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1. Introdução
O presente estudo refere-se a uma faixa de terreno com forma aproximadamente rectangular
com cerca de 170m de comprimento e 20m de largura, correspondente à área de implantação
de passagem superior sobre a linha de caminho de ferro do Norte ao Pk 211+328.
Os estudos realizados nesta fase, tiveram como objectivo a caracterização das formações
geológicas ocorrentes, no sentido de definir as condições de fundação da obra de arte e as
condições de implantação da via. Nesta memória abordaremos apenas os aspectos relevantes
para a caracterização das condições de fundação da estrutura.
Fazem parte desta memória, os boletins dos ensaios realizados e uma planta com a implantação
da obra de arte e respectivo perfil longitudinal à escala H=1/1000 e V=1/100, com a localização
dos trabalhos e o desenvolvimento em extensão e profundidade das unidades geológico-
geotécnicas ocorrentes.
2. Trabalhos realizados
NSPT Compacidade
5 – 10 Solta
10- 30 Média
30 – 50 Compacta
2-4 Mole
4-8 Média
8-15 Dura
>30 Rija
O critério de paragem definido estabelecia que as sondagens só se dariam por concluídas após
a obtenção de 3 negas consecutivas nos ensaios SPT, desde que as mesmas não fossem obtidas
em níveis de cascalheira. No entanto, dificuldades em perfurar e avançar no horizonte de
cascalheira, nomeadamente em revestir o furo após perfuração com o carotador e/ou trialeta,
não permitiram a satisfação do critério de paragem, em 2 das 6 sondagens realizadas (Quadro
3.3).
168 919.88 -
S1 (2006) 0+068 24.00 a /C3 16 3.30
359 722.54
168 916.03 -
S2 (2006) 0+100 22.50 a /C3 16 1.70
359 754.53
168 903.90 -
S3 (2006) 0+135 18.00 (*) a /C3 12 1.00
359 788.78
168 902.11 -
S4 (2006) 0+170 28.50 a /C3 17 1.10
359 824.73
168 884.44
S6 (2006) 0+235 15.00 (*) a 9 0.30 3.00-3.60
359 882.48
As amostras ensaiadas dizem todas respeito à unidade aluvionar superficial designada por a 1 e
uma colhida na sondagem S5 aos 10.00-10.50m de profundidade representativa da unidade
aluvionar inferior, designada por a2.
10.00-
S5 (0+135) a2 91 70 44 19 / 13 45.9 (*) A-6 (4) SC
10.50
3.00-
S6 (0+170) a1 99 94 92 49 / 19 16.67 (**) A-7-6 (18) CL
3.50
Poço 1 1.00-
a1 85 69 85 25 / 20 17.2 A-4 (2) SC-SM
(Pk 0+280) 1.90
Poço 2 0.80-
a1 100 97 35 NP 18.8 A-2-4 (0) SM
(Pk 0+050) 2.50
Quadro 2.5 – Resumo dos resultados dos ensaios laboratoriais sobre amostras intactas.
3. Caracterização geológica
A linha férrea bordeja o limite Sul da baixa do rio, desenvolvendo-se entre terrenos planos da
baixa aluvionar e os materiais Cretácicos aflorantes na base da encosta. Na zona da passagem
superior, o relevo mergulha suavemente para Norte, em direcção ao leito principal do Rio.
Apesar da sua origem marcadamente fluvial ou/e marítima, admite-se que alguma material
aluvionar tem também origem coluvionar, isto é, é constituído por material das encostas
limítrofes, que uma vez desagregado, por gravidade e sofrendo um transporte reduzido, se
acumulou na zona baixa. Neste caso, e face às características da unidade Cretácica sub-aflorante
na encosta, admite-se que o horizonte superior da unidade aluvionar (a1) silto-argiloso, com uma
fracção arenosa por vezes significativa e côr castanha amarelada, corresponda a material com
maior influência coluvionar.
a1 – Siltes arenosos ou areias argilosas, com níveis de calhaus e cascalho intercalados, com cor
castanha amarelada. Trata-se de solos dos grupos CL, SC e SM da classificação unificada ou dos
sub-grupos A-2-4 (0), A-4 (2), A-7-6 (18) da classificação AASHO para fins rodoviários. Este
horizonte superior desenvolve-se até aos 7.0-9.0m de profundidade.
a2 – Argila lodosa, com areias, com matéria orgânica abundante e restos vegetais parcialmente
carbonizados dispersos. Cinzenta escura a preta. Este nível possui maior expressividade junto da
sondagem S5, onde possui 3.0m de espessura e uma composição acentuadamente mais lodosa,
chegando a ser praticamente incipiente na zona envolvente da sondagem S3.
a3 – Areia média a grosseira, silto-argilosa, com níveis argilosos intercalados, cinzenta escura.
Este horizonte sucede em profundidade ao nível argilo-lodoso e possui 4.0m espessura máxima
junto da sondagem S6 e é praticamente incipiente junto das sondagens S3 e S5.
a4 – Base grosseira de cascalheira com areias grosseiras, seixos e calhaus rolados. Os dados
disponíveis e tendo em atenção que apenas duas sondagens reconheceram peremptoriamente
este horizonte de cascalheira, levam-nos admitir com algumas reservas, que a sua espessura
varia entre 2.0 e 6.0m.
Trata-se de depósitos com variações de fácies à escala centimétrica, muito variável quer em
extensão como em profundidade.
C3a - Argila arenosa ou silte arenoso, avermelhado com raros laivos acinzentados, rija,
caracterizada por valores de NSPT entre 45 e 60 pancadas, tendencialmente mais elevados à
medida que a profundidade aumenta.
C3b - Areia média a fina, siltosa, avermelhada, muito compacta, caracterizada por valores de NSPT
superiores a 60 pancadas.
Estes dois horizontes alternam sucessivamente, definindo uma sequência errática, com
continuidade lateral desconhecida. No local do traçado os níveis mais finos (C 3a) são
aparentemente dominantes.
Os depósitos aluvionares encontram-se recobertos por um horizonte de terra vegetal (Tv) com
0.60m de espessura, argiloso, levemente arenoso, com matéria orgânica abundante e restos
vegetais dispersos, castanho escuro.
Nas peças desenhadas anexas, apresenta-se uma planta com a localização das sondagens e um
perfil onde se representa o modelo geológico-geotecnico definido.
3.3. Hidrogeologia
A morfologia suave da região e o carácter acentuadamente arenoso das formações ocorrentes,
favorecem a infiltração das águas pluviais e o posicionamento superficial do nível freático. O
traçado situa-se sobre o leito de cheia do rio Mondego, pelo que será expectável que o nível
freático se situe sempre muito próximo da superfície.
O nível de água medido nos furos de sondagem, um dia após a sua conclusão, situa-se entre os
0.30 e 1.1m de profundidade. Nos poços o nível de água tem dificuldade em estabilizar, a água
circula preferencialmente pelos níveis grosseiros da unidade aluvionar superior (a1) situados
entre 1.1m e 2,4m de profundidade.
Do ponto de vista hidrogeológico admite-se que a água circula pelos espaços livres entre os
grãos definindo aquíferos por porosidade, cuja permeabilidade é controlada pela composição
granulométrica e pela compacidade da formação.
Assim, pode-se admitir que estamos perante formações aquíferas muito permeáveis (A 3 e A4),
com elevada capacidade de recarga, o que juntamente com a posição topográfica da região,
definem o contexto hidrogeológico local como muito produtivo e favorecem o posicionamento
do nível freático muito próximo da superfície.
3.4. Sismicidade
De acordo com os sismos históricos e instrumentais registados, segundo dados compilados pelo
Instituto Nacional de Meteorologia e Geofísica na carta de isossístas de intensidades máximas
(1986), as intensidades sísmicas máximas terão atingido o valor de VI na região da passagem
superior (Figura 2.2), de acordo com a escala de Mercalli modificada.
No mesmo regulamento, os terrenos são classificados em três tipos principais com vista à
determinação do coeficiente sísmico de referência 0.
Tipo de Terreno
I II III
Unidade Geológica
Solos coerentes muito duros, duros Solos coerentes moles e
Rochas e solos
e de consistência média, solos muito moles, solos
coerentes rijos
compactos incoerentes soltos
De acordo com o contexto geológico - geotécnico descrito nos capítulos anteriores, a área de
implantação da obra de arte caracteriza-se pela ocorrência de depósitos aluvionares muito
espessos assentes sobre terrenos do Cretácico superior designados por Grés de Oiã.
A unidade aluvionar possui 15-17m de máxima espessura e é constituída por uma sucessão de
níveis arenosos, com granulometria muito variada, medianamente compactos a muito
compactos, com um nível argilo-lodoso, medianamente consistente a duro intercalado e uma
base de cascalheira sistematicamente presente.
O nível de água situa-se muito próximo da superfície, e a morfologia local, juntamente com a
elevada permeabilidade das formações ocorrentes, leva-nos admitir um contexto
hidrogeológico muito produtivo.
Assim, preconiza-se a execução de fundações profundas, tipo estacas, que deverão ficar
cravadas no horizonte inferior da unidade Cretácica, caracterizado por valores de NSPT superiores
a 60 pancadas, situado entre os 22.0 e 25.0m de profundidade. Admitindo-se que as estacas
devem ficar cravadas neste horizonte pelos menos numa profundidade igual a 3 vezes o seu
diâmetro, estima-se que a sua profundidade possa variar entre os 25 e 28m.