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EXCELENTÍSSIMO SENHOR PRESIDENTE DO CONSELHO NACIONAL DO MINISTÉRIO PÚBLICO

O GOVERNADOR DO DISTRITO FEDERAL, IBANEIS ROCHA BARROS JÚNIOR, portador da


OAB/DF n. 11.555, com endereço profissional no Eixo Monumental, Praça do Buri , Palácio do Buri ,
Brasília, Distrito Federal, CEP 70.000-000, vem, respeitosamente, ofertar a presente

RECLAMAÇÃO DISCIPLINAR
(COM PEDIDO DE LIMINAR)

em face de EDUARDO GAZZINELLI VELOSO, membro do MPDFT, promotor tular da 3ª


PRODEP, com endereço profissional no Eixo Monumental, Praça do Buri , Lote 2, Sede do MPDFT,
Brasília, Distrito Federal, CEP 70.091-900, pelas razões de fato e de direito que passa a aduzir.
Roga seja a presente reclamação disciplinar encaminhada ao ilustre Corregedor Nacional
do Ministério Público, para o devido processamento, bem como, ao final, seja ordenada a instauração de
processo administra vo para a apuração de falta disciplinar, em conformidade com o art. 77, IV, do
RICNMP.

Brasília, 29 de maio de 2020.

IBANEIS ROCHA BARROS JÚNIOR


GOVERNADOR DO DISTRITO FEDERAL
Colendo Conselho Nacional do Ministério Público,
Excelen ssimo Senhor Corregedor Nacional,

(I) DOS FATOS E DA VIOLAÇÃO PERPETRADA PELO RECLAMADO AO ARTIGO 236, VIII, IX E
X, DA LC 75/93 E AO PRINCÍPIO DO PROMOTOR NATURAL (ART. 5º, LV, DA CRFB). DA QUEBRA DOS
DEVERES DE URBANIDADE, DE DECORO, E DE ZELO E PROBIDADE. DO ESBULHO ÀS ATRIBUIÇÕES DA
FORÇA-TAREFA DO MPDFT PARA COMBATE À COVID-19. DA PRÁTICA DE ILÍCITO ADMINISTRATIVO
APROXIMADO, EM TESE, AO DELITO DO ART. 319 DO CÓDIGO PENAL.

Chegou ao conhecimento do Governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha Barros Júnior,


que, no dia 25/05/2020, às 9h30, aproximadamente, o promotor de jus ça EDUARDO GAZZINELLI
VELOSO compareceu ao Estádio Nacional de Brasília (Mané Garrincha).
Na ocasião, de maneira oficiosa, e, sem se iden ficar de maneira própria e ostensiva¹
(vide ata notarial anexa), passou a exigir, de forma anormal, a prestação imediata de contas do
recebimento de equipamentos e produtos de saúde des nados ao atendimento à população do Distrito
Federal no hospital de campanha montado na citada arena espor va para combater a pandemia de
COVID - 19.
É, porém, público e notório que o membro EDUARDO GAZZINELLI VELOSO não integra a
força-tarefa² da COVID-19. O reclamado é, em verdade, tular da 3ª Promotoria de Jus ça de Defesa do
Patrimônio Público e Social (PRODEP), de modo que realizou tal diligência em aberta violação ao
princípio do promotor natural.
Deve-se perceber, atentamente, que há dois membros das Promotorias de Jus ça de
Defesa do Patrimônio Público – PRODEP – no extenso rol de designados na Portaria PGJ n.º 212/MPDFT
(portaria de instauração da força-tarefa contra a COVID-19), a saber, os Doutores ALEXANDRE SALLES DE
PAULA e LENNA LUCIANA NUNES DAHER.
Daí não haver qualquer jus fica va em EDUARDO GAZZINELLI VELOSO ter chamado para si
atribuição que não de nha e sabia não possuir.
Cabe, a propósito, no contexto dos autos, relembrar o conteúdo jurídico-cons tucional do
princípio do promotor natural, por meio do qual se interditam as designações casuís cas do membro do
Ministério Público efetuadas pela chefia da ins tuição, para atuações ad hoc.
Seu teor determina, ainda, que somente o promotor natural, previamente estabelecido
pela lei e por regramentos abstratos do parquet, é que deverá atuar no processo, não podendo haver
incursões voluntariosas de qualquer integrante do Ministério Público para além dos limites de suas
atribuições abstratamente definidas.
A garan a de prévia designação por norma abstrata existe, como se sabe, para preservar a
imparcialidade da atuação do órgão ministerial na defesa dos interesses da sociedade e a lisura dos
procedimentos por ele conduzidos, em exata simetria com a garan a cons tucional do juiz natural.
Não há, na Carta Cidadã, lugar para juiz de exceção, e essa garan a cons tucional seria
certamente aleijada de seu poder prote vo da liberdade dos cidadãos se se permi sse driblá-la por meio
da indicação de um acusador sob encomenda (ou improvisado par o caso).
Nesse sen do, por sinal, o Supremo Tribunal Federal já proclamou que o princípio do
promotor natural deriva da própria cláusula cons tucional do devido processo legal (art. 5o, LV, da CRFB):

“(...)
Ou seja, reconheceu-se que o princípio do promotor natural deriva da cláusula
do devido processo legal, segundo a qual ninguém será processado nem
sentenciado senão pela autoridade competente, uma vez que quem processa
não é propriamente o juiz, mas sim o Ministério Público; e da garan a da
inamovibilidade, que impede designações casuís cas ou a re rada de
promotores de casos importantes, como várias vezes ocorreu, antes da
Cons tuição de 1988, em alguns ministérios públicos estaduais e até mesmo no
Ministério Público Federal.
Trata-se, portanto, de uma garan a de imparcialidade da atuação do órgão do
Ministério Público, tanto a favor da sociedade quanto a favor do próprio
acusado, que não pode ser subme do a um acusador de exceção (nem para
privilegiá-lo, nem para auxiliá-lo). Há casos anteriores a 1988 em que membros
do Ministério Público pra caram crimes e o Procurador-Geral alterou o
promotor originalmente incumbido de atuar nos respec vos processos para
“facilitar” a acusação.
É inadmissível, portanto, após o advento da Cons tuição Federal de 1988,
regulamentada pela Lei Orgânica Nacional do Ministério Público (Lei
8.625/1993), que o Procurador-Geral faça designações arbitrárias de
Promotores de Jus ça para uma Promotoria ou para as funções de outro
Promotor, que seria afastado compulsoriamente de suas atribuições e
prerroga vas legais, porque isso seria ferir a garan a da inamovibilidade
prevista no texto cons tucional.
(...)” (HC 114093 / PR – PARANÁ; HABEAS CORPUS; Relator(a): Min. MARCO
AURÉLIO; Relator(a) p/ Acórdão: Min. ALEXANDRE DE MORAES; Julgamento:
03/10/2017, DJE 21/02/2018; Órgão Julgador: Primeira Turma)

No caso, não paira qualquer dúvida de que o promotor reclamado estendeu,


indevidamente, as suas atribuições e se imiscuiu, sem autorização norma va, nas funções atribuídas à
força-tarefa da COVID-19, ao realizar visita ao hospital de campanha de Brasília.
Há no cia, inclusive, ainda em apuração, de que o membro reclamado teria visitado outros
hospitais de referência de tratamento da COVID-19 com o mesmo propósito e, igualmente, sem deter
atribuições para tanto.
Para confirmar o que ora se afirma quanto à violação ao postulado do promotor natural,
basta, por sinal, conferir os termos da Portaria PGJ n.º 212/MPDFT, acostada à inicial da presente
reclamação disciplinar, que ins tuiu a força-tarefa e designou, um a um, nominalmente, os seus
membros, no art. 2º (em rol já transcrito em nota de rodapé com aproximadamente trinta membros),
tendo indicado, ainda, como seu líder e coordenador, o ilustre Procurador de Jus ça José Eduardo Sabo
Paes, outrora chefe da ins tuição, a quem, com exclusividade, a portaria confere a autoridade para
requisitar o auxílio de servidores.
O desvio de conduta ora no ciado ao CNMP foi comunicado, em primeira mão, à atual
Procuradora-Geral de Jus ça do MPDFT, ilustre Dra. Fabiana Costa Oliveira Barreto, com o devido pedido
de apuração da violação funcional, via órgão de correição local (CGMPDFT), mas, até o presente
momento, não foi objeto de encaminhamento ou de qualquer resposta ao reclamante.
Daí que, diante da inércia do órgão de origem, jus ficada está a atuação cons tucional do
Conselho Nacional do Ministério Público, conforme os parâmetros de competência disciplinar
concorrente e autônoma desenhados no célebre julgamento do MS 28003/STF³.
Volvendo aos fatos, naquela manhã do dia 22 de maio de 2020, o trabalho no hospital de
campanha, já carregado de exacerbada tensão diante da necessidade de receber o primeiro paciente
transferido portador de COVID-19 e de fazer as acomodações necessárias, foi, então perturbado, de
forma desnecessária e abusiva, por uma visita não anunciada e irregular, realizada pelo reclamado
EDUARDO GAZZINELLI VELOSO, que atuava em claro descolamento de suas atribuições funcionais legais.
Não bastasse tudo isso, deve-se recordar que a força-tarefa da COVID-19 – provavelmente
a mais numerosa e abrangente de todos os tempos no parquet local – foi designada pela Excelen ssima
Senhora Procuradora de Jus ça do MPDFT justamente para defender a sociedade nas questões
relacionadas à pandemia de COVID-19.
Uma de suas principais missões é justamente a de realizar a salutar e civilizada
interlocução com o Governo do Distrito Federal no tocante às medidas necessárias para o mizar a
prestação de serviços públicos de saúde à população do Distrito Federal durante essa grave crise
sanitária, classificada pela OMS como emergência de importância internacional.
O art. 1º da citada norma regulamentar afirma, de forma categórica e cristalina, nesse
sen do, que a Força-Tarefa fica ins tuída “para coordenar as a vidades do Ministério Público do Distrito
Federal e Territórios no acompanhamento das ações de combate e prevenção do novo Coronavírus
(COVID-19) no Distrito Federal”.
Durante todo o período de emergência sanitária, é bom assinalar, o Governo do Distrito
Federal jamais se furtou a prestar qualquer informação requisitada por qualquer integrante da força-
tarefa no tocante às ações relacionadas ao combate à doença; de forma altamente transparente, por
sinal, condensa todas as suas ações em um sí o na internet para facilitar as ações de controle e também
para favorecer a fiscalização exercida pela generalidade dos cidadãos brasilienses.
A interlocução com o parquet local, ademais, tem sido intensa, como bem retratam
diversas reuniões cujas atas são anexadas à presente reclamação disciplinar.
Mesmo membros não pertencentes à força-tarefa têm dado contribuições valiosas para o
desenvolvimento de polí cas públicas, como, v.g, sucedeu com a promotoria de defesa das pessoas com
deficiência, que alertou o GDF, em bora hora, para a necessidade de afastar a incidência da
obrigatoriedade do uso de máscaras em relação a pessoas portadoras de espectros do au smo, dadas as
suas peculiares condições de saúde mental.
A irritabilidade e o sofrimento que o uso compulsório lhes provocaria mo vou o Distrito
Federal a regulamentar, especificamente, a sua situação por decreto, em autên co diálogo ins tucional
que levou ao aperfeiçoamento das polí cas públicas adotadas.
O GDF está, portanto, aberto a contribuições ministeriais, mas exige que os serviços
públicos e a população que dele se serve sejam tratados com respeito; não admi rá, portanto, em
hipótese alguma, que instalações públicas sejam simplesmente invadidas por comi vas intrusivas, sob
o pretexto de que vão exercer fiscalização da a vidade hospitalar.
Um mínimo de ordem e bom-senso há de ser pra cado, mesmo diante da sujeição
cons tucional da Administração Pública a controle e a inves gações da parte de diversos órgãos, a
exemplo do MPDFT.
O parquet, portanto, pode e deve exercer, até mesmo por atos próprios, o seu múnus
inves gatório reconhecido pelo Supremo Tribunal Federal, mas não deve, ao pô-lo em prá ca, criar
celeuma, tumulto, ou ceder a impulsos exibicionistas.
Registre-se, por ser absolutamente necessário, que, de forma alguma, o comportamento
do reclamado pode ser generalizado. Não é essa a régua que tem medido os valiosos esforços ministeriais
para solucionar problemas relacionados à pandemia.
Recentemente, a propósito, quando o MPDFT, o MPF e o MPT, em li sconsórcio a vo,
ajuizaram ação civil pública contra o Distrito Federal na Jus ça Federal, o reclamante, em pessoa,
recebeu os ilustres membros do parquet integrantes da força-tarefa no Palácio do Buri , em ato de
inspeção que contou, ainda, com a presença da MM. Juíza da 3ª Vara da Seção Judiciária do Distrito
Federal, Dra. Ká a Balbino, e de membros do primeiro escalão da Administração Distrital.
Desse permanente diálogo ins tucional fru ficaram diversas medidas de controle da
pandemia, tendo, inclusive, havido, em duas ocasiões, o adiamento da data de reabertura do comércio
no Distrito Federal.
Aconteceram, outrossim, com regularidade, ao longo desse di cil e laborioso primeiro
trimestre de combate à pandemia, diversas requisições de documentos ao gabinete do Governador
efetuadas por integrantes da força-tarefa da COVID-19 e pelo gabinete da Procuradora-Geral de Jus ça
do MPDFT, que foram, de forma invariável, prontamente atendidos pela Casa Civil, pela Consultoria
Jurídica e pela Procuradoria-Geral do Distrito Federal, tão logo reunidas as informações solicitadas.
São, assim, numerosos os episódios de cooperação efe va e ostensiva entre o MPDFT e o
Governo do Distrito Federal (como provam os documentos anexos, sobretudo as atas de reunião) nesse
período, que sempre se realizaram dentro de normas de boa convivência ins tucional e também de
segurança sanitária, em contexto em que as autoridades devem ser as primeiras a dar o exemplo para a
população civil na prevenção a comportamentos que possam ser propagadores da doença.
Sucede que, para a surpresa do ora representante, e na contramão de toda a
cordialidade e harmonia que permeava as relações entre o MPDFT e o GDF até então, a inesperada
visita encabeçada pelo membro reclamado, feita por uma comi va desnecessariamente numerosa, de
aproximadamente 12 (doze) pessoas, em local de circulação restrita por medida de proteção sanitária,
não foi previamente comunicada seja às autoridades sanitárias do Distrito Federal, seja ao gabinete do
Governador, tampouco ao coronel Ferrari, que chefia a segurança do hospital de campanha de Brasília.
O ato comandado pelo promotor reclamado foi, assim, para além de claramente
desbordante de suas atribuições, impensado e irresponsável, bem como criou uma circulação indevida
de pessoas em local que deve ser preservado da frequência de pessoal externo, por razões notórias e
de dispensável esclarecimento aos ilustres membros deste Egrégio Conselho Nacional do Ministério
Público.
Era de se esperar que o promotor EDUARDO GAZZINELLI VELOSO, que liderava a comi va,
não vesse esbulhado as funções da força-tarefa.
Mesmo que o reclamado es vesse a agir no âmbito de suas atribuições (o que, como já
visto, não é o caso), por elementar dever de colaboração com medidas de prevenção à disseminação da
COVID-19 e também em cumprimento ao dever de urbanidade e decoro que deve presidir as relações
entre o MPDFT e as autoridades do Distrito Federal, deveria ter, cautelosamente, anunciado a sua
intenção de visitar o local com antecedência, bem como escalado o número estritamente necessário de
pessoas para empreender a diligência.
Não se desconhece, naturalmente, que é prerroga va ministerial, consoante o art. 8o, VI,
da LC 75/93, ter acesso a locais públicos e privados, mas o seu exercício precisa ser atrelado
materialmente a suas atribuições, bem como a outras regras de convivência básica, como as que
preservam a saúde pública.
Tal direito-função, de feições instrumentais ao cumprimento das atribuições do promotor,
há de ser exercido com parcimônia e moderação pelos membros e há de ser guiado pelo princípio da
proporcionalidade.
A lei complementar limita o exercício do direito em face da garan a do domicílio, mas,
embora tenha sido silente em relação a outras restrições, parece ser intui vo que o seu exercício não
pode pôr em xeque o direito cons tucional à saúde, com medidas preven vas de propagação de
epidemias, nem tampouco vulnerar o princípio da con nuidade do serviço público.
Assim é em razão do princípio da concordância prá ca das liberdades ou franquias
públicas.
Caso contrário, uma interpretação extensiva de tal prerroga va poderá causar desordem
administra va e prejudicar o funcionamento de bens de uso especial afetados ao serviço público e ao
interesse cole vo, bem como servir de biombo para a violação ao princípio do promotor natural.
No mínimo, dadas as peculiares condições de ameaça à saúde pública ditadas,
hodiernamente, pela pandemia de COVID-19, o aviso prévio da diligência deveria ter sido efetuado, ainda
que poucas horas antes de sua realização, para que fossem tomadas as medidas mínimas de prevenção à
contaminação.
Trata-se, afinal, como já dito, de local (hospital de campanha) des nado ao tratamento
de doença intensamente contagiosa, que já ceifou a vida de mais de 25.000 (vinte e cinco mil)
brasileiros, até a data da apresentação da presente reclamação disciplinar.
Em tempos de COVID-19, convém referir, para além de punir os membros faltosos, toma-
se a liberdade de sugerir que o CNMP explicite, por resolução, alguma recomendação específica para
organizar um protocolo geral de visita a hospitais, com o escopo de evitar que episódios malsinados
como o ora retratado se reproduzam no Distrito Federal e em outros Estados-Membros.
Caso vesse havido pedido de qualquer membro do parquet integrante da força-tarefa, o
Distrito Federal, no contexto dos autos, teria, sem qualquer dificuldade, fornecido documentação idônea
para demonstrar a inequívoca lisura da execução do contrato, assim como já o fez em diversas
oportunidades ao ser ques onado.
O próprio membro reclamado poderia, ainda, ter se dado ao trabalho de requisitá-las,
tendo, porém, de superar o ônus de demonstrar a atribuição para tanto.
Deveria, porém, ter declinado, mo vadamente, se conduz inves gação, PIP, ou inquérito
civil relacionado a tal contrato, e não se comportado como um agente público invasivo e pouco afeito à
interação saudável entre as ins tuições governamentais.
Nada disso foi feito, porém.
A diligência executada foi, ao contrário, levada a cabo, de inopino e de forma
atabalhoada, sem qualquer adesão a regras mínimas de bom-senso sanitário em tempos de pandemia,
com o escopo de em vão tentar surpreender os servidores do Distrito Federal e os empregados da
empresa terceirizada responsável pela montagem e manutenção do hospital de campanha em uma
suposta blitz de fiscalização contratual.
Nem todos os membros da comi va que acompanhavam o promotor, do que se colhe do
relato de testemunhas, usavam máscaras apropriadas para o local quando empreenderam a visita (e
nem buscaram, perante a autoridade sanitária, informação quanto ao po adequado a ser usado para
frequência a ambientes hospitalares).
Na quadra retratada, o que é mais chocante, em relação aos deveres funcionais de
decoro, de zelo e de probidade impostos pela LC 75/93, no art. 236, IX e X, da LC 75/93, é que o
promotor reclamado não faz parte da força-tarefa, ignorou o princípio do promotor natural, não mandou,
de forma diligente, requisição prévia sobre as informações relacionadas ao contrato que buscava
fiscalizar e agiu, portanto, de forma absolutamente incompa vel com a prudência, franqueza de
propósitos e transparência exigida dos membros do MPDFT.
Violou, assim, os mandamentos encartados no art. 236, VIII, IX e X, da LC 75/93,
aplicáveis aos promotores de jus ça do Distrito Federal e Territórios:

Art. 236. O membro do Ministério Público da União, em respeito à dignidade de


suas funções e à da Jus ça, deve observar as normas que regem o seu exercício
e especialmente:
(...)
VIII - tratar com urbanidade as pessoas com as quais se relacione em
razão do serviço;
IX - desempenhar com zelo e probidade as suas funções;
X - guardar decoro pessoal.

O código deôn co posto na Lei Orgânica do MPU não pode, enfim, ser abandonado,
mesmo que o promotor esteja a realizar uma visita a um local público, no exercício de uma prerroga va,
um direito-função que, como qualquer outro, não é absoluto e comporta ponderações concretas diante
da necessidade de assegurar o interesse público.
Quis o reclamado, em vez de agir com moderação, discrição, e prudência, criar um
espetáculo e promover uma ação incauta que chamasse a atenção da opinião pública para um suposto
ilícito que só exis a em sua fér l imaginação.
O Ministério Público brasileiro há muito já amadureceu e não costuma mais promover
essas diligências de caráter exibicionista, tendo, antes, assimilado boas prá cas para proteger a
credibilidade de suas ações perante os demais poderes e perante a opinião pública.
A ação fiscalizatória do promotor EDUARDO GAZZINELLI VELOSO, no contexto concreto,
foi, assim, de qualquer ângulo de análise, amplamente desproporcional e desarrazoada, o que não é
aceitável de qualquer membro do parquet, máxime de experiente promotor que até mesmo já liderou
importantes operações de combate a desvios de valores do erário distrital.
Outrossim, ao dirigir-se, de forma descortês e in midatória, ao senhor ULYSSES
RODRIGUES DE CASTRO, criando alvoroço inapropriado nas dependências de um hospital, o membro
reclamado fez crer, ainda, de forma indevida, que os equipamentos cuja entrega seria supostamente
fiscalizada naquela blitz ministerial deveriam estar presentes já naquela ocasião.
O ora representado desconhecia, portanto, plenamente, que o cronograma de entrega
está atrelado ao da paula na implantação dos leitos e que nada de irregular se passava.
Observa-se, outrossim, com facilidade, que, admi da, apenas para efeito de
argumentação, eventual atribuição do promotor para atuar no caso, o mesmo obje vo da diligência
poderia ter sido alcançado, de forma proporcional e ordeira, caso o promotor vesse requisitado ao GDF
simples informações sobre o cronograma de entrega e a execução do contrato.
O problema é que o representado ignora, por completo, a presunção de legi midade dos
atos administra vos e parece só acreditar no que lhe é informado ao presenciar a ro na administra va
das ações de saúde, mesmo que à custa da provocação de desnecessário tumulto para os trabalhos de
funcionamento da administração do hospital.
Presente meio menos gravoso e igualmente eficaz, é condenável, assim, à luz do princípio
da proporcionalidade, a visita promovida de assalto, em ambiente impróprio para tanto, que criou
evitável risco para a saúde da comi va, das pessoas que trabalhavam no hospital e também para
pacientes carentes de tratamento.
Como já visto, o promotor estava claramente despreparado para o que iria encontrar, o
que é até natural, já que não atuava no âmbito de suas atribuições legais.
Tanto assim que desconhecia que a entrega dos equipamentos procurados na ocasião da
visita está subme da a um cronograma racional descrito no próprio contrato entabulado entre o
Distrito Federal e a empresa que os fornecerá.
Os prazos vêm sendo honrados com razoabilidade e rigor, como não poderia deixar de
ser.
A eventual incúria de empresas contratadas, ademais, se um dia se fizer presente, será
tratada com o rigor sancionatório imposto aos contratantes pela Lei n. 8.666/93, que pode até mesmo
sujeitar a pessoa jurídica eventualmente faltosa à suspensão do direito de contratar com o Poder Público.
O certo, porém, é que, no caso, não havia qualquer irregularidade a ser fiscalizada. A
ação do Distrito Federal é legí ma e voltada a atender às necessidades da população em tempos de
pandemia, e os equipamentos objeto do contrato têm sido entregues a tempo e modo.
Todos os fatos ora ar culados, por sinal, serão comprovados por evidência testemunhal e,
mesmo agora, já se escoram em início de prova por escrito, materializado em ata notarial que foi lavrada
pelo tabelião do 4º O cio de Notas, Protesto de Títulos, Registro Civil, Títulos e Documentos e Pessoas
Jurídicas do Distrito Federal, a pedido de VALDETÁRIO ANDRADE MONTEIRO, Secretário da Casa Civil do
Distrito Federal.
Na citada ata notarial, meio de prova legí mo e hoje explicitamente previsto no art. 384 do
CPC, o tabelião reduziu a termo as declarações prestadas pelos senhores ULYSSES RODRIGUES DE
CASTRO, MARCELO HENRIQUE DE MELLO e SÉRGIO ROBERTO MELO BRINGEL, que estavam presentes no
hospital de campanha no momento da anormal diligência ministerial.
Do documento consta a seguinte declaração, prestada pelo senhor ULYSSES RODRIGUES DE
CASTRO:

“Então, passei a ouvir de Ulysses (o que foi ra ficado por Marcelo Henrique e
Sérgio Roberto): 1. Que está atuando como um dos administradores do
Hospital de Campanha de Brasília, montado no Estádio Nacional de Brasília; 2.
Que, em vinte e dois de maio de dois mil e vinte, sexta-feira, por volta das nove
horas e trinta minutos, estava no Hospital de Campanha a equipe do Hospital
composta por ele (Ulysses); pelo coordenador-médico do Hospital de
Campanha, Adélito (médico servidor da Secretaria de Saúde do Distrito
Federal); pelo representante da empresa prestadora de serviço à Secretaria de
Saúde do Distrito Federal, Marcelo Henrique de Mello; pelo sócio dessa
empresa prestadora de serviços, Sérgio Roberto Melo Bringel e pela equipe de
transportes de pacientes do Hospital de Campanha. 3. Que, nesse momento
(por volta das 9h30), essa equipe se mobilizava para receber no Hospital de
Campanha a primeira transferência de paciente portador da doença COVID-
19; 4. Que, então, nessa área interna do Hospital, nesse horário (por volta das
9h30), compareceu uma comi va do Ministério Público do Distrito Federal e
Territórios (com dez ou doze pessoas): dois membros do Ministério Público: o
promotor de jus ça que Ulysses já conhecia, Marcelo Barenco, e outro de
quem não sabe o nome; quatro técnicos (Moisés e Ângelo e duas senhoras
cujo nome desconhece); mais quatro ou seis funcionários uniformizados,
aparentemente seguranças de empresa terceirizada (com crachá e uniforme
composto por terno escuro e gravata). 5. Que os promotores de jus ça
apresentaram-se a ele (Ulysses); 6. Que não foi exibido documento algum. 7.
Que ele (Ulysses) não fora comunicado da visita nem pelo MPDFT e nem pelo
chefe de segurança do Hospital, coronel Ferrari. 8. Que os promotores de
jus ça não se iden ficaram com documentos, mas um dos promotores era
conhecido dele (Ulysses); 9. Que os promotores de jus ça perguntaram pelo
coronel Ferrari (chefe de segurança do Hospital de Campanha, que não estava
presente). 10. Que os promotores de jus ça comunicaram-lhe verbalmente
que estavam ali para uma visita para conferir se estavam no Hospital
equipamentos previstos no contrato de prestação de serviços do Hospital de
Campanha do Distrito Federal, firmado pelo Governo do Distrito Federal com
empresa privada. 11. Que ele (Ulysses) não fez nenhuma objeção à visita e aos
trabalhos da comi va do MPDFT. 12. Que os promotores de jus ça exibiram um
documento, que seria um anexo a referido contrato, que conteria a listagem
dos equipamentos referentes ao contrato de prestação de serviços do Hospital
de Campanha e relataram que estavam no hospital para realizar visita de
checagem da existência de cada um dos itens daquele anexo. 13. Que os
promotores de jus ça perguntaram quem os acompanharia. 14. Que, então, o
representante da empresa, Marcelo Henrique de Mello, ofereceu-se para
acompanhá-los, o que foi aceito por todos (...)

Da mesma ata se extrai a fala do senhor MARCELO HENRIQUE, segundo o qual:

1. Que recebeu o documento (a lista) das mãos do promotor de jus ça e


explicou ao promotor de jus ça que ele nha uma listagem de con nha a
totalidade de itens contratados (a serem entregues), mas que o próprio
contrato contém um cronograma em que a entrega é escalonada de acordo
com a implantação dos leitos; portanto, alguns equipamentos constantes da
lista ainda seriam entregues (dentro do referido cronograma), sem prejuízo
algum ao atendimento dos pacientes. 2. Que passaram a caminhar pelo
Hospital, para realizar a conferência, item por item. 3. Que constataram que,
conforme previsto na lista, estavam dispostos nos diversos ambientes do
hospital cento e noventa e sete leitos. 4. Que constataram a existência
completa (conforme previsto na lista) de vários itens, o que era marcado na
lista. (...)

Não há qualquer dúvida de que, no contexto ora relatado, sem qualquer deferência ao
princípio do promotor natural e em evidente desvio de finalidade, prevalecendo-se, ainda, de sua
posição de membro do Ministério Público, o reclamado criou, impropriamente, um clima de in midação
para controlar, supostamente, a execução de contratos relacionados à implantação e funcionamento do
hospital de campanha.
Fica, então, a questão: por que mo vo teria o reclamado agido de forma tão solipsista?
Por que, de forma tão dis nta da que vem caracterizando a lhana ação dos promotores da
força-tarefa em outras ocasiões, teria sido tão duro e agressivo em um ambiente hospitalar, mostrando-
se indiferente, inclusive, à necessidade de tomar medidas de cautela em relação à visita para evitar a
contaminação da sua comi va e do pessoal que trabalhava no hospital?
A provável resposta a tal questão recua no tempo e remonta ao processo cons tucional
de escolha do Procurador-Geral de jus ça do MPDFT no úl mo biênio (2018-2020).
Como se sabe, o reclamado par cipou da formação da lista tríplice para
encaminhamento ao Presidente da República, na úl ma eleição conduzida pela Associação de
Membros do MPDFT.
Tendo ob do a segunda maior votação, o membro reclamado buscou, por meio de
interposta pessoa, a saber, o senhor CLÉBER LOPES, o apoio do advogado IBANEIS ROCHA, ligado ao MDB,
para que viesse a ser escolhido pelo então Presidente da República, MICHEL TEMER, como Chefe do
MPDFT.
Sucede que o reclamante, na ocasião, recusou-se a ajudá-lo em sua campanha, porque
considerou o pedido inusitado e impróprio. Com o Presidente da República, seu pleito não teve melhor
sorte, e GUSTAVO ROCHA informou a CLÉBER LOPES que EDUARDO GAZZINELLI não seria o escolhido.
Ressen do com a falta de apoio e com a escolha presidencial da ilustre Dra. Fabiana Costa
Oliveira Barreto, que ocupava a terceira posição entre os mais votados, para ocupar o cargo de Chefe do
MPDFT, o reclamado resolveu, portanto, em plena pandemia, retaliar o hoje Governador, tentando
lançar sobre a sua gestão em defesa da saúde pública do Distrito Federal a vil suspeita de
desones dade.
Em verdade, a preterição do representado acabou ocorrendo não por ação de IBANEIS
ROCHA, como parece supor o reclamado, em sua retaliação tardia, mas em razão de critério de falta de
afinidade polí ca com o então Presidente da República, MICHEL TEMER.
O reclamado, como bem se sabe, integrou, na qualidade de membro auxiliar, e teve
destacado papel na Lava-Jato, coordenada pelo Dr. RODRIGO JANOT, Procurador-Geral que, sabidamente,
ao oferecer duas ações penais contra o Presidente da República em um dos desdobramentos da
operação, acabou por se tornar seu desafeto polí co.
A relação entre EDUARDO GAZZINELLI e o outrora Procurador-Geral da República era
bastante próxima e rendeu àquele citações elogiosas feitas por este.
A aleivosia e a vingança planejadas na diligência ao hospital de campanha no Estádio
Nacional de Brasília (Mané Garrincha), porém, não triunfaram. Logo se viu, na ocasião da ilegal e
inconveniente visita, que, conforme a ata notarial então lavrada, a entrega dos equipamentos ao
hospital de campanha está em dia, como em dia estão as medidas gerais de prevenção à disseminação
da COVID-19.
Calha lembrar, a propósito, que qualquer agente público minimante atento às esta s cas
oficiais divulgadas pelo Ministério da Saúde sabe que a performance do Distrito Federal no combate ao
Novo Coronavírus é destacada e digna de encômios.
As medidas de distanciamento social e quarentena, postas em prá ca em caráter pioneiro
na federação, felizmente, situam o Distrito Federal entre os raros entes federados que estão conseguindo
evitar o estrangulamento da rede da saúde pública no atendimento à COVID-19, com taxa de internação
em UTIs man da em patamar inferior a 40% (quarenta por cento) no momento do oferecimento da
presente reclamação disciplinar.
Disso se dessume que mo vo justo de ordem administra va não há para a desconfiança
ministerial em relação aos propósitos e aos meios empregados pela Administração Distrital no combate à
pandemia.
Como visto, o mo vo real da diligência empreendida pelo representado foi a sua
intenção nada nobre de gerar possível desgaste à imagem do Governador do Distrito Federal,
provocada por sen mento de revanchismo inconfessável e pessoal do reclamado.
O representado, preterido pelo Presidente MICHEL TEMER, em 2018, na escolha para a
chefia do MPDFT, atribui ao pouco empenho polí co do reclamante na campanha havida ao tempo da
formação da lista tríplice o fato de hoje não ocupar a pretendida chefia do comba vo parquet local.
Frustrado em suas aspirações polí cas, o reclamado flerta, assim, em tese, com a
prevaricação, em ato ilícito administra vo que se assemelha, perigosamente, ao delito pificado no art.
319 do Código Penal Brasileiro:

Art. 319 - Retardar ou deixar de pra car, indevidamente, ato de o cio, ou


pra cá-lo contra disposição expressa de lei, para sa sfazer interesse ou
sen mento pessoal:

A prá ca de visitação, no caso, foi levada a cabo no exercício do cargo, para sa sfazer, ao
menos em tese, pelo que se extrai da narra va dos fatos, interesse pessoal de vindita contra o Chefe do
Poder Execu vo.
Não havia, repita-se, ao tempo da diligência, qualquer indício de prá ca de irregularidade
no contrato executado no hospital de campanha a endossar o comportamento funcional reprovável do
reclamado; mais do que isso, como visto, já se assinalou exis r uma história pregressa de
desentendimento entre o reclamante e o representado que remonta à úl ma disputa pelo cargo de
Procurador-Geral de Jus ça no MPDFT.
Os conflitos pessoais entre IBANEIS ROCHA e o grupo de apoio a EDUARDO GAZZINELLI
projetaram-se até mesmo após a aposentadoria de RODRIGO JANOT, contra quem o atual Chefe do
Execu vo do Distrito Federal representou na OAB após vir à tona o episódio no qual o úl mo Procurador-
Geral da República confessou suas intenções homicidas em relação ao Ministro GILMAR MENDES.
Pressionado pelo pedido e para evitar a aplicação de uma suspensão preven va, o Dr. RODRIGO JANOT
pediu, voluntariamente, a suspensão de sua inscrição como advogado.
Diante de todo o contexto antes narrado, no qual se demonstrou que EDUARDO
GAZZINELLI vem promovendo diligências fora de suas atribuições e, ainda, vem sendo movido por
espírito de vindita contra IBANEIS ROCHA, a reclamação disciplinar deverá ser processada regularmente,
para que seja colhida a manifestação do membro representado, no prazo de 10 (dez dias) fixado pelo art.
76 do RICNMP.
Sugere-se ao ilustre Corregedor Nacional, ainda, que, valendo-se do seu poder de realizar
as diligências que julgar necessárias para realizar a apuração preliminar da verossimilhança da imputação
ora realizada, determine, na ocasião apropriada, a colheita do depoimento das testemunhas listadas ao
final da presente peça, em rol específico.
Certo de que, à luz da documentação carreada aos autos na presente oportunidade, já
estão presentes indícios suficientes de materialidade e de autoria de infração funcional, e que tais
elementos de prova devem, ainda, ser reforçados ao longo da tramitação da reclamação disciplinar, o
reclamante requer que seja, ao final, instaurado processo disciplinar contra o promotor EDUARDO
GAZZINELLI, na forma prevista pelo art. 77, IV, do RICNMP.

(II) DO PEDIDO

Por todo o exposto, o Governador do Distrito Federal roga ao ilustre Corregedor Nacional
seja processada a presente reclamação disciplinar, determinando-se a in mação do promotor EDUARDO
GAZZINELLI VELOSO, nos termos do RICNMP, para que, querendo, sobre ela se manifeste, no prazo
regimental de 10 (dez) dias, na forma do art. 76 do RICNMP.
Requer, outrossim, liminarmente, inaudita altera parte, que seja ordenado ao promotor
de jus ça reclamado que se abstenha de visitar novas instalações de saúde referenciais voltadas ao
atendimento da população para o tratamento da COVID-19, em estrita obediência ao princípio do
promotor natural.
Caso assim não se entenda, ainda liminarmente, inaudita altera parte, postula seja
determinado ao membro representado que, se desejar visitar hospital dedicado ao tratamento da
COVID-19 no DF, comunique tal intenção com antecedência mínima de 24 horas ao Secretário de
Estado de Saúde, bem como o nome o número das pessoas das quais se fará acompanhar, para que
sejam providenciadas pelas autoridades distritais competentes as devidas medidas de barreira
sanitária no local da diligência, devendo cada um dos membros da equipe ministerial usar o po de
máscara apropriado para esses locais de risco, indicado pela autoridade sanitária, e, de preferência,
face shield. Tal medida de cautela é necessária diante do risco de lesão de di cil reparação consistente na
contaminação de pessoal presente nos hospitais e também da própria comi va ministerial.
Pede ao ilustre Corregedor Nacional, a par disso, que, valendo-se do seu poder regimental
de realizar as diligências que julgar necessárias para realizar a apuração preliminar da verossimilhança da
imputação ora realizada, determine, na ocasião apropriada, a colheita do depoimento das testemunhas
listadas ao final da presente peça, em rol específico.
No mérito, postula seja confirmada a liminar e determinada a instauração de processo
administra vo disciplinar, em decisão a ser referendada pelo plenário, para que o promotor reclamado
venha a responder por haver, em tese, violado os deveres funcionais encartados no art. 236, VIII, IX e X,
da LC 75/93, bem como o princípio cons tucional do promotor natural (art 5o, LV, da CRFB) e, em tese,
pra cado ilícito administra vo análogo ao po narrado no art. 319 do Código Penal.
Requer o Governador do Distrito Federal, finalmente, que, como autor da reclamação, seja
in mado, via Sistema ELO, ou pessoalmente, por escrito, de todos os atos e movimentações do presente
feito, para fim de acompanhamento processual e eventual designação de procurador para a realização de
sustentação oral na sessão colegiada de seu julgamento meritório.

Brasília, 29 de maio de 2020.

IBANEIS ROCHA BARROS JÚNIOR


GOVERNADOR DO DISTRITO FEDERAL
ROL DE TESTEMUNHAS

1) ULYSSES RODRIGUES DE CASTRO, brasileiro, médico, portador do CRM/DF 8.077 e do CPF 359.521.561-
34, Diretor-Geral do Hospital Regional da Asa Norte (HRAN), com endereço profissional no Setor Médico
Hospitalar Norte, Quadra 101, Área Especial, Asa Norte, Brasília, DF, CEP 70.000-000;

2) MARCELO HENRIQUE DE MELLO, brasileiro, preposto da empresa HOSPITAL SERVIÇOS DE ASSISTÊNCIA


SOCIAL EM ALOJAMENTO LTDA., médico, portador do CRM/MS 3.807 e do CPF 069.784.328-90, residente
e domiciliado na Rua Jimtoku Minei, n. 45, Apartamento 1901, Royal Park, Campo Grande, MS;

3) SÉRGIO ROBERTO MELO BRINGEL, brasileiro, sócio da empresa HOSPITAL SERVIÇOS DE ASSISTÊNCIA
SOCIAL EM ALOJAMENTO LTDA, portador da CNH 00090587790 e do CPF 416.576.592-91, com endereço
profissional na sede da citada pessoa jurídica, a saber, Avenida Cosme Ferreira, 1877, sala J, Bairro do
Aleixo, Manaus, AM, CEP 69.083-000.

4) GUSTAVO DO VALE ROCHA, brasileiro, advogado, Chefe da Assessoria Especial de Estratégia do


Gabinete do GDF, portador da OAB/DF 13.422 e do CPF 483.214.861-34, casado, com endereço
profissional no Eixo Monumental, Praça do Buri , Palácio do Buri , Brasília, DF, CEP 70.000-000;

5) CLÉBER LOPES DE OLIVEIRA, brasileiro, casado, advogado, portador da OAB/DF 15.068, residente e
domiciliado no SHIS QL 14, Conjunto 12, Casa 16, Lago Sul, Brasília, DF, CEP 70.000-000.

¹ Apesar de não ter se iden ficado de forma própria, documento lavrado pela empresa HOSPITAL
SERVIÇOS DE ASSISTÊNCIA SOCIAL SEM ALOJAMENTO LTDA., ora acostado à presente peça, demonstra
que o reclamado foi reconhecido, informalmente, pelo pessoal da empresa. Os representantes da citada
pessoa jurídica afirmam, em correspondência dirigida ao Secretário da Casa Civil, que, “em atenção ao
requerimento que nos foi enviado, no dia de hoje, vimos informar que os Promotores de Jus ça que
compareceram à visita, objeto da Ata Notarial, registrada no 4o O cio de Notas, Protesto de Títulos,
Registro Civil, Títulos e Documentos e Pessoas Jurídicas do Distrito Federal, Prot. 02035, Livro 0002, Folha
114, foram os doutores Eduardo Gazinnelli e Marcelo Barenco.”
² De acordo com o art. 2o da Portaria 212/2020/PGJMPDFT, integram a Força-Tarefa contra COVID-19, no
âmbito do MPDFT, os seguintes membros: o Procurador Distrital dos DIreitos do CIdadão, Procurador de
Jus ça José Eduardo Sabo Paes (coordenador); os promotores de Jus ça Fernanda da Cunha Moraes,
Marcelo da Silva Barenco, Clayton da Silva Germano, Alessandra Campos Morato, Márcia Pereira da
Rocha, Cá a Gisele Mar ns Vergara, Juliana Poggiali Gasparoni de Oliveira, Paulo Roberto Binicheski,
Luciana Medeiros Costa, Alexandre Salles de Paula e Souza, Lenna Luciana Nunes Daher, Hiza Maria Silva
Carpina Lima, Sérgio Eduardo Correia Costa Gomide, Cin a Costa da Silva, Bernardo Barbosa Matos, Luísa
de Marillac Xavier dos Passos, Renato Barão Varalda, Luís Gustavo Maia Lima, Maercia Correia de Mello,
Nísio Edmundo Torres Ribeiro FIlho, Paulo Gomes de Sousa Júnior, Rodrigo de Abreu Fudoli, Cláudia Braga
Tomelin, Jorge Luís Lopes Mansur, Mariana Fernandes Távora, Mariana Silva Nunes, Leonardo Borges de
Oliveira, Gilberto Teles Coelho, Antônio Ezequiel de Araújo Neto, Maria Rosyne e de Oliveira Lima,
Antônio Marcos Dezan.
³ Ementa: 1) A competência exclusiva, indelegável e absoluta para presidir a sessão do CNJ fixou-se, a
par r do advento da EC nº 61/2009, na pessoa do Presidente ou, na sua ausência, do Vice-Presidente do
Supremo Tribunal Federal, nos termos do disposto no ar go 103-B, §1º, da Cons tuição de 1988.
Ressalva do redator do acórdão que reconheceu a impossibilidade de, mesmo antes do advento da EC nº
61, uma sessão do CNJ ser presidida por Conselheiro não oriundo do STF, decidindo, quanto ao ponto,
pela necessidade de modulação temporal. 2) In casu, a sessão do CNJ que determinou a instauração de
processo administra vo disciplinar em face da Impetrante ocorreu em 16/12/2008, antes, portanto, da
entrada em vigor da EC nº 61/2009 que iniciou seus efeitos a contar de 12/11/2009, por isso que o o
Regimento Interno do órgão permi a, na época dos fatos, o exercício da presidência de sessão por
conselheiro não integrante do STF. 3) O princípio da inafastabilidade incide sobre as deliberações do CNJ,
posto órgão de cunho não jurisdicional. 4) As provas ob das em razão de diligências deflagradas na
esfera criminal podem ser u lizadas em processo administra vo disciplinar, uma vez subme das ao
contraditório, posto estratégia conducente à duração razoável do processo, sem conjuração das cláusulas
pétreas dos processos administra vo e judicial. 5) A instauração de um processo administra vo
disciplinar (PAD) prescinde de prévia sindicância, quando o objeto da apuração encontra-se elucidado à
luz de outros elementos lícitos de convicção. 6) A competência originária do Conselho Nacional de Jus ça
resulta do texto cons tucional e independe de mo vação do referido órgão, bem como da sa sfação de
requisitos específicos. A competência do CNJ não se revela subsidiária. 7) Ressalva do redator do acórdão
no sen do de que o Supremo Tribunal Federal, por força do princípio da unidade da Cons tuição e como
Guardião da Carta Federal, não pode desconsiderar a autoridade do CNJ e a autonomia dos Tribunais, por
isso que a conciliação possível, tendo em vista a a vidade correcional de ambas as ins tuições, resulta na
competência originária do órgão, que pode ser exercida de acordo com os seguintes termos e parâmetros
apresentados de forma exemplifica va: a) Comprovação da inércia do Tribunal local quanto ao exercício
de sua competência disciplinar. Nesse contexto, o CNJ pode fixar prazo não inferior ao legalmente
previsto de 140 dias [60 dias (art. 152 da Lei nº 8.112) + 60 dias (art. 152 da Lei nº 8.112 que admite
prorrogação de prazo para a conclusão do PAD) + 20 dias (prazo para o administrador competente decidir
o PAD, ex vi do art. 167 da Lei nº 8.112)] para que as Corregedorias locais apurem fatos que cheguem ao
conhecimento do órgão, avocando os feitos em caso de descumprimento imo vado do lapso temporal;
sem prejuízo da apuração de responsabilidade do órgão correcional local; b) Demora irrazoável na
condução, pelo tribunal local, de processo administra vo com risco de prescrição; c) Falta de quórum
para deliberação, por suspeição, impedimentos ou vagas de magistrados do Tribunal; d) Simulação
quanto ao exercício da competência correicional pelo Poder Judiciário local; e) Prova da incapacidade de
atuação dos órgãos locais por falta de condições de independência, hipóteses nas quais é lícita a
inauguração de procedimento pelo referido Conselho ou a avocação do processo; f) A iminência de
prescrição de punições aplicáveis pelas Corregedorias no âmbito de suas atribuições autoriza o CNJ a
iniciar ou avocar processos; g) Qualquer situação genérica avaliada mo vadamente pelo CNJ que indique
a impossibilidade de apuração dos fatos pelas Corregedorias autoriza a imediata avocação dos processos
pelo CNJ; h) Arquivado qualquer procedimento, disciplinar ou não, da competência das Corregedorias, é
lícito ao CNJ desarquivá-los e prosseguir na apuração dos fatos; i) Havendo conflito de interesses nos
Tribunais que alcancem dimensão que torne o órgão colegiado local impossibilitado de decidir, conforme
avaliação mo vada do próprio CNJ, poderá o mesmo avocar ou processar originariamente o feito; j) Os
procedimentos disciplinares iniciados nas corregedorias e nos Tribunais locais deverão ser comunicados
ao CNJ dentro do prazo razoável de 30 dias para acompanhamento e avaliação acerca da avocação
prevista nas alíneas antecedentes; k) As regras acima não se aplicam aos processos já iniciados, aos em
curso e aos ex ntos no CNJ na data deste julgamento; l) As decisões judiciais pretéritas não são
alcançadas pelos parâmetros acima. 8) O ins tuto da transla o judicii, que realça com clareza solar o
princípio da instrumentalidade do processo, viabiliza o aproveitamento dos atos processuais pra cados
no âmbito do CNJ pelo órgão correicional local competente para decidir a matéria. 9) Denegação da
segurança, mantendo-se a decisão do Conselho Nacional de Jus ça com o aproveitamento de todas as
provas já produzidas.
Documento assinado eletronicamente por IBANEIS ROCHA BARROS JÚNIOR - Matr.1689140-6,
Governador(a) do Distrito Federal, em 29/05/2020, às 14:39, conforme art. 6º do Decreto n°
36.756, de 16 de setembro de 2015, publicado no Diário Oficial do Distrito Federal nº 180,
quinta-feira, 17 de setembro de 2015.

A auten cidade do documento pode ser conferida no site:


h p://sei.df.gov.br/sei/controlador_externo.php?
acao=documento_conferir&id_orgao_acesso_externo=0
verificador= 40971919 código CRC= 82B8DE01.

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