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Thiago F. Sant’Anna
Thiago F. Sant’Anna . Imagens que devoram: cinema, teoria queer e educação em Cultura Visual 209
e acessível àqueles/as que buscam se enveredar inicialmente
pelos estudos sobre as visualidades, pois nos oportuniza com
orientações proveitosas sobre os campos conhecidos como Be-
las Artes e Cultura Visual, sem se limitar a qualquer leitura line-
ar ou evolutiva. Algumas indagações genealógicas sobre a “rede
histórica de poderes e conhecimentos na área” são fomentadas:
“Quem nomeia? Pra quem? Quem ganha ou perde com o obs-
curecimento, a afirmação ou supressão destes conceitos? O que
está em jogo? O que o seu uso revela ou torna invisível?” (DIAS,
2011, p. 44). Suas problematizações e considerações sobre a di-
versidade de termos que encampam os estudos visuais, muitas
vezes, “justapostos e como se significassem as mesmas coisas”,
nos possibilitam observar e analisar o desenho das condições de
produção dos campos de estudos classificados. Nessa direção,
Dias reconhece ser papel dos arte/educadores “entender a his-
tória desses conceitos” para saber como empregá-los de forma
adequada para o desenvolvimento das atividades pedagógicas,
não para alcançar uma compreensão evoluída sobre o campo,
mas para aguçar o espírito crítico acerca dos mesmos.
A singularidade de sua obra encontra-se atravessada pela
perspectiva adotada dos estudos de gênero na História da Arte.
Do seu lugar de fala – a teoria queer dos anos 1990 – emanam
suas considerações acerca das primeiras abordagens marca-
das pela ausência das estéticas femininas e das segundas pau-
tadas pela busca pela igualdade de gênero nos anos 1980. É
nesse momento que Dias, de forma segura e coerente, situa o
lugar de fala da sua análise, imerso na concepção de epistemo-
logia de fronteira, a partir da qual os estudos feministas, gays e
lésbicos, disseminados pelas teorias feministas e queers, não
podem ser usados de forma a serem “inseridas” nas áreas de
conhecimento dominadas tradicionalmente pelos cânones,
como a Educação, a História e a Medicina. Ao contrário, a ini-
ciativa de Dias é marcadamente transgressiva, ao reivindicar
a fronteira/margem “como um espaço epistemológico gerador
de aceitação, compreensão, reconhecimento, valoração, con-
tradição e capaz de transpor epistemologias configuradas por
diferentes posições geoculturais e históricas” (DIAS, 2011, p.
90). Ao recusar as noções de centro/marginal e “investigar a
relação que se cria entre o texto e o espectador como modelo
interpretativo para uma subjetividade crítica e ativa na arte-
-educação”, Dias decifra a esfinge dos “sistemas visuais de re-
presentação sexual que têm impacto teórico e prático para a
arte-educação”, sob um ponto de vista interdisciplinar.
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Referências
Thiago F. Sant’Anna
tfsantanna@yahoo.com.br
Doutor em História pela Universidade de Brasília, na Área de
Concentração em Estudos Feministas e de Gênero. Atualmente
é pós-doutorando em Artes e Cultura Visual, sob a supervisão
da Profa. Dra. Rosana Horio Monteiro, pelo Programa de Pós-
Graduação em Artes e Cultura Visual da Faculdade de Artes Visuais
da Universidade Federal de Goiás e professor do curso de Serviço
Social do Campus Cidade de Goiás/UFG.
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