medida, de tensões, ansiedade e
padecimentos.

A vida psíquica do ser humano desenrola-se sob o signo do conflito.

Os conflitos e incidentes mais marcantes na nossa evolução psíquica remontam,


segundo Freud, à época da infância (1ª infância, sobretudo).

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Os conflitos característicos da 1ª infância podem ser resolvidos, seguindo-se um


desenvolvimento psíquico saudável. Mas, como acontece muitas vezes, podem ser
mal resolvidos ou mesmo não resolvidos. Isto significa que são recalcados e
reprimidos, afastados para longe da nossa consciência. Que esses conflitos se
tornem inconscientes não implica de modo nenhum que sejam desactivados ou
deixam de existir. Com efeito, não se manifestando directamente ao nível da
consciência, tais conflitos e incidentes traumáticos continuam a afectar o nosso
comportamento e a nossa personalidade sem disso termos consciência. Quer dizer
que se manifestam de forma indirecta provocando perturbações psíquicas,
desordens no comportamento e sofrimentos físicos. É esta “falha” que a terapia
psicanalítica, no sentido tradicional do termo, pretende colmatar. Durante o
tratamento psicanalítico, o terapeuta tenta conduzir o paciente à origem, até aí
inconsciente, dos seus males, ou seja, tenta trazer os conflitos e traumas
inconscientes “recalcados” à consciência.

O princípio que orienta a terapia psicanalítica é de que o paciente se pode libertar


de tensões e ansiedades ao relembrar um acontecimento traumático infantil. Tomar
consciência de conflitos e traumas recalcados (escondidos no inconsciente) é
possível mediante a consciencialização de um conflito doloroso.

Freud observou, nos seus pacientes, que “reviver” um incidente traumático e


perturbador produzia uma espécie de alívio emocional. Por outras palavras, esse
incidente doloroso perdia muita da força e intensidade que tinha. A sua influência no
comportamento da pessoa tornava-se bem menor pelo que uma vida mais saudável
era, a partir daí, possível.

Para a ajudar o paciente a explorar o material do inconsciente, Freud utilizava 3


técnicas: a livre associação, interpretação de sonhos e análise de erros que o
paciente costuma cometer.

Livre associação

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A livre associação consiste no facto de o psicanalista pedir ao paciente que fale


abertamente, de forma espontânea, sem censura e sem interrupção, dos seus
desejos, recordações, pensamentos, fantasias, sonhos, por mais embaraçantes,
vulgares, irrelevantes ou mesmo sem sentido que possam parecer.

Para tornar mais fácil a livre associação o paciente deve estar à vontade: deita-se
num divã ou senta-se numa cadeira confortável enquanto o analista, que fala só
quando estritamente necessário, se senta fora do seu campo de visão. O analista
intervém para, quando for caso disso, apresentar uma interpretação do que o
paciente diz e faz.

Segundo Freud, o que o paciente relata e descreve, de forma desordenada e


conforme lhe vem a mente, é um conjunto de pistas sobre o que se passa no
inconsciente.

Interpretação de sonhos
Os sonhos são formas disfarçadas, muitas vezes complexas e confusas, de
conflitos e impulsos inconscientes se revelam. Há que interpretar, decifrar o seu
conteúdo simbólico. Como interpreta Freud os sonhos? Distingue o seu conteúdo
manifesto do seu conteúdo latente: o conteúdo manifesto é o conjunto de
acontecimentos que ocorrem durante o sonho e de que nos lembramos na manhã
seguinte (é aquilo que sonhamos); o conteúdo latente é o significado profundo do
sonho (aquilo que o sonho significa).

O paciente descreve o conteúdo manifesto, consciente, do sonho; o psicanalista


procura interpretar e decifrar o seu significado escondido, inconsciente, isto é
desocultar o seu conteúdo latente, considerando, para esse efeito, que o que passa
no sonho simboliza ou é a manifestação simbólica de forças ou impulsos (instintos),
medos e desejos escondidos no nosso inconsciente.

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Por exemplo, Freud interpretava como símbolos do órgão sexual masculino os


seguintes objectos: árvores, chaminés, guarda-chuvas, serpentes, peixes
(semelhantes na forma); lâminas, facas, espingardas, revólveres (têm o poder de
penetrar e mesmo de ferir). Os símbolos do órgão genital feminino são objectos que
formam uma cavidade na qual algo se pode alojar: cavernas, vasos, caixas,
gavetas, cofres – sobretudo cofres com jóias -, bolsos, minas, forno, etc.

A união ou o acto sexual é simbolizada por movimentos como subir escadas,


dançar, cavalgar, deslizar e também por acidentes violentos como sermos
esmagados por uma viatura. Outros elementos não propriamente eróticos
representavam simbolicamente pessoas e factos: o nascimento era simbolizado
pela água, a morte, pela partida ou por uma viagem de caminho-de-ferro; os pais
pelo rei e pela rainha; as crianças eram por vezes representadas por pequenos
animais ou vermes.

Análise de erros
Por exemplo, o facto de um homem na tentativa de chamar a esposa, falhar e
pronunciar o nome de uma vizinha pode significar que este tem, pelo menos, no seu
inconsciente o desejo de ter relações sexuais com a vizinha.

O facto de muitas vezes, por falha, esquecermos de pagar as dívidas, pode


significar que no nosso inconsciente temos o desejo de não pagarmos a dívida.

Vantagens
Na maioria da comunidade científica poucas vantagens são reconhecidas ao
método psicanalítico, mas é inegável que ele nos esclareceu acerca do modo de
funcionamento de regiões psíquicas afastadas da consciência.

Limitações

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A principal crítica dirigida ao método psicanalítico insiste no facto de que as suas


conclusões não são refutáveis, isto é, não podem ser submetidas ao teste da
experiência, ao confronto com factos objectivos.

Método comparativo
O método comparativo consiste em fazer uma comparação de alguns aspectos
psicológicos entre diferentes grupos sociais (profissionais, religiosos, éticos, etários,
etc) ou entre indivíduos do mesmo grupo.

Técnicas de estudo de Psicologia


Estudo dos gémeos
Os gémeos têm servido ao longo dos tempos para estudar as questões inerentes à
interacção entre a hereditariedade e o meio. Existe dois tipos de gémeos: os
gémeos verdadeiros ou homozigóticos que são provenientes do mesmo óvulo, e os
gémeos fraternos ou heterozigóticos, provenientes de dois óvulos diferentes.

Newman, Freeman e Holzingen revelara que dos seus estudos resultava haver
muitas semelhanças quer físicas quer psicológicas entre gémeos criados
separadamente.

É evidente que, por vezes, se tem exagerado em certas interpretações e deduções


tiradas a partir do estudo de casos de gémeos.

A análise seria, contudo, mais profunda e conclusiva se os gémeos separados à


nascença fossem criados em ambientes familiares muito diferentes, sujeitos a
influências sociais, económicos e culturais completamente diferentes.

Se os gémeos univitelinos têm reacções idênticas quando criados em ambientes


semelhantes, tal facto pode derivar da relação existente entre a igualdade de

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genótipos e a tendência que estes indivíduos têm para responder de forma idêntica
a estímulos idênticos.

O estudo dos gémeos permite-nos concluir que deve ser reconhecida a importância
da hereditariedade e dos limites que por ela são impostos ao indivíduo, e também
que a acção do ambiente e as condições em que o ser se desenvolve exercem uma
forte influência e condicionam em grande medida o ser humano.

A observação
A observação não é um simples instrumento auxiliar nem um simples momento de
outros métodos. Por si mesma, a observação é igualmente um método de
investigação.

Para descobrir como as pessoas realmente se comportam o psicólogo pode


recorrer à observação sistemática. A observação sistemática assume geralmente
duas modalidades: a observação naturalista e a observação laboratorial

A observação naturalista ou ecológica (observação de campo)


A observação naturalista é um método descritivo que examina detalhada e
cuidadosamente o comportamento dos indivíduos em contexto ecológico, isto é, no
seu habitat natural.

É vasto o campo de aplicação da observação naturalista: estudo do comportamento


de automobilistas, de crianças em infantários, de indivíduos no seu local de
trabalho, etc.

“Efectuamos observação naturalista (embora de forma pouco sistemática) – isto é,


observamos o comportamento de pessoas no seu habitat natural – todos os dias.

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Da próxima vez que for almoçar num restaurante, olhe à sua volta. Distinga as
pessoas obesas das pessoas magras e observe se o comportamento à mesa é
semelhante ou diferente. As pessoas obesas comem mais depressa? Mastigam
com menos frequência? Deixam menos comida no prato? Houve psicólogos que
utilizaram o método da observação naturalista para estudar os hábitos alimentares
de pessoas magras e obesas.”

O método de observação naturalista é amplamente usado no estudo do


comportamento de animais não-humanos.

No plano do comportamento humano, a observação naturalista é responsável por


grande parte do que sabemos acerca das diferenças no modo como rapazes e
raparigas brincam e comunicam entre si. Além dos diferentes padrões de interacção
social característicos de cada sexo, a observação naturalista também contribui
largamente para a compreensão do fenómeno da liderança em vários contextos
sociais, para o conhecimento do modo como delinquentes juvenis estimulam uns
nos outros o comportamento anti-social.

Na observação naturalista, o investigador pode assumir dois tipos de


comportamento:

1- Ser observador participante integrando-se nas actividades do grupo


(observação participante).

2- Observar mas não participar nas actividades observadas (observação não


participante)

Vantagens
a) Os comportamentos são observados em contexto ecológico, no seu meio
habitual de ocorrência;

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b) O comportamento dos indivíduos observados não é afectado nem pela inibição


nem pela ansiedade dos contextos laboratoriais;

c) É de grande utilidade dos no estudo de espécies que não se adaptam a


condições laboratoriais;

d) Pode ser utilizada em situações nas quais o método experimental não seria
apropriado.

Limitações
a) As observações naturalista são de muito difícil replicação;

b) O controlo sobre as variáveis estranhas é reduzido pelo que não se podem


estabelecer relações causa-efeito: as conclusões são suposições;

c) Se os participantes têm consciência de que estão a ser observados o seu


comportamento será menos natural; se não sabem que estão a ser observados
e o seu comportamento não tem carácter público podem colocar-se problemas
éticos que invalidam a observação (violação da privacidade);

d) Onde há um observador – como muitas vezes acontece – é difícil verificar a


autenticidade e fidelidade dos dados.

Observação laboratorial
Recorre-se à observação laboratorial quando, para controlar variáveis cuja
interferência nos resultados é indesejada, o investigador observa o comportamento
em ambiente por ele mesmo definido. O equipamento técnico do laboratório –
impossível, na maior parte dos casos, de colocar em contexto ecológico – dá um
carácter mais rigoroso à observação e ao teste da hipótese de que o investigador
partiu.

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A observação laboratorial padece de algumas das fraquezas do método


experimental: o contexto é artificial; os participantes são condicionados
involuntariamente pelas expectativas do experimentador e há comportamentos que
somente em contexto natural podem, técnica e eticamente, ser observados:

A observação laboratorial pretende ser mais rigorosa do que a observação


naturalista mas não atinge o grau de controlo das variáveis externas característicos
do método experimental. A tal limitação não será indiferente o facto de não se
constituírem grupos experimental e de controlo.
Instrumentos de avaliação
Suponhamos que tenhamos perguntas descritivas como: “até que ponto é comum a
violência entre casais?”; “adultos agressivos têm pouca tolerância à frustração?”;
“crianças maltratadas pelos pais maltratam seus próprios filhos?”. Teríamos
dificuldades em fazer observações directas para responder a estas perguntas. É
improvável que famílias violentas nos recebessem para observar as suas brigas. A
tolerância à frustração, como um sem número de ouros atributos internos e
experiências, não pode ser observada ou medida directamente. Para estimar até
que ponto algo é comum, é necessária uma grande amostragem, o que pode
envolver excessivos recursos financeiros. Em tais casos, os psicólogos utilizam
instrumentos de avaliação para obter a amostra: questionário, entrevista e
testes.

Questionário
Os questionários permitem que os cientistas sociais colectam informações sobre o
pensamento e o comportamento de um número suficiente de indivíduos de forma
rápida e pouco dispendiosa. Em geral, os questionários pedem informações
prontamente disponíveis por meio de perguntas que não exigem muita reflexão.
Para responder, os participantes simplesmente marcam a resposta apropriada.

O sucesso de um questionário depende de uma séria de factores:

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1- A redacção das perguntas deve ser clara e simples;

2- As opções para cada pergunta devem reflectir adequadamente a gama de


respostas possíveis. Ex: houve alguma agressão entre você e seu
marido/sua mulher nos últimos seis meses? Sim__ não___ (esta pergunta
devia incluir outras opções: “nunca”, “uma vez” e “duas ou três vezes.”)

3- As perguntas não devem ser pró ou contra determinadas opções de


resposta. Ex: você não acha que pais violentos dão mau exemplo aos
seus filhos? (a pergunta está contra a violência);

4- As perguntas devem ser formuladas de forma que desestimulem respostas


descuidas. Algumas pessoas concordam só para ajudar enquanto outras
discordam por razões íntimas ou por que são hostis à pergunta. Este tipo de
problema é particularmente propenso a ocorrer quando as pessoas são
simplesmente solicitadas a responder “sim” ou “não”.

Limitação
Mesmo quando as perguntas são bem formuladas, os resultados de um estudo por
questionário são difíceis de interpretar porque as respostas, por vários motivos, podem
ser falsas.

Geralmente, num questionário, é impossível dizer até que ponto os participantes são
representativos da população de interesse.

Entrevista
Entrevista e questionário são muito similares, mas, na entrevista, os investigadores
obtêm as respostas através de perguntas orais: face a face. Algumas entrevistas são
estruturadas. Apresentam perguntas definidas, esperando-se que todos respondam, e

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podem até dar opções de resposta bem precisas. Outras entrevistas são abertas. O
examinador elabora as perguntas necessárias para explorar os tópicos sob
investigação. Os respondentes são livres para dizer o que desejarem.

Os entrevistadores precisam ter aptidões sociais especiais e ser capazes de gerar


confiança e transmitir o tipo de compreensão que encoraje as pessoas a se
expressarem abertamente – mesmo sobre tabus ou assuntos controversas.

Em resumo, os estudos por entrevista são alvo dos mesmos problemas enfrentados
pelos estudos por questionário, uma vez que ambos baseiam-se em auto-relatos. Além
disso, os estudos por entrevista são caros porque é necessário muito mais tempo e
pessoal para conduzir as entrevistas do que para distribuir questionário.

Vantagens
1- As perguntas podem ser individualizadas para incluir uma grande
variedade de tipos de pessoas – as escolarizadas e as não escolarizadas,
por exemplo;

2- As pessoas que não teriam paciência ou motivação suficiente para


escrever uma resposta longa podem dar respostas completas durante as
entrevistas;

3- Após estabelecer contacto, entrevistadores hábeis conseguem obter


informações de tópicos complexos e com muita carga emocional (como
violência familiar, por exemplo) e notam os sentimentos que acompanham
as opiniões e atitudes;

4- Como relativamente poucas pessoas recusam-se a entrevistas (muitas se


recusam a responder questionários), os estudos por entrevista
beneficiam-se de amostras superiores (mais representativos).

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Testes psicológicos
Os testes psicológicos são projectados para medir todo tipo de conceito que não possa
ser observado directamente: saúde mental, inteligência, melancolia, traços de
personalidade, crenças, sentimentos, necessidade, opiniões, habilidades,
conhecimento e outros conceitos similares.

Os testes variam em formato. Alguns se assemelham a questionário, enquanto outros


são semelhantes a provas. Alguns testes destinam-se a grandes grupos, enquanto
outros visam o indivíduo.

O teste fornece informações não-observáveis. Considere a tolerância à frustração. Se


pudermos medi-la, poderemos descobrir se muda com a idade e quais experiências
que a influenciam. Poderemos descobrir também se vem acompanhada de outras
tendências, como a agressividade.
Os testes enriquecem também o conhecimento sobre grandes populações e indivíduos.

Munidos de um teste que mede a tolerância à frustração, podemos descobrir se as


gerações pré-computador experimentam mais tolerância à frustração do que as
gerações pós-computador. E podemos testar pessoas com dificuldades académicas
para verificar se a baixa tolerância à frustração poderia estar contribuindo para seus
problemas.

As deficiências dos testes dependem do tipo de teste em questão.

Características da Psicologia científica


Uma ciência está formada a partir do momento que tem o seu objecto de estudo,
método de estudo, bem como a relevância social (importância). A psicologia é ciência,
pois reúne todos esses requisitos.

Princípio que norteiam a pesquisa científica em Psicologia

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“A ciência”, observou B. F. Sknner, citado por DAVIDFF (2001), “é acima de tudo um


conjunto de atitudes”. Seis atitudes, ou princípios dão o tom do empreendimento
científico.

Precisão
Os psicólogos esforçam-se em definir com maior rigor os termos da hipótese de uma
pesquisa, descrever com exactidão os procedimentos da sua investigação, bem como
expressar em números os resultados da pesquisa.

Objectividade
Os psicólogos esforçam-se em não permitir que os seus preconceitos e emoções
interfiram (influenciam) os resultados da pesquisa.

Empirismo
Como outros cientistas, os psicólogos acreditam que a observação directa é a melhor
fonte de conhecimento. Esse método “olhe e veja” é chamado de empirismo.
Psicólogos que investigam os efeitos da perda do sono, por exemplo, precisam
conduzir estudos cuidadosos e observar os resultados. Não podem apresentar como
evidência noções populares, ideias plausíveis, especulações de cientistas eminentes
ou pesquisa de opinião pública. Todas essas estratégias baseiam-se na conjectura, em
vez de na observação directa.

O empirismo não exige que os psicólogos façam pessoalmente todas as observações.


No entanto, especifica que as premissas precisam estar amparadas em estudos
empíricos de alguém. Podemos ter conhecimento de descobertas de pesquisas por
meio de relatórios escritos, palestras ou correspondência pessoal.

Determinismo

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O determinismo refere-se à crença de que todos os eventos têm causas naturais. Os


psicólogos acreditam que as acções das pessoas são determinadas por um imenso
número de factores. Alguns – como potencialidades genéticas, motivos, emoções e
pensamentos – vêm de dentro do indivíduo. Outros – actuais – vêm de fora. Se a
conduta é determinada por causas naturais como estas, podemos ser capazes de
explicá-las.

Observe a qualificação “natural”. Os psicólogos recusam-se a considerar forças


sobrenaturais (como destino, maldade, demónio e Deus) como explicações possíveis
para suas observações. Mesmo quando não conseguem explicar algo em um
determinado momento, pressupõem que indícios de causas naturais acabarão
emergindo.

Acreditar no determinismo significa acreditar que, quanto mais cientistas sabem, tanto
mais acuradamente podem prever o que acontecerá em uma situação específica. Não
obstante, costuma ser muito difícil prever o comportamento das pessoas, porque há
muitos factores determinantes a considerar e muito ainda por entender.

Parcimónia
Muitos psicólogos tentam ser parcimoniosos, isto é, procuram explicar as conclusões
das suas pesquisas de uma forma mais simples, sem fugir da verdade. Explicações
mais complexas ou abstractas são propostas apenas quando as menos complicadas se
revelarem inadequadas ou incorrectas.

Como exemplo, tente explicar por que mulheres optam por perseguir uma carreira.
Uma explicação parcimoniosa é a seguinte: nossa sociedade admira a realização.
Esses valores são passados para meninas e meninos. Uma explicação não
parcimoniosa poderia oferecer esta justificação complexa e incomum: as meninas
descobrem que possuem uma cavidade – em vez de um pénis – sentem-se
inferiorizadas e tentam compensar essa falta. Desenvolve-se a necessidade de
competir com os homens e os superar. Pouco a pouco, essa necessidade vai

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ganhando importância, até dominar a personalidade. Uma das manifestações é a


busca de uma carreira.

Cepticismo
Idealmente os psicólogos são críticos em relação ao seu trabalho e ao de outros
pesquisadores, e lutam por manter sempre a mente aberta. No caso de surgimento de
novas evidências, estão prontos a reavaliar e rever suas conclusões. Colocando a
questão de outra maneira diríamos que eles vêem seus resultados como provisórios –
como as melhores posições no momento.

O cepticismo é realista. Embora os investigadores tentam fazer as mais cuidadosas


observações de que são capazes, não podem eliminar todas as fontes potenciais de
erro. Erros acontecem porque o mundo real é mais complexo do que o laboratorial. Os
instrumentos são imperfeitos. Os procedimentos de experimentação influenciam o
resultado. E, com mais frequência os processos mentais e comportamentais revelam-
se mais complicados do que pareciam de indício.

Bibliografia
DAVIDOFF, L.. Introdução à Psicologia 12º Ano. 3ª Edição, Makron Books, São Paulo,
2001;
DIAS, R. A.. Psicologia, 6º ano, Editora Almedina, Coimbra, 1972;
CARDOSO, A. Rumos da Psicologia, 10º/11º Ano, 6ª Edição,Edições Rumo, Lisboa,
1993;
MONTEIRO, M. & SANTOS, M. R.. Psicologia. Nova Edição, Porto Editora,
RODRIGUES, L.. Psicologia. 4ª Edição, Lisboa, Editora Plátano, 1º volume, 2003.

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Xai-Xai, 12 de Fevereiro de 2020

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