Sei sulla pagina 1di 8

COMUNICAÇÃO E EDUCAÇÃO 353

Por dentro do filme – o cinema na sala de aula


Graça Lobo1

Pressupostos retóricos da linguagem visual».2 Depois, diria


eu, “alfabetizadora” no sentido de um “de-
Importa compreender o olhar; importa sacordo de significações”, no que esta ex-
estudar as imagens; importa ensinar o olhar pressão encerra de questionamento, espírito
sobre as imagens, sobretudo se pensarmos crítico e individuação de perspectivas.
na sedução das estratégias de manipulação Se bem que a Escola tenha cada vez maior
do pensamento hoje amplamente associadas percepção de que o “curriculum paralelo” do
aos mass media, desde os dispositivos aluno passa hoje pela imagem (sobretudo
televisivos aos mecanismos da publicidade televisiva), e se bem que existam alguns
ou aos constrangimentos intelectuais de um esforços ao nível da pedagogia dos media,
certo tipo de cinema. A injecção de imagens de uma maneira geral não existem espaços
por segundo em “video-clips”, a profusão de curriculares onde se interroguem as imagens,
painéis publicitários na paisagem humana, o que informações elas veiculam e, principal-
“voyeurismo” instilado em certos “reality- mente, como veiculam elas essas informa-
shows”, a embriaguez de efeitos especiais que ções (“como” que determina o próprio
se torna sinónimo de espectáculo cinemato- conteúdo das informações transmitidas),
gráfico, constituem meros exemplos particularmente no que respeita aos filmes
referenciáveis num imenso conjunto de ca- enquanto corpos de imagens portadoras de
sos. À inflexão civilizacional que constituiu sentido (gramatical, mas igualmente artísti-
a substituição do primado da leitura pelo da co), sejam eles difundidos ou projectados.
imagem correspondeu necessariamente uma Cada objecto fílmico é um microcosmos
outra maneira de o homem se relacionar com no qual toda a história da imagem se com-
o mundo. prime, pelo que para que o olhar se possa
Ora, “viver para ver” - se “ver” for “sem distender a partir dele terá sido necessária
olhar” e se “olhar” for “sem reparar”, como uma aprendizagem prévia específica.
é próprio da indiferenciação que os media Assim, dividirei as possibilidades da
por definição estimulam -, é manifestação de utilização do cinema na escola em três
pensamento domesticado e de inteligência grandes domínios: ensinar com o cinema (o
omissa, pois se as imagens não forem filme como simples ilustrador informativo,
desconstruídas no momento da sua apreen- como, por exemplo, enquanto documento
são serão unicamente acumuladas, e não social ou histórico), ensinar pelo cinema (o
apreendidas, perdendo-se a possibilidade da filme elaborado com propósitos pedagógicos,
memória, sem a qual não há matéria para como é o caso de muitos documentários de
discorrer, e a oportunidade da aprendizagem, criação) e, o que me ocupa aqui, ensinar o
pela qual o indivíduo se transforma em cinema (o filme como resultado de uma
pessoa. linguagem e história específicas).
Desta maneira, poderemos e deveremos Ora, tal aprendizagem exige formação
ter legítimas expectativas sobre o papel da para a imagem em geral e para a imagem
escola enquanto efectiva “alfabetizadora”. cinematográfica em particular («preparar al
Antes de mais, “alfabetizadora” no sentido público al máximo a fin de que su recepción
de tentar garantir um “acordo de significa- de mensajes se haga en las mejores
ções”, fornecendo informação sobre o estudo condiciones de aprovechamiento y en una
«dos mecanismos perceptivos apoiados na posición crítica que desmantele en lo posible
visão, das regras de composição das imagens, el resultado de la invasión audiovisual en la
das possibilidades semânticas e dos artifícios que vivimos»3), o que implica que é ao nível
354 ACTAS DO III SOPCOM, VI LUSOCOM e II IBÉRICO – Volume IV

da formação de professores que primeiro se por outro lado, pela normalização -


deve e tem que insistir: consequência da “globalização mediática” -
Tal formação será o primeiro passo para do olhar, cercado e manipulado por um
combater o actual alheamento - ou aprovei- único tipo de construção narrativo-dramá-
tamento, que é uma outra forma de tica e uma especial maneira de encenar tal
alheamento - da escola em relação ao cine- construção. Olhar que, inevitavelmente,
ma, que se, desde logo, me parece porque conduzido por generalizações e
preocupante ao nível da formação global do estereótipos, está afastado da diversidade e
indivíduo (se pensarmos, nomeadamente, que da reflexão crítica, da multiplicidade e da
outras artes são objecto de estudo sistemá- atitude problematizadora, em suma, olhar
tico), mais grave é se se considerar que “ver que está arredado do pensamento. O apelo
filmes” é um hábito relativamente comum à sedutor das imagens em movimento é o
população escolar (neste caso, professores e melhor veículo para a manipulação dos
alunos). Fornecer os meios aos docentes para indivíduos, tornados acríticos e com piores
que acedam conscientemente aos filmes é o qualificações para a cidadania. Na Lei de
passo necessário para que eles passem da Bases do Sistema Educativo assume-se como
instrumentalização do cinema à compreen- finalidade primeira a educação para um
são da sua especificidade e importância, o pleno exercício da cidadania, então deverá
que por sua vez será a etapa imprescindível ser a escola a assumir o papel, sobretudo
para que os alunos se relacionem progres- ao nível da escolaridade obrigatória, de
sivamente com um maior grau de domínio reverter e inverter uma realidade tão
e espírito crítico para com os produtos que unidimensional. Um programa consequente
visionam, dada a orientação que o docente e em continuidade pode e deve ajudar a
imprime no momento de tal contacto, pre- “limpar o olhar”, promovendo o
viamente a ele ou logo após ele. visionamento de filmes de diversas prove-
Só assim, e numa fase posterior, se poderá niências e estilos, levando ao conhecimento
ensaiar a formação dos próprios alunos, cujo e análise da imagem, provocando o debate
panorama actual, a esse nível, revela profun- no sentido crítico, fomentando a sensibili-
das deficiências, tanto ao nível de aquilo que dade e a criatividade, alargando horizontes
os alunos consomem quanto ao nível de como e investindo progressivamente no aluno
consomem eles o que vêem. enquanto futuro cidadão do mundo.
De um estudo levado a cabo na região Em síntese, «Trabajar con los alumnos
do Algarve em 1997/98 num universo de la estructuración lógico-explicativa, la
30 escolas retiraram-se algumas importantes atención, las capacidades críticas y reflexi-
ilações, tais como a de que a ausência vas, la construción de valores y actitudes a
curricular do cinema na escola é determinante partir del análisis de ficciones audiovisuales.»,
no que se refere, pelo menos, à aquisição como afirmou Pilar Aguilar4.
de conhecimentos básicos sobre a 7ª Arte ou Donde e em conclusão, para que a real
sobre a diferença que o suporte e as con- comunicação se estabeleça, não só necessi-
dições de visionamento têm no acesso a ela, tamos de receptores providos dos instrumen-
a de que as lacunas culturais do meio fa- tos e dos dispositivos necessários à
miliar são determinantes no modo como o descodificação e interpretação do que vêem,
cinema é encarado ou de que a visão está mas igualmente precisamos de oferecer a tais
maioritariamente condicionada por um único receptores o produto na sua versão original
modelo cinematográfico. e nas condições técnicas ideais – sala do
Há um consumo generalizado de produ- cinema.
tos massificados nos quais, mesmo que se Aliás, até no estrito ponto de vista pe-
não coloque em causa a qualidade das dagógico é útil (dado o carácter do cinema
imagens, poder-se-á questionar a qualidade enquanto espectáculo integrado na “cultura
das mensagens e, mais do que isso, dos quais de saída”, para adoptar a expressão de Pereira
se poderá legitimamente questionar a qua- Marques5) colocar os alunos em situação “fora
lidade da recepção: por um lado, pela de portas” da escola, já que tal constitui um
elucidante realidade do exemplo que citei, trunfo para uma presumível aprendizagem.
COMUNICAÇÃO E EDUCAÇÃO 355

Oferecer cinema como factor de entreteni- 1. a globalização mediática traduz-se


mento e como motivo de aproximação ao numa uniformização de gostos e modos de
objecto em estudo é potenciar o êxito de tal ver;
iniciativa, sendo que por “aproximação ao 2. o predomínio de filmes norte-ameri-
objecto em estudo” se deverá entender ape- canos nas salas de cinema estreita e deforma
lar à justa compreensão do que seja um filme a visão do cinema pelo espectador;
e do que o cinema envolve: a concentração 3. as regras de mercado cinematográfico
devida ao filme, num processo individual inviabilizam a construção de uma memória
entre ecrã e espectador e na comunhão mais cinematográfica;
alargada com o “colectivo” de espectadores 4. a estrutura do mercado mediático
da sala; a construção de mitos e o reencontro indiferencia as características específicas - e
com o imaginário e o simbólico (cinema a recepção respectiva - de cada suporte
enquanto conjunto de modelos de referência possível para o cinema (sala, televisão e
que estimulam processos de identificação, video);
distintos daqueles que a televisão fornece); 5. a ausência do cinema ao nível curricular
a recomposição do pensamento, do discursivo não é sequer compensada com acções que
ao intuitivo e vice-versa. possam tentar inverter os prejuízos que daí
Para se aceder à arte do cinema deve- decorrem na formação dos alunos e na sua
remos, então, deslocarmo-nos até ao local preparação para descodificar o mundo
original da sua projecção, providos já com mediático no qual estão imersos;
uma formação que nos permita que tal 6. a ausência do cinema ao nível da
encontro não seja um mero piscar-de-olhos formação dos professores compromete a
ou, ao invés, conscientes de que, a maior hipótese de que ele possa ser conveniente-
parte das vezes, os momentos que julgára- mente abordado na relação “ensino-aprendi-
zagem”.
mos de encontro não foram mais do que
7. o parque de salas no Algarve penaliza
piscar-de-olhos. Quero dizer que a forma-
fortemente grande parte dos seus habitantes
ção deve ser, para os professores, prévia,
e reforça o isolamento sócio-cultural dos
e para os alunos, posterior, no sentido em
concelhos periféricos da região.
que é mais facilmente entendível um con-
Este conjunto de problemas levou a um
teúdo, neste contexto, ao qual se possa
conjunto de hipóteses de trabalho na pers-
associar uma imagem já vista, do que a
pectiva de intervir nesta situação:
situação oposta. Porque ver não é saber, não
1. Aproveitando o refluxo dos especta-
basta ver o filme para o apreender. Assim,
dores jovens ao cinema e o aumento do
após o visionamento há que retomar a sala parque de salas no Algarve, potencializar o
de aula, para que, numa situação mais contacto directo com o cinema no seu local
próxima, os alunos possam vir a aprender original de projecção;
cinema com o filme a que assistiram. Diria 2. Apostando nas consequências a médio
antes: para que os alunos possam vir a e longo prazo da criação do hábito cultural
aprender que o filme que viram é cinema. da ida ao cinema, envolver as empresas de
Para que o olhar passe, provável e distribuição e exibição na potencialização de
tendencialmente, a ser inteligente - e a tal contacto directo
procurar no cinema um interlocutor igual- 3. Reconhecendo a vulgarização do su-
mente inteligente. porte video, dela retirar benefícios enquanto
meio facilitador da aprendizagem do cinema;
O Programa JCE/Juventude-Cinema-Escola 4. Fornecendo a formação necessária,
tanto ao pessoal docente como aos alunos,
Em 1997, analisada a situação do cinema ensaiar uma intervenção mais lata no campo
na região do Algarve e após o tratamento da recepção do cinema:
dos resultados do referido inquérito a 30 4.1. efectuando acções pontuais de carác-
escolas básicas e secundárias, que agora se ter extra-curricular;
detalha, detectou-se o seguinte conjunto de 4.2. elaborando um programa sistemático
problemas: de acção tendencialmente curricular.
356 ACTAS DO III SOPCOM, VI LUSOCOM e II IBÉRICO – Volume IV

Objectivos do Programa JCE Evidentemente que a operacionalização


dos conceitos contidos nestes objectivos são
O grande objectivo deste Programa é desenvolvidos ao longo de um programa em
formar um novo público para o cinema. Este continuidade, partindo do mais genérico para
objectivo divide-se em objectivos específi- o mais particular, do mais simples para o mais
cos de curto, médio e longo prazo, em 3 elaborado e do mais concreto para o mais
diferentes campos de intervenção: professo- abstracto. Evidentemente, também, neles
res, alunos e mercado. estão implícitos objectivos de carácter sócio-

Curto prazo Médio prazo Longo prazo


Professor • Sensibilização para as • Aquisição de • Intervenção autónoma
linguagens mecanismos de análise enquanto utilizadores das
cinematográficas. das linguagens linguagens
cinematográficas. cinematográficas.
Aluno • Conhecer o filme como • Reconhecer o filme • Compreender a
objecto a ver em sala de como objecto a ver em especificidade da
cinema. sala de cinema. projecção
cinematográfica.

• Ser confrontado com a • Explicar a “ilusão do • Compreender a “ilusão


“ilusão do movimento”. movimento”. do movimento” como
específica da arte do
cinema.

• Identificar a matéria • Adquirir noções básicas • Aprofundar


(película) e a unidade da gramática do cinema. conhecimentos sobre a
mínima do filme gramática do cinema.
(fotograma).

• Identificar o Cinema • Compreender o • Compreender o cinema


como meio de Cinema como meio de como veículo transmissor
comunicação. comunicação. de ideologias.

• Adquirir informações • Compreender autoria e o • Conhecer autores de


sobre “como se faz um filme como resultado de cinematografias
filme”. uma equipa. diversificadas.
• Conhecer filmes de • Identificar a importância
cinematografias económica, social e
diversificadas. cultural do cinema.
• Distinguir formatos.
• Distinguir géneros.
• Identificar modos de
produção.

• Conhecer as máquinas • Adquirir conhecimentos • Aprofundar


das “imagens em sobre a História do conhecimentos sobre a
movimento”. Cinema. História do Cinema.

• Recepcionar o filme •Recepcionar o filme, • Recepcionar o filme,


utilizando a linguagem não formulando juízos críticos. formulando juízos críticos
verbal e verbal-oral. e estéticos.

• Interrelacionar temáticas • Interrelacionar temáticas • Interelacionar temáticas


dos filmes com conteúdos dos filmes com conteúdos dos filmes com conteúdos
deste nível programáticos das das disciplinas.
disciplinas. Sensibilizar • Reconhecer o cinema
para o cinema enquanto como arte.
arte. • Fomentar a criação de
pequenos filmes.
COMUNICAÇÃO E EDUCAÇÃO 357

afectivo, isto é, de uma aprendizagem do Não tendo este Programa uma atitude
espectador enquanto cidadão com hábitos de directa para com o mercado, penso que o
civilidade, livre, consciente e crítico nos seus influencia: numa 1ª fase, através de uma
hábitos culturais. aproximação que se traduz principalmente

Curto prazo Médio prazo Longo prazo


Mercado • Sensibilização para o • Intervenção nos hábitos. • Aumento da oferta e da
Programa. procura.

através de beneficios para o próprio JCE, ao integradas no Programa) -, o que potencializa


conseguir uma diminuição nos seus custos; um aumento da afluência de público infanto-
numa 2ª fase, com a introdução de uma nova juvenil às salas, ainda que com resultados
modalidade de entrada no cinema - o “bi- económicos difíceis de avaliar; numa 3ª fase,
lhete JCE”, com desconto para os alunos de com a já previsível mudança ao nível da
todos os níveis de ensino no Algarve ou, pelo procura – mais espectadores para as salas de
menos, para os portadores do cartão “Rede cinema, mas, simultaneamente, espectadores
JCE” (escolas de 2º e 3ºciclos e secundárias com outros critérios de exigência.

Organização esquemática do Programa JCE


358 ACTAS DO III SOPCOM, VI LUSOCOM e II IBÉRICO – Volume IV

Programação tipo e estratégias de inter- • Criação de arquivos escritos e audio-


venção visuais nas escolas (quer da Rede JCE, quer
nas restantes) sobre as várias vertentes do
• Gratuitidade do Programa JCE - as Programa.
sessões de cinema promovidas são sempre • Publicação de um anuário que dá conta
de entrada gratuita, tanto para alunos como da actividade realizada e dos melhores tra-
para professores. balhos realizados pelos alunos sobre os fil-
• Divisão do âmbito do Programa JCE mes e/ou o cinema.
em dois: em sessões pontuais de sensibilização • Contar com convidados especiais para
e na criação da Rede JCE onde os objectivos animar sessões especiais (realizadores, acto-
já descritos são concretizados através de um res, técnicos…).
programa o mais possível fixo de filmes (4 • Organização de debates, cursos e
sessões anuais, no caso das escolas secundá- “workshops” para escolas/alunos interessados
rias com a exibição igualmente de uma curta- por temáticas específicas (animação,
metragem portuguesa por sessão). guionismo, história do cinema…).
• Sublinhar o carácter tendencialmente • Promoção de intercâmbios entre pro-
curricular do Programa JCE nas escolas jectos/actividades de outras áreas dentro da
da Rede, onde a sessão só termina na sala própria escola, entre escolas, a nível naci-
de aula, dividido que está nas seguintes onal e internacional.
etapas: sensibilização prévia à sessão na sala • Organização de visitas de estudo a locais
de aula por parte do professor; ida à sala de interesse no âmbito do cinema (ANIM,
de cinema para visionamento do filme, Cinemateca Portuguesa, Tóbis, Escola Supe-
apresentado pela coordenadora JCE (ou da rior de Cinema…).
Direcção Regional ou da própria Escola); • Realização no final de cada ano lectivo
retorno à sala de aula para preenchimento
a “Festa do Cinema”, onde são entregues
de inquérito sobre o filme (questões de ordem
prémios aos melhores trabalhos de recepção
temática, técnica e de avaliação qualitativa
sobre os filmes vistos ou o cinema em geral.
e quantitativa do/s filme/s); correcção do
Exposição de trabalhos. Concursos tipo “quiz
inquérito através de vários materiais, inclu-
show”.
indo o dossier gráfico e temático sobre o filme
• Realização de um programa de rádio
e montagens video com extractos do filme
quinzenal numa rádio local de Tavira sobre
e/ou outros. Como em qualquer disciplina,
as actividades da Rede JCE com a presença
no final do ano elabora-se uma ficha sumativa
de convidados do Algarve ligados ao cinema
global simplesmente orientada para a avali-
ação dos conhecimentos técnicos (linguagem, e/ou ao Programa JCE (alunos e professo-
técnicas, profissões e História) leccionados res).
ao longo do ano lectivo. É de acentuar que
em certas escolas o trabalho do/a aluno/a na Medidas paralelas em implementação
Rede JCE, incluindo os resultados destes
testes, é inlcuído, com uma percentagem que • Criação de uma página na Internet sobre
normalmente ronda os 10%, na classificação o Programa JCE e igualmente com links para
final da disciplina do professor que integrou sites ligados ao cinema.
a/s sua/s turma/s na Rede JCE. • Assinatura de protocolos com exibidores
• Investimento na formação de uma que permitam a criação de bilhetes com
“bolsa de professores” à qual é fornecida desconto, para filmes aconselhados previa-
formação (específica, para o Programa, e mente pela coordenação do Programa, para
geral, sobre o cinema). todos os alunos da região ou só, numa
primeira fase, para alunos da Rede JCE.
Medidas paralelas implementadas • Promoção de uma iniciativa designada
por “Vou levar os meus pais ao Cinema!”,
• Criação de clubes de cinema, aos quais em que se pretende que os pais tenham uma
será dado todo o apoio a nível da organi- participação mais activa na Educação em
zação, programação e documentação. geral e neste programa em particular.
COMUNICAÇÃO E EDUCAÇÃO 359

Conclusão apresenta no contacto com o cinema, isto é,


ser material de apoio didáctico e não estra-
O Programa JCE é um projecto que tégia pedagógica para “entreter crianças”), está
trabalha não ao nível das imediatas conse- presente na sala de aula. Envolvendo os
quências mas sim dos frutos a médio e longo professores das escolas em que trabalha,
prazo. Aproveitando as “brechas” existentes fornecendo-lhes a formação indispensável ao
no sector do mercado, isto é, conseguindo domínio da linguagem e da história do cine-
a colaboração dos distribuidores nacionais ma (por forma a que eles mesmos, por um
(comerciais ou não-comerciais, como a lado, interiorizem a necessidade de investir
Cinemateca e todas as entidades de teor na formação dos alunos neste campo e, por
cultural que detenham filmotecas - Inatel, outro lado, possam ter uma percepção correc-
embaixadas, institutos similares), construin- ta das características - industriais, artísticas e
do, em teia, uma “rede de cumplicidades” estéticas - do cinema), orienta o adequado uso
(para utilizar a justa e belíssima expressão do cinema na escola. Abrangendo alunos dos
de João Mário Grilo6) entre salas de cinema 6 aos 18 anos, educando-os progressivamente
locais (comerciais ou de entidades públicas), em duas vertentes umbilicalmente ligadas -
exibidores alternativos (projeccionistas am- a do hábito cultural de ver cinema no seu local
bulantes e cineclubes), autarquias e delega- próprio e original de projecção, a sala de
ções regionais dos diferentes Ministérios ou cinema, e a da aprendizagem sobre a lingua-
Secretarias de Estado abrangidos, por voca- gem e a história do cinema -, ajuda, estou
ção, pelo Programa (educação, cultura e certa, um número significativo de “homens
juventude), e as escolas, apresenta uma de amanhã” a tomar consciência de quanto
maneira diferente de facultar o cinema. Sendo o gosto pode ser manipulado e a ignorância
“tendencialmente curricular”, optando por fomentada se o indivíduo se demitir do seu
uma programação consistente, numa perspec- esforço de conhecimento e consequente es-
tiva didáctica, tanto aos nível dos conteúdos pírito crítico. Ao estar “por dentro do filme”,
a ministrar quanto à diversidade dos filmes o Programa JCE ajuda a formar espectadores
a apresentar (e recorrendo ao suporte video para além dele, tornando os alunos cidadãos
unicamente pela principal utilidade que ele atentos às realidades que os cercam.
360 ACTAS DO III SOPCOM, VI LUSOCOM e II IBÉRICO – Volume IV

Bibliografia Saberes, nº 8, 1994, p. 71. Cf. id., «O alfabetismo


implica que os membros de um mesmo grupo
Aguilar, Pilar, Manual del espectador atribuam os mesmos significados aos mesmos
inteligente, Madrid, Ed. Fundamentos, Col. signos. É esta partilha de significados que tem
de ser aprendida, pois ler é aqui diferente de ver.»,
Arte, Serie Imagen, nº 114, 1996.
p. 49.
António, Lauro (coord), O Ensino, o Ci- 3
Porter-Moix, apud Javier Gonzaléz Martel,
nema e o Audiovisual – Comunicações do 1º El cine en el universo de la ética. El cine-fórum,
Encontro Nacional “O Ensino do Audiovisual, Madrid, Ed. Alauda-Anaya, 1996. p. 136.
o Audiovisual no Ensino”, Porto, Porto Editora, 4
Pilar Aguilar, Manual del espectador inte-
Col. Mundo dos Saberes, nº 21, 1998. ligente, Madrid, Ed. Fundamentos, Col. Arte, Serie
Calado, Isabel, A Utilização educativa Imagen, nº 114, 1996, p. 50.
5
das imagens, Porto, Porto Editora, Col. Fernando Pereira Marques, De que falamos
Mundo dos Saberes, nº 8, 1994. quando falamos de Cultura?, Lisboa, Ed. Presen-
Marques, Fernando Pereira, De que ça, Col. Pontos de Referência, s/nº, 1994, p. 60.
Quer o autor incluir nesta expressão todas as
falamos quando falamos de Cultura?, Lis-
manifestações culturais que exigem ao consumi-
boa, Ed. Presença, Col. Pontos de Referên-
dor a “saída” de sua casa para as poder usufruir
cia, s/nº, 1994. - cinema, teatro, ballet, ópera, etc.
Martel, Javier Gonzaléz, El cine en el 6
João Mário Grilo, “Carta” in Lauro António
universo de la ética. El cine-fórum, Madrid, (coord), O Ensino, o Cinema e o Audiovisual
Ed. Alauda-Anaya, 1996. – Comunicações do 1º Encontro Nacional “O
Ensino do Audiovisual, o Audiovisual no Ensi-
no”, Porto, Porto Editora, Col. Mundo dos
_______________________________ Saberes, nº 21, 1998, p. 53: «A divulgação do
1
Direcção Regional de Educação do Algarve cinema nas escolas (…) deve nascer de cumpli-
2
Isabel Calado, A Utilização educativa das cidades pontuais, articuláveis numa rede progres-
imagens, Porto, Porto Editora, Col. Mundo dos sivamente maior.»

Potrebbero piacerti anche