Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
Introdução
O mundo não nasceu pronto. Sequer a sociedade. Ainda que teorias saiam dos
meios doutrinários, teóricos, e acadêmicos para explicar, direcionar, e regular – através
do direcionamento da vontade – a vida social, quando se está na prática, a construção se
dá de forma mais lenta. E vai sendo construída de acordo com as problemáticas que
surgem.
Assim, mesmo não tendo estado presente, é possível vislumbrar nos primórdios
do direito contratual os erros que foram cometidos, e as soluções encontradas. Bem como
a posterior padronização da conduta que gerou os acertos, e a tentativa de evitar as
condutas que geraram os erros. Inclusive com as possíveis sanções para aqueles que
conhecendo o resultado danoso, insistiam em praticá-los em detrimento de terceiros.
O Contrato pode ser entendido como o ato no qual duas – ou mais - vontades
diferentes optaram por se unir em direção a um benefício comum. Contudo, uma vez
materializado o contrato, seria possível surgir uma causa superveniente que tivesse força
para fazer com que aquelas vontades iniciais tivessem de ser revistas objetivando o
cumprimento do mesmo? Provavelmente sim. E possivelmente, assim foram sendo
construídas as teorias que regem os contratos e que chegaram até os nossos dias.
2. Dos Princípios
1
O contrato é o vínculo jurídico entre duas ou mais pessoas, tendo como base o consentimento de ambos e a proteção
jurídica do Estado. Exercemos contratos diariamente sem percebemos, como por exemplo, ir a uma loja de calçados
e comprar um tênis. Neste momento ambos celebraram um contrato bilateral, tendo um objeto possível, determinado
e lícito. ZUMBANO (2014).
2
A empresa que é monopolista possui um privilégio, visto que ela não possui concorrentes e/ou produtos substitutos,
de forma que pode impor os preços que desejar. Alcançar essa posição normalmente ocorre em função de:
Regulamentação: o governo determina por quem e como o mercado pode ser explorado (monopólio coercivo);
Economia de escala: uma empresa que já tenha uma produção em larga escala cria uma barreira de entrada aos demais;
Patente: o domínio de uma tecnologia garante a exclusividade sobre um mercado; Insumos: a propriedade de
determinadas matérias-primas essenciais; Lobby: Influência de grupos de interesse para que a regulamentação os
favoreça. Disponível em < https://maisretorno.com/blog/termos/m/monopolio> Acessado em 15/04/2020.
3
O contrato de adesão é o instrumento muito adotado nas relações de consumo. São elaborados, geralmente por uma
das partes (proponente) e são usados no dia a dia das relações de consumo, pois já estão em modelos prontos para
garantir a agilidade e execução dos negócios. Pretti (2002).
No Código Civil Brasileiro de 2002, a liberdade de contratar está expressa no
Artigo 421 – “ A liberdade contratual será exercida nos limites da função social do
contrato”.
2.1.2 Princípio da obrigatoriedade dos contratos
Este princípio relaciona-se à força vinculante dos contratos. Que é a capacidade
do mesmo de fazer lei entre as partes. Princípio consagrado nos tempos antigos, e ainda
mantido pelos tempos atuais.
Ainda que a finalidade seja a busca do interesse social com a promoção do
equilíbrio contratual, da equivalência das prestações, tal princípio não
desaparece no direito atual, porque se faz imprescindível sua decorrente
segurança deixada nas relações jurídicas, porquanto, o Código Civil deixa
claro as responsabilidade acarretadas pelo descumprimento do contrato (CC,
art. 389). BARBOSA, Haroldo Camargo. Princípios contratuais na teoria
clássica e na pós modernidade.
4
Força obrigatória dos contratos. O contrato faz lei entre as partes. Vínculo existente entre as partes, advindo do
contrato, que tem força entre as partes como se lei fosse.
Para proceder ao direito deveria ser invertida a ordem chamando-se ré a faculdade,
posto que primeiro descumpriu o contrato, a mesma ser acionada em perdas e danos, e
pagar ao aluno pela perda, e se saldo devedor ainda persistisse, então, o mesmo ser
dividido em tantas parcelas quantas fossem possíveis que o aluno saldasse.
Utópico? Muitos juristas diriam que sim. No entanto, seria mantida a eficácia5 das
normas, o caráter punitivo estaria presente, e o preventivo também, uma vez que
dificilmente aquela instituição procederia assim novamente. Mas, este seria o Direito
aplicado. No campo das teorias, constata-se a relativização do princípio que rege a
matéria. MACAPANI (2014) afirma:
“Pacta sunt servanda” é um brocardo latino que significa "os pactos devem ser
respeitados" ou mesmo "os acordos devem ser cumpridos”. Porém, este não é
absoluto, por estar limitado pelo equilíbrio contratual.
Entretanto, uma vez que é firmado o contrato deve ser obedecido, ou seja, as
estipulações feitas no contrato deverão ser fielmente cumpridas sob pena de
execução patrimonial contra o inadimplente, os romanos atribuíam a este
principio um rigor em especial, que chegavam a responsabilizar corporalmente
devedores inadimplentes. Esse princípio funda-se na regra de que o contrato é
lei entre as partes, desde que seja estipulado validamente.
5
EFICÁCIA é atingir o objetivo proposto, cumprir, executar, operar, levar a cabo; é o poder de causar determinado
efeito. EFICAZ então é o que realiza perfeitamente determinada tarefa ou função, que produz o resultado pretend ido.
FISCHER (2016).
Este princípio preza que não sendo estipulada por lei alguma formalidade para que
ocorra o aperfeiçoamento do contrato, o mesmo se dará apenas com a simples
manifestação de vontade entre as partes através do consentimento.
Percebe-se que se utiliza aqui o lato sensu6 porque apesar da compreensão de que
quem compra um objeto em um comércio está constituindo uma relação jurídica
contratual, não se trata de um contrato formal stricto sensu7 com cláusulas que orientarão
as partes. Neste sentido, aplicam-se as regras gerais de vínculos estabelecidas pelo Código
de Defesa do Consumidor e que se pressupõe por ambos cientes. Na visão de
MACAPANI (2014).
O princípio do consensualismo diz que o contrato se forma por mero
consentimento das partes, para Maria Helena Diniz é o simples acordo de duas
ou mais vontades basta para gerar contrato valido, pois a maioria dos negócios
jurídicos bilaterais é consensual. Contudo existe uma exceção, no caso dos
contratos reais, para se formarem eles precisam ir além do consentimento
precisa também ter a entrega da coisa.
6
Sentido amplo.
7
Sentido estrito, reduzido.
No início da colonização do Brasil, os anos de atividades de extrativismo
exploratório impediram que a sociedade se desenvolvesse, fato conseguido com a
melhoria das relações sociais, políticas e econômicas. E atualmente, este princípio
orientador encontra-se expresso no Artigo 421 do Código Civil “ A liberdade contratual
será exercida nos limites da função social do contrato”.
O princípio da função social do contrato é a expressão mais clara da diretriz de
sociabilidade que o Direito adotou com o advento do Estado Social e com a
constatação de que o excesso de liberdade e de autonomia privada caminham,
muitas vezes, contra a própria justiça social e contratual.
Conforme sua função social, o contrato não pode ser visto apenas como algo
restrito à esfera de atuação das partes que o celebram. Ora, se como vimos, o
contrato é uma figura jurídica que influi nos diversos aspectos da vida em
sociedade tais como a economia e a política, não é lógico, atualmente admitir,
como durante o século XVIII que seus efeitos se restrinjam exclusivamente às
partes. MARTINS (2011).
Sob esta óptica e pensamento, o contrato não deveria ser revisto, sob pena de trazer
instabilidade e insegurança ao mundo jurídico. Ora, se a todo o momento o contrato
pudesse ser alterado, quais as reais garantias daqueles que pactuavam?
Contudo, para que se possa falar em justiça social, em função social, ou em
sociedade legalmente constituída, não se pode vislumbrar que contratos sejam realizados
com onerosidade excessiva para uma das partes. E ainda, que tal onerosidade esteja sendo
assumida, a título de uma vontade já não tão livre para contratar – casos de monopólio,
contrato de adesão, aplicação de juros diferentes dos pactuados à título de mudança na
economia – Assim, uma vez assumido o contrato, causas supervenientes poderiam surgir
impossibilitando o cumprimento para uma das partes. Então, este princípio preconiza que
estando presentes mudanças significativas que impossibilitem o cumprimento da
prestação é possível recorrer ao judiciário com o objetivo de que as cláusulas e condições
sejam revistas.
Do contrário, as muitas linhas presentes tanto na doutrina, quanto no ordenamento
jurídico, mais precisamente no inciso III, do artigo 3 da Constituição Federal que
preconizam a construção de uma sociedade justa como um dos objetivos da República
não passariam de meras palavras. Uma mera ficção analisada sob a óptica jurídica.
Assim, ainda que primordialmente o contrato continue fazendo lei entre as partes,
este princípio permite que em dadas circunstâncias, o mesmo seja revisto, com vistas a
assegurar que o mesmo se torne passível de ser cumprido. O código Civil de 2002 assim
diz no artigo 478:
Art. 478. Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de
uma das partes se tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para
a outra, em virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, poderá
o devedor pedir a resolução do contrato. Os efeitos da sentença que a decretar
retroagirão à data da citação.
Diante das disposições do novo Código Civil sobre o tema, o douto doutrinador
Álvaro Villaça de Azevedo (2004, p. 31-34) explica, que existem três
pressupostos fundamentais, autorizadores da aplicação da cláusula “rebus sic
stantibus”, sendo o primeiro a alteração radical no contrato (...), A inflação ...
o enriquecimento ilícito, indevido e injustificável, ... a onerosidade excessiva
da obrigação sofrida por um dos contratantes, tornando-se para ele insuportável
a execução contratual.
(...) Lembra Maria Helena Diniz (2005, p. 41) que para caracterização
da onerosidade excessiva no caso das relações de consumo, por previsão
contida nos artigos 6º, V e 51 da Lei nº 8.078/90 (CDC), não é necessário que
tal fato seja extraordinário ou imprevisível.
Com base na leitura dos textos sugeridos e de pesquisa jurisprudencial, deverá ser
elaborado um texto acadêmico, em caráter analítico, em que se discuta a seguinte questão:
Considerando e descrevendo a evolução dos princípios contratuais clássicos, quais as
funções deles e dos princípios da boa-fé objetiva e da função social do contrato e como
tem sido sua aplicação nos Tribunais Superiores?
SANTOS, Frederico Fernandes dos. O que são princípios? Suas fases, distinções, e
juridicidade. Disponível em <https://jus.com.br/artigos/45194/o-que-sao-principios-
suas-fases-distincoes-e-juridicidade> Acessado em 15/04/2020.
ZUMBANO, Victor. Afinal, o que são contratos? Ideologia, breves tipos e função social.
Disponível em< https://victorzumbano.jusbrasil.com.br/artigos/144984658/afinal-o-que-
sao-contratos> Acessado em 15/04/2020.
FISCHER, Roney. Justiça: Validade, vigência e eficácia da norma. Disponível em<
https://roneyfischer.jusbrasil.com.br/artigos/342186065/justica-validade-vigencia-e-
eficacia-da-norma > Acessada em 15/04/2020.
FRANK, Roberta sinigoi seabra de A. Relatividade das convenções: contrato também
tem função social. Disponível em < https://www.conjur.com.br/2010-mar-11/contrato-
respeito-partes-envolvidas-exerce-funcao-social>. Acessado em 15/04/2020.
MARTINS, Camila Rezende. O princípio da relatividade dos contratos a responsabilidade
do terceiro que contribui para o inadimplemento contratual. Disponível em<
https://teses.usp.br/teses/disponiveis/2/2131/tde-03082012-
161321/publico/DISSERTACAO_PDF_Camila_Rezende_Martins.pdf>. Acessado em
15/04/2020.