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2013
Copyright © UNIASSELVI 2013
Elaboração:
Prof. Fernando Lopes de Aquino
109
197 p. : il
1. Filosofia – História.
I. Centro Universitário Leonardo da Vinci.
Impresso por:
Apresentação
Caro(a) acadêmico(a)!
III
compreenderá a especificidade do contexto contemporâneo e as principais
críticas estabelecidas pelos filósofos e correntes filosóficas que o compõem.
Por fim, possibilitaremos a você uma análise do contexto e do modo como a
filosofia foi assimilada no Brasil.
Bons estudos!
NOTA
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há
novidades em nosso material.
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa
continuar seus estudos com um material de qualidade.
IV
V
VI
Sumário
UNIDADE 1 – ORIGEM E ESPECIFICIDADE DA FILOSOFIA.................................................... 1
VII
UNIDADE 2 – DO PERÍODO CLÁSSICO À FILOSOFIA ESCOLÁSTICA................................. 59
VIII
4 A MODERNIDADE E A POLÍTICA............................................................................................... 136
4.1 MAQUIAVEL.................................................................................................................................. 136
4.2 HOBBES E O CONTRATO SOCIAL............................................................................................ 139
4.3 ROUSSEAU E O ESTADO DE NATUREZA............................................................................... 147
5 TRADIÇÃO ILUMINISTA................................................................................................................149
5.1 TRADIÇÃO ILUMINISTA FRANCESA......................................................................................150
5.2 TRADIÇÃO ILUMINISTA ALEMÃ.............................................................................................152
6 IDEALISMO ALEMÃO E A CRISE DA MODERNIDADE........................................................154
7 MARX E O MATERIALISMO HISTÓRICO..................................................................................159
RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................161
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................163
IX
X
UNIDADE 1
ORIGEM E ESPECIFICIDADE DA
FILOSOFIA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Esta unidade tem por objetivos:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos e em cada um deles você encontrará
atividades visando à compreensão dos conteúdos apresentados.
1
2
UNIDADE 1
TÓPICO 1
1 INTRODUÇÃO
O surgimento da filosofia define uma nova relação entre o homem e o seu
meio. Há um consenso entre os historiadores de que, apesar de todos os povos
tentarem compreender os mistérios da realidade através de seus mitos, somente
os gregos foram capazes de passar da interpretação mítica para uma perspectiva
fundamentalmente racional, originando assim a filosofia.
DICAS
3
UNIDADE 1 | ORIGEM E ESPECIFICIDADE DA FILOSOFIA
O interessante é que antes de ser tão categórico sobre este ponto, Diôgenes
expõe uma série de argumentos, atribuindo aos bárbaros o registro de paternidade
sobre a filosofia. Embora ele faça isso para imediatamente rechaçar essa ideia,
ainda assim expõe alguns elementos que sinalizam para problemas inerentes
à análise histórica, como, por exemplo, a desmedida exaltação de um único
responsável pela origem da filosofia, desconsiderando o seu desenvolvimento
como algo decorrente de várias interações culturais, cuja contribuição de outros
povos, possivelmente, também fora essencial.
DICAS
Sinopse:
Na Grécia antiga, a paixão de um dos casais mais lendários da História, Páris, príncipe de
Troia, e Helena, rainha de Esparta, desencadeia uma guerra que irá devastar uma civilização.
Páris rouba Helena de seu marido, o rei Menelau, e este é um insulto que não pode ser
tolerado. A honra da família determina que uma afronta a Menelau seja considerada uma
afronta a seu irmão Agamenon, o poderoso rei de Micenas, que logo une todas as tribos
da Grécia para trazer Helena de volta, em defesa da honra do irmão. Na verdade, a busca
de Agamenon por honra é suplantada por sua ganância – ele precisa controlar Troia para
garantir a supremacia de seu vasto império. A cidade cercada de muralhas, comandada pelo
rei Príamo e defendida pelo poderoso príncipe Heitor, é uma fortaleza que nenhum exército
jamais conseguiu invadir. A chave da derrota ou da vitória sobre Troia é um único homem:
Aquiles, tido como o maior guerreiro vivo.
Para Vernant (2004, p. 25), este período ainda pode ser caracterizado pelo
intercâmbio de relações entre Ocidente e Oriente, em que parte da cultura grega
pôde se espalhar, mas também sofrer influências orientais. Igualmente importante
é o fato de ter havido, neste período, uma constituição social que nos permite
compará-la com os grandes estados orientais próximos, justamente por ser:
5
UNIDADE 1 | ORIGEM E ESPECIFICIDADE DA FILOSOFIA
Essa organização social se destitui apenas no século XII a.C., pelo ímpeto
das tribos dóricas, que mediante suas armas de ferro marcharam em direção
ao sul da Península Balcânica e arrasaram as colônias micênicas, já bastante
desenvolvidas. Ao se estabelecerem no Peloponeso, os dórios causaram um forte
terror na região e uma dispersão dos povos que ali estavam, marcando assim o
fim de uma era e o início da civilização helênica.
UNI
O período que sucede essas invasões dóricas (1100 a.C. – 800 a.C.) é
bastante obscuro, mas o certo é que as colônias reconsideraram estes fatos e
iniciaram algo que transformou radicalmente a região. Até então centrada em
uma condição histórica que se baseava fundamentalmente na economia agrária,
na centralidade do palácio e nas relações ainda tribais, os gregos viram surgir
uma nova organização, menos hierárquica e instituída por uma forma particular
de razão.
6
TÓPICO 1 | A PASSAGEM DO MITO À FILOSOFIA
7
UNIDADE 1 | ORIGEM E ESPECIFICIDADE DA FILOSOFIA
NOTA
Para Jaeger, (2003, p. 192) a paideia grega era constituída por uma
arquitetura unitária entre mito e filosofia, por isso podemos ver estes elementos
se interpenetrarem no período clássico:
8
TÓPICO 1 | A PASSAGEM DO MITO À FILOSOFIA
DICAS
Sinopse:
A epopeia de Ulisses/Odisseu, que deixa sua terra, Ática, para ir lutar na Guerra de Troia.
Mas, por desafiar os deuses, passa anos vagando por estranhos lugares, enquanto a esposa
Penélope tenta lhe esperar fielmente.
3.1 O MITO
De modo geral, é uma característica do mito narrar o princípio das coisas,
como elas se originaram e receberam a sua ordem (cosmos). Preponderantemente,
as narrativas míticas nos mostram que tudo teria ocorrido por meio da ação de
alguma divindade ou, no caso do panteão olímpico, de várias divindades.
Sim, bem primeiro nasceu Caos, depois também Terra de amplo seio,
de todos sede irresvalável sempre, dos imortais que têm a cabeça do
Olimpo nevado, e Tártaro nevoento no fundo do chão de amplas vias,
e Eros: o mais belo entre Deuses imortais, solta-membros, dos Deuses
todos e dos homens todos ele doma no peito o espírito e a prudente
vontade.
Do Caos Érebos e Noite negra nasceram. Da noite, aliás, Éter e Dia
nasceram, gerou-os fecundada unida a Érebos em amor. Terra
primeiro pariu igual a si mesma Céu constelado, para cercá-la toda
ao redor e ser aos Deuses venturosos sede irresvalável sempre. Pariu
altas Montanhas, belos abrigos das Deusas ninfas que moram nas
montanhas frondosas. E pariu a infecunda planície impetuosa de
ondas o Mar, sem o desejoso amor. Depois pariu do coito com Céu:
9
UNIDADE 1 | ORIGEM E ESPECIFICIDADE DA FILOSOFIA
NOTA
Segundo Homero, em A Ilíada, a guerra teria começado com uma disputa entre
as deusas Afrodite, Hera e Atena para saber quem entre elas era a mais bela. Como juiz, as
divindades estabeleceram o príncipe troiano Páris, filho do rei Príamo. Afrodite conseguiu
convencê-lo a julgar a favor dela, prometendo a ele a mulher mais bela entre os homens, a
rainha de Esparta, Helena. Depois de vencer a disputa entre as deusas, Afrodite ajudou Páris a
raptar Helena, fato que enfureceu o seu marido, o rei Menelau, que organizou um poderoso
exército para lutar contra troianos e resgatar Helena.
10
TÓPICO 1 | A PASSAGEM DO MITO À FILOSOFIA
UNI
UNI
A estrutura palaciana, por exemplo, que acabou ruindo, fez com que,
junto com ela, a classe sacerdotal fosse enfraquecida. A aristocracia perdeu
espaço e grupos de comerciantes e artesãos floresceram, fortalecendo a economia
a partir de relações estabelecidas com países bastante avançados em termos de
conhecimentos (especialmente com relação à geometria, à astronomia e à escrita).
11
UNIDADE 1 | ORIGEM E ESPECIFICIDADE DA FILOSOFIA
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TÓPICO 1 | A PASSAGEM DO MITO À FILOSOFIA
4 OS FILÓSOFOS PRÉ-SOCRÁTICOS
DICAS
13
UNIDADE 1 | ORIGEM E ESPECIFICIDADE DA FILOSOFIA
14
TÓPICO 1 | A PASSAGEM DO MITO À FILOSOFIA
4.2 ANAXIMANDRO
Assim como Tales, Anaximandro também viveu em Mileto no século VI
a.C. Foi discípulo de Tales, mas, graças à liberdade e ao caráter antidogmático da
filosofia nascente, ele pôde contestar as ideias de seu mestre.
15
UNIDADE 1 | ORIGEM E ESPECIFICIDADE DA FILOSOFIA
4.3 ANAXÍMENES
Também em Mileto, no século VI a.C., nasceu Anaxímenes. Segundo a
tradição, “ele foi discípulo de Anaximandro, atuando na segunda metade do
século VI a.C. Como seu mestre, escreveu um livro em prosa também intitulado
Sobre a Natureza, do qual conhecemos apenas um fragmento” (BORNHEIM,
2003, p. 28).
Para Heráclito, tudo se move, nada permanece fixo. É o que prescreve o seu
mais famoso fragmento: “Não se pode entrar duas vezes no mesmo rio. Dispersa-
se e reúne-se; avança e se retira” (BORNHEIM, 2003, p. 41). Há uma mudança
contínua de todas as coisas (do rio, de nós mesmos, de tudo), e compreender que
o mundo é esse movimento perpétuo é apreender a verdade da realidade.
17
UNIDADE 1 | ORIGEM E ESPECIFICIDADE DA FILOSOFIA
Pitágoras não deixou nada escrito e sua vida foi desde cedo envolta em
uma série de mitos, como, por exemplo, que era filho de Apolo e que recebeu por
revelação divina a sua filosofia.
Pitágoras teria observado que a diferença entre o tom de duas notas numa
escala harmônica obedecia a princípios e regras que podiam ser expressos de
forma numérica.
18
TÓPICO 1 | A PASSAGEM DO MITO À FILOSOFIA
4.6 XENÓFANES
Xenófanes nasceu na Jônia no século VI a.C., mas se dirigiu para a Magna
Grécia, no sul da Itália, e por isso é considerado o precursor do pensamento
dos eleatas. Sua contribuição também está em ter introduzido uma concepção
do “Ser”, bastante atrelada a uma certa visão teológica e que será retomada por
Parmênides sob uma perspectiva ontológica.
Não sabemos quase nada sobre a sua vida, a não ser que atacou duramente
a visão religiosa de seu tempo e a concepção antropomórfica dos deuses. Enfatizou
que os deuses são sempre caracterizados pelos homens a partir da imagem que
eles possuem de si mesmos. Em duas sátiras atribuídas a ele, lemos que:
4.7 PARMÊNIDES
Parmênides de Eleia nasceu no fim do século VI a.C. e morreu em meados
do século V a.C. Possivelmente influenciado por Xenófanes, aceitou a tese de uma
natureza absoluta da realidade, mas transformou o seu postulado religioso em
algo estritamente filosófico ou ontológico.
19
UNIDADE 1 | ORIGEM E ESPECIFICIDADE DA FILOSOFIA
Temos então que, após essas reflexões, a filosofia terá que lidar com o
impasse de conciliar a ideia de um Ser, único e imóvel, com aquilo que nossos
sentidos nos fornecem.
20
TÓPICO 1 | A PASSAGEM DO MITO À FILOSOFIA
4.8 EMPÉDOCLES
Os argumentos colocados por Heráclito, Parmênides e Zenão impuseram
à filosofia ter que pensar a physis a partir de uma perspectiva metodologicamente
diferente daquela usada pelos primeiros naturalistas.
Em outros termos, a questão agora era ter que conciliar a ideia de que o ser
é, devido à sua permanente identidade, sempre igual a si mesma, mas também a
multiplicidade da experiência e a transformação das coisas. O primeiro a tentar
realizar esta conciliação foi Empédocles.
21
UNIDADE 1 | ORIGEM E ESPECIFICIDADE DA FILOSOFIA
• A ideia de que a distinção entre mito e filosofia possui certa nuance e é difícil
de determinar com clareza os seus limites.
23
AUTOATIVIDADE
24
UNIDADE 1
TÓPICO 2
1 INTRODUÇÃO
Perguntas como “O que é a filosofia?”, apesar de paradigmáticas, podem
ser respondidas de diferentes maneiras, sobretudo se olharmos para a história da
filosofia, que desde a sua origem tem gerado não uma, mas várias tradições que
ora dialogam entre si, ora se contrapõem.
2 O QUE É A FILOSOFIA?
Tentar responder à questão “O que é a filosofia?” não é uma tarefa fácil,
dada a particularidade desse saber e da própria questão. Ao longo da história,
este problema foi enfrentado por vários pensadores, e por isso temos um acervo
com incontáveis alternativas. Perspectivas e modelos que variam não apenas de
uma época longínqua para outra, mas entre filósofos que foram contemporâneos
entre si, o que nos adverte desde já a não presumir que só existe uma resposta
realmente válida.
25
UNIDADE 1 | ORIGEM E ESPECIFICIDADE DA FILOSOFIA
26
TÓPICO 2 | A SINGULARIDADE DO SABER FILOSÓFICO
UNI
DICAS
28
TÓPICO 2 | A SINGULARIDADE DO SABER FILOSÓFICO
29
UNIDADE 1 | ORIGEM E ESPECIFICIDADE DA FILOSOFIA
A ciência, por sua vez, embora também siga critérios rígidos, pautando-
se pela precisão e pela lógica, difere da filosofia por não ser um conhecimento
conceitual, e sim experimental. Ao realizar certos experimentos controlados, o
cientista observa e junta evidências empíricas que em um processo de análise
cuidadoso e lógico irão lhe fornecer um conjunto de conhecimentos. Estes
conhecimentos fornecerão ao cientista a possibilidade de afirmar ou rejeitar
as suas hipóteses (suas explicações preliminares) e, se estas hipóteses forem
confirmadas, isto significa que uma regra poderá ser criada, e disso uma teoria
científica.
DICAS
Sinopse:
Em 1794, um explorador no Ártico, ao tentar abrir caminho através do gelo encontra Victor
Frankenstein. Logo depois, os cães decidem atacar uma criatura, que os mata rapidamente.
Assim, Victor decide contar-lhe como tudo começou, quando ele foi estudar medicina em
Ingolstadt, deixando para trás sua noiva e levando consigo uma única obsessão: vencer a
morte. Na faculdade, ao discordar de um renomado mestre, acaba chamando a atenção
de outro, que revela seus experimentos em reanimar tecidos mortos. No entanto, este
pesquisador é assassinado e o culpado pelo crime enforcado, então Victor decide colocar o
genial cérebro do mestre no vigoroso corpo do assassino, mas as consequências de tal ato
seriam inimagináveis.
30
TÓPICO 2 | A SINGULARIDADE DO SABER FILOSÓFICO
31
UNIDADE 1 | ORIGEM E ESPECIFICIDADE DA FILOSOFIA
32
TÓPICO 2 | A SINGULARIDADE DO SABER FILOSÓFICO
33
UNIDADE 1 | ORIGEM E ESPECIFICIDADE DA FILOSOFIA
LEITURA COMPLEMENTAR
34
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico você estudou:
35
AUTOATIVIDADE
a) Conhecimento filosófico.
b) Conhecimento científico.
c) Conhecimento religioso.
d) Senso comum.
3 Com base nos relatos sobre a origem do termo “Filosofia”, faça um texto no
qual você expõe a sua concepção sobre este “amor pelo saber”.
36
UNIDADE 1
TÓPICO 3
1 INTRODUÇÃO
Este tópico pretende oferecer a você, caro(a) acadêmico(a), um panorama
geral dos principais campos de investigação que compõem a filosofia, como a
ética e a moral, a teoria do conhecimento, a lógica e a linguagem.
Há, porém, o fato de que a posição lado a lado da filosofia com estes termos
nem sempre foi pacífica, criando ao longo da história várias tensões, em que ora
os poderes políticos eram duramente criticados pelos filósofos, ora os filósofos
eram perseguidos e até mortos pelos poderes estabelecidos.
Talvez, por conta dessa tensão, seja melhor lidarmos com cada um desses
elementos a partir de sua especificidade, embora a sua separação seja um mero
artifício didático no qual nos apoiamos.
37
UNIDADE 1 | ORIGEM E ESPECIFICIDADE DA FILOSOFIA
DICAS
Como vimos, na Grécia antiga o surgimento da polis foi um dos fatores mais
cruciais para o enfraquecimento da religião, sobretudo enquanto meio capaz de
“determinar” a organização social. Este modelo político se tornou completamente
distinto em relação a outros povos, que se pautavam, por exemplo, por mandamentos
ou leis promulgados de maneira sobrenatural.
Vaz (1999, p. 13) observa alguns traços etimológicos da palavra ética que
fazem com que o termo possua duplo significado:
38
TÓPICO 3 | OS PRINCIPAIS CAMPOS DE INVESTIGAÇÃO FILOSÓFICA
Esta perspectiva trata dos hábitos aceitos e praticados por um grupo social
que se consolida em forma de regras e se desdobra em noções de bem e mal, justo
e injusto, virtude etc.
Compreender o que seria cada uma das noções éticas e como alcançá-las
para que a vida em sociedade vise ao bem, o que para Aristóteles (1996, p.120)
“não é nada mais do que a felicidade, é justamente o que especifica o campo de
atuação da ética”.
Aqui já temos algumas pistas para perceber que ética e moral possuem, ao
mesmo tempo, semelhanças e dessemelhanças. Por um lado, compreendida como
ethos, a ética seria o conjunto de costumes construídos e tradicionalmente aceitos
por uma determinada sociedade, algo que implica inventividade humana para
o melhor viver. Ora, etimologicamente, este sentido possui correlações diretas
com o termo “moral”, que, do latim mores, representa os costumes e valores que
delimitam as ações individuais como boas ou más, visando à vida em sociedade.
Por outro lado, o conjunto de valores que vão sendo construídos e aceitos
por um povo ou cultura ao longo de sua história nem sempre são perceptíveis,
na medida em que podemos agir de uma determinada forma sem refletir sobre
as suas causas. Pensemos, por exemplo, no fato de que a maior parte dos nossos
costumes já estava pronta antes de nascermos. Por isso, elementos morais nem
sempre se desdobram de reflexões éticas, ou seja, nem sempre são estabelecidos
pela ética.
A ética não cria a moral. Conquanto seja certo que toda moral supõe
determinados princípios, normas ou regras de comportamento, não
é a ética que os estabelece numa determinada comunidade. A ética
depara com uma experiência histórico-social no terreno da moral. Ou
seja, com uma série de práticas morais já em vigor e, partindo delas,
procura determinar a essência da moral, a natureza e a função dos
juízos morais, os critérios de justificação destes juízos e o princípio
que rege a mudança e a sucessão de diferentes sistemas morais
(VÁSQUEZ, 1989, p. 12).
39
UNIDADE 1 | ORIGEM E ESPECIFICIDADE DA FILOSOFIA
2.2 POLÍTICA
DICAS
Até meados do século VI a.C., Atenas era governada por uma tirania em
que, apesar de os cidadãos participarem de um conselho para deliberar sobre as
guerras, comércio, celebrações religiosas etc., a palavra final era determinada por
uma espécie de monarca.
40
TÓPICO 3 | OS PRINCIPAIS CAMPOS DE INVESTIGAÇÃO FILOSÓFICA
Como podemos notar, muitas dessas virtudes não podiam ser adquiridas
de forma hereditária, por isso acabaram se constituindo como um ideal de
formação humana a ser buscado através da educação (paideia). Com o advento da
filosofia, e mais particularmente com a filosofia socrática, este ideal se coadunou
com a ética do homem político, e a areté passou, então, a ser concebida como uma
qualidade voltada para o bem comum.
3 ESTÉTICA
DICAS
41
UNIDADE 1 | ORIGEM E ESPECIFICIDADE DA FILOSOFIA
42
TÓPICO 3 | OS PRINCIPAIS CAMPOS DE INVESTIGAÇÃO FILOSÓFICA
Com uma visão mais completa do ser humano, Schiller postula à educação
estética a possibilidade de um pleno desenvolvimento intelectual e sensível, sem
que um elemento se sobreponha ao outro. Assim, completo, o homem poderia se
considerar em um verdadeiro estado de liberdade.
43
UNIDADE 1 | ORIGEM E ESPECIFICIDADE DA FILOSOFIA
4 EPISTEMOLOGIA
A epistemologia é um campo da filosofia que adquire autonomia na
modernidade, mais especificamente a partir do século XVII. Trata-se de uma
teoria, ou estudo, cujo objetivo é problematizar o próprio conhecimento, isto é,
a possibilidade de conhecermos algo, o modo de conhecermos e os limites do
que podemos conhecer. Consequentemente, entre os elementos mais discutidos
se encontram a subjetividade humana (pois seria este o campo ou o fundamento
propriamente do conhecimento), a razão e a experiência.
44
TÓPICO 3 | OS PRINCIPAIS CAMPOS DE INVESTIGAÇÃO FILOSÓFICA
45
UNIDADE 1 | ORIGEM E ESPECIFICIDADE DA FILOSOFIA
Ao menos está em meu alcance suspender meu juízo. Eis por que
cuidarei zelosamente de não receber em minha crença nenhuma
falsidade, e prepararei tão bem meu espírito contra todas as artimanhas
desse grande enganador que, por poderoso e enganador que seja,
jamais poderá impor-me alguma coisa (DESCARTES, 1990, p. 255).
46
TÓPICO 3 | OS PRINCIPAIS CAMPOS DE INVESTIGAÇÃO FILOSÓFICA
47
UNIDADE 1 | ORIGEM E ESPECIFICIDADE DA FILOSOFIA
DICAS
48
TÓPICO 3 | OS PRINCIPAIS CAMPOS DE INVESTIGAÇÃO FILOSÓFICA
David Hume avança nesta mesma trilha, mas especifica alguns aspectos
do empirismo que vale a pena acompanharmos mais detidamente. Com apenas
26 anos, Hume já havia escrito uma obra monumental, o seu livro Tratado da
natureza humana, que por algumas razões ligadas ao estilo da obra, não alcançou
notoriedade na época, chegando a ser visto por Hume como um livro que “nasceu
morto” da gráfica.
Mesmo nos parecendo absurdo dizer que o sol não nascerá amanhã,
isto é algo perfeitamente possível, diferente de quando se trata de uma relação
entre ideias, em que dizer “círculo quadrado” se constitui como uma inegável
contradição.
49
UNIDADE 1 | ORIGEM E ESPECIFICIDADE DA FILOSOFIA
Avançando ainda mais, Hume dirá que isto só não é mais evidente por
causa da força do hábito, algo que ele considera ter um papel fundamental
em relação às questões de fato, pois é justamente o hábito que nos permite
operacionalizar a experiência e inferir certas coisas.
50
TÓPICO 3 | OS PRINCIPAIS CAMPOS DE INVESTIGAÇÃO FILOSÓFICA
5 LÓGICA E LINGUAGEM
Se nos dispusermos a realizar um discurso, visando a expor ou a defender
algo, veremos que será indispensável estabelecer a nossa argumentação seguindo
certos princípios, isto é, instrumentos que nos permitem organizar as ideias de
maneira coerente e sem tirar conclusões inadequadas de certas premissas.
Antes de tudo, é exatamente disso que se trata a lógica, definida por Salmon
(1971, p. 13), como um conjunto de “técnicas para a análise de argumentos, que
procura examinar as relações existentes entre uma conclusão e a evidência que
lhe serve de apoio”.
51
UNIDADE 1 | ORIGEM E ESPECIFICIDADE DA FILOSOFIA
Para Parmênides, o não ser não pode ser expresso, e isto implicará,
segundo os sofistas, o fato de que o discurso falso é impossível, pois, ou dizemos
algo verdadeiro, ou não dizemos absolutamente nada. Platão será obrigado a
rever estas concepções e com isso estabelecerá as bases para a lógica clássica,
posteriormente sistematizada por seu discípulo Aristóteles.
Hermógenes tem a sua tese sustentada pelo relativismo dos sofistas. Para
ele, os nomes são convencionados, e este convencionalismo é feito de duas formas:
ou é um acordo do indivíduo, ou um acordo estabelecido pela cidade. O problema
de concebermos esse tipo de convencionalismo é que teríamos a impossibilidade
de nomes falsos e, consequentemente, de todos os discursos falsos. Qualquer
52
TÓPICO 3 | OS PRINCIPAIS CAMPOS DE INVESTIGAÇÃO FILOSÓFICA
53
UNIDADE 1 | ORIGEM E ESPECIFICIDADE DA FILOSOFIA
Todo S é P
Algum S é P
Algum S não é P
Nenhum S é P
54
TÓPICO 3 | OS PRINCIPAIS CAMPOS DE INVESTIGAÇÃO FILOSÓFICA
55
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico você estudou que:
56
AUTOATIVIDADE
a) ( ) Racionalismo e empirismo.
b) ( ) Subjetivismo e pragmatismo.
c) ( ) Idealismo platônico e realismo aristotélico.
d) ( ) Romantismo e positivismo.
a) ( ) Sócrates e Platão.
b) ( ) Heráclito e Parmênides.
c) ( ) Platão e Aristóteles.
d) ( ) Sócrates e Protágoras.
57
58
UNIDADE 2
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir desta unidade você será capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No final de cada um deles, você
encontrará atividades que o(a) ajudarão a fixar os conhecimentos adquiridos.
59
60
UNIDADE 2
TÓPICO 1
1 INTRODUÇÃO
Este tópico propõe-se a apresentar a você, prezado(a) acadêmico(a), os
principais aspectos da filosofia clássica, o que implica determos não apenas no
pensamento de autores como Platão e Aristóteles, mas também na análise do
contexto particular de Atenas do século V e de alguns personagens centrais deste
período.
61
UNIDADE 2 | DO PERÍODO CLÁSSICO À FILOSOFIA ESCOLÁSTICA
UNI
E
IMPORTANT
Segundo Benoit (1996, p. 19), isto trouxe como implicação o fato de que:
62
TÓPICO 1 | O PERÍODO CLÁSSICO DA FILOSOFIA
UNI
63
UNIDADE 2 | DO PERÍODO CLÁSSICO À FILOSOFIA ESCOLÁSTICA
NOTA
Ora, para que isso realmente se efetivasse, era necessário que os homens
dominassem uma nova técnica em seus discursos e, conforme Giovanni Casertano
(2010, p. 17):
64
TÓPICO 1 | O PERÍODO CLÁSSICO DA FILOSOFIA
Atenas era uma das cidades-estados que mais demandava este tipo de
ensino, e como esse conteúdo estava voltado para um público extremamente rico,
era este tipo de audiência e remuneração a que os sofistas, enquanto profissionais,
visavam.
Ora, é exatamente este aspecto que irá ser tomado por seus inimigos
para depreciá-los. Algo que se consolidou ao longo da tradição e que só muito
recentemente passou a ser reconsiderado pelos historiadores como uma
perspectiva problemática ou inadequada.
DICAS
65
UNIDADE 2 | DO PERÍODO CLÁSSICO À FILOSOFIA ESCOLÁSTICA
É, por fim, por volta do século IV que a palavra adquire o caráter pejorativo
que até hoje pode ser encontrado em nossa linguagem, graças, principalmente, às
críticas de Platão e Aristóteles.
Este tipo de carga histórica não poderia ser desconsiderado, por isso
alguns aspectos dessa tradição estarão presentes tanto entre os sofistas quanto
em seus opositores, especialmente em Sócrates.
66
TÓPICO 1 | O PERÍODO CLÁSSICO DA FILOSOFIA
Esta característica levou à antítese entre phýsis e nómos, entre a ideia de leis
e costumes imutáveis e instaurados independente da ação humana (a phýsis), e a
concepção de que estas mesmas leis e costumes eram na verdade convencionados,
de acordo com as necessidades (nómos) de grupos sociais.
Um dos sofistas mais importantes e que mais exaltou essa característica foi
Protágoras de Abdera. Protágoras viveu no século V, e apesar de não termos acesso
completo à sua obra, pois restaram apenas alguns fragmentos e o testemunho de
pessoas que não eram tão favoráveis ao seu pensamento, podemos assegurar que
o mérito de sua filosofia foi o de corroborar a relatividade dos valores. Isto pode
ser observado mediante a sua célebre frase: “O homem é a medida de todas as
coisas” (PLATÃO, 1996, p. 152).
67
UNIDADE 2 | DO PERÍODO CLÁSSICO À FILOSOFIA ESCOLÁSTICA
A verdade não é algo que possa ser revelado por sábios ou profetas,
nem pode consistir nas tradições míticas transmitidas de geração em
geração; ela consiste, pelo contrário, numa relação dialética com os
fatos, com a realidade, que cada homem em particular instaura vez
por vez, segundo sua idade, suas disposições, sua situação histórica.
2.2 SÓCRATES
DICAS
De fato, tanto a vida quanto a morte de Sócrates, tal como narram os seus
contemporâneos, não se contradizem com o que ele propagou como filosofia.
Nascido em Atenas em 470 a.C., e condenado à morte em 399 a.C., Sócrates
desenvolveu a sua atividade filosófica durante o século V, testemunhando,
portanto, o apogeu e esplendor ateniense na economia, política, arte e filosofia.
68
TÓPICO 1 | O PERÍODO CLÁSSICO DA FILOSOFIA
NOTA
O filósofo não deixou nada escrito, não há nenhuma obra atribuída a ele. Tudo
o que sabemos a seu respeito ou foi escrito por seus discípulos ou por seus adversários.
O que temos, portanto, são os relatos sobre os principais feitos de Sócrates escritos por
seus contemporâneos, dois deles testemunhando a favor, Platão e Xenofonte, e um que o
ridiculariza e o vê como um sofista charlatão, Aristófanes.
Sócrates era membro de uma família bastante modesta, cujo pai, Sofronisco,
era um escultor, e a mãe, Fainarete, uma parteira. Era orgulhoso de sua origem
e manteve uma vida simples até a morte. Apesar dos modestos recursos que a
sua família dispunha, pôde adquirir a educação que tradicionalmente era dada
aos jovens atenienses, consistindo, fundamentalmente, de música, ginástica e
gramática.
69
UNIDADE 2 | DO PERÍODO CLÁSSICO À FILOSOFIA ESCOLÁSTICA
NOTA
Com isso, Sócrates entendeu que foi considerado sábio pelo oráculo
porque era o único que de fato reconhecia a própria ignorância, e não achava que
a opinião que possuía de algo fosse realmente a verdade.
Assim, Sócrates tomou por princípio que o seu dever enquanto filósofo
era o de demonstrar às pessoas o quanto elas desconheciam aquilo que julgavam
saber, levando-as a conhecerem a si mesmas, a superar os seus preconceitos e a
encontrar a verdade.
72
TÓPICO 1 | O PERÍODO CLÁSSICO DA FILOSOFIA
DICAS
Sinopse: Rossellini mostra o final da vida de Sócrates, em especial seu julgamento e sua
condenação à morte, com destaque para os célebres diálogos socráticos: “Apologia”, discurso
de defesa do filósofo; “Críton”, em que um dos seus discípulos tenta convencê-lo a fugir da
prisão; e “Fédon”, com seus últimos ensinamentos antes de tomar a cicuta.
73
UNIDADE 2 | DO PERÍODO CLÁSSICO À FILOSOFIA ESCOLÁSTICA
74
TÓPICO 1 | O PERÍODO CLÁSSICO DA FILOSOFIA
Para Platão, este mundo, cuja apreensão ocorre através dos sentidos, é
uma cópia imperfeita do mundo ideal. Ele se desgasta por tentar reproduzir
um brilho que em última instância só pode ser mantido indefinidamente pelas
formas eternas e imutáveis. Como veremos, estes elementos são continuamente
explorados nos diálogos platônicos, que através de metáforas ou analogias
comunica-nos toda a sua filosofia.
75
UNIDADE 2 | DO PERÍODO CLÁSSICO À FILOSOFIA ESCOLÁSTICA
DICAS
Para aprofundar mais os seus conhecimentos sobre a teoria das Ideias de Platão,
recomenda-se a leitura do Livro VII da República. PLATÃO. República. São Paulo: Nova
Cultural, 2004 (Coleção Os Pensadores).
76
TÓPICO 1 | O PERÍODO CLÁSSICO DA FILOSOFIA
A verdadeira realidade está para além das mudanças, é aquilo que sempre
permanece o mesmo, são as essências ou ideias, inteligíveis apenas através do
pensamento e não pelos sentidos.
Uma vez pintado este quadro, Sócrates pondera que os prisioneiros creem
que as sombras projetadas são como seres reais, e que se em algum momento as
pessoas que atravessam o muro falam, lhes parece que são as sombras que estão
conversando. Em suma, acreditam que elas constituem a verdadeira realidade.
77
UNIDADE 2 | DO PERÍODO CLÁSSICO À FILOSOFIA ESCOLÁSTICA
Esta parte final também nos mostra o que Platão entende como “missão”
político-pedagógica do filósofo. Expõe que há um movimento descendente a ser
considerado. Quando o prisioneiro se lembra do seu lugar de origem e de seus
companheiros, embora ele não deseje, pois está vivendo a partir de agora uma
vida verdadeira, ele deve voltar até a caverna para tentar libertá-los e mostrar a
distinção entre o que eles acreditam e a verdade.
78
TÓPICO 1 | O PERÍODO CLÁSSICO DA FILOSOFIA
Nestes termos, a dialética seria “um trabalho para concretizar um fim, forçando
um ser a realizar sua própria natureza” (CHAUÍ, 2002, p. 262).
DICAS
4 O SISTEMA ARISTOTÉLICO
DICAS
79
UNIDADE 2 | DO PERÍODO CLÁSSICO À FILOSOFIA ESCOLÁSTICA
Quando retornou para Atenas, por volta de 335 a.C., passou a seguir o seu
próprio caminho como filósofo, fundando uma escola, o Liceu, um local pouco
formal, onde os ensinamentos eram dados durante simples caminhadas. Ali,
Aristóteles começou a se contrapor a alguns dos elementos mais importantes da
filosofia platônica, sobretudo em relação à teoria das ideias.
80
TÓPICO 1 | O PERÍODO CLÁSSICO DA FILOSOFIA
Mais uma vez cabe notar que não se trata de excluir da filosofia aristotélica
os elementos metafísicos, muito pelo contrário, pois apesar de Aristóteles conceber
a análise empírica da realidade como primordial, postulou uma ciência primeira
em busca do universal.
81
UNIDADE 2 | DO PERÍODO CLÁSSICO À FILOSOFIA ESCOLÁSTICA
O termo “prático” aqui e a sua relação com estas obras significa que o seu
intuito é efetivar-se e transformar as ações humanas no sentido ético e político,
a partir de um bem superior, embora não no sentido platônico e relacionado às
realizações humanas. Para Barnes (2005, p.124):
82
TÓPICO 1 | O PERÍODO CLÁSSICO DA FILOSOFIA
83
UNIDADE 2 | DO PERÍODO CLÁSSICO À FILOSOFIA ESCOLÁSTICA
Por fim, a substância individual pode ainda ser dividida entre ato e
potência. Um ente pode permanecer apenas como algo potencial, ou então
efetivar-se, ser atual. Uma semente, por exemplo, contém apenas a possibilidade
de ser uma árvore, enquanto esta última já seria uma árvore em ato.
84
RESUMO DO TÓPICO 1
De acordo com o que foi estudado neste tópico, segue o resumo dos
assuntos abordados, para fixação dos conteúdos:
85
AUTOATIVIDADE
86
UNIDADE 2 TÓPICO 2
FILOSOFIA HELENISTA
1 INTRODUÇÃO
Este tópico pretende situar a influência da cultura grega após o reinado
de Alexandre Magno, e como o seu projeto imperialista foi capaz de marcar a
transição entre o período clássico da filosofia e o surgimento do helenismo. Este,
no âmbito filosófico, teve como consequência algumas mudanças extraordinárias,
em especial no que diz respeito ao objetivo da reflexão.
87
UNIDADE 2 | DO PERÍODO CLÁSSICO À FILOSOFIA ESCOLÁSTICA
Este amplo contexto, que vai do século IV a.C. ao século VI, além do contato
com diversas culturas e tradições, fará com que a filosofia clássica inevitavelmente
se transforme e o helenismo seja a explicitação desta tensão.
NOTA
DICAS
Sinopse: Século IV. No Egito, sob o poder do Império Romano, violentos confrontos sociais
e religiosos invadem as ruas de Alexandria… Presa entre paredes, sem poder sair da lendária
livraria da cidade, a brilhante astrônoma, Hypatia, com a ajuda dos seus discípulos, faz tudo
para salvar os documentos da sabedoria do Antigo Mundo… Entre os discípulos encontram-
se dois homens que disputam o seu coração: o inteligente e privilegiado Orestes e o jovem
Davus, escravo de Hypatia, dividido entre o amor secreto que nutre por ela e a liberdade que
poderá ter ao juntar-se à imparável vaga de cristãos.
89
UNIDADE 2 | DO PERÍODO CLÁSSICO À FILOSOFIA ESCOLÁSTICA
3 EPICURISMO
O epicurismo também floresceu em Atenas, no início do século III, e teve
origem com o filósofo Epicuro. Nascido em 341 a.C., na própria Atenas, Epicuro
mudou-se para Samos ainda quando criança. Retornou a Atenas com cerca de 18
anos e passou a dedicar-se à filosofia.
Epicuro ensinava que o principal bem e fonte de uma vida feliz é o prazer
e a ausência de dor e perturbação. Este prazer, todavia, deveria ser dosado
racionalmente. Práticas requintadas de alimentação ou vestuário, por exemplo,
iriam na contramão deste pressuposto, por isso a tradição nos mostra que:
90
TÓPICO 2 | FILOSOFIA HELENISTA
Este aspecto filosófico, porém, não é ponto principal dos epicuristas, que
dividiam a sua filosofia com a clássica tripartição: “lógica”, “física” e “ética”. Em
linhas gerais, a lógica buscava fundamentar os modos de reconhecimento da
verdade; a física, compreendida como uma visão total da realidade e a busca por
seus princípios, retomava, sobretudo, a filosofia pré-socrática dos atomistas; por
fim, teríamos a ética, um corolário de todos os pontos anteriores.
DICAS
91
UNIDADE 2 | DO PERÍODO CLÁSSICO À FILOSOFIA ESCOLÁSTICA
4 ESTOICISMO
O estoicismo foi fundado em Atenas em 300 a.C., por Zenão de Cítio (344-
262 a.C.). Zenão costumava ensinar aos seus discípulos andando de um lado para
outro no pórtico da cidade, por isso o termo “estoico”, que deriva da palavra stoa
poikile, “pórtico das pinturas”. A escola logo obteve grande aceitação do público,
sobretudo por promover algumas reflexões morais e exortar os jovens da cidade
a buscarem o bem viver.
Zenão compreendia que o progresso moral deve ser visto a partir da vida
em conformidade com a natureza, no sentido de que as riquezas ou prazeres
corporais não são vantajosos em si, antes, tendem a nos escravizar. Não se
importar com estes bens e viver apenas com o que é naturalmente necessário para
a sobrevivência é o que possibilitaria a felicidade e o bem viver.
Ainda sobre este aspecto, os sucessores de Zenão irão afirmar uma estreita
relação entre as nossas ações individuais com a própria natureza universal, no
sentido de que, “para ter uma conduta ética que assegure sua felicidade, suas
ações devem estar de acordo com os princípios naturais, com a harmonia do
cosmo, que dá equilíbrio a todo o universo, inclusive ao homem” (MARCONDES,
2010, p. 91).
92
TÓPICO 2 | FILOSOFIA HELENISTA
Laêrtios (2008, p. 190) narra que estes três elementos são ilustrados com
várias metáforas:
Os estoicos comparam a filosofia a um ser vivo, onde os ossos e os
nervos correspondem à lógica, as partes carnosas à ética e a alma
à física. Ou então comparam-na a um ovo: a casca a lógica, a parte
seguinte (a clara) à ética, e a parte central (a gema) à física. Ou
comparam ainda a um campo fértil: a cerca externa a lógica, os frutos
são a ética, e o solo ou as árvores são a física.
DICAS
93
UNIDADE 2 | DO PERÍODO CLÁSSICO À FILOSOFIA ESCOLÁSTICA
5 CETICISMO
De modo geral, o termo “cético” passou a se referir à dúvida em seu sentido
mais extremo. Na antiguidade, este aspecto certamente esteve presente desde os
primeiros filósofos clássicos, porém, durante o helenismo e enquanto filosofia,
o ceticismo alcançou novas dimensões, constituindo-se como uma tradição de
grande relevo para a história.
Pirro não fundou uma escola propriamente, e também não deixou nada
escrito. O que conhecemos de seu pensamento provém dos relatos de um seguidor,
Timon (325-235 a.C.), que se juntou a ele mais como um admirador, buscando um
modelo de vida para se espelhar. Além dos fragmentos de Timon, temos os textos
de Sexto Empírico, mas estes são textos posteriores, escritos no século II d.C., que
refletem a última fase do ceticismo antigo.
94
TÓPICO 2 | FILOSOFIA HELENISTA
95
UNIDADE 2 | DO PERÍODO CLÁSSICO À FILOSOFIA ESCOLÁSTICA
DICAS
6 O NEOPLATONISMO
O neoplatonismo pode ser caracterizado a partir da perspectiva de vários
pensadores que, a partir do século III, desenvolveram suas reflexões dialogando,
fundamentalmente, com a filosofia platônica. No neoplatonismo temos
abordagens que vão desde pensadores cristãos, cujo foco foi tentar transformar
a filosofia “pagã” em filosofia cristã, até o sistema filosófico de Plotino, que sem
dúvida é o maior expoente desta tradição, influenciando praticamente todos os
demais.
96
TÓPICO 2 | FILOSOFIA HELENISTA
Todos os seres são seres em virtude do Uno, tanto os que são seres
num sentido originário como aqueles dos quais se diz que num sentido
qualquer são contados entre os seres. Com efeito, o que poderia existir
se não houvesse unidade? (Enéadas VI, 9, 1. In: REALE, 2008, p. 42).
Todas as coisas provêm do Uno e devem retornar a ele, que é o grau máximo
de perfeição e antecede a toda multiplicidade. Uma metáfora bastante utilizada
por Plotino para explicar as suas ideias é a imagem do Sol e da luz. Segundo
Marcondes (2010, p.90), “os raios emanam do Sol, se irradiam, sem perda da fonte
de energia: trata-se de uma emanação difusa a partir de um centro intenso, de
uma fonte imóvel, e o enfraquecimento progressivo dessa luminosidade gera a
matéria que é o limite da emanação”.
97
UNIDADE 2 | DO PERÍODO CLÁSSICO À FILOSOFIA ESCOLÁSTICA
DICAS
98
RESUMO DO TÓPICO 2
De acordo com o que foi estudado neste tópico, segue o resumo dos
principais assuntos abordados:
99
AUTOATIVIDADE
100
UNIDADE 2 TÓPICO 3
1 INTRODUÇÃO
A filosofia medieval, às vezes, é cercada por elementos e preconcepções
que a tornam obscura e pouco inovadora em relação às produções anteriores.
Porém, caracterizá-la dessa maneira talvez não seja o mais adequado, pois se
trata de um período importante, com figuras representativas e que ajudaram a
constituir aquilo que chamamos de cultura ocidental.
2 A FILOSOFIA PATRÍSTICA
A patrística é composta pelos chamados “Pais da Igreja”, daí o termo
patrística, do latim, pater, que significa “pai”. O número de pensadores que a
compõem é bastante vasto, indo desde os primeiros apóstolos cristãos, como
Paulo, por exemplo, até os primeiros escolásticos do século VIII.
101
UNIDADE 2 | DO PERÍODO CLÁSSICO À FILOSOFIA ESCOLÁSTICA
NOTA
102
TÓPICO 3 | FILOSOFIA MEDIEVAL: PATRÍSTICA E ESCOLÁSTICA
103
UNIDADE 2 | DO PERÍODO CLÁSSICO À FILOSOFIA ESCOLÁSTICA
Suas obras contêm diferentes aspectos, mas quanto ao que nos interessa
neste tópico, também procurou estabelecer algumas críticas à filosofia grega,
refinando o seu teor e subscrevendo-a aos dogmas cristãos que começavam a se
formar naquele período.
104
TÓPICO 3 | FILOSOFIA MEDIEVAL: PATRÍSTICA E ESCOLÁSTICA
NOTA
2.3 ORÍGENES
Nascido por volta de 185, em Alexandria, Orígenes era filho de cristãos
– o próprio pai havia sido morto testemunhando a fé. Em Alexandria chegou a
frequentar os cursos do precursor do neoplatonismo, Amônio Sacas, além de se
tornar professor em uma escola. Também foi discípulo de Clementes e bastante
influenciado por ele.
2.4 TERTULIANO
Os apologistas anteriores constituíram a chamada patrística grega, e isso
explica as suas interlocuções mais diretas com a filosofia clássica ou helenista.
De modo geral, a patrística latina não segue o mesmo mote, ao menos não até
Agostinho, o grande expoente patrístico.
105
UNIDADE 2 | DO PERÍODO CLÁSSICO À FILOSOFIA ESCOLÁSTICA
Este período de reflexão por parte dos primeiros padres da Igreja se estende
até a consolidação do cristianismo como religião oficial do Império Romano, sob
o favorecimento de Constantino em 313. No ano de 325, com o chamado Concílio
de Niceia, as principais doutrinas do cristianismo são estabelecidas, fixando como
dogmas grande parte do que foi refletido durante as discussões apologéticas.
DICAS
106
TÓPICO 3 | FILOSOFIA MEDIEVAL: PATRÍSTICA E ESCOLÁSTICA
Se, por um lado, seu pai, de nome Patrício, era um homem que se deliciava
com os prazeres da vida de maneira frívola, por outro, sua mãe, Mônica, era uma
devota da fé cristã, nutrindo grandes expectativas em relação ao filho. De certa
forma, sua biografia nos mostra justamente a tensão entre essas duas influências.
De um lado, Agostinho era um jovem buscando saciar os seus desejos e, de outro,
aspirava desde muito cedo uma verdade que lhe fosse superior e pudesse lhe dar
sentido para a vida.
107
UNIDADE 2 | DO PERÍODO CLÁSSICO À FILOSOFIA ESCOLÁSTICA
Sua filosofia é tida como um caminho para uma vida feliz, chamada
também de beatitude, mas parte do pressuposto de que a fé e a razão devem se
conciliar, pois a felicidade de fato está apenas em Deus.
O núcleo em torno do qual gravitam todas as suas ideias é o conceito
de beatitude. O problema da felicidade constitui, para Agostinho, toda
a motivação do pensar filosófico. Uma das últimas obras que redigiu,
a Cidade de Deus, afirma que “o homem não tem razão para filosofar,
exceto para atingir a felicidade” (PESSANHA, 2004, p. 12).
DICAS
108
TÓPICO 3 | FILOSOFIA MEDIEVAL: PATRÍSTICA E ESCOLÁSTICA
2.6 BOÉCIO
Marcando o fim do período filosófico sob os ares de Roma e o início da
escolástica, Boécio (480-524) foi um pensador ligado à corte de Teodorico, um
rei bárbaro que ocupou o território da Itália. Boécio chegou a exercer funções
importantes politicamente – toda a sua formação o havia levado àquela posição.
Sua sorte, porém, logo mudou.
O texto narra a visita de uma dama em sua cela na prisão, uma figura que
é reconhecida por ele como a própria filosofia, e que lhe ensina como a Fortuna
acaba afastando as pessoas do verdadeiro bem, que é Deus, ao conceder a elas
fama, glória ou prazeres.
DICAS
Fortuna era a deusa romana da sorte, fosse ela boa ou má. Era representada com
os olhos vendados (pois distribuía a sua sorte aleatoriamente) e com um timão nas mãos,
indicando que a sorte é uma roda que quando girada eleva os que estão em baixo (com má
sorte) e os coloca em boa posição (boa sorte).
109
UNIDADE 2 | DO PERÍODO CLÁSSICO À FILOSOFIA ESCOLÁSTICA
DICAS
Além deste fato, a filosofia não era tomada como objeto de interesse
para os povos bárbaros e, portanto, a sua produção por parte destes povos foi
praticamente nula. A Igreja foi o único lugar neste contexto onde a cultura clássica
ainda podia ser preservada, embora selecionada a partir dos dogmas cristãos.
Com o desenvolvimento dos mosteiros, por exemplo, os trabalhos dos copistas
desempenharam um papel fundamental e quase que exclusivo de preservação
dos textos clássicos.
110
TÓPICO 3 | FILOSOFIA MEDIEVAL: PATRÍSTICA E ESCOLÁSTICA
111
UNIDADE 2 | DO PERÍODO CLÁSSICO À FILOSOFIA ESCOLÁSTICA
112
TÓPICO 3 | FILOSOFIA MEDIEVAL: PATRÍSTICA E ESCOLÁSTICA
Outra característica que faz com que o conhecimento deste período seja
tutelado pela Igreja é o fato de se desenvolverem a partir dos interesses teológicos.
Pois a escolástica tratava fundamentalmente de uma questão de método, isto é,
a verdade já estava definida, já havia sido revelada pelas Escrituras Sagradas,
restava apenas justificar, através da razão, as verdades da fé.
A partir dos séculos XII e XIII, os textos clássicos de Platão e Aristóteles não
são apenas lidos e comentados, em um sentido reprodutivista, mas ousadamente
criticados. Sobretudo, a antiguidade passa a ser confrontada com a doutrina cristã,
mas até mesmo em relação à Bíblia começa a haver um tipo de “afastamento”
por parte destes intelectuais que se apoiam na chamada tradição. É o período da
chamada quaestiones, que paulatinamente se transformou em quaestio disputata.
NOTA
113
UNIDADE 2 | DO PERÍODO CLÁSSICO À FILOSOFIA ESCOLÁSTICA
Por volta de 1243 seu pai faleceu e, em 1244, quando decidiu se ordenar,
encontrou forte resistência de sua família, em especial da mãe. Quando ele foi
mandado pelos dominicanos para se aperfeiçoar nos estudos em Paris, a mãe
enviou seus irmãos para capturá-lo.
114
TÓPICO 3 | FILOSOFIA MEDIEVAL: PATRÍSTICA E ESCOLÁSTICA
Sua filosofia é bastante ampla, mas podemos especificar pelo menos dois
elementos que são muito importantes em seu pensamento. O primeiro se volta
para uma conciliação entre saber e fé; e o segundo reflete de que maneira a razão
poderia estabelecer certos princípios sobre a existência de Deus.
115
UNIDADE 2 | DO PERÍODO CLÁSSICO À FILOSOFIA ESCOLÁSTICA
Isto não quer dizer, porém, que ambas as instâncias, razão e fé, estejam em
desacordo ou se contradigam. Tomás postula um argumento que é resumido por
Störig (2008, p. 218) da seguinte forma:
A verdade cristã é, por certo, suprarracional, mas não irracional.
A verdade só pode ser uma, pois ela remonta a Deus. Argumentos
levantados do ponto de vista racional contra a crença cristã
contradizem, obrigatoriamente, os mais elevados princípios de
pensamento da própria razão.
116
TÓPICO 3 | FILOSOFIA MEDIEVAL: PATRÍSTICA E ESCOLÁSTICA
O terceiro artigo, sobre o qual vamos nos deter neste momento, traz as
cinco vias que se relacionam e estabelecem certos elementos racionais e lógicos
para corroborar a prova da existência de Deus.
“(...) o que não é só passa a ser por intermédio de algo que já é”;
somente o que já existe é necessário e, “portanto, é necessário afirmar
a existência de algo necessário por si mesmo, que não encontra alhures
a causa de sua necessidade, mas que é causa da necessidade para os
outros: o que todos chamam Deus” (TOMÁS DE AQUINO, 2006, I II,
artigo 3).
117
UNIDADE 2 | DO PERÍODO CLÁSSICO À FILOSOFIA ESCOLÁSTICA
5) Por fim, a quinta via trata de um argumento teleológico ou da causa final das
coisas da natureza. Todas as coisas, segundo Tomás, seriam governadas por
uma ordem que as conduz para um fim que é bom. Isto não ocorre ao acaso,
mas em virtude de uma intenção, “ora, aquilo que não tem conhecimento não
tende a um fim, a não ser dirigido por algo que conhece e que é inteligente,
como a flecha pelo arqueiro” (TOMÁS DE AQUINO, 2006, I II, artigo 3).
Com isso, Tomás mostra que deve haver uma inteligência por trás das
coisas que as guia, estabelece um propósito para a natureza e faz com que o
universo tenda a um mesmo fim, “logo, existe algo inteligente pelo qual todas as
coisas naturais são ordenadas ao fim, e a isso nós chamamos Deus” (TOMÁS DE
AQUINO, 2006, I II, artigo 3).
4 O DECLÍNIO DA ESCOLÁSTICA
Se por um lado Tomás é visto como o auge da escolástica, por outro, a
partir dele o pensamento filosófico e teológico deste período começa a entrar em
profundo declínio.
118
TÓPICO 3 | FILOSOFIA MEDIEVAL: PATRÍSTICA E ESCOLÁSTICA
119
UNIDADE 2 | DO PERÍODO CLÁSSICO À FILOSOFIA ESCOLÁSTICA
LEITURA COMPLEMENTAR
DEUS EXISTE?
1) MOVIMENTO
2) CAUSALIDADE
120
TÓPICO 3 | FILOSOFIA MEDIEVAL: PATRÍSTICA E ESCOLÁSTICA
3) POSSÍVEL E NECESSÁRIO
As coisas podem ser e não ser. Todas as pessoas que conhecemos e nós
mesmos não existimos para sempre. As coisas nascem, se transformam e morrem.
Em outras palavras, somos seres contingentes.
Porém, isso nos leva a pensar que houve um momento em que nada
existia, um instante de puro nada, que os astrônomos, atualmente, localizam
antes do “Big Bang”, que deu origem a tudo que há no universo.
4) GRAUS DE PERFEIÇÃO
Conclui Tomás de Aquino: “Existe algo que é, para todos os outros entes,
causa de ser, de bondade e de toda a perfeição: nós o chamamos Deus”.
5) FINALIDADE
A quinta e última via trata dos seres que se movem em uma direção,
que possuem uma finalidade, o que é facilmente verificável na vida na Terra,
que progride rumo a maiores níveis de organização, desde simples bactérias até
modernas sociedades humanas.
121
RESUMO DO TÓPICO 3
De acordo com o que foi estudado neste tópico, segue um resumo dos
assuntos abordados:
• O pensamento clássico foi visto pela patrística de duas formas distintas: para
alguns ele era proveitoso e já explicitava algumas verdades que vieram a
se efetivar com a vida e obra de Cristo; para outros, a filosofia e a fé eram
incompatíveis.
122
AUTOATIVIDADE
a) ( ) Averróis e Avicena.
b) ( ) Boécio e Agostinho.
c) ( ) Agostinho e Tomás de Aquino.
d) ( ) Duns Escoto e Guilherme de Ocham.
123
124
UNIDADE 3
FILOSOFIA MODERNA E
CONTEMPORÂNEA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir desta unidade você será capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
A Unidade 3 está dividida em três tópicos e você terá a oportunidade de
fixar seus conhecimentos realizando as atividades disponibilizadas no final
de cada um deles.
125
126
UNIDADE 3
TÓPICO 1
FILOSOFIA MODERNA
1 INTRODUÇÃO
São inúmeros os elementos históricos e sociais que marcaram o fim
da Idade Média e o início da Modernidade, porém, alguns tópicos podem ser
explorados a fim de se distinguir os períodos e introduzir a perspectiva filosófica
que se inicia a partir dos séculos XVI e XVII.
127
UNIDADE 3 | FILOSOFIA MODERNA E CONTEMPORÂNEA
128
TÓPICO 1 | FILOSOFIA MODERNA
Com sua obra Sobre as revoluções das esferas celestes, Copérnico principiou
uma verdadeira revolução ao descentralizar a Terra e colocá-la em movimento.
Além disso, propôs um sistema, cujo centro era o Sol (heliocentrismo). Como
consequência, o homem perdia a sua centralidade na criação e deixava de ser
privilegiado. Tornou-se necessário repensar o seu lugar no universo, além de
repensar a ideia aristotélica que distinguia as leis físicas do céu e as da Terra (lei
supralunar perfeita e lei sublunar corruptível).
129
UNIDADE 3 | FILOSOFIA MODERNA E CONTEMPORÂNEA
130
TÓPICO 1 | FILOSOFIA MODERNA
3 A EPISTEMOLOGIA MODERNA
Nesta seção abordaremos os temas referentes à Epistemologia Moderna e
ao Empirismo Inglês.
131
UNIDADE 3 | FILOSOFIA MODERNA E CONTEMPORÂNEA
Essa tradição, desde muito cedo, foi criticada por ele, a ponto disto
se tornar motivo para acusações de heresias e de culminar em sua expulsão
da comunidade judaica. Além disso, Spinoza também sofreu influências da
escolástica e, principalmente, do sistema cartesiano, o qual desenvolveu um
comentário em uma de suas primeiras obras, “Os princípios da filosofia cartesiana
demonstrados segundo o método geométrico” (1663).
132
TÓPICO 1 | FILOSOFIA MODERNA
Uma vez que Descartes havia postulado uma cisão entre matéria e mente,
Spinoza irá se questionar sobre a possibilidade restante para estas duas instâncias
se relacionarem. Além disso, como compreender a ideia de uma “realidade total”,
ou de uma substância, cuja existência dependa apenas de si mesmo (ideia de
Natureza, Deus etc.)?
Spinoza propõe uma solução para esses problemas que começa pela
negação da premissa cartesiana de que existe uma distinção entre matéria e
mente. É desdobrando esta premissa que ele irá postular o seu teísmo, isto é, uma
compreensão estritamente filosófica de Deus, visto como um princípio metafísico.
Sabemos, dizia ele, pelas razões dadas por Descartes, que Deus existe
e é um ser infinito e perfeito. Mas, se é infinito, Deus não pode ter
fronteiras, não pode ter limites, pois se os tivesse seria finito. Assim,
não pode haver nada que Deus não seja. Não é possível, por exemplo,
acontecer de Deus ser uma entidade e o mundo outra bem diferente,
pois isso seria impor limites ao ser de Deus. Assim, Deus deve ser
coextensivo com tudo o que há (MAGEE, 2001, p. 92).
133
UNIDADE 3 | FILOSOFIA MODERNA E CONTEMPORÂNEA
infinitos atributos que irão, por sua vez, constituir o mundo e participar dessa
substância, “as coisas derivam necessariamente da essência de Deus, assim como
os teoremas procedem necessariamente da essência das figuras geométricas”
(REALE; ANTISERI, 2003, p. 415).
134
TÓPICO 1 | FILOSOFIA MODERNA
Assim, ao criticar as ideias inatas, Locke (2005) expõe que a mente é como
uma folha em branco, sendo gradualmente preenchida ao longo do tempo e
através da experiência. A estes conteúdos concede o nome de ideias, entendidas
como uma representação do objeto pensado através da mente humana. Com isso,
fundamenta a tese de que a experiência é a única fonte para o conhecimento.
No âmbito político, Locke assume uma postura que de certa forma advém
como uma consequência de suas reflexões epistemológicas.
135
UNIDADE 3 | FILOSOFIA MODERNA E CONTEMPORÂNEA
4 A MODERNIDADE E A POLÍTICA
Caro(a) acadêmico(a)! Nesta seção abordaremos os seguintes temas:
Maquiavel, Hobbes e o contrato social e Rousseau e o estado de natureza.
4.1 MAQUIAVEL
Ao considerarmos as influências do empirismo inglês sobre a política,
deixamos de considerar como surge a nova perspectiva pela qual o homem passa
a pensá-la. De algum modo, as reflexões que se seguem ao longo da modernidade
têm o seu ancoradouro em Maquiavel (1469-1527).
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TÓPICO 1 | FILOSOFIA MODERNA
Visto dessa forma, tanto o governo, quanto as leis criadas por este, são
historicamente datados. A lei surge como imposição para sanar os conflitos
inerentes a quaisquer grupos sociais, visto que os homens agem segundo seus
interesses e que disso resultam dois aspectos fundamentais entre os grupos. “Pois
em todas as cidades há estas duas conotações diferentes e disso nasce que o povo
não quer ser nem comandado nem oprimido pelos nobres, e os nobres querem
comandar e oprimir o povo” (MAQUIAVEL, 2007, p. 49).
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governante, que dispõe de virtude para essa função, é aquele que vê nos conflitos
a possibilidade de agir e determinar os rumos de seu governo. Além disso, caso
este venha a falhar, a guerra civil será inevitável, o que implica em ruína da cidade
ou do Estado.
Para ele, porém, boas leis só podem ser estabelecidas a partir de um bom
exército, “não pode haver boas leis onde não há um bom exército” (MAQUIAVEL,
2007, p. 61). Isto porque o exército é o meio pelo qual o Príncipe coage os seus
súditos a obedecerem às leis e a viverem sob a ordem imposta por ele. O exército,
ou a força, portanto, é um fator político essencial, permitindo ao governante as
bases concretas para agir politicamente, isto é, estabelecendo as regras, leis e
interesses de seu governo.
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DICAS
NOTA
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NOTA
NOTA
NOTA
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NOTA
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TÓPICO 1 | FILOSOFIA MODERNA
espécies de ações não previstas pelas leis os homens têm a liberdade de fazer o
que a razão de cada um sugerir como o mais razoável a seus interesses” (HOBBES,
1979, p. 130).
Outro ponto é que são livres quanto ao que o soberano permitiu realizarem,
ou seja, em relação à compra e venda (todos os contratos são legitimados apenas
pelo Estado), o lugar de habitação, a profissão, os afazeres, a educação etc., no
sentido de que a liberdade que resta aos súditos é a liberdade determinada pelo
Estado, único capaz de limitá-los.
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Se o homem é bom por natureza, num estado natural basta apenas seguir
os seus instintos, por isso a liberdade é o maior valor neste momento, e não o
conhecimento ou a arte. A sociedade, portanto, com suas normas de conduta,
tolhe a liberdade natural do homem, priva-o do seu maior bem.
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TÓPICO 1 | FILOSOFIA MODERNA
Esta forma de governo que se postula como válida só pode ser estabelecida
mediante o consenso, através do contrato. Assim, a base para o governo de direito
está no contrato social e são as convenções que fundamentam uma autoridade
legítima (ROUSSEAU, 1991, p. 61).
Ora, cabe ainda a questão: por que estabelecer o governo? Por que
submeter? Rousseau não vê no consenso um meio para fundamentar uma
autoridade por si mesmo, mas como único meio para garantir que a vida em
sociedade seja possível.
5 TRADIÇÃO ILUMINISTA
Como vimos, Rousseau já está com um pé à porta do Iluminismo e reflete
em seus pensamentos muitas das características desse novo período, que, mais
do que um sistema filosófico, ganhou tamanha dimensão cultural que se tornou
um movimento espiritual do século XVIII. Segundo Marcondes (2010, p. 206), o
Iluminismo, ou século das luzes:
Seu mote principal era a crença nos poderes ilimitados da razão, a qual
os pensadores iluministas acreditavam ser o elemento capaz de fazer com que as
trevas da ignorância e das limitações humanas desaparecessem definitivamente.
Para eles, se há algo capaz de fazer a humanidade realizar-se plenamente, este
elemento é a razão.
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TÓPICO 1 | FILOSOFIA MODERNA
NOTA
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Sua formação sofre desta influência, e desde cedo pode gozar da presença
de escritores e filósofos do período. Ao alcançar grande erudição, foi reconhecido
por estes mesmos pensadores como digno de nota. Sua produção intelectual foi
bastante ampla também, passando do romance à ciência, da religião à política.
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TÓPICO 1 | FILOSOFIA MODERNA
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A filosofia que Kant pensa, portanto, é uma filosofia que pensa o seu
próprio tempo, seu rumo e sua história. Conclui que a Alemanha está em via de
esclarecer-se, em processo, e por isso é necessário estabelecer estas considerações
e evitar certos erros.
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TÓPICO 1 | FILOSOFIA MODERNA
Para eles, a razão, vista sob a perspectiva do kantismo, pende apenas para
o seu lado crítico, negativo, mas ela é muito mais do que isso. A crítica seria apenas
um caminho preparatório, é necessário estabelecer um saber, construir algo.
NOTA
O texto em que Hegel expõe estas ideias, e que talvez seja a sua obra
mais importante, é a Fenomenologia do espírito, escrita em 1807. Neste texto o seu
sistema está todo delineado e traz como objetivo principal compreender as etapas
pelas quais estas transformações históricas se dão e como elas se entrelaçam com
a trajetória da consciência que apreende a si mesma e que irá se reencontrar na
totalidade, algo que abarca tanto o sujeito como o objeto. Sobre este ponto da
Fenomenologia, Marcondes (2010, p. 224) dirá que este trabalho:
Mostra como a consciência é formada igualmente pelo modo como
o homem interage com a natureza e a considera como objeto do
qual pode extrair os meios de sua subsistência. A linguagem, i.e.,
os sistemas de representação, as relações simbólicas, revela como a
síntese do múltiplo de nossa experiência sensível depende do emprego
de símbolos que nós próprios produzimos. Assim, a identidade da
consciência que nomeia e dessa forma identifica os objetos não pode
ser anterior ao processo de conhecimento, como, segundo Hegel,
pensava Kant.
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UNIDADE 3 | FILOSOFIA MODERNA E CONTEMPORÂNEA
Ocorre que para Hegel esta reflexão é algo que se dá após as ações efetivas
do espírito ao longo da história, depois que todo o trajeto do espírito é trilhado
é que podemos considerar teoricamente a sua jornada. Por isso a Fenomenologia é
uma obra retrospectiva, que lança seu olhar para a realidade histórica, a apreender
o seu sentido.
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TÓPICO 1 | FILOSOFIA MODERNA
O próprio Marx diz que seu objetivo é inverter o homem de Hegel, que
tem os pés na terra e a cabeça nas nuvens, mostrando que sua cabeça,
i.e., que suas ideias são determinadas pela “terra”, ou seja, pelas
condições materiais de sua vida. A consciência que é considerada livre
e autodeterminada passa a ser vista como condicionada pelo trabalho
(MARCONDES, 2010, p. 233).
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RESUMO DO TÓPICO 1
De acordo com o que foi estudado neste tópico, segue o resumo dos
assuntos abordados para fixação dos conteúdos:
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• Com Hegel a filosofia da história passa a ter preponderância nas reflexões. É
um dos mais influentes críticos da tradição, incluindo Kant.
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AUTOATIVIDADE
( ) Rousseau e Kant.
( ) Marx e Nietzsche.
( ) Hegel e Spinoza.
( ) Descartes e Spinoza.
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TÓPICO 2
FILOSOFIA CONTEMPORÂNEA
1 INTRODUÇÃO
Com todas as considerações propostas pelo idealismo, romantismo, Hegel,
Marx e Nietzsche, a modernidade e seu espírito racionalista entram em profunda
crise. Estes elementos terão grande destaque nas filosofias contemporâneas
também, cada qual à sua maneira.
2 FILOSOFIA ANALÍTICA
A filosofia analítica se desenvolveu no início do século XX, em especial na
Inglaterra. Ganhou notoriedade com o filósofo Bertrand Russell, que apesar de
tratar de temas ligados à lógica e à matemática, expunha suas ideias de maneira
acessível ao grande público.
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UNIDADE 3 | FILOSOFIA MODERNA E CONTEMPORÂNEA
3 FENOMENOLOGIA
A fenomenologia é melhor definida como um “método”, mas também
alcançou a dimensão de movimento filosófico durante o século XX, em especial
na França. Foi inaugurada pelo filósofo moraviano Edmund Husserl (1859-1938),
professor na universidade alemã de Freiburg entre 1916-1928.
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TÓPICO 2 | FILOSOFIA CONTEMPORÂNEA
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UNIDADE 3 | FILOSOFIA MODERNA E CONTEMPORÂNEA
Ao trilhar sua carreira sob a égide daquilo que definiu como filosofia,
isto é, o anseio constante em reaprender a ver o mundo, a recusa em aceitar
as cristalizações de sistemas filosóficos como instâncias intocáveis, não apenas
concedeu ao ambiente filosófico novo vigor, mas também ajudou a distinguir
com a própria vida de Ponty as qualidades essenciais para o exercício filosófico.
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TÓPICO 2 | FILOSOFIA CONTEMPORÂNEA
4 EXISTENCIALISMO
O existencialismo se expressa de várias formas, em especial na literatura
e na filosofia. Sobre a literatura, Albert Camus (1913-1960) é talvez o seu maior
nome. Diante de uma realidade que ele julgava sem propósitos, e diante do fato
de os homens insistirem que a vida tenha um sentido, Camus cunhou o conceito
de “absurdo” para descrever esta situação.
Sob sua ótica, exigir algo assim é esperar o improvável. Como consequência,
desdobra-se um problema fundamental das reflexões existenciais: de que vale
viver?
Sua obra filosófica mais importante é O Ser e o Nada, escrita em 1943, logo
depois de ser solto pelo exército alemão que ocupava Paris naquele período.
Com uma conferência intitulada Existencialismo e humanismo, a perspectiva
existencialista se tornou uma das mais importantes do pós-guerra.
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UNIDADE 3 | FILOSOFIA MODERNA E CONTEMPORÂNEA
Concluindo esta mesma lógica, Sartre também mostra que se Deus não
existe, não temos valores absolutos capazes de legitimar nossas condutas. Assim,
5 A ESCOLA DE FRANKFURT
A escola de Frankfurt desenvolveu o que ficou conhecido em filosofia
como Teoria Crítica da Sociedade. Nasceu entre as investigações do Instituto de
pesquisa social, fundado em Frankfurt no início da década de 1920. Seus principais
representantes foram Adorno, Horkheimer e Benjamin.
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TÓPICO 2 | FILOSOFIA CONTEMPORÂNEA
Por sua vez, caberia às ciências sociais apreender o todo deste processo,
interpretá-lo de maneira crítica e postular uma compreensão da sociedade,
visando a sua emancipação dessas estruturas, “possibilitando a libertação
do homem da dominação técnica e sua realização enquanto ser social”
(MARCONDES, 2010, p. 269).
A primeira ressalva a ser feita é sobre o próprio título. Não se trata de uma
análise circunscrita ao movimento das luzes que entusiasmou toda a Europa, mas
de um processo muito mais amplo de racionalização do mundo e de controle
sobre ele, como os autores assinalam já no começo da obra:
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UNIDADE 3 | FILOSOFIA MODERNA E CONTEMPORÂNEA
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RESUMO DO TÓPICO 2
De acordo com o que foi estudado neste tópico, segue o resumo dos
assuntos abordados, para fixação dos conteúdos:
• A fenomenologia teve como fundador o filósofo Husserl. Seu lema era “voltar
às coisas mesmas” através de uma redução fenomenológica que suspendia
todas as pré-concepções sobre o objeto analisado.
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AUTOATIVIDADE
( ) Idealismo e realismo.
( ) Racionalismo e empirismo.
( ) Filosofia analítica e fenomenologia.
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UNIDADE 3
TÓPICO 3
FILOSOFIA NO BRASIL
1 INTRODUÇÃO
Esperamos com este tópico conduzir você, caro(a) acadêmico(a), a uma
visão contextualizada da influência do pensamento jesuíta e do positivismo sobre
o desenvolvimento filosófico brasileiro, explicitando as tensões de um processo
histórico e social bastante conturbado, que culminou na assimilação da filosofia
moderna a partir do século XIX.
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UNIDADE 3 | FILOSOFIA MODERNA E CONTEMPORÂNEA
Assim sendo, não apenas em Portugal, mas também aqui, se difundia que
o conhecimento era algo cerceado pela Teologia e pelo dogma católico, visando
muito mais a difusão de certas doutrinas.
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TÓPICO 3 | FILOSOFIA NO BRASIL
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UNIDADE 3 | FILOSOFIA MODERNA E CONTEMPORÂNEA
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TÓPICO 3 | FILOSOFIA NO BRASIL
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UNIDADE 3 | FILOSOFIA MODERNA E CONTEMPORÂNEA
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TÓPICO 3 | FILOSOFIA NO BRASIL
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UNIDADE 3 | FILOSOFIA MODERNA E CONTEMPORÂNEA
A oposição feita por Freire, assim como a de Dussel, envolve uma gama de
relações temáticas, como: a opressão socioeconômica, a história de colonialismo,
a cultura de massa e destituição de uma cultura autêntica, a ética segundo o
mercado e a “coisificação” do outro, o autoritarismo, a falta de diálogo, a teoria
e a prática bancária de ensino e o neoliberalismo; elementos que requerem cada
vez mais uma sólida reflexão a fim de construirmos uma proposta de educação
autônoma.
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TÓPICO 3 | FILOSOFIA NO BRASIL
LEITURA COMPLEMENTAR
FILOSOFIA CONTEMPORÂNEA
A mais notável e radical reação contra o sistema de Hegel é feita por Marx,
pelo marxismo. O marxismo, entroncado originalmente na esquerda hegeliana,
distingue e separa o sistema hegeliano (idealista) do método dialético. Aceitando
e transformando este último, a filosofia marxista “inverte” o sistema de Hegel,
propondo uma visão dialética-materialista da consciência, da sociedade e da
história.
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UNIDADE 3 | FILOSOFIA MODERNA E CONTEMPORÂNEA
PROGRESSO DESCONTÍNUO
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TÓPICO 3 | FILOSOFIA NO BRASIL
CIÊNCIA E TÉCNICA
TRIUNFO DA RAZÃO
TEORIA CRÍTICA
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UNIDADE 3 | FILOSOFIA MODERNA E CONTEMPORÂNEA
EXISTENCIALISMO
FENOMENOLOGIA
FILOSOFIA ANALÍTICA
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RESUMO DO TÓPICO 3
De acordo com o que foi estudado neste tópico, segue o resumo dos
assuntos abordados, para fixação dos conteúdos:
• Este tipo de cientificismo faz com que a perspectiva crítica da filosofia perca
lugar para a reprodução técnica.
• Estas críticas se refletem no Brasil, o que pode ser exemplificado com a proposta
pedagógica de Paulo Freire.
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AUTOATIVIDADE
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ANOTAÇÕES
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