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Departamento de Antropologia e Saúde Pública

Curso: Licenciatura em Antropologia Médica e Saúde Pública

Impacto da desnutrição aguda no desenvolvimento das crianças menores de 5 anos de idade: estudo de
caso do Centro de Saúde da Manhiça

Ana João Manuel

Supervisor:

Prof. Doutor Miguel Marrengula

2019
Ana João Manuel

Impacto da desnutrição aguda no desenvolvimento das crianças menores de 5 anos de idade: estudo de
caso do Centro de Saúde da Manhiça

Trabalho de pesquisa apresentado no Instituto Superior


de Estudos de Desenvolvimento Local (ISEDEL), como
requisito parcial de conclusão de nível de Licenciatura
em Antropologia Médica e Saúde Pública.

2019
FOLHA DE APROVAÇÃO

Supervisor

__________________________________

Presidente

__________________________________

Oponente

_________________________________

Decisão do Júri

______________________________

_______________________________

________________________________
DECLARAÇÃO DE HONRA

O presente trabalho de investigação é resultado das investigações feitas por mim, e graças as
recomendações dadas pelo supervisor que estão indicadas no decurso do trabalho e na parte de
referência bibliográfica constam as fontes utilizadas para a realização da monografia. Contudo, declaro
que esta monografia nunca foi apresentada para a obtenção de nenhum grau académico.

Manhiça, aos _____de _____________ de 2019

_______________________________

(Ana João Manuel)

i
RESUMO

Ao nível mundial, a questão da desnutrição aguda é um problema que preocupa todos os países, com maior destaque nos
países em via de desenvolvimento, como é o caso de Moçambique. Com base nessa perspectiva, a monográfica pretendia
analisar a influência da desnutrição aguda no desenvolvimento das crianças menores de 5 anos de idade. No que diz respeito ao
quadro de referência, a pesquisa baseou-se no quadro conceptual em que foram discutidos os conceitos de percepções sociais,
desnutrição aguda, causas da desnutrição aguda e medidas que podem ser adoptadas para a redução de casos de desnutrição
aguda no Centro de Saúde da Manhiça. A monográfica recorreu uso de abordagens mistas e um conjunto de técnicas para
levantamento de dados como: a entrevista semi-estruturada, observação e pesquisa documental. Quanto às conclusões do
estudo revelaram que muitas mães de crianças com desnutrição aguda tem conhecimento da doença após seus filhos serem
afectados pela doença, assim como esta doença apresenta sintomas diferentes dependendo das reacções de cada organismo.
Quanto às causas desta doença, o estudo apontou o consumo de alimentos não nutritivos e falta de conhecimento das mães
sobre a doença. No entanto, conclui-se que os hábitos alimentares influenciam bastante no índice da desnutrição aguda. Como
forma de reduzir casos de desnutrição aguda no Centro de Saúde da Manhiça, deve-se implementar programas de saúde que
visem a melhoria do fornecimento de água e às práticas de higiene familiar com a educação da família.

Palavras-chave:Desnutrição aguda, crianças, mães, doença, Centro de Saúde da Manhiça.

ii
DEDICATÓRIA

Este trabalho de pesquisa dedico a minha família que de forma incansável contribuiu para o alcance dos
meus objectivos, assim como todas as mães de crianças com desnutrição aguda e os profissionais do
Centro de Saúde da Manhiça, que de forma directa contribuíram para a realização do trabalho.

iii
AGRADECIMENTO

Em primeiro lugar agradeço ao supervisor da minha monografia de licenciatura, Prof. Doutor Miguel
Marrengula que durante as supervisões foi mais que um orientador, tornando-se um conselheiro em
tempos necessário.

Em segundo lugar, agradeço ao corpo docente do ISEDEL, que de forma directa e indirecta fizeram o
máximo para que eu alcançasse os meus objectivos, de forma especial ao: Professor Doutor Narciso
Mahumana, dr. Calíbio Matine, dr. Felisberto Magaiça, dr Benjamim Macuacua, dra. KatiaMacandza,
Mestre Leonardo Ediasse, dra. Judite lobo, Dr Paulo Mahumane, entre outros que de forma directa e
indirecta ajudaram-me a concretizar os meus objectivos.

De igual forma, agradeço a minha família que de forma sábia investiram na minha formação académica e
deram grande apoio em momentos difíceis e incentivaram-me sempre a continuar com os estudos, refiro-
me aos meus pais, João Manuel e Dulce Jossaia, minhas irmãs Clementina, Cremilda, Yunet, Ruth e Rose
e por fim aos meus tios, Cherene, Samuel, Ivo, Celeste, Esperança e Rita.

Sem me esquecer das mães de crianças com a desnutrição aguda e dos profissionais do Centro de Saúde
da Manhiça que deram um grande contributo para o desenvolvimento desta monografia, o meu muitíssimo
obrigado.

iv
SÍGLAS E ABREVIATURAS

DA – Desnutrição Aguda

DAG – Doença de Desnutrição Aguda

CSM – Centro de Saúde de Manhiça

INE – Instituto Nacional de Estatística

ISEDEL – Instituto Superior de Estudos de Desenvolvimento Local

MAE – Ministério da Administração Estatal

OMS – Organização Mundial da Saúde

OPAS - Organização Pan-Americana da Saúde

Índice

v
FOLHA DE APROVAÇÃO.................................................................................................................................0
DECLARAÇÃO DE HONRA...............................................................................................................................i
RESUMO............................................................................................................................................................ii
DEDICATÓRIA..................................................................................................................................................iii
AGRADECIMENTO...........................................................................................................................................iv
SÍGLAS E ABREVIATURAS..............................................................................................................................v
Capítulo I............................................................................................................................................................1
1.0. Introdução..................................................................................................................................................1
1.1. Apresentação e descrição do objecto de estudo.......................................................................................2
1.2. Delimitação temporal, espacial e explorativa da investigação..................................................................2
1.3. Formulação do problema de investigação.................................................................................................3
1.4. Objectivos...................................................................................................................................................4
1.4.1. Geral……………...................................................................................................................................4
1.4.2. Específicos...........................................................................................................................................4
1.5. Motivação...................................................................................................................................................4
1.6. Hipóteses....................................................................................................................................................5
1.6.1. Operacionalização das variáveis.........................................................................................................5
1.6.1.1. Variável dependente.............................................................................................................................5
1.6.1.2. Variável independente..........................................................................................................................5
Capítulo II...........................................................................................................................................................6
Quadro de referência conceptual......................................................................................................................6
2.0. Introdução..................................................................................................................................................6
2.1. Percepções sociais sobre a desnutrição aguda;.......................................................................................6
2.1.2. Percepção social......................................................................................................................................6
2.1.2. Desnutrição aguda...................................................................................................................................7
2.2. Causas da desnutrição aguda;..................................................................................................................7
2.3. Medidas que podem ser adoptadas para a redução de casos de desnutrição aguda no Centro de
Saúde da Manhiça............................................................................................................................................8
Capitulo III........................................................................................................................................................10
Metodologia......................................................................................................................................................10
vi
3.0. Introdução................................................................................................................................................10
3.1. Abordagem metodológica........................................................................................................................10
3.2. Apresentação do tipo de investigação.....................................................................................................11
3.3. Descrição dos procedimentos e técnicas aplicadas na investigação.....................................................11
3.4. População e mostra.................................................................................................................................12
3.4.1 População...............................................................................................................................................12
3.4.2. Amostra..................................................................................................................................................12
3.4.3. Critérios de inclusão e exclusão...........................................................................................................13
3.5. Limitações do estudo e propostas de solução........................................................................................13
3.6. Considerações éticas da pesquisa..........................................................................................................13
3.7. Metodologia de Análise de Dados...........................................................................................................13
Capítulo IV.......................................................................................................................................................15
Influência da desnutrição aguda no desenvolvimento das crianças menores de 5 anos de idade................15
4.0. Introdução................................................................................................................................................15
4.1. Caracterização da área em estudo..........................................................................................................15
4.2. Percepções sociais sobre a desnutrição aguda......................................................................................18
4.3. Causas da desnutrição aguda.................................................................................................................28
4.4. Medidas que podem ser adoptadas para a redução de casos de desnutrição aguda no Centro de
Saúde da Manhiça..........................................................................................................................................33
Capítulo V........................................................................................................................................................36
Conclusão e Recomendação...........................................................................................................................36
5.0. Introdução.................................................................................................................................................36
5.1. Conclusões...............................................................................................................................................37
5.2. Recomendações.......................................................................................................................................38
Referência Bibliográfica...................................................................................................................................39
Apêndice..........................................................................................................................................................41

vii
Capítulo I

Introdução

1.0. Introdução

O presente projecto de pesquisa enquadra-se no curso de Licenciatura em Antropologia Médica e Saúde


Pública, no qual tratou-se sobre: Impacto da desnutrição aguda no desenvolvimento das crianças menores
de 5 anos de idade: estudo de caso do Centro de Saúde da Manhiça. Este estudo centrou-se neste
problema porque visava fazer perceber que a desnutrição aumenta o risco de doenças e pode afectar o
crescimento e o desenvolvimento cognitivo.

De acordo com o relatório da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e Organização Mundial da


Saúde (OMS) publicado em 2000, cerca de 49% das mortes de crianças menores de 5 anos nos países em
via de desenvolvimento estão relacionadas com a desnutrição. Segundo o Secretariado Técnico de
Segurança Alimentar e Nutricional (SETSAN) publicado em 2014, em Moçambique, 43% de crianças de 0
a 6 anos sofrem de desnutrição aguda, situação que ameaça comprometer o processo normal do seu
desenvolvimento físico e intelectual. Nascimento (2008) citado em Fanta (2010: 67), Desnutrição é “uma
gama de condições patológicas que aparecem por deficiência de aporte, transporte ou utilização de
nutrientes principalmente de energia e proteínas, pelas células do organismo ocorrendo com maior
frequência em crianças dos 2 a 5 anos”.

No que concerne ao problema em estudo, procurou-se entender de que forma a desnutrição aguda
influencia no desenvolvimento das crianças menores de 5 anos de idade. Quanto ao objectivo geral da
pesquisa, pretendia analisar a influência da desnutrição aguda no desenvolvimento das crianças menores
de 5 anos de idade.

Em termos de estrutura, o trabalho está organizado em 5 capítulos:

O primeiro capítulo diz respeito a apresentação e descrição do objecto de estudo, a delimitação temporal,
espacial e explorativa, a formulação do problema da pesquisa e as respectivas questões operacionais, os
objectivos da pesquisa, motivação e hipóteses. O segundo capítulo apresenta os conceitos discutidos em
torno do problema em estudo. O terceiro capítulo diz respeito a metodologia usada na investigação, tendo

1
em conta a abordagem metodológica, o tipo de investigação, os procedimentos e técnicas aplicadas no
estudo, a população e a respectiva amostra, limitações do estudo e propostas de solução, a metodologia
de análise de dados e as considerações éticas do estudo. Quanto ao quarto capítulo, foram analisados e
apresentados os dados. No concernente ao quinto capítulo, constam as conclusões e recomendações da
pesquisa.

1.1. Apresentação e descrição do objecto de estudo

O trabalho de pesquisa centra-se na problemática de desnutrição aguda. Desta forma, o projecto tem como
objecto de estudo as consequências da desnutrição aguda no desenvolvimento das crianças menores de 5
anos de idade. Segundo Ansa (2013), a desnutrição aguda pode aparecer em qualquer época de vida
como resultado de uma redução de consumo de alimentos protéicos ou associado a infecções. Acrescenta
que normalmente ocorre em situações de emergências ou de insegurança alimentar, refere ainda que no
caso das crianças é normal acontecer quando estes passam do aleitamento materno para alimentação
complementar. Por seu turno, OMS (2004), define desnutrição aguda como sendo “o baixo peso para altura
(criança magra). Acrescenta a mesma fonte que, a desnutrição aparece em qualquer época da vida como
resultado duma redução de consumo ou associado à infecções”.

1.2. Delimitação temporal, espacial e explorativa da investigação.

Quanto à componente temporal, o estudo teve uma cobertura de um ano, isto é, 2018. A escolha deste ano
deveu-se pelo facto de registar-se aumento de casos de desnutrição aguda em crianças nas idades
compreendidas entre 0 a 5 anos, com base no processo individual dos pacientes. Segundo Gil (2002), o
critério temporal refere-se ao período em que o fenómeno a ser estudado será circunscrito. Na mesma
linha do pensamento deste autor pode-se definir a realização da pesquisa situando o objecto no tempo
presente, ou recuar no tempo, procurando evidenciar a série histórica de um determinado fenómeno.

O estudo foi realizado no Centro de Saúde da Manhiça, localizado no Distrito de Manhiça, Província de
Maputo. Pretendia-se realizar o estudo nesse local pelo facto de o relatório do Serviço Distrital da Saúde,
afirmar a existência de aumento de casos de desnutrição aguda ao nível do Distrito, em particular no
Centro de Saúde da Manhiça.

O estudo foi explorado dentro de dois meses, isto é, Abril a Maio. No primeiro mês fez-se a apresentação
da credencial e a leitura do consentimento informado aos participantes do estudo. De seguida fez-se
2
selecção dos participantes no estudo a partir do critério de amostragem não probabilística por
conveniência. Quanto ao mês de Maio, foi reservado ao levantamento de dados por meio das técnicas de
entrevista, de observação e de pesquisa documental.

1.3. Formulação do problema de investigação

Ao nível mundial, a questão da desnutrição aguda é um problema que preocupa todos os países, com
maior destaque nos países em via de desenvolvimento, como é o caso de Moçambique. Esta situação,
precisa de maior atenção por parte do Ministério da Saúde em colaboração com organismos que
preocupam-se com a saúde, porque este problema incide negativamente no aumento de taxas de
mortalidade infantil. (UNICEF, 2014).

De acordo com o relatório da OPAS e da OMS publicado em 2000, cerca de 49% das mortes de crianças
menores de 5 anos nos países em via de desenvolvimento estão relacionadas com a desnutrição. Segundo
o Secretariado Técnico de Segurança Alimentar e Nutricional (SETSAN) publicado em 2014, em
Moçambique 43% de crianças de 0 a 6 anos sofrem de desnutrição aguda, situação que ameaça
comprometer o processo normal do seu desenvolvimento físico e intelectual. Nascimento (2008) citado em
Fanta (2010: 67), Desnutrição é “uma gama de condições patológicas que aparecem por deficiência de
aporte, transporte ou utilização de nutrientes principalmente de energia e proteínas, pelas células do
organismo ocorrendo com maior frequência em crianças dos 2 a 5 anos”. Por seu turno, Carvalho et al
(2005), afirma que a desnutrição é uma doença de natureza clínico-social multifactorial e acrescenta o
autor que as raízes da desnutrição se encontram na pobreza.

Sob o ponto de vista analítico, este problema prevalece devido a questões relacionadas com aspectos
económicos, sociais e culturais das famílias.

No concernente ao Centro de Saúde da Manhiça, o relatório do Serviço Distrital de Saúde da Manhiça,


relatou aumento de casos de desnutrição aguda, factoeste que preocupa a Direcção Distrital da Saúde da
Manhiça, assim como a população em geral. Com base nestes argumentos, formulamos a seguinte
questão de partida: De que forma a desnutrição aguda influencia no desenvolvimento das crianças
menores de 5 anos de idade?

Como forma de operacionalizar a questão de partida, formulamos as seguintes questões operacionais:

3
1. Qual é a percepção da população sobre a desnutrição aguda?
2. Quais são as causas da desnutrição aguda?
3. Que medidas podem ser adoptadas para a redução de casos de desnutrição aguda no Centro de
Saúde da Manhiça?

1.4. Objectivos

1.4.1. Geral

Analisar a influência da desnutrição aguda no desenvolvimento das crianças menores de 5 anos de idade.

1.4.2. Específicos

 Explicar as percepções sociais sobre a desnutrição aguda;


 Identificar as causas da desnutrição aguda;
 Propor medidas que podem ser adoptadas para a redução de casos de desnutrição aguda no
Centro de Saúde da Manhiça.

1.5. Motivação

O motivo da escolha do tema deveu-se pelo facto de ser um problema que preocupa todo o mundo, em
particular Moçambique por apresentar uma taxa acentuada de 46%, correspondendo às crianças de 0 a 6
anos de idade que sofrem do problema da desnutrição aguda, situação esta que ameaça comprometer o
processo normal do desenvolvimento físico e intelectual das crianças (SETSAN, 2014). Por outro lado, a
escolha deste tema deveu-se por ser um problema que esta relacionado com a minha área de formação.
No entanto, torna-se pertinente estudar este tema porque abrange dimensões ligadas ao curso de
Antropologia Médica e Saúde Pública, assim como por ser um problema que carece de uma análise e
intervenção do âmbito académico.

Esperamos que com essa pesquisa, a comunidade da Vila da Manhiça tome consciência das medidas de
prevenção da desnutrição aguda e que transformem as informações desta pesquisa em conhecimentos
novos, úteis e aplicáveis em situações práticas.

4
Ao nível académico, esperamos que a pesquisa constitua uma fonte de material de consulta bibliográfica,
assim como esperamos que traga soluções eficientes e eficazes para a redução de casos de desnutrição
aguda.

1.6. Hipóteses

a) A influência da desnutrição aguda no desenvolvimento das crianças menores de 5 anos de idade,


esta relacionada com aspectos económicos, sociais e culturais das famílias;
b) A influência da desnutrição aguda no desenvolvimento das crianças menores de 5 anos de idade,
está associada a falta de vitaminas nos alimentos consumidos pelas crianças;
c) A influência da desnutrição aguda no desenvolvimento das crianças menores de 5 anos de idade,
pode não estar relacionado com nenhuma das hipóteses mencionadas anteriormente.

1.6.1. Operacionalização das variáveis

As variáveis são operações que permitem observar e medir os conceitos. Fortin et al. (1999), afirma que as
variáveis são mais precisas na aplicação das medidas e, estão ligadas no estudo do tipo experimental,
uma vez que uma afecta a outra e são extraídas nas hipóteses. Estes autores subdividem variáveis em:
Independentes e dependentes.

1.6.1.1. Variável dependente

Na linha de pensamento de Fortin et al. (1999), a variável dependente é aquela que sofre o efeito, ou seja,
o resultado esperado da variável independente. No contexto deste trabalho, a variável dependente é a
desnutrição aguda.

1.6.1.2. Variável independente

Fortin et al. (1999), consideram variáveis independentes aquelas que são manipuladas num estudo
experimental para resultar num efeito. As variáveis independentes desta pesquisa são: aspectos
económicos sociais e culturais das famílias, falta de vitaminas nos alimentos consumidos pelas crianças.

5
Capítulo II

Quadro de referência conceptual

2.0. Introdução

Este capítulo corresponde ao quadro de referência conceptual, no qual versa sobre os conceitos que fazem
parte do trabalho. Este capítulo busca compreender e analisar a dimensão do campo em estudo a partir de
obras de vários autores. Contudo, Fortin et al. (1999:89) conceitua quadro de referência como sendo:

“O quadro que representa as bases teóricas ou conceptuais da investigação, as quais permitem ordenar os
conceitos entre si, de maneira a descrever, explicar ou predizer relações entre eles. Se o quadro de
referência é elaborado a partir de teorias estabelecidas, é um quadro teórico, se amana de simples conceitos
ainda não estruturados, a noção de quadro conceptual é mais apropriado”.

Neste capítulo, fizeram parte os seguintes pontos: Percepções sociais sobre a desnutrição aguda, causas
da desnutrição aguda e medidas que podem ser adoptadas para a redução de casos de desnutrição aguda
no Centro de Saúde da Manhiça.

2.1. Percepções sociais sobre a desnutrição aguda

2.1.2. Percepção social

De acordo com Sternberg (2000), “a percepção é um conjunto de processos pelos quais reconhecemos,
organizamos e entendemos as sensações recebidas dos estímulos ambientais. A percepção abrange
muitos fenómenos psicológicos”. Por seu turno, Davidoff (2000), afirma que “a percepção é o processo de
organizar e interpretar os dados sensoriais recebidos para desenvolver a consciência de si mesmo e do
ambiente”. Já paraBacha (2003), refere que a percepção é “um fenómeno complexo que resulta de um
conjunto de processamentos psicológicos humanos que envolvem tanto as sensações como pelo repertório
do indivíduo presente na memória ou ainda associações e comparações”.

No que diz respeito às ideias dos autores, nota-se uma convergência em suas abordagens, pois eles
entendem que a percepção seja um conjunto de processos psicológicos no qual envolvem as sensações
recebidas dos estímulos ambientais. No que concerne ao posicionamento da pesquisa, destaco a ideia de

6
Sternberg (2000), pois se enquadra no que queríamos estudar, as percepções que a população da
Manhiça têm em relação a desnutrição aguda.

2.2. Desnutrição aguda

Para Nascimento (2008), citado em Fanta (2010: 67), desnutrição é “uma gama de condições patológicas
que aparecem por deficiência de aporte, transporte ou utilização de nutrientes principalmente de energia e
proteínas, pelas células do organismo ocorrendo com maior frequência em crianças dos 2 a 5 anos” no
entender de Carvalho et al. (2005), a desnutrição é uma doença de natureza clínico-social multifactorial e
acrescenta o autor que as raízes da desnutrição se encontram na pobreza. Enquanto Ganhão et al. (2012)
define desnutrição aguda, como sendo o baixo peso para a altura (criança magra para a altura; magrinha)
e pode aparecer em qualquer época da vida. Na mesma linha de pensamento OMS (2004), define
desnutrição aguda como sendo o baixo peso para altura (criança magra).

De acordo com essas abordagens, se pode perceber que as ideias em torno da desnutrição não estão
desligadas visto que, ela é uma condição patológica que aparece por deficiência nas crian ças, assim como
também é considerada uma doença natural, que causa perda de peso, desenvolvimento físico e intelectual.
Quanto ao posicionamento da pesquisa, centra-se nas ideias de Nascimento (2008), citado em Fanta
(2010: 67), e Ganhão e tal. (2012), por enquadrarem-se mais no estudo sobre o impacto da desnutrição
aguda no desenvolvimento das crianças menores de 5 anos de idade.

2.3. Causas da desnutrição aguda;

Para Waitzberg (2009), afirma que as causas da desnutrição aguda podem resumir-se em desmame
precoce ou tardio, introdução inadequada de alimentos complementares, a higiene precária no preparo dos
alimentos, os hábitos alimentares inadequados, o deficit específico de micronutrientes, a alta frequência de
infecções, em particular de doenças diarreicas e parasitoses intestinais, dentre outros. Por seu turno o
relatório do Ministério de Saúde (2005), afirma que a desnutrição pode começar precocemente na vida
intra-uterina (baixo peso ao nascer) e frequentemente cedo na infância, em decorrência da interrupção
precoce do aleitamento materno exclusivo e da alimentação complementar inadequada nos primeiros dois
anos de vida, associada, muitas vezes, à privação alimentar ao longo da vida e à ocorrência de repetidos
episódios de doenças infecciosas (diarreicas e respiratórias). Silva (2000), afirma que os factores de risco
na génese da desnutrição incluem problemas familiares relacionados com a situação socioeconómica, das

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mães sobre os cuidados com a criança pequena (alimentação, higiene e cuidados com a saúde de modo
geral) e o fraco vínculo mãe e filho.

Concebe-se deste modo que as causas da desnutrição são várias e com consequências graves para a
saúde humana. Nesta vertente, nos posicionamos nas abordagens do relatório do Ministério de Saúde
(2005), ao referir que a desnutrição aguda pode começar a partir do baixo peso ao nascer, assim como,
muito cedo na infância devido a interrupção precoce do aleitamento materno exclusivo.

2.4. Medidas que podem ser adoptadas para a redução de casos de desnutrição aguda no Centro de
Saúde da Manhiça.

Para se propor estratégias voltadas para a redução de casos de desnutrição aguda, deve ser ter em mente
o reconhecimento da criança em risco, para que se implemente estratégias preventivas em todo o mundo,
com maior destaque nos países em via de desenvolvimento (Renner, 2014). Na vertente da OMS (2004),
defende a promoção do consumo de frutas e verduras, identificar e disseminar culturas prioritárias de alto
valor nutricional, incluído, fruteiras, moringa, batata-doce de polpa alaranjada, feijões, soja e outras
oleaginosas, fomento e criação de caprinos, com ênfase em cabras leiteiras constituem uma das
estratégias para redução da desnutrição aguda. Na óptica de Carvalho et. al. (2013) é necessário a
implementação de politicas intersectorial no âmbito das acções económicas, com o objectivo de minimizar
os efeitos negativos constatados na população. Para o mesmo autor, a definição de implantação de uma
política para a alimentação de bebés e crianças a partir de uma estrutura efectiva de coordenação, ou
melhor, um serviço organizado com quadros capacitados que possa conceber, orientar e monitorizar as
intervenções alimentares em crianças pequenas, assim como as actividades de complementação alimentar
e avaliação sistemática do crescimento e desenvolvimento das crianças pode ser condição primordial para
a redução da desnutrição aguda. Numa outra perspectiva, é necessário que se reduza a incidência de
desnutrição aguda através do melhoramento das condições de saúde, água e saneamento do meio,
educação alimentar e nutricional, criar e desenvolver uma estrutura adequada para uma intervenção
multissectorial e interinstitucional que abrange todas as áreas de actuação. Para Teixeira e Heller (2004), é
imprescindível o controlo da desnutrição aguda em crianças, nesta vertente é necessário que se criem
programas de saúde que visem à melhoria do abastecimento de água e programas que visem melhorar as
práticas de higiene familiar com educação da família, bem como cobertura e qualidade nos serviços de
saneamento, em especial, o abastecimento contínuo de água do sistema público com a eliminação da

8
intermitência do fornecimento. Por seu turno, Frota (2009), refere que a criança desnutrida deve interagir
mais com a família e com a comunidade. Estas medidas podem ajudar a se ultrapassar os problemas e
facilitar o controlo da desnutrição aguda nas crianças. Uma das estratégias que pode contribuir bastante na
redução da desnutrição aguda é a Acção em equipa multi-profissional e multidisciplinar para melhor
utilização dos recursos da Saúde assim como o posterior cuidado nos tratamentos das crianças com
desnutrição, tais como: o acompanhamento do crescimento e desenvolvimento, incentivo ao aleitamento
materno e orientação da alimentação para o desmame, incentivo à imunização das crianças, identificação
e tratamento das doenças e agravos associados principalmente àquelas mais comuns da infância.

9
Capitulo III

Metodologia

3. Introdução.

O presente capítulo teve como objectivo descrever como seria realizada a investigação sobre Impacto da
desnutrição aguda no desenvolvimento das crianças menores de 5 anos de idade: estudo de caso do
Centro de Saúde da Manhiça. Tal como afirma Fortin et al. (1999), metodologia é o conjunto dos métodos e
das técnicas que guiam a elaboração do processo de investigação científica. Esta secção, pretendia
descrever os métodos e técnicas utilizadas para responder ao problema de pesquisa de uma maneira
sistemática. O capítulo obedeceu a seguinte estrutura: abordagem metodológica, o tipo de investigação, os
procedimentos e técnicas aplicadas, a população e amostra, limitações e propostas de solução deste
estudo, metodologia de análise de dados e considerações éticas.

3.3. Abordagem metodológica

Para analisar e explicar o fenómeno em estudo, utilizou-se uma abordagem mista, na qual tratou-se de
uma mistura de abordagens qualitativa e quantitativa.

Fortin et al. (1999), consideram abordagem qualitativa, aquela que tem como finalidade, compreender um
determinado fenómeno baseando-se nas perspectivas dos sujeitos. Na abordagem qualitativa, segundo
estes autores, observa-se a realidade estudada, recolhe-se dados, analisa-se e descobre-se a relação
causal entre os fenómenos. Contudo, estas observações são descritas principalmente sob forma de
narrativas. A pesquisa utilizou a abordagem qualitativa porque pretendia perceber a influência da
desnutrição aguda em crianças menores de 5 anos de idade.

A abordagem quantitativa consiste numa pesquisa analítica caracterizada por progredir de teoria, é mais
estatístico e dá primazia à manipulação de variáveis ou categorias particulares (Ruiz:1996). Acrescem
Fortin et al. (1999), que na abordagem quantitativa faz-se a descrição, verificação das relações entre as
variáveis e a examinação das mudanças operadas na variável dependente após a manipulação da variável
independente. Portanto, abordagem quantitativa privilegia instrumentos de recolha de dados que fornecem
resultados quantitativos, passíveis de análise estatística. A pesquisa utilizou esta abordagem, uma vez

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pretendia se saber o nível de conhecimento das mães sobre a doença da desnutrição aguda, os hábitos
alimentares e os factores associados a desnutrição aguda a partir da representação gráfica.

3.2. Apresentação do tipo de investigação

Este estudo quanto a natureza foi geral, quanto aos objectivos foi descritiva e quanto aos procedimentos foi
estudo de caso. Pesquisa geral de acordo com Prodanov e Freitas (2013:51), é aquela que tem “o
objectivo de gerar novos conhecimentos para aplicação prática dirigidos à solução de problemas
específicos e que envolve verdades e interesses locais”. A pesquisa foi geral porque pretendia propor
estratégias ou possíveis soluções para a redução de casos de desnutrição aguda.

A pesquisa quanto aos objectivos foi descritiva. Este tipo de pesquisa segundo Gil (1991:46), tem como
objectivo principal a descrição das características de determinada população ou fenómeno ou então
estabelece relações entre as variáveis. Neste contexto, a pesquisa pretende analisar a influência da
desnutrição aguda no desenvolvimento das crianças menores de 5 anos de idade.

Quanto aos procedimentos, foi estudo de caso, visto que este, “é caracterizado pelo estudo profundo e
exaustivo ou de poucos objectos, de maneira que permita o seu amplo e detalhado conhecimento” (Gil
1991:58). O autor refere ainda que, a difusão do estudo de caso está ligada à prática psicoterapêutica
caracterizada pela reconstrução da história do indivíduo, bem como aos trabalhos dos assistentes sociais
junto aos indivíduos, grupos e comunidades. Com este procedimento, pretendia-se identificar as causas
que estão por de trás da desnutrição aguda.

3.3. Descrição dos procedimentos e técnicas aplicadas na investigação

Para a recolha de dados, utilizou-se as técnicas de entrevista semi-estruturada, observação e Pesquisa


documental.

A entrevista semi-estruturada é definida por Barrella (2007), como uma lista das informações que se
deseja de cada entrevistado mas, a forma de perguntar (a estrutura da pergunta) e a ordem em que as
questões são feitas, variam de acordo com as características de cada entrevistado. A entrevista semi-
estruturada conforme refere o autor acima citado baseia-se em um roteiro constituído de “(...) uma série
de perguntas abertas, feitas verbalmente em uma ordem prevista”, apoiadas no quadro conceptual, nos
objectivos e nas hipóteses da pesquisa (Mutimucuio 2008:188). Utilizou-se este tipo de técnica, para

11
recolher informações sobre a desnutrição aguda em crianças menores de 5 anos de idade no Centro de
Saúde da Manhiça.

A observação na visão de Kneller (1981: 67) “consiste em perceber por algum meio, como ver pelo sentido
da visão, seja directa ou através de meios artificiais, ampliação desta capacidade com os microscópios ou
telescópios e interpretar”. Utilizou-se a técnica da observação para verificar as condições das crianças, o
peso, altura, perímetro braquial e estatura física.

Para Gil (1991:74), a pesquisa documental “é aquela que analisa documentos que não receberam
nenhuma análise científica”. Aplicou-se esta técnica no estudo para exploração de dados da caracterização
do local de estudo como: Relevo, vegetação, clima aspectos étnicos culturais, Confissões religiosas,
assentamento humano, actividades do sustento, acesso a serviços básicos e infra-estruturas, saúde e
educação, energia e vias de acesso. Para facilitar a recolha dessas informações definiu-se um guião de
pesquisa documental.

3.4. População e mostra

3.4.1 População

Segundo Fortin et al. (1999: 41), população refere-se a ” todos elementos (pessoas, grupo de objectos),
que partilham características comuns, as quais são definidas pelos critérios estabelecidos para o estudo”.
A população desta pesquisa foi de 60 elementos, concretamente os profissionais de saúde e as mães de
crianças com desnutrição aguda.

3.4.2. Amostra

Segundo Lakatos e Marconi (2010: 16), “amostra é uma parcela conveniente seleccionada do universo
(população), é um subconjunto do universo”. Existem vários tipos de amostragem. Na realização do
presente trabalho, adoptou-se o tipo de amostra não probabilística por conveniência, onde segundo Gil
(2010: 94), o pesquisador selecciona os elementos a que tem acesso, admitindo que estes possam, de
alguma forma, representar o universo. Para a presente pesquisa a amostra foi constituída por 15
elementos, dos quais então divididos em: 10 mães de crianças com desnutrição aguda e 5 profissionais do
Centro de Saúde da Manhiça.

12
3.4.3. Critérios de inclusão e exclusão

Para este estudo, fizeram parte todas mães com crianças menores de 5 anos de idades, residentes na Vila
da Manhiça, assim como fizeram parte do estudo, todos os profissionais de saúde que trabalham no Centro
de Saúde da Manhiça. Em contrapartida, não fizeram parte do estudo, todas as mães que com crianças
maiores de 5 anos de idade com desnutrição aguda, assim como não foram incluídos no estudo, todos os
profissionais de saúde que não trabalham no Centro de Saúde da Manhiça.

3.5. Limitações do estudo e propostas de solução

Por não ser falante da língua, comprometeu bastante a comunicação entre os participantes no estudo. A
falta de interacção com as mães das crianças e os profissionais do Centro de Saúde Manhiça dificultaram
o acesso as informações para o estudo. Tornou-se difícil o acesso aos documentos que contêm
informações das crianças com desnutrição aguda, por não ser funcionária do Centro de Saúde.

Para ultrapassar esses problemas, apresentei o credencial da instituição de modo que houvesse facilidade
no processo de recolha de informação. Nos casos que me deparei com situações que dificultavam a
comunicação entre o investigar e o participante no estudo, tive que pedir ajuda a pessoas que dominam a
língua local e a língua portuguesa.

3.6. Considerações éticas da pesquisa

Qualquer que seja trabalho que envolve pessoas carece de uma conduta ética. Neste ponto, tomou-se em
considerações os aspectos éticos no qual nortearam todo trabalho. Conforme argumenta Gil (1996), a
consideração dos aspectos éticos tem sido fundamental, pois evita a incorporação de aspectos
inconvenientes numa determinada pesquisa. Neste contexto, os dados desta pesquisa foram preservados,
garantindo a confidencialidade e o anonimato dos entrevistados. Estes aspectos estão expressos na folha
de consentimento informado em anexo.

3.7. Metodologia de Análise de Dados

Neste ponto, fez-se a combinação das técnicas de recolha de dados como o propósito de permitir uma
análise flexível e eficaz dos dados que pretendia-se recolher. Para todo o efeito, utilizou-se o método de
triangulação de dados no qual consiste em analisar os dados a partir da combinação de várias técnicas

13
com vista a ter uma resposta segura da questão central colocada na pesquisa. Segundo Azevedo, et al.
(2013), Triangulação é um método que consiste em combinar diferentes técnicas de recolha e/ou análise
de dados de naturezas diferentes (quantitativos e qualitativos), com fim a superar as deficiências que
podem decorrer de uma única técnica, iluminando e tornando segura a realidade a ser indagada.

14
Capítulo IV

Influência da desnutrição aguda no desenvolvimento das crianças menores de 5 anos de idade

4. Introdução

Este capítulo pretendia analisar e apresentar os dados recolhidos no campo de pesquisa, por meio da
técnica da entrevista semi-estruturada, observação e pesquisa documental. Com o uso destas técnicas, o
trabalho de pesquisa pretendia analisar a influência da desnutrição aguda no desenvolvimento das
crianças menores de 5 anos de idade. No entanto, o capítulo foi constituído por: (i) caracterização da zona
em estudo; (ii) percepções sociais sobre a desnutrição aguda; (ii) causas da desnutrição aguda; (iii)
medidas que podem ser adoptadas para a redução de casos de desnutrição aguda no Centro de Saúde da
Manhiça.

4.3. Caracterização da área em estudo

Esta secção dizia respeito a caracterização da área em estudo, concretamente em aspectos


relacionados com a rede sanitária da área, situação económica, religião, práticas culturais, número da
população e algumas potencialidades da área.

O estudo foi realizado no Centro de Saúde da Manhiça, Província de Maputo à 80km da Cidade de
Maputo, ao longo da EN1. Esta localização torna o Distrito Municipal, um corredor de transição entre a
zona sul, centro e norte do país.

Segundo o relatório do MAE (2017), o sector Agro-pecuário é o mais importante no Distrito da Manhiça
com relevo para a criação de gado Bovino. O Distrito tem as seguintes Indústrias: Açucareira de
Xinavane, Maragra, Empresa Agro-Industrial Xibandza e Fábrica de descasque de Arroz e
transformação de Farinha (Inácio de Sousa). Existe uma necessidade de apoio aos programas de
emergência quando há inundações como é o caso da Ilha Josina Machel.

Segundo MAE (2017), nota-se no Distrito da Manhiça, uma grande dinâmica na construção de novas
lojas, supermercados e mais agentes privados na agricultura, no comércio e na actividade Industrial.
Com a falta de infra-estruturas para a retenção de águas ao nível do Distrito, fica em uma situação de
maior vulnerabilidade as descargas efectuadas na África do Sul que elevam de forma significativa o

15
nível de água dos rios locais. A maior parte da população da Vila Manhiça, recebe os cuidados de
Saúde no Centro de Saúde da Manhiça.

A superfície do distrito é de 2.373 km 2 e a sua população está estimada em 208.466 habitantes, dos
quais 110.727 são Mulheres. Para o caso do Município da Manhiça estima-se que existem cerca de
60.031 habitantes, sendo 32.768 habitantes Mulheres (estimativa da METIER, na base do INE, dados
do senso DE 2017). A estrutura etária do distrito reflecte uma relação de dependência económica de
1.2, isto é, por cada 10 crianças ou anciões existem 12 pessoas com idade activa. Com a população
jovem de (41%, a baixo dos 15 anos), tem índice de masculinidade de 44% e uma taxa de urbanização
de 12%, concentrada nas Vilas de Manhiça e Xinavane e nas respectivas zonas periféricas de matriz
semi-urbana (MAE, 2017).

Segundo os dados da Administração do Distrito de Manhiça (2004), citado em MAE (2017), a Língua
materna dominante é Changana e 46% da população têm o conhecimento da língua Portuguesa, sendo
este domínio predominante nos homens, dada a sua maior inserção na vida escolar e no mercado de
trabalho. A actividade económica é a agricultura, pois 50% da população vive na base da agricultura de
subsistência. O sector familiar dedica-se principalmente ao cultivo de milho, batata-doce, amendoim,
feijão, banana, mandioca e Arroz. Após as cheias de 2000, o município foi afectado pela estiagem, o
que conduziu uma tímida recuperação do ritmo da actividade familiar.

Segundo informações recolhidas através da (MAE, 2017), a exploração privada do Distrito é dominada
pelas Açucareiras da Maragra e de Xinavane, que ocupam uma área de cerca de 20 mil hectares de
cana-de-açúcar e empregam directamente na actividade agrícola e industrial cerca de 65% da mão-de-
obra assalariada do Distrito. Com base nos dados da Organização “ Médicos Sem fronteira", estima-se
que a média de reservas alimentares de cereais e mandioca, por agregado familiar, corresponde a
cerca de 2.5 meses admitindo-se que 7.5% da população esteja potencialmente vulnerável, sobretudo
os camponeses com menos posses, idosos e famílias chefiadas por mulheres. Esta situação pode ser
atenuada pelo facto de a zona beneficiar de uma razoável integração regional de mercados, bem como
poder de acesso a actividades geradoras de rendimento provenientes de trabalho migratório e de venda
de cana sacarina e bebidas, das hortícolas, banana, papaia, caju e de carvão e lenha. O comércio
sobretudo informal, ocupa 8% da população activa e 3% das mulheres comerciantes activas, na sua

16
maioria das zonas urbanas e também semi-urbanas. O sector agro-pecuário é o mais importante, dado
o predomínio do relevo para criação do gado bovino.

A maioria das raparigas e rapazes do Distrito da Manhiça, frequentam o Ensino Primário, embora
existam seis (6) Escolas Secundárias a saber: A Escola Secundária da Manhiça, Escola Secundária da
Marista, Escola Secundária de 14 de Outubro, Escola Comunitária 10 de Abril, Escola Secundária
N’wamatibjana e Escola Secundária de Xinavane. A maior taxa de adesão escolar verifica-se no grupo
etário de 10 a 14 anos, onde 65% das crianças frequentam a escola, seguindo o grupo de 5 a 9 anos,
que reflecte a tardia de entrada na Escola em alguns casos (MAE, 2017).

A população deste Município, no geral beneficia-se dos cuidados sanitários do Centro de Saúde de
Manhiça. A rede sanitária do município, apesar de estar a evoluir a um ritmo significativo, é insuficiente,
para albergar todas comunidades. Este fenómeno evidencia-se peloenchente no atendimento dos
utentes no Centro de Saúde da Manhiça, tratando-se de um centro em que os maiores casos de outros
centros do distrito são eles submetidos (MAE, 2017).

Segundo a mesma fonte, o quadro epidemiológico do Município é dominado pela Malária, Diarreias,
desnutrição e ITS, com maior enfoque o HIV/SIDA que, no seu conjunto, representam quase a
totalidade dos casos das doenças notificadas no distrito. Importa referir que o Centro de Saúde da
Manhiça dispõe de 92 camas com a capacidade de atender 900 doentes por dia.

A produção de culturas de alimentos básicos, segundo (MAE, 2017), é insuficiente para o consumo
familiar devido a queda irregular de chuvas durante a época de sementeira. Assim, para mitigação dos
problemas de estiagem, está em curso um programa do PMA para abertura de campos de multiplicação
de material vegetativo na zona baixa do distrito, nomeadamente rama de batata-doce e estacas de
mandioca.

De acordo com dados da Direcção Distrital de Saúde (DDS), Citado pelo (MAE, 2017) estima-se que
quase 10% das crianças com menos de 1 ano sofre de desnutrição aguda. A partir da distribuição de
alimentos, o Programa de Emergência de Sementes e Utensílios (PESU), a Cruz Vermelha de
Moçambique e a União Europeia têm estado envolvidas no fornecimento de sementes de milho, feijão,
arroz, amendoim, mapira, mexoeira, bem como enxadas, foices, limas e machados.

17
4.2. Percepções sociais sobre a desnutrição aguda

Nesta secção, procurou-se interagir com as mães das crianças que padecem da desnutrição aguda no
Centro de Saúde da Manhiça. Em entrevista as mães das crianças com desnutrição aguda, 7 mães
afirmam ter conhecimento sobre a desnutrição aguda, entretanto, 3 mães demonstraram falta de
conhecimento sobre a desnutrição aguda (não aplicáveis na pesquisa), conforme se pode evidenciar no
seguinte gráfico:

Figura I: Nível de conhecimento das mães sobre a desnutrição aguda.

Conhecimento das mães acerca desnutrição aguda

30% Mães com conhecimento da


desnutrição aguda
Mães sem conhecimento da
desnutrição aguda

70%

Fonte: adaptado a parir do guião de entrevista.

Conforme mostra a figura acima, (Fig.1) das 7 (70%) mães de crianças com desnutrição aguda,
entrevistadas no Centro de Saúde da Manhiça, demonstraram ter conhecimentos sobre a doença, e das 3
(30%) mães de crianças com desnutrição aguda não tem conhecimento sobre a doença. Esses dados nos
levam a concordar com Fernandes (2005) quando aponta a falta de conhecimento por parte das mães
sobre a desnutrição na infância como o principal factor que pode levar ao aumento de casos de
desnutrição aguda na infância. Em análise às observações feitas no campo de estudo, constatou-se que a
falta de conhecimento por parte das mães sobre a desnutrição aguda, está associada ao nível de
escolaridade e falta de interesse de participar nas campanhas contra a desnutrição aguda.
18
Na tentativa de perceber o entendimento que se tem sobre a desnutrição aguda, foram entrevistadas 7
mães das crianças com a doença e 5 profissionais do Centro de Saúde da Manhiça. Quando entrevistado 7
mães de crianças com desnutrição aguda, responderam de forma diferente que:

“Desnutrição aguda ė quando a criança apresenta algo fora do anormal e quando não tem se
alimentado direito, algo de longa duração que pode levar a criança a baixar no hospital se não
controlar” (Maria)1

“A desnutrição ė a doença de falta de nutrientes importantes no organismo das crianças”(Artimiza)2

“Desnutrição aguda ė quando uma criança tem falta de nutrientes ou vitaminas importantes no
organismo, e dizem que é causada por uma alimentação desequilibrada.” (Joaquina)3

Em análise às entrevistas e observações feitas às mães das crianças, constatou-se que elas tem
conhecimento sobre a doença de desnutrição aguda, assim como percebe-se por meio destas narrativas
que as mães das crianças, tomaram consciência da doença da desnutrição aguda após os seus filhos/as
serem afectados, conforme de pode evidenciar na seguinte narrativa: “os médicos falaram para mim que esta
doença é provocada pela falta de nutrientes na dieta das crianças, assim como pode ser causada pela má
alimentação diária das crianças” (Paula)4

Continuando com as entrevistas as mães das crianças, responderam o seguinte:

“Não tenho a certeza, mas dizem que essa doença de desnutrição aguda está associada à perda
de peso das crianças provocada por hábitos alimentares inadequado.” (Judite)5

“Desnutrição aguda significa deficiência de alimentos que dão força ao organismo.” (Carolina)6

“A desnutrição aguda é doença que provoca perda de peso em crianças, outros dizem que esta
doença, aparece quando a criança não tem uma boa alimentação”. (Felisbela)7

1
O nome do entrevistado é fictício.
2
O nome do entrevistado é fictício.
3
O nome do entrevistado é fictício.
4
O nome do entrevistado é fictício.
5
O nome do entrevistado é fictício.
6
O nome do entrevistado é fictício.
7
O nome do entrevistado é fictício.
19
Com base nas narrativas acima, notou-se que as mães das crianças com desnutrição aguda, descrevem
esta doença tendo em conta as características apresentadas pelos seus filhos e as informações deixadas
pelos profissionais do Centro de Saúde da Manhiça. Contudo, percebe-se que as crianças que sofrem esta
doença, podem enfrentar problema de perda de peso e falta de nutrientes no organismo. Este
posicionamento, associa-se a ideia de Ganhão et al. (2012), ao definir a desnutrição aguda, como sendo o
baixo peso para a altura (criança magra para a altura e magrinha) e pode aparecer em qualquer época da
vida.

Em entrevista aos 5 profissionais do Centro de Saúde sobre o que entende-se por desnutrição aguda, três
responderam da mesma forma o seguinte:

“Desnutrição aguda ė uma condição em que ocorrem problemas de saúde com resultado de uma
dieta com consumo insuficiente de nutrientes”.

Quando entrevistado mais 2 profissionais de Saúde, responderam da seguinte forma:

“A desnutrição aguda é uma doença relacionada com falta de nutrientes no organismo das
pessoas, e pode ser recuperada facilmente, através de boas práticas alimentares e cuidados de
saúde adequados”.(Joel)8

“A desnutrição aguda é uma doença que geralmente ocorre em situações de emergência ou de


insegurança alimentar”. (David)9

Foi possível notar que a partir das respostas dos profissionais de saúde, a recuperação desta doença pode
ser fácil mediante as boas práticas alimentares e obediência das recomendações deixadas pelos médicos.
No entanto, as crianças tornam-se vulneráveis à desnutrição aguda devido a mudança do aleitamento
materno para a alimentação normal, conforme se pode verificar na seguinte narrativa: “Quanto a desnutrição
aguda em crianças, muitas vezes acontece quando passam de aleitamento materno para a alimentação
complementar”

Na tentativa de perceber como se manifesta a desnutrição aguda, foram entrevistadas 7 mães de crianças
com desnutrição aguda no Centro de Saúde da Manhiça, e os respectivos profissionais de saúde. No que
diz às entrevistas feitas às mães das crianças, 2 responderam o seguinte:

8
O nome do entrevistado é fictício.
9
O nome do entrevistado é fictício.
20
“Meu filho começou a apresentar problemas de perda de peso e várias inquietações no corpo”.
(Maria)10

“Esta doença apresenta vários sintomas e manifesta-se de forma diferente, minha filha está com
corpo inchado e fraca, mas antes tinha tosse e diarreia. Enquanto que outras mães dizem que os
seus filhos apresentam problemas de perda de peso e dor no peito”.(Artimiza)11

A partir dos depoimentos acima, percebeu-se que esta doença apresenta vários sintomas e manifesta-se
de forma diferente em cada criança.

Pires (2010), citando Baltazar (2009), afirma que várias crianças perdem de 5 a 10% do seu peso corporal
ao longo de três a seis meses sem se aperceberem que estão em risco de desnutrição, devido a
ocorrência normal da doença. Acrescenta o mesmo autor que os vários sintomas de desnutrição aguda,
podem incluir o cansaço e falta de energia,demorar um longo tempo para se recuperar de
infecções,demora na cicatrização de feridas, irritabilidade, falta de concentração, dificuldades para se
manter aquecido, diarreia persistente e depressão.

Quando entrevistado mais 4 mães de crianças com desnutrição aguda, responderam da seguinte forma:

“A desnutrição se manifesta através de inchaços pelo corpo, emagrecimento, aparência velha”.


(Joaquina)12

“A desnutrição aguda se manifesta através de cansaço, diarreias persistentes, depressão e perda


de peso”. (Paula)13

“Da forma que esta doença se manifesta, eu achava normal, meu filho começou a emagrecer e
depois ficava muito irritado, mas agora fico mais preocupada porque ele tem febres e diarreia
persistente”. (Judite)14

“Esta doença manifesta-se a partir de emagrecimento, perda de peso, perda de força nos
membros superiores e inferiores e inchaço no abdómen”. (Carolina)15

10
O nome do entrevistado é fictício.
11
O nome do entrevistado é fictício.
12
O nome do entrevistado é fictício.
13
O nome do entrevistado é fictício.
14
O nome do entrevistado é fictício.
15
O nome do entrevistado é fictício.
21
As entrevistas e observações feitas as mães das crianças, sobre como se manifesta a desnutrição aguda,
permitiu perceber o qual ambíguo são as manifestações desta doença para as crianças assim como para
pessoas adultas. No entanto, notou-se que o nível de condições das famílias e a preocupação das mesmas
de se informar sobre a doença após manifestar-se em seus filhos, constituía um factor determinante para o
aumento de casos no Centro de Saúde da Manhiça, como se pode evidenciar na seguinte narrativa: “Ouvi
aqui no hospital, que essa doença manifesta-se a partir de perda de peso que culmina com o emagrecimento das
crianças, assim como pelo aparecimento de feridas por volta da costa e na barriga, e foi isso que o meu filho estava
a apresentar”. (Felisbela)16

No concernente as narrativas acima, associam-se ao estudo realizado por Renner (2014), quando afirma
que a desnutrição aguda é influenciada pela pobreza. Este autor refere ainda que, a maioria das mães
desconhece a desnutrição aguda muito menos como ela se manifesta.

Quando entrevistados os 5 profissionais do Centro de Saúde da Manhiça, sobre como se manifesta a


desnutrição aguda, de forma isolada responderam o seguinte:

“Esta doença, apresenta edemas nos membros superiores e inferiores, em casos mais graves
aparece na cara. Também pode manifestar-se a partir de perda de peso, pele seca e cabelos
quebrados”.(David)17

“Esta doença, manifesta-se de diferentes formas, mas aqui muita das vezes atendemos crianças
que apresentam edemas em todo corpo, cabelo cortado ou quebrados, barriga grande, baixa
estatura, descamação da pela e face de velho”.(Joel)18

“A desnutrição aguda manifesta-se em marasmo, kwashiorkor e kwashiorkor marasmatico, assim


como nas primeiras vazes pode manifestar-se em crianças ou pessoas adultas, a partir do
aumento do volume do abdómen, perda de peso, edemas nos membros”.(Bartolomeu)19

“Esta doença numa primeira fase, manifesta-se por apresentar pele seca, cabelos quebrados,
perda de peso, barriga grande e edemas em quase todo o corpo, numa fase desenvolvida a

16
O nome do entrevistado é fictício.
17
O nome do entrevistado é fictício.
18
O nome do entrevistado é fictício.
19
O nome do entrevistado é fictício.
22
doença manifesta-se por meio de problemas de desenvolvimento físico e mental, perda de líquidos
no organismo”. (Felisberto)20

Os depoimentos acima, demonstram conhecimento por parte dos profissionais do Centro de Saúde da
Manhiça sobre a desnutrição aguda e como ela manifesta-se em crianças e em pessoas adultas. No
entanto, torna-se evidente que essa doença pode apresentar manifestações diferentes em cada criança.

Relacionando esta pesquisa com o estudo realizado por Pires (2010), citando Baltazar (2009), percebe-se
que várias crianças perdem de 5 a 10% do seu peso corporal ao longo de três a seis meses sem se
aperceberem que estão em risco de desnutrição, devido a ocorrência normal da doença. Acrescenta o
mesmo autor que os vários sintomas de desnutrição aguda, podem incluir o cansaço e falta de
energia,demorar um longo tempo para se recuperar de infecções,demora na cicatrização de feridas,
irritabilidade, falta de concentração, dificuldades para se manter aquecido, diarreia persistente e
depressão.

Na tentativa de compreender quais são os factores que estão associado a desnutrição aguda, foram
entrevistados as mães de crianças com desnutrição aguda e os profissionais de Saúde. Entretanto, as
entrevistas feitas no Centro de Saúde da Manhiça, demonstraram que a desnutrição na infância está
associada a vários factores dentre os quais destacou-se o vínculo filho-mãe, a pobreza, carência de
vitaminas, carência de alimentos, ingestão inadequada de nutrientes, desmame precoce, aleitamento
materno, higienização deficiente na preparação dos alimentos, baixo nível de educação, falta de
conhecimento por parte das mães sobre a desnutrição na infância, condições familiares, falta de vitaminas
e minerais na dieta e a incidência repetida de infecções e ingestão insuficiente de alimentos, conforme se
pode verificar nas seguintes narrativas:

“Esta doença está associada as condições económicas, os hábitos alimentares, dizem que nós
temos de variar alimentos mas não temos dinheiro para comprar outro tipo de alimentos”.
(Maria)21

“Os factores associados a esta doença podem ser culturais, sócias, económicos como a baixa
renda, falta de alimentos com nutrientes importantes”. (Artimiza)22

20
O nome do entrevistado é fictício.
21
O nome do entrevistado é fictício.
22
O nome do entrevistado é fictício.
23
“Eu acho que esta doença tem a ver com o factor económico, porque com a falta de dinheiro não
conseguimos comprar ou preparar uma boa alimentação. Por outro lado, acredito que o baixo nível
de escolaridade é o que faz com que a pessoa não procurem informações a respeito da doença de
desnutrição aguda”. (Joaquina)23

“Meu filho começou com esse problema quando parei de lhe amamentar e comecei a dar
alimentos complementares, quando fui ao hospital falaram que tinha problemas de vitaminas. Eu
acredito que esta doença tem ver com o desmame precoce, as condições económicas, carência
de vitaminas no organismo e a falta de alimentos diariamente”. (Paula)24.

As entrevistas referidas anteriormente, associam-se aos resultados do estudo de Frota e Barroso (2005),
quando advogam que os factores de desnutrição aguda em crianças podem ser primários ou secundários.
Primários quando a criança come pouco ou mal, ou seja, têm uma alimentação quantitativa ou
qualitativamente insuficiente em calorias e nutrientes. Secundários estão presentes quando a ingestão de
alimentos não é suficiente para as necessidades energéticas, aumenta ou por qualquer outro factor não
relacionado directamente ao alimento. Portanto, constatou-se por meio das entrevistas que a ingestão
insuficiente de alimentos constitui um dos factores associados à desnutrição aguda em crianças menores
de 5 anos de idade no Centro de Saúde de Manhiça.

Continuando com a entrevista as 3 mães de crianças com desnutrição aguda, 2 responderam da mesma
forma o seguinte:

“Acreditamos que esta doença esteja associado aos factores económicos, as crianças começam a
apresentar esta doença devido a falta de condições alimentares, higienização deficiente na
preparação dos alimentos, falta de informações sobre a alimentação saudável, nível de educação
baixo e falta de conhecimento por parte das mães sobre a desnutrição na infância”

Em entrevista com 1 mãe de criança com desnutrição aguda, no Centro de Saúde da Manhiça, respondeu
o seguinte:

“A desnutrição aguda está associada a falta de conhecimento das mães em relação a doença e as
práticas alimentares saudáveis. Um outro factor associado a esta doença é o aleitamento materno
e o desmame precoce”. (Judite)25
23
O nome do entrevistado é fictício.
24
O nome do entrevistado é fictício.
25
O nome do entrevistado é fictício.
24
Analisando os dados acima, constatou-se que as mães desamamentam precocemente as suas crianças,
dado que nos leva a concordar com Monteiro (2003) quando afirma que um dos factores associados a
desnutrição aguda em crianças tem a ver com o desmame precoce. De acordo com o gráfico abaixo (Fig
2), das 7 mães, entrevistadas sobre os factores que estão associados à desnutrição aguda, 3 (47%)
responderam que esta doença está associada ao desmame precoce. Enquanto 4 (53%) das mães
entrevistadas referiram que esta doença está associada aos factores económicos, culturais e sociais.

Figura I: Factores associados a desnutrição aguda

Factores associados a desnutrição aguda

1° Desmame precoce
2° Factores económicos,
47% culturais e sociais
53%

Fonte: adaptado a partir do guião de entrevista

No que diz respeito às entrevistas feitas aos profissionais do Centro de Saúde da Manhiça, sobre os
factores associados à desnutrição aguda, 1 profissional respondeu o seguinte:

“Um dos factores mais comuns para o aparecimento desta doença é indisponibilidade de alimentos
nutritivos para as crianças ou mesmo a falta de conhecimento sobre a matéria de nutrição”.(Joel)26

Diante do exposto, nota-se que muitas crianças são afectadas pela desnutrição aguda, devido a falta de
informação das mães sobre a doença, assim como pela inobservância de consumo de alimentos não
nutritivos. Porém, essa constatação, associa-se a ideia de Fernandes (2005), ao afirmar que o aumento de
casos de desnutrição é influenciado pelas condições familiares, económicas, pela falta de conhecimento
por parte das mães sobre a desnutrição na infância e sobre o grupo dos alimentos e por último o nível das
políticas sociais. Entretanto, essa ideia interliga-se a seguinte narrativa: “No meu entender, são diversos os
26
O nome do entrevistado é fictício.
25
factores que estão associados a esta doença, mas muitos acreditam que os factores mais destacados a esta doença
são económicos, culturais e políticos”. (Felisberto)27

Por seu turno Silva (2012), advoga que a desnutrição aguda tem sua origem na pobreza. Todavia, este
autor acrescenta que, a maioria das mães desconhece a desnutrição aguda muito menos a forma como
esta se manifesta.

Continuando com as entrevistas aos profissionais do Centro de Saúde da Manhiça, 3 responderam de


forma semelhante:

“Em Moçambique o maior o problema da desnutrição está associado a pobreza, as famílias não
tem condições financeiras para a compra de alimentos, é que acabam ficando sem comer nada
durante o dia ou passam dias a comer o mesmo tipo de alimento. Quanto aos casos de
desnutrição que dão entrada neste Centro de Saúde frequentemente, estão relacionados com o
desmame precoce, a ingestão de alimentos, os factores económicos, as práticas e crenças
religiosas”.

Nesta vertente, percebe-se que os factores da desnutrição podem ser classificados em: Imediatos,
adjacentes e básicos. Factores Imediatos: (i) - Ingestão inadequada de nutrientes - dietas monótonas, com
deficiências de micro nutrientes afectando a maioria das crianças; (ii) - Baixa disponibilidade de alimentos
por causas de problemas de produção ou de acesso ao alimento (ex. baixo poder de compra) e (iii) - o
deficiente estado de saúde. Factores Adjacentes: (a) - Acesso limitado aos alimentos – devido a falta de
alimentos no mercado ou altos custos praticados; (b) - baixa disponibilidade e acesso aos serviços de
saúde – devido a baixa cobertura dos serviços de saúde; (c) - alta taxa de mortalidade materna – baixa
cobertura de partos institucionalizados e dos serviços pré-natais (d) - altos níveis de pobreza absoluta, e
(e) baixo acesso à água potável e saneamento. Factores Básicos: (i) - Baixo nível de educação e elevadas
taxas de analfabetismo; (ii) Tabus, crenças, práticas tradicionais e religiosas negativas; (iii) - Baixa
disponibilidade de recursos estruturais cerca de 95% da força laboral está no sector agrícola e a maioria
(70% da população total) pratica uma agricultura de subsistência com baixa utilização de tecnologia e
muita baixa produtividade (Silva; 2012).

Quando entrevistado as mães sobre quais são os hábitos alimentares, a resposta demonstrou falta de
conhecimento por parte das mães sobre o grupo de alimentos nutricionais. Em análise a estas entrevistas,
27
O nome do entrevistado é fictício.
26
constatou-se que um dos factores associados a essa doença é a falta de práticas na variação de
alimentos, como se pode verificar no seguinte gráfico (Fig. 3).

Figura 3: Hábitos alimentares

Hábitos Alimentares semanais

23% Por semana canana duas vezes,


repolho uma, peixe duas vezes
Por semana nyangana uma vez,
matapa duas vezes, feijão e peixe
duas vezes
54%
Por semana caril de repolho duas a
três vezes, cacana duas veses,
23% matapa e peixe duas a três vezes

Fonte: adaptado a partir das entrevistas no campo.

O gráfico acima (fig.3), demonstra que 10 mães de crianças com desnutrição aguda, quando entrevistado
sobre os hábitos alimentares semanais, 6 mães (54%), responderam que por semana consomem canana
duas vezes, repolho uma vez, peixe duas vezes. Quando entrevistado 2 mães (23%), responderam que
comem por semana nyangana, uma vez, matapa, duas vezes, feijão e peixe duas vezes. Quanto às 2
mães (23%), afirmaram que por semana consomem caríl de repolho duas a três vezes, matapa e peixe
duas a três vezes. Esta falta de conhecimento na variedade dos alimentos por semana, nos remete a ideia
advogada pelo Fernandes (2005), quando aponta a falta de conhecimento por parte das mães sobre o
grupo de alimentos como um dos factores associados à desnutrição aguda na infância.

27
4.3. Causas da desnutrição aguda

Esta secção dizia respeito as entrevistas realizadas no Centro de Saúde da Manhiça, no qual fizeram parte
as mães de crianças menores de 5 anos de idade com desnutrição aguda e os profissionais de saúde em
que pretendia-se compreender as causas da desnutrição aguda.

Em entrevista às 7 mães de crianças com desnutrição aguda, 4 responderam de forma semelhante o


seguinte:

“Esta doença é causada por comer alimentos não nutritivos diariamente, consumo de água não
tratada, mais tudo isso, acontece por causa de falta de conhecimento sobre a doença e as
medidas de prevenção esta doença”.

Ao analisarmos as entrevistas acima, constatou-se que as mães com crianças desnutridas a partir do
momento que dão entrada no Centro de Saúde da Manhiça, preocupam-se em perceber as causas dessa
doença, pois a falta de conhecimento constitui um dos factores para a incidência da doença. Estudos
realizados por Fernandes (2005), concluiu que o aumento de casos de desnutrição é influenciado pela falta
de conhecimento por parte das mães sobre a desnutrição na infância e sobre o grupo dos alimentos e por
último o nível das políticas sociais. Portanto, entende-se que a falta de conhecimento das mães de
crianças com desnutrição aguda constitui uma das maiores causas da doença.

Continuando com as entrevistas às mães de crianças com desnutrição aguda, responderam que esta
doença deriva de várias causas, mas a mais comum está relacionada com o consumo de água não tratada,
conforme se pode observar na seguinte narrativa: “Ouvi dizer que a causa mais comum dessa doença é o
consumo de água não tratada, mas em outros casos essa doença pode ser causada pelo desmame precoce, a falta
de vitamina na alimentação da criança e condições financeiras”.(Carolina)28

No entanto, entende-se que a desnutrição aguda é influenciada pela água que as crianças consomem. Na
mesma linha de pensamento, acredita-se que algumas crianças/adultos que vivem em zonas recônditas
onde há escassez de água, consomem água suja vinda dos rios, poços desprotegidos aumentando assim
o risco de contraírem infecções e doenças. (Nudelmann e Halpern; 2011). Compartilhado da mesma ideia,
Ganhão et al. (2012), refere que a desnutrição aguda em crianças está directamente associada ao

28
O nome do entrevistado é fictício.
28
tratamento da água, as crianças/ adultos a maioria deles consome demasiadamente água não tratada
aumentando dessa forma o risco de contrair a desnutrição.

Quando entrevistado mas 2 mães sobre as causas da desnutrição aguda, responderam:

“Ouvi dizer que essa doença é causada por má alimentação da criança, por vezes, infecções
repetidas na criança”. (Felisbela)29

“Não sei dizer bem quais são outras causas da doença, mas os médicos dizem que por causa da
má alimentação que damos as crianças, até mesmo pode ser causada pela ignorância da nossa
parte por não seguirmos as recomendações dos médicos”.(Maria)30

Com base nas narrativas acima, observou-se e constatou-se que as mães sentem-se culpadas pelo
aparecimento da doença em seus filhos, uma vez que reconhecem que a desobediência das
recomendações dos médicos faz com que muitas crianças estejam vulneráveis a esta doença.

No que diz respeito as entrevistas aos 5 profissionais do Centro de Saúde da Manhiça, 3 responderam de
forma semelhante que as causas dessa doença deriva do consumo de alimentos sem nutrientes essenciais
para o organismo, assim como pela falta de conhecimento das mães sobre os grupos de alimentos
nutritivos, como se pode verificar na seguinte narrativa: “esta doença é causada pelo não consumo de
alimentos saudáveis e pela insuficiência de nutrientes no organismo . Quanto aos 2 funcionários concebem que
esta doença é causada pelo acesso limitado aos alimentos devido as condições alimentares das famílias.

Quanto à questão que procurava perceber se os hábitos alimentares influenciam no índice da desnutrição
aguda, forma entrevistadas 7 mães de crianças com desnutrição aguda, no qual 3 mães (60%) afirmaram
que sim, os hábitos alimentares influencia no índice da desnutrição aguda. Em contra partida 2 mães
(20%), responderam que não. E as outras 2 mães (20%), disseram quem não sabiam. Conforme se pode
evidenciar no seguinte gráfico.

Gráfico 4: Influência dos hábitos alimentares no índice da desnutrição aguda

29
O nome do entrevistado é fictício.
30
O nome do entrevistado é fictício.
29
Influência dos hábitos alimentares no índice da desnutrição aguda
3° Mães que falaram sim 2° Mães que falaram não 2° Mães que nao sabem

20%

20% 60%

Fonte: adaptado a partir das entrevistas no campo.

Observando o gráfico acima (fig.12), foi possível notar que a maior parte das mães entrevistadas afirmaram
que sim, os hábitos alimentares nas famílias influenciam no índice da desnutrição aguda em crianças
menores de 5 anos de idade. Em nossa análise, foi possível perceber que as mães têm conhecimentos
sobre as práticas e hábitos alimentares saudáveis para as suas crianças. Entretanto, constatou-se em
outras mães, que não sabem se os hábitos alimentem influenciam no índice da desnutrição aguda. Quando
lhes foi questionada sobre como os hábitos alimentares influenciam no índice da desnutrição aguda, 2
mães responderam da seguinte forma: Essa doença não tem a ver com hábitos alimentares como dizem, esta é
uma doença que começou se falar agora, as receitas que nós preparamos, os tipos de alimentos que nós
consumimos fomos ensinados com os nossos avos. Se esta doença tem a ver com os hábitos alimentares porque
que no tempo dos nossos avos não havia esta doença? Na mesma linha de pensamento, a outra mãe afirmou
que as práticas e os hábitos alimentares são ensinados para as mulheres desde os anos passados até os
dias de hoje. No entanto, nunca ouvimos falar dessa doença no tempo dos nossos avos.

Quando entrevistadas 2 mães de crianças desnutridas, afirmaram que não sabiam se os hábitos
alimentares nas famílias influenciam no índice da desnutrição aguda. Portanto, demonstraram falta de
conhecimento sobre a questão. No concernente as entrevistas feitas a 3 mães de crianças com
desnutrição aguda, constatou-se que elas têm apreendido e posto em prática as recomendações deixadas
30
pelos profissionais de saúde, como se pode verificar na seguinte narrativa: “eu não acreditava que o tipo de
alimentos, a forma de preparar podia aumentar os casos de desnutrição aguda. Quando comecei a variar os
alimentos, consumir alimentos nutritivos minha filha começou a melhorar”. (Carolina)31

Continuando com a entrevista a 2 mães, responderam que:

Os hábitos alimentares influenciam sim, no índice da desnutrição aguda porque muitos casos de
desnutrição aguda dá-se pelo facto de uma família consumir mesmo tipo de refeição três vezes por
semana, se esquecendo que a criança deve receber uma atenção especial. Com isso, a comida
deve ser enriquecida e variada para poder responder as necessidades do organismo da criança .
(Felisbela)32

“Se as pessoas se alimentam mal, consequentemente terão a desnutrição aguda ou muitos casos
de desnutrição. Os médicos dizem que esta doença é provocada pela ingestão de alimentos, e
falta de vitamina no alimento”. (Maria)33

Diante destes factos, acredita-se que o aumento de casos de desnutrição aguda em crianças menores de 5
anos de idade, estão vinculadas aos hábitos alimentares. Contudo, percebe-se que a maior parte das mães
neste estudo, acreditam que esta doença surge porque as pessoas se alimentam mal. Estas conclusões,
estão associadas ao estudo realizado por Frota e Barroso (2005), quando advogam que os factores de
desnutrição aguda em crianças podem ser primários ou secundários. Primários quando a criança come
pouco ou mal, ou seja, têm uma alimentação quantitativa ou qualitativamente insuficiente em calorias e
nutrientes. Secundários estão presentes quando a ingestão de alimentos não é suficiente para as
necessidades energéticas ou por qualquer outro factor não relacionado directamente ao alimento.
Comungando da mesma ideia, Teixeira e Heller (2004), afirma que hábitos alimentares constituem um dos
factores que se associam à desnutrição aguda nas crianças. Portanto, pode constatar-se que os maus
hábitos alimentares podem contribuir no aumento de casos de desnutrição na infância.

Na tentativa de perceber a relação existente entre a desnutrição aguda e os hábitos alimentares, foram
entrevistado 5 profissionais do Centro de Saúde da Manhiça, no qual explicaram que a relação entre a
desnutrição aguda e os hábitos alimentares ė de dependência. Pois, para que não haja desnutrição ė
necessário que os hábitos alimentares estejam de acordo com o padrão de uma dieta equilibrada.
31
O nome do entrevistado é fictício.
32
O nome do entrevistado é fictício.
33
O nome do entrevistado é fictício.
31
Quando entrevistados sobre as consequências que a desnutrição traz para o desenvolvimento da criança,
as mães responderam que essa doença traz consequências nefastas para as crianças, pois ela apresenta
problemas de desenvolvimento físico, vulnerabilidade em outras doenças, assim como dificuldades na
assimilação das matérias na escola. Por outro lado, as mães apontam que essas consequências devem-
se as fracas políticas de fornecimento de água em qualidade e quantidade, a falta de conhecimento das
mães sobre os meios de prevenção. Todavia, 5 mães entrevistadas responderam que: esta doença faz que
as crianças apresentem uma aparência física diferente das outras crianças, assim como ficam susceptíveis às
outras doenças, e muitas vezes apresentam problemas de retenção de matéria na escola.

Quando entrevistado mais 2 mães, responderam de forma semelhante o seguinte: “a desnutrição em estado
avançado, pode criar danos irreversíveis no desenvolvimento físico das crianças influenciando a lentidão do
crescimento em comparação com as crianças sem esta doença”.

No entanto, entende-se que a desnutrição seja responsável por um grande atraso no desenvolvimento
físico e orgânico da criança. A principal consequência da desnutrição é a redução do crescimento físico e
o menor desempenho intelectual em crianças. Isso acontece porque a magreza extrema acaba reduzindo
a altura que a criança poderia atingir na idade adulta, e dificulta o seu aprendizado, memória e raciocínio.
(Vasconcellos e Gewandsznajder, 1987). Para o mesmo autor, classifica o estado nutricional infantil
comparando a relação entre o seu peso e sua altura com o peso e a altura das crianças de mesma idade
na população do país onde ela vive. A desnutrição no primeiro grau apresenta um deficit de 10% a 24% de
peso, a de segundo grau, um deficit de 25% a 30% e de terceiro grau, que muitas vezes torna-se
irreversível devido a sua gravidade, apresenta deficits maiores de 40%.

Sob o ponto de vista biomédico, a desnutrição aguda está relacionada com diversas implicações clínicas
que comprometem a saúde dos afectados, como: baixo peso e altura e maior susceptibilidade às 35
infecções, devido ao comprometimento da imunidade celular e redução da força muscular (Melo et al.,
2002; Batista Filho et al., 2008). Quando entrevistado, os 5 profissionais de saúde sobre as implicações
que a desnutrição aguda tem no desenvolvimento da criança, responderam o seguinte:

“As implicações dessa doença no desenvolvimento da criança, estão associadas a baixa


capacidade de assimilação da matéria, atraso no desenvolvimento psicomotor”. (Macuacua)34

34
O nome do entrevistado é fictício.
32
“Esta doença tem como implicações o distúrbio alimentar e psicológico, perda de peso, atraso no
desenvolvimento e crescimento da criança”.(David)35

Continuando a entrevista com mas 3 profissionais de saúde, afirmaram que a desnutrição tem implicações
para a criança assim como no meio que as crianças vivem. Acrescentam ainda que a vulnerabilidade da
criança em ser atacado por outras doenças é maior devido a fragilidade do sistema imunológico, conforme
se pode verificar na seguinte narrativa : esta doença apresenta muitas implicações para o desenvolvimento das
crianças, como problemas psicomotor, crescimento inadequado, alterações ósseas e diminuição da eficácia do
sistema imunológico e em casos mais graves pode levar a morte.

Contudo, essas implicações trazem diversas consequências no desenvolvimento cognitivo e psicomotor


infantil, reflectidos em dificuldades na aprendizagem da linguagem, baixo rendimento escolar, distúrbios
psicológicos e comportamentais, que incluem a falta de atenção, transtornos na memória, fadiga,
sentimento de insegurança e irritabilidade (Bruner et al., 1996 citado por Pires 2010).

4.4. Medidas que podem ser adoptadas para a redução de casos de desnutrição aguda no Centro de
Saúde da Manhiça.

No contexto desta pesquisa, entrevistou-se às mães de crianças com desnutrição aguda e os profissionais
do Centro de Saúde da Manhiça com o propósito de saber que estratégias podem ser adoptadas para a
redução de casos de desnutrição aguda no Centro de Saúde da Manhiça.

Em entrevista às mães de crianças com desnutrição aguda, procurou-se perceber que medidas devem ser
tomadas em consciência para a redução do índice da desnutrição aguda. Em resposta a esta questão, 5
mães responderam que:

“Para reduzir o índice dessa doença deve-se criar programas de aconselhamento e expansão
sobre as medidas de prevenção, e procurar ter uma alimentação variada e saudável”. (Maria)36

“Devemos ter uma alimentação equilibrada, isto variando os alimentos e participar nas
demonstrações culinárias feitas pelos profissionais de saúde”. (Artimiza)37

35
O nome do entrevistado é fictício.
36
O nome do entrevistado é fictício.
37
O nome do entrevistado é fictício.
33
“Variar os alimentos, evitar frituras e obter mais informações acerca de alimentos nutritivos” .
(Joquina)38

“Esta doença só podemos reduzir se todos os bairros da vila da Manhiça tiverem acesso à água
potável em quantidade e qualidade, assim como se as pessoas adoptarem práticas de higiene
adequada e consumo de alimentos nutritivos”.(Paula)39

Desta forma, percebe-se que para redução desta doença, deve-se implementar programas de saúde que
visem a melhoria no fornecimento de água e as práticas de higiene familiar com a educação da família,
bem como cobertura e qualidade nos serviços de saneamento, em especial, o abastecimento contínuo de
água do sistema público com a eliminação da intermitência do fornecimento (Teixeira e Heller; 2004). No
entanto, esta abordagem associa-se a seguinte narrativa: “ Para a redução de casos de desnutrição aguda,
temos de ter mais atenção na água que consumimos porque provocam infecções no organismo”. (Carolina)40

Nudelmann, &Halpern (2011), ressaltam que a desnutrição aguda é influenciada pela água que as crianças
consomem. O autor ressalta ainda que, algumas crianças/adultos que vivem em zonas recônditas onde há
escassez de água, consomem água suja vinda dos rios, poços desprotegidos aumentando assim o risco de
contraírem infecções e doenças

Por seu turno, 2 mães responderam que: a desnutrição aguda, só pode ser reduzida a partir de práticas e
hábitos alimentares adequadas, a participação das mães em programas de educação para saúde, assim como a
promoção de políticas de fornecimento de água potável. Em análise a esta narrativa, percebeu-se que tem que
se intensificar a implantação de políticas para aalimentação de bebés e crianças a partir de uma estrutura
efectiva de coordenação, ou melhor, um serviço organizado com quadros capacitados que possam
conceber, orientar e monitorizar as intervenções alimentares em crianças pequenas, assim como as
actividades de complementação alimentar e avaliação sistemática do crescimento e desenvolvimento das
crianças, que pode ser condição primordial para a redução da desnutrição aguda (Carvalho et. al 2013).

Quanto às entrevistas feitas aos profissionais do Centro de Saúde da Manhiça, sobre as medidas que
devem ser tomadas em consciência para a redução do índice da desnutrição aguda, 3 afirmam que:

38
O nome do entrevistado é fictício.
39
O nome do entrevistado é fictício.
40
O nome do entrevistado é fictício.
34
O Ministério de Saúde deve sensibilizar a participação das mães nas palestras contra a
desnutrição aguda e incentivar as mães a participarem nas demonstrações culinárias com
alimentos nutritivos para as crianças.

Enquanto 2 profissionais de saúde, responderam que: “deve-se aumentar o índice de produção agro-pecuária e
dar uma educação nutricional aos pais e comunidade em geral, assim como fazer palestras na comunidade sobre a
alimentação equilibrada”. Contudo, Frota (2009), refere que, a criança desnutrida e a interacção com a
família e com a comunidade são estratégias importantes para o controlo da desnutrição aguda (DA), outros
elementos são: Acção em equipa multiprofissional e multidisciplinar para melhor utilização do património,
cuidados de saúde fundamentais para a crianças, tais como o acompanhamento do crescimento e
desenvolvimento, incentivo ao aleitamento materno e orientação da alimentação para o desmame incentivo
à imunização das crianças, identificação e tratamento das doenças e agravos associados principalmente
aqueles mais comuns da infância.

35
Capítulo V

Conclusão e Recomendação

5.0. Introdução

No presente trabalho de pesquisa, pretendia-se estudar as consequências da desnutrição aguda no


desenvolvimento das crianças menores de 5 anos de idade, e que o objectivo principal da pesquisa foi de
analisar a influência da desnutrição aguda no desenvolvimento das crianças menores de 5 anos de idade e
os específicos, foram: explicar as percepções sociais sobre a desnutrição aguda; Identificar as causas da
desnutrição aguda e Propor medidas que podem ser adoptadas para a redução de casos de desnutrição
aguda no Centro de Saúde da Manhiça.

Quanto à questão central da pesquisa foi: De que forma a desnutrição aguda influencia no
desenvolvimento das crianças menores de 5 anos de idade? E como forma de operacionalizar a questão
de partida, formulou-se as seguintes questões operacionais:

1. Qual é a percepção da população sobre a desnutrição aguda?


2. Quais são as causas da desnutrição aguda?
3. Que medidas podem ser adoptadas para a redução de casos de desnutrição aguda no Centro de
Saúde da Manhiça?

Entretanto, a partir da questão central da pesquisa e do objectivo geral, formulou-se as seguintes


hipóteses:

a) A influência da desnutrição aguda no desenvolvimento das crianças menores de 5 anos de idade,


estão relacionadas com aspectos económicos, sociais e culturais das famílias;
b) A influência da desnutrição aguda no desenvolvimento das crianças menores de 5 anos de idade,
está associada a falta de vitaminas nos alimentos consumidos pelas crianças;
c) A influência da desnutrição aguda no desenvolvimento das crianças menores de 5 anos de idade,
pode não estar relacionado com nenhuma das hipóteses mencionadas anteriormente.

Com base nas hipóteses, pretendia-se chegar as conclusões da pesquisa.

36
5.1. Conclusões

Na questão que pretendia explicar as percepções sociais sobre a desnutrição aguda, conclui-se que a
maior parte das mães de crianças com desnutrição aguda, já ouviu falar e tem conhecimento sobre a
doença. No entanto, as mães tiveram o conhecimento dessa doença após seus filhos/as serem afectados.
Quanto aos sintomas e manifestações, a doença apresenta uma ambiguidade, pois manifesta-se de forma
diferente em cada criança.

Quanto à questão sobre as causas da desnutrição aguda, o estudo aponta o consumo de alimentos não
nutritivos, falta de conhecimento das mães sobre a desnutrição aguda, consumo de água não tratada,
hábitos alimentares, desmame precoce, pobreza, baixo acesso a água potável e saneamento, ingestão
insuficiente de alimentos, falta de conhecimento sobre o grupo dos alimentos, a não participação das
cuidadoras nas palestras sobre os cuidados de saúde e alimentação das crianças. No entanto, conclui-se
que os hábitos alimentares influenciam bastante no índice da desnutrição aguda e como consequência
apresentam problemas de desenvolvimento físico, vulnerabilidade em outras doenças, assim como
dificuldades na assimilação das matérias na escola.

No concernente à questão sobre as medidas que podem ser adoptadas para a redução de casos de
desnutrição aguda no Centro de Saúde da Manhiça, conclui-se que a implementação de programas de
saúde que visem a melhoria no fornecimento de água e as práticas de higiene familiar com a educação da
família, bem como cobertura e qualidade nos serviços de saneamento, assim como a implantação de
políticas para aalimentação de bebés e crianças a partir de uma estrutura efectiva de coordenação, ou
melhor, um serviço organizado com quadros capacitados que possa conceber, orientar e monitorizar as
intervenções alimentares em crianças pequenas, podem contribuir bastante na redução do índice da
desnutrição aguda em crianças menores de 5 anos de idade.

Com estas conclusões, chegamos a validar as hipóteses da pesquisa, pois os dados demonstram que as
influências da desnutrição aguda no desenvolvimento das crianças menores de 5 anos de idade, estão
relacionadas com aspectos económicos, sociais e culturais das famílias, assim como está associada à falta
de vitamina nos alimentos consumido pelas crianças. Entretanto, o estudo refuta as hipóteses de forma
isolada, tornando-se necessário combinar para analisar a influência da desnutrição aguda no
desenvolvimento das crianças menores de 5 anos de idade.

37
5.2. Recomendações

Ao nível do Ministério de Saúde, recomenda-se que os responsáveis desenhem políticas eficientes e


eficazes, tendo em conta a realidade vivida em Moçambique, assim como reconhecem o problema de D.A
como um caso sério capaz de trazer consequências nefastas para o futuro da criança assim como do país.

Ao nível do Governo, recomenda-se que se estabeleçam políticas de alimentação para bebés e crianças a
partir de uma estrutura efectiva de coordenação, a partir dos serviços organizados com quadros
capacitados que sejam capazes de orientar e monitorizar as intervenções alimentares em crianças com
idades de 1 mês a 3 anos de idade.

No âmbito social, recomenda-se a consciencialização de todas as mães a alimentarem devidamente as


crianças consumindo alimentos ricos em proteínas e incentivar a comunidade a fazer hortas nas suas
residências com o propósito de variarem os alimentos e equilibrarem a dieta alimentar das crianças. Assim
como deve-se recomendar às mães a alimentarem os seus filhos com refeições ricas em nutrientes.

38
Referência Bibliográfica

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41. Waitzberg, Dan L. 2009. Nutrição Oral, Enteral e Parenteral na Prática Clínica. Atheneu. São Paulo.

40
Apêndice

41
1. Título:

Impacto da desnutrição aguda no desenvolvimento das crianças menores de 5 anos de idade: estudo de
caso do Centro de Saúde da Manhiça

2. Supervisão:

ISEDEL- Departamento de Antropologia e Saúde Pública

3. Introdução:

Sou estudante do Instituto Superior de Estudos de Desenvolvimento Local (ISEDEL) e estou a fazer uma
investigação para perceber cientificamente Impacto da desnutrição aguda no desenvolvimento das
crianças menores de 5 anos de idade: estudo de caso do Centro de Saúde da Manhiça

O objectivo desta investigação é deanalisar a influência da desnutrição aguda no desenvolvimento das


crianças menores de 5 anos de idade. Pois, com este estudo, pretendia-se aprofundar os conhecimentos
das consequências da desnutrição aguda no desenvolvimento das crianças menores de 5 anos de idade .
De acordo com o interesse dessa investigação, coloca-se a seguinte questão central: De que forma a
desnutrição aguda influência no desenvolvimento das crianças menores de 5 anos de idade? E como
forma de operacionalizar a questão de partida, formulamos as seguintes questões operacionais:

1. Qual é a percepção da população sobre a desnutrição aguda?


2. Quais são as causas da desnutrição aguda?
3. Que medidas podem ser adoptadas para a redução de casos de desnutrição aguda no Centro de
Saúde da Manhiça?

Esta investigação, decorreu na Vila da Manhiça concretamente no do Centro de Saúde da Manhiça e


utilizou uma abordagem mista, isto é, abordagem qualitativa e quantitativa e um conjunto de técnicas de
investigação que incluem entrevista semi-estruturada, observação e pesquisa documental.

4.Procedimentos

Assim, vim por este meio, solicitar a sua autorização para participar neste estudo me fornecendo
informação, discutindo comigo sobre as consequências da desnutrição aguda no desenvolvimento das

42
crianças menores de 5 anos de idade. Minha conversa consigo será estruturada na qual irá basear-se
numa entrevista semi-estruturada, isto é, terá um guião rígido e outro aplicado de uma forma flexível,
apenas com tópicos. A sua participação é voluntária e o critério que iremos utilizar para o seleccionar será
pelo facto de ser paciente do Centro de Saúde da Manhiça, assim como, por ser profissional do Centro de
Saúde da Manhiça. O meu encontro e trabalhos de investigação serão negociados tendo em conta a sua
disponibilidade. O tempo de trabalho deverá ser razoável, não devendo ultrapassar 2 horas de actividades
por dia. Os nossos encontros nunca lhe deverão cansar por isso se sinta livre de escolher a sua melhor
disponibilidade para poder trabalhar comigo.

5.Riscos e benefícios

Foi necessário explicar os riscos da investigação ao entrevistado assim como os seus benefícios. O estudo
não envolve nenhum risco para a saúde, integridade física e não envolve ensaios clínicos. Entretanto, este
aprofundará os conhecimentos sobre Impacto da desnutrição aguda no desenvolvimento das crianças
menores de 5 anos de idade, apenas irei conversar e interagir consigo sobre aspectos relacionados com o
tema em estudo.

6.Confidencialidade

Toda a informação colhida neste estudo será confidencial, isto significa que ninguém mais, a não ser eu,
terá conhecimento sobre o conteúdo. Todos os dados colhidos serão guardados num local seguro no
ISEDEL sem qualquer identificação e devidamente codificados.
A sua privacidade será sempre garantida. Você será somente associado às informações se assim o
solicitar ou consentir. Se não o fizer, as informações por si dadas à estudante nunca serão divulgadas
naqueles casos em que a sua divulgação possa resultar em violação da sua integridade social ou
identificação por terceiros. Nunca omitirei informações ou comentários relacionados com o processo da
investigação, fora das instâncias a que o processo diga respeito, ou em outras julgadas inapropriadas.

7.Voluntariedade

A sua participação nessa investigação é voluntária, não é uma obrigação política ou legal de qualquer tipo.
Assim, sinta-se livre de rejeitar o meu pedido para participar na investigação, se não concordar com o
estudo ou não estiver em condições de colaborar.

43
Caso queira participar no estudo, agradeço que assine a declaração em anexo e me devolva. Ao assinar
esta declaração confirma também que compreendeu os objectivos do estudo e que me permite usar as
informações por si prestadas para a elaboração de um relatório, uma monografia, um livro e artigos
científicos a serem publicados nacionalmente para ajudar a responder a problemática da desnutrição
aguda em crianças menores de 5 anos.

8.Privacidade

Deve-se garantir a privacidade do seu informante e a hora de fazer entrevista deve ser marcada.

9.Meus contactos

Em caso de dúvidas entre em contacto pelos seguintes endereços:


Instituto Superior de Estudos de Desenvolvimento Local – ISEDEL.

Ana João Manuel – Estudante

Telefone directo: 846413266

Agradeço pela sua colaboração, sem mais do momento.

44
Declaração de consentimento informado
N - de identificação:/__/__/__/__/__/__/__/__/__/__/__/__/__/__/__/
Eu___________________________________________________________________________aceito

Participar na investigação do Instituto Superior de Estudo de Desenvolvimento Local (ISEDEL) intitulado


Impacto da desnutrição aguda no desenvolvimento das crianças menores de 5 anos de idade: estudo de
caso do Centro de Saúde da Manhiça. Confirmo que compreendi os seus objectivos e autorizo o uso das
informações por mim prestadas para a elaboração de um relatório, monografia, livro e artigos científicos a
serem publicados nacionalmente com o objectivo de fornecer respostas ao problema da desnutrição aguda
em crianças menores de 5 anos de idade. A informação será recolhida no local de trabalho dos
funcionários e local de atendimento aos pacientes. Eu compreendo que toda a informação colhida pela
estudante do ISEDEL, serão confidenciais, isso significa que mais ninguém, a não ser a estudante e o seu
supervisor, terão conhecimento do conteúdo que for a dizer.

Todos os dados recolhidos na investigação serão guardados num local seguro, nos arquivos do ISEDEL
sem qualquer identificação.

Consentimento:
Nome_____________________________________________________________________________
Sexo_____________________________idade____________contactos_______________________
Assiatura__________________________________________________________________________
Testemunha________________________________________________________________________
Assinatura_________________________________________________________________________
Manhiça, aos_____de_____________________de 2019
Profissão __________________________, local de trabalho________________________________
Função social_______________________________________________________

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Instrumentos de recolha de dados

Os instrumentos que foram utilizados para a recolha de dados, basearam-se nas técnicas de entrevista
semi-estruturada, observação e Pesquisa documental. Utilizou-se a entrevista semi-estrutura aos
profissionais de saúde, e as mães das crianças desnutridas. A observação foi feita baseando-se no nível
de atendimento as crianças com desnutrição aguda, as práticas alimentares recomendadas pelos
profissionais de saúde, os tipos de vitaminas recomendadas para as crianças com desnutrição aguda, o
comprometimento dos profissionais de saúde na busca de soluções viáveis para o tratamento da
desnutrição aguda. Quanto à técnica da pesquisa documental, foram feitas com base num guião
documental que permitiu o controlo de todos os documentos que foram consultados ao longo da pesquisa.

A escolha destes instrumentos, permitiu-nos a análise e interpretação das informações recolhidas no


campo da pesquisa sobre o impacto da desnutrição aguda no desenvolvimento das crianças menores de 5
anos de idade, a partir das percepções dos intervenientes na pesquisa.

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INSTITUTO SUPERIOR DE ESTUDOS DE DESENVOLVIMENTO LOCAL- ISEDEL

APÊNDICE A: Guião de entrevista aos profissionais de saúde.

 Percepções sociais sobre a desnutrição aguda;

1. O que entende-se por desnutrição aguda?

_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________

2. Como se manifesta a desnutrição aguda?

_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________

3. Quais são os factores que estão associados a desnutrição aguda?

_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________

 Causas da desnutrição aguda

1. Quais são as causas da desnutrição aguda?

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_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________

2. Qual é a relação entre a desnutrição aguda com os hábitos alimentares?

_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________

3. Que implicações a desnutrição aguda têm no desenvolvimento das crianças?

_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________

 Propor medidas que podem ser adoptadas para a redução de casos de desnutrição aguda no
Centro de Saúde da Vila da Manhiça.

1. Que medidas devem ser tomadas em consciência para a redução do índice da desnutrição aguda?

_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________

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APÊNDICE B: Guião de entrevista para mães das crianças

 Percepções sociais sobre a desnutrição aguda

1. Já ouviu falar da desnutrição aguda?Sim____ ou Não_____


2. O que entendes por desnutrição aguda?

_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________

3. Como se manifesta a desnutrição aguda?

_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________

4. No seu ponto de vista, quais são os factores que estão associados a desnutrição aguda?

_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________

5. Quais são os hábitos alimentares na família?

_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________

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 Causas da desnutrição aguda

1. Quais são as causas da desnutrição aguda?

_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________

2. Os hábitos alimentares nas famílias influenciam no índice da desnutrição aguda? Sim____ ou


Não____ Se sim, como:

_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________

3. Que consequências a desnutrição trás para o desenvolvimento das crianças?

_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________

 Propor medidas que podem ser adoptadas para a redução de casos de desnutrição aguda no
Centro de Saúde da Vila da Manhiça.

 Que medidas devem ser tomadas em consciência para a redução do índice da desnutrição aguda?

_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________

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NSTITUTO SUPERIOR DE ESTUDOS DE DESENVOLVIMENTO LOCAL- ISEDEL

APÊNDICE C: Guião de Observação

Os tópicos que pretendemos observar são:

1. O nível de atendimento feito as crianças com desnutrição aguda;


2. As práticas alimentares recomendadas pelos profissionais de saúde;
3. Os tipos de vitaminas recomendadas para as crianças com desnutrição aguda,
4. O comprometimento dos profissionais de saúde na busca de soluções viáveis para o tratamento da
desnutrição aguda.

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APÊNDICE D: Guião de Pesquisa documental

Na pesquisa documental, iremos nos basear em:

1. Dados da localização geográfica do campo em estudo;


2. Dados de registo de pacientes com a desnutrição aguda.

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