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RECLAMAÇÃO DISCIPLINAR
(COM PEDIDO DE LIMINAR)
(I) DOS FATOS E DA VIOLAÇÃO PERPETRADA PELO RECLAMADO AO ARTIGO 236, VIII, IX E
X, DA LC 75/93 E AO PRINCÍPIO DO PROMOTOR NATURAL (ART. 5º, LV, DA CRFB). DA QUEBRA DOS
DEVERES DE URBANIDADE, DE DECORO, E DE ZELO E PROBIDADE. DO ESBULHO ÀS ATRIBUIÇÕES DA
FORÇA-TAREFA DO MPDFT PARA COMBATE À COVID-19. DA PRÁTICA DE ILÍCITO ADMINISTRATIVO
APROXIMADO, EM TESE, AO DELITO DO ART. 319 DO CÓDIGO PENAL.
“(...)
Ou seja, reconheceu-se que o princípio do promotor natural deriva da cláusula
do devido processo legal, segundo a qual ninguém será processado nem
sentenciado senão pela autoridade competente, uma vez que quem processa
não é propriamente o juiz, mas sim o Ministério Público; e da garan a da
inamovibilidade, que impede designações casuís cas ou a re rada de
promotores de casos importantes, como várias vezes ocorreu, antes da
Cons tuição de 1988, em alguns ministérios públicos estaduais e até mesmo no
Ministério Público Federal.
Trata-se, portanto, de uma garan a de imparcialidade da atuação do órgão do
Ministério Público, tanto a favor da sociedade quanto a favor do próprio
acusado, que não pode ser subme do a um acusador de exceção (nem para
privilegiá-lo, nem para auxiliá-lo). Há casos anteriores a 1988 em que membros
do Ministério Público pra caram crimes e o Procurador-Geral alterou o
promotor originalmente incumbido de atuar nos respec vos processos para
“facilitar” a acusação.
É inadmissível, portanto, após o advento da Cons tuição Federal de 1988,
regulamentada pela Lei Orgânica Nacional do Ministério Público (Lei
8.625/1993), que o Procurador-Geral faça designações arbitrárias de
Promotores de Jus ça para uma Promotoria ou para as funções de outro
Promotor, que seria afastado compulsoriamente de suas atribuições e
prerroga vas legais, porque isso seria ferir a garan a da inamovibilidade
prevista no texto cons tucional.
(...)” (HC 114093 / PR – PARANÁ; HABEAS CORPUS; Relator(a): Min. MARCO
AURÉLIO; Relator(a) p/ Acórdão: Min. ALEXANDRE DE MORAES; Julgamento:
03/10/2017, DJE 21/02/2018; Órgão Julgador: Primeira Turma)
O código deôn co posto na Lei Orgânica do MPU não pode, enfim, ser abandonado,
mesmo que o promotor esteja a realizar uma visita a um local público, no exercício de uma prerroga va,
um direito-função que, como qualquer outro, não é absoluto e comporta ponderações concretas diante
da necessidade de assegurar o interesse público.
Quis o reclamado, em vez de agir com moderação, discrição, e prudência, criar um
espetáculo e promover uma ação incauta que chamasse a atenção da opinião pública para um suposto
ilícito que só exis a em sua fér l imaginação.
O Ministério Público brasileiro há muito já amadureceu e não costuma mais promover
essas diligências de caráter exibicionista, tendo, antes, assimilado boas prá cas para proteger a
credibilidade de suas ações perante os demais poderes e perante a opinião pública.
A ação fiscalizatória do promotor EDUARDO GAZZINELLI VELOSO, no contexto concreto,
foi, assim, de qualquer ângulo de análise, amplamente desproporcional e desarrazoada, o que não é
aceitável de qualquer membro do parquet, máxime de experiente promotor que até mesmo já liderou
importantes operações de combate a desvios de valores do erário distrital.
Outrossim, ao dirigir-se, de forma descortês e in midatória, ao senhor ULYSSES
RODRIGUES DE CASTRO, criando alvoroço inapropriado nas dependências de um hospital, o membro
reclamado fez crer, ainda, de forma indevida, que os equipamentos cuja entrega seria supostamente
fiscalizada naquela blitz ministerial deveriam estar presentes já naquela ocasião.
O ora representado desconhecia, portanto, plenamente, que o cronograma de entrega
está atrelado ao da paula na implantação dos leitos e que nada de irregular se passava.
Observa-se, outrossim, com facilidade, que, admi da, apenas para efeito de
argumentação, eventual atribuição do promotor para atuar no caso, o mesmo obje vo da diligência
poderia ter sido alcançado, de forma proporcional e ordeira, caso o promotor vesse requisitado ao GDF
simples informações sobre o cronograma de entrega e a execução do contrato.
O problema é que o representado ignora, por completo, a presunção de legi midade dos
atos administra vos e parece só acreditar no que lhe é informado ao presenciar a ro na administra va
das ações de saúde, mesmo que à custa da provocação de desnecessário tumulto para os trabalhos de
funcionamento da administração do hospital.
Presente meio menos gravoso e igualmente eficaz, é condenável, assim, à luz do princípio
da proporcionalidade, a visita promovida de assalto, em ambiente impróprio para tanto, que criou
evitável risco para a saúde da comi va, das pessoas que trabalhavam no hospital e também para
pacientes carentes de tratamento.
Como já visto, o promotor estava claramente despreparado para o que iria encontrar, o
que é até natural, já que não atuava no âmbito de suas atribuições legais.
Tanto assim que desconhecia que a entrega dos equipamentos procurados na ocasião da
visita está subme da a um cronograma racional descrito no próprio contrato entabulado entre o
Distrito Federal e a empresa que os fornecerá.
Os prazos vêm sendo honrados com razoabilidade e rigor, como não poderia deixar de
ser.
A eventual incúria de empresas contratadas, ademais, se um dia se fizer presente, será
tratada com o rigor sancionatório imposto aos contratantes pela Lei n. 8.666/93, que pode até mesmo
sujeitar a pessoa jurídica eventualmente faltosa à suspensão do direito de contratar com o Poder Público.
O certo, porém, é que, no caso, não havia qualquer irregularidade a ser fiscalizada. A
ação do Distrito Federal é legí ma e voltada a atender às necessidades da população em tempos de
pandemia, e os equipamentos objeto do contrato têm sido entregues a tempo e modo.
Todos os fatos ora ar culados, por sinal, serão comprovados por evidência testemunhal e,
mesmo agora, já se escoram em início de prova por escrito, materializado em ata notarial que foi lavrada
pelo tabelião do 4º O cio de Notas, Protesto de Títulos, Registro Civil, Títulos e Documentos e Pessoas
Jurídicas do Distrito Federal, a pedido de VALDETÁRIO ANDRADE MONTEIRO, Secretário da Casa Civil do
Distrito Federal.
Na citada ata notarial, meio de prova legí mo e hoje explicitamente previsto no art. 384 do
CPC, o tabelião reduziu a termo as declarações prestadas pelos senhores ULYSSES RODRIGUES DE
CASTRO, MARCELO HENRIQUE DE MELLO e SÉRGIO ROBERTO MELO BRINGEL, que estavam presentes no
hospital de campanha no momento da anormal diligência ministerial.
Do documento consta a seguinte declaração, prestada pelo senhor ULYSSES RODRIGUES DE
CASTRO:
“Então, passei a ouvir de Ulysses (o que foi ra ficado por Marcelo Henrique e
Sérgio Roberto): 1. Que está atuando como um dos administradores do
Hospital de Campanha de Brasília, montado no Estádio Nacional de Brasília; 2.
Que, em vinte e dois de maio de dois mil e vinte, sexta-feira, por volta das nove
horas e trinta minutos, estava no Hospital de Campanha a equipe do Hospital
composta por ele (Ulysses); pelo coordenador-médico do Hospital de
Campanha, Adélito (médico servidor da Secretaria de Saúde do Distrito
Federal); pelo representante da empresa prestadora de serviço à Secretaria de
Saúde do Distrito Federal, Marcelo Henrique de Mello; pelo sócio dessa
empresa prestadora de serviços, Sérgio Roberto Melo Bringel e pela equipe de
transportes de pacientes do Hospital de Campanha. 3. Que, nesse momento
(por volta das 9h30), essa equipe se mobilizava para receber no Hospital de
Campanha a primeira transferência de paciente portador da doença COVID-
19; 4. Que, então, nessa área interna do Hospital, nesse horário (por volta das
9h30), compareceu uma comi va do Ministério Público do Distrito Federal e
Territórios (com dez ou doze pessoas): dois membros do Ministério Público: o
promotor de jus ça que Ulysses já conhecia, Marcelo Barenco, e outro de
quem não sabe o nome; quatro técnicos (Moisés e Ângelo e duas senhoras
cujo nome desconhece); mais quatro ou seis funcionários uniformizados,
aparentemente seguranças de empresa terceirizada (com crachá e uniforme
composto por terno escuro e gravata). 5. Que os promotores de jus ça
apresentaram-se a ele (Ulysses); 6. Que não foi exibido documento algum. 7.
Que ele (Ulysses) não fora comunicado da visita nem pelo MPDFT e nem pelo
chefe de segurança do Hospital, coronel Ferrari. 8. Que os promotores de
jus ça não se iden ficaram com documentos, mas um dos promotores era
conhecido dele (Ulysses); 9. Que os promotores de jus ça perguntaram pelo
coronel Ferrari (chefe de segurança do Hospital de Campanha, que não estava
presente). 10. Que os promotores de jus ça comunicaram-lhe verbalmente
que estavam ali para uma visita para conferir se estavam no Hospital
equipamentos previstos no contrato de prestação de serviços do Hospital de
Campanha do Distrito Federal, firmado pelo Governo do Distrito Federal com
empresa privada. 11. Que ele (Ulysses) não fez nenhuma objeção à visita e aos
trabalhos da comi va do MPDFT. 12. Que os promotores de jus ça exibiram um
documento, que seria um anexo a referido contrato, que conteria a listagem
dos equipamentos referentes ao contrato de prestação de serviços do Hospital
de Campanha e relataram que estavam no hospital para realizar visita de
checagem da existência de cada um dos itens daquele anexo. 13. Que os
promotores de jus ça perguntaram quem os acompanharia. 14. Que, então, o
representante da empresa, Marcelo Henrique de Mello, ofereceu-se para
acompanhá-los, o que foi aceito por todos (...)
Não há qualquer dúvida de que, no contexto ora relatado, sem qualquer deferência ao
princípio do promotor natural e em evidente desvio de finalidade, prevalecendo-se, ainda, de sua
posição de membro do Ministério Público, o reclamado criou, impropriamente, um clima de in midação
para controlar, supostamente, a execução de contratos relacionados à implantação e funcionamento do
hospital de campanha.
Fica, então, a questão: por que mo vo teria o reclamado agido de forma tão solipsista?
Por que, de forma tão dis nta da que vem caracterizando a lhana ação dos promotores da
força-tarefa em outras ocasiões, teria sido tão duro e agressivo em um ambiente hospitalar, mostrando-
se indiferente, inclusive, à necessidade de tomar medidas de cautela em relação à visita para evitar a
contaminação da sua comi va e do pessoal que trabalhava no hospital?
A provável resposta a tal questão recua no tempo e remonta ao processo cons tucional
de escolha do Procurador-Geral de jus ça do MPDFT no úl mo biênio (2018-2020).
Como se sabe, o reclamado par cipou da formação da lista tríplice para
encaminhamento ao Presidente da República, na úl ma eleição conduzida pela Associação de
Membros do MPDFT.
Tendo ob do a segunda maior votação, o membro reclamado buscou, por meio de
interposta pessoa, a saber, o senhor CLÉBER LOPES, o apoio do advogado IBANEIS ROCHA, ligado ao MDB,
para que viesse a ser escolhido pelo então Presidente da República, MICHEL TEMER, como Chefe do
MPDFT.
Sucede que o reclamante, na ocasião, recusou-se a ajudá-lo em sua campanha, porque
considerou o pedido inusitado e impróprio. Com o Presidente da República, seu pleito não teve melhor
sorte, e GUSTAVO ROCHA informou a CLÉBER LOPES que EDUARDO GAZZINELLI não seria o escolhido.
Ressen do com a falta de apoio e com a escolha presidencial da ilustre Dra. Fabiana Costa
Oliveira Barreto, que ocupava a terceira posição entre os mais votados, para ocupar o cargo de Chefe do
MPDFT, o reclamado resolveu, portanto, em plena pandemia, retaliar o hoje Governador, tentando
lançar sobre a sua gestão em defesa da saúde pública do Distrito Federal a vil suspeita de
desones dade.
Em verdade, a preterição do representado acabou ocorrendo não por ação de IBANEIS
ROCHA, como parece supor o reclamado, em sua retaliação tardia, mas em razão de critério de falta de
afinidade polí ca com o então Presidente da República, MICHEL TEMER.
O reclamado, como bem se sabe, integrou, na qualidade de membro auxiliar, e teve
destacado papel na Lava-Jato, coordenada pelo Dr. RODRIGO JANOT, Procurador-Geral que, sabidamente,
ao oferecer duas ações penais contra o Presidente da República em um dos desdobramentos da
operação, acabou por se tornar seu desafeto polí co.
A relação entre EDUARDO GAZZINELLI e o outrora Procurador-Geral da República era
bastante próxima e rendeu àquele citações elogiosas feitas por este.
A aleivosia e a vingança planejadas na diligência ao hospital de campanha no Estádio
Nacional de Brasília (Mané Garrincha), porém, não triunfaram. Logo se viu, na ocasião da ilegal e
inconveniente visita, que, conforme a ata notarial então lavrada, a entrega dos equipamentos ao
hospital de campanha está em dia, como em dia estão as medidas gerais de prevenção à disseminação
da COVID-19.
Calha lembrar, a propósito, que qualquer agente público minimante atento às esta s cas
oficiais divulgadas pelo Ministério da Saúde sabe que a performance do Distrito Federal no combate ao
Novo Coronavírus é destacada e digna de encômios.
As medidas de distanciamento social e quarentena, postas em prá ca em caráter pioneiro
na federação, felizmente, situam o Distrito Federal entre os raros entes federados que estão conseguindo
evitar o estrangulamento da rede da saúde pública no atendimento à COVID-19, com taxa de internação
em UTIs man da em patamar inferior a 40% (quarenta por cento) no momento do oferecimento da
presente reclamação disciplinar.
Disso se dessume que mo vo justo de ordem administra va não há para a desconfiança
ministerial em relação aos propósitos e aos meios empregados pela Administração Distrital no combate à
pandemia.
Como visto, o mo vo real da diligência empreendida pelo representado foi a sua
intenção nada nobre de gerar possível desgaste à imagem do Governador do Distrito Federal,
provocada por sen mento de revanchismo inconfessável e pessoal do reclamado.
O representado, preterido pelo Presidente MICHEL TEMER, em 2018, na escolha para a
chefia do MPDFT, atribui ao pouco empenho polí co do reclamante na campanha havida ao tempo da
formação da lista tríplice o fato de hoje não ocupar a pretendida chefia do comba vo parquet local.
Frustrado em suas aspirações polí cas, o reclamado flerta, assim, em tese, com a
prevaricação, em ato ilícito administra vo que se assemelha, perigosamente, ao delito pificado no art.
319 do Código Penal Brasileiro:
A prá ca de visitação, no caso, foi levada a cabo no exercício do cargo, para sa sfazer, ao
menos em tese, pelo que se extrai da narra va dos fatos, interesse pessoal de vindita contra o Chefe do
Poder Execu vo.
Não havia, repita-se, ao tempo da diligência, qualquer indício de prá ca de irregularidade
no contrato executado no hospital de campanha a endossar o comportamento funcional reprovável do
reclamado; mais do que isso, como visto, já se assinalou exis r uma história pregressa de
desentendimento entre o reclamante e o representado que remonta à úl ma disputa pelo cargo de
Procurador-Geral de Jus ça no MPDFT.
Os conflitos pessoais entre IBANEIS ROCHA e o grupo de apoio a EDUARDO GAZZINELLI
projetaram-se até mesmo após a aposentadoria de RODRIGO JANOT, contra quem o atual Chefe do
Execu vo do Distrito Federal representou na OAB após vir à tona o episódio no qual o úl mo Procurador-
Geral da República confessou suas intenções homicidas em relação ao Ministro GILMAR MENDES.
Pressionado pelo pedido e para evitar a aplicação de uma suspensão preven va, o Dr. RODRIGO JANOT
pediu, voluntariamente, a suspensão de sua inscrição como advogado.
Diante de todo o contexto antes narrado, no qual se demonstrou que EDUARDO
GAZZINELLI vem promovendo diligências fora de suas atribuições e, ainda, vem sendo movido por
espírito de vindita contra IBANEIS ROCHA, a reclamação disciplinar deverá ser processada regularmente,
para que seja colhida a manifestação do membro representado, no prazo de 10 (dez dias) fixado pelo art.
76 do RICNMP.
Sugere-se ao ilustre Corregedor Nacional, ainda, que, valendo-se do seu poder de realizar
as diligências que julgar necessárias para realizar a apuração preliminar da verossimilhança da imputação
ora realizada, determine, na ocasião apropriada, a colheita do depoimento das testemunhas listadas ao
final da presente peça, em rol específico.
Certo de que, à luz da documentação carreada aos autos na presente oportunidade, já
estão presentes indícios suficientes de materialidade e de autoria de infração funcional, e que tais
elementos de prova devem, ainda, ser reforçados ao longo da tramitação da reclamação disciplinar, o
reclamante requer que seja, ao final, instaurado processo disciplinar contra o promotor EDUARDO
GAZZINELLI, na forma prevista pelo art. 77, IV, do RICNMP.
(II) DO PEDIDO
Por todo o exposto, o Governador do Distrito Federal roga ao ilustre Corregedor Nacional
seja processada a presente reclamação disciplinar, determinando-se a in mação do promotor EDUARDO
GAZZINELLI VELOSO, nos termos do RICNMP, para que, querendo, sobre ela se manifeste, no prazo
regimental de 10 (dez) dias, na forma do art. 76 do RICNMP.
Requer, outrossim, liminarmente, inaudita altera parte, que seja ordenado ao promotor
de jus ça reclamado que se abstenha de visitar novas instalações de saúde referenciais voltadas ao
atendimento da população para o tratamento da COVID-19, em estrita obediência ao princípio do
promotor natural.
Caso assim não se entenda, ainda liminarmente, inaudita altera parte, postula seja
determinado ao membro representado que, se desejar visitar hospital dedicado ao tratamento da
COVID-19 no DF, comunique tal intenção com antecedência mínima de 24 horas ao Secretário de
Estado de Saúde, bem como o nome o número das pessoas das quais se fará acompanhar, para que
sejam providenciadas pelas autoridades distritais competentes as devidas medidas de barreira
sanitária no local da diligência, devendo cada um dos membros da equipe ministerial usar o po de
máscara apropriado para esses locais de risco, indicado pela autoridade sanitária, e, de preferência,
face shield. Tal medida de cautela é necessária diante do risco de lesão de di cil reparação consistente na
contaminação de pessoal presente nos hospitais e também da própria comi va ministerial.
Pede ao ilustre Corregedor Nacional, a par disso, que, valendo-se do seu poder regimental
de realizar as diligências que julgar necessárias para realizar a apuração preliminar da verossimilhança da
imputação ora realizada, determine, na ocasião apropriada, a colheita do depoimento das testemunhas
listadas ao final da presente peça, em rol específico.
No mérito, postula seja confirmada a liminar e determinada a instauração de processo
administra vo disciplinar, em decisão a ser referendada pelo plenário, para que o promotor reclamado
venha a responder por haver, em tese, violado os deveres funcionais encartados no art. 236, VIII, IX e X,
da LC 75/93, bem como o princípio cons tucional do promotor natural (art 5o, LV, da CRFB) e, em tese,
pra cado ilícito administra vo análogo ao po narrado no art. 319 do Código Penal.
Requer o Governador do Distrito Federal, finalmente, que, como autor da reclamação, seja
in mado, via Sistema ELO, ou pessoalmente, por escrito, de todos os atos e movimentações do presente
feito, para fim de acompanhamento processual e eventual designação de procurador para a realização de
sustentação oral na sessão colegiada de seu julgamento meritório.
1) ULYSSES RODRIGUES DE CASTRO, brasileiro, médico, portador do CRM/DF 8.077 e do CPF 359.521.561-
34, Diretor-Geral do Hospital Regional da Asa Norte (HRAN), com endereço profissional no Setor Médico
Hospitalar Norte, Quadra 101, Área Especial, Asa Norte, Brasília, DF, CEP 70.000-000;
3) SÉRGIO ROBERTO MELO BRINGEL, brasileiro, sócio da empresa HOSPITAL SERVIÇOS DE ASSISTÊNCIA
SOCIAL EM ALOJAMENTO LTDA, portador da CNH 00090587790 e do CPF 416.576.592-91, com endereço
profissional na sede da citada pessoa jurídica, a saber, Avenida Cosme Ferreira, 1877, sala J, Bairro do
Aleixo, Manaus, AM, CEP 69.083-000.
5) CLÉBER LOPES DE OLIVEIRA, brasileiro, casado, advogado, portador da OAB/DF 15.068, residente e
domiciliado no SHIS QL 14, Conjunto 12, Casa 16, Lago Sul, Brasília, DF, CEP 70.000-000.
¹ Apesar de não ter se iden ficado de forma própria, documento lavrado pela empresa HOSPITAL
SERVIÇOS DE ASSISTÊNCIA SOCIAL SEM ALOJAMENTO LTDA., ora acostado à presente peça, demonstra
que o reclamado foi reconhecido, informalmente, pelo pessoal da empresa. Os representantes da citada
pessoa jurídica afirmam, em correspondência dirigida ao Secretário da Casa Civil, que, “em atenção ao
requerimento que nos foi enviado, no dia de hoje, vimos informar que os Promotores de Jus ça que
compareceram à visita, objeto da Ata Notarial, registrada no 4o O cio de Notas, Protesto de Títulos,
Registro Civil, Títulos e Documentos e Pessoas Jurídicas do Distrito Federal, Prot. 02035, Livro 0002, Folha
114, foram os doutores Eduardo Gazinnelli e Marcelo Barenco.”
² De acordo com o art. 2o da Portaria 212/2020/PGJMPDFT, integram a Força-Tarefa contra COVID-19, no
âmbito do MPDFT, os seguintes membros: o Procurador Distrital dos DIreitos do CIdadão, Procurador de
Jus ça José Eduardo Sabo Paes (coordenador); os promotores de Jus ça Fernanda da Cunha Moraes,
Marcelo da Silva Barenco, Clayton da Silva Germano, Alessandra Campos Morato, Márcia Pereira da
Rocha, Cá a Gisele Mar ns Vergara, Juliana Poggiali Gasparoni de Oliveira, Paulo Roberto Binicheski,
Luciana Medeiros Costa, Alexandre Salles de Paula e Souza, Lenna Luciana Nunes Daher, Hiza Maria Silva
Carpina Lima, Sérgio Eduardo Correia Costa Gomide, Cin a Costa da Silva, Bernardo Barbosa Matos, Luísa
de Marillac Xavier dos Passos, Renato Barão Varalda, Luís Gustavo Maia Lima, Maercia Correia de Mello,
Nísio Edmundo Torres Ribeiro FIlho, Paulo Gomes de Sousa Júnior, Rodrigo de Abreu Fudoli, Cláudia Braga
Tomelin, Jorge Luís Lopes Mansur, Mariana Fernandes Távora, Mariana Silva Nunes, Leonardo Borges de
Oliveira, Gilberto Teles Coelho, Antônio Ezequiel de Araújo Neto, Maria Rosyne e de Oliveira Lima,
Antônio Marcos Dezan.
³ Ementa: 1) A competência exclusiva, indelegável e absoluta para presidir a sessão do CNJ fixou-se, a
par r do advento da EC nº 61/2009, na pessoa do Presidente ou, na sua ausência, do Vice-Presidente do
Supremo Tribunal Federal, nos termos do disposto no ar go 103-B, §1º, da Cons tuição de 1988.
Ressalva do redator do acórdão que reconheceu a impossibilidade de, mesmo antes do advento da EC nº
61, uma sessão do CNJ ser presidida por Conselheiro não oriundo do STF, decidindo, quanto ao ponto,
pela necessidade de modulação temporal. 2) In casu, a sessão do CNJ que determinou a instauração de
processo administra vo disciplinar em face da Impetrante ocorreu em 16/12/2008, antes, portanto, da
entrada em vigor da EC nº 61/2009 que iniciou seus efeitos a contar de 12/11/2009, por isso que o o
Regimento Interno do órgão permi a, na época dos fatos, o exercício da presidência de sessão por
conselheiro não integrante do STF. 3) O princípio da inafastabilidade incide sobre as deliberações do CNJ,
posto órgão de cunho não jurisdicional. 4) As provas ob das em razão de diligências deflagradas na
esfera criminal podem ser u lizadas em processo administra vo disciplinar, uma vez subme das ao
contraditório, posto estratégia conducente à duração razoável do processo, sem conjuração das cláusulas
pétreas dos processos administra vo e judicial. 5) A instauração de um processo administra vo
disciplinar (PAD) prescinde de prévia sindicância, quando o objeto da apuração encontra-se elucidado à
luz de outros elementos lícitos de convicção. 6) A competência originária do Conselho Nacional de Jus ça
resulta do texto cons tucional e independe de mo vação do referido órgão, bem como da sa sfação de
requisitos específicos. A competência do CNJ não se revela subsidiária. 7) Ressalva do redator do acórdão
no sen do de que o Supremo Tribunal Federal, por força do princípio da unidade da Cons tuição e como
Guardião da Carta Federal, não pode desconsiderar a autoridade do CNJ e a autonomia dos Tribunais, por
isso que a conciliação possível, tendo em vista a a vidade correcional de ambas as ins tuições, resulta na
competência originária do órgão, que pode ser exercida de acordo com os seguintes termos e parâmetros
apresentados de forma exemplifica va: a) Comprovação da inércia do Tribunal local quanto ao exercício
de sua competência disciplinar. Nesse contexto, o CNJ pode fixar prazo não inferior ao legalmente
previsto de 140 dias [60 dias (art. 152 da Lei nº 8.112) + 60 dias (art. 152 da Lei nº 8.112 que admite
prorrogação de prazo para a conclusão do PAD) + 20 dias (prazo para o administrador competente decidir
o PAD, ex vi do art. 167 da Lei nº 8.112)] para que as Corregedorias locais apurem fatos que cheguem ao
conhecimento do órgão, avocando os feitos em caso de descumprimento imo vado do lapso temporal;
sem prejuízo da apuração de responsabilidade do órgão correcional local; b) Demora irrazoável na
condução, pelo tribunal local, de processo administra vo com risco de prescrição; c) Falta de quórum
para deliberação, por suspeição, impedimentos ou vagas de magistrados do Tribunal; d) Simulação
quanto ao exercício da competência correicional pelo Poder Judiciário local; e) Prova da incapacidade de
atuação dos órgãos locais por falta de condições de independência, hipóteses nas quais é lícita a
inauguração de procedimento pelo referido Conselho ou a avocação do processo; f) A iminência de
prescrição de punições aplicáveis pelas Corregedorias no âmbito de suas atribuições autoriza o CNJ a
iniciar ou avocar processos; g) Qualquer situação genérica avaliada mo vadamente pelo CNJ que indique
a impossibilidade de apuração dos fatos pelas Corregedorias autoriza a imediata avocação dos processos
pelo CNJ; h) Arquivado qualquer procedimento, disciplinar ou não, da competência das Corregedorias, é
lícito ao CNJ desarquivá-los e prosseguir na apuração dos fatos; i) Havendo conflito de interesses nos
Tribunais que alcancem dimensão que torne o órgão colegiado local impossibilitado de decidir, conforme
avaliação mo vada do próprio CNJ, poderá o mesmo avocar ou processar originariamente o feito; j) Os
procedimentos disciplinares iniciados nas corregedorias e nos Tribunais locais deverão ser comunicados
ao CNJ dentro do prazo razoável de 30 dias para acompanhamento e avaliação acerca da avocação
prevista nas alíneas antecedentes; k) As regras acima não se aplicam aos processos já iniciados, aos em
curso e aos ex ntos no CNJ na data deste julgamento; l) As decisões judiciais pretéritas não são
alcançadas pelos parâmetros acima. 8) O ins tuto da transla o judicii, que realça com clareza solar o
princípio da instrumentalidade do processo, viabiliza o aproveitamento dos atos processuais pra cados
no âmbito do CNJ pelo órgão correicional local competente para decidir a matéria. 9) Denegação da
segurança, mantendo-se a decisão do Conselho Nacional de Jus ça com o aproveitamento de todas as
provas já produzidas.
Documento assinado eletronicamente por IBANEIS ROCHA BARROS JÚNIOR - Matr.1689140-6,
Governador(a) do Distrito Federal, em 29/05/2020, às 14:39, conforme art. 6º do Decreto n°
36.756, de 16 de setembro de 2015, publicado no Diário Oficial do Distrito Federal nº 180,
quinta-feira, 17 de setembro de 2015.