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1 – INTRODUÇÃO À SOCIOLOGIA.

1.1 Sociologia: a perspectiva sociológica


“Hoje em dia, os homens sentem, freqüentemente, suas vidas privadas como
uma série de armadilhas. Percebem que dentro dos mundos cotidianos, não podem
superar suas preocupações, e quase sempre têm razão nesse sentimento: tudo aquilo de
os homens comuns têm consciência direta e tudo o que tentam fazer está limitado pelas
órbitas privadas em que vivem” (MILLS, 1972).
É comum encontrarmos em jornais, revistas, na TV ou até mesmo em conversas
informais, diversas explicações acerca deste sentimento descrito no parágrafo acima,
termos como: são coisas da vida, ou a vida é assim mesmo são os mais recorrentes.
Entretanto não temos a consciência de que nossa visão, nossas capacidades estão
limitadas pelo cenário próximo: o emprego, a família, os vizinhos, e frente a isso
permanecemos como espectadores. Raramente temos consciência da complexa ligação
entre nossas vidas e o curso da história mundial, por isso não sabemos o significado
dessa ligação com o nosso modo de ser. De que maneira então, podemos explicar nossa
vida sem cair na mesmice das respostas prontas? Como compreender, como me tornar
consciente dos processos históricos que condicionam nossa vida e nossa maneira de ser?
O sociólogo Wrigth Mills esboça uma resposta: “O que precisam [nós], o que
sentem precisar, é uma qualidade de espírito que lhes ajude a usar a informação e a
desenvolver a razão, a fim de perceber, com lucidez, o que está ocorrendo no mundo e
o que pode estar acontecendo dentro deles mesmos“. E foi justamente isso o que
fizeram os pioneiros da ciência chamada Sociologia, no séc. XIX. Ao proporem o
estudo das condições de existência social do seres humanos de sua época, romperam
com as explicações corriqueiras que vigoravam na sociedade européia do séc. XIX e
deram respostas cientificas aos problemas sociais recorrentes de seu contexto histórico.
Colocaram em prática o que Mills chama de imaginação sociológica.
Com um aguçado espírito crítico, os pioneiros da sociologia negaram as
explicações comuns, o chamado senso comum, não se contentaram com a aparência dos
fenômenos sociais, buscaram os nexos causais que constituíam a realidade por eles
vivida, cada qual com sua especificidade metodológica, apresentaram explicações,
propuseram mudanças na sociedade da qual faziam parte. A sociologia, desde seu
inicio, sempre foi algo mais do que uma mera tentativa de reflexão sobre a sociedade
moderna. Suas explicações sempre contiveram intenções práticas, um forte desejo de
interferir no rumo desta civilização. Em outras palavras: “A tarefa que esses pensadores
se propõem é a de racionalizar a nova ordem encontrando soluções para o estado de
desorganização então existente”.
È com esse espírito crítico que iniciamos a disciplina de Sociologia,
desconfiando de tudo e de todos, olhando por trás dos bastidores de nossas relações
sociais, não se contentando com respostas imediatas dadas pelo senso comum e
buscando o auxilio imprescindível de outras disciplinas como a História, a Filosofia, a
Geografia, a Arte, etc..
“Como se vê, a Sociologia não se defronta apenas com o que vagamente se
chama de “realidade”. Diversamente de outras ciências, ela lida ao mesmo tempo com
as interpretações que são feitas sobre essa mesma “realidade”. O conhecimento
cientifico da vida social não se baseia apenas no “fato’, mas na concepção de fato e na
relação entre a concepção e o fato. Uma Sociologia crítica e cientifica é sempre uma
Sociologia do conhecimento, um Sociologia que analisa simultaneamente os fenômenos
sociais e a Sociologia que se debruça sobre eles. Em outras palavras, a reflexão
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sociológica só se complementa quando a Sociologia analisa sociologicamente a própria


Sociologia.”“.
(MARTINS, José de Souza e FORACCHI, Marialice Mercarini (ORG.),
Sociologia e Sociedade: Leituras de introdução à Sociologia. Rio de Janeiro: Livros
técnicos e científicos, 1986, 11º tiragem.)

1.2 O contexto histórico do surgimento da sociologia


[...] “A Sociologia não se afirma primeiro como explicação científica e, somente
depois, como forma cultural de concepção do mundo. Foi o inverso o que se deu na
realidade. Ela nasce e se desenvolve como um dos florescimentos intelectuais mais
complicados das situações de existência nas modernas sociedades industriais e de
classes. E seu progresso, lento mas contínuo, no sentido do saber científico-positivo,
também se faz sob a pressão das exigências dessas situações de existência, que
impuseram tanto ao pensamento prático, quanto ao pensamento teórico, tarefas
demasiado complexas para as formas pré-científicas de conhecimento”. [...]
[...] “Daí a posição peculiar da sociologia na formação intelectual do mundo
moderno. Os pioneiros e fundadores dessa disciplina se caracterizam menos pelo
exercício de atividades intelectuais socialmente diferenciadas, que pela participação
mais ou menos ativa das grandes correntes de opinião dominantes na época, seja no
terreno de reflexão ou da propagação de idéias, seja no terreno da ação.” [...]
(FERNANDES, 1958)
“A Sociologia como a ciência da sociedade não surgiu de repente, nem resultou
das idéias de um único autor; ela é fruto de toda uma forma de conhecer e de pensar a
natureza e a sociedade, que se desenvolveu a partir do século XV, quando ocorreram
transformações significativas que desagregaram a sociedade feudal. O que propiciou o
seu nascimento foram as transformações econômicas, políticas e culturais que
ocorreram no século XVIII, como conseqüência das Revoluções Francesa e Industrial,
que iniciaram e possibilitaram a formação de um processo de instalação definitiva da
sociedade moderna” (TOMAZI, 2000).

1.2.1 Transformações Econômicas, Políticas e Culturais


Entre os séculos XV e XVI uma série de mudanças ocorridas na vida política e
econômica da Europa, tais como a ascensão da burguesia, a descoberta do novo mundo,
a Revolução Comercial, a Reforma Protestante, contribui para modificar a mentalidade
do homem moderno. A razão é definida como o elemento essencial contra o
dogmatismo e a autoridade eclesial, rompe-se com uma visão sobrenatural para explicar
os fatos, passando a uma visão racional baseada na experimentação e observação,
representada pelas idéias e obras de diversos pensadores, entre eles Nicolau Maquiavel
(1469-1527), Galileu Galilei (1564-1642), Thomas Hobbes (1588-1679), René
Descartes (1596-1650). O século XVIII assistiu a fatos fundamentais que definiram o
desaparecimento da sociedade feudal, destacam-se entre eles a Revolução Industrial e a
Revolução Francesa.

1.2.2 A ORIGEM DA SOCIEDADE CAPITALISTA


Paulo Meksenas

É importante inicialmente nos fixarmos na Europa dos séculos IV a XIV (301-


400 a 1301-1400 d.C.), pois foi esse período que deu origem à nossa sociedade atual.
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Sabemos que no período citado, a Europa era um continente onde a organização


econômica principal girava em torno da terra e da propriedade da terra. O modo de vista
era ligado ao trabalho rural, principalmente fonte de organização social.
Por ser a terra fonte de riquezas é que os seus poucos proprietários se tornavam
poderosos: a camada dominante dos senhores feudais, que compreendia a nobreza e o
alto clero. Por outro lado existia uma imensa maioria de pessoas forçadas a trabalhar nas
terras da nobreza feudal para sobreviver, pagando tributos pelo uso dessa terra: a
camada dos servos, que compreendia uma imensa população de trabalhadores pobres.
Nessa sociedade de base agrária, o modo de vida era completamente diferente do
que é hoje em dia: pouco comércio, cidades quase não existiam, eram poucos mais que
pequenas aldeias, o pensamento religioso moldava a vida da maioria das pessoas.
A partir do século XIV, esse mundo começará a se transformar rapidamente. É
essa transformação que nos interessa, pois, de mundo agrário, a Europa caminhou para o
mundo urbano-industrial. Essa mudança não ocorreu em pouco tempo, foram no
mínimo três séculos para que ela se completasse. No entanto, como foi uma mudança
social radical, muitos a chamaram de revolução.
Essa revolução que levou a Europa do feudalismo ao capitalismo teve muitas
dimensões e momentos. Em primeiro lugar, foi uma revolução econômica, pois a
organização do trabalho se alterou profundamente: da sociedade estratificada em apenas
dois grandes estamentos, surgiu um novo grupo social muito importante, a camada dos
comerciantes e artesãos livres: pessoas que, a partir do século XIV, já não dependiam
mais da terra, e sim de atividades puramente urbanas. Dos artesãos e comerciantes mais
poderosos, surgem aqueles que passam a investir grandes somas de riqueza em
manufaturadas. Essas manufaturadas, na verdade, eram as primeiras indústrias, ainda
primitivas, mas que já se caracterizavam pela divisão interna de funções, o trabalho
parcelado em inúmeras atividades a partir da introdução de novas e melhores máquinas
e técnicas. Cada operador de máquinas já não elabora o produto por inteiro, mas apenas
uma peça que, somada às peças de outros operadores isolados, dá origem ao produto
final. É a divisão social do trabalho. Assim, ao entrarmos nos séculos XVIII e XIX,
teremos as fases da Revolução Industrial, que foi a dimensão econômica da revolução
que deu origem ao capitalismo.
Esse modo de produção, que se originou do comércio e da manufatura, foi o
responsável pelo desenvolvimento de novas invenções, técnicas, aumento das
atividades, dando origem à moderna indústria. A intensa urbanização do nosso século é
fruto desse processo e o aparecimento de classes sociais também o é agora sob a
sociedade capitalista, a fonte de riquezas não é mais a terra, mas sim a propriedade de
fábricas, máquinas, bancos, isto é, a propriedade dos meios de produção. Assim, os
poucos proprietários dos meios de produção se constituem na classe empresarial
(burguesia), enquanto uma imensa maioria de pessoas não-proprietárias se constitui na
classe trabalhadora (proletariado), que, para sobreviver, troca sua capacidade de
trabalho por salário.
Em segundo lugar, foi uma revolução política, pois a antiga nobreza feudal
perdeu o domínio para a classe burguesa, economicamente mais forte. Enquanto no
feudalismo persistiu uma política que representava os interesses dos senhores feudais e
do clero, serão agora os empresários que passarão a organizar a política e, a partir daí,
nasce o Estado moderno, isto é, nascem as formas de governo eleitas pelo voto e regidas
por uma Constituição. Nasce o parlamento. Todas essas novas dimensões da política
burguesa devem dar a aparência de que o Estado, acima dos interesses de classe, vem
organizar democraticamente a sociedade. Nasce assim a democracia burguesa.
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Em terceiro lugar, foi uma revolução ideológica e científica, pois a visão de


mundo sob o capitalismo se alterou: a idéia de progresso se propaga, como também a
idéia de enriquecimento. A vida, dinâmica e competitiva, faz nascer o sentimento de
individualismo. A ciência, como já aprendemos, se origina a partir de novos métodos de
interpretação da natureza. A partir da observação dos fatos, decomposição em partes
(análise) e de sua recordenação (síntese) se interpreta uma natureza regida por leis. Isso
possibilita, com uma série de novos inventos, grande domínio do ser humano sobre a
natureza, nunca visto antes na história da civilização.

1.3 Os Precursores da Sociologia


A revolução francesa trouxe o poder político a burguesia, destruiu os
fundamentos da sociedade feudal e promoveu profundas inovações na vida social. Mas,
junto com a revolução industrial trouxe crises e desordens na organização das
sociedades, os pensadores franceses da época, como Saint-Simon (1760-1830), Le Play
(1806-1882) e alguns outros, concentrarão suas reflexões sobre a natureza e as
conseqüências da revolução, existia em geral um certo rancor pela revolução que fica
explicito em seus trabalhos onde se utilizavam expressões como “anarquia”,
“perturbação”, “crise”, ‘desordem”, para julgar a nova realidade provocada pela
revolução.
“ A tarefa que esses pensadores se propõem é a de racionalizar a nova ordem
encontrado soluções para o estado de desorganização então existente. Mas para
restabelecer a “ordem e a paz, pois é essa a missão que esses pensadores se entregam,
para encontrar um estado de equilíbrio na nova sociedade, seria necessário, segundo
eles, conhecer as leis que regem os fatos sociais, instituindo portanto uma ciência da
sociedade.”(Carlos B. MARTINS. O que é Sociologia, S, Paulo, Brasiliense, 1984, p.
27.).
A Sociologia surge com interesses práticos de reorganizar a sociedade, constituí
a resposta intelectual à crise social de seu tempo, com a tarefa de repensar o problema
da ordem social, enfatizando a importância de instituições como a autoridade, a família,
a hierarquia social, destacando a sua importância teórica para o estudo da sociedade.

2. OS CLÁSSICOS DA SOCIOLOGIA.

2.1 Auguste Comte e o Positivismo


Ninguém pode sozinho, por certo, fundar todo um novo campo de estudos, e
foram muitos aqueles que contribuíram para o inicio do pensamento sociológico.
Contudo, um lugar de destaque é freqüentemente atribuído ao autor francês Auguste
Comte (1798-1857). Nem que seja porque na verdade foi ele quem inventou o termo
Sociologia para descrever a disciplina que pretendia estabelecer.
Comte acreditava que este novo campo podia produzir conhecimento acerca da
sociedade com base em fatos científicos. A sociologia em Comte, representava o
coroamento do conhecimento científico, pois todas as ciências (Matemática, astronomia,
física, química e biologia) já se encontravam formadas, faltando apenas a sociologia. A
filosofia social positivista se inspirava no método de investigação das ciências da
natureza, assim como procurava identificar na vida social as mesmas relações e
princípios com os quais os cientistas explicavam a vida natural. A própria sociedade foi
concebida como um organismo constituído de partes integradas e coesas que
funcionavam harmoniosamente, segundo um modelo físico ou mecânico.
Comte é um pensador inteiramente conservador, um defensor da moderna
sociedade capitalista. A sua obra se fundamentou também no estado de caos em que se
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encontrava a sociedade européia após a Revolução Industrial e a Revolução Francesa,


propondo uma completa reforma da sociedade em que vivia, partindo da reforma
intelectual plena do homem, modificando a forma de pensar dos homens através das
ciências, haveria a reforma das instituições.
Um dos pontos altos do positivismo é a reconciliação entre “ordem” e o
“progresso”, pregando a necessidade mútua destes elementos para a nova sociedade, ou
seja, o progresso constituiria uma conseqüência suave e gradual da ordem. Este lema:
Ordem e Progresso! Pode ser encontrado na bandeira nacional do Brasil, e demostra a
influência do pensamento positivista na formação da Republica brasileira em 1889.

2.2 Émile Durkheim (1858-1917)


Embora Comte seja considerado o pai da sociologia de tenha lhe dado esse
nome, Durkheim é apontado como um de seus primeiros grandes teóricos. Ele e seus
colaboradores se esforçaram para emancipar a sociologia das demais teorias sobre a
sociedade e constituí-la como disciplina rigorosamente científica. Em livros e cursos,
sua preocupação foi definir com precisão o objeto, o método e as aplicações dessa nova
ciência.
Émile Durkheim, nasceu em Epinal, na Alsácia, descendente de uma família de
rabinos. Iniciou seus estudos na Escola Normal Superior de Paris, indo depois para a
Alemanha. Lecionou sociologia em Bordeaux, primeira cátedra dessa ciência criada na
França. Transferiu-se em 1902 para Sorbonne, para onde levou inúmeros cientistas,
entre eles seu sobrinho Marcelo Mauss, reunindo-os num grupo que ficou conhecido
como escola sociológica francesa. Suas principais obras foram: Da divisão do trabalho
social, O suicídio, Formas elementares da vida religiosa, Educação e sociologia.

Concepção de ciência
Para Durkheim era necessário criar uma ciência (campo do conhecimento) que
pudesse explicar a vida do homem em sociedade de maneira cientifica, para tanto os
pesquisadores da sociedade deveriam seguir o exemplo de seus colegas das outras
ciências como a física, a química ou a biologia, e manter certa distância em relação aos
fatos estudados, resguardando a objetividade de sua análise. É preciso que o sociólogo
deixe de lado suas pré-noções, isto é, seus valores e sentimentos pessoais em relação ao
acontecimento a ser estudado, pois podem levar o sociólogo a uma analise parcial e
tendenciosa.
Durkheim aconselhava os sociólogos a encarar os fatos sociais como coisas, ou
seja, objetos que lhe sendo exteriores, deveriam ser medidos, observados, e comparados
independentemente do que os indivíduos envolvidos pensassem a seu respeito, por
exemplo, se vou estudar sociologicamente uma religião, não posso levar em conta a
minha fé particular e julgar esta outra religião de acordo com as minhas crenças, devo
ser, de acordo com Durkheim, imparcial, neutro, objetivo e cientifico.

Concepção de sociedade
Durkheim concebe a sociedade como uma totalidade formada por partes, assim
com o é o nosso organismo, somos constituídos por diversos órgãos ligados uns aos
outros, cada qual com uma função diferente: o cérebro, o coração, o estômago, o fígado,
os pulmões, etc. O bom funcionamento das partes reflete no bom funcionamento do
todo, e vice-versa.
Para nosso sociólogo, a sociedade também possuí seus órgão vitais, o que ele
chama de Instituições (O Estado, a Igreja, a família, a escola, etc.) , que seriam
responsáveis pela socialização do indivíduo, ou seja, é na família, na escola etc. que
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somos socializados, que aprendemos as regras e normas necessárias para a vida em


sociedade.
São as instituições, responsáveis também, pela produção do cimento ideológico
que cola o edifício social ou o que Durkheim chama de consciência coletiva. Esta idéia
social não se baseia na consciência de indivíduos singulares ou de grupos específicos,
mas esta espalhada por toda a sociedade, revelando o “tipo psíquico da sociedade”, que
se imporia aos indivíduos e perduraria através das gerações.
A consciência coletiva é a forma moral vigente na sociedade. Ela aparece como
conjunto de regras estabelecidas que atribuem valor e delimitam os atos individuais,
define o que, numa sociedade, é considerado ‘imoral”, “reprovável” ou “criminoso”.

Objeto da Sociologia: o fato social.


O sociólogo francês Durkheim, em uma de suas obras fundamentais, As regras
do método sociológico, publicada em 1895, definiu com clareza o objeto de estudo da
sociologia: o fato social.
Para o sociólogo é social todo fato que possuir, necessariamente, estas três
características abaixo:

1) Coerção social ou coercitivo: Força que os fatos exercem sobre os indivíduos,


levando-os a conformar-se às regras da sociedade em que vivem, independentemente da
sua vontade ou escolha. Essa força se manifesta quando o indivíduo adota um
determinado idioma, quando se submete a um determinado tipo de formação familiar ou
quando está submetido a determinado código de leis.

2) São exteriores ao indivíduo: As regras sociais, os costumes, as leis, já existem


antes do nascimento das pessoas, são a elas impostos por mecanismos de coerção social,
como educação.

3) Generalidade ou geral: É social todo fato que é geral, que se repete em todos
os indivíduos ou, pelo menos, na maioria deles.

A religião por exemplo é um fato social, pois:


1. É coercitiva: a partir do momento que você adota uma religião você se
submete aos seus dogmas (conjunto de regras que não podem ser
criticadas) são exemplos de dogmas: a existência de Deus, os rituais
(batismo, casamento, etc.)
2. É exterior ao individuo: as regras de conduta e de comportamento moral
das religiões (cristãs, judaica, mulçumana, budista, candomblé, umbanda,
etc.) são construções coletivas e não individuais, numa religião o
individuo não cria sozinho suas próprias regras, mas segue o que foi
determinado independente da sua vontade individual.
3. É geral: ao longo da história da humanidade as diversas sociedades
construíram diversas religiões, cada qual sempre reivindicando para si o
monopólio da providência divina.

A sociedade como todo organismo, apresentaria estado normal e patológico, isto


é, saudável e doentio, dessa forma temos dois tipos de fato social:
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Normal: é aquele fato que não extrapola limites dos acontecimentos mais gerais
de uma determinada sociedade e que reflete os valores e as condutas aceitas pela maior
parte da população. Ex. natal, a amizade, o casamento, a família etc.

Patológico: é aquele que se encontra fora dos limites permitidos pela ordem
social e pela moral vigente. (ex. pedofilia, violência excessiva, ausência de leis)

Os fatos patológicos, como as doenças, são considerados transitórios e


excepcionais, caso contrário pode levar a sociedade a um estagio de não-
desenvolvimento ou até mesmo ao declínio, como no caso de guerras ou de uma
violência desordenada, neste caso a sociedade encontra-se num estado de ANOMIA.

2.3 Karl Marx (1818-1883).


Karl Marx (1818-1883) nasceu na cidade de Treves, na Alemanha. Em 1836,
matriculou-se na universidade de Berlim, doutorando-se em filosofia em Lena. Mudou-
se em 1842 para Paris, onde conheceu Friedrich Engels, seu companheiro de idéias e
publicações por toda vida. Expulso da França em 1845, foi para Bruxelas onde
participou da recém fundada Liga dos Comunistas. Em 1848 escreveu com Engels O
manifesto do Parido Comunista, obra fundadora do marxismo. Suas principais obras
foram: manuscritos econômico-filosóficos, O 18 brumário de Napoleão Bonaparte, O
capital, A ideologia alemã, miséria da filosofia.

Concepção de ciência
Com o objetivo de entender o capitalismo Marx produziu obras de filosofia,
economia e sociologia. Sua intenção, porém, não era apenas contribuir para o
desenvolvimento da ciência, mas propor uma ampla transformação política, econômica
e social, isto porque, não aceitou calado as misérias sociais produzidas pela sociedade
capitalista, que desde de sua época massacrava os trabalhadores com a pobreza e a
fome. Marx acreditava que o desenvolvimento capitalista não era de todo ruim, por
exemplo, a tecnologia poderia facilitar a vida das pessoas, no entanto, a maioria das
pessoas (os trabalhadores) que construíam as riquezas sociais, por mais que
trabalhassem, não desfrutavam das mesmas, isto ocorre ainda hoje, basta pensar, por
exemplo, quantos trabalhadores da famosa fábrica da Ferrari na Itália, possuem o carro
que fabricam??
Frente às injustiças modernas, Karl Marx assume o lado dos trabalhadores e
passa a lutar em prol de uma sociedade mais justa onde houvesse igualdade. Para
construir este sonho era necessário estudar muito, entender o funcionamento da
sociedade capitalista para propor a sua substituição por outra sociedade: a comunista.
Além disso, era necessário conscientizar os trabalhadores da possibilidade de
transformar o mundo, pois assim como hoje, os trabalhadores preocupados em
sobreviver só pensavam em si mesmos, neste sentido Marx passará toda a sua vida
escrevendo e lutando com os trabalhadores, participava de greve, protestos e divulgava
seus livros nas portas das fabricas.
O pensamento marxista procurará realizar uma crítica radical a esse tipo
histórico de sociedade, colocando em evidência suas injustiças, suas hipocrisias, seus
antagonismos e contradições. O aparecimento de uma classe revolucionária na
sociedade - o proletariado (os trabalhadores) - cria as condições para o surgimento de
uma nova teoria crítica da sociedade, que assume como tarefa teórica a explicação
crítica da sociedade e como objetivo final a sua superação, por conseguinte a construção
do comunismo.
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Concepção de sociedade
Para Marx, a realidade se apresenta enquanto uma síntese de inúmeras
determinações históricas, de forma que cada sociedade em um dado momento foi
construída particularmente por um turbilhão de fatores de cunho social, econômico,
político, cultural, etc... Seria impossível, portanto, compreender o ambiente social sem
buscarmos suas raízes históricas sob uma perspectiva global contendo todos os aspectos
do comportamento social.
A partir dessa visão é criado um método de compreensão da realidade
denominado materialismo histórico: este método busca apreender as contradições
inerentes ao funcionamento da sociedade, isto é, seu caráter dialético, partindo da
concepção de que, em última instância, nossa construção cultural e ideológica é produto
de nossas relações sociais de produção num dado estágio das forças produtivas.
Em outras palavras, nossas formas de pensar, de agir, nossa organização estatal,
as leis, a religião, a família, a educação etc., constituem uma esfera do comportamento
social determinada, que Marx dá o nome de SUPERESTRUTURA, ela é dividida entre
a estrutura jurídico-política (o Estado, o judiciário, a nossa Constituição) e a estrutura
ideológica (formada pelos aparelhos ideológicos de Estado: a família, a escola, a igreja.)
e através da superestrutura que adquirimos as idéias dominantes em nossa época. Isto
ocorre porque estas idéias são determinadas, em última análise, pela forma em que nos
organizamos para sobreviver (economia) o que Marx chama de INFRA-ESTRUTURA,
isto significa dizer que as idéias que temos sobre o mundo são formuladas a partir das
relações materiais e concretas de existência.

A Origem Histórica do Capitalismo


Historicamente o capitalismo se funda graças a um longo processo de
acumulação primitiva de capitais que concentrou nas mãos da burguesia a propriedade
privada dos meios de produção (terras, máquinas, ferramentas) e liberou uma massa de
despossuídos que encontravam da sua força de trabalho a única fonte de sobrevivência.
Nas cidades o artesanato foi gradativamente perdendo força frente as unidades
manufatureiras. A revolução industrial introduziu inovações técnicas na produção que
aceleraram o processo de separação entre o trabalhador e os instrumentos de produção.
As máquinas e tudo o mais necessário ao processo produtivo (força motriz, instalações,
matérias-primas) ficaram acessíveis somente aos mais ricos, multiplicando assim o
número de trabalhadores “livres como pássaros” , para venderem sua força de trabalho.
“A burguesia rompeu os muitos laços feudais que atavam os homens aos seus
“superiores naturais” e não deixou outro laço entre o homem e o homem se não o do
interesse nu e cru, senão o do bruto pagamento em dinheiro. Afogou os êxtases
celestiais do fanatismo devoto, do entusiasmo cavalheiresco e do sentimentalismo
falisteu na água gelada do calculo egoísta. [...] A burguesia despiu o halo de todas as
profissões até então honradas e encaradas com referente admiração.
[...] A burguesia arrancou da família seu véu sentimental e transformou a relação
familiar numa relação puramente financeira. [...] No lugar da exploração velada por
ilusões religiosas e políticas, ela pôs a exploração aberta, imprudente, direta e nua.”
MARX e ENGELS, Manifesto do Partido
Comunista

A Amplitude da contribuição de Marx


Não houve setor da realidade social que escapasse a ampla perspectiva do
materialismo histórico: ideologia, ciência, política, economia, história da humanidade.
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Além disso, questões como a objetividade científica ficaram para segundo plano.
Para Marx a ciência não dependia da objetividade mas de uma consciência crítica. Ao
invés de sugerir soluções para uma sociedade “doente”, Marx propunha um caminho
prático de ação política e um objetivo claro a ser por ela atingido. Substituiu a idéia de
“harmonia” pela de universalização dos interesses da classe burguesa, através do
Estado.
Ser marxista é não só aceitar o ideal comunista de uma sociedade sem classes e
sem propriedade privada, como também seguir seus pressupostos teóricos, procurar
exercer a crítica contundente do momento histórico em que se vive, buscar nele as
relações de exploração, opressão e exploração do homem pelo homem e transformar
essa crítica em posição ideológica e política. Ser marxista não é apenas uma questão
científica ou política. O marxismo também é uma ética baseada em princípios
dignificantes, independentemente de tudo o que se pensa sobre a maneira como
supostamente suas idéias foram colocadas em prática.

2.4 Max Weber (1864-1920)


Max Weber (1864-1920), figura dominante na Sociologia alemã teve forte
influência da Escola filosófica conhecida como o idealismo Alemão. Nascido na cidade
de Erfurt (Alemanha), numa família de burgueses liberais. Desenvolveu estudos de
direito, filosofia, história e sociologia. Iniciou a carreira de professor em Berlim e, em
1895, foi catedrático na Universidade de Heidelberg. Manteve contato permanente com
intelectuais de sua época como Simmel, Sombart, Tönnies e Georg Luckás. Na política
defendeu ardorosamente seus pontos de vista liberais e parlamentaristas e participou da
comissão redatora da constituição da República de Weimar. Sua maior influência nos
ramos especializados da sociologia foi no estudo das religiões, estabelecendo relações
entre formações políticas e crenças religiosas. Suas principais obras foram: Artigos
reunidos da teoria da ciência; Economia e sociedade (obra póstuma) e a Ética
protestante e o espírito do capitalismo.

Concepção de ciência
O contraste entre o positivismo e a Sociologia compreensiva de Weber se
expressa, entre outros elementos, nas maneiras diferentes como cada uma dessas
correntes encara a história.
Ao contrario da visão positivista, Weber não acredita que a história seja um
mero processo universal da evolução percebido através do método comparativo. Para
ele, a pesquisa histórica é essencial para a compreensão das sociedades, o caráter
particular e específico de cada formação social e histórica contemporânea deve ser
respeitado. O conhecimento histórico, entendido como a busca de evidência, torna-se
um poderoso instrumento para o cientista social.
Weber combina duas perspectivas: a histórica, que respeita as particularidades
de cada sociedade, e a sociológica, que ressalta os elementos mais gerais de cada fase
do processo histórico. Na obra As causas sociais do declínio da cultura antiga, Weber
analisou, com base em textos e documentos, as transformações da sociedade romana
em utilização da mão-de-obra escrava e do servo da gleba, mostrando a passagem da
antigüidade para a sociedade medieval.
Entretanto, ele não achava que uma sucessão de fatos históricos fizesse sentido
por si mesma, por isso, propunha para esse trabalho o método compreensivo, ou seja,
um esforço interpretativo do passado e de sua repercussão nas características peculiares
das sociedades contemporâneas, permitindo ao cientista atribuir aos fatos esparsos um
sentido social e histórico.
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A gama de temas e de possibilidades que são abertos por Weber são a


demonstração de que se trata de um clássico no sentido vigoroso da expressão. A
complexidade e a abrangência de sua sociologia tornam difícil a tarefa de sintetizar toda
riqueza teórica nela contida. Procurar a unidade de sua obra é como montar um quebra-
cabeças, atraente e instigante, que permite múltiplas combinações.

O tipo ideal
Para atingir a explicação dos fatos sociais, Weber propôs um instrumento de
análise que chamou de tipo ideal.
O tipo ideal de Max Weber corresponde ao que Florestan Fernandes definiu
como conceitos sociológicos construídos interpretativamente como instrumento de
ordenação da realidade. O tipo ideal é previamente construído e testado, depois aplicado
a diferentes situações em que dado fenômeno possa ter ocorrido. À medida que o
fenômeno se aproxima ouse afasta de sua manifestação típica, o sociólogo pode
identificar e selecionar aspectos que tenham interesse à explicação como, por exemplo,
os fenômenos típicos “capitalismo” e “feudalismo” .
O tipo ideal não é nenhum modelo perfeito a ser buscado pelas formações
sociais históricas nem mesmo qualquer realidade observável, ele é um instrumento de
análise científica, numa construção do pensamento que permite conceituar fenômenos e
formações sociais e identificar na realidade observada suas manifestações.

Teoria da ação social


Ação Social é toda conduta humana (ação, omissão ou permissão) dotada de
sentido ou motivo, mas orientada nas ações de outros indivíduos. Não existe autonomia
completa para o homem em sua ação social, suas maneiras de pensar e agir podem ser
construídas por ele no entanto sob uma base cultural historicamente constituída, daí ser
tais ações sociais.
Cabe ao cientista desvendar o motivo de cada ação social, entender seus motivos
e conseqüências.

Motivo »»» Ação

Para atingir a explicação da sociedade ou das ações sociais. Se o papel do


cientista é descobrir o vinculo entre a ação social e seu motivo, infinitos motivos
definem infinitas ações, para facilitar a compreensão Weber lança mão de modelos
abstratos, ideais de ações sociais diferenciadas em 4 tipos de acordo com seu sentido,
são:

1) Ação tradicional: motivada por costume ou hábito arraigado


(ex. ir a missa todos os domingos)
2) Ação afetiva: motivada por sentimentos (ex. assistir aos
jogos de futebol do Londrina no 3° divisão)
3) Ação racional com relação a valores : ação previamente
planejada mas orientada por um ideal de vida. (ex. entrar na política
para acabar com a corrupção)
4) Ação racional com relação a fins : previamente planejadas
orientada por um objetivo, um fim. (ex. investir na bolsa de valores)

Motivo e Sentido da Ação Social


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[No raciocínio de Weber}, o conceito de “motivo” (...)permite estabelecer uma


ponte entre sentido e compreensão. Do ponto de vista do agente, o motivo é o
fundamento da ação; para o sociólogo; cuja tarefa é compreender essa ação, a
reconstrução do motivo é fundamental, porque, da sua perspectiva, ele figura como a
causa da ação. numerosas distinções podem ser estabelecidas aqui, e Weber realmente o
faz. No entanto, apenas interessa assinalar que, quando se fala de sentido na sua acepção
mais importante para a análise, não se está cogitando da gênese da ação mas sim
daquilo para o que ela aponta, para o objeto visado nela; para o seu fim em suma.
Isso sugere que o sentido tem muito a ver com o modo como se encadeia o
processo de ação, tomando-se a ação efetiva dotada de sentido como um meio para
alcançar um fim, justamente aquele subjetivamente visado pelo agente. Convém
salientar que a ação social não é um fato isolado mas um processo, no qual se percorre
uma seqüência definida de elos significativos ( admitindo-se que não haja interferência
alguma de elementos não pertinentes à ação em tela, o que jamais ocorre na experiência
empírica e só é pensável em termos de típico-ideais). Basta pensar em qualquer ação
social (por exemplo despachar uma carta) para visualizar isso. Os elementos desse
processo articulam-se naquilo que Weber chama de “cadeia motivacional”: cada ato
parcial realizado no processo opera como fundamento do ato seguinte, até completar-se
a seqüência. (Gabriel Cohn, org., Max Weber; sociologia, p.27)

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