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Revista do Instituto dos Advogados de São Paulo | vol. 27/2011 | p. 107 - 121 | Jan - Jun
/ 2011
DTR\2011\1907
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Eliane Yachouh Abrão
Mestre pela USP. Ex-Presidente da Comissão Especial da Propriedade Imaterial da OAB-SP
(2004-2006). Realizou estágios e cursos na Ompi na Inglaterra, Suíça, Alemanha e EUA e
curso na Academia da Corte Internacional de Justiça, Holanda. Advogada, consultora e
perita na área de Propriedade Imaterial.
Abstract: The author in this paper presents an overview of the copyright system in Brazil
and worldwide, which was created from the Anglo-Saxon book industry convenience. Such
right was firstly originated from international, instead of local social customs and habits,
and resulted from international commitments that were assumed by Brazil, and only
afterwards became part of Federal Constitutions and domestic laws. The copyright system
has one field of application, i.e. it is applied to the protected works, which can be only used
upon the prior and express approval of the authors/holders; one field of exemption, i.e.
exception related to the principle of prior authorization, and one field of immunity to such
rights. The paper explains how to protect a work on an administrative basis, and analyzes
the aspects of the judicial reality in conflicts dealing with the matter.
Sumário:
1. DO SURGIMENTO DO SISTEMA AUTORAL - 2. DA EXATA NOÇÃO DO SISTEMA - 3. O QUE
É E O QUE NÃO É DIREITO AUTORAL - 4. COMO PROTEGER A OBRA AUTORAL. A PROVA EM
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Direitos autorais: conceito, violações e prova
Direitos autorais, como são hoje conhecidos os direitos que protegem o resultado fixado e
perceptível da criação intelectual, resultam de duas vertentes distintas: uma tecnológica,
outra ideológica. A primeira surge com a utilização da máquina de imprensa, que
revolucionou a reprodução da escrita e impulsionou drasticamente a propagação das
ideias, e que, posteriormente, foi aperfeiçoada e estendida às obras de artes plásticas e às
obras audiovisuais.
Entre um e outro fato histórico, os direitos autorais existiam, tão somente, como copyright,
vale dizer, um direito de cunho exclusivamente econômico, e eram exercidos tão somente
pelos editores. Uma ligeira digressão histórica há de auxiliar nesse entendimento.
A única condição imposta era a de que os livros publicados fossem de três tipos:
alfabetização, livros de Direito e a Bíblia. Com isso a monarquia impedia a circulação – ao
menos impressa – de livros de temática política ou social que ameaçasse seus interesses.
Como a máquina de imprensa, passado o período de exclusividade da patente, passou a
ser fabricada e operada em outros países, livros estrangeiros começaram a invadir a Ilha,
e sobre eles nem os publishers nem a realeza detinham controle.
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Direitos autorais: conceito, violações e prova
Os direitos autorais não se confundem com direitos de propriedade industrial, nem com os
direitos ou bens de personalidade. Embora os direitos autorais e a propriedade industrial
sejam espécies do gênero propriedade intelectual, diferem os primeiros das marcas,
patentes, desenhos industriais e indicações geográficas (que constituem a propriedade
industrial), porque não se destinam a dar exclusividade a invenções de aplicação e
finalidade industriais, nem a distinguir mercadorias ou serviços de outros idênticos ou
assemelhados.
Conectam-se, por sua vez, aos direitos de personalidade por via dos direitos morais, que
refletem a personalidade do autor, pois toda obra exprime o estilo e o caráter da pessoa de
seu criador ou criadores.
O início da década de 1990 fez surgir uma nova ordem econômica mundial com a criação da
Organização Mundial do Comércio – OMC, e, com ela, um anexo a esse acordo conhecido
como TRIPs, que versa exclusivamente sobre direitos de propriedade intelectual.
No que diz respeito aos direitos autorais, não concorre com Berna, mas a complementa e
a estende, trazendo ao nível de proteção das criações de cunho literário, artístico e
cientifico os chamados bens intelectuais próprios do mundo virtual, como o programa de
computador ( software) e a base de dados.
Hoje, os direitos autorais são reconhecidos em todos os países e incluídos nas respectivas
Constituições como cláusula pétrea. No art. 5.º, XXVII, da CF/1988 (LGL\1988\3) está
inscrito que:
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Direitos autorais: conceito, violações e prova
A utilização pública, corolário dos direitos patrimoniais, contrapõe-se aos direitos privados
como ao ineditismo, à integridade e ao reconhecimento ao crédito, tidos como direitos
associados à subjetividade do autor criador, e garante a percepção aos rendimentos por
parte do autor da obra.
O outro privilégio, mediato, tem início quando o dos herdeiros do autor se encerra: é o
reservado à sociedade. Esta pode fazer o uso da obra, sem exclusividade na reprodução ou
na comercialização, respeitada a integridade e a autoria, porque a obra cai em domínio
público. É o princípio da temporariedade.
Qualquer outra obra que não seja cópia extraída de matriz daquela determinada obra, ou
dela derivada, reconhecida e autorizada por seu criador, trata-se de outra obra, criada por
outro autor, a quem a constituição garante os mesmos direitos de exclusividade na
utilização pública, reprodução e comercialização, usando suas próprias expressões. Daí
porque tratam-se os direitos autorias de privilégio, e não de monopólio.
Mas não só de princípio constitucional vive o direito autoral. A Lei 9.610/1998, a LDA,
apresenta outros tantos.
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Direitos autorais: conceito, violações e prova
E em razão do disposto no art. 104 da Lei 9.610/1998, todos aqueles envolvidos na cadeia
de uso de obra por meio fraudulento, serão punidos, estabelecendo-se assim o princípio da
responsabilidade solidária.
Para o pleno entendimento desse ramo do Direito, é preciso delinear esse território por
onde transita tudo que é imaterial, porque nem toda atividade intelectual resulta em obra
autoralmente protegida.
Ambos os círculos, por sua vez, se sobrepõem a um terceiro e maior círculo, o das
imunidades a esses direitos. Neste último campo não há nem direitos exclusivos nem
privilégio de ninguém: é o campo das ideias, dos jogos mentais, dos projetos, dos
métodos, que não podem ser apropriados por ninguém por tratar-se de res commune
omnium.
O campo próprio dos direitos autorais, o de sua incidência, é o do art. 7.º da Lei
9.610/1998, a lei que disciplina entre nós a lei dos direitos autorais e dos que lhes são
conexos, a LDA, que elenca exemplos de obras protegidas: textos de obras literárias,
artísticas e científicas; conferências, alocuções; obras dramáticas e dramático-musicais;
obras coreográficas; obras musicais (melodias mais letras, ou melodias); obras
audiovisuais, sonorizadas ou não; obras fotográficas; obras de artes plásticas; ilustrações
e cartas geográficas; projetos de arquitetura, engenharia, paisagismo, cenografia;
adaptações (traduções e transformações de gênero/mídia); programas de computador;
coletâneas, enciclopédias, dicionários, bases de dados.
No caput do art. 7.º da Lei 9.610/1998, o legislador define o que são obras
intelectualmente protegidas: as criações do espírito, expressas por qualquer meio ou
fixadas em qualquer suporte, tangível ou intangível, conhecido ou que se invente no
futuro. Portanto, o pré-requisito fático necessário ao reconhecimento de uma obra
protegida é o de que esteja fixada em suporte tangível ou intangível, seja expressa por
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Direitos autorais: conceito, violações e prova
qualquer meio ou modo a ser captado pelos sentidos do receptor, e o de ser passível de
multiplicação por meio de repetidas cópias.
Esse registro em suporte físico é o que lhe dá a natureza de bem móvel de que trata o art.
3.º da Lei 9.610/1998, mas distinta o suficiente de outros bens ou objetos móveis posto
que a compra de exemplar não transmite ao adquirente qualquer direito de reprodução ou
comercialização (art. 37 da Lei 9.610/1998) da unidade de que é possuidor.
A paráfrase e a caricatura não ofensiva (o que a lei deixa a critério do suposto ofendido e
do árbitro) também isentam seus criadores de prévia autorização do autor do texto ou do
retratado.
Na outra ponta, temos a liberação geral, o que não é nem se considera propriedade de
alguém, muito menos criação intelectual protegida nos termos das leis de todo o mundo.
Ideia, método, sistema contidos em obra não é obra: a lei protege a comercialização do
suporte, mas qualquer um pode apoderar-se da ideia.
Ideia simples, ideia complexa, ideia elaborada, ideia sofisticada, não importa, é ideia.
Ideias ou métodos contidos em obras, igualmente não se protegem, sendo objeto do
direito autoral a forma de expressão fixada dessas ideias e métodos, que contêm
elementos da personalidade de seu criador. Este o campo de imunidade aos direitos
autorais, de que trata o art. 8.º da Lei 9.610/1998.
No campo das obras protegidas, os direitos que seus detentores exercem sobre as obras,
são de duas naturezas: os de ordem moral, que refletem os traços de personalidade da
pessoa física, autora de obra literária, artística ou científica (art. 11, Lei 9.610/1998), e os
de ordem patrimonial que dizem respeito à exploração econômica da obra, uma vez postas
no comércio.
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Direitos autorais: conceito, violações e prova
Só há que se falar em direitos autorais, onde houver obra protegida, pouco importando se
pertencem as obras a um mesmo gênero, isto é, se são semelhantes, se atuam um mesmo
segmento de mercado, isto é, se são concorrentes, se possuem a mesma ideia original,
elaborada, transformada etc.
Reconhecida a obra como autoralmente protegida só poderá ser ela utilizada publicamente
por terceiro com o prévio e expresso consentimento do titular do direito, o próprio autor,
seu herdeiro, ou seu sucessor (cessionário ou licenciado). A máxima decorre da garantia
constitucional outorgada com exclusividade aos autores de obras intelectuais, e do
disposto no art. 28 da Lei 9.610/1998, segundo o qual cabe ao autor o direito exclusivo de
utilizar, fruir e dispor de obra literária, artística e científica.
Decorrido o prazo de proteção, que para as obras publicadas depois de junho de 1998 é o
de 70 anos contados do ano subsequente ao do falecimento do autor, ou da respectiva
divulgação, caso da fotografia e das obras audiovisuais, a obra cai em domínio público,
podendo ser utilizada, comercializada, distribuída por qualquer um, respeitada sua forma
original. Qualquer acréscimo à obra em relação à qual decaiu o prazo de proteção será
considerado obra nova, passando então a ser objeto de nova proteção (o acréscimo).
Judiciários do mundo todo, alavancados pela nova ordem comercial internacional, têm
assistido a um aumento significativo de demandas cujo objeto são o reconhecimento e/ou
o ressarcimento a violação de direitos de autoria.
O fato gerador dos direitos morais de autor é a criação da obra, e o fato gerador dos
direitos patrimoniais, a utilização pública dela. Há, portanto, que se atentar às provas
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Direitos autorais: conceito, violações e prova
O original aqui está muito mais relacionado ao conceito de originário (matriz da qual são
extraídas cópias idênticas) do que no sentido de novidade, dado que o conceito de
originalidade depende de inúmeras variáveis de tempo e espaço.
O livro que descreve um método de aprendizado de idioma, por exemplo, protege o livro
registrado contra cópias idênticas, mas não quanto ao método sobre o qual versa.
Outra boa medida de cautela, e desta feita, com repercussão internacional, é a chamada
menção de reserva, representada pelo símbolo do copyright – ©.
Nos termos do art. III, 1, da Convenção Universal sobre Direitos de Autor, aprovada pelo
Decreto Legislativo 59/1975, e promulgada pelo Dec. 76.906/1975, o símbolo deve ser
sucedido do nome do titular do direito de autor, e da indicação do ano da primeira
publicação.
Estas são medidas administrativas de tutela, todas facultativas, e incluem os registros dos
textos junto à Biblioteca nacional; esboços ou projetos de arquitetura e engenharia no Crea
ou Confea; partituras na Escola Nacional de Música; fotos, imagens pictóricas/visuais, na
Escola de Belas Artes da UFRJ.
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Direitos autorais: conceito, violações e prova
Judicialmente, a defesa dos direitos autorais e conexos está mais diretamente conectada
às violações. Entretanto, no mais das vezes, nosso Judiciário se depara com questões
preliminares como as declarações de autoria.
Quando se discute autoria em processo judicial, e se ambas as partes tiverem ou não suas
obras registradas, e o magistrado não estiver suficientemente convencido da autoria,
poderá (ou, deverá) utilizar-se de todos os meios de prova em direito admitidos para
declarar quem é o autor.
Já se disseram os tribunais: direito autoral é sagrado, uma vez certa a autoria. Tampouco
a lei se descuida: ao tratar das sanções civis às violações aos direitos autorais, o legislador
especial, no art. 102 da Lei 9.610/1998, inicia assim a medida de proteção representada
pela apreensão de exemplares contrafeitos:
Ora, só goza de legitimidade para demandar o autor da obra, que comprove essa condição
– a de criador, não de obra qualquer, mas de obra intelectual protegida – ou a de titular,
vale dizer a de herdeiro por sucessão mortis causa, ou a de sucessor inter vivos, com a
exibição de contrato de licença ou de cessão, sendo este último necessariamente escrito, e
contendo as cláusulas essenciais a que se refere o § 2.º do art. 50 da Lei 9.610/1998.
Mas, o fato é que, uma declaração judicial de obra protegida por direito autoral tem que
estar necessariamente assentada em um tripé: anterioridade/originalidade em relação à
obra; certeza quanto à autoria; legitimidade quanto ao seu exercício.
Mais que isso, muitas vezes é preciso valer-se a autoridade judiciária de perito, com
conhecimentos específicos da matéria e da obra cujo reconhecimento é pretendido, para
que forneça provas, em qualquer nível, relacionada aos seguintes aspectos:
Nos processos de conhecimento ordinário, onde o juiz está livre para nomear, e apenas um
perito, tem este mais tempo para diligências e elaboração do laudo, embora tenha a
mesma natureza e características do laudo da cautelar.
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Direitos autorais: conceito, violações e prova
Por isso, em se tratando de direito autoral que protege obras tão diferentes como textos
literários, artísticos e científicos, programas de computador, obra arquitetônica e de
engenharia, obra audiovisual ou de arte plástica, e, determinando o Código de Processo
que sejam dois os peritos a acompanharem dois oficiais de justiça, é de prudência que cada
perito deva ter uma especialidade: um, de natureza técnica, relacionada à matéria versada
nas obras objeto de exame e de apreensão, e outro, bacharel ou advogado com
conhecimento das leis autorais e, mormente, dos contratos típicos da área, como os de
licenciamento, cessão, edição e representação.
A arbitragem, que pode resolver muito bem as questões ligadas aos direitos patrimoniais
de autor, ainda não caiu no gosto brasileiro, provavelmente por falta de árbitros com
conhecimento específico.
As violações aos direitos morais do autor são as que se referem à ausência de identificação
(crédito), à falsa indicação de autoria na obra, à publicação de inéditos; ao direito do autor
de modificar a obra antes ou depois de utilizada; às mutilações feitas à obra, como adições,
subtrações ou quaisquer modificações não consentidas.
São todas ensejadoras de reparação por perdas e danos, na mesma foram como se dá a
reparação dos direitos patrimoniais: nos termos dos arts. 102 e 103 da Lei 9.610/1998.
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Direitos autorais: conceito, violações e prova
Mas a violação ao direito de nominação pode também ser requerida e reparada na forma do
art. 108 da Lei 9.610/1998, independentemente da ocorrência e apuração das perdas e
danos pelos quais responderá o infrator, e de eventuais danos morais a que se refere o
legislador no caput do artigo (ofensa ao autor que não se confunde com a ofensa à obra).
Diz o legislador que a ausência do crédito na utilização pública da obra obrigará o infrator
a “divulgar-lhes a identidade da seguinte forma:
III – tratando-se de outra forma de utilização, por intermédio da imprensa, na forma a que
se refere o inciso anterior”.
Os mesmos tribunais também rejeitam sua juridicidade seja porque a semelhança não
configura violação (TJRJ, ApCiv 1994.001.04864, 7.ª Câm. Civ., j. 29.11.1994, v.u.),
sejam porque se tem como mera imitação de ideia (TJRJ, ApCiv 1999.001.06956, 7.ª Câm.
Civ., j. 30.06.1999, m.v.).
Como se vê, plágio, além de não ter definição legal, não é uma constituição jurisprudencial
pacífica. Acaba sendo tratado ou como violação aos direitos morais do criador, por infração
ao art. 24, V, da Lei 9.610/1998; ou como ato de concorrência desleal por infração ao art.
186 do CC/2002 (LGL\2002\400), ou como uma infração ética.
Na verdade, imitação ou semelhança entre obras criadas por distintos autores não
constituem violações a direitos autorais. Diferem da obra derivada (“a que, constituindo
criação intelectual nova, resulta de transformação de obra originária” – art. 5.º, VIII, g, da
Lei 9.610/1998), porque esta é nítida e confessadamente fruto daquela.
b) outros usos não autorizados de obras, que não os de reprodução (inserção, exibição,
representação);
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Direitos autorais: conceito, violações e prova
Nossa LDA define, genericamente, contrafação: a reprodução não autorizada (art. 5.º, VII,
Lei 9.610/1998) ou, no dizer do art. 102 da Lei 9.610/1998 no qual o legislador optou pela
expressão “fraudulentamente reproduzida” para significar a mesma coisa, qual seja, a
reprodução não autorizada. Ambas se equivalem, porque reprodução fraudulenta é ato
enganoso, que induz o provável consumidor do original a adquirir mercadoria ilegítima,
como se autorizada fosse. É o exemplo clássico da pirataria.
Contrafação parcial é o uso não autorizado de grande parte de uma obra protegida, mas
não da integralidade dela. Depende da análise caso a caso, e é um dos pontos mais
sensíveis na questão da violação aos direitos autorais.
E há, finalmente, um tipo de dano de que é vitima a pessoa física criadora de obra
intelectual, relacionado diretamente ao bem móvel, a obra intelectual, mas que não diz
respeito a violações impingidas a esta. Trata-se do dano moral puro, voltadas aos
sentimentos subjetivos da pessoa do autor, do ser humano que é, provocando-lhe lesões
de caráter psíquico que o vitimizam, na qualidade de criador da obra, mas cujos efeitos
recaem sobre a pessoa deste, e não sobre a obra em si.
Diferentemente das violações a direitos morais de autor, que estão previstas no art. 24 da
Lei 9.610/1998, e que devem ser indenizadas com base no art. 103 da Lei 9.610/1998, por
se relacionarem diretamente com a obra, os danos morais puros devem ser avaliados pelo
juiz e indenizados segundo seu prudente arbítrio, seguindo a tradição jurídica deste país o
parâmetro de fixá-los em salários mínimos.
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