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DIREITO DAS SUCESSÕES

2.º Ano – Turma A (Dia) – Época de Recurso


Professor Doutor Luís Menezes Leitão

EXAME
25 de julho de 2014
Duração da prova: 90 minutos

Hipótese
(20 Valores)

Alberto casou com Berta em 1995. Na convenção antenupcial, Alberto e Berta escolheram o
regime da separação de bens e Alberto doou por morte a Paula, que aceitou, a sua casa no
Porto.
Alberto tinha já antes de casar 4 filhos: Catarina, Daniel, Eduardo e Filipa. Berta tinha um
filho de um casamento anterior, Gonçalo.
Catarina, casada com Hélio, tem dois filhos Igor e João. Eduardo é casado com Nélia e tem
um filho, Óscar. Daniel e Filipa são solteiros e não têm descendentes.
Em 2000, Alberto doou a Filipa um imóvel em Lisboa.
Em 2006, Alberto, por escritura pública, doou por morte a Quim, seu grande amigo, que
aceitou, a sua coleção de moedas.
Em 2007 doou ao seu neto Óscar, um imóvel sito em Bragança.
Em 2008, Alberto fez testamento público com o seguinte teor:
1) Deixo ao meu amigo Rui 1/10 da minha quota disponível;
2) Deixo ao meu filho Daniel, em lugar do lhe haveria de caber da minha herança, a minha
casa de Sintra;
3) Deixo ao meu amigo Sérgio o meu automóvel BMW;
4) Caso alguns dos meus filhos não possa aceitar a parte que lhe caberá da minha herança,
quero que a mesma fique para o meu enteado Gonçalo.
Em 2011, Catarina e Filipa, preocupadas com a herança de seu pai, colocaram raticida na
comida de Berta. Esta sobrevive. Porém, ambas são condenadas, em maio de 2013, por
tentativa de homicídio doloso.
Em Outubro de 2013, Alberto, Berta e Eduardo sofrem um acidente de viação. Alberto e
Eduardo têm morte imediata, Berta chega com vida ao hospital, mas acaba por falecer
algumas horas depois.
Todos os beneficiários aceitaram as deixas testamentárias acima referidas.
Catarina e Filipa foram consideradas indignas, em Janeiro de 2014, na sequência de uma
ação judicial intentada para o efeito.
Alberto deixou bens no valor de 1.400.000 €, valendo a coleção de moedas 100.000€, o
automóvel BMW 50.000€ o imóvel em Lisboa 205.000 €, o imóvel em Bragança 195.000 €, a
casa do Porto 279.000€ e a casa de Sinta 224.000€. Não deixou passivo.

Proceda à partilha da herança por óbito de Alberto.


Grelha de correção
• A morte de Alberto desencadeia a aberta da sucessão legitimária, contratual e
testamentária
• Sucessão legitimária:
o Cálculo do valor total da herança (artigo 2162.º CC). VTH = 1.400.000€ +
(205.000€ + 195.000€) = 1.800.000€.
Divergência doutrinária entre a escola de Lisboa e escola de Coimbra
irrelevante para o caso. Inexistência de passivo.
o Chamamento dos herdeiros legitimários: cônjuge e descendentes (artigos
2157.º, 2133.º, n.º 1, al. a), 2134.º e 2135.º CC). O cônjuge é chamado, não
obstante vigorar o regime de separação de bens (artigo 2133º, n.º 3, do CC)
Note-se que Gonçalo não é descente de Alberto pois é unicamente filho de
Berta.
o Pressupostos da vocação sucessória (artigo 2032.ºCC)
o Cálculo da legítima objetiva (artigo 2159.º, n.º1, CC); Cálculo da legítima
subjetiva – exceção à regra da divisão por cabeça – assegurado ¼ para o
cônjuge (artigos 2136.º CC e 2139.º, n.º1, CC).
o Eduardo falece em comoriência com o autor da sucessão (artigo 68.º, n.º2,
CC). A não sobrevivência de Eduardo ao autor da sucessão faz operar uma
vocação indireta. Há direito de representação a favor do seu filho Óscar
(artigos 2039.º e 2042.º CC).
o Óscar é descendente do autor da sucessão. Todavia, à data da doação de seu
avô ainda não era seu presuntivo herdeiro legitimário (cfr. artigo 2105.º CC),
devendo o valor da liberalidade ser imputado na quota disponível.
o Berta sobrevive a Alberto. Todavia falece sem aceitar ou repudiar a sua
herança. Dá-se a transmissão do direito de suceder a favor dos seus
herdeiros, no caso Gonçalo (artigo 2058.º, 2157.º, 2133.º, n.º 1, al. a), 2134.º
e 2135.º CC).
o Catarina é declarada indigna após a abertura da sucessão (artigo 2036º CC). A
indignidade (artigos 2034.º e ss. CC) não prejudica o direito de representação
na sucessão legal (artigo 2037.º, n.º2, CC). Os filhos Igor e João ocupam o
lugar de Catarina por direito de representação (princípio da estirpe - artigo
2044.º CC).
o Daniel aceita um legado em substituição da legítima pelo que perde o direito
a esta (artigo 2165.º CC). No respeitante à diferença entre o valor da legítima
subjetiva e o valor do legado, há lugar a direito de acrescer a favor dos co-
herdeiros (artigo 2137.º, n.º 2, CC).
o Filipa foi declarada indigna e não tem descendentes que a representem.
Necessário ter em atenção que Filipa recebera de seu pai uma doação não
dispensada de colação (artigos 2104.º, 2105.º CC), pelo que há lugar a
aplicação do disposto no artigo 2114.º, n.º2, CC, por analogia. Deve proceder-
se ao cálculo da legítima fictícia de Filipa para efeitos de imputação da
liberalidade, cujo valor é menor do que aquele que Filipa teria a receber no
campo da sucessão legitimária. O valor remanescente será distribuído pelos
co-herdeiros, atendendo ao direito de acrescer (artigo 2137.º, n.º 2, CC).
o Elaborado o mapa de partilha, concluir-se-á pela existência de inoficiosidade.
Está em causa a tutela do princípio da intangibilidade da legítima na sua
vertente quantitativa. Redução de liberalidades de acordo com o disposto no
artigo 2168.º e seguintes do CC. Em primeiro lugar, será reduzida a deixa
testamentária a título de herança a favor de Rui (artigo 2171.º CC). Sendo o
valor desta insuficiente, serão reduzidos os legados de forma proporcional
(artigo 2172.º CC). Note-se que a disposição a favor de Quim tem carácter
testamentário e não contratual, devido às exigências de forma (artigo 946.º,
n.º2, CC). De acordo com a regra resultante do artigo 2174.º, n.º 2, CC, sendo
os bens indivisíveis (coleção de moedas e automóvel BMW), aqueles
pertencem integralmente aos legatários, tendo estes de pagar em dinheiro a
importância necessária à redução.
• Sucessão contratual
o Instituição de Paula como legatária contratual. Pacto sucessório designativo
válido (artigos 2028.º, 1700.º, n.º1, al, b) e 1705.º do CC).
• Sucessão testamentária
o Capacidade, validade do testamento: artigos 2188.º e 2205.º CC.
Interpretação das disposições testamentárias 2187.º CC
o 1ª Disposição: Deixa testamentária a título de herança (artigo 2030.º CC). QD=
600.000€ x 1/10= 60.000€
o 2 ª Disposição: Deixa testamentária a título de legado (artigo 2030.º CC)
instituído a favor de um herdeiro legitimário. Da interpretação do testamento
resulta tratar-se de um legado em substituição da legítima (artigo 2165.º CC).
A aceitação do legado implicou a perda da legítima subjetiva. O valor do
legado é inferior ao valor da legítima subjetiva, havendo direito de acrescer
para os demais co-herdeiros (artigo 2137.º, n.º2, CC), conforme acima
analisado
o 3ª Disposição: Deixa testamentária a título de legado (artigo 2030.º CC)
o 4ª Disposição: Instituição de uma substituição direta a favor de Gonçalo
(artigo 2281.º CC), nula naquilo em que colidir com as regras da sucessão
legitimária. Poderia, contudo, ser objeto de redução e operar em caso de
abertura de sucessão legitima, o que não ocorre na presente hipótese.

Mapa da Partilha Provisório

QI1200.000 QD600.000
Gonçalo (TDS de Berta) 300.000 + 7.000 1
Igor e João (Dto 225.000 + 7.000 1
representação de Catarina)
Daniel 224.000 (LSL)
Óscar (Dto. representação 225.000 + 7.000 1
de Eduardo)
Filipa 205.000 (imputação da D.V.)
Maria 279.000
Quim 100.000
Óscar 195.000
Rui 60.000
Sérgio 50. 000

1 Por direito de acrescer decorrente da declaração de indignidade de Filipa (face ao remanescente da legítima fictícia após a imputação

da doação em vida) e decorrente da aceitação por Daniel do Legado em Substituição da Legítima.

Mapa da Partilha Final (após redução por inoficiosidade)

QI 1.200.000 QD 600.000
Gonçalo (TDS de Berta) 307.000
Igor e João (D. 232.000
representação de Catarina)
Daniel 224.000
Óscar (D. representação de 232.000
Eduardo)
Filipa 205.000 (imputação da D.V.)
Maria 279.000
Quim 84.000
Óscar 195.000
Rui 0
Sérgio 42.000

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