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KPMG Business Magazine _ Agosto 2010


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têm por finalidade abordar as circunstâncias de nenhum indivíduo específico ou entidade. da rede KPMG de firmas-membro independentes e afiliadas à KPMG
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KPMG na Copa
Complexidade e desafios

Equipe multidisciplinar voltada para o evento,


com profissionais de 16 áreas diferentes.
Onde quer que estejam, as A KPMG entende a importância realização de eventos Contate os profissionais do
cidades e os países que desses megaeventos espor- esportivos. Time Central da Copa 2014 da
sediam os principais eventos tivos, como a Copa do Mundo KPMG no Brasil:
esportivos assumem compro- FIFA 2014, e os impactos e Podemos auxiliar sua empresa
missos financeiros substan- desafios resultantes para os na identificação de investidores André Coutinho
e na estruturação de projetos, Sócio
ciais com projetos que devem negócios das empresas e para a Tel.: (11) 2183-3313
ser planejados, financiados e economia brasileira. bem como no planejamento
acoutinho@kpmg.com.br
concluídos em um prazo estratégico, financeiro e
específico e inflexível. Para a sua realização, são operacional dos empreendi- Fernando Aguirre
necessários grandes investi- mentos e no monitoramento da Sócio
A Copa do Mundo na África do mentos e projetos nos mais implementação das suas Tel.: (11) 2183-3125
fernandooliveira@kpmg.com.br
Sul acabou e foi um grande diversos setores que terão o iniciativas.
sucesso. Mostrou para o resto seu sucesso diretamente Maurício Endo
do mundo alguns pontos a ser determinado por um planeja- Sócio
kpmg.com.br Tel.: (11) 3245-8322
desenvolvidos e uma série de mento adequado, uma estra-
mendo@kpmg.com.br
oportunidades e aspectos tégia de implantação e um
Acompanhe-nos também no
positivos. Deixou, como monitoramento eficiente e Felipe Gutiérrez
twitter.com/KPMG_COPA2014
legado, um potencial fluxo de organizado. Gerente sênior
investimentos estrangeiros e Tel.: (11) 2183-3233
de turismo para o país e para o Para auxiliar a sua empresa a fagutierrez@kpmg.com.br

continente. lidar com esses desafios e ter


sucesso nos empreendi-
Nesse momento, os olhos do mentos, a KPMG no Brasil
mundo voltam-se para o Brasil. possui uma equipe de profis-
Chegou a hora de mostrarmos sionais treinados e experientes,
ao mundo que podemos fazer e uma variedade de credenciais
um megaevento dessa internacionais de assessoria a
natureza e obter sucesso. empresas e governos na
Editorial

O Brasil no centro do mundo


O ano de 2010 tem sido de intensa Trazemos ainda aos leitores uma matéria que
movimentação. Em termos de geração de mostra como a adoção do SAM (Software Asset
negócios, o término da Copa do Mundo na África Management) pode reduzir custos e limitar os riscos
do Sul direcionou as atenções internacionais para no gerenciamento de licenças de softwares.
o Brasil. O fato de recebermos os dois principais
eventos esportivos do planeta – a Copa do Para contribuir com o saudável debate de
Mundo de futebol, em 2014, e a Olimpíada de ideias, apresentamos dois artigos especiais.
Verão, em 2016 – abre excelentes perspectivas O consultor Eugênio Mussak explica por que
de desenvolvimento de negócios, principalmente desenvolver pessoas é tão fundamental para
em infraestrutura. uma liderança positiva e também para a obtenção
de resultados. Outro artigo, elaborado por
Ciente da oportunidade de transformar tais integrantes da equipe da KPMG, aborda uma
Irani Ugarelli eventos em melhorias que permaneçam para tendência irreversível na comunicação entre
a população após o final das competições, a empresas e clientes: as redes sociais.
KPMG formou um time dedicado, composto por
profissionais com vasta experiência, para estar Destaco uma ótima notícia. A partir de 2011, a música
à frente dos projetos ligados a esses eventos. será matéria obrigatória nas redes públicas de ensino
Nesta edição da KPMG Business Magazine, a do país. Sendo parte de um projeto consistente,
matéria sobre os preparativos para a Copa no a música tem o potencial de ser um instrumento
Brasil comenta as razões pelas quais o Brasil decisivo na formação e no desenvolvimento de
deve iniciar imediatamente as obras visando à nossas crianças e adolescentes. Ainda no âmbito de
adequação das arenas e da infraestrutura urbana. desenvolvimento e evolução, faço uma menção à
matéria sobre o KPMG Network of Women. Trata-se
Outro assunto de fundamental importância – e de um comitê interno que tem o objetivo de criar
que traz grandes desafios para as empresas – é políticas voltadas às necessidades específicas das
a convergência às normas internacionais de mulheres no mundo corporativo. Sem dúvida, uma
contabilidade, também conhecidas como IFRS. iniciativa louvável rumo à diversidade.
Para contribuir no entendimento dessa evolução,
preparamos um especial IFRS, formado por Boa leitura a todos!
quatro matérias que oferecem um panorama
dos desafios e das soluções desenvolvidas pelas Irani Ugarelli
companhias brasileiras. Diretora de KM&C
© 2010 KPMG Auditores Independentes, uma sociedade simples brasileira e firma-membro da rede KPMG de firmas-membro independentes
e afiliadas à KPMG International Cooperative (“KPMG International”), uma entidade suíça. Todos os direitos reservados.

Mudanças
fazem parte
do dia a dia.

Nada é estático. O ambiente de negócios requer decisões


rápidas, adequadas às necessidades do mercado. Conte com a
KPMG para enfrentar as adversidades.

Atuando com base em um conjunto de competências e


habilidades multidisciplinares, financeiras e contábeis,
oferecemos serviços de Audit, Tax e Advisory especializados
em segmentos de indústria.

Profissionais preparados e constantemente atualizados atuam


nas áreas de bancos, seguradoras, automotiva, química &
farmacêutica, eletroeletrônica, alimentos, infraestrutura &
governo, agronegócio, telecomunicações, óleo & gás, energia e
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KPMG: serviços com integridade e transparência, adequados


à sua real necessidade.

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4
Sumário

1 Editorial

4 Copa de 2014
Brasil precisa iniciar urgentemente os preparativos para sediar o evento

12
10 Audit Committee Institute
Instrução CVM nº 480 em debate

12 Linha Azul
Mudanças na legislação tornam o regime aduaneiro ainda mais atraente às empresas

16 Software Asset Management


A adoção do SAM reduz custos e limita riscos no gerenciamento de licenças

24 24 Tecnologia da Informação
Crise financeira trouxe desafios para gestores de TI de bancos de montadoras

28 Transformação empresarial
Coomex, operadora do mercado de energia, investe no aprimoramento da gestão

32 Contabilidade Pública
Alterações na legislação aproximam a contabilidade pública daquela adotada pela iniciativa privada

36 Convergência às IFRS
Confira um rico panorama da revolução trazida pela conversão às normas internacionais

36
46 Holanda
Conheça as oportunidades de investimentos no país

52 Relacionamento com Clientes


As redes sociais como catalisadoras de negócios

56 Liderança
O consultor Eugênio Mussak ensina que liderar é obter resultados desenvolvendo pessoas

60 Educação
A música como instrumento de formação e desenvolvimento humano

56 68 Integrated Reporting
Modelo ideal de relatório concilia dados financeiros e informações de sustentabilidade

71 KNOW (KPMG Network of Women)


KPMG cria comitê para elaborar políticas voltadas às necessidades específicas das mulheres

75 Programa de Trainees
Nova etapa permite maior contato com executivos das linhas de negócios

60

KPMG Business Magazine é uma publicação trimestral da KPMG Auditores Independentes. © 2009 KPMG Auditores
Independentes, sociedade brasileira e firma-membro da rede KPMG de firmas-membro independentes e afiliadas à KPMG
International, uma cooperativa suíça. Todos os direitos reservados. Impresso no Brasil. Agosto de 2010.
Presidente da KPMG no Brasil: Pedro Melo. Diretora de KM&C: Irani Ugarelli. Fone: (11) 3736-1114.
e-Mail: businessmagazine@kpmg.com.br.
Produção/Edição: Ex Libris Comunicação Integrada. Editor-responsável: Jayme Brener (MTB 19.289).
Editor-chefe: Fernando F. Kadaoka. Editora: Geralda Privatti.
Projeto gráfico e diagramação: Idéia e Imagem Comunicação.
Fotos: arquivo KPMG, Ken Chu (Expressão Studio) e Dario de Freitas.
Tiragem: 11.700 exemplares. Impressão: Eskenazi Indústria Gráfica
Copa de 2014

O Brasil no centro
do mundo

04 Copa de 2014
Após o término do Mundial na África do Sul,

todas as atenções se voltam para o Brasil,

que deve correr contra o tempo para organizar

um evento capaz de fazer jus aos cinco títulos

mundiais, que comprove a capacidade do país

em sediar um evento deste porte e que também

deixe um legado positivo em infraestrutura e André Coutinho, sócio da


KPMG no Brasil na área de Risk
geração de negócios Advisory Services

Em quatro anos, o Brasil A preocupação se justifica. O


receberá o principal torneio tempo é curto – principalmente
de futebol do mundo e será se considerarmos o tamanho das
o centro das atenções do necessidades do país nas mais
planeta. Com o término da Copa diferentes áreas, que exigirão também
na África do Sul, naturalmente, o foco recai obras de grandes proporções. “É mais
sobre os preparativos do país para receber do que justificável a preocupação
o evento. Os desafios para organizar um da sociedade quanto ao prazo e
torneio dessa magnitude são enormes. Até à morosidade das obras e com a
porque o Brasil tem carências em diversas organização do evento, de maneira
áreas de infraestrutura – como aeroportos, geral. As atividades necessárias
mobilidade urbana, saúde, segurança e precisam urgentemente ser iniciadas.
telecomunicações –, que são estruturais Não parece adequado aguardar o
para realizar tal evento. Isso para não falar término das eleições para acelerar o
dos estádios propriamente ditos. É de processo”, alerta André Coutinho, sócio
conhecimento de todos que, atualmente, da KPMG no Brasil na área de Risk
nenhum estádio do país tem plenas Advisory Services e responsável pelos
condições de receber a Copa do Mundo. projetos relacionados à Copa 2014.

Copa de 2014 05
Copa de 2014

De acordo com Coutinho, os exemplo, neste caso, é o que cidade e/ou país cumprir o
estados e municípios brasileiros ocorreu na África do Sul. Devido ao planejamento. E, invariavelmente,
escolhidos para sediar o torneio atraso nas obras de alguns estádios, a existência de dúvidas significa
têm trabalhado internamente na muito foco foi dado à preparação maior percepção de riscos.
estruturação das secretarias que dos palcos, o que é justificável.
serão responsáveis (planejamento, Contudo, vários setores, como Portanto, em efeito dominó,
gestão e monitoramento) por tocar turismo e comércio, reclamaram o potencial de transformar a
os projetos ligados à Copa de 2014. da inexistência de um plano de realização do maior evento
Justamente por conta do calendário desenvolvimento de negócios – de futebol do mundo em
eleitoral, muita coisa é discutida provavelmente pelo fato de os investimentos em infraestrutura
nessas secretarias, mas, apesar do organizadores terem concentrado fica comprometido. E não restam
esforço, muitas decisões importantes esforços e recursos nos estádios. dúvidas de que a Copa no Brasil é
continuam pendentes. uma oportunidade única para trazer
Oportunidades benefícios estruturais ao país. Não
“O grande risco trazido por esse Isso acontece porque quanto se trata apenas da construção
atraso no cronograma é que o Brasil mais se esticam os prazos, e reforma dos estádios. Mas,
perca a oportunidade de transformar menos tempo hábil existe para a principalmente, de melhorias em
a Copa em um evento ainda maior. conclusão de etapas importantes segurança, mobilidade urbana,
Ou seja, que não aproveitemos para dos preparativos para o evento. transportes, entre outras áreas. A
transformar a realização do Mundial Não obstante, a percepção de Copa no Brasil significa incentivo
em mais geração de negócios para atraso no cronograma é bastante para a entrada de investimentos
diversos setores e em investimentos prejudicial no processo de atração estrangeiros, aumento de fluxo de
em infraestrutura que transformem de potenciais investidores, que turistas (estima-se algo em torno de
as cidades durante e após o torneio”, tendem a ficar em dúvida sobre 600 mil a 800 mil) e a oportunidade
esclarece o sócio da KPMG. Um a capacidade de determinada de o Brasil mostrar-se à altura, em

06 Copa de 2014
termos de organização, das nações que ocorre um atraso significativo em todas as classes sociais, e que
mais desenvolvidas. nestes planos, a tendência é que o poderá ser o grande beneficiado com a
foco permaneça apenas nas obras, Copa. E os resultados são conquistas
“Um exemplo claro de negócios por conta da urgência para terminar os interessantes na economia do país
relacionados à realização da Copa é palcos dos jogos. E que se esqueçam e na geração de empregos diretos e
o entorno dos estádios. Ele precisa outros mercados, entre os quais incluo indiretos.
ser completamente reformulado de telecomunicações, internet, hospitais,
forma que haja geração de receita para hotéis. São serviços muito importantes Aumento de custos
diversas empresas que pretendem para um evento dessa magnitude e que Existe também outro desafio
patrocinar ou se envolver com a Copa acabariam ficando em segundo plano decorrente do atraso das obras: o
no Brasil. E que, assim, se amplie em um eventual atraso do cronograma”, aumento dos custos. Por exemplo,
o retorno ao investimento de quem explica André Coutinho. um estádio construído a toque de
assumir o empreendimento. À medida caixa certamente custa mais caro.
Um conceito importante, Isso acontece mesmo se não houver
que deve ser lembrado desvio de recursos ou má-gestão.
a todo o momento, é O planejamento de curto prazo tem
o chamado “legado do consequências sérias em grandes
evento”, que é o que vai construções e reformas. O aumento
ficar para a cidade. Sobre de custos se dá, por exemplo, a
este legado, pouco se partir da necessidade de um maior
fala das próprias arenas. número de funcionários.
Vale lembrar que o
futebol é um negócio “Os gastos com horas-extras significam
em desenvolvimento no um custo maior. Quando se necessita
país, de grande apelo comprar uma peça, equipamento ou

Copa de 2014 07
Copa de 2014

informações disponíveis capazes de abrigar também shows


em sites oficiais e e eventos. “Ocorre que, mesmo
publicações. para outros tipos de espetáculo, elas
também não são praças tradicionais.
Ao contrário do eixo Rio- Então, volta-se ao dilema inicial, de
São Paulo-Minas Gerais, como viabilizar economicamente
matéria-prima, isso também ocorre. Se que atrai atenção da mídia e cujos essas arenas”, pondera o sócio da
o pedido de entrega for para 60 dias, é entraves são amplamente divulgados KPMG. “O desafio é transformar este
um preço. Se você pedir para entregar e conhecidos, nas demais cidades- custo em oportunidade e desenvolver
amanhã, o preço é outro. Tudo isso gera sedes há menos monitoramento por estas praças de forma a comportar
impacto no custo”, observa Coutinho. “As parte da mídia. Nem por isso elas estes investimentos”, completa.
avaliações devem ser feitas combinando deixam de ter dificuldades. Na maior
o prazo, a qualidade e o custo. Sem uma parte dessas cidades, as secretarias Gestão
análise completa, o risco de prejuízos da Copa já estão organizadas e A realização da Copa do Mundo
aumenta muito”, completa. têm trabalhado. O desafio maior no Brasil pode ser uma excelente
é a modelagem financeira para ocasião também para melhorar a
Outro alerta importante lançado pelo viabilizar as obras de infraestrutura gestão dos clubes brasileiros. Ainda
sócio da KPMG é a necessidade e a construção e/ou reforma dos que o país tenha o futebol mais
de monitoramento constante estádios. Enquanto em Salvador, vitorioso do mundo e que os times
da sociedade para evitar que por exemplo, há boas chances de sejam formadores de jogadores
determinadas práticas – como a o projeto apresentar excelentes consagrados mundo afora, os clubes
eliminação da concorrência pública perspectivas financeiras, já que a nacionais estão longe, em termos de
por conta da urgência do prazo – cidade tem dois clubes grandes, com gestão e organização, dos clubes de
sejam adotadas na preparação para torcidas apaixonadas, o mesmo não ponta, principalmente os europeus.
a Copa de 2014. Com o objetivo de acontece em outras praças. Aqui Essa diferença fica clara quando se
minimizar esse risco, é fundamental reside justamente o desafio: atrair discute a capacidade de geração
que haja transparência por parte das investidores para colocar recursos de receitas. Somente um jogador,
secretarias estaduais e municipais na construção de estádios em locais o argentino Lionel Messi, eleito o
e também por parte dos detentores com menor tradição em futebol. A melhor do mundo em 2009, tem
dos direitos do evento, com solução é construir arenas multiuso, remuneração anual estimada em 33

08 Copa de 2014
milhões de euros. O faturamento boa gestão e títulos, embora seja um conforto dos dirigentes e por uma
anual de um time da Série A do algo previsível, certamente é possível liberdade demasiada na gestão.
Campeonato Brasileiro está em cerca verificar que a má-gestão resulta em
de R$ 100 milhões. “É muito pouco desempenho pífio nos gramados. “Vale ressaltar, no entanto, que muitas
para clubes tão grandes, que têm Como lembra André Coutinho, vezes o que acontece é mesmo
torcidas espalhadas por todo o país. ainda que o objetivo do clube não falta de estrutura. Nem sempre tudo
Ainda que as receitas dos maiores seja dar lucro, já que se trata de é realizado com ‘jeitinho’, com o
clubes brasileiros tenham crescido, uma associação civil sem fins objetivo de se obter ganhos ilícitos.
nos últimos anos, a uma média anual econômicos, tampouco é aceitável Mas, como não existe uma estrutura
de 20%, ainda estão muito aquém do que as finanças sejam relegadas a adequada, muitas vezes as coisas são
potencial”, analisa Coutinho. segundo plano. feitas de forma correta, mas não são
corretamente relatadas. E isso não
A boa notícia é que já está em Uma boa forma de acompanhar a transparece para a imprensa, para o
curso um processo evolutivo. evolução na gestão das agremiações público em geral. O futebol brasileiro
Aos poucos, chegaram ao fim as é analisar a transparência precisa aprender a gerir essa enorme
“dinastias”, que duravam décadas, apresentada pelos clubes em seus vantagem de ser uma paixão nacional;
de dirigentes amadores à frente da sites oficiais. Há alguns anos, da existência de um público ávido e
gestão dos clubes. Eles estão sendo praticamente só havia informações até mesmo carente por consumo. A
paulatinamente substituídos por sobre o time: jogadores, notícias e única contrapartida que pedem é ser
gestores profissionais. Para que essa tabelas de jogos. Hoje, já é possível respeitado. Melhor gestão e melhores
revolução se consolide, é preciso encontrar clubes apresentando condições ao torcedor (bilheteria,
também que os torcedores – os balanço social e demonstrações transporte, estádios, alimentação,
potenciais consumidores, aqueles financeiras auditadas por auditores segurança). Isto, a Copa 2014 poderá
que efetivamente podem gerar um independentes. Entretanto, em ensinar”, finaliza o sócio da KPMG.
grande volume de recursos para o comparação com o conceito de
seu clube – passem a se preocupar transparência que é utilizado no
também com a forma como a mundo corporativo tradicional, Nas próximas edições, as matérias
sobre Copa do Mundo da KPMG
agremiação é administrada. Até os clubes ainda têm que
Business Magazine abordarão
porque, ainda que não seja possível avançar. Notadamente, a falta de temas específicos, como segurança,
assegurar uma relação direta entre transparência acaba contribuindo para transportes, saúde etc.

Copa de 2014 09
Audit Committee Institute

Instrução CVM nº 480 em debate


Na 22ª Mesa de Debates do Audit Committee Institute (ACI), promovido pela KPMG, foi discutida a
Instrução CVM nº 480, assunto bastante comentado nos últimos meses. Foram abordados os principais
tópicos que afetam o Conselho de Administração, o Conselho Fiscal e o Comitê de Auditoria das empresas

a Demonstrações Financeiras: a situação econômico-financeira do investidor em termos de retorno do


principal novidade é a declaração da emissor, dos riscos inerentes às suas investimento, no que se refere aos
administração, especificamente do atividades e dos valores mobiliários dividendos e ao valor das ações.
diretor de Relações com Investidores por ele emitidos. Deve-se ter atenção
e do CEO, que deverão revisar as pois qualquer informação que não a Riscos de Mercado: diferentemente
demonstrações financeiras, bem for declarada poderá ser vista como dos fatores de risco, nos riscos de
como o parecer dos auditores inadequada e entendida pela CVM como mercado são requeridos os riscos de
independentes e divulgar os dados na infração grave. negócio da própria empresa e do seu dia-
CVM com a aprovação e certificação a-dia. Normalmente são caracterizados
das informações. a Informações financeiras riscos de mercado os riscos com
selecionadas: esse tópico aborda derivativos, com instrumentos financeiros
a Supervisão da CVM: o objetivo a divulgação dos números mais como hedge e câmbio, entre outros.
principal é possibilitar que, diante do importantes, utilizados na análise
surgimento da necessidade de realizar comparativa dos exercícios sociais pelos a Assembleia Geral e administração:
captação ou emissão de títulos de investidores e analistas de mercado: a CVM criou uma série de itens que
valores mobiliários das empresas receita, patrimônio e cálculo do lucro por precisam ser cumpridos para a realização
registradas, haja maior agilidade no ação – dados-padrão na divulgação de de uma Assembleia Geral. O item de
processo de preparação das informações um prospecto de oferta pública. Além destaque desse tópico é a exigência de
necessárias para divulgação ao mercado. disso, a CVM nº 480 requer a divulgação divulgação da estrutura do conselho de
Com a finalidade de realizar este da política e do cálculo de dividendos dos administração, da estrutura dos comitês
processo com maior eficiência, a CVM últimos três exercícios sociais. existentes para dar suporte ao conselho
tem a intenção de revisar rotineiramente de administração e da estrutura do
os Formulários de Referência, na medida a Fatores de risco: A CVM nº 480 conselho fiscal nos aspectos de atuação e
em que ocorra o arquivamento por parte não se atém só aos fatores de risco qualificação de seus membros, frequência
das companhias. do emissor, mas refere-se também das reuniões, processo decisório, seu
aos fatores de risco do seu controlador regimento interno, a interação entre
a Identificação das pessoas direto, indireto ou grupo de controle, de conselhos, bem como a forma de
responsáveis pelo conteúdo do seus acionistas, controladas e coligadas, avaliação utilizada por estes. Ainda que
Formulário de Referência: neste fornecedores, clientes, setores da as avaliações e as auto-avaliações dos
documento o CEO e o diretor de economia em que a empresa atua, conselhos ou dos comitês façam parte
Relações com Investidores da regulação do segmento e aos países das boas práticas de governança exigidas
organização atestam que revisaram o estrangeiros onde o emissor atua. É pelo mercado, fica clara a obrigatoriedade
Formulário e que todas as informações importante não confundir os fatores da divulgação de como o processo de
apresentadas estão de acordo com a de risco referentes ao gerenciamento avaliação é realizado.
CVM nº 480, especialmente os artigos de riscos corporativos com os fatores
14 a 19. O conjunto de informações de risco requeridos no Formulário a Remuneração dos
divulgadas deve ser um retrato de Referência – onde são listados Administradores: A CVM nº 480
verdadeiro, preciso e completo da os elementos que podem afetar o instituiu novas regras para divulgação

10 ACI
(esq. à dir.)
Rodrigo Camargo, sócio do Frignani
e Andrade Advogados,
Sidney Ito, sócio da KPMG no Brasil
na área de Risk & Compliance, e
Rogério Andrade, sócio da KPMG
no Brasil na área de Capital Markets

da remuneração dos administradores. divulgar a maior e a menor remuneração parte que está vinculada com a entidade
Uma delas diz respeito à política de e a sua média ponderada. direta ou indiretamente por meio de
remuneração que abrange vários órgãos, um ou mais intermediários, coligada
como o conselho de administração, o a Transações com Partes da entidade, joint venture em que seja
conselho fiscal e a diretoria estatutária Relacionadas: a Instrução requer que a investidora, membro do pessoal-chave
e não-estatutária. Outra regra requerida empresa apresente e descreva todas as da administração ou de sua controladora,
é a divulgação da remuneração, seja transações com as partes relacionadas. próxima à família, bem como a parte que
ela fixa, variável ou baseada em ações Entende-se por parte relacionada, for plano de benefícios pós-emprego para
e benefícios. A empresa deve também segundo a definição da CVM nº 560, a os empregados da entidade.

Audit Committee Institute - ACI


Uma iniciativa independente patrocinada pela KPMG

Lançado em 1999 nos Estados percepções sobre as responsabilidades publicações realizadas a partir de debates
Unidos, o Audit Committee Institute e atividades de um comitê, por meio da com especialistas nos temas discutidos e
promove a troca de informações e o interação e aprofundamento nos temas autoridades em comitês de auditoria.
desenvolvimento das melhores práticas que cercam a atividade, fortalecendo e
de governança corporativa, sendo aprimorando a forma de atuação e de Destacamos alguns dos principais temas
reconhecido como um importante monitoramento de relatórios financeiros abordados nas mesas de debates do ACI
fórum de discussão disseminador de e compartilhando o entendimento deste nos últimos cinco anos:
informações relevantes aos membros papel. É consenso entre os membros do
de comitês de auditoria e da alta ACI que desempenhar suas funções com 4 Implementação e melhores práticas
direção das organizações. eficiência e integrar novas abordagens dos comitês de auditoria;
à cultura, à agenda e aos processos de 4 Comitês de auditoria e conselho fiscal;
O ACI foi lançado no Brasil em 2004 monitoramento demandam participação
4 Lei Sarbanes-Oxley e suas práticas de
com a missão de estabelecer um cada vez mais consciente e ativa.
implementação;
canal de comunicação e interação
4 SOX 301 – Conselho fiscal ou comitê
com os membros dos conselhos Para que esta dinâmica seja cada vez
de auditoria;
de administração, dos conselhos mais efetiva, são promovidas também
fiscais e dos comitês de auditoria diversas mesas de debates, altamente 4 Gerenciamento de riscos;
das empresas brasileiras, objetivando interativas, com os membros de comitês 4 Regulamentação do mercado;
três pontos principais: conhecimento, de auditoria. São realizadas pesquisas 4 Melhores práticas de governança
compromisso e capacidade. contínuas que auxiliam na obtenção de corporativa;
percepções sobre questões atuais e
4 IFRS e a Lei 11.638;
O objetivo do ACI é auxiliar os membros também são publicadas informações de
máximo interesse, por meio do periódico 4 A governança corporativa e o mercado
de comitês de auditoria e da alta direção
Audit Committee Institute e de outras de capitais.
das organizações a aprimorar suas

ACI 11
Comércio Exterior

Sinal verde para a Linha Azul

Um dos principais problemas na legislação. Ainda que proporcione


enfrentados por grandes indústrias enorme ganho de agilidade para as
que operam no Brasil é o demorado companhias, a Linha Azul ainda sofre
processo de desembaraço de com a morosidade no processo de
Regime aduaneiro mercadorias e matérias-primas habilitação. As mudanças vieram
nos portos e aeroportos. O atraso justamente para agilizar o processo de
especial da Receita na chegada e saída de produtos e auditoria ao qual as organizações são
insumos industriais significa perda submetidas para aderirem ao regime.
Federal passa financeira para as empresas e ajuda a “A Linha Azul é muito benéfica para as
elevar o chamado “custo Brasil”. Para grandes indústrias. No entanto, alguns
por mudanças na complicar, as medidas de combate ao
terrorismo trouxeram um aumento no
anos após a sua criação, tornou-se
evidente que uma agilidade maior nos

legislação e atrai tempo despendido pelas autoridades


aduaneiras em processos de exportação
processos de auditoria para habilitação
aumentaria muito a disposição das

cada vez mais e importação. Com o objetivo de


diminuir esse problema e estimular a
empresas. E a própria Receita Federal
tem interesse em fazer crescer a lista
adesão de cada vez mais empresas à de participantes, já que isso significa
empresas Linha Azul – regime aduaneiro especial economia de recursos”, comenta
que agiliza o comércio exterior –, a Roberto Cunha, sócio da KPMG no
Receita Federal editou, em agosto Brasil na área de Tax.
de 2009, uma série de alterações

12 Comércio Exterior
Roberto Cunha, sócio
da KPMG no Brasil
na área de Tax

Para aderir à Linha Azul, a empresa de 50 companhias em processo de pressupõe um ganho de imagem
interessada deve se submeter análise – e isso tende a aumentar. E há expressivo para a corporação. O
a auditorias que comprovem a movimentos que buscam condicionar Fisco passa a enxergar a companhia
segurança de seu processo logístico benefícios fiscais à adesão à Linha como uma empresa que leva a sério
e o cumprimento das legislações Azul. Trata-se de um instrumento que seus controles e que está disposta
tributária, administrativa e cambial. tem muito a crescer. É uma iniciativa a abrir os procedimentos internos às
Após a habilitação, a empresa se mundial, já que vários países contam auditorias. Além dos aprimoramentos
torna praticamente uma parceira da com regimes aduaneiros especiais na legislação, Roberto Cunha credita
Receita Federal, já que terá suas similares”, afirma o sócio da KPMG. o crescimento na adesão à Linha Azul
operações de importação, exportação a um aumento na consciência de que
e trânsito aduaneiro direcionadas, Roberto Cunha estima que existam o regime especial é um diferencial
preferencialmente, para o canal entre 250 e 300 empresas industriais importante de custo e na forma como
verde de verificação e tratamento de no Brasil com potencial para aderir. a companhia é vista pelos gestores
despacho aduaneiro expresso. Isso O grande gargalo é, sem dúvida, a da Receita Federal e pelo mercado.
significa um ganho expressivo em pouca estrutura da Receita Federal “Como esse tipo de regime é uma
agilidade. E as companhias sabem que, na análise dos pedidos, o que causa tendência mundial, há ainda o benefício
em um mercado competitivo, tempo demora na habilitação. de a empresa listada poder se tornar
é igual a eficiência. No início de 2008, fornecedora de multinacionais que
havia 14 empresas habilitadas. Em Não bastassem os ganhos de tempo exigem esse diferencial”, analisa Cunha.
2010, esse número mais do que dobrou e de custo, com economia no estoque Como se vê, todos – Receita Federal,
e alcançou 37. “Existem também cerca de emergência, a adesão à Linha Azul empresas e sociedade – têm a ganhar.

Comércio Exterior 13
Comércio Exterior

“A habilitação da Whirlpool à Linha Azul teve ampla


repercussão na empresa, uma vez que recompensa todo
o trabalho e investimento efetuados para a adequação
ao regime de toda a cadeia de comércio exterior”
Alexandre Martin, especialista em Comércio Exterior da Whirlpool

A Whirlpool sai na frente Alexandre Martin

Maior fabricante de eletrodomésticos O que motivou a Whirlpool a buscar a controles para ajustar alguns processos
do país, dona das marcas Brastemp, adesão à Linha Azul? e sanear eventuais problemas na fonte,
Consul e KitchenAid, a multinacional Com a Linha Azul, as operações da buscando estabelecer um processo de
norte-americana foi a primeira de seu Whirlpool ganham agilidade, qualidade melhoria contínua.
setor a conseguir a adesão à Linha Azul. no atendimento a clientes no exterior
Para uma empresa que necessita de e excelência operacional no caso da Quais são as vantagens de se aderir
muitos trâmites aduaneiros, tanto na importação de alguns itens para nosso a esse regime especial?
exportação de mercadorias quanto na processo produtivo no Brasil. Além Os trâmites de importação e
importação de matérias-primas e de do ganho logístico, já que todos os exportação registrados pela empresa
componentes, trata-se de um diferencial processos de desembaraço de importação no sistema de controle aduaneiro
importantíssimo. Confira a entrevista e exportação são preferencialmente Siscomex são preferencialmente
que Alexandre Martin, especialista direcionados ao canal verde de direcionados ao canal verde. Logo,
em Comércio Exterior da Whirlpool, verificação aduaneira, podemos contar são desembaraçados com verificação
concedeu à KPMG Business Magazine com tratamento diferenciado da Receita mínima por parte da Receita
sobre o processo de habilitação. Federal, dado às cargas prioritárias. Federal. Isso garante uma operação
Ganhamos ainda o reconhecimento da rápida e dispensada dos entraves
eficácia dos nossos controles e, portanto,gerados em decorrência de canais
a tranquilidade de pertencer a um grupo vermelhos de verificação, que exigem
seleto de empresas habilitadas. agendamento, posicionamento da
carga e desova (que pode gerar danos
Como foi o processo de adesão? Houve aos produtos a serem exportados
a necessidade de adaptações ou de devido ao manuseio incorreto da
aprimoramentos nos procedimentos carga pelos operadores portuários).
internos? Sem contar que a demora neste
Para habilitar-se ao regime, é necessário agendamento e operação pode
que a empresa se submeta a uma significar a perda de um embarque
auditoria externa rigorosa que abrange de exportação e onerar os clientes
desde os dados cadastrais até a segurança no exterior. Já na importação, o
da cadeia logística de comércio exterior, desembaraço em canal verde significa
passando pelo processo produtivo. que a matéria-prima pode seguir logo
Durante o processo de habilitação, para a linha de produção, garantindo
diversas normas e procedimentos um ganho significativo de tempo.
internos tiveram que ser alterados ou
adaptados para atender às exigências da
Receita Federal. Foram ainda introduzidos

14 Comércio Exterior
É possível fazer uma estimativa dos Quais serão as vantagens A maior parte dos países desenvolvidos
ganhos que a Whirlpool deve obter operacionais trazidas pela Linha oferece regimes aduaneiros
com a Linha Azul? Azul, em termos de importação de diferenciados, como o Linha Azul. Como
Apesar de as cargas da empresa insumos para a produção industrial a matriz vê a adesão da Whirlpool
serem direcionadas preferencialmente no Brasil? Há a possibilidade Brasil? Trata-se de uma política global
para o canal verde de desembaraço, de aumento na exportação de da companhia?
continuam sendo válidos os canais equipamentos da linha branca? A habilitação concedida pela Receita
de verificação. Porém, neste caso, O desembaraço aduaneiro automático Federal brasileira teve ampla repercussão
as cargas têm tratamento prioritário dos insumos importados dá agilidade à na empresa, uma vez que recompensa
e devem ser liberadas pela Receita sua utilização na unidade produtiva. O todo o trabalho e investimento efetuados
Federal em até oito horas nos portos e canal verde evita que a mercadoria seja para a adequação ao regime de toda
em quatro horas nos demais recintos, submetida à burocracia logística dos a cadeia de comércio exterior. Esta
em comparação com pelo menos sete portos em decorrência da necessidade habilitação demonstra que as operações
dias para o desembaraço em canal de vistoria física da carga, que pode no Brasil alcançaram um excelente nível
vermelho em embarque marítimo. E levar dias. Da mesma forma, a garantia de controle. Nos Estados Unidos, a
com dois dias para o desembarque da exportação na data de embarque Embraco North America é credenciada
aéreo sem a habilitação. acordada permite o cumprimento dos no C-TPAT (Customs-Trade Partnership
prazos estabelecidos para atendimento Against Terrorism), que garante tratamento
De que forma o trabalho da KPMG aos clientes no exterior. prioritário junto àquela aduana. Mas o foco
auxiliou nesse processo? está na segurança da cadeia logística.
A KPMG e a equipe da Whirlpool
trabalharam juntas na revisão de
procedimentos, buscando sua
adequação aos controles propostos.
É importante destacar que muitas
vezes não há uma referência clara à
forma de controle que a empresa deve
utilizar. Mas, sim, testes específicos
durante a auditoria e, posteriormente, a
submissão desses controles ao crivo da
Receita Federal.

Comércio Exterior 15
SAM

Maturidade no
gerenciamento de
licenças
A adoção de Software Asset
Management reduz custos e limita
riscos relacionados à propriedade e
ao uso de programas de informática

O pior dos mundos para uma organização


é ter sua imagem comprometida por um
deslize. A rigor, como o mercado não
distingue entre um ato de má-fé e falhas
de gestão, é duplamente frustrante para
a companhia ver sua compliance em
xeque, quando julgava estar cumprindo
os contratos e regras à risca. A falta de
controle em uma área complexa como
a de Tecnologia da Informação (TI), por
exemplo, tende a favorecer o surgimento
de situações delicadas envolvendo o uso
inadequado de licenças de softwares.
E as consequências da desorganização
extrapolam a esfera de ação dos CIOs
André Coutinho, sócio da André Rangel, gerente-sênior (Chief Information Officers), podendo
KPMG no Brasil na área de da KPMG no Brasil na área de esbarrar em questões legais – quando
Risk & Compliance Risk & Compliance uma auditoria revela que a empresa não

16 SAM
paga por todas as licenças em uso – efetivo de licenças
e invariavelmente invadindo o setor em uso, mas
financeiro, que é quem paga a conta. também
entre o que
O gerenciamento de licenças é o é utilizado
calcanhar-de-aquiles das áreas de TI e a real
das organizações que não adotam o necessidade
SAM (Software Asset Management), da empresa.
prática desenvolvida para reduzir “O SAM evita
custos e limitar riscos relacionados à desperdícios,
propriedade e ao uso de programas. por exemplo,
“Nas auditorias compulsórias realizadas nos casos de fusão
a pedido dos fabricantes de softwares, ou aquisição. Muitas
não é raro que os altos escalões das vezes, mesmo tendo
companhias sejam surpreendidos pela unificado as áreas de contabilidade
informação de que estão pagando ou financeira, a organização continua
a mais que o devido pelo uso dos pagando os contratos firmados antes
programas e aplicativos”, relata André da fusão. O correto seria revisar o
Coutinho, sócio da KPMG no Brasil na parque de licenças de softwares”, alerta O estudo revelou que 50% das
área de Risk & Compliance. André Rangel, gerente-sênior da KPMG organizações não possuem
no Brasil na área de Risk & Compliance. informações completas e precisas
Normalmente, apenas os executivos sobre implantação e direitos de licença
da área de TI consideram o SAM uma Seja pela ótica financeira, seja do de software; outras 34% têm um
prioridade. O CFO (Chief Financial ponto de vista legal, a Pesquisa controle limitado, mas não adotam
Officer) só toma conhecimento do de Maturidade SAM, realizada no procedimentos ou ferramentas
tema quando recebe a fatura do primeiro trimestre deste ano pela do SAM; e os restantes 16%
fornecedor cobrando o pagamento pelo KPMG no Brasil, registra uma implantaram alguns procedimentos e
uso indevido de licenças. realidade preocupante. A maior parte ferramentas SAM, mas as informações
das organizações ainda se encontra derivadas podem não ser confiáveis
Uma das finalidades da prática do em um estágio pouco maduro no que e, geralmente, não fazem parte do
SAM é evitar o desequilíbrio não diz respeito ao gerenciamento dos processo de decisão.
apenas entre o contratado e o número ativos de softwares.

Métodos Utilizados para Rastreamento de Direitos de Software

Nós não rastreamos os direitos


10% de forma centralizada
19% Procedimentos manuais
Nós utilizamos uma solução
48% adquirida de terceiros
23% Solução integrada/em tempo real usada
para gerenciar os ativos de software

Fonte: KPMG no Brasil, 2010

SAM 17
SAM

Maturidade SAM
A pesquisa foi realizada a partir do Racionalizado (gerenciamento
Modelo de Otimização SAM, que ativo) – visão, políticas,
segue os padrões ISO/IEC SAM procedimentos e ferramentas são
19770-1 (International Organization utilizados para gerenciar o ciclo de
for Standardization/International vida dos ativos a fim de atingir os
Electrotechnical Commission). O objetivos do negócio;
modelo classifica o grau de maturidade
das empresas em quatro níveis: Dinâmico (otimizado) –
alinhamento quase em tempo real
Básico (ad hoc) – pouco controle com as necessidades dos negócios.
sobre quais ativos de TI estão em O SAM é uma competência
uso e onde estão; carência de estratégica organizacional que
políticas, procedimentos, recursos e possibilita o alcance das metas do
ferramentas; negócio.

Padronizado (rastreamento de A pesquisa revela que 84% das


ativos) – os processos de SAM empresas avaliadas estão nos
existem, assim como dados e níveis básico ou padronizado
ferramentas. A informação pode e necessitam implementar
não ser completa ou precisa e, um gerenciamento proativo
normalmente, não é utilizada no de ativos de softwares para
processo de tomada de decisões; evitar riscos à conformidade

18 SAM
Nível de Maturidade X Tipos de Contratos de
Licença de Software

100% Não sei


90% Dinâmico, compra em tempo real,
80% Software as a Service (SaaS)/modelo
utilitário
70%
Licenciamento por volume/contratos
60% com grandes empresas
50% Compras de pacotes menores/simples
40% através de um canal regular

30% Compra de várias fontes ad hoc

20% Fonte: KPMG no Brasil, 2010

10%
0%
Básico Padronizado Racionalizado Dinâmico

de licenças. Apenas 15% de TI torna ainda mais essenciais realizarem um inventário preciso e
encontram-se no estágio procedimentos que permitam atualizá-lo periodicamente”, alerta
racionalizado e 1%, no dinâmico. obter informações precisas e em André Coutinho.
tempo real para o rastreamento de
Mais da metade das organizações software”, explica André Rangel. O estudo também indica que as
(58%) não realizam o rastreamento empresas no nível dinâmico lideram
de direitos de software ou o fazem Um desses procedimentos é a uma mudança de paradigma: em
apenas por meio de procedimentos centralização dos processos de vez de contratos por volume, elas
manuais. E só 19% gerenciam os compra e de desativação de PCs optam mais pela compra de software
direitos de softwares de forma e seus respectivos softwares. pelo conceito SaaS (Software as a
integrada com os fornecedores, Muitas vezes, o preço dos novos Service) ou pelos modelos utilitários
quase que em tempo real. equipamentos já embute o valor (pagos de acordo com o uso). “Essa
das licenças de sistemas. Se a troca evolução tem a ver com a cloud
O SAM é um alvo em movimento. for bem gerenciada, a empresa computing. Cada vez mais softwares
A experiência nos mostra que pode economizar reaproveitando são oferecidos na internet, inclusive
uma gestão eficaz sempre adota as existentes. E o rastreamento os programas de produtividade
o monitoramento contínuo dos visando identificar as licenças e seus empresarial, reengenharia ou mesmo
ativos de softwares. Saber o que a usuários permite a otimização das aplicativos de planejamento de
empresa possui e onde está não é mesmas, inclusive pela transferência recursos, em um ambiente hosting,
um exercício estático e temporário. entre os departamentos. “Daí a terceirizado, que é pago conforme o
A velocidade das mudanças na área importância de as organizações uso”, explica André Rangel.

SAM 19
SAM

EUA x Brasil
A mesma pesquisa realizada no Brasil
já havia sido aplicada pela KPMG
nos Estados Unidos em 2008. O
Índice de Maturidade Geral (em%)
comparativo entre elas revelou um certo Brasil
alinhamento no nível de maturidade
SAM entre as empresas avaliadas lá e EUA
aqui. Os EUA apresentavam 50% de
empresas no nível básico, enquanto o
Brasil agora está no patamar de 59%. 70% 59%

60% 50%
“É interessante observar que a
conjuntura encontrada pela pesquisa
50%
feita nos Estados Unidos dois anos 34%
atrás é bastante próxima da realidade 40% 27%
brasileira atual. Até mesmo o número
de funcionários envolvidos no processo 30% 15% 13%
de SAM é equivalente”, conta André
Coutinho. Nos EUA e no Brasil, 41% 20%
das organizações têm equipes para
1% 1%
10%
cuidar do SAM. Enquanto 17% das
Básico Padronizado Racionalizado Dinâmico
empresas brasileiras contam com uma
única pessoa responsável pelo SAM e Nível de Maturidade
outras 33% não têm ninguém nessa
função, nos EUA as percentagens eram
Fonte: KPMG International 2008 e KPMG no Brasil, 2010
respectivamente de 27% e 29%.

Auditoria compulsória
A maioria dos fabricantes e fornecedores de softwares têm A ideia de que o fabricante tem interesse em que
programas de compliance, com cláusulas que preveem a haja descontrole para faturar mais é errônea. Como os
realização de auditorias em seus clientes. Mas a abordagem custos com informática são crescentes nas corporações,
do SAM, tanto na ponta do usuário quanto para o fornecedor, o desequilíbrio pode levar o cliente a interromper o
é positiva e estimula a busca do equilíbrio. pagamento dos serviços de manutenção ao fornecedor. A
inadimplência dispara uma série de gatilhos, a começar pelo
“O fornecedor de software quer receber o justo, nem a mais acionamento do setor jurídico. “Tudo isso gera custos. E
nem a menos. A situação de desequilíbrio em prejuízo do não convém ao fornecedor entrar em litígio com o cliente”,
cliente não interessa ao fabricante. O foco da indústria é a acrescenta Coutinho.
fidelização”, diz André Coutinho.

20 SAM
Check-list
O primeiro passo para as organizações de análises sobre o que é preciso fazer perde seu valor. A atualização pode ser
que querem evoluir no gerenciamento ou mudar. É necessário desenhar todos feita confrontando-se o inventário com
de ativos e, em particular, das licenças os cenários possíveis para apoiar a os registros de outras fontes, como o de
de uso de software é realizar o empresa em sua escolha de sair do colaboradores do RH;
diagnóstico de sua situação atual e um básico e chegar ao padronizado ou ao n A empresa também necessita de um
planejamento de onde podem chegar. racionalizado”, explica André Coutinho. registro de aquisições de licenças, que
“O ideal é que toda alteração seja deve ser reconciliado periodicamente,
feita em real time com o fornecedor. Confira o check-list essencial para confrontando-se o número de usuários
Os fabricantes oferecem sistemas de atender ao padrão de maturidade SAM: com o de licenças de uso;
comunicação que permitem ao cliente n Outro ponto central do SAM é
dar início automaticamente ao processo n O SAM deve permear toda a
o gerenciamento de operações e
de compra ou devolução para upgrade”, organização, com procedimentos
interfaces nos processos de aquisição,
explica André Rangel. documentados, funções e
desenvolvimento e retirada de ativos
responsabilidades, além de contemplar
de TI. Ou seja: as compras de licenças
A fotografia da empresa deve ser um plano de autoaperfeiçoamento;
e a instalação de softwares nos PCs
feita seguindo os padrões do SAM. A n A base do SAM é o inventário, tanto e servidores, quaisquer que sejam
organização identifica em que estágio de software quando de hardware: todos seus sistemas operacionais, devem
está e avalia quanto pode subir na os PCs e servidores devem ser incluídos ser feitas de maneira centralizada,
escala de maturidade. “A meta deve ser no inventário centralizado (Configuration assim como a retirada dos ativos
traçada a partir de um plano consistente Management Database – CMDB); de hardware, para permitir que os
de ação, formatado após um conjunto n Se não estiver atualizado, o inventário softwares sejam reutilizados.

SAM 21
SAM

A experiência da Microsoft
Falar em Microsoft é falar em Desde quando a empresa realiza este
tecnologia de ponta. Desde que programa no Brasil? O que levou a
foi fundada, a companhia norte- corporação a trazê-lo para cá?
americana de softwares tornou-se um A Microsoft vem utilizando o SAM
dos maiores símbolos da evolução desde 2008. A cada ano amadurecemos
tecnológica aplicada ao avanço da mais o processo para que ele se adeque
civilização. Como não poderia deixar cada vez mais às necessidades do
de ser, a Microsoft também tem vasta mercado. O Processo de SAM veio
experiência em SAM. Confira, a seguir, para o Brasil com a finalidade de ajudar
a entrevista que André Sieber, SAM os clientes a entenderem melhor as
Engagement Manager da Microsoft licenças adquiridas e as que já possuem
Brasil, concedeu à KPMG. para que tenham exatamente o
precisam ter.
KPMG Business Magazine –
Como funciona o programa SAM O programa possui estatísticas que
da Microsoft? permitem mensurar a evolução do
André Sieber, SAM Engagement André Sieber – O SAM (Software grau de aderência das empresas
Manager da Microsoft Brasil Asset Management ou Gerenciamento brasileiras ao SAM?
de Ativos de Software) é um processo A Microsoft desenvolveu um processo
fundamental para os negócios, que de maturidade dividido em quatro
fornece um sistema para gerenciar, pilares, identificando se a empresa está
controlar e proteger, efetivamente, em um estágio Básico, Padronizado,
os ativos de software dentro de uma Racionalizado e Dinâmico. Com isso,
organização. O SAM é uma função é possível mensurar a evolução da
importante de uma organização de empresa no processo de SAM. Para
médio ou grande porte, mas, às cada nível de maturidade, alguns itens
vezes, acaba sendo negligenciado. O são analisados, como qualidade e
Software Asset Management tem um periodicidade de inventários, existência
padrão internacional independente de de um processo formal de SAM dentro
fornecedores, respaldado pela maior da empresa, entre outros.
parte do mercado de TI, incluindo
a Microsoft. A Microsoft executa o Há números que quantifiquem o
SAM em seus clientes através de sua benefício do SAM para as empresas
comunidade de parceiros certificados usuárias, seja em economia de
em SAM. Para isso, o parceiro executa recursos seja em solução de
provas que certificam que ele está problemas?
habilitado e totalmente alinhado com Segundo análise realizada pela
este processo. empresa Gartner, ao implementar o
gerenciamento de ativos de software,
uma empresa pode reduzir em 5%

22 SAM
a 35% os gastos relacionados à
Tecnologia da Informação. Já uma
pesquisa da consultoria Forrester
Research, realizada em 2008, mostra
que um programa de gerenciamento
bem implantado chega a gerar uma
economia média de US$ 50 por
computador e US$ 300 por servidor.
Além de reduzir em até 10% os custos
com suporte em tecnologia.

Quais comparações podem ser


feitas entre o mercado brasileiro e
o europeu e norte-americano em
termos de aderência ao SAM?
Nos EUA e em alguns países da Europa,
como a Inglaterra, a implementação
de um processo de gerenciamento de
ativos de software tem uma aderência Como o sr. avalia a iniciativa da KPMG Que aspectos da pesquisa o sr.
maior devido ao mercado estar mais de realizar uma pesquisa sobre a gostaria de destacar? A pesquisa
avançado na questão de gerenciamento maturidade SAM entre as corporações trouxe dados relevantes para a
das licenças e do ciclo de vida do brasileiras? Microsoft? Quais?
software – no qual se controla todo Como uma grande parceira da Microsoft, Sem dúvida, o resultado da pesquisa
o processo de existência de um a KMPG realizou um excelente trabalho mostra a fragilidade do nosso mercado
software e sua devida licença dentro nesta pesquisa. A iniciativa da KPMG de maneira geral. O gerenciamento de
da empresa. Isso abrange desde a mostra como o nosso mercado ainda ativos de software não é uma prioridade
compra, como ela é feita, como são tem pouca aderência quanto ao nas empresas, o que alerta para nos
feitos o armazenamento e o controle gerenciamento de ativos de software. aproximarmos mais dos nossos clientes
dessas licenças até o descarte destes A pesquisa revela pontos importantes, para ajudá-los ainda mais na obtenção
softwares, por motivo de upgrade ou como o caso de grandes empresas que de todos os benefícios de um processo
substituição, por exemplo. Esse tipo não fazem ou fazem de maneira muito SAM bem realizado: custos reduzidos,
de processo está muito mais maduro básica este tipo de gerenciamento. mais inteligência e controle de software,
nesses países, onde a economia e a Apenas 9% das empresas enxergam garantia quanto à conformidade de
segurança resultantes do processo o SAM como uma das cinco maiores licenças, melhora nos processos de
de SAM já foram comprovados e as prioridades. Outro ponto relevante é aquisição e maior produtividade dos
empresas estão se desenvolvendo a que 50% das empresas pesquisadas se usuários, melhora no trabalho do help-
cada ano neste quesito. O Brasil está encontram num estágio básico dentro desk por meio de padronização de
num processo de adoção do SAM. do processo de maturidade SAM. Isso aplicativos e plataformas.
Logo, nosso mercado estará nos mostra que as empresas no Brasil ainda
mesmos patamares de países mais precisam entender o real valor de se
desenvolvidos em SAM. gerenciar os ativos de software.
SAM 23
TI

Bancos de montadoras
buscam flexibilidade
Crise financeira trouxe desafio para os gestores de
Tecnologia da Informação

No auge da recente crise financeira, “Esses bancos têm estruturas enxutas,


entre 2008 e 2009, os grandes bancos com equipes bastante reduzidas
seguraram o crédito, como uma reação atuando na área de TI, da qual depende
natural de aversão ao risco. Porém, o o sucesso de qualquer estratégia que
que se viu poucos meses depois foi exija agilidade e flexibilidade, como foi
um movimento oposto, de incentivo o caso da operacionalização de novos
aos financiamentos, com forte atuação produtos de crédito após o fim da pior
das instituições que atuam em nichos fase da crise financeira”, analisa Luiz
de mercado. A estratégia era dar maior Gustavo Cabral, diretor da KPMG no
suporte às vendas das indústrias às quais Brasil na área de IT Advisory Services –
esses bancos estavam ligados. Risk and Compliance.

O melhor exemplo é o dos bancos de O que se viu, naquele momento,


montadoras de veículos, que esticaram foi que a área de TI dos bancos de
o número de parcelas e seguraram montadoras enfrentava um enorme
o aumento das taxas de juros para desafio para responder às necessidades
alavancar as vendas. A estratégia em de negócios, que demandavam novos
Luiz Gustavo Cabral, diretor da
si não representou uma novidade. Este sistemas, suporte ao lançamento
KPMG no Brasil na área de IT
é de fato o papel das financeiras da de produtos adequados à situação,
Advisory Services – Risk and
indústria automobilística. O que chamou presença regional e disponibilização
Compliance
a atenção foi o tamanho do desafio de serviços para revendedoras e
enfrentado pelos gestores de Tecnologia representantes comerciais.
da Informação (TI) dessas instituições.

24 TI
Com base na pesquisa Tecnologia da informações, assim como a necessidade baseada em microinformática
Informação em Bancos de Montadoras de pessoal especializado. (“plataforma baixa”), enquanto os
de Veículos no Brasil, realizada pela demais adotam “plataforma alta”
KPMG no Brasil, Cabral afirma que os A pesquisa da KPMG mostra, ainda, que (mainframe) como o principal ambiente
bancos deste segmento e também a maioria dos bancos de montadoras para os sistemas core banking. Grande
outras instituições financeiras de tem planos de mudanças. Apenas 40% parte das instituições utiliza um
pequeno e médio porte, que atuam como não pretendem substituir seus sistemas sistema principal de core banking para
braços financeiros de seguradoras, lojas core banking, enquanto 50% já estão suportar as transações envolvendo seus
de departamentos, redes de varejo e em fase de implantação de melhorias ou produtos financeiros, apesar de, muitas
atacadistas vivenciam a mesma realidade pretendem fazê-lo no prazo de um a dois vezes, empregar sistemas paralelos
e os mesmos desafios. E o principal anos. Outros 10% projetam mudanças para controles específicos.
desses desafios é a necessidade de em mais de dois anos. “Apesar de
contar com sistemas de TI mais flexíveis, visualizar as deficiências, os gestores “A pesquisa também revelou que a
capazes de suportar mudanças bruscas têm dificuldades para lidar com um maioria dos bancos de montadoras
em curto espaço de tempo. dilema clássico da TI em instituições utiliza um sistema principal core banking
financeiras, que é o de manter ou adquirido no mercado e apenas cerca
Dilema substituir os sistemas mais antigos, mas de um quarto deles tem sistemas
Um dos principais problemas apontados funcionais, por soluções mais modernas desenvolvidos internamente, enquanto
pelos CIOs e gestores de TI é a falta e abrangentes”, analisa o diretor da os demais adotam soluções mistas”,
de flexibilidade dos sistemas atuais, KPMG no Brasil. explica o diretor da KPMG no Brasil.
seguida da inexistência de treinamento
e capacitação dos usuários, baixa Segundo ele, três quartos dos bancos Com base nestas características e nos
segurança e confiabilidade das deste segmento utilizam uma plataforma demais resultados da pesquisa, Cabral

TI 25
TI

destaca que o setor parece buscar TI devem ser decididas com base em têm presença também em outros países
mudanças importantes nos recursos diagnósticos os mais precisos possíveis, da América Latina. A pesquisa revela
de tecnologia, mas lembra que as levando em conta as características que os bancos de montadoras são
decisões envolvendo troca de sistemas específicas do negócio e os prós e instituições de pequeno a médio porte,
e modelos de gestão devem ser contras da terceirização total ou parcial que administram ativos totais de R$ 1
embasadas também em outras análises, dos serviços de suporte técnico, bilhão a R$ 3 bilhões e destinam de 5% a
além do simples benchmarking. Afinal, manutenção ou help desk, por exemplo. 30% do orçamento de investimento total
cada organização tem necessidades e apenas para TI.
possibilidades específicas. Perfil
A pesquisa Tecnologia da Informação A maioria delas (55%) tem de 50 a 100
A pesquisa trouxe outros dados em Bancos de Montadoras de Veículos colaboradores, enquanto 27% têm
importantes quanto à gestão de TI nos no Brasil foi realizada no último bimestre equipes enxutas, com menos de 50
bancos de montadoras. Um aspecto de 2009 e envolveu CIOs e gestores de pessoas, e apenas 18% contam com
altamente positivo diz respeito às esferas TI de instituições financeiras vinculadas 101 a 400 funcionários. Na área de TI, a
de decisão quanto às prioridades da área aos fabricantes de veículos leves e estrutura de pessoal segue o mesmo
de TI: 64% dos bancos têm Comitês de pesados, incluindo automóveis, ônibus padrão: há instituições com apenas uma
TI que contam com a participação de e caminhões, tratores e implementos pessoa na gestão de TI, que trabalha
gestores de outras áreas. Apenas uma agrícolas e máquinas para o setor de integralmente com terceiros e/ou com
minoria das instituições indicou que as construção. A íntegra do estudo pode ser recursos da matriz fora do Brasil. Outras
decisões de TI são tomadas somente acessada no site www.kpmg.com.br. têm equipes próprias mais completas:
em reuniões entre o CIO e gestores das Mais de 60% das instituições 36% com 10 a 34 colaboradores (entre
áreas ou envolvendo exclusivamente deste segmento baseadas no país funcionários e terceiros dedicados
líderes e analistas da área de TI. responderam aos questionários, sendo à gestão, infraestrutura, suporte e
que 82% delas atuam no Brasil e 18% desenvolvimento).
Um dado negativo é que quase a
metade (45%) dos bancos não conta
com planos de treinamento para os
funcionários de TI. “Alguns problemas Aderência dos atuais sistemas O atual sistema core banking é ...
técnicos e de utilização, inclusive Core Banking aos processos
envolvendo segurança, poderiam ser do banco
minimizados se houvesse uma política de
treinamento. Basta observar que mais de
27% – Muito aderente. Suporta todos
um terço dos executivos afirma que os 64%
os principais processos.
sistemas atuais sofrem com problemas
64% – Aderente. Suporta a maioria dos
relacionados à falta de treinamento
27% principais processos.
e capacitação dos usuários. E esta
9% – Pouco aderente às necessidades
deficiência pode alcançar também a área 9% atuais. Requer o uso de muitos sistemas
de TI”, acrescenta Cabral.
e controles paralelos.

Assim como na troca de sistemas, as


Fonte: KPMG
alterações no modelo de gestão de

26 TI
Metade dos bancos tem até 60
usuários na rede e somente 27%
têm mais de 280. Nos sistemas
Auditoria de sistemas Há uma função, pessoa ou equipe

core banking e back-office, 55%


e controles de TI dedicada à auditoria de sistemas e
controles de TI na instituição?
das instituições contam com até 80
usuários enquanto uma menor parte
tem entre 100 e 300 usuários. Dos • 37% – Sim, com pessoal próprio e
37%
produtos financeiros disponibilizados, especializado em TI, com um plano de
aqueles que contam com maior grau atividades distribuídas ao longo do ano.
18%
de suporte dos sistemas de TI em uso • 18% – Sim, terceirizada, especializada
são os CDC (91%), leasing (82%) e em TI, com um plano de atividades
financiamentos corporate, wholesale 9% distribuídas ao longo do ano.
36%
e floorplan (82%). Na outra ponta, os
• 9% – Sim, com pessoal próprio, mas
menos suportados são os dos tipos de
compartilhando com outras funções
convênios e vendor (82%), recebíveis
e que faz auditorias esporádicas ou
e fundos de risco de cobertura para as Fonte: KPMG
pontuais na área de TI.
concessionárias (ambos com 81%).
• 36% – Não, não há auditoria de
sistemas.

Principais dificuldades e problemas relacionados aos sistemas core banking atuais

0% 20% 40% 60% 80% 100%


Não é um
problema Falta de aderência 64% 36%

É um problema
Falta de flexibilidade 9% 81%

Falta de treinamento 64% 36%

Falta de segurança e confiabilidade 64% 36%

Falta de recursos financeiros 100% 100%

Falta de pessoal técnico especializado 73% 27%

Outros 91% 9%

Fonte: KPMG

TI 27
Transformação Empresarial

Coomex prepara-se
para o futuro

Fernando Aguirre, sócio da José Amorim, sócio-fundador


KPMG no Brasil na área de e presidente da Coomex
Performance & Technology

28 Transformação Empresarial
André Medeiros, gerente da Hyvana Alves, consultora-
KPMG no Brasil na área de sênior da KPMG no Brasil
Performance & Technology na área de Performance &
Technology

Operadora do Criado a partir da quebra do monopólio


das concessionárias de energia elétrica
Neste contexto, a trajetória da Coomex,
operadora do mercado energético, é um
visando estimular a competitividade entre exemplo de como uma empresa jovem,
os fornecedores e reduzir o preço para os mas bem focada e com expertise, pode
mercado de grandes consumidores, o mercado livre crescer vertiginosamente. Em apenas
de energia cresce vigorosamente. De um cinco anos, ela se tornou a primeira
perfil inicial atacadista, no qual poucos trader independente em volume de

energia investe no consumidores faziam negócios de grande


porte apenas com as distribuidoras e
transações e ocupa a quinta posição no
ranking nacional das negociadoras de
geradoras, o mercado livre negocia energia. Agora, o grupo escreve um novo
hoje cerca de 45% do abastecimento capítulo de sua história, a partir de uma
aprimoramento industrial e representa entre 25% e profunda reestruturação visando adotar
30% do consumo total no Brasil. Entre as melhores práticas de governança
estes dois extremos, o setor passou pelo corporativa e credenciar-se para atrair

da gestão e dos racionamento de 2001 e pela posterior


“bolha” de energia excedente, por conta
capital, de modo a poder competir por
posições ainda melhores.
da economia forçada do pós-apagão. Em
2005, o mercado livre atingiu o equilíbrio “Há pouco tempo, a Coomex sequer
procedimentos entre oferta e demanda e alcançou a existia. Em 2006, seus sócios
estabilização dos preços para os grandes entenderam o momento: o país crescia
consumidores. Teve início, então, o e a questão energética começava a se

internos afluxo dos pequenos consumidores, que


passaram a ter o direito de acessar o
definir, com o pós-apagão. Eles acharam
um nicho, focaram os negócios e deram
mercado livre, mas apenas para adquirir uma abordagem nova ao mercado”,
energias renováveis. explica Fernando Aguirre, sócio da

Transformação Empresarial 29
Transformação Empresarial

KPMG no Brasil na área de Performance no mercado de energias renováveis. “Isso Na época da fundação, a empresa
& Technology. Agora, para seguir em nos colocava diante de dois desafios: contratou os primeiros diretores, que
frente, a Coomex precisa disputar fazer operações pulverizadas para hoje são os sócios. Não havia um corpo
com empresas verticalizadas, ligadas atender a redes de bancos, farmácias e gerencial nem operacional. Tudo recaía
a grandes grupos econômicos e com supermercados, e investir fortemente sobre os sócios. O crescimento levou
participação em companhias de geração em geração para obter lastro”, explica o à contratação imediata de um time
e distribuição. Neste ponto, fazer uma presidente José Amorim. Segundo ele, operacional, mas com uma abordagem
avaliação profunda de seus processos, fazer um projeto de transformação que mais amadurecida para atuar com um
sistemas e da estrutura organizacional abrangesse o tema governança corporativa dinamismo que permitisse à Coomex ser
foi fundamental para permitir que a e a reestruturação da empresa foi a um direcionador de competitividade e de
liderança de mercado alcançada tivesse resposta para os dois desafios. fortalecimento para o mercado energético
sustentação e perenidade. brasileiro. Para concretizar esse objetivo,
“Uma empresa tão jovem e bem- também foi necessária a revisão de
“É uma briga de titãs”, avalia José sucedida precisa passar por essa etapa todas as funções e a composição de um
Amorim, sócio-fundador e presidente para atingir a maturidade a partir de uma corpo gerencial de alto desempenho para
da Coomex, holding formada por uma arquitetura de negócios estratégicos, organizar a condução dos negócios e dos
comercializadora, uma consultoria baseada em um conceito que permite processos internos. “Quando se trabalha
e uma empresa especializada em focar em competências e cultura de só com o foco no fechamento de negócios,
desenvolvimento de ativos, que acaba melhoria contínua. O crescimento no comercial e no resultado, acaba-se
de inaugurar a Usina Santo Expedito. vigoroso, com uma curva tão acentuada pecando nos procedimentos internos,
Trata-se da primeira geradora hidrelétrica de desenvolvimento, empurrou a Coomex com o risco de enfrentar potenciais
conectada comercialmente ao sistema para esse realinhamento. Em outras prejuízos”, diz José Amorim, fazendo uma
de distribuição da Copel (Companhia palavras, este projeto permitiu à Coomex retrospectiva da trajetória da Coomex.
Paranaense de Energia). desenvolver um Centro de Excelência,
com equipe de desempenho superior e O projeto de transformação empresarial
Gestão e geração habilidosa, o que facilitou a percepção consistiu em profundas mudanças nos
A Coomex cresceu focada nas energias e o controle elevado das funções e dos processos, com a internalização de
renováveis e nos clientes de médio processos de negócios”, analisa André algumas áreas até então terceirizadas,
consumo. O atual estágio do segmento Medeiros, gerente da KPMG no Brasil na como a contabilidade, e a reorganização
indica a consolidação de um novo ciclo área de Performance & Technology. e implantação de outras, como o RH.
de expansão, com o ingresso do varejo Em pouco mais de um ano, o número de

30 Transformação Empresarial
funcionários foi duplicado e a Coomex estava mobilizada para a mudança, ao Desse trabalho nasceu um plano
adotou um sistema de gestão mais mesmo tempo em que estabeleceu quinquenal, com metas anuais. A
poderoso e de primeira linha, para fazer que as definições estratégicas fossem primeira delas é fazer a Coomex chegar
frente ao novo desenho empresarial. transformadas em tarefas cotidianas ao final deste ano completamente
“Precisávamos agregar novas capacidades de todos”, esclarece Hyvana Alves, alinhada às exigências de governança
e novos colaboradores para aumentar consultora-sênior da KPMG no Brasil na corporativa da Bovespa. “A partir desta
nosso punch operacional e comercial”, área de Performance & Technology. meta, estamos reconstruindo a empresa
sintetiza o presidente José Amorim. em termos de processos internos,
O alinhamento necessário para o formação de equipe e tecnologia. O
Planejamento desenvolvimento do projeto de objetivo é nos tornarmos atraentes
A segunda etapa da preparação da planejamento estratégico se deu a partir para os investidores. Esta foi a grande
Coomex rumo ao novo ciclo de expansão do envolvimento de toda a estrutura mudança de mentalidade resultante
envolveu um planejamento estratégico organizacional que estava alinhada de do processo de reestruturação e
para todo o grupo. Até então, cada forma a criar as sinergias necessárias planejamento: construir uma empresa
uma das empresas era muito eficiente, para atuar na construção de uma para o mercado”, diz José Amorim. Ele
mas atuava de maneira segmentada. cultura que gere inovação, sucesso do observa que atender às exigências da
Não havia uma visão do todo, um cliente e o próprio desenvolvimento Bovespa já habilita o grupo a fazer um
alinhamento. pessoal. “Como o objetivo maior de IPO, mas que a Coomex trabalha com
um planejamento estratégico é levar as várias possibilidades, incluindo ampliar o
“Esta etapa do projeto de transformação empresas a um crescimento sustentável, acesso a capital com emissões privadas
foi muito desafiadora para a Coomex. Em todos precisam saber para onde a de títulos ou private equity.
geral, e na opinião do próprio mercado, empresa irá caminhar, qual será o seu
a implantação de um projeto de norte. Este projeto focou justamente a Segundo o executivo, outro resultado
planejamento estratégico bem-sucedido melhoria das previsões financeiras, as interessante do planejamento foi o ganho
e sustentável apresenta, em sua habilidades de desenvolvimento dos em termos de integração
maioria, grandes dificuldades. Contudo, produtos, a construção da expertise e equipes. “A interação foi ótima e
os sócios da Coomex têm uma visão gerenciamento operacional, além de propiciou uma sinergia grande para a
empreendedora e clara dos negócios e utilizar os recursos internos de forma equipe, que passou a trabalhar de forma
de sua esfera de atuação no mercado. mais eficiente”, acrescenta Hyvana. mais integrada. Foi muito positivo”,
Neste ponto, o diferencial da Coomex conclui Amorim.
foi que toda a liderança da empresa

Transformação Empresarial 31
Poder Público

Modernização
da contabilidade
pública Marcos Fuzaro, gerente-sênior da
KPMG no Brasil na área de BPS

Ao passar a
enfocar o controle
patrimonial sem
perder de vista a
gestão orçamentária,
as alterações
na legislação
aproximam a
contabilidade pública
daquela adotada pela
iniciativa privada

32 Poder Público
Romulo Olindo, gerente da KPMG no Paulo Henrique Feijó, coordenador-geral Lino Martins, consultor e professor
Brasil na área de BPS de Normas de Contabilidade Aplicadas do Programa de Mestrado em
à Federação da Secretaria do Tesouro Contabilidade da UERJ
Nacional

Chegou a vez de a contabilidade aplicada contabilidade pública será responsável explica o consultor Lino Martins, que fez
pelos governos federal, estaduais pelo controle patrimonial dos órgãos parte do grupo de trabalho representando
e municipais ser valorizada como públicos brasileiros. o Programa de Mestrado em
instrumento de gestão pública. Desde a Contabilidade da Universidade Estadual
publicação da Portaria 749, emitida pela “Não se trata de um movimento isolado, do Rio de Janeiro (UERJ).
Secretaria do Tesouro Nacional no final mas, sim, de uma tendência mundial.
de 2009, o Brasil caminha para uma Dessa forma, a contabilidade pública “Desde que essas dez normas foram
verdadeira revolução na contabilidade ficará muito mais próxima daquela publicadas, o Tesouro Nacional, no papel
do setor público, que ficará muito mais adotada pelo setor privado”, comenta de órgão regulamentador do tema,
próxima das normas internacionais (IFRS) Romulo Olindo, gerente da KPMG no passou a aplicá-las ao setor público. A
que vêm sendo adotadas pelo setor Brasil na área de BPS. publicação foi realmente um marco.
privado – pois as normas internacionais Inclusive, as minutas foram amplamente
do setor público (IPSAS) derivaram Essas alterações não surgiram por discutidas com a categoria contábil
em grande parte das IFRS. A principal acaso. São fruto de um trabalho que em seminários por todo o país”, explica
mudança é que agora a contabilidade vem sendo realizado há tempos. Desde Paulo Henrique Feijó, coordenador-geral
pública, que antes tinha foco estritamente a promulgação da primeira Lei das SAs, de Normas de Contabilidade Aplicadas
orçamentário, passa a abarcar o controle em 1976, aprofundou-se a defasagem à Federação da Secretaria do Tesouro
patrimonial. “Do jeito que é feita hoje, entre contabilidade pública e privada. Nacional, que também participou do
o objetivo é monitorar a aplicação dos Para reverter esse quadro foi formado um grupo de trabalho. Ele ressalta ainda a
recursos públicos por meio de um grupo de estudos com pessoas indicadas importância da Portaria 184, emitida pelo
forte controle orçamentário, que está pelo Conselho Federal de Contabilidade, ministro da Fazenda, assim como do
fundamentado em regime misto: de procedentes do mundo acadêmico e Decreto Presidencial 6976, que definiram
caixa, para as receitas, e de competência, também do Ministério da Fazenda. “Com que a contabilidade do setor público
para as despesas, desconsiderando o o intuito de modernizar a contabilidade brasileiro deve convergir para as normas
fato gerador”, explica Marcos Fuzaro, pública, o grupo de estudos editou, em internacionais (IPSAS). “Trata-se de uma
gerente-sênior da KPMG no Brasil na 2008, após dois anos de estudos, as mudança importante, que exigiu muito
área de BPS. Com as alterações, esse dez normas brasileiras de contabilidade trabalho. Em 40 anos, nunca houve
controle deve continuar sendo executado aplicadas ao setor público. A partir delas mudanças na maneira como o setor
pelos processos orçamentários e a o Tesouro Nacional editou a Portaria”, público emite suas demonstrações. Não

Poder Público 33
poder público

tenho dúvidas de que se trata de uma não é o único. A contabilidade evolui; curto prazo, que está contaminado pelo
conquista da sociedade brasileira”, diz somente a gestão financeira não é mais processo eleitoral.
Feijó. suficiente. É preciso ter um controle
de contas a receber, por exemplo. “Na Essa visão é compartilhada por Feijó:
Benefícios União, as coisas estão mais ou menos “Tudo isso proporcionará à sociedade
As novas regras estabelecem prazo estruturadas. Mas existem municípios maior oportunidade de exercício do
até 2011 para que todos os órgãos em que os controles patrimoniais controle social. A boa contabilidade
públicos federais e até 2012 para que os são incipientes ou em alguns casos, ampliará a visão dos tribunais de contas.
estaduais passem a adotar esse novo inexistentes. Esse movimento vai Será também um instrumento para
arcabouço. Já os órgãos municipais permitir a manutenção das informações garantir a integridade dos recursos
têm até 2013 para se adequar. “O que orçamentárias e agregar a visão públicos. Obviamente, só essa nova
chamávamos de contabilidade pública patrimonial. É uma evolução. Costumo metodologia não evitará a corrupção,
era na verdade uma contabilidade brincar: hoje, o contador público reza mas é um controle a mais. Com maior
orçamentária, com foco meramente para um santo, o orçamento. Agora, transparência e rastreamento, pretende-
financeiro, voltado para o ingresso e vai rezar para dois, o orçamento e o se inibir a má utilização dos recursos
a saída de recursos. Agora, o maior patrimônio”, diz Feijó. públicos”. Quando o sistema estiver
benefício é tratar a contabilidade pelo plenamente estabelecido, o cidadão
aspecto correto, como um instrumento Com a mudança de foco, ocorre poderá analisar as demonstrações dos
de gestão patrimonial. A legislação antiga também uma série de benefícios, como governos com muito mais transparência,
não englobava endividamentos que não a possibilidade de elaboração de uma de forma integral e levando em conta
fossem orçamentários. E há uma série contabilidade de custos, a apuração também o médio e o longo prazos.
de dívidas e obrigações que se iniciam – adequada do valor do patrimônio e
portanto, são compromissos – antes de também das responsabilidades dos Quando se olha apenas o orçamento,
serem contempladas no orçamento. Os gestores públicos – que não decorrem enxerga-se aquele exercício e não os
precatórios, por exemplo, são dívidas do única e exclusivamente do orçamento, reflexos que sua execução vai trazer
Estado, mas estavam fora dos balanços mas também de uma gestão correta sobre exercícios seguintes. Na lógica
porque só são incluídos nos orçamentos do patrimônio do Estado. “Antes, o orçamental, é como se tudo se iniciasse
dos anos seguintes”, explica Lino Martins. administrador público não gastava em 1º de janeiro e terminasse em 31
dinheiro, ele gastava orçamento. Com a de dezembro. E isso despreza um
De maneira similar ao que acontece valorização do sistema patrimonial, haverá princípio antigo da contabilidade, que
na iniciativa privada, a modernização uma ênfase grande na noção de custo. E é o da continuidade. “Apesar de terem
da contabilidade pública brasileira irá o administrador público poderá enxergar demorado, essas alterações vêm em
permitir maior comparabilidade entre que está gastando recursos que têm um bom momento. O Estado, em
diferentes países. Naturalmente, de ser valorizados. Antes, bastava ter o seu sentido amplo, vive uma crise. Há
o setor público dá grande ênfase à orçamento que o custo e a depreciação carência de recursos. A população está
parte orçamentária, que é uma peça dos bens praticamente não importavam”, cada vez mais consciente do seu papel
importante de planejamento do governo afirma o consultor. Agora, a sociedade e quer que o Estado ofereça o máximo
assim como o primeiro instrumento poderá acompanhar mais de perto e de serviços públicos com o mínimo de
de demonstração dos gastos. Mas não ficará tão refém do ciclo político de impostos a pagar. Essa combinação

34 Poder Público
Principais pontos de
atenção
De acordo com Marcos Fuzaro e Romulo Olindo, apesar de à primeira vista
não parecer uma mudança complexa, já que o regime de competência é
algo inerente à formação dos contadores, trata-se de um movimento que
vai trazer grande impacto nas instituições públicas. “Não será apenas uma
mudança contábil, mas uma total ruptura com o pensamento atual”, alerta
Fuzaro. “Os contadores públicos terão que abandonar velhos conceitos e
passar a adotar algo totalmente novo em suas rotinas”, corrobora Olindo.
resulta em um raciocínio de custos:
fazer mais com menos. Vivemos esse
Nesse momento de transição, os executivos da KPMG indicam alguns
momento. As mudanças vieram porque
pontos importantes, que devem receber atenção especial. Um deles,
são uma necessidade”, analisa Martins.
obviamente, é o prazo, que deve ser seguido à risca. Segundo análise
Implementação de Olindo e Fuzaro, serão quatro os principais pilares das instituições
O caminho deve ser longo. Feijó acredita públicas significativamente impactados: Relatórios Contábeis, Pessoas,
que levará de dez a 15 anos para que Processos e Sistemas.
essa revolução esteja aplicada e bem
assimilada. “O Brasil vem em um l Relatórios Contábeis – Novos relatórios contábeis serão exigidos
processo de aprimoramento constante pelas Normas de Contabilidade e pela legislação, como, por exemplo,
e vigoroso nas últimas décadas. É só fluxo de caixa. Esse pilar tem impacto direto nos procedimentos
lembrar que tínhamos hiperinflação em contábeis adotados e na elaboração dos relatórios. Para esse pilar, haverá
1980, o que tornava a economia um necessidade de conversão das atuais demonstrações contábeis aos
caos, sem qualquer tipo de controle.
novos princípios.
Após 20 anos de reorganização, tendo
como grandes marcos a criação do
l Pessoas – O impacto das mudanças não ficará restrito aos aspectos
Tesouro Nacional (1986), do Sistema
técnicos e à necessidade de aprendizagem por parte dos contadores
Integrado de Administração Financeira do
Governo Federal - Siafi (1987), da Conta públicos. Será uma mudança em uma cultura estabelecida há quase
Única do Tesouro Nacional (1987) e da meio século. Muitas vezes, a falta de conhecimento é um vício deixado
unificação orçamentária a partir de 1989, por contadores passados – e não houve interesse dos atuais no
entre outras iniciativas, podemos dizer aprofundamento do assunto. Hoje, a receita de um tributo apenas é
atualmente que a casa das finanças está registrada no momento da entrada do dinheiro no caixa das instituições.
arrumada. Agora estamos arrumando a No futuro próximo, a receita deverá ser reconhecida no momento do fato
casa da contabilidade”, comenta Paulo gerador. Por exemplo, no ato da emissão do documento de arrecadação.
Feijó. Outro problema é que atualmente Isso representa uma mudança na forma de pensamento dos contadores e
existe um desnivelamento enorme em dos gestores públicos.
relação às práticas adotadas pela União,
Estados e Municípios. Portanto, não será
l Processos – Deverão se adequar a esse novo modo de pensar o
uma implementação linear. Se, por um
registro contábil. Um exemplo claro é o registro patrimonial do ativo
lado, a União e os maiores estados estão
imobilizado e da depreciação periódica do mesmo. As instituições deverão
mais avançados, também é fato que,
neles, a implementação será muito mais ter processos novos para que o registro contábil ocorra corretamente.
complexa, com maior grau de dificuldade.
Apesar disso, os resultados, em termos l Sistemas – não será possível implantar essas mudanças sem que os
de transparência e comparabilidade, atuais sistemas de informática dos órgãos públicos sejam modernizados e
certamente compensarão. estejam adequados ao novo volume de informações exigidas.

Poder Público 35
Convergência às IFRs

36 IFRS
A revolução
da contabilidade
Desde que o Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC)

passou a emitir as orientações que devem guiar o processo de

convergência da contabilidade realizada no Brasil rumo às normas

internacionais (IFRS), teve início uma verdadeira revolução na forma

como as empresas efetuam sua contabilidade. Não restam dúvidas

de que, além de necessária, a conversão às IFRS vai melhorar

consideravelmente a transparência e a comparabilidade entre

diferentes companhias. E, com isso, ganha a economia como um

todo, ganha a sociedade. No entanto, não serão poucos os desafios –

e nos mais diferentes setores. As páginas a seguir oferecem um rico

panorama dessa verdadeira revolução.

IFRS 37
Convergência às IFRs

Treinamento
e aperfeiçoamento
profissional
Desenvolvido sob medida pela KPMG, o e-learning
de IFRS vem para difundir o conhecimento das
normas contábeis internacionais

A contabilidade brasileira entra em norteou a elaboração deste conjunto de A preocupação com o nível necessário
um universo mais fluido, balizado por normas e de cada uma delas em particular. de entendimento e preparo da área
princípios e normas contábeis. Esta é a “A mudança se dá na cultura contábil. educacional para prover treinamento
essência das alterações trazidas pelas Os profissionais, que dominavam sua e conhecimento ao mercado está na
normas internacionais de contabilidade área de atuação, precisam atualizar-se origem do Business Training Center da
(IFRS), que vêm sendo implementadas para que o desconforto gerado a partir da KPMG no Brasil, a nova modalidade
no Brasil desde 2008. Caso as palavras falta de informação e de conhecimento de cursos da organização, que usa
não expressem o grau da mudança, os seja quebrado”, acrescenta Maria Cristina a plataforma e-learning. Além da
profissionais da área esclarecem: trata- Bonini, diretora da KPMG no Brasil na área experiência em âmbito internacional,
se de uma revolução, que altera toda a de Learning & Development. graças à rede global de firmas-membro
cultura contábil. da organização, a KPMG no Brasil se
Mesmo já tendo atingido antecipou às mudanças, localmente, para
“No Brasil, utilizávamos regras. Com a substancialmente a convergência dos estar pronta a atender às necessidades
introdução da contabilidade baseada em princípios contábeis brasileiros ao padrão dos clientes. “Toda essa experiência
princípios passa a haver subjetividade internacional, a área educacional não teve nos tranquiliza para o atendimento aos
porque adotar princípios exige análise tempo para se adaptar completamente à clientes, mas, ao mesmo tempo, nos
de cenários e permite interpretações nova realidade. Um grande contingente impõe a responsabilidade de compartilhar
múltiplas. O profissional precisa fazer de profissionais ainda está em busca de conhecimento para suprir a carência do
escolhas, o que é difícil e requer um conhecimento. Desde os responsáveis mercado”, afirma Cris Bonini.
conhecimento profundo da nova cultura pelas demonstrações financeiras ou pela
contábil”, assegura Ramón Jubels, sócio controladoria das organizações até os E-learning blended
da KPMG no Brasil na área de Auditoria usuários dessas apresentações (bancos, O Business Training Center, inaugurado
e líder para IFRS. reguladores, analistas de mercado), além com o curso de IFRS, excede o
de professores e alunos das faculdades. modelo convencional de treinamento
A nova contabilidade exige que o “Há um grande gap de conhecimento”, online. A KPMG optou por um modelo
profissional conheça o conceito que observa o sócio da KPMG. blended, que associa ações à distância,

38 IFRS
Maria Cristina Bonini, diretora Ramón Jubels, sócio da KPMG
da KPMG no Brasil na área de no Brasil na área de Auditoria e
Learning & Development líder para IFRS

por meio de tecnologias virtuais, e tradução tende a ser um ponto delicado movimentos para a aplicação das normas
ações presenciais – seja em sala de em se tratando de temas técnicos e que na comunidade europeia. Como o Brasil
treinamento ou de forma eletrônica, pela dependem de interpretação. tem muitas empresas multinacionais
web. Os debates e estudos de casos, que reportam para fora do país usando
por exemplo, poderão ocorrer de forma “Elaborado por profissionais da KPMG, as normas internacionais, sempre estive
presencial. A plataforma e-learning o curso foi traduzido para o português. envolvido com esses clientes”, conta
também é ideal para potencializar o Conta com um conteúdo único e Ramón Jubels.
alcance dessa iniciativa de difusão do exclusivo. Na revisão técnica das matérias,
conhecimento. O aluno do curso poderá houve o cuidado de usar a tradução dos Responsável pela área de treinamento,
acessar o conteúdo em qualquer lugar termos técnicos utilizada pelo Ibracon, o que já oferece cursos na área de impostos,
onde estiver, havendo acesso à internet. Instituto dos Auditores Independentes do a diretora Cristina Bonini destaca que
E o curso está formatado em módulos, Brasil, que é a entidade reconhecida pelo este e-learning sinaliza um momento
para permitir que o usuário realize International Accounting Standards Board marcante, no qual a KPMG começa
pesquisas e vá diretamente ao ponto (IASB)”, informa Cristina Bonini. a levar para o mercado a experiência
que o interessa. interna em estruturação e transmissão do
Ramón Jubels, de origem holandesa, conhecimento. Para isso, a organização
Outro obstáculo no processo de acompanhou in loco os debates que escolheu uma plataforma que permite um
assimilação da cultura aportado pelas precederam a elaboração e a implantação serviço diferenciado, de maneira que os
normas IFRS está no idioma em que das normas na Europa. Hoje, é o sócio usuários possam expor suas dúvidas e
elas foram originalmente produzidas. responsável pelo Desenvolvimento do achar soluções em conjunto, formatando
Quase todo o conteúdo de Conhecimento em IFRS da KPMG na seu próprio social networking.
treinamento e literatura relativo à América Latina e representa a região na
aplicação das normas à disposição rede internacional da organização. “Não há razões para retermos nosso
no mercado está em inglês e o que é conhecimento. Ao contrário, queremos que
encontrado em português precisa ser “Fui educado em IFRS na Europa e, antes todos possam aprender da melhor forma”,
cuidadosamente avaliado. Isso porque a de vir para o Brasil, assisti aos primeiros conclui, com sabedoria, a diretora.

IFRS 39
Convergência às IFRs

Foco
na avaliação patrimonial
Convergência às IFRS altera forma como as companhias avaliam os ativos fixos

O controle de bens, nem sempre


em posição de alta prioridade nas
corporações, está no foco de uma
série de mudanças deflagradas pelo
processo de convergência às normas
internacionais de contabilidade (IFRS)
e das consequentes manifestações do
Comitê de Pronunciamentos Contábeis
(CPC), emitidas para disciplinar a
elaboração das demonstrações
contábeis das empresas brasileiras.

O momento atual, de transição


de modelos, embute desafios
Fernando Vasques, diretor da importantes, a começar pelo volume Neuza Hernandes, diretora da
KPMG no Brasil na área de de trabalho que a adequação KPMG no Brasil na área de
Transactions & Restructuring demanda dos setores que dependem Transactions & Restructuring
mais intensamente de máquinas,
equipamentos e plantas de produção
(terrenos, imóveis etc). Outro Nesta fase, a maior dificuldade está
complicador está em inovações no fato de as organizações nem
aportadas, entre outros, pelos sempre contarem com equipes
seguintes pronunciamentos do CPC: multidisciplinares. A tarefa não se
01, 27 e 37. Os dois últimos abrem resume à interpretação correta
a possibilidade de registrar os ativos das novas normas. Determinar o
fixos a valor justo no ano de adoção valor de uma propriedade envolve
dos novos princípios contábeis. O CPC conhecimentos jurídicos tanto quanto
27 também requer a revisão periódica de avaliações e de engenharia e
da estimativa de vida útil e valor arquitetura”, comenta Cláudio Ramos,
residual dos ativos para fins de balanço sócio da KPMG no Brasil na área de
e controle patrimonial. E, finalmente, Transactions & Restructuring.
o CPC 01 impõe a necessidade
Fernando Mattar, diretor da de verificar a recuperabilidade do O prazo iminente para a adoção das
KPMG no Brasil na área de investimento em ativos fixos, em normas é outro fator de preocupação.
Transaction & Restructuring certas circunstâncias. “Em muitos casos, o cumprimento das

40 IFRS
Cláudio Ramos,
sócio da KPMG
no Brasil na área Início de novas
atividades
de Transactions &
Restructuring

exigências regulatórias demandará diretor da KPMG no Brasil na área de Para acompanhar este processo de
a reformulação dos atuais sistemas Transactions & Restructuring. mudanças junto aos clientes, a KPMG
de gestão e controle patrimonial das deu início à prestação de serviços
organizações. As alterações terão Fica claro que as empresas precisam
dedicados à gestão de ativos fixos.
impacto sobre todo o acervo de ativos. dar maior importância ao que está
“A organização já contava com um
Portanto, não estamos falando de uma contabilizado como ativo fixo, o que
ou duas avaliações localizadas, mas demanda realizar um levantamento excelente time de especialistas em
de um volume proporcional ao porte daquilo que efetivamente existe em avaliações econômicas e de ativos
da empresa, que pode ter seus bens campo. “O ideal é que, aproveitando intangíveis para diversos fins. Esta
distribuídos por várias localidades”, este momento de transição nova área vem complementar nossos
comenta Neuza Hernandes, diretora de modelos, as organizações
serviços, com capacitações técnicas
da KPMG no Brasil na área de implementem procedimentos de
que cobrem todas as necessidades
Transactions & Restructuring. controle e acompanhamento de
modo a manter o controle adequado para uma boa gestão patrimonial”,
Gestão de ativos sobre os ativos fixos e sobre a afirma Cláudio Ramos.
É frequente que as empresas recuperabilidade dos investimentos
adotem parâmetros da legislação nestes”, explica Fernando Vasques, A equipe de gestão de ativos fixos é
fiscal brasileira para fins contábeis. diretor da KPMG no Brasil na área de composta por 25 profissionais com
Isso significa, por exemplo, que os Transactions & Restructuring.
larga experiência no assunto.
prazos de amortização e depreciação
de ativos coincidem com aqueles Cláudio Ramos lembra que a
estabelecidos pelo Fisco, visando ao estimativa de vida útil e valor “A avaliação de ativos tangíveis
cálculo do Imposto de Renda e das residual de ativos precisa ser demanda diversos perfis profissionais,
contribuições sociais. “O padrão revisada anualmente, inclusive já que as normas devem ser
estabelecido pelo CPC 27 exige por conta dos bens incorporados harmonizadas também com os
que as empresas façam e revisem ao acervo da organização devido
preceitos do Conselho Regional de
periodicamente uma estimativa da a novos investimentos. Assim, a
Engenharia, Arquitetura e Agronomia
vida útil e valor residual dos ativos do gestão de ativos passa a ser uma
ponto de vista de sua utilidade, do necessidade constante para as (CREA), da Associação Brasileira de
seu uso, do desgaste, da condição de empresas. “Os novos princípios Normas Técnicas (ABNT) e do Instituto
manutenção etc. O modelo envolve contábeis exigem a conciliação da Brasileiro de Avaliações e Perícias de
cada uma das atividades operacionais, base contábil com a base física e Engenharia (IBAPE)”, conclui Ramos.
o que irá requerer um empenho desta com o acervo de ativos em si”,
bastante significativo das equipes finaliza o sócio da KPMG.
envolvidas”, diz Fernando Mattar,

IFRS 41
Convergência às IFRs

Desafio
para as
concessionárias
Desde 2008, a adequação das só ocorre a partir deste ano. Aqui, a
normas brasileiras de contabilidade regulamentação foi editada no final de
ao padrão internacional (IFRS) vem 2009 e as empresas precisam fazer
exigindo um empenho intenso das essa transição a toque de caixa. O
organizações. Um dos maiores prazo se esgota em dezembro”, alerta
impactos está relacionado às Marcelo Luiz Ferreira, sócio da KPMG
concessionárias de serviços públicos. no Brasil na área de Auditoria, que
Para elas, as alterações trazidas mediou recentemente um workshop
pelo novo pronunciamento (que, na sobre o tema com diversos membros
verdade, é uma interpretação de da ANTF – Associação Nacional dos
diversos pronunciamentos existentes) Transportadores Ferroviários.
vão além dos efeitos puramente
contábeis. Ao modificar de maneira Em essência, a nova regra institui
profunda a forma de contabilização um tratamento diferenciado para as
das concessões, o ICPC 01, emitido fases de construção e operação da
pelo Comitê de Pronunciamentos infraestrutura concessionada (rodovias,
Contábeis, correlato do IFRIC 12, ferrovias, portos, aeroportos etc). Até
publicado pelo International Accounting então, não havia reconhecimento
Standards Board, também interfere na de receita na etapa de construção.
forma de reconhecimento de ativos, “Agora, com a adoção do princípio
passivos, receitas e despesas na de competência e identificação das
etapa de construção da infraestrutura, parcelas de construção e operação
impactando significativamente a forma dos serviços, ao término da obra a
de apuração do lucro. Há, então, concessionária já terá no balanço o
consequências diretas na avaliação registro de um ativo, que é o direito
de performance dos resultados, de ressarcir os custos da construção.
remuneração dos funcionários Portanto, a operação não se modifica,
(remuneração variável, por exemplo), nem o fluxo de caixa. Mas a forma de
no fluxo de distribuição de dividendos e apresentação do balanço e do resultado
na negociação de dívidas (via mudança no decorrer do tempo pode sofrer uma
na apuração de covenants). alteração drástica”, afirma Marcelo Luiz.

“Na Europa, essa norma gerou anos Essa modificação gera diversos dilemas
de intensa polêmica e discussões porque muitos aspectos do negócio
antes de sua aplicação prática, o que das concessionárias estão vinculados

42 IFRS
Mudanças na forma
de contabilização das
concessões, trazidas pelo
ICPC 01, terão impacto sobre
o balanço das companhias

Marcelo Luiz
Ferreira, sócio da
KPMG no Brasil na
área de Auditoria

à apresentação do lucro (resultados). relevante. Há casos em que, para tornar Segundo ele, a chave para desatar todos
O pagamento de dividendos aos interessantes algumas concessões os nós está na análise correta da situação
acionistas e a remuneração variável dos menos rentáveis, os contratos são de cada concessão. Os riscos envolvidos
funcionários, vinculada a um padrão feitos com prazos de 80, 90 anos. A nesta fase de transição são muitos, o que
de rentabilidade e de receita, são nova contabilidade das concessionárias torna crucial determinar como, quando
apenas os dois nós mais visíveis. Mas precisa considerar premissas para um e de que forma o impacto se dará em
há outros, como os covenants e as negócio tendo em vista horizontes cada uma das variáveis inerentes a esse
indenizações futuras. muito distantes. modelo de negócio.

Por se tratar de empreendimentos que O longo prazo das concessões também “Não adianta dizer aos acionistas que o
exigem investimentos vultosos, as colabora para tornar ainda mais delicado fluxo de lucros, que pode afetar o fluxo de
obras concessionadas normalmente um ponto naturalmente sensível dessa dividendos, se tornou inviável. Eles querem
dependem de um pool de fontes modalidade de prestação de serviço saber qual será o novo fluxo. Idem quanto
financiadoras, que estabelecem público. Para atribuir receita em relação à remuneração variável dos funcionários.
formas de se proteger. Uma delas à etapa de construção, as empresas O diferencial é saber, com o máximo de
é a antecipação do pagamento terão de informar e divulgar suas precisão possível, o que vai acontecer e que
do principal quando o negócio margens. Essa transparência exige rumo a concessão vai tomar”, avalia Marcelo
atinge um determinado patamar de cuidados redobrados para assegurar Luiz. Não bastasse o grau de impacto da
rentabilidade, com base na relação consistência quanto ao valor das tarifas nova norma, o timing das alterações agrava
dívida x patrimônio ou ainda no índice cobradas do usuário. “O ponto central o desafio. As concessionárias dispõem
de imobilização de balanço. “As é que as margens da construção de pouco tempo para gerenciar todas as
alterações no balanço podem mudar envolvem questões subjetivas. mudanças e renegociar com funcionários,
esses índices e gerar um gatilho para As empresas precisam considerar acionistas, credores e fornecedores.
um covenant que, na verdade, foi obrigações futuras. Afinal, ao término
estabelecido a partir de uma base do contrato, em 20, 40 ou 90 anos, São decisões muito importantes e
diferente. A empresa não melhorou o ativo será devolvido ao Estado nas que precisam ser tomadas agora.
nem piorou, mas a base de apuração condições determinadas em contrato. Tendo em vista que o Brasil precisa
foi alterada”, adverte Marcelo Luiz. Como estimar os custos de eventuais correr contra o tempo para preparar
manutenções a serem feitas em 2030? a infraestrutura necessária à Copa do
Dilemas Quanto custará o recapeamento ou Mundo de 2014 e aos Jogos Olímpicos
Outro componente inerente aos reflorestamento em 2040? É um de 2016, este momento de transição
contratos de concessão – e também exercício que demandará um trabalho da contabilidade das concessionárias
fonte de dúvidas – é a necessidade de alto nível por parte das organizações ganha contornos ainda mais delicados,
de definição de premissas sujeitas a para gerar dados precisos e confiáveis”, dada toda a expectativa de atividades/
um grau de incerteza que pode ser exemplifica o sócio da KPMG. negócios nesse setor.

IFRS 43
Convergência às IFRs

Novas regras para


o setor elétrico
Aumentam os desafios para as companhias do segmento

O setor elétrico nacional vive um “Tanto o manual de controle patrimonial casos. Em contrapartida, as despesas de
momento particularmente delicado. como a contabilidade regulatória vão depreciação pelo desgaste do ativo ao
Diante de uma etapa crucial da garantir que a Aneel enxergue o valor longo do tempo também aumentarão,
convergência das concessionárias dos ativos de infraestrutura de modo com a consequente redução do
de serviços públicos às normas a poder usar essa base corrigida no resultado da empresa”, explica José Luiz
internacionais de contabilidade (IFRS), controle tarifário para a remuneração das Carvalho, sócio da KPMG no Brasil na
por meio das normas emitidas pelo empresas”, explica Vânia Souza, sócia da área de Auditoria.
Comitê de Pronunciamentos KPMG no Brasil na área de Auditoria para
Contábeis (CPC), as companhias de o escritório do Rio de Janeiro e líder no Sobrecarga
distribuição e transmissão de energia segmento de Energia Elétrica. Por conta dessas diferenças, as
têm também de se adaptar a duas concessionárias do setor elétrico terão
regulamentações específicas da Segundo ela, a contabilidade regulatória de apresentar três balanços distintos: a
Agência Nacional de Energia Elétrica difere da societária à medida que DCR, conforme as exigências da Aneel,
(Aneel), o órgão regulador do setor. não aplica orientações do Comitê a contabilidade fiscal e a demonstração
Trata-se das resoluções 367/09, que de Pronunciamentos Contábeis, para fins societários, sem a reavaliação
cria o Manual de Controle Patrimonial responsável pela convergência do patrimonial.
do Setor Elétrico (MCPSE), e 396/10, Brasil às IFRS, no que se refere a ativos
que institui a Demonstração Contábil intangíveis (CPC 04), a arrendamentos “A preocupação das companhias é
Regulatória, ou DCR. (CPC 06) e a contratos de concessão com a enorme sobrecarga de trabalho
(ICPC 01). gerada pela necessidade de reavaliação e
O padrão internacional de contabilidade estimativa de vida útil dos ativos, tarefas
trouxe alterações significativas no reporte Outro objetivo da Aneel é aprimorar o que demandam um controle em paralelo
dos ativos fixos das companhias. São controle e o acompanhamento dos ativos para fins de contabilidade regulatória,
alterações que interferem no controle patrimoniais por conta da reversão dos com um conjunto de livros contábeis
patrimonial e contábil que a Aneel bens prevista nos contratos, no momento específicos”, explica Vinicius Nishioka,
necessita ter para exercer seu papel de seu término. Na contabilidade atual, gerente-sênior da KPMG no Brasil na
regulador do mercado, uma vez que a infraestrutura das concessionárias área de Auditoria para o escritório do Rio
os custos dos bens de infraestrutura está registrada pelo valor de aquisição. de Janeiro.
das concessionárias de energia elétrica Para fins regulatórios, esta infraestrutura
entram na composição das tarifas de considera reavaliações passadas. Uma vez que terão de continuar
consumo e as parcelas não amortizadas apresentando os balanços fiscais e
são passíveis de indenização futura em “Espera-se uma valorização relevante societários, as empresas precisam
caso de encerramento dos contratos e dos bens de infraestrutura por índices criar um cadastro adicional dos ativos,
reversão dos bens. que podem chegar a 80% e mesmo além dos registros atuais, a valores
100% de sobrevalorização em alguns históricos e a valores reavaliados.

44 IFRS
Vânia Souza, sócia da José Luiz Carvalho, sócio Vinicius Nishioka, Luiz Leite, gerente da
KPMG no Brasil na área de da KPMG no Brasil na gerente-sênior da KPMG KPMG no Brasil na área
Auditoria para o escritório área de Auditoria no Brasil na área de Audit de Risk & Compliance
do Rio de Janeiro e líder para o escritório do Rio
no segmento de Energia de Janeiro
Elétrica

“Para implementar essas alterações Mas, além da reavaliação dos ativos e do Adiar o enfrentamento deste desafio pode
é necessário um aperfeiçoamento do aperfeiçoamento de seus sistemas de gerar problemas ainda maiores.
sistema de cadastro e a realização de registros, as companhias precisam realizar
uma ‘limpeza’ nos registros atuais, um trabalho multidisciplinar que envolva José Luiz Carvalho endossa o
que, ao longo do tempo, podem ter equipes das áreas contábil, jurídica, de TI alerta de que o momento exige o
sido ‘inchados’ com o lançamento e de processos”, salienta Vânia Souza. envolvimento de profissionais de
de despesas de manutenção ou várias áreas e destaca a ênfase
outras despesas de pequeno porte A sócia da KPMG no Brasil destaca que o que as companhias devem dar à
no imobilizado em serviço. O novo momento exige, ainda mais que expertise coordenação dos trabalhos, para que
modelo não permite mais isso”, resume técnica na área contábil, muita atenção a revisão de processos, por exemplo,
Luiz Leite, gerente da KPMG no Brasil para a interpretação correta das normas do não se faça sem discussões técnicas
na área de Risk & Compliance para o CPC e da Aneel. “Além do grande volume e sem o entendimento correto
escritório de Brasília. de alterações e da exiguidade de prazo, das novas regras contábeis. “O
o mercado de concessões em geral – e monitoramento do todo é fundamental
Mais que adaptar seus sistemas para o setor elétrico em particular – passa por nesta etapa, que também precisa
receber as novas informações, é preciso discussões fundamentais. O ICPC 01, por incluir o treinamento para que as
criar procedimentos para dar continuidade exemplo, aponta grandes mudanças na companhias, em seu conjunto, tenham
à alimentação proveniente da área forma de apresentação e de controle dos conhecimento das implicações das
operacional. “Não se trata de ter os dados ativos de infraestrutura das concessões”, novas normas e dos procedimentos
em um CD, mas de um sistema habilitado lembra Vânia Souza. adotados pelas organizações”, diz o
a receber inputs. Algumas empresas sócio da KPMG no Brasil.
deverão reestruturar suas bases de dados A preocupação, de maneira geral, é com
no sistema ou substituir os sistemas que o fato de que o pessoal especializado Não menos importante é o fato de que
não permitem a continuidade do controle das concessionárias já está envolvido os novos controles da Aneel
na forma e no volume de informações com o trabalho adicional gerado pela permitirão que o setor ganhe muito
exigidas”, esclarece Vinicius Nishioka. adaptação aos CPCs. Há empresas que mal em transparência. As concessionárias
começaram a transição de seus sistemas deverão divulgar para a sociedade
Mesmo com prazo até dezembro de visando elaborar o balanço de 2010 dentro os valores que entraram na sua
2011 para atender à Aneel, o volume das novas orientações do CPC. De fato, composição tarifária. As informações
de dados e informações com que as essa é a tarefa mais premente, já que o devem ser lançadas na internet,
companhias precisam lidar é muito não cumprimento do prazo de entrega do o que eleva ainda mais o grau de
grande e não há uma fórmula pronta balanço adaptado aos CPCs em dezembro responsabilidade das concessionárias
para a adaptação tanto às IFRS como de 2010 acarretará penalidades legais. Mas neste momento de transição.
às resoluções da Aneel. “Os cadastros deixar para depois as adaptações exigidas
das concessionárias são gigantescos. pelas resoluções da Aneel não é solução.

IFRS 45
Europa

Holanda:
porta de entrada
do continente

46 Europa
Por que investir na Holanda? Por esses e outros fatores a Holanda compõem o bloco da UE, a Holanda foi
Independentemente do tamanho ou tem sido escolhida por grandes uma das nações com as quais o Brasil
do ramo de atuação das empresas corporações como o local certo teve maior intercâmbio comercial.
globais, a Holanda é reconhecida em para o estabelecimento de suas
todo o mundo como um excelente local sedes, centros de distribuição ou de Ainda como atrativo às companhias
para o estabelecimento de negócios. atendimento aos consumidores. Mais estrangeiras, há programas de incentivo
Muitas empresas se instalam naquele de cinco mil companhias que têm sua com o propósito de estimular a criação
país tanto com o objetivo de atingir sede em outros países operam na de projetos de colaboração e inovação
o mercado local como para usar a Holanda. Para se ter uma ideia do grau internacional. Um deles é o Programa de
Holanda como ponto de partida rumo de internacionalização da economia Investimentos do Setor Privado (“Private
ao mercado europeu – e também para local, onze multinacionais holandesas Sector Investments Program”ou “PSI”).
os mais variados pontos do mundo. fazem parte do Fortune Global 500, Esse programa disponibiliza apoio
entre elas Phillips, Unilever e Shell. financeiro a empresas internacionais,
Localizada no Oeste europeu, Outras 14 companhias não-holandesas, sediadas em mercados emergentes,
a Holanda está em uma região mas pertencentes ao Fortune Global que, em conjunto com companhias
estratégica, que possibilita acesso 500, também têm sede no país. locais, tenham a intenção de se
aos principais centros industriais e estabelecer nos Países Baixos. A ajuda
comerciais (como Londres, Paris, Conforme dados do Banco Central pode chegar a até 100% dos custos
Bruxelas, Frankfurt e Hamburgo) e ao do Brasil (Relatório Anual-2008), envolvidos com o projeto, observado o
conjunto da Europa. investidores brasileiros parecem limite de 750 mil euros.
compartilhar a ideia de que a Holanda
O país oferece uma ampla gama de é uma alternativa para se atingir o Como investir na Holanda?
atrativos aos investidores: economia mercado europeu. Dos produtos Comparada com os demais países da
estável, regras fiscais confiáveis, básicos exportados para a União União Europeia, a Holanda conta com
infraestrutura sofisticada e voltada ao Europeia em 2008, 20,2% tinham uma estrutura legal mais flexível e
comércio internacional, sem esquecer como destino os Países Baixos. Do liberal no que diz respeito à organização
uma cultura e sociedade abertas a total de produtos semimanufaturados de negócios, seja por indivíduos ou
novas ideias. Novos investimentos, e manufaturados, 34% e 21,4%, pessoas jurídicas vindas do exterior.
principalmente os oriundos do respectivamente, tinham também como Por isso, há diversas maneiras pelas
exterior, são muito bem-vindos pela destino a Holanda. Em suma, o relatório quais investidores estrangeiros
economia holandesa. conclui que, entre os países que podem se estabelecer no país. Em

Europa 47
Tecnologia

O estabelecimento de negócios na Holanda por não-


residentes é simples, tanto do ponto de vista legal
como comercial

outras palavras, o estabelecimento Principais formas societárias Ambas são pessoas jurídicas e têm
de negócios na Holanda por não- Embora seja possível que investidores seu capital social dividido em ações. A
residentes é simples, tanto do ponto estrangeiros tenham negócios diferença reside principalmente no fato
de vista legal como comercial. na Holanda sem que estejam lá de que enquanto as ações de uma N.V.
estabelecidos (por exemplo, por meio são livremente transferíveis, as ações
De acordo com as leis holandesas, de agentes ou filiais), a maior parte de uma B.V. não o são, o que faz deste
pessoas jurídicas podem operar das empresas estrangeiras inicia seus tipo societário o preferido entre as
por meio de subsidiárias ou filiais, negócios com a incorporação de uma companhias fechadas.
desde que tenham seus negócios empresa local. O tipo societário mais
registrados no registro de comércio adotado atualmente é a companhia Diferentemente do que ocorre nos
(“Handelsregister”), na Câmara de responsabilidade limitada, que, demais países da Europa, nos quais as
de Comércio local. Tendo em vista de acordo com a lei holandesa, pode companhias de capital fechado estão
que a tributação incidente sobre a assumir as seguintes formas, entre disponíveis somente para empresas de
contribuição de capital foi extinta em outras menos usuais: médio e pequeno porte, na Holanda, a
janeiro de 2006, vale ressaltar que B.V. é atualmente a forma mais adotada
não há tributos a serem pagos quando u Companhia privada de economia pelas empresas de grande porte. Por fim,
do mencionado registro. limitada (“besloten vennootschap met há ainda a cooperativa (“coöperatie”),
beperkteaansprakelijkheid”– B.V.); tipo societário que se torna cada vez
u Companhia pública de economia mais comum, principalmente em
limitada (“naamloze vennootschap”– N.V.). planejamentos internacionais.

48 Europa
Marienne M. Shiota Coutinho é Robert van der Jagt é sócio da Hans Rennings é gerente da
sócia da KPMG no Brasil na área KPMG Meijburg & Co e chairman KPMG Meijburg & Co na área
de International Corporate Tax da KPMG EU Tax Center de Impostos Indiretos

Quais os aspectos fiscais regimes especiais nos quais a alíquota Em termos gerais, a legislação
devem ser considerados ao pode ser reduzida para até 5%, como o holandesa ainda restringe a
se investir na Holanda? denominado “patents box regime”. possibilidade de dedução dos juros
Além de estar em região geográfica e pagos a companhias vinculadas
economicamente privilegiada, por ser Cabe enfatizar que a Holanda não dispõe quando o financiamento se dá
parte da União Europeia, a Holanda de regras de tributação de lucros no primordialmente por meio de
oferece acesso direto aos Tratados, exterior, as conhecidas regras de CFC empréstimo (“thin capitalization rules”).
Diretivas e Regulamentos existentes. (“Controlled Foreign Corporations”). Essa impossibilidade de dedução ocorre
Atualmente, o país conta com tratados Por meio do regime de “participation quando a relação empréstimo/capital
para evitar a dupla tributação com mais exemption” holandês, os lucros recebidos excede o montante de 3:1. Ou seja, para
de 90 países, incluindo o Brasil. pela beneficiária holandesa são isentos cada parte de capital a companhia pode
de tributação, independentemente de a ter até três vezes o mesmo montante
Imposto de Renda de Pessoa Jurídica empresa pagadora ser ou não residente de empréstimo. Perdas apuradas na
A alíquota do imposto sobre a renda na Holanda. liquidação de subsidiárias são, em
na Holanda é de 20%, mas da mesma algumas situações, dedutíveis.
forma como ocorre no Brasil, há uma No que diz respeito ao aproveitamento
“taxa adicional” para o valor de lucro de prejuízo fiscal acumulado, é Há, ainda, de acordo com o que dispõe
que exceda determinado patamar. importante ter-se em mente também a a legislação holandesa, o que se
Assim, a renda acima de 200 mil euros é possibilidade de carregá-lo por nove anos, denomina unidade fiscal, que permite
tributada à alíquota de 25,5% (legislação ao lado da possibilidade de aproveitá-lo às empresas que dela fazem parte
vigente para o ano de 2010). Há, porém, retroativamente, por até um ano. entregar apenas uma declaração de

Europa 49
Tecnologia

Imposto de Renda. Some-se a isso lado, há a incidência desse tributo à União Europeia ou dentro desse bloco
o fato de a unidade fiscal permitir a alíquota de 15% na distribuição de econômico, é de fato importante que sua
compensação de prejuízo fiscal, em lucros por empresas holandesas. No legislação seja analisada. De acordo com
um mesmo ano, entre as diferentes entanto, essa alíquota pode chegar a o INCOTERM utilizado nas operações
empresas que pertencem a essa 0%, conforme disposição específica de importação, empresas brasileiras
unidade. Por fim, mas não menos de alguns tratados ou de diretivas podem estar sujeitas ao VAT-Importação.
importante, a distribuição de lucros, europeias, bem como se alguns Se comparada aos demais países do
o pagamento de juros relativos a requisitos de participação mínima bloco, a Holanda conta com regras
empréstimos, entre outras operações forem atendidos. específicas que garantem tratamento
realizadas entre as empresas benéfico para empresas não residentes.
pertencentes à mesma unidade fiscal, Impostos indiretos e aduaneiros Isso ajuda a diminuir os impactos do
são tributariamente neutros. Comparável ao nosso ICMS, o VAT VAT, principalmente na importação de
(“Value Added Tax”) é o imposto mercadorias pela Holanda.
Outra vantagem da legislação fiscal incidente sobre a circulação de
holandesa é a possibilidade de se mercadorias e na prestação de De acordo com as novas regras
realizar consultas prévias ao Fisco. determinados serviços. É também introduzidas na Diretiva Europeia, na
Ou seja, os contribuintes podem um imposto não-cumulativo. Ou seja, qual se baseia a Lei de VAT holandesa,
submeter questões fiscais à apreciação o imposto pago em uma transação o prestador de serviços ou o
do Fisco holandês, previamente à pode ser compensado na operação fornecedor de mercadorias não precisa
implementação da operação desejada, subsequente. É importante mencionar, estar fisicamente localizado na Holanda
e obter uma resposta (“ruling”) em até no entanto, que operações isentas para se sujeitar ao VAT. Adicionalmente,
oito semanas. ou não tributadas pelo VAT, como, ainda como parte das alterações na
por exemplo, serviços prestados por legislação de VAT, o estabelecimento
Imposto de Renda Retido na Fonte instituições financeiras, não darão permanente de empresas brasileiras
Como regra, na Holanda não há direito a crédito. poderá causar consequências fiscais
Imposto de Renda Retido na Fonte também para a sede no Brasil.
sobre o pagamento de juros, tampouco Uma vez que afeta também operações
no pagamento de royalties. Por outro brasileiras originadas na UE, para a

50 Europa
Apesar da legislação favorável, As normas aduaneiras foram Conclusão
como consequência de recentes também simplificadas com o A partir de tudo o que foi aqui exposto,
modificações, o investidor estrangeiro intuito de facilitar o livre fluxo de a Holanda pode ser vista como a porta
deve atentar para a possibilidade mercadorias. A análise e a validação de entrada para o mercado europeu
de utilizar créditos. Certos serviços de documentos de importação e além dele. Apesar de pequeno,
adquiridos do Brasil, anteriormente não foram modificadas e cada vez mais o país está localizado em posição
tributáveis pelo VAT, agora podem sê-lo. as autoridades aduaneiras têm estratégica e pode ser o local certo
Como consequência, pode ser que haja contribuído para a rapidez e agilidade para o estabelecimento de negócios,
um aumento do custo para aqueles que nos processos de desembaraço de constituição de holdings, para funcionar
não podem se recuperar totalmente do produtos, o que ajuda a diminuir como centro de tomada de decisões
imposto pago (por exemplo, holdings, o tempo de permanência das ou então como a principal unidade
financeiras e seguradoras). mercadorias nos portos e a reduzir operacional de um grupo. Isso,
os custos relacionados, como principalmente em face das vantagens
O regulamento do VAT também prevê a aqueles decorrentes de eventuais fiscais oferecidas pela Holanda.
possibilidade de o contribuinte realizar atrasos nas inspeções.
consultas ao Fisco holandês.
Imposto sobre Transferência
As regras aduaneiras da Holanda de Bens
contam com disposições específicas Tributo de menor relevância, mas
que facilitam principalmente o que não pode ser esquecido, o *Marienne M. Shiota Coutinho é
estabelecimento de centros de Imposto sobre Transferência de sócia da KPMG no Brasil na área
logística. As empresas podem, por Bens incide à alíquota de 6% sobre de International Corporate Tax,
exemplo, beneficiar-se de suspensão da a transferência de bens imóveis ou Robert van der Jagt é sócio da
tributação quando do armazenamento então sobre a transferência de ações KPMG Meijburg & Co e Chairman
de mercadorias a serem exportadas detidas em companhias imobiliárias. da KPMG EU Tax Center e Hans
para os demais países da Europa. E Há regras dispondo sobre a isenção Rennings é gerente da KPMG
pagar os tributos aduaneiros somente do tributo em certos casos. Meijburg & Co na área de Impostos
quando da efetiva circulação da Indiretos e esteve recentemente no
mercadoria. Brasil no programa Tax Trek

Europa 51
CRM

As redes sociais como


catalisadoras de negócios

FALTA
SOMBRA

Em 2008, um episódio ocorrido nos vídeo mashup “Yes we can” criado por O crescimento das redes sociais
EUA demonstrou o potencial das William do Black Eyed Peas, híbrido de na internet tem superado as
redes sociais como ferramenta de um discurso pelo candidato durante expectativas dos mais otimistas.
comunicação e integração de pessoas. as primárias de New Hampshire, Nos EUA elas já são o quarto maior
Utilizando vídeos, blogs e sites de acompanhado por uma canção e item no tempo gasto em atividades
redes sociais o mundo acompanhou diversas personalidades, rapidamente online pelos usuários (conforme
a campanha de Barack Obama e os se tornou um hit no YouTube. Ao pesquisa anual do Goldman Sachs).
efeitos da internet utilizada a seu favor. mesmo tempo, durante essa campanha, Este crescimento está ocorrendo
Através do Twitter, por exemplo, era protagonizou-se um dos maiores índices em todas as faixas etárias e não
possível acompanhar o que os usuários de comparecimento às urnas de todos somente em adolescentes e jovens
comentavam sobre a campanha. O os tempos nas eleições americanas. como se pensava.

52 CRM
Proporção de respondentes que gastaram tempo
nas seguintes atividades online

Total 18-29 anos 30-49 anos Mais de 50 anos


Categorias 2009 2010 2009 2010 2009 2010 2009 2010

E-mail 96% 97% 95% 96% 95% 98% 96% 98%


Leitura de notícias, esportes
e entretenimento 69% 75% 67% 76% 70% 77% 69% 73%
Compras 58% 59% 58% 65% 61% 60% 56% 56%
Redes Sociais 30% 45% 61% 71% 34% 52% 17% 33%
Pesquisas de assuntos relacionados
a saúde 39% 39% 34% 34% 38% 38% 43% 41%
Jogos 38% 38% 31% 39% 40% 40% 38% 36%
Criar/assistir Conteúdo
20% 27% 32% 41% 25% 31% 12% 21%
Gerado pelo Usuário
Comunicadores instantâneos 28% 25% 44% 40% 30% 30% 21% 18%
Planejamento de viagens 16% 19% 17% 19% 15% 18% 17% 20%
Programas de TV 15% 15% 24% 29% 17% 19% 10% 10%
Atividades educacionais e escolares 13% 15% 24% 24% 12% 16% 11% 12%
Assitir a filmes/DVDs 14% 13% 27% 23% 15% 19% 9% 7%
Blogs 11% 12% 20% 22% 15% 16% 5% 6%
Jogos em rede 12% 9% 22% 14% 15% 11% 7% 6%
Sites de encontro/relacionamentos 6% 7% 8% 11% 8% 9% 5% 4%
Outros 27% 48% 22% 43% 27% 46% 29% 50%
Fonte: Goldman Sachs Research estimates, Synovate

Contudo, é um equívoco comum outros exemplos, constituem exemplos e assim uma abordagem de marketing
considerar o conceito de redes de redes sociais. dentro deste ambiente pode atingir
sociais restrito ao mundo internet. uma taxa de efetividade e retorno
Toda relação entre pessoas em torno O que torna uma rede social atrativa muito acima dos meios tradicionais.
de um interesse ou objetivo comum para as empresas é o nível de
constitui uma rede social. Neste envolvimento que as pessoas têm com Hábeis profissionais de marketing estão
contexto, uma agenda de contatos no ela. Seja para fazer amigos, contatos encontrando maneiras de persuadir
telefone ou no e-mail, nosso círculo profissionais, discutir política, moda, estas redes a levarem suas mensagens
de amizades, colegas de maçonaria, futebol, alimentação ou qualquer adiante. Por exemplo, comunidades de
clubes de vinho ou golfe, torcedores outro tema, os membros destas redes mães dividem dicas de como criar seus
de um mesmo time, entre muitos dedicam tempo ao redor de um tema filhos. Anunciantes estão tentando se

CRM 53
CRM

Fernando Aguirre é sócio da


KPMG no Brasil na área de
Performance & Technology

Leonardo Gondim é gerente


da KPMG no Brasil na área de
Business Performance Services

juntar a estas comunidades, provendo Gráfico de relações sociais, extraído de artigo


informações que ajudem os membros
desta comunidade a realizarem seu
escrito por Orkut Buyukkokten, fundador da rede
trabalho de mãe. Com isso estabelecer social que leva seu nome
um relacionamento de sua marca e
seus produtos com os seus clientes, o
que provavelmente nunca conseguiriam
com um anúncio na TV, por exemplo.

Por outro lado, a conveniência e


conectividade trazidas pela internet
geraram um terreno fértil para que
redes sociais digitais pudessem surgir.
Sem barreiras geográficas, pessoas
do mundo inteiro se conectam em
redes como Facebook, LinkedIn,
YouTube, Orkut e diversas outras. Em
um ambiente tão “aberto”, discussões
sobre temas de interesse comum,
realizadas por pessoas que nunca
se encontraram e talvez nunca se
encontrem presencialmente, ganham
escala capaz de decidir sobre o
sucesso ou fracasso de produtos,
serviços e até empresas.

Para as empresas, estas redes digitais


representam uma nova possibilidade
de relacionarem-se com seus clientes,

54 CRM
com uma segmentação baseada no um meio de relacionamento com Em 2009 um músico até então
conceito de “tribos digitais” onde os seus clientes. Estas empresas têm desconhecido teve sua guitarra
clientes passam a ser segmentados por conseguido não apenas divulgar seus quebrada pela United Airlines no
seu comportamento dentro da rede e produtos e serviços, mas até utilizar transporte de sua bagagem. Após
não mais por renda, idade ou atributo o potencial destas redes na obtenção nove meses de disputa e com a
tradicional de segmentação. de feedbacks de seus clientes até no United se recusando a pagar o prejuízo
desenvolvimento de produtos e serviços (US$ 3.500,00), o cliente prejudicado
Considerando a maneira como as utilizando ferramentas de colaboração. compôs uma música e a publicou no
empresas utilizam os meios digitais e YouTube com o nome “United Breaks
as redes sociais como catalisadoras Empresas da velha economia Guitars”. A música contava o caso
de seus negócios, podemos dividir as Empresas da chamada velha economia, ocorrido, ao mesmo tempo em que
empresas em dois grandes grupos: como bancos, varejistas, indústria fazia uma severa crítica ao serviço da
automotiva, governo, saúde, entre United. Com quase nove milhões de
Empresas da nova economia outros, ainda estão iniciando seu acessos, e a participação de seu autor
Empresas da nova economia, como movimento no mundo digital. As em inúmeros programas de TV como
mídia, tecnologia, telecomunicações, empresas têm utilizado as redes sociais o da Oprah Winfrey, a música ganhou
publicidade, jogos, entre outras, mais como um canal de divulgação de escala nacional e mundial. Um prejuízo
utilizam a internet como um meio de seus produtos e serviços (na maioria incalculável para a United.
distribuição e até no desenvolvimento dos casos de forma não estruturada)
de novos produtos e serviços. do que como um meio de estreitar No Brasil, em um caso recente, um
Estas empresas estão reformulando relacionamentos com seus clientes. diretor de uma empresa foi demitido
seus modelos de receita, avaliando após publicar no seu Twitter pessoal
atributos dos seus produtos, No Brasil, um dos exemplos de comentários “inapropriados” sobre
como conveniência, exclusividade, aproximação destas redes que vale futebol. Comentários que repercutiram
experiência do usuário, colaboração, destacar é o de um grande banco de na mídia, atacando negativamente a
e definindo modelos de cobrança que varejo, que montou um departamento imagem desta empresa.
vão desde a oferta gratuita, onde a específico destinado às mídias sociais
captura de receita se dá de forma e vem divulgando seu canal no Twitter Embora ainda haja muito mais incerteza
indireta, como com publicidade, até a em suas campanhas publicitárias. Faz e apostas do que resultados sobre a
cobrança de um preço “Premium” por parte do plano desta empresa investir utilização das redes sociais como meio
um conteúdo exclusivo. também no Facebook. de potencializar seus negócios, de uma
coisa as empresas já se deram conta:
A TV ilustra bem este modelo. Em Para os dois grupos, as redes sociais elas vieram para ficar. Identificar a
canais abertos o negócio é rentabilizado são vistas como uma forma de melhor forma de se relacionar através
através da venda de espaço publicitário, aproximar as empresas de seus destas redes pode não ser uma
uma vez que o conteúdo é oferecido clientes e com isso incrementar sua tarefa trivial, mas com certeza será
de forma gratuita. Na TV paga, o receita. Através delas, é possível não necessário para manter e estreitar o
assinante paga um valor mensal por somente enviar uma mensagem, mas relacionamento com seus clientes.
um pacote de canais que ofertam um também escutar o que seu cliente
conteúdo mais exclusivo. E há ainda tem a dizer. Mas neste ambiente tão
um preço “Premium” por canais em “aberto” e democrático, em que as
alta definição (HD). empresas têm pouco ou nenhum
poder de controle ou influência, o risco Fernando Aguirre é sócio da KPMG
Como muitas empresas desse grupo e impacto de suas ações se tornam no Brasil na área de Performance &
já nasceram na economia digital, exponencialmente maiores. Technology e Leonardo Gondim é
seus negócios foram moldados para gerente da KPMG no Brasil na área de
incorporar as redes sociais como Business Performance Services

CRM 55
Liderança

Liderar é obter resultados


desenvolvendo
as pessoas
Eugênio Mussak*

Inteligência

Da Pessoa Da Empresa

A KPMG investe em pessoas, no [ Neurônios [ Pessoas


desenvolvimento de pessoas, porque [ Sinapses [ Relações
sabe que é a única forma que temos, [ O2 [ Informações
de fato, para competir: através das [ Energia [ Motivação
pessoas. Nós não comparamos [ Estímulos [ Desafios
mais uma empresa com uma
máquina, como se fazia cresce, tem filhotes, pode adoecer, pode
na era industrial. Ainda morrer, pode curar-se. E, assim como
temos um pouco desse um ser humano, uma empresa tem
cacoete, que é uma sonhos, medos, necessidades, desejos.
herança daquela época; Assim como uma pessoa, a empresa
costumamos falar que tem inteligência. Nós precisamos
“a minha equipe está da inteligência organizacional. E o
azeitada”. Só que de caminho para chegarmos à inteligência
lá para cá as coisas organizacional é o desenvolvimento da
mudaram bastante e inteligência nas pessoas.
hoje há uma tendência
de considerarmos Seres humanos têm inteligência, primeiro,
a organização como porque têm neurônios, que são as células
um organismo vivo. nervosas. Nós temos um número muito
Uma empresa nasce, maior de neurônios do que qualquer outra

56 Liderança
espécie. Segundo, porque nós temos energia, na empresa existe uma energia ser ampliada porque ela é um tipo de
sinapses. Sinapse é uma conexão entre fundamental nas pessoas que trabalham força que a pessoa tem, assim como a
os neurônios. E, na verdade, quando na organização – a motivação. A força física.” Ora, eu posso aumentar a
aumentamos a inteligência de uma motivação é uma energia psíquica. E se força física de uma pessoa por meio de
pessoa, o que aumentamos é o número a pessoa, para estimular sua inteligência, exercícios. Inteligência é a mesma coisa;
de conexões. Vejam como a palavra precisa de estímulos externos, o ela ficará tanto mais forte quanto mais
conexão é importante. Em uma empresa, estímulo principal da organização são os for utilizada. Hoje, sabe-se que podemos
às vezes, não precisamos aumentar o desafios. Eles são estímulos que fazem aumentar rapidamente o número de
número de funcionários; basta melhorar a com que a inteligência organizacional sinapses, o número de conexões.
conexão entre eles. Essa é a ideia central funcione melhor.
desse artigo. Adaptação
Em 1978, o psicólogo americano A psicologia define a inteligência como
Podemos comparar a inteligência de Howard Gardner, de Harvard, foi “capacidade de percepção, compreensão,
uma pessoa com a de uma organização. contratado por um grupo de empresas aprendizado e adaptação.” Essa definição
Se na pessoa temos neurônios, para encontrar formas de desenvolver traz uma palavra fundamental, que é
na empresa temos pessoas; se na as pessoas. “Temos que desenvolver adaptação. Seu significado é a capacidade
pessoa temos sinapses, na empresa a inteligência delas”, disse. Isso causou de manter um bom relacionamento com
há relações humanas para melhorar as estranhamento porque na época se o meio ambiente apesar das mudanças
conexões; se na pessoa temos oxigênio, acreditava que ou a pessoa nascia do meio ambiente; é a capacidade que
o oxigênio da organização chama-se, inteligente, ou não. E Gardner quebrou o animal tem de manter a sua aptidão; e
hoje, informação; se nas pessoas temos esse paradigma: “A inteligência pode aptidão é a capacidade que o animal tem

Liderançar 57
Liderança

de se alimentar. Isso é Darwin. Aliás, ele planejamento, organização e controle é querer liderar ou não. A escolha provoca
nunca disse que venceu o mais forte. Ele aplicados à gestão de projetos, de ansiedade e angústia. A opção pela
disse que venceu o mais apto. processos, de materiais, de recursos, liderança traz prerrogativas e encargos.
de estoques. De qualquer coisa, menos Quais são as prerrogativas? Primeiro: ser
Se transferirmos essas definições de gente. Isso porque não é possível uma pessoa mais influente. Segundo: ter
inteligência humana para o mundo controlar as pessoas, como se pretendia liberdade, porque os líderes escolhem
corporativo, veremos que elas se na era industrial. Pode-se controlar, no o que vão fazer – e quase sempre
adaptam perfeitamente. Porque não há máximo, o corpo. Quando se coloca são bem pagos. Por último, mas não
nada mais permanente na atualidade o relógio de ponto na empresa, o menos importante, nós somos atraídos
do que a mudança. A sociedade empregado chega e bate o ponto; assim, pelos cargos de liderança por causa da
muda, o cliente muda, os desejos, as o que a empresa sabe? Que ele está sensação de poder. O poder nos faz bem,
necessidades e as expectativas do fisicamente presente. Mas ela não sabe é inebriante. E o lado dos encargos? Eles
mercado também mudam e a empresa se ele trouxe junto a sua inteligência, contrapõem-se às vantagens. Se de um
tem que perceber isso rapidamente. suas paixões. Nós queremos hoje que lado os líderes têm influência, do outro
Pois daí vem a capacidade de se adaptar as pessoas venham inteiras para o lado têm mais preocupação. Líderes são
a essa nova realidade. Quando uma trabalho. Não é como na era industrial, pessoas mais preocupadas, demoram um
empresa fica em dificuldades ou fecha quando Henry Ford dizia: “Quando quero pouco mais para dormir. Mais liberdade?
as portas, geralmente isso ocorre porque um operário, contrato seus braços. Sim, mas também, mais solidão. Nos
ela não avançou na tecnologia, na Infelizmente, ele traz a cabeça junto. momentos de decisão o líder pode ficar
comunicação, na capacitação de recursos Aí ele tem ideias, tem reivindicações”. sozinho. Toda a responsabilidade recai
humanos, não inovou no produto, nos Bom, felizmente os tempos mudaram, sobre ele.
processos. Hoje a inteligência empresarial atualmente nós queremos que as
está muito ligada à percepção da pessoas venham inteiras. Mais: Segunda escolha: a gestão de pessoas
mudança em estado permanente e a sua queremos que sejam felizes no ambiente deve ser feita com lógica ou com
adaptação a ela. de trabalho porque sabemos que a emoção? É impossível alguém levantar
felicidade aumenta a produtividade. da cadeira para iniciar uma jornada sem
Aqui entra a questão da gestão de emoção. Mas também não é possível
pessoas, que é diferente de qualquer Escolhas mantê-la na jornada sem razão. Então, nós
outro tipo de gestão. Administração é Liderar é fazer escolhas. A primeira delas precisamos das duas, não tem outro jeito.

58 Liderança
Isso está em todos os lados. O nosso E nada melhor para a vida de uma sofrer, eu também quero ter prazer.
cérebro tem dois lados; o lado esquerdo empresa do que uma crisezinha. E desejo é tudo que está ligado ao
que é lógico, racional, e o lado direito que O economista Joseph Schumpeter instinto de obter prazer. Simples assim.
é criativo, mais emocional. Não tem jeito! dizia que “a crise salva a empresa da E qual seria o prazer de trabalhar
mesmice. Portanto, líderes, quando numa empresa? Sentir orgulho dela,
Líderes são responsáveis por resultados. não têm uma crise externa, criam porque orgulho é um prazer. E quando
Mas será que eles têm que escolher uma interna para tirar todos da zona é que nós somos orgulhosos da nossa
entre pessoas e resultados? Não, líderes de conforto”. Assim, você vai ter que empresa? Quando ela é vencedora,
verdadeiros são indivíduos com focos: fazer uma coisa diferente do que respeitada no mercado, sem abrir mão
no resultado e em pessoas. Liderar é estava fazendo, porque aquilo que fazia da ética, dos valores, da civilidade.
atingir resultados por meio de pessoas, antes te colocou na zona de conforto. Vencedora com valores.
ou com as pessoas. Porque líder não é Portanto, líderes são criadores de crises;
aquele que faz, é aquele que faz fazer. líderes são pessoas insatisfeitas. Para terminar, uma frase do Jack Welch,
Há líderes autocráticos, que só buscam que é, sem dúvida nenhuma, um dos
resultados e que não se importam com O líder deve ser exigente com a equipe grandes líderes empresariais do século
as pessoas; e há os líderes democráticos, dele ou precisa motivá-la? Ora, todos XX. Em um de seus livros, ele diz o
que se preocupam com a equipe, mas nós só atuamos com comprometimento seguinte: “Quer ser líder? Então, adote
negligenciam os resultados. O ideal é o de verdade quando estamos motivados. uma atitude positiva e espalhe-a ao seu
líder educador, aquele que não separa o Alguém desmotivado não faz as coisas redor. Nunca se deixe transformar em
resultado da pessoa, porque o resultado benfeitas. Por isso, líderes precisam vítima e, pelo amor de Deus, divirta-se!”.
que ele quer é o desenvolvimento da de gente motivada, que traga aquela
pessoa. O líder educador está em uma energia vital que lhes permita realizar
posição privilegiada: dependendo das coisas. Um líder é alguém que dá às
circunstâncias, pode ser autoritário ou pessoas os elementos que elas vão usar *Eugênio Mussak é educador e
democrático. Às vezes, em situações de para se automotivar. Ora, as pessoas consultor de empresas na área de
dificuldades e crises, é aceitável e até são motivadas, basicamente, por suas gestão e desenvolvimento de pessoas.
desejável que um líder seja autoritário. necessidades ou desejos. Necessidade Escreve para as revistas Você S/A e
Tudo o que nós queremos numa crise é é tudo aquilo que fazemos para evitar Vida Simples. Mais artigos em
um líder forte. sofrimento; mas eu não quero só não www.eugeniomussak.com.br.

Liderança 59
educação

A música
como instrumento
de formação
e desenvolvimento

A partir de 2011, a disciplina será O reconhecimento do poder da


música como agente de formação
do caráter do indivíduo vem de longa

matéria obrigatória no currículo data. Na Grécia antiga, a música era


um dos pilares da educação, ao lado
da ginástica. Ambas precederam,
das redes públicas de ensino. inclusive, a inclusão da gramática
na programação educativa dos
jovens gregos e tinham fins morais,
Confira três projetos que utilizam para a formação do caráter e da
personalidade. Na concepção grega,

a música para ensinar valores ao desenvolver o corpo, a ginástica


(e não as atividades esportivas de
competição) estimula o autodomínio

universais e o controle das paixões pela razão.


E ensina a paciência, a coragem,
a lealdade e a consideração aos
direitos dos outros. A música, por
sua vez, desenvolve a gentileza, a
graça e a harmonia.

60 Educação
Ana Fuccia
Platão, um dos mais influentes que se reflete na capacidade de profundamente na realidade, à
pensadores de todos os tempos, expressão dos jovens”, diz Paulo medida que ajuda a estabelecer
ia além. Para ele, a música deveria Zuben, diretor-executivo da Santa uma relação crítica com o mundo”,
ter lugar de destaque no sistema Marcelina Cultura, organização assegura o crítico e músico Arthur
educacional ideal porque seu poder de social gestora do Guri na Grande Nestrovski, diretor artístico da
formação do caráter extrapolava o tom São Paulo. Fundação Osesp (Orquestra
e o ritmo e impactava diretamente a Sinfônica do Estado de São Paulo).
palavra falada, o logos. “A música orquestral, por
suas peculiaridades, trabalha A música é uma linguagem, como
Sob essa ótica de grandes pensadores, a humildade e a noção de o português e a matemática. É
surpreende o fato de a música ter sido conjunto. No grupo, ninguém é uma forma de expressão. E o
relegada a segundo plano no sistema ‘o cara’. Todos somam para um exercício coletivo da música, nas
oficial de ensino do Brasil e só mais bom trabalho, mas, ao mesmo orquestras, promove o aprendizado
recentemente estar ganhando espaço tempo, quem não se aplica de características fundamentais
como pilar de inclusão social. prejudica o resultado do todo. A para o cidadão.
música desenvolve o sentido de
Com a palavra, três profissionais cumplicidade, de parceria”, afirma O trabalho da Osesp, do Guri e
do ramo: Rogério Schuindt, fundador do do Locomotiva ajuda a vislumbrar
Projeto Locomotiva. os potenciais efeitos positivos do
“A disciplina é o menor dos muitos anunciado resgate da música pela
impactos da música na educação “A música pode, em certo educação, a partir de 2011, quando
das crianças. O efeito realmente sentido, nos ‘tirar da realidade’, entra em vigor a lei que torna a
transformador está no fato de a ao estimular a imaginação, matéria obrigatória nas redes de
música abrir novos horizontes, o mas também nos insere mais ensino público.

Educação 61
educação

Uma orquestra
em sintonia
com a escola
Foto Jefferson Collacico

A Osesp tem forte presença no Hoje, atendemos a 75 mil alunos por


cenário nacional desde sua formação ano. Quanto mais oferecemos, mais
em 1954, mas deu um salto como demandas chegam”, orgulha-se Neves.
agente de educação a partir de
sua recente transformação em Ele acredita que a retomada do ensino
fundação, gerida por uma organização de música na rede pública poderá
social, no formato PPP (Parceria corrigir um erro que vem da década
Público-Privada). “A independência de 50, quando se deu a ruptura entre
proporcionada pelo novo modelo de educação e cultura na estrutura oficial.
gestão permitiu expandir a atuação “A música pode ser transformadora em
da orquestra”, analisa Marcelo Lopes, muitos aspectos, os trabalhos sociais
diretor-executivo da Fundação Osesp. já demonstram isso. E não se trata de
impor disciplina, mas de concentração,
A maior expansão se deu nas de esforço, de trabalho. A música nos
atividades educacionais, em particular ensina a ser livres”, conclui.
no núcleo de educação musical para
a rede estadual de ensino. “Esse
núcleo nasceu com o propósito de
mudar a rotina da escola, transferindo
dinâmicas de grupo aos professores
para que as adotem no dia a dia”,
explica Antônio Carlos Neves,
coordenador dos programas
educacionais da Fundação
Osesp. Os professores se
tornam multiplicadores e
levam os alunos para as
atividades educacionais.
“Eles se tornam
soldados da música.
Fotos Ana Fuccia

62 Educação
“A música é uma “Não consigo imaginar o
linguagem, como mundo sem a música e o
o português, a que ela desperta no ser
matemática. É humano. Assim como o
uma forma de filósofo alemão Friedrich
expressão, uma Nietzsche, acho que a vida
ferramenta do sem a música seria um erro”
cérebro”
Arthur Nestrovski, diretor
Marcelo Lopes, artístico da Orquestra
diretor-executivo da Sinfônica do Estado de São
Fundação Osesp Paulo

Foto Alessandra Fratus

A Osesp também investe na importante na formação do indivíduo. aos do Estado, tanto pela exploração
expansão do acesso do público à Ela gera um tipo de experiência da marca e da imagem da Osesp
música erudita. A orquestra interage humana muito particular, nada quanto por meio de parcerias,
com todo o cenário cultural paulista, utilitário”, diz o diretor artístico. patrocínios e pela Lei Rouanet.
tanto nos concertos na Sala São Paulo Nestrovski explica que o diferencial
como nas apresentações ao ar livre, da música erudita está no tipo de A Fundação Osesp trabalha com
a exemplo da recente participação na exigência mental. A música clássica metas, que são apresentadas ao
Virada Cultural e do projeto Orquestra pede concentração e engajamento. governo estadual. Os recursos são
Itinerante, que leva música ao interior. liberados em função do cumprimento
“Isso fortalece a relação da população A efervescência atual da Osesp se do que foi acordado. “Com a
com a música clássica e é um passo deve ao modelo de gestão. “Ele boa gestão artística, financeira e
importante para a educação musical”, apresenta vários ganhos, a começar administrativa, temos conseguido
explica Arthur Nestrovski. pela ausência de flutuações políticas”, inclusive expandir nossa atuação,
diz o diretor-executivo Marcelo Lopes. com novos projetos e ampliando ano
Ele também vê com bons olhos A PPP permitiu a regularização a ano o volume de público atendido”,
a reinclusão da educação musical dos contratos dos funcionários e a finaliza Lopes.
no currículo escolar. “A música é captação de recursos complementares

“A música é uma tremenda


ferramenta de transformação.
Na educação, seus resultados
são muito importantes”
Antônio Carlos Neves,
coordenador dos programas
educacionais da Fundação
Osesp
Divulgação/Fundação Osesp

Educação 63
educação

“A educação do homem deve começar pela poesia,


ser fortificada pela conduta justa e consumar-se na música”
Confúcio, filósofo chinês (551 a.C./479 a.C.)

Divulgação/Santa Marcelina Cultura

Inclusão social
Paulo Zuben, diretor-executivo
da Santa Marcelina Cultura pela música
Enquanto a Osesp visa os professores Uma dessas gestoras é a Santa Mesmo não tendo exclusivamente o objetivo
e alunos da rede estadual de ensino, o Marcelina Cultura, que administra 55 de profissionalizar o aluno, o programa
Guri atua diretamente nas comunidades, polos na Grande São Paulo, com cerca de amplia as possibilidades de inserção social,
oferecendo aulas de música a crianças 12 mil alunos. “Estamos desenvolvendo porque impacta a formação dos jovens em
e adolescentes das áreas de maior um programa sociopedagógico, para todos os aspectos. “Quando começam a
vulnerabilidade e exclusão social. fortalecer a inclusão social nas áreas em se apresentar regularmente, em um palco
Mantido pela Secretaria de Cultura do que atuamos”, diz Paulo Zuben, diretor- de verdade, as crianças e jovens se tornam
Estado de São Paulo, o Guri também executivo da Santa Marcelina Cultura. protagonistas de suas histórias de vida. Isso
tem sua gestão baseada no modelo de eleva a auto-estima e apura o senso crítico
Parceria Público-Privada. Desde 2004, ele Além de professores de música e estético deles, que se soltam e se abrem
é administrado por organizações sociais contratados, o Programa Guri Santa sensivelmente para o mundo”, conta Zuben.
de cultura em cerca de 360 polos em Marcelina conta com assistentes
300 municípios. sociais em cada um dos polos de As apresentações também são um exercício
ensino para atender aos alunos e dar para lidar com frustrações e críticas. Em
suporte às famílias, ajudando-as a uma orquestra, tocar junto é uma busca
Foto André Mantelli entender a importância da formação constante pela harmonia e pelo equilíbrio.
musical para o jovem. Para isso, é preciso aprender a ouvir. “Os
A experiência mostra jovens passam a ouvir o outro; descobrem
que criar vínculos que o equilíbrio é uma tensão permanente
com a vida dos em busca da harmonia. E começam a
alunos ajuda a perceber que isso se dá fora da música, nas
diminuir a evasão relações pessoais, com suas famílias e com
e permite detectar a vida ao seu redor. Afinar é ouvir e ajustar”,
problemas familiares acrescenta o diretor da Santa Marcelina
mais graves. Cultura. Ao exigir muita concentração, a

64 Educação
Fotos André Mantelli

“Afinar é ouvir e ajustar.


A música também ensina a ouvir o outro”
Paulo Zuben, diretor-executivo da Santa Marcelina Cultura

atividade musical também ajuda os isoladamente”, conclui o diretor da Santa a melhor alternativa para São Paulo
jovens a terem um foco claro. Marcelina Cultura. seria reconhecer a formação oferecida
pelo Guri como atividade musical
Outro efeito marcante do exercício da A Santa Marcelina Cultura também complementar à da escola regular.
música se dá no desenvolvimento da é gestora da Tom Jobim – Escola de “A maioria das escolas municipais e
capacidade de articulação e expressão Música do Estado de São Paulo (EMESP) estaduais não tem estrutura suficiente
verbal. Há um enriquecimento de seu e do Festival Internacional de Inverno nem know-how para cumprir a nova lei a
universo de interesses e os jovens de Campos do Jordão. Segundo Paulo partir do ano que vem”, analisa o diretor.
passam a falar de música e de arte. Zuben, a integração dos três programas E ele cita o modelo da Inglaterra, que
A atividade musical desenvolve na sob a gestão da organização visou criar tem um dos mais modernos sistemas
criança uma sensibilidade estética uma coerência desde o mais social e de ensino da Europa. A rede pública
frente ao mundo, as sensações sonoras periférico, que é o Guri, até a formação inglesa conta com uma grade curricular
começam a ser reavaliadas. Ela estimula de excelência que o Festival oferece. elaborada pela pasta da Educação e usa
o senso crítico, a avaliação e reafirma Este ciclo de formação musical promove serviços públicos fornecidos por outras
valores como integração e espírito resultados consistentes, pois o modelo esferas de governo.
de conjunto. O músico é o primeiro de gestão da parceria público-privada
a reconhecer quando não faz uma permite que se busquem recursos do “As aulas de música poderiam ser
boa apresentação e essa autocrítica setor privado complementares àqueles oferecidas pelo Guri, que é um
extrapola o universo da música; o jovem provenientes do Estado, por meio de programa de formação da Secretaria
a leva para a convivência diária. “E ele projetos enquadrados na Lei Rouanet da Cultura do Estado”, sugere Paulo
aprende que o resultado é coletivo. A e no FUMCAD, fundamentais para a Zuben, lembrando que a Santa
apresentação só se dá porque estão sustentabilidade desses programas. Marcelina Cultura já tem um programa
todos juntos. A construção do todo de formação de novos educadores em
exige a integração das partes individuais. Quanto à volta da música ao currículo condições de atender a demanda que
A música orquestral não se faz do ensino público, Zuben acredita que será gerada a partir de 2011.

Educação 65
educação

Método inovador

O Projeto Locomotiva adota um método


que é referência mundial em ensino de
música erudita: o Sistema de Sinfônicas
Juvenis da Venezuela, que atende a
quase 300 mil alunos por ano. Um de
seus “filhos” famosos é o maestro
Gustavo Dudamel, regente titular da
Filarmônica de Los Angeles.

“O Sistema foi criado por José Antonio


Abreu, que conheci em 2008, quando
fui à Venezuela aprender seu método”,
conta Rogério Schuindt, músico fundador
do Locomotiva. O Sistema nasceu de

“O homem que não tem a


música dentro de si e não se
emociona com um concerto
de doces acordes é capaz de
traições, de conjuras e de
rapinas”
William Shakespeare,
dramaturgo e poeta inglês
(1554-1616)

Foto João Musa

66 Educação
“A música oferece à alma uma
verdadeira cultura íntima e
deve fazer parte da educação
do povo”
François Guizot (1787-1874),
primeiro-ministro da França

Foto Ana Fuccia

ensaios abertos em um parque de Caracas, a capital


venezuelana, e conquistou simpatias à medida
que mostrava resultados rápidos – um deles foi a
formação da primeira orquestra jovem da Venezuela.
Há mais de três décadas o projeto virou política
oficial do governo, gerido por uma fundação.

O diferencial do Locomotiva está no ensino


coletivo. “É um ensaio-aula, uma metodologia
muito prática que difere do ensino tradicional
de música, baseado na leitura das partituras.
Aqui, o aluno recebe o instrumento e é
convidado a tocar junto com os demais. As
correções são feitas paulatinamente, dia a dia.”,
explica Rogério Schuindt.

Os alunos também são conquistados pelo Foto Ana Fuccia


repertório jovem, composto por músicas mais
agitadas e vigorosas, e pela rapidez do resultado: Foto Ana Fuccia
com aulas diárias eles não demoram a aprender.
“Em uma semana, já estão tocando de maneira
consistente. As questões teóricas, em sua
maioria, são resolvidas também na prática”, diz.
Mesmo assim, no momento certo, todos têm
aula individual.

O projeto, que começou com nove alunos,


hoje tem 42 e está enraizado em um bairro
pobre de Santo André, na Grande São Paulo.
Com a recente aprovação do Locomotiva na Lei
Rouanet, de incentivo à cultura, Rogério Schuindt
aposta em parcerias para levar o projeto a outras
comunidades carentes.

Educação 67
sustentabilidade

Rumo ao Integrated
Reporting
Modelo ideal de relatório

corporativo concilia dados

financeiros com informações

que indicam o impacto da

atuação da companhia no meio

ambiente e na sociedade

Nos últimos anos, após o incremento das


regulamentações do mercado de ações,
as companhias de capital aberto viram-se
obrigadas a fornecer dados financeiros
cada vez mais detalhados em seus
relatórios e demonstrativos. O objetivo é
que os investidores e acionistas tenham
à disposição um cenário transparente
do desempenho financeiro e contábil
da empresa. Atualmente, são os
relatórios anuais que contemplam este
registro minucioso – e volumoso – dos
números que ilustram o desempenho
da organização. Mais recentemente,
percebendo uma mudança na opinião
pública, que cada vez mais se preocupa
com o clima e o meio ambiente, as
empresas passaram a emitir também
os chamados Corporate Social
Responsibility Reports (CSR), no exterior,
e os Balanços Sociais e Relatórios de
Sustentabilidade, no Brasil.

68 Sustentabilidade
“Os modelos de relatórios corporativos divulgação das informações já incorporam
passam por um processo de evolução. o Relatório de Sustentabilidade ao Relatório
Atualmente, as companhias tendem a Anual. Um aspecto importante é que se
publicar os Relatórios de Sustentabilidade trata de um processo evolutivo. Em relação
incorporados ao Relatório Anual. No aos relatórios anuais e demonstrações
entanto, já é possível perceber uma forte financeiras, há regulamentações muito
tendência rumo ao chamado Integrated severas e específicas que definem o
Reporting, que vai muito além da que e como fazer. Os executivos da
simples publicação conjunta de ambos KPMG enxergam nas divergências de
os documentos. Para chegar a esse regulamentação a principal dificuldade
estágio, a organização deve integrar a para que o mundo corporativo consiga
visão de sustentabilidade à estratégia de chegar ao Integrated Reporting. Há
negócios e aos seus processos internos, países com regulamentações específicas
seguido da revisão de seus relatórios para as divulgações de informações de
gerenciais e, por fim, da incorporação sustentabilidade (como França, China e Alexandre Heinermann,
de indicadores de desempenho aos Suécia) e outros bem menos avançados sócio da KPMG no Brasil na
sistemas de gestão”, comenta Alexandre nessas questões. área de Sustentabilidade
Heinermann, sócio da KPMG no Brasil na
área de Sustentabilidade. Denise Saboya complementa: “os órgãos
reguladores devem andar junto com as
Portanto, avançar para o Integrated empresas no processo de entendimento da
Reporting supõe uma pequena revolução importância da sustentabilidade”. No médio
na gestão da companhia e de seus e longo prazos, as partes interessadas têm
procedimentos internos. Para não falar, expectativas de consolidação dos relatórios
é claro, do próprio planejamento de corporativos em um só. Até porque o
negócios. “Somente assim será possível mercado e a sociedade estão cada vez mais
atender às expectativas de todas as atentos à credibilidade e transparência das
partes interessadas”, afirma Denise comunicações corporativas.
Saboya, gerente-sênior da KPMG no
Brasil na área de Sustentabilidade. Em alguns setores cujas atividades têm
mais impacto sobre o meio ambiente,
Panorama como o de Oil & Gas e mineração, o tema
É possível afirmar que as empresas da sustentabilidade, cedo ou tarde, deverá Denise Saboya, gerente-
ainda têm um longo caminho a percorrer. constar de seus relatórios de desempenho. sênior da KPMG no Brasil na
As organizações mais avançadas na Esta já é uma demanda da própria área de Sustentabilidade

Sustentabilidade 69
sustentabilidade

sociedade, que começa a levar em processos internos, existe um campo de uma perspectiva de gestão. Como
consideração tais premissas na avaliação fértil para o aprimoramento da gestão e aponta o estudo Integrated Reporting,
do analista do mercado financeiro, na a busca por melhores procedimentos, closing the loop of strategy, elaborado
decisão de investimento do acionista que vão desde a economia de água e pela KPMG International, deve haver um
e também na concessão de crédito luz até novas formas de se acompanhar comprometimento do próprio Conselho
por bancos e financeiras. “Isso já está desempenhos individuais. Como de Administração.
acontecendo. Hoje é importante que afirma o sócio da KPMG, adotar valores
a companhia preste contas a respeito sustentáveis gera, sim, resultados Com essa premissa cumprida, é
de outros fatores que não apenas os financeiros, como comprovam diversos recomendável que haja uma análise
elementos econômico-financeiros”, índices que acompanham o mercado detalhada do grau de comprometimento
confirma Denise. de ações. “Não é possível mensurar se de todas as áreas da organização com a
existe um aumento, por exemplo, na sustentabilidade. E, obviamente, a partir
Em paralelo, a própria legislação evoluiu, venda de produtos por conta da postura dos resultados, é preciso incorporar
tornando-se mais rigorosa para com da sustentabilidade. No entanto, além cada vez mais esses conceitos e valores
os crimes ambientais. Aumentou a do ganho de imagem, há benefícios em todos os processos da companhia
necessidade de estar em conformidade expressivos no que se refere à prevenção e em todos os departamentos. É
com as exigências legais – não só no de impactos ambientais. E também fundamental também criar ou aprimorar
Brasil, como em todo o mundo. “As há ganhos decorrentes da revisão dos relatórios, que forneçam as métricas para
corporações são obrigadas a se adequar. procedimentos internos, que geram mensurar o progresso da incorporação
Quem não o fizer sofrerá penalizações e economia”, conta Heinermann. da sustentabilidade à companhia. Isso
terá de pagar por ações de mitigação de contribuirá para guiar as principais
danos”, alerta Heinermann. Etapas decisões a serem tomadas.
E como se chega ao Integrated
Outro aspecto importante diz respeito às Reporting? Primeiro, é preciso de fato ser Da perspectiva de comunicação, que é
oportunidades de negócios. Ainda que, uma empresa sustentável. O relatório é o igualmente essencial para se chegar ao
pelo menos por enquanto, o público seja resultado final de um longo processo. “É Integrated Reporting, o ponto nevrálgico
pequeno, há uma parcela crescente da fundamental ter a estrutura sustentável é suprir as necessidades de todas as
população que dá prioridade à compra transversal dentro da organização. Ela partes interessadas. Deve-se avaliar se a
de produtos e serviços de empresas deve permear toda a companhia”, ensina estrutura de comunicação cobre todos os
sustentáveis. Ao adotar esse tipo de o sócio da KPMG. E isso só pode ser aspectos relevantes e se as ferramentas
postura, a empresa cativa um público em alcançado quando a sustentabilidade de interação com os stakeholders são
expansão. Outra vantagem é que, como está ancorada na própria estratégia de apropriadas para uma comunicação
o olhar da sustentabilidade só pode ser negócios. Esse é o primeiro passo para contínua. O objetivo está bem definido.
alcançado por meio de uma revisão dos se chegar ao Integrated Reporting a partir O desafio, agora, é como chegar lá.

70 Sustentabilidade
Diversidade

Talento
feminino

KPMG cria O mundo corporativo já assimilou a


presença feminina em todas as áreas
e níveis funcionais. Nas organizações,

comitê para a diversidade é bem-vinda e mesmo


valorizada. O desafio atual para as
companhias é amadurecer políticas
elaborar políticas internas que permitam às mulheres
conciliar carreira e vida pessoal, sem
comprometer a essência da diferença
que possibilitem entre os gêneros e que valorizem as
particularidades destes no cotidiano

a valorização e
da organização.

Para a KPMG, a diversidade é um pilar

a retenção de global. A pluralidade de talentos traz


consigo benefícios, que têm impacto
positivo sobre os resultados e vão ao
mulheres na encontro da percepção dos clientes,
que dão valor ao trabalho com equipes
mistas, interna e externamente. “A
organização organização realmente valoriza a
diversidade e não faz distinção de
gênero nas contratações e promoções”,
avalia Marienne Mendonça Shiota
Coutinho, sócia da KPMG no Brasil na
área de International Corporate Tax e

Diversidade 71
Diversidade

uma das integrantes do KNOW (KPMG “O investimento na formação dos nossos


Network of Women). O grupo tem como profissionais, desde seu ingresso como
missão estimular iniciativas que ajudem trainees, é elevado. Se conseguirmos
a criar condições para que as mulheres reduzir a saída de talentos femininos
tenham uma vida pessoal plena sem atingiremos o equilíbrio na proporção
perder oportunidades de evolução de homens e mulheres em posições de
na carreira e auxiliar os profissionais liderança”, acrescenta Vânia Souza, sócia
a entender e atender às demandas da KPMG no Brasil na área de Auditoria
específicas do gênero. para o escritório do Rio de Janeiro.

“Nosso papel é estimular a retenção Em uma sondagem realizada entre


dos talentos femininos. Apesar de as profissionais da KPMG foi possível
ter a diversidade como valor, 18% identificar que a maternidade é o tema
dos sócios e diretores da KPMG central das preocupações femininas e,
são mulheres. Este indicador tem por essa razão, o KNOW desenvolveu
mostrado que para a mulher assumir uma política específica. O grupo atuará
posições mais elevadas tem de no planejamento da carreira da gestante,
abrir mão da maternidade ou da desde a rediscussão de metas até
carreira. É exatamente este cenário a revisão da carteira de clientes. O
que queremos mudar”, diz Carla acompanhamento se dará com coaching
Bellangero, sócia da KPMG no Brasil e monitoramento tanto das gestantes
na área de Auditoria. quanto de seus performance managers
(sócios e gerentes de área), visando
flexibilizar e promover as adaptações

72 Diversidade
necessárias para que a profissional possa a lidar com as questões relativas à tanto para a saúde do bebê como para a
conciliar a gestação e a carreira, sem gravidez no trabalho. mulher e sua interrupção é um momento
prejuízo de nenhuma delas. As alternativas psicologicamente delicado. Uma ruptura
são muitas, desde reavaliar a quantidade Em razão dos trabalhos já desenvolvidos brusca pode gerar na mãe o sentimento
de clientes, para adaptar o ritmo de pelo KNOW, a KPMG no Brasil já dispõe, de que está abandonando o filho”, explica
trabalho à nova situação, até rever a também, de uma licença maternidade Marienne Coutinho.
logística diária de seu trabalho, evitando contratual, no âmbito societário. Ou seja,
viagens e deslocamentos longos. a profissional gestante, que já foi admitida As próximas iniciativas na agenda
à sociedade e, portanto, não dispõe mais do KNOW contemplam um plano de
“Nosso papel é conscientizar o dos direitos que são assegurados aos comunicação interna e externa, visando à
performance manager, que muitas empregados, pela CLT (Consolidação conscientização e suporte aos líderes da
vezes é um homem, para o fato de que das Leis do Trabalho), na KPMG também KPMG, e atividades para profissionais da
a gravidez é um período especial, que têm direito a um período especial de organização e clientes. Também já está
requer cuidados igualmente especiais. afastamento, para experimentar os nos planos do grupo revisar benefícios
É natural a mulher enjoar ou ter que se primeiros meses da maternidade. como o auxílio-creche e identificar
ausentar para cumprir a rotina de pré- projetos para pais da KPMG.
natal. Tudo isso faz parte do processo”, O grupo também já está desenvolvendo
completa Marienne Coutinho. um projeto para implementar uma sala Como se pode ver, o papel
de apoio à amamentação nos seus feminino na sociedade e no mundo
A boa receptividade masculina é um maiores escritórios e a contratação corporativo continua em evolução. Se,
indicativo de que o KNOW também de uma consultoria especializada para tradicionalmente, a mulher sempre deu
trouxe maior conforto aos líderes promover workshops sobre questões suporte à carreira do marido, agora é a
e gerentes. Ao criar uma política, o como pós-parto e aleitamento materno. vez de os homens apoiarem a mulher em
Projeto Maternidade incentivou-os “A amamentação é muito importante sua ascensão profissional.

Diversidade 73
Marienne M. S. Coutinho, mãe do Gabriel, 9 anos, e da Helena, 1 ano.
Há 16 anos na KPMG

“O Gabe nasceu quando eu era gerente e tinha licença-maternidade nos termos


previstos na CLT, enquanto que na gravidez da Helena eu já estava na posição
de sócia. Conheço bem as dificuldades de conciliar a maternidade e a carreira e,
portanto, abraço esta causa. O KNOW é um projeto muito importante para todos
os nossos profissionais e fundamental para as nossas próximas gerações de
diretoras e sócias. É nossa tarefa, como líderes, ajudar a criar um ambiente cada
vez mais favorável às mulheres que pretendem seguir carreira na KPMG.”

Vânia Souza, mãe do Lucas, 19 anos, e do


Daniel, 15 anos. Há 27 anos na KPMG

“Quando meus filhos nasceram, a situação da


mulher na sociedade era diferente da atual. Hoje,
a diversidade é valorizada e a mulher conquistou
mais espaço e respeito no mundo corporativo.
Mas ainda é preciso chamar a atenção para o
fato de que não se pode tratar de maneira igual
os desiguais, quando o que nos faz diferentes
é justamente a maternidade, um período que
requer atenção especial.”

Carla Bellangero, mãe da Caroline, 16 anos, e do


Felipe de 9 anos. Há 21 anos na KPMG

“Caroline nasceu quando eu era supervisora. Recebi


muito apoio da família e da organização para continuar
com os meus sonhos de seguir carreira e de ser mãe.
Com o nascimento do Felipe, passei pela área de
treinamento e metodologia da KPMG. Essa etapa me fez
acumular experiências incríveis e surgiram oportunidades
de contribuir com as equipes de auditoria e de
especialistas, levando o conhecimento técnico adquirido
ao longo daqueles anos. Nesta fase, conheci todos
os escritórios da organização, o que me trouxe uma
experiência única dentro da KPMG. Não tenho dúvida
de que a maternidade sempre veio recheada com muitos desafios, mas foi a mistura do amor de mãe com a
vontade de me tornar uma executiva que me motivou na busca da superação e para enfrentar a dupla jornada.
Mesmo sendo um período de desafios, a maternidade pode ser tratada pela empresa como um momento
especial. Passado esse período, de um ou dois anos entre a gravidez e o fim da amamentação, a profissional
continuará sua carreira, que poderá ser de 20 ou até 40 anos, e todos podem ganhar muito a partir de um mundo
corporativo melhor, nas organizações, nas relações familiares e nos novos seres que estamos formando”.

74 Diversidade
TRAINEES

Laboratório de
Competências
Nova etapa do processo seletivo do Programa
de Trainees permite maior contato dos
candidatos às vagas com executivos das linhas
de negócios da KPMG no Brasil

Trainees 75
A cada ano, mais de 40 mil jovens se podemos analisar com mais profundidade
cadastram para participar do Programa seu comportamento, suas habilidades,
de Trainees da KPMG e concorrer às capacidades técnicas e de liderança,
mais de 400 vagas disponibilizadas. conhecimentos gerais e de mercado.
Para se ter uma ideia da abrangência, Mas, principalmente, a sintonia com os
o processo seletivo, que tem duração valores da KPMG”, afirma a diretora.
de cinco meses, envolve pelo menos
quatro etapas e engloba todos os Outro aspecto relevante desta etapa
escritórios da organização. O Programa é que a presença de profissionais
de Trainees é um dos pilares da das linhas de negócios possibilita ao
estratégia de RH da KPMG. candidato entrar em contato com os
diferentes universos e com a prática de
“Devido à relevância que tem o trabalho de cada área.
Programa e a importância que a KPMG
Adriana Zanni, diretora de RH
dá ao desenvolvimento profissional, Os aprovados passam para a fase de
da KPMG no Brasil
o nosso grande desafio é manter um Treinamento, onde serão avaliados em
aprimoramento constante no processo maior profundidade os conhecimentos
seletivo. Sempre apresentamos técnicos e específicos. A última etapa,
novidades para cada vez mais Entrevista Final/Painel, sempre contará
conseguirmos reconhecer jovens com a presença de um dos sócios de buscar a comunicação direta com o
talentos identificados com a cultura da da KPMG. Ou seja, os candidatos público-alvo. O foco da divulgação do
organização”, esclarece Adriana Zanni, aprovados no Programa de Trainees Programa, aos poucos, deslocou-se de
diretora de RH da KPMG no Brasil e são entrevistados pelo nível mais alto anúncios nos jornais tradicionais para a
gestora do Programa. da liderança executiva, que validará o mídia eletrônica.
conhecimento dos selecionados e sua
Inovação importante e que merece vinculação com a cultura da organização. Os jovens talentos aprovados no
destaque no processo deste ano é o A grande comprovação do sucesso processo seletivo entram com o cargo
Laboratório de Competências (LC), que desse processo seletivo é que nada de trainee e recebem três semanas
foi realizado pela primeira vez em 2009. menos que 92% dos atuais sócios de treinamento. Depois, já iniciam a
Os excelentes resultados alcançados foram trainees. carreira, participando de projetos e
levaram à ampliação nacional e, agora, interagindo com os clientes. Trata-se de
o LC passa a ser replicado em todos os “O processo seletivo é uma via de mão uma etapa muito rica e intensa, com
escritórios da KPMG no Brasil. dupla. Nós selecionamos os candidatos amplas oportunidades de aprendizado
aptos a entrar na organização, mas e de desenvolvimento profissional. Um
Terceira etapa do Programa de Trainees também eles nos escolhem, ao se diferencial importante é que o trainee
da KPMG, que acontece após a inscrição candidatarem às vagas. Por isso é poderá se candidatar a um intercâmbio
e os testes online, o Laboratório de importante essa etapa presencial”, diz internacional nos escritórios da KPMG
Competências tem uma importância Adriana Zanni. em outros países, por meio do Global
fundamental por ser o primeiro estágio Internship Programa (GIP), programa
presencial da seleção e atinge cerca de A utilização massiva de mídias digitais – de mobilidade focado na troca de
4,4 mil jovens. “O candidato participa principalmente as redes sociais – durante experiência internacional dos trainees
de um encontro com o pessoal de RH a divulgação do processo seletivo foi – o que aumenta consideravelmente
e também com executivos das linhas também uma inovação importante a experiência e as possibilidades de
de negócios da organização. Assim, neste ano. Isso vai ao encontro da ideia ascensão profissional.

76 Trainees

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