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1. TEMA .....................................................................................................03
4. METODOLOGIA ....................................................................................08
5. REFERÊNCIAS ......................................................................................09
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1. Tema
Este estudo, que ora se apresenta como anteprojeto de pesquisa, tem como
objetivo investigar, através das narrativas orais de idosos e idosas,
recordações e esquecimentos da memória que constituem vestígios
orientadores da ancestralidade africana. Para tal objetivo procurar-se-á
percorrer dois caminhos: o primeiro, sobre memória, em especial a memória de
idosos; o segundo, sobre africanidades, onde será analisado o grupo étnico-
cultural que, na época da escravidão, constituiu a maior parte dos negros
trazidos para o Brasil – os bantos – vindos do centro-oeste e do leste da África
e dos sudaneses.
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Também desenvolvo uma pesquisa sociolinguística laboviana sobre os falares
quilombolas na comunidade de Alegre/Barreiros, região próxima à Xique-Xique,
onde já foram coletados 52 étimos de origem africana, através de uma
entrevista semi-estruturada com os moradores entre as faixas etárias de 20 a
95 anos de idade, de ambos os sexos. O contato com esta comunidade
possibilitou-me ouvir as narrativas dos mais velhos e as vozes silenciadas, que
se expressavam nos gestos e movimentações de cada entrevistado.
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1. Termo usado por Alvin Toffer in HARVEY, David. Condição Pós-Moderna: Uma Pesquisa sobre as
Origens da Mudança Cultural. 11 ed. SP: Loyola, 2002.
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“Tudo que é sólido” – das roupas sobre os nossos corpos aos teares e
fábricas que as tecem, aos homens e mulheres que operam as
máquinas, às casas e aos bairros onde vivem os trabalhadores, às firmas
e corporações que os exploram, às vilas e cidades, regiões inteiras e até
mesmo as nações que as envolvem – tudo isso é feito para ser desfeito
amanhã, despedaçado ou esfarrapado, pulverizado ou dissolvido, a fim
de que possa ser reciclado ou substituído na semana seguinte e todo o
processo possa seguir adiante, sempre adiante, talvez para sempre, sob
formas cada vez mais lucrativas.
E esta é uma das razões pelas quais este estudo se justifica: resgatar o
respeito à ancianidade, reconhecendo sua importância para a história, pois
como afirma Amandou Hampâté Bâ (2003) “Na África, cada ancião que morre é
uma biblioteca que se queima”.
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Além do mais, a memória não apresenta só a linguagem verbal, mas se
manifesta de diferentes formas. E pensar numa memória pluriétnica é
reconhecer que carregamos no umbigo, segundo Boubacar Barry (2009) essa
tradição, através dos modos de agir, de falar e de fazer religião. Esta memória
motora seria entendida como esquecida, quando na verdade ela está expressa,
só que inconsciente. É como a metáfora da “lousa mágica”, as marcas
registradas no celulóide são apagadas, momentaneamente, mas continuam
registradas na superfície de cera.
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Falar em memória não consiste apenas em entender os mecanismos neuronais
responsáveis pelo desencadeamento de lembranças e esquecimentos, mas
considerar todos os aspectos que a influenciam, desde as emoções, às
imagens que se formam sem o intermédio da escrita, aos processos biológicos
que registram em cada indivíduo, desde o nascimento, nas cadeias de seu
DNA e constitui o seu patrimônio mnemônico, até a necessidade que cada um
tem em manter viva sua biografia, como uma forma de pertencimento, de
identidade e de ligação à uma determinada sociedade e cultura.
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possível com a aceitação de que, além do índio e do europeu, existe dentro de
cada brasileiro um pedaço grandioso destas Áfricas.
4. Metodologia
O grupo que servirá de base para a pesquisa será constituído por alunos de 60
a 90 anos (ou mais, a depender das condições físicas e psicológicas)
regularmente matriculados no projeto UATI, desta Universidade, campus XXIV,
Xique-Xique. Entre os alunos matriculados na oficina Brechó de tesouros, da
qual sou ministrante, serão selecionados 15 idosos e idosas afro-brasileiros,
residentes na sede do município.
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dos vestígios de memória dos idosos e idosas afro-brasileiros, participantes do
grupo.
A previsão de tempo necessário para a realização desta pesquisa é de um ano.
5. Referências
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LOPES, Nei. Kitábu – o livro do saber e do espírito negro-africano. RJ: SENAC
Rio, 2005.
__________. Bantos, malês e identidade negra. MG: Autêntica, 2006.
MINAYO, Maria Cecília de Souza (org.). Pesquisa Social – teoria, método e
criatividade. 23 ed. Petrópolis: Vozes, 2004.
MOREIRA, Herivelto & CALEFFE, Luiz Gonzaga. Metodologia da pesquisa
para professor pesquisador. RJ: DP&A, 2006.
MUNANGA, Kabengele. O negro no Brasil hoje. SP: Global, 2006.
NGOENHA, Severino Elias. O retorno do bom selvagem – uma perspectiva
filosófico-africana do problema ecológico. Porto, Salesianas, 1994.
_______________________. Filosofia africana: das independências às
liberdades. África: Ed. Paulistas, 1993.
PLATÃO. Fedro. SP: Martin Claret, 2007.
PRANDI, Reginaldo. Mitologia dos orixás. SP: Companhia das Letras, 2001.
RICOUER, Paul. A memória, a história, o esquecimento. SP: UNICAMP, 2008.
ROSENFIELD, Israel. A invenção da memória. Rio de Janeiro: Nova Fronteira,
1994.
TEDESCO, João Carlos. Nas cercanias da memória – temporalidade,
experiência e narração. Rio Grande do Sul: EDUSC/UPF, 2004.
THOMPSON, A. Desconstruindo a memória: questões sobre as relações da
história oral e da recordação. SP: PUC, 1995.
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