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1.

Introdução

O mundo não nasceu pronto. Sequer a sociedade. Ainda que teorias saiam dos
meios doutrinários, teóricos, e acadêmicos para explicar, direcionar, e regular – através
do direcionamento da vontade – a vida social, quando se está na prática, a construção se
dá de forma mais lenta. E vai sendo construída de acordo com as problemáticas que
surgem.
Assim, mesmo não tendo estado presente, é possível vislumbrar nos primórdios
do direito contratual os erros que foram cometidos, e as soluções encontradas. Bem como
a posterior padronização da conduta que gerou os acertos, e a tentativa de evitar as
condutas que geraram os erros. Inclusive com as possíveis sanções para aqueles que
conhecendo o resultado danoso, insistiam em praticá-los em detrimento de terceiros.
O Contrato pode ser entendido como o ato no qual duas – ou mais - vontades
diferentes optaram por se unir em direção a um benefício comum. Contudo, uma vez
materializado o contrato, seria possível surgir uma causa superveniente que tivesse força
para fazer com que aquelas vontades iniciais tivessem de ser revistas objetivando o
cumprimento do mesmo? Provavelmente sim. E possivelmente, assim foram sendo
construídas as teorias que regem os contratos e que chegaram até os nossos dias.

2. Dos Princípios

As palavras costumam abranger mais de uma definição, podendo ser aplicadas a


inúmeros contextos diferentes. Princípio encerra a ideia de início. E também a ideia de
normas que direcionarão, e regerão. Assim, como a ideia de origem. A ciência do Direito,
abarcou todos estes. E assim, ora encontramos a palavra significando origens remotas,
ora significando direcionamento, e ora significando início pontual.
Assim, pode-se dizer que dentre os Princípios que norteiam o Direito, estão
presentes valores que alcançam a Moral, a Ética, os Costumes, a Religião, e também a
Justiça. Longe de atribuir juízos de mérito sobre certos e errados, cumpre mencionar que
se todos os homens pre históricos tivessem continuado se atirando dos despenhadeiros, e
caindo no fogo, provavelmente a sociedade evoluída jamais se concretizaria. E este
entendimento também deveria ensinar sobre a função real dos princípios. Assim, por
analogia, constata-se as benesses que as referidas ciências que se preocuparam em
observar o deve ser – ciência em sentido de estudo teórico – deixaram como legado.
Princípios podem ser designados como:
Mandamento nuclear de um sistema, verdadeiro alicerce dele, disposição
fundamental que se irradia sobre diferentes normas compondo-lhes o espírito
e sentido servido de critério para sua exata compreensão e inteligência,
exatamente por definir a lógica e a racionalidade do sistema normativo, no que
lhe confere a tônica e lhe dá sentido harmônico. MELO, Celso Antônio
Bandeira apud SANTOS, Frederico Fernandes dos.

Ou na visão de Luciano Martinez apud GUARDIA (2016).


Os princípios apresentam tríplice função:
1. Informativa/Inspiradora: inspiram o legislador na elaboração das
normas.
2. Normativa/Integrativa: são suprimentos para lacunas do ordenamento
jurídico vigente.
3. Interpretativa: são utilizados para a interpretação das normas.

Compreende-se então princípios no tocante ao sistema jurídico como aqueles


elementos que estando presentes inicialmente nortearão todo o restante da construção.
Imprimindo o espírito, a intenção, e a razão de ser daquele instituto. Deixando ao cargo
da sistematização futura, a disposição léxica, gramatical, e dispositiva que tornará
praticável aquele princípio.

2.1 Princípios Clássicos do Direito Contratual


Os Contratos, sendo instituição antiga, passaram por diversos estágios em sua
evolução. À medida em que os anseios da sociedade e suas relações se alteravam, estas
mudanças se traduziam na forma como os contratos se regiam. Também nos dias atuais
se passa do mesmo modo. No entanto, como estamos imersos na sociedade, ora
influenciando e ora sendo influenciados torna-se mais difícil perceber estas nuances.
Desta evolução consegue-se distinguir uma doutrina clássica e uma doutrina
contemporânea, como orientadoras das relações contratuais. Contudo, este entendimento
não é pacífico, conforme se pode extrair das seguintes linhas de BARBOSA (2008).
São considerados integrantes da concepção clássica os princípios: da
autonomia da vontade, obrigatoriedade dos contratos, relatividade dos efeitos
do contrato e do consensualismo. A matéria, porém, não é pacífica na doutrina,
entendendo alguns, como o jurista Silvio de Salvo Venosa (2005, p. 411), que
o princípio da boa-fé também deve estar inserido neste rol.

Cumpre ressaltar que o princípio da supremacia do interesse público sobre o


privado é inerente à própria formação da sociedade. Desconsiderando se a nomenclatura
utilizada seja de Estado, Nação, Tribo, a partir do momento em que o indivíduo criou
regras para o convívio social – regras por todos pactuadas – percebe-se que o interesse
público (harmônico e equilibrado) passou a servir de orientador para os entes. Assim,
entende-se que apesar de alguns institutos somente serem descritos pela doutrina
posteriormente – Exemplificando o pacto social (Jean Jacques Rousseau – 1712), a sua
existência é capaz de ser percebida desde tempos anteriores.
O princípio da supremacia do interesse público sobre o interesse privado não
significa que tenha sido dada uma carta assinada e em branco ao ente público para que o
mesmo cerceie os direitos privados. Antes, significa que o ente público tem a obrigação
de analisar todas as relações que ocorrem sob a sua tutela com o objetivo de equilibrar as
relações, zelando por aqueles que tendo liberdade para seguirem em desacordo com os
pactos firmados, confiaram que abrindo mão de suas liberdades ilimitadas conseguiriam
viver, sobreviver, e conviver em condições dignas desde que respeitassem os pactos
firmados. Daí o símbolo do Direito ser uma balança. Posto que ora a balança estará
pendendo para um lado, e ora para o outro, cabendo ao Estado restabelecer aquela
condição ideal de equilíbrio. Que é o real sentido do princípio da supremacia do interesse
público sobre o privado. Ou nas palavras de SARMENTO apud VIEGAS “a
desvalorização total dos interesses públicos diante dos particulares pode conduzir à
anarquia e ao caos geral, inviabilizando qualquer possibilidade de regulação coativa da
vida humana em comum”.
2.1.1 Princípio da autonomia da vontade
Abrange a liberdade para contratar1, a livre escolha dos sujeitos envolvidos, o
conteúdo - o objeto – do contrato, e as regras que regerão o mesmo. Quando se contrata
sem ter a liberdade de escolha em um destes elementos, não se pode falar em presença da
autonomia de vontade. E, portanto, a análise dos mesmos em casos de conflitos deve ser
de forma diferenciada da interpretação dos outros tipos de contrato. Uma vez que apenas
uma parte é que “ditou as regras” e o nome contrato, neste caso, é uma ficção jurídica. Os
casos de monopólio2, ou Contratos de Adesão3 são exemplos desta supressão de vontade.

1
O contrato é o vínculo jurídico entre duas ou mais pessoas, tendo como base o consentimento de ambos e a proteção
jurídica do Estado. Exercemos contratos diariamente sem percebemos, como por exemplo, ir a uma loja de calçados
e comprar um tênis. Neste momento ambos celebraram um contrato bilateral, tendo um objeto possível, determinado
e lícito. ZUMBANO (2014).
2
A empresa que é monopolista possui um privilégio, visto que ela não possui concorrentes e/ou produtos substitutos,
de forma que pode impor os preços que desejar. Alcançar essa posição normalmente ocorre em função de:
Regulamentação: o governo determina por quem e como o mercado pode ser explorado (monopólio coercivo);
Economia de escala: uma empresa que já tenha uma produção em larga escala cria uma barreira de entrada aos demais;
Patente: o domínio de uma tecnologia garante a exclusividade sobre um mercado; Insumos: a propriedade de
determinadas matérias-primas essenciais; Lobby: Influência de grupos de interesse para que a regulamentação os
favoreça. Disponível em < https://maisretorno.com/blog/termos/m/monopolio> Acessado em 15/04/2020.

3
O contrato de adesão é o instrumento muito adotado nas relações de consumo. São elaborados, geralmente por uma
das partes (proponente) e são usados no dia a dia das relações de consumo, pois já estão em modelos prontos para
garantir a agilidade e execução dos negócios. Pretti (2002).
No Código Civil Brasileiro de 2002, a liberdade de contratar está expressa no
Artigo 421 – “ A liberdade contratual será exercida nos limites da função social do
contrato”.
2.1.2 Princípio da obrigatoriedade dos contratos
Este princípio relaciona-se à força vinculante dos contratos. Que é a capacidade
do mesmo de fazer lei entre as partes. Princípio consagrado nos tempos antigos, e ainda
mantido pelos tempos atuais.
Ainda que a finalidade seja a busca do interesse social com a promoção do
equilíbrio contratual, da equivalência das prestações, tal princípio não
desaparece no direito atual, porque se faz imprescindível sua decorrente
segurança deixada nas relações jurídicas, porquanto, o Código Civil deixa
claro as responsabilidade acarretadas pelo descumprimento do contrato (CC,
art. 389). BARBOSA, Haroldo Camargo. Princípios contratuais na teoria
clássica e na pós modernidade.

Quando a sociedade muda, então a Moral Social muda, acarretando que as


orientações dogmáticas mudam, e por fim os ordenamentos mudam também. No
pensamento clássico existe a orientação pacta sunt servanda4 e um jurista que viesse
daqueles tempos poderia julgar o Direito contemporâneo mais fraco. Visto que relativiza
a força do contrato. Contudo não é assim. Para se adaptar aos tempos modernos e para
que o Direito consiga cumprir sua razão de ser, alguns princípios tornaram-se em si
relativizados. Diante da análise de um caso prático hipotético é possível compreender:
Imagine um aluno que ingresse em uma faculdade particular. Então, lhe é
apresentado o programa de matérias (objeto), a informação de que o valor é anual dividido
por doze meses, os cálculos de reajuste de pagamento, e o tempo em que irá se formar
(cumprindo todas as etapas com aprovação), bem como as mensalidades. E então, ao
analisar as próprias condições o aluno procede à matrícula. Ocorre que, quando está na
metade do curso apresentam-lhe um outro contrato que pelos cálculos acarretará um
acréscimo de 30% nas mensalidades. Diferente do reajuste anterior previsto no antigo
contrato. O aluno discorda, mas a administração se mostra inflexível. E então, o aluno
percebendo que se mudasse de faculdade, em virtude da diferença de grade curricular
levaria mais tempo para se formar. E não querendo ser prejudicado, neste sentido, decide
assinar o novo contrato. Posteriormente, não consegue saldar a dívida contraída. Torna-
se inadimplente. Réu. E a parte que descumpriu o contrato. Vindo à análise pelo judiciário
deveria o juiz ser rígido e praticar a regra pacta sunt servanda?

4
Força obrigatória dos contratos. O contrato faz lei entre as partes. Vínculo existente entre as partes, advindo do
contrato, que tem força entre as partes como se lei fosse.
Para proceder ao direito deveria ser invertida a ordem chamando-se ré a faculdade,
posto que primeiro descumpriu o contrato, a mesma ser acionada em perdas e danos, e
pagar ao aluno pela perda, e se saldo devedor ainda persistisse, então, o mesmo ser
dividido em tantas parcelas quantas fossem possíveis que o aluno saldasse.
Utópico? Muitos juristas diriam que sim. No entanto, seria mantida a eficácia5 das
normas, o caráter punitivo estaria presente, e o preventivo também, uma vez que
dificilmente aquela instituição procederia assim novamente. Mas, este seria o Direito
aplicado. No campo das teorias, constata-se a relativização do princípio que rege a
matéria. MACAPANI (2014) afirma:
“Pacta sunt servanda” é um brocardo latino que significa "os pactos devem ser
respeitados" ou mesmo "os acordos devem ser cumpridos”. Porém, este não é
absoluto, por estar limitado pelo equilíbrio contratual.
Entretanto, uma vez que é firmado o contrato deve ser obedecido, ou seja, as
estipulações feitas no contrato deverão ser fielmente cumpridas sob pena de
execução patrimonial contra o inadimplente, os romanos atribuíam a este
principio um rigor em especial, que chegavam a responsabilizar corporalmente
devedores inadimplentes. Esse princípio funda-se na regra de que o contrato é
lei entre as partes, desde que seja estipulado validamente.

2.1.3 Princípio da Relatividade dos efeitos do contrato


Este princípio está relacionado a capacidade que o contrato tem de afetar somente
as partes signatárias, não produzindo efeitos para terceiros. Não se trata de um princípio
absoluto, posto que existem casos em que pessoas estranhas à feitura do negócio jurídico
são afetadas pelo mesmo, como ocorre nas estipulações em favor de terceiros,
fideicomisso por ato inter vivos, e convenções coletivas. MARTINS (2011) recorda que
estes terceiros passam a figurar na relação jurídica, mesmo não tendo tomado parte no ato
que o gerou, por terem firmado um outro contrato ou estarem presentes em outra relação
jurídica que teoricamente é afetado gerando sua integração à relação contratual.
Exemplificando através da cessão de crédito, cessão de contrato, e assunção de dívidas.
Todas essas terceiras partes da relação contratual e não do contrato,
consequentemente , atuam no plano de eficácia e não de existência do negócio
jurídico, de modo que a matéria referente à formação da declaração negocial
são inoponíveis ao terceiro parte da relação contratual. MARTINS (2011).

2.1.4 Princípio do consensualismo

5
EFICÁCIA é atingir o objetivo proposto, cumprir, executar, operar, levar a cabo; é o poder de causar determinado
efeito. EFICAZ então é o que realiza perfeitamente determinada tarefa ou função, que produz o resultado pretend ido.
FISCHER (2016).
Este princípio preza que não sendo estipulada por lei alguma formalidade para que
ocorra o aperfeiçoamento do contrato, o mesmo se dará apenas com a simples
manifestação de vontade entre as partes através do consentimento.
Percebe-se que se utiliza aqui o lato sensu6 porque apesar da compreensão de que
quem compra um objeto em um comércio está constituindo uma relação jurídica
contratual, não se trata de um contrato formal stricto sensu7 com cláusulas que orientarão
as partes. Neste sentido, aplicam-se as regras gerais de vínculos estabelecidas pelo Código
de Defesa do Consumidor e que se pressupõe por ambos cientes. Na visão de
MACAPANI (2014).
O princípio do consensualismo diz que o contrato se forma por mero
consentimento das partes, para Maria Helena Diniz é o simples acordo de duas
ou mais vontades basta para gerar contrato valido, pois a maioria dos negócios
jurídicos bilaterais é consensual. Contudo existe uma exceção, no caso dos
contratos reais, para se formarem eles precisam ir além do consentimento
precisa também ter a entrega da coisa.

2.2 Princípios contemporâneos do Direito Contratual


Os princípios contemporâneos do direito contratual são o princípio da função
social do contrato, o princípio da revisão ou onerosidade excessiva, e o princípio da boa-
fé objetiva. Não é o caso de os princípios clássicos terem sido revogados pelos princípios
contemporâneos, mas que a estes agregaram-se àqueles. E assim, orientam e norteiam o
modo como tem se dado as relações contratuais neste período.
2.2.1 Princípio da Função Social do Contrato
A função social do contrato preconiza que o mesmo deva ser norteado não
somente tendo em vista os objetivos individuais, mas também visando a cumprir sua
função social. Ou seja, quando da feitura contrato, o interesse da sociedade, representado
pelo chamado interesse público – econômicos, políticos, e sociais – deve orientar a
relação.
Tal princípio faz sentido quando se pretenda longevidade para aquele organismo
social. Por exemplo, na Inglaterra do século XVIII as relações de trabalho – ainda não
regulamentadas – permitiram que inúmeras vidas se perdessem nas minas de carvão. A
economia era pequena, as habilidades industriais reduzidas, e o consumo pequeno. Com
a normatização das relações, o poderio econômico se fortaleceu, permitindo que mais
pessoas tivessem acesso a condições dignas de trabalho, a economia cresceu, a política se
fortaleceu, e por consequência a sociedade também se viu fortalecida.

6
Sentido amplo.
7
Sentido estrito, reduzido.
No início da colonização do Brasil, os anos de atividades de extrativismo
exploratório impediram que a sociedade se desenvolvesse, fato conseguido com a
melhoria das relações sociais, políticas e econômicas. E atualmente, este princípio
orientador encontra-se expresso no Artigo 421 do Código Civil “ A liberdade contratual
será exercida nos limites da função social do contrato”.
O princípio da função social do contrato é a expressão mais clara da diretriz de
sociabilidade que o Direito adotou com o advento do Estado Social e com a
constatação de que o excesso de liberdade e de autonomia privada caminham,
muitas vezes, contra a própria justiça social e contratual.
Conforme sua função social, o contrato não pode ser visto apenas como algo
restrito à esfera de atuação das partes que o celebram. Ora, se como vimos, o
contrato é uma figura jurídica que influi nos diversos aspectos da vida em
sociedade tais como a economia e a política, não é lógico, atualmente admitir,
como durante o século XVIII que seus efeitos se restrinjam exclusivamente às
partes. MARTINS (2011).

2.2.2 Princípio da Revisão ou Onerosidade Excessiva


Para uma correta compreensão sobre este princípio é necessário resgatar a ideia
de livre convenção entre as partes oriunda da autonomia de vontades. Nas palavras de
MARTINS (201):
Ao tratarmos do princípio da obrigatoriedade dos efeitos contratuais, vimos
que ele decorria da ideia , dominante à época do Liberalismo, de supremacia
da autonomia da vontade. O raciocínio aplicado, conforme também já exposto,
era o seguinte: as partes livres tinham a opção de contratar ou não; escolhendo
pactuar, deveriam cumprir os preceitos contratuais como se lei fossem, sob
qualquer situação, pois se obrigaram voluntariamente. Qualquer interferência
externa no contrato, ainda que do Poder Judiciário, seria uma grave ofensa ao
princípio da autonomia da vontade.

Sob esta óptica e pensamento, o contrato não deveria ser revisto, sob pena de trazer
instabilidade e insegurança ao mundo jurídico. Ora, se a todo o momento o contrato
pudesse ser alterado, quais as reais garantias daqueles que pactuavam?
Contudo, para que se possa falar em justiça social, em função social, ou em
sociedade legalmente constituída, não se pode vislumbrar que contratos sejam realizados
com onerosidade excessiva para uma das partes. E ainda, que tal onerosidade esteja sendo
assumida, a título de uma vontade já não tão livre para contratar – casos de monopólio,
contrato de adesão, aplicação de juros diferentes dos pactuados à título de mudança na
economia – Assim, uma vez assumido o contrato, causas supervenientes poderiam surgir
impossibilitando o cumprimento para uma das partes. Então, este princípio preconiza que
estando presentes mudanças significativas que impossibilitem o cumprimento da
prestação é possível recorrer ao judiciário com o objetivo de que as cláusulas e condições
sejam revistas.
Do contrário, as muitas linhas presentes tanto na doutrina, quanto no ordenamento
jurídico, mais precisamente no inciso III, do artigo 3 da Constituição Federal que
preconizam a construção de uma sociedade justa como um dos objetivos da República
não passariam de meras palavras. Uma mera ficção analisada sob a óptica jurídica.
Assim, ainda que primordialmente o contrato continue fazendo lei entre as partes,
este princípio permite que em dadas circunstâncias, o mesmo seja revisto, com vistas a
assegurar que o mesmo se torne passível de ser cumprido. O código Civil de 2002 assim
diz no artigo 478:
Art. 478. Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de
uma das partes se tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para
a outra, em virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, poderá
o devedor pedir a resolução do contrato. Os efeitos da sentença que a decretar
retroagirão à data da citação.

Ainda sobre o tema BARBOSA (2008) explica:

Diante das disposições do novo Código Civil sobre o tema, o douto doutrinador
Álvaro Villaça de Azevedo (2004, p. 31-34) explica, que existem três
pressupostos fundamentais, autorizadores da aplicação da cláusula “rebus sic
stantibus”, sendo o primeiro a alteração radical no contrato (...), A inflação ...
o enriquecimento ilícito, indevido e injustificável, ... a onerosidade excessiva
da obrigação sofrida por um dos contratantes, tornando-se para ele insuportável
a execução contratual.
(...) Lembra Maria Helena Diniz (2005, p. 41) que para caracterização
da onerosidade excessiva no caso das relações de consumo, por previsão
contida nos artigos 6º, V e 51 da Lei nº 8.078/90 (CDC), não é necessário que
tal fato seja extraordinário ou imprevisível.

2.2.3 Princípio da Boa-fé Objetiva


O princípio da Boa-fé objetiva está expressamente colocado no Art. 422 do Código
Civil “Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em
sua execução, os princípios de probidade e boa-fé”. Este princípio busca orientar que as
relações contratuais sejam travadas objetivando a construção de uma sociedade mais
livre, mais justa e solidária, conforme expresso no inciso I, do artigo 3º da Constituição
Federal. MACAPANI (2014) afirma:
Mas no que consta a boa-fé? Ela está fundada na honestidade, retidão, lealdade
e na consideração para com o interesse dos outros contratantes, especialmente
no sentido de não lhe sonegar informações relevantes a respeito do objeto e
conteúdo do negócio. Logo, não posso vender um celular que tem defeito sem
falar antes com o contraente e ele estar ciente do fato.

Segundo Maria Helena Diniz esse princípio na interpretação do contrato, é


preciso ater-se mais à intenção do que ao sentido literal da linguagem, e em
prol do interesse social de segurança das relações jurídicas, as partes deverão
agir com lealdade e confiança reciproca, auxiliando-se mutuamente na
formação e na execução do contrato. Daí estar ligado ao princípio da
probidade.

3. Aplicação nos tribunais superiores do princípio da boa fé objetiva e da


função social do contrato
4. Conclusões

Aplicação nos tribunais superiores do princípio da boa fé objetiva e da função social do


contrato

Com base na leitura dos textos sugeridos e de pesquisa jurisprudencial, deverá ser
elaborado um texto acadêmico, em caráter analítico, em que se discuta a seguinte questão:
Considerando e descrevendo a evolução dos princípios contratuais clássicos, quais as
funções deles e dos princípios da boa-fé objetiva e da função social do contrato e como
tem sido sua aplicação nos Tribunais Superiores?

SANTOS, Frederico Fernandes dos. O que são princípios? Suas fases, distinções, e
juridicidade. Disponível em <https://jus.com.br/artigos/45194/o-que-sao-principios-
suas-fases-distincoes-e-juridicidade> Acessado em 15/04/2020.

GUARDIA, Augusto Bazanelli Medina. Princípios do direito individual do trabalho.


Disponível em<https://jus.com.br/artigos/46953/principios-do-direito-individual-do-
trabalho
> Acessado em 15/04/2020.

BARBOSA, Haroldo Camargo. Princípios contratuais na teoria clássica e na pós


modernidade. Disponível em<
http://www.uel.br/revistas/direitoprivado/artigos/Princ%C3%ADpiosTCl%C3%A1ssica
HaroldoCamargo.pdf> Acessado em 15/04/2020.
VIEGAS, Claudia Mara de Almeida Rabelo. O princípio da supremacia do interesse
público: uma visão crítica da sua devida conformação e aplicação. Disponível em<
https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-administrativo/o-principio-da-
supremacia-do-interesse-publico-uma-visao-critica-da-sua-devida-conformacao-e-
aplicacao/> Acessado em 15/04/2020.
PRETTI, Gleibe. O contrato de adesão no código de defesa do consumidor. Disponível
em < https://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/725/O-contrato-de-adesao-no-
Codigo-Brasileiro-de-Defesa-do-Consumidor> Acessado em 15/04/2020.

ZUMBANO, Victor. Afinal, o que são contratos? Ideologia, breves tipos e função social.
Disponível em< https://victorzumbano.jusbrasil.com.br/artigos/144984658/afinal-o-que-
sao-contratos> Acessado em 15/04/2020.
FISCHER, Roney. Justiça: Validade, vigência e eficácia da norma. Disponível em<
https://roneyfischer.jusbrasil.com.br/artigos/342186065/justica-validade-vigencia-e-
eficacia-da-norma > Acessada em 15/04/2020.
FRANK, Roberta sinigoi seabra de A. Relatividade das convenções: contrato também
tem função social. Disponível em < https://www.conjur.com.br/2010-mar-11/contrato-
respeito-partes-envolvidas-exerce-funcao-social>. Acessado em 15/04/2020.
MARTINS, Camila Rezende. O princípio da relatividade dos contratos a responsabilidade
do terceiro que contribui para o inadimplemento contratual. Disponível em<
https://teses.usp.br/teses/disponiveis/2/2131/tde-03082012-
161321/publico/DISSERTACAO_PDF_Camila_Rezende_Martins.pdf>. Acessado em
15/04/2020.

MACAPANI, Ana.Contratos: dos princípios fundamentais modernos. Disponível


em<https://jus.com.br/artigos/31409/contratos-dos-principios-fundamentais-aos-
modernos
> Acessado em 15/04/2020.

Disponível em<> Acessado em 15/04/2020.

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