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Higiene do Trabalho – Riscos Físicos

no Ambiente de Trabalho

Brasília-DF.
Elaboração

Paulo Rogério Albuquerque de Oliveira

Produção

Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração


Sumário

APRESENTAÇÃO.................................................................................................................................. 5

ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA..................................................................... 6

INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 8

UNIDADE I
TEMPERATURAS ANORMAIS................................................................................................................... 13

CAPÍTULO 1
TERMOLOGIA, CALOR E TERMORREGULAÇÃO......................................................................... 13

CAPÍTULO 2
REAÇÕES FISIOLÓGICAS AO CALOR....................................................................................... 26

CAPÍTULO 3
AVALIAÇÃO DOS PARÂMETROS BÁSICOS DO AMBIENTE DE TRABALHO..................................... 30

CAPÍTULO 4
FACET E ADICIONAL DE INSALUBRIDADE (AINS)......................................................................... 57

CAPÍTULO 5
PRÁTICAS PREVENCIONISTAS EM AMBIENTES QUENTES............................................................. 59

CAPÍTULO 6
TEMPERATURAS ANORMAIS – FRIO........................................................................................... 65

UNIDADE II
VIBRAÇÕES.......................................................................................................................................... 68

CAPÍTULO 1
ASPECTOS GERAIS................................................................................................................... 68

CAPÍTULO 2
ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DE PADRONIZAÇÃO – ISO.................................................... 83

CAPÍTULO 3
VIBRAÇÕES DE CORPO INTEIRO – VCI..................................................................................... 95

CAPÍTULO 4
VIBRAÇÕES DE MÃOS E BRAÇOS – VMB................................................................................ 121

UNIDADE III
PRESSÕES ANORMAIS E RADIAÇÕES................................................................................................... 131
CAPÍTULO 1
PRESSÕES EM TUBULÕES A AR COMPRIMIDO ........................................................................ 131

CAPÍTULO 2
RADIAÇÕES IONIZANTES........................................................................................................ 136

UNIDADE IV
RUÍDO................................................................................................................................................ 141

CAPÍTULO 1
ASPECTOS GERAIS ................................................................................................................ 141

CAPÍTULO 2
DEFINIÇÕES FÍSICAS E MATEMÁTICAS RELACIONADAS AO RUÍDO.......................................... 143

CAPÍTULO 3
MÉTRICAS DO RUÍDO PARA FINS DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL.................................................. 156

CAPÍTULO 4
APLICAÇÕES CONFORME NORMAS PREVIDENCIÁRIAS, TRIBUTÁRIAS E TRABALHISTAS.............. 163

CAPÍTULO 5
FUNDAMENTOS CIENTÍFICOS RELATIVOS AO RUÍDO................................................................ 176

CAPÍTULO 6
RUÍDO DE IMPACTO.............................................................................................................. 190

CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................................................ 191

REFERÊNCIAS................................................................................................................................. 192

REFERÊNCIAS................................................................................................................................. 196
Apresentação

Caro aluno

A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se


entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade.
Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela
interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da
Educação a Distância – EaD.

Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade


dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos
específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém
ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a
evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.

Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo


a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na
profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira.

Conselho Editorial

5
Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa

Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em


capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos
básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam tornar
sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta para
aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares.

A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos
Cadernos de Estudos e Pesquisa.

Provocação

Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.

Para refletir

Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.

Sugestão de estudo complementar

Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo,


discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.

Atenção

Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a


síntese/conclusão do assunto abordado.

6
Saiba mais

Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões


sobre o assunto abordado.

Sintetizando

Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o


entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.

Para (não) finalizar

Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem


ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado.

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Introdução
Caro colega,

Bem-vindo à disciplina Higiene do Trabalho (HT) – Riscos Físicos, aplicada ao Meio


Ambiente do Trabalho, no campo da Engenharia de Segurança do Trabalho – EST.

Este é o Caderno de Estudos, material básico aos conhecimentos exigidos nesta


disciplina, que em razão do conteúdo extenso é complementada por outros dois tomos
de Higiene do Trabalho: Riscos Químicos e Riscos Biológicos.

A HT trata, em especial, dos fatores ambientais do tipo físico, químico e biológico. Os


riscos ergonômicos e de acidentes são objetos de outras disciplinas. É primordial um
conhecimento aprofundado sobre tais riscos, haja vista que na execução da tarefa de
higienização do ambiente é necessário:

»» saber reconhecê-los;

»» identificar se podem ou não ser nocivos à saúde humana;

»» avaliar se suas intensidades ou concentrações estão em nível de


nocividade;

»» saber como estes agentes penetram ou são absorvidos pelo corpo humano;

»» propor as medidas de HT adequadas àquele agente.

Os fatores de riscos ambientais do trabalho são divididos conforme a sua natureza


em Físicos, Químicos, Biológicos, Ergonômicos e de Acidentes. O Quadro a seguir
sintetiza essa classificação. Quando à intensidade (físicos) ou concentração
(químicos) dessas energias ou substâncias, respectivamente, estão em um nível
capaz de causar efeitos nocivos saúde humana, denomina-se “Risco”. A HT trata,
em especial, dos tipos físicos, químicos e biológicos. Os riscos ergonômicos e de
acidentes são objetos de outras disciplinas.

8
TEMPERATURAS ANORMAIS │ UNIDADE I

Quadro 1. Classificação dos fatores e risco ambientais segundo sua natureza.

Físicos Químicos Biológicos Ergonômicos Acidentes


»» Diver-sos agentes
»» Ruído »» Queda de altura
em forma de: »» Bactérias »» Posturas forçadas
»» Calor »» Queda de objetos
»» Líquidos »» Vírus »» Levantamen-to
»» Frio »» trânsito veículos
»» Gases »» Parasitas deslocamen-to de pesos
»» Umidade »» Máquina
»» Vapores »» Protozoá-rios »» Movimentos repetitivos
»» Radiações »» desprotegida
»» Poeiras »» Fungos »» Sobrecarga psíquica
»» Condições hiperbáricas »» Escada sem proteção
»» Neblina »» Outros »» Etc.
»» Vibrações »» Etc.
»» Névoas

Fonte: Próprio autor (2019)

A HT comparece então para ofertar suporte técnico para que o profissional prevencionista
atue neste ambiente com medidas para eliminar ou minimizar os possíveis efeitos
sobre a saúde dos trabalhadores e da comunidade. A HT neste caderno aborda as
energias no contexto da física. Os conteúdos foram organizados em unidades de estudo,
subdivididas em capítulos. Os ícones servirão de recursos de aprendizagem. Dentre os
físicos, destacam-se:

Ruído. O ruído é considerado uma mistura de sons. O som é a percepção do sistema


auditivo da variação da pressão atmosférica ambiente. A menor variação que o
aparelho auditivo humano pode detectar é da ordem de 2 x 105 Pa, a qual denomina-
se limiar de audibilidade. O limiar da dor, por outro lado, corresponde à variação da
pressão em 2 x 102 Pa (200 Pa). No entanto, esta variação deve ocorrer em forma de
ciclos para que seja percebida. A frequência mínima audível é de 20 Hz, enquanto a
frequência máxima chega a 20.000 Hz. Sons cuja frequência situa-se acima de 20 kHz
são denominados ultrassons, enquanto que aqueles abaixo de 20 Hz são infrassons.
Quando há mistura de sons indistinguíveis, diz-se ocorrer o ruído. Alguns aspectos
dos perigos de ruído são energia sonora total, distribuição de frequência, duração da
exposição e ruído de impulso. A acuidade auditiva é geralmente a primeira capacidade
afetada, com perda ou redução de 4.000 Hz, seguida de perdas na faixa de frequência
de 2.000 a 6.000 Hz. O ruído pode produzir efeitos agudos, tais como problemas
de comunicação, diminuição da capacidade de concentração, sonolência e, como
resultado, interferência com o desempenho do trabalho. A exposição a altos níveis de
ruído, geralmente acima de 85 dB(A) ou ruído de impulso, cerca de 140 dB(C) durante
um período considerável de tempo pode causar perda auditiva temporária e crônica.
Atividades recorrentes: fundições, carpintaria, fábricas têxteis, setor metalúrgico em
geral, Call Center, serviço de atendimento ao público, ambientes de alta conversação.

Vibração. A vibração é um movimento oscilatório. A vibração tem alguns parâmetros


em comum com o ruído: frequência, amplitude, duração da exposição e continuidade

9
UNIDADE I │ TEMPERATURAS ANORMAIS

ou intermitência da exposição. Pode ser de mãos e braços (VMB) ou de corpo inteiro


(VCI). Neste caderno há capítulo que resume as respostas humanas às vibrações
de corpo inteiro, transmitidos para as mãos. As vibrações do corpo inteiro ocorrem
quando o corpo está suportado por uma superfície vibrante (por exemplo, quando você
sentado em um assento vibratório, de pé sobre um piso vibrante ou deitado em uma
superfície vibrante). As VCI são apresentadas em todas as formas de transporte e ao
trabalhar perto de maquinário industrial. As vibrações transmitidas às mãos – VMB
são as vibrações que entram no corpo pelos braços e mãos causadas por diferentes
processos de indústria, agricultura, mineração e construção, em que as ferramentas
são apreendidas ou empurradas ou peças vibrantes com as mãos ou dedos. Exposição
a vibrações transmitidas para as mãos podem causar várias desordens. O método de
trabalho e a habilidade do operador parecem desempenhar um papel importante na
ocorrência de efeitos prejudiciais devido à vibração. O trabalho manual com ferramentas
elétricas está associado a sintomas de distúrbios circulatórios periféricos conhecidos
como “fenômeno de Raynaud” ou “dedos brancos induzidos por vibração”. As
ferramentas de vibração também podem afetar o sistema nervoso periférico e o sistema
musculoesquelético, reduzindo a força de preensão e causando dor lombar e distúrbios
degenerativos nas costas. Atividades recorrentes: máquinas de ajuste, carregadores de
mineração, empilhadeiras, ferramentas pneumáticas, motosserra.

Radiação Ionizante – RI. O efeito crônico mais importante da radiação ionizante


é o câncer, incluindo a leucemia. A superexposição a níveis relativamente baixos de
radiação tem sido associada à dermatite nas mãos e efeitos no sistema hematológico.
Os processos ou atividades que podem causar superexposição à radiação ionizante
são muito restritos e controlados. Reatores nucleares, tubos de raios X médicos e
odontológicos, aceleradores de partículas, radioisótopos. A Radiação não ionizante
– RNI é a radiação ultravioleta, radiação visível, raios infravermelhos - IV, lasers,
campos eletromagnéticos (micro-ondas e radiofrequência) e radiação de frequência
extremamente baixa. A radiação IV pode causar catarata. Lasers de alta potência podem
causar lesões nos olhos e na pele. Existe uma preocupação crescente com a exposição a
baixos níveis de campos eletromagnéticos como causa de câncer e como uma possível
causa de efeitos adversos sobre a função reprodutiva das mulheres, especialmente a
exposição a telas de exibição de dados. Ainda não se sabe com certeza se existe uma
relação causal com o câncer. No entanto, as revisões mais recentes do conhecimento
científico disponível geralmente concluem que não há associação entre o uso de telas de
exibição de dados e efeitos adversos sobre a função reprodutiva. Atividades recorrentes
para radiação ultravioleta: soldagem e corte a arco; tratamento de tintas, colas, tintas,
etc. com raios UV; desinfecção; controle de produto. Radiação infravermelha: fornos,
sopro de vidro. Lasers: comunicações, cirurgia, construção.

10
TEMPERATURAS ANORMAIS │ UNIDADE I

Pressão. A atmosfera geralmente contém 20,93% de oxigênio. O organismo


humano é, por natureza, adaptado para respirar oxigênio atmosférico a uma pressão
de cerca de 160 mmHg no nível do mar. Nesta pressão, a molécula que transporta
oxigênio para os tecidos, hemoglobina, é 98% saturada, aproximadamente. Se
a pressão de oxigênio aumenta, o aumento da oxihemoglobina é baixa, já que
sua concentração inicial já é praticamente 100%. Agora, à medida que aumenta
pressão, uma quantidade significativa de oxigênio pode não ser consumido,
entra em solução física no plasma sanguíneo. Felizmente o organismo é capaz de
tolerar uma gama de pressões de oxigênio bastante ampla sem danos observados,
pelo menos a curto prazo. Se a exposição for prolongada, pode produzir, a
longo prazo, problemas de toxicidade do oxigênio. Quando o trabalho requer ar
comprimido para respirar, como no mergulho ou durante o trabalho em tubulões
de ar deficiência de oxigênio (hipóxia) comprimida não costuma ser problema,
uma vez que o organismo é exposto a um maior quantidade de oxigênio à medida
que a pressão absoluta aumenta. Um aumento na pressão para duas vezes o
valor normal dobra o número de moléculas inaladas em cada inspiração Assim,
a quantidade de oxigênio inspirado é igual a um 42%. Isto é, um trabalhador que
respira ar a uma pressão de 2 atmosferas absolutas (ATA), ou 10 m abaixo da
superfície do mar, respira uma quantidade equivalente de oxigênio para o qual
você respiraria na superfície usando uma máscara de 42% de oxigênio.

Temperatura Elevada. Ao longo de suas vidas, os seres humanos mantêm


a temperatura do corpo dentro de limites muito estreitos de variação e
protegido a todo custo. Os limites máximos de tolerância para as células
vivas correspondem a cerca de 0° C (formação de cristais de gelo) e cerca de
45° C (coagulação térmica de proteínas intracelulares). No entanto, os seres
humanos podem suportar temperaturas internas abaixo de 35° C ou acima de
41° C, embora apenas por curtos períodos de tempo. Para manter a temperatura
interna dentro desses limites, o ser humano desenvolveu respostas fisiológicas
muito eficazes e, em alguns casos especializados, ao estresse térmico agudo.
O objetivo dessas respostas é facilitar a conservação, produção ou eliminação
do calor corporal, elas exigem coordenação firmemente controlado de vários
sistemas do corpo. No verão, as condições climáticas às quais trabalhadores
são expostos podem ser a causa de acidentes de trabalho, alguns deles fatais.
O problema não é apenas a alta temperatura, mas o acúmulo excessivo de calor
no corpo, que pode ser produzido tanto por altas temperaturas, quanto pelo
calor gerado pelo corpo em atividades físicas intensas. Além disso, existem
fatores pessoais que aumentam o risco de acidentes, tais como trabalhadores
com doenças preexistentes (doenças cardiovasculares ou respiratórias,

11
diabetes etc.) O estresse térmico é especialmente perigoso no trabalho ao ar
livre, como na construção, a agricultura ou obras públicas, com agravamento
nos dias mais quentes de verão que obrigam programas de prevenção de riscos
específicos, além dos casos em que o estresse térmico é um problema ao longo
do ano. A exposição ao calor pode causar vários efeitos saúde, de gravidade
diferente, como erupção na pele, edema de membros, queimaduras, cãibras
de músculo, desidratação, exaustão etc. Mas sem dúvida, o efeito mais sério
da exposição a situações de calor intenso é insolação. Ele é chamado golpe de
calor, quando a temperatura do corpo excede 40,6 ºC, sendo fatal entre 15%
e 25% dos casos.

Quando a intensidade ou concentração destes agentes está em um nível capaz de


causar efeitos nocivos à saúde humana, passamos a considerá-los um “Risco”, e então,
precisamos atuar neste ambiente com medidas de HT para eliminar ou minimizar os
possíveis efeitos sobre a saúde dos trabalhadores e da comunidade.

Objetivos
»» Abordar criticamente a inserção da higiene do trabalho.

»» Possibilitar ao EST classificar e identificar perigo, risco e fator de risco


ambiental.

»» Compreender, especificar, calcular e aplicar conhecimentos relacionados


à acústica com ênfase ao meio ambiente do trabalho.

»» Compreender, especificar, calcular e aplicar conhecimentos, com ênfase


ao meio ambiente do trabalho, relacionado à acústica; às vibrações;
à termologia; às pressões anormais e às radiações ionizantes e não
ionizantes.

12
TEMPERATURAS UNIDADE I
ANORMAIS

CAPÍTULO 1
Termologia, Calor e Termorregulação

Em uma operação com forno metalúrgico, verifica-se que o operador gasta 3 minutos
carregando o forno, aguarda 4 minutos para que a carga atinja a temperatura esperada
e, em seguida, gasta outros 3 minutos para descarregar o forno. Durante o tempo em
que aguarda a elevação da temperatura da carga (4 minutos), o operador do forno fica
fazendo anotações, sentado à mesa que está afastada do forno.

Figura 1: Panela de fabricação de aço em indústria siderúrgica

Fonte: http://ftp.demec.ufpr.br/disciplinas/TM049/Aula%201.pdf

Em uma operação de colheita manual de cana de açúcar no Nordeste brasileiro, verifica-


se que o trabalhador faz uma jornada das 6h às 11h.

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UNIDADE I │ TEMPERATURAS ANORMAIS

Figura 2. Atividade braçal de alto metabolismo e grande carga solar

Fonte:http://www.tst.jus.br/image/journal/article?img_id=3988052&t=1363730915275

O Brasil é o primeiro país a possuir um aplicativo com capacidade de monitorar a


sobrecarga térmica dos trabalhadores rurais online em todo o seu território. Esse
ganho foi possível com o desenvolvimento do software pela Fundacentro e com o
Acordo de Cooperação Técnica firmado entre a instituição e o Instituto Nacional de
Meteorologia-INMET. O software, operado com dados do INMET, estima o IBUTG
- Índice de Bulbo Úmido-Termômetro de Globo. Totalmente gratuito, o software
pode ser acessado permanentemente no  site da Fundacentro,  possibilitando
ao usuário avaliar a exposição ao calor do trabalhador e disponibilizando as
respectivas medidas de controle. A grande vantagem deste tipo de monitoração
remoto é a dispensa do uso de pessoal especializado, de equipamentos caros,
além do tempo gasto no deslocamento para realizar medições in loco. Fonte:
http://www.Fundacentro.gov.br/noticias/detalhe-da-noticia/2014/4/brasil-e-o-
primeiro-pais-a-monitorar-sobrecarga-termica-de-trabalhadores-rurais.

Essas são situações condutoras do processo ensino-aprendizagem a partir de perguntas:


Há impactos à saúde do trabalhador? Quais medidas prevencionistas deverão ser
adotadas? Quais são os LT e o que acontece se forem ultrapassados?

A exposição ao calor ocorre em muitos ambientes externos e internos. Na indústria


de transformação, cujos ambientes implicam alta carga radiante sobre o trabalhador,
há tendência à geração de sobrecarga térmica sobre o trabalhador. Todavia, muitas
atividades com carga radiante moderada, porém acompanhadas de altas taxas
metabólicas (trabalhos extenuantes ao ar livre), também podem oferecer sobrecargas
inadequadas. Deve-se lembrar, ainda, que pode haver situações críticas em ambientes
em que predomina o calor úmido, praticamente sem fontes radiantes importantes,
como nas lavanderias e tinturarias. Em suma, deve-se tomar cuidado em não
tipificar categoricamente as situações laborais quanto ao calor. O melhor é analisar

14
TEMPERATURAS ANORMAIS │ UNIDADE I

criteriosamente cada uma delas. O profissional prevencionista poderá, com o tempo,


adquirir uma razoável sensibilidade quanto a esses riscos potenciais nas situações de
trabalho.

Contextualização
Ao longo da vida, os organismos seres humanos lutam para manter a temperatura do
corpo dentro de limites muito estreitos de variação. Os limites máximos de tolerância
para as células vivas correspondem a cerca de 0°C (formação de cristais de gelo) e
cerca de 45°C (coagulação térmica de proteínas intracelulares). No entanto, os seres
humanos podem suportar temperaturas internas abaixo de 35°C ou acima de 41°C,
embora apenas por curtos períodos de tempo.

Para manter a temperatura interna dentro desses limites, o ser humano desenvolveu
respostas fisiológicas muito eficazes e, em alguns casos especializados, ao estresse
térmico agudo. O objetivo destas respostas é facilitar a conservação, produção ou
eliminação do calor corporal. Elas exigem coordenação e controle de vários sistemas
do corpo.

Equilíbrio Térmico do Ser Humano

A principal fonte de calor para o corpo é a produção de calor metabólico (M).


Libera-se na forma do calor muita energia ao corpo, mesmo com forte trabalho
muscular, cuja eficiência mecânica flutua entre 75 e 80% da energia envolvida. Em
repouso, a taxa metabólica de 300 ml de O2 por minuto gera uma carga térmica de
aproximadamente 100 W.

15
UNIDADE I │ TEMPERATURAS ANORMAIS

Figura 3. Reação metabólica ao nível celular

Fonte: autor (2019)

Trabalho em estado estacionário com um consumo de oxigênio de 1 l/min gera


aproximadamente 350W de calor, descontada a energia associada a esse trabalho
externo (W). Mesmo com uma intensidade de trabalho leve ou moderada, a temperatura
interna do organismo aumentará aproximadamente um grau Celsius a cada 15 minutos
se não houver meio eficaz da dissipação de calor. As pessoas que estão em muito ativas
fisicamente podem produzir mais de 1.200W de calor por um período de 1 a 3 horas
sem transtornos de sofrimento calor.

O calor pode ser absorvido pelo corpo quando o meio ambiente, via radiação (R) expressa
pela temperatura de globo (Tg) combinado ou não com a via condução-convecção (C)
expressa pela temperatura do ar - Ta, lida no termômetro de bulbo seco (Tbs), produz
potencial energético superior ao corpo humano, ou seja, a temperatura ambiental é
maior que a temperatura da pele. Tornam-se fontes de perda de calor quando o gradiente
térmico é invertido da pele ao ar. Note-se que temperatura do ar - Ta é dada pelo Tbs.

Termólise significa parte da termorregulação que assegura a perda do calor nos


animais, enquanto a termogênese se refere à produção de calor.

O último processo de termólise no balanço térmico do ser humano é a evaporação (E).


É o mais importante dissipador de energia, pois o calor latente de evaporação do suor
é bastante alto, aproximadamente 680 W/h evaporou o suor. Mais à frente discute-
se com maior profundidade. Neste estágio introdutório, registre-se que em ambientes
frios ou termicamente neutros, a termogênese (calor que se ganha) é equilibrado com a
termólise (calor que se perde), de modo que não há calor armazenado no corpo. Diz-se

16
TEMPERATURAS ANORMAIS │ UNIDADE I

que há equilíbrio térmico, expresso pela fórmula do balanço: M - W ± R ± C - E = 0, pois


a sobrecarga (S) é nula. Em resumo, tem-se que o organismo ganha ou perde calor para
o meio ambiente segundo a equação do equilíbrio térmico:

Tabela 1. Equação de Balanço Térmico do Corpo Humano

M–W±C±R–E=S
M – Calor produzido pelo metabolismo, sendo um calor sempre ganho (+)
W – Trabalho realizado pelo corpo humano (-), que consome parte do M gerado
C – Calor ganho ou perdido por condução/convecção (+/-)
R – Calor ganho ou perdido por radiação (+/-)
E – Calor sempre perdido por evaporação (-)
S – Sobrecarga térmica ou calor acumulado no organismo (resultado)

Fonte: Próprio autor (2019)

Se S > 0, diz-se que há acúmulo de calor (sobrecarga térmica). Em sentido inverso, se S


< 0, há perda de calor (hipotermia)

O trabalho pesado (com um alto gasto energético que aumenta pelo saldo M - W),
temperaturas ambientes muito altas (que aumentam o saldo R + C), uma alta umidade
relativa do ar – URA (que limita E), bem como o uso de roupas espessas ou relativamente
impermeáveis (criando uma barreira para a evaporação do suor), produz uma
configuração térmica desfavorável ao trabalhador, decorrente desse cenário, no qual
a exposição ao calor é mais intensa e a dissipação é insuficiente. Em termos algébricos
ocorre M - W + R + C > E, produzindo armazenagem de calor e, por conseguinte,
sobrecarga térmica.

Finalmente, se o esforço é prolongado ou hidratação inadequada, e pode ser excedida


por capacidade limitada do corpo para secretar suor (entre 1 e 2 l/h, para curtos períodos
de tempo).

Temperatura corporal e seu controle


Para descrever as respostas fisiológicas ao frio e ao calor, o corpo pode ser dividido em
dois componentes: o “núcleo” e a “periferia”. A temperatura central (Tc) representa a
temperatura interna ou profunda do corpo e pode ser medida na boca, no reto ou, em
laboratório, no esôfago ou na membrana timpânica (tímpano).

17
UNIDADE I │ TEMPERATURAS ANORMAIS

A temperatura do corpo pode ser medida em alguns lugares. Ainda existem


discordâncias sobre o local ideal para mensurar a temperatura corporal. Os locais
habitualmente mensurados são: Axilar: temperatura normal encontra-se de 35,5
a 37,0° C, com média de 36,0 a 36,5° C. Bucal: temperatura normal encontra-se de
36,0 a 37,4° C. Retal: temperatura normal encontra-se de 36,0 a 37,5°.

Temperatura corporal e seu controle

Para fins de descrição das respostas fisiológicas ao frio e ao calor, o corpo pode ser
dividido em dois componentes: o “núcleo” e a “periferia”.

A temperatura central (Tc) representa a temperatura interna ou profunda do corpo e pode


ser medida na boca, no reto ou, em laboratório, no esôfago ou na membrana timpânica
(tímpano). Já a temperatura da periferia é representada pela temperatura média da
pele (Tsk). O A temperatura corporal média (Tb) é sempre um equilíbrio ponderado
dessas temperaturas, ou seja, Tb = k Tc + (1 - k) Tsk onde o fator de ponderação k varia
entre aproximadamente 0,67 e 0,90.

O organismo quando enfrenta condições que se afastam de neutralidade térmica (frio


ou estresse de calor) busca controlar o Tc via ajustes fisiológicos. Tc é a variável mais
importante para o cérebro, pois é a partir dela que coordena e controla as reações
fisiológicas à agressão externa. Isso porque a temperatura local média da pele Tsk, embora
seja uma importante fonte de informação sensorial, varia muito com temperatura
ambiente, flutuando de 33°C, para ambientes neutros, até 37ºC, em condições de
serviço pesado em ambientes quentes.

Exposição de todo o organismo ou parte dele ao frio pode fazer esta temperatura (Tsk)
cair consideravelmente. A sensibilidade ao toque aparece entre 15°C e 20°C, enquanto
a temperatura crítica para destreza manual fica entre 12ºC e 16ºC. Os limiares
de dor superior e inferior para valores de Tsk são aproximadamente 43°C e 10°C,
respectivamente.

A regulação térmica reside no cérebro, que possui células nervosas que respondem ao
aquecimento (neurônios sensíveis ao calor) e resfriamento (neurônios sensíveis ao frio).
É uma área que domina o controle de temperatura corporal ao receber informações
sensoriais e as envia para a pele, músculos e outros órgãos envolvidos na regulação
térmica através do sistema nervoso autônomo. O sistema de controle do organismo
opera funções de aquecimento e arrefecimento.

18
TEMPERATURAS ANORMAIS │ UNIDADE I

Quando a temperatura corporal excede uma certa temperatura teórica de “referência”,


são ativadas as respostas associadas à termólise (sudorese, aumento do fluxo sanguíneo
periférico). Quando a temperatura do corpo cai abaixo do valor de referência, inicia
respostas de termogênese (redução de fluxo sangue periférico, calafrios). Mas, ao
contrário dos sistemas de aquecimento doméstico, por exemplo, que operam regulação
térmica por termostatos tipo on-off, o corpo humano tem funções de controle gradual
e controle de velocidade da mudança. Deve-se notar que a “temperatura de referência”
existe apenas em teoria, mas é útil entender esses conceitos.

Figura 4. Mecanismos de troca térmica do corpo humano

Fonte: Autor (2019)

Mecanismos de trocas térmicas


A sobrecarga térmica no organismo humano é resultante de duas parcelas de carga
térmica: uma carga externa (ambiental) e outra interna (metabólica). A carga externa
é resultante das trocas térmicas com o ambiente e a carga metabólica é resultante da
atividade física que exerce.

As fases sólido, líquido e gasoso são alteradas a partir do par pressão e temperatura. Essa
última varia em função da quantidade de energia transferida (calor) que se transmite
por três tipos de processos, chamados mecanismos de trocas térmicas: condução,
convecção e radiação.

19
UNIDADE I │ TEMPERATURAS ANORMAIS

Condução decorre da troca térmica entre dois corpos em contato em temperaturas


diferentes ou dentro de um corpo cujas extremidades se encontram a temperaturas
distintas. Para o trabalhador, essas trocas são muito pequenas, geralmente por contato
do corpo com ferramentas e superfícies. Condução é a transmissão de calor entre dois
sólidos que estão em contato. As trocas ocorrem entre a pele e as roupas, calçados, pontos
de pressão (assento, alças), ferramentas etc. Na prática, para o cálculo matemático do
equilíbrio térmico, o fluxo de calor por condução é indiretamente estimado como uma
quantidade igual ao fluxo de calor por convecção e radiação que ocorreria se essas
superfícies não estivessem em contato com outros materiais.

Convecção decorre da troca térmica realizada geralmente entre um corpo e um


fluido, ocorrendo movimentação do último por diferença de densidade provocada pela
dilatação dos corpos por conta do aumento da temperatura. Em outras palavras, esse
fluido aquecido passa a ocupar um volume maior do que o fluido nos arredores. Todo
corpo inserido em um meio líquido ou gasoso sofre a ação de uma força vertical para
cima, chamada de empuxo. Essa força é proporcional ao volume do fluido deslocado
pelo corpo. Como o líquido aquecido passa a ocupar um volume maior, ele sofre mais
empuxo e sobe, dando origem a um movimento ascendente. A subida do fluido aquecido
dá espaço para que as porções mais frias e mais densas do fluido desçam, formando
um movimento descendente. O processo continua até que todo o fluido esteja sob a
mesma temperatura. Portanto, com a troca de calor existe uma movimentação do
fluido, chamada de corrente natural convectiva. Se o fluido se movimenta por impulso
externo, diz-se que é uma convecção forçada. Para o trabalhador, essa troca ocorre com
o ar a sua volta.

Figura 5. Troca térmica por convecção

Fonte: https://brasilescola.uol.com.br/o-que-e/fisica/o-que-e-conveccao.htm

A convecção envolve a transferência de calor entre a pele e o ar circundante. Se a


temperatura da pele, Tsk em graus Celsius (°C), é maior que a temperatura do ar (Tbs),
o ar em contato com a pele aquece e, como consequência, sobe. Isso estabelece uma
circulação de ar, conhecida como convecção natural, na superfície do corpo. A troca

20
TEMPERATURAS ANORMAIS │ UNIDADE I

aumenta se o ar passar sobre a pele por uma convecção forçada. Fluxo de calor trocada
por convecção, C, em watts por metro quadrado (W/m2) pode ser estimado com a
seguinte equação: C = hc. FclC (Tsk - Tbs), onde hc é o coeficiente de convecção (W/°C.
m2), que é função da diferença entre Tsk e Tbs no caso de convecção natural, e velocidade
do ar - Va (em m/s) em convecção forçada. FclC é o fator de redução de troca de calor por
convecção devido ao vestuário1.

Radiação é transferência de calor realizada por meio de ondas eletromagnéticas.


Todo corpo que se encontra em temperatura diferente do zero absoluto troca calor
constantemente em forma de ondas eletromagnéticas com suas vizinhanças. O Sol, por
exemplo, aquece a Terra por meio da emissão de infravermelho e luz visível, entre outras
ondas eletromagnéticas. Assim, todos os corpos emitem radiação eletromagnética cuja
intensidade depende de sua temperatura absoluta T (em graus Kelvin: K) elevada à
quarta potência.

Lei de Stefan-Boltzmann: a potência total (em todos os comprimentos de onda)


irradiada por unidade de área é proporcional à quarta potência da temperatura.
Todos os corpos irradiam calor constantemente, perdendo energia. Os corpos
sem energia térmica própria precisam, então, absorver energia para depois
emiti-la. Portanto, aquele que mais absorve é também o que mais pode emitir. O
corpo hipotético, que é um absorvedor ideal e, logicamente, um emissor ideal, é
denominado corpo negro. Define-se poder emissivo (E) como a potência irradiada
por unidade de área. No Sistema Internacional de Unidades, conhecido como
(SI), a unidade do poder emissivo é dada em W/m2 (watt por metro quadrado).
Sendo assim, define-se a Lei de Stefan-Boltzmann da seguinte maneira. O poder
emissivo (E) de um corpo negro (cn) é proporcional à quarta potência de sua
temperatura absoluta (T). Matematicamente, expressa-se por:

Ecn = σ .T4

Onde σ é a constante de radiação universal (5,67×10-8 W/m2K4).

Importante consultar a relação entre comprimento da onda  frequência no


espectro eletromagnético.
https://i.ytimg.com/vi/0_VROXn80I8/maxresdefault.jpg
http://labcisco.blogspot.com/2013/03/o-espectro-eletromagnetico-na-
natureza.html
http://1.bp.blogspot.com/-ozrKid8wBdQ/UTGIMAK56JI/AAAAAAAAAjI/-
xfmDFTVFd0/s1600/EE1.jpg

https://estudodacor.files.wordpress.com/2014/08/espectro-eletromagnetico1.
jpg

21
UNIDADE I │ TEMPERATURAS ANORMAIS

As ondas são matematicamente representadas através da simbologia da senoide, O


comprimento da onda é representado pela letra grega lâmbda (λ) e equivale à distância
entre os picos de duas ondas. Já a frequência equivale à quantidade de ondas existentes
no intervalo de tempo de 1s (medida denominada Hertz). 

A pele, com uma temperatura que pode variar entre 30 e 35°C (303 e 308 K), emite esse
tipo de radiação na zona do infravermelho. Ela também recebe a radiação emitida pelas
superfícies vizinhas.

A partir da equação da Lei de Stefan-Boltzmann, o fluxo de calor trocado por radiação,


R (em W/m2), entre o corpo e o ambiente pode ser descrito com a seguinte expressão:

Onde, σ é a constante de radiação universal (5,67×10-8 W/m2K4). ε é a emissividade da


pele que, para radiação infravermelha, é igual a 0,97 e independente do comprimento
de onda, e para a radiação solar é aproximadamente igual a 0,5 nas pessoas brancas
e 0,85 em negros. AR/AD é a fração da superfície do corpo que participa das trocas,
sendo da ordem de 0,66, 0,70 ou 0,77, dependendo se a pessoa está de cócoras,
sentada ou em pé. FclR é o fator que reduz as trocas de calor radiação devido ao
vestuário. Tsk (em K) é a temperatura média da pele. Tr (em K) é a temperatura
radiante média do ambiente; isto é, a temperatura obtida pelo termômetro de globo,
preto fosco com diâmetro de 150 mm.

A expressão anterior pode ser substituída por uma equação simplificada semelhante à
convecção:

Onde, hr é o coeficiente de troca de radiação (W/°C m2).

A radiação eletromagnética, não ionizante, não necessita de um meio físico para


se propagar. O ar é praticamente transparente à radiação infravermelha. As trocas
por radiação entre o trabalhador e seu entorno, quando há fontes radiantes severas,
serão as preponderantes no balanço térmico e podem corresponder a 60% ou mais
das trocas totais.

Percebe-se que do espectro de frequência das radiações eletromagnéticas apenas a


faixa compreendida do vermelho ao azul, correspondente a frequência de 4,0.1014 Hz a
7,50.1014 Hz, sensibiliza o olho humano, chamada de luz visível.

22
TEMPERATURAS ANORMAIS │ UNIDADE I

Considerando a velocidade da propagação eletromagnética da luz (c) de 3,0.108 m/s,


bem como que essa velocidade é igual ao produto da frequência (f) pelo comprimento
da onda, (ʎ), tem-se que a faixa visível varia 780 nʎ a 380 nʎ. Ou seja, quanto maior
frequência, maior a energia, menor o comprimento de onda.

A orelha humana percebe sons de 2,0.101 Hz a 2,0.104 Hz, que variam no ranger
de 103, desde que compreendidos em pressões sonoras que variem de 2. 10-5 Pa
a 2.102 Pa, enquanto os olhos enxergam a luz entre 4,0.1014 Hz a 7,50.1014 Hz,
portanto na mesma ordem de grandeza. Tomando a frequência como referência,
proporcionalmente, os seres humanos escutam mil vezes mais que veem.

Evaporação é a mudança de fase líquido para vapor ao receber calor. É a troca de


calor produzida pela evaporação do suor. O suor recebe calor da pele, evaporando e
aliviando o trabalhador. Grandes trocas de calor podem estar envolvidas (a entalpia
de vaporização da água é de 590 cal/gramasE .m todas as superfícies molhadas, existe
uma camada de ar saturada com vapor de água.

Se a atmosfera não estiver saturada, esse vapor se difunde desta camada para a atmosfera.
A camada tende a regenerar absorvendo o calor de evaporação (0,674 watts hora por
grama de água) da superfície molhada, que esfria. Se toda a pele estiver coberta de suor,
a evaporação é máxima (Emax) e depende apenas das condições ambientais, de acordo
com a seguinte expressão:

Onde, he é o coeficiente de troca de evaporação (W/m2 kPa). Psk,s é a pressão de vapor


de água saturada na temperatura da pele (expressa em kPa). Pa é a pressão parcial de
vapor de água no ambiente (expresso em kPa). Fpcl é o fator de redução da troca por
evaporação devido às roupas.

O mecanismo da evaporação pode ser o único meio de perda de calor para o ambiente
na indústria. Porém, a quantidade de água que já está no ar é um limitante para a
evaporação do suor, ou seja, quando a umidade relativa do ambiente é de 100%, não é
possível evaporar o suor, e a situação pode ficar crítica. À medida que ocorre a sobrecarga
térmica, o organismo dispara certos mecanismos para manter a temperatura interna
constante, sendo os principais: a vasodilatação periférica e a sudorese.

Calor sensível

O calor sensível é a energia calorífica fornecida a um corpo ou objeto, que aumenta


sua temperatura sem afetar sua estrutura molecular e, portanto, sua fase. Em geral, foi

23
UNIDADE I │ TEMPERATURAS ANORMAIS

observado experimentalmente que a quantidade de calor necessária para aquecer ou


resfriar um corpo é diretamente proporcional à diferença de massa e temperatura do
corpo. A constante de proporcionalidade é chamada de calor específico. Para aumentar
a temperatura de um corpo é necessário aplicar certa quantidade de calor (energia). A
quantidade de calor aplicada em relação à diferença de temperatura alcançada depende
do calor específico do corpo, que é diferente para cada substância.

O nome vem da oposição ao calor latente que se refere ao calor “oculto”, isto é, o calor
é fornecido, mas não “percebido” como na mudança de fase do gelo para a água líquida
e deste para o vapor. Todavia, o calor sensível é percebido, uma vez que aumenta a
temperatura da substância, fazendo com que ela seja percebida como “mais quente”,
ou, inversamente, se o calor é subtraído, é percebido como “mais frio”. O calor sensível
pode ser calculado, à pressão constante, pela fórmula:

Q = m . c ∆T

onde Q é calor (cal ou J; m – massa (g ou kg); c - calor específico (cal/gºC ou J/kg.K) e
ΔT – variação de temperatura (ºC ou K)

Calor específico mede a quantidade de energia por massa que alguma substância precisa
ceder, ou absorver, para ter a sua temperatura variada em 1ºC. No caso da água pura,
por exemplo, e em condições normais de pressão, para variar sua temperatura em 1ºC
é necessária 1,0 caloria para cada grama de água.

Calor latente

O calor latente é a quantidade de energia requerida por uma substância para mudar de
fase, de sólido para líquido (calor de fusão) ou de líquido para gás (calor de vaporização).
Deve-se levar em conta que esta energia na forma de calor é investida para a mudança
de fase e não para um aumento na temperatura. Anteriormente, o termo calor latente
era usado para se referir ao calor de fusão ou vaporização. O calor que é aplicado
quando a substância não muda de fase e a temperatura varia é chamado de calor
sensível. Quando o calor é aplicado a um pedaço de gelo, sua temperatura sobe até
atingir 0°C (temperatura de mudança de estado). A partir desse momento, mesmo que
o calor ainda seja aplicado, a temperatura não mudará até que esteja completamente
derretida. Isso ocorre porque o calor é usado no derretimento do gelo. Quando o gelo
derreter, a temperatura subirá novamente até atingir 100°C. A partir desse momento, a
temperatura permanecerá estável até que toda a água se evapore.

É possível que durante as trocas de calor com suas vizinhanças, um corpo apresente
pressão, temperatura e volume que o levem a sofrer uma mudança em seu estado físico.

24
TEMPERATURAS ANORMAIS │ UNIDADE I

Essas mudanças ocorrem em temperatura constante (para corpos compostos por uma


única substância, sem impurezas), ou seja, apesar de estarem recebendo ou cedendo
calor para o meio externo, a temperatura desses corpos não se altera.

Isso só é possível porque toda a energia trocada, nesse caso, está sendo usada para alterar
a conformação de suas moléculas. A partir do momento em que se “vence” a barreira
energética e todo o conteúdo do corpo encontra-se em outro estado físico, o corpo
continua a troca de calor com as vizinhanças, a menos, é claro, que a sua temperatura
seja igual à temperatura externa. O calor latente pode ser calculado pela fórmula:
Q = m. L

sendo Q – calor latente (cal ou J), m – massa (g ou kg) e L – calor latente específico
(cal/g ou J/kg).

25
CAPÍTULO 2
Reações Fisiológicas ao Calor

À medida que há um aumento de calor ambiental, ocorre uma reação no organismo


humano no sentido de promover um aumento da perda de calor. Inicialmente ocorrem
reações fisiológicas para promover a perda de calor, mas essas reações, por sua vez,
provocam outras alterações, que, somadas, resultam num distúrbio fisiológico.

Vasodilatação e vasoconstrição periférica. Vasodilatação ocorre quando a


temperatura corporal aumenta, os vasos periféricos se dilatam e o sangue flui em maior
quantidade próximo à pele, favorecendo a transferência de calor para o meio ambiente.
Portanto, com o esforço do trabalho, a pele do trabalhador fica vermelha, pois é mais
irrigada. Isso permite o aumento de circulação de sangue na superfície do corpo,
aumentando a troca de calor com o meio ambiente. O fluxo sanguíneo transporta calor
do núcleo do corpo para a periferia. Como a rede de vasos aumenta, pode haver queda
de pressão hidráulica aplicada.

Ao contrário, há vasoconstrição dos vasos epidérmicos como um dos primeiros


processos que melhoram a conservação do calor. Quando a temperatura diminui, o
hipotálamo posterior é ativado e, através do sistema nervoso simpático, ocorre uma
diminuição no diâmetro dos vasos sanguíneos cutâneos. Esta é a razão pela qual as
pessoas empalidecem com o frio. Esse efeito diminui a condução de calor do núcleo
interno para a pele. Consequentemente, a temperatura da pele diminui e se aproxima
da temperatura ambiente, reduzindo assim o gradiente que favorece a perda de calor. A
vasoconstrição pode diminuir a perda de calor cerca de oito vezes ,.

Muito importante consultar e visualizar sobre reação fisiológica humana à


temperatura anormal.

https://www.infoescola.com/fisiologia/temperatura-corporal/

https://es.dreamstime.com/stock-de-ilustraci%C3%B3n-control-de-la-
temperatura-del-cuerpo-image60847755 sobre termorregulação por sudorese
em https://consenfmh.blogspot.com/2013/07/sudorese-hiper-hidrose-suor-
intenso.html.

Sudorese. Quando o corpo está superaquecido, as informações são enviadas


para a área pré-óptica, localizada no cérebro, em frente ao hipotálamo. Isso
desencadeia a produção de suor. O ser humano pode perder até 1,5l de suor

26
TEMPERATURAS ANORMAIS │ UNIDADE I

por hora. Através dele ocorre a perda de água, o que leva à diminuição da
temperatura do corpo. Isso permite a perda de calor por meio da evaporação
do suor. O número de glândulas ativadas pelo mecanismo termorregulador é
proporcional ao desequilíbrio térmico existente. A evaporação de um litro por
hora permite uma perda de 590 kcal nesse período. O calor pode produzir efeitos
que vão desde a desidratação progressiva e as cãibras até ocorrências bem mais
sérias, como a exaustão por calor e o choque térmico. Os grandes candidatos a
incidentes mais sérios são as pessoas não aclimatadas, ou seja, os “novatos” no
ambiente termicamente severo.

Quando o sistema termorregulador é afetado pela sobrecarga térmica, a temperatura


interna aumenta continuamente, produzindo alteração da função cerebral, com
perturbação do mecanismo de dissipação do calor, cessando a sudorese. O golpe de calor
produz sintomas como: confusão mental, colapsos, convulsões, delírios, alucinações
e coma sem aviso prévio, parecendo o quadro com uma convulsão epiléptica. Os
sinais externos do golpe de calor são: pele quente, seca e arroxeada. A temperatura
interna sobe a 40,5°C ou mais, podendo atingir 42°C a 45°C no caso de convulsões
ou coma. O golpe de calor é frequentemente fatal e, no caso de sobrevivência, podem
ocorrer sequelas devido aos danos causados ao cérebro, rins e outros órgãos. O golpe
de calor pode ocorrer durante a realização de tarefas físicas pesadas em condições de
calor extremo, quando não há a aclimatação e quando existem certas enfermidades,
como o diabetes mellitus, enfermidades cardiovasculares e cutâneas ou obesidade. O
médico deve ser chamado imediatamente e o primeiro socorro prevê que o corpo do
trabalhador deve ser logo resfriado.

Exaustão pelo calor ou síncope pelo calor resulta da tensão excessiva do sistema
circulatório, com perda de pressão e sintomas como enjoo, palidez, pele coberta pelo
suor e dores de cabeça. Quando a temperatura corpórea tende a subir, o organismo
sofre uma vasodilatação periférica, na tentativa de aumentar a quantidade de sangue
nas áreas de troca. Com isso, há uma diminuição de fluxo sanguíneo nos órgãos
vitais, podendo ocorrer uma deficiência de oxigênio nessas áreas, o que compromete
particularmente o cérebro e o coração. Essa situação pode ser agravada quando há
a necessidade de um fluxo maior de sangue nos músculos devido ao trabalho físico
intenso. A recuperação é rápida e ocorre naturalmente se o trabalhador se deitar
durante a crise ou sentar-se com a cabeça baixa. A recuperação total é complementada
por repouso em ambiente frio.

Prostração térmica por desidratação: a desidratação ocorre quando a quantidade


de água ingerida é insuficiente para compensar a perda pela urina ou sudação e pelo ar
exalado. Com a perda de 5% a 8% do peso corpóreo, ocorre a diminuição da eficiência

27
UNIDADE I │ TEMPERATURAS ANORMAIS

do trabalho, sinais de desconforto, sede, irritabilidade e sonolência, além de pulso


acelerado e temperatura elevada. Uma perda de 10% do peso corpóreo é incompatível
com qualquer atividade, e com uma perda de 15% pode ocorrer o choque térmico ou
golpe pelo calor. O tratamento consiste em colocar o trabalhador em local frio e fazer a
reposição hídrica e salina. Prostração térmica pelo decréscimo do teor salino: se o sal
ingerido for insuficiente para compensar as perdas por sudorese, podemos sofrer uma
prostração térmica. As pessoas mais suscetíveis são as não aclimatizadas. A prostração
térmica é caracterizada pelos sintomas: fadiga, tontura, falta de apetite, náusea, vômito
e cãibra muscular.

Cãibras de calor: apresentam-se na forma de dores agudas nos músculos, em


particular os abdominais, coxas e aqueles sobre os quais a demanda física foi intensa.
Elas ocorrem por falta de cloreto de sódio, perdido pela sudorese intensa sem a devida
reposição e/ou aclimatação. O tratamento consiste no descanso em local fresco, com a
reposição salina por meio de soro fisiológico (solução a 1%). A reposição hídrica e salina
deve ser feita com orientação e acompanhamento médico.

Enfermidades das glândulas sudoríparas: a exposição ao calor por um período


prolongado e, particularmente, em clima muito úmido pode produzir alterações das
glândulas sudoríparas, que deixam de produzir o suor, agravando o sistema de trocas
térmicas e levando os trabalhadores à intolerância ao calor. Esses trabalhadores devem
receber tratamento dermatológico e, em alguns casos, devem ser transferidos para
tarefas em que não exista a necessidade de sudorese para a manutenção do equilíbrio
térmico.

Edema pelo calor: consiste no inchaço das extremidades, em particular os pés e os


tornozelos. Ocorre comumente em pessoas não aclimatizadas, sendo muito importante
a manutenção do equilíbrio hídrico-salino.

A aclimatação é a adaptação do organismo a um ambiente quente. Quando um


trabalhador se expõe ao calor intenso pela primeira vez, tem sua temperatura
interna significativamente elevada, com aumento do ritmo cardíaco e baixa
sudorese. Além de suar pouco, pode perder muito cloreto de sódio nesse suor. O
indivíduo aclimatizado sua mais, consegue manter a temperatura do núcleo do
corpo em valores mais baixos e perde menos sal no suor, mantendo também os
batimentos cardíacos. A aclimatação ocorre por intermédio de três fenômenos:
aumento da sudorese; diminuição da concentração de sódio no suor (4,0 g/l
para 1,0 g/l) – a quantidade de sódio perdido por dia passa de 15 a 25 gramas
para 3 a 5 gramas –; diminuição da frequência cardíaca, por meio do aumento do
volume sistólico, devido ao aumento da eficiência do coração no bombeamento

28
TEMPERATURAS ANORMAIS │ UNIDADE I

em valores mais aceitáveis. A aclimatação é iniciada após quatro a seis dias e


tende a ser satisfatória após uma a duas semanas. É o médico que deve avaliar se
a aclimatação está satisfatória. O afastamento do trabalho por vários dias pode
fazer com que o trabalhador perca parte da aclimatação. Após três semanas, a
perda será praticamente total.

Homeostase (homeostasia) é propriedade de um sistema aberto, especialmente


em seres vivos, de regular o seu ambiente interno de modo a manter uma
condição estável, mediante múltiplos ajustes de equilíbrio dinâmico controlado
por mecanismos de regulação. Por exemplo, os músculos esqueléticos tremem
para produzir calor quando a temperatura corporal é muito baixa; geração de
calor pelo metabolismo de gordura. O suor arrefece o corpo por evaporação.

Em resumo a este capítulo, diz-se que em condições normais, a temperatura


do corpo permanece dentro de limites estreitos, com ações termorreguladoras
brandas. Porém, durante a realização de atividade física a produção de calor
aumenta, a sudorese é acionada, ocorre intensa vasodilatação cutânea e há
a inibição dos calafrios e da termogênese química. Apesar da eficiência dos
mecanismos termorreguladores, as altas temperaturas ambientais e a umidade
do ar, juntamente com o trabalho muscular extenuante e a falta de aclimatação,
podem levar a pessoa ao estresse por calor. Este pode ocorrer tanto em
ambientes internos quanto externos para determinados ambientes laborais.
As doenças térmicas brandas mais comuns, ou seja, que não comprometem
o sistema termorregulador são a síncope e o edema por calor. Já as doenças
relacionadas com quadro de desidratação e hipertermia configuram-se como
emergência médica, devendo ser prontamente identificadas e tratadas para
evitar maiores complicações.

29
CAPÍTULO 3
Avaliação dos parâmetros básicos do
ambiente de trabalho

Objetiva-se, neste capítulo, com base nos mecanismos de produção e perda de calor
do organismo humano, descrever a interferência dos fatores físicos e ambientais
no processo de termorregulação. Esses dados são relevantes para a avaliação de
determinados ambientes de trabalho e um planejamento mais eficiente, do ponto de
vista térmico, das instalações laborais, jornadas de trabalho e vestimentas de trabalho.

Como visto, as trocas térmicas, por convecção, radiação e a evaporação, dependem de


quatro parâmetros climáticos: a temperatura do ar - tbs, em °C, a umidade do ar expressa
por sua pressão de vapor parcial Pa em kPa, a temperatura radiante média tr em °C, e
a velocidade do ar, em m/s. Os instrumentos e métodos utilizados para medir estes
parâmetros físicos do ambiente estão sujeitos à norma ISO 7726 (1985), no Brasil pela
NHO 06 da Fundacentro, que descreve os diferentes tipos de instrumentos a serem
utilizados, suas faixas de medição e precisão, além de recomendar procedimentos de
medição. Esta seção resume parte do conteúdo desse padrão, com referência especial
às condições de uso dos instrumentos e dispositivos mais comuns.

Temperatura do ar
A temperatura do ar (tbs) deve ser medida independentemente de qualquer radiação
térmica e com uma precisão de ± 0,2°C entre 10 e 30°C e ± 0,5 °C fora dessa faixa.
Existem muitos tipos de termômetros, embora os de mercúrio sejam os mais comuns.
Sua vantagem está na precisão, sempre que foram calibrados corretamente no início;
e como principais desvantagens, seu longo tempo de resposta e a incapacidade de
realizar registros automáticos. Os termômetros eletrônicos, entretanto, geralmente têm
um tempo de resposta muito curta (entre 5s e 1min), mas a sua calibração apresenta
inúmeros problemas.

Pressão parcial do vapor de água

A umidade do ar pode ser caracterizada de quatro maneiras: i) temperatura do ponto


de orvalho - temperatura na qual o ar satura com umidade (°C); ii) pressão parcial de
vapor de água - fração da pressão de ar devido ao vapor de água - Pa (kPa); iii) Umidade
relativa (URA), que é dada pela expressão:

30
TEMPERATURAS ANORMAIS │ UNIDADE I

Pa
URA = 100 (%)
Ps ,ta

onde PS,ta é a pressão de vapor saturado associada à temperatura do ar; iv) a


temperatura do bulbo úmido (tbu), que é a temperatura mínima que atinge um bulbo
rodeado por uma mecha molhada protegida contra radiação e ventilada a mais de
2 m/s pelo ar ambiente. Todos esses valores estão matematicamente
relacionados. A pressão de saturação do vapor de água PS,t a qualquer temperatura t
é dada por: 17,27 . t

Ps ,t 0, 6105 × e
= t + 237,3

enquanto a pressão parcial do vapor d’água está relacionada à temperatura pela


expressão:

 
Pa Ps ,tbu −  tbs − tbu  ÷15
=
 
 

onde PS,tu é a pressão de vapor saturado à temperatura de bulbo úmido. Uma forma mais
amigável de operar essas variáveis é usar uma carta psicrométrica. Consulte na internet,
por exemplo sugere-se carta psicrométrica da Carrier© (www.handsdownsoftware.
com/CARRIER-Chart.PDF). Consultando essa ou outras cartas, é possível combinar
todas essas variáveis. A seguir se descreve uma consulta a carta psicrométrica.

A facilidade de usar esse diagrama reside no fato de que basta conhecer duas variáveis
para se encontrar as demais. Por exemplo, no eixo x, a escala da temperatura do ar, lê-
se o termômetro de bulbo seco (Tbs) com 25°C. Com o termômetro de bulbo úmido (Tbu),
obtém-se 18°C, plotado na linha oblíqua retas de temperatura úmida. Na interseção
dessas duas retas, encontra-se a umidade relativa do ar - URA, no caso, de 50%. Percebe-
se, se continuar a subir na vertical da reta Tbs de 25°C, até interseção final com a linha
curva de saturação (URA de 100%), que a Tbu será 25°C. Ou seja, quando Tbu e Tbs são
iguais não há espaço vapor para dissolver agua líquida na massa de ar, dita saturada,
URA = 100%.

Em resumo, os cinco principais parâmetros a serem considerados na quantificação da


sobrecarga térmica são: temperatura do ar; velocidade do ar; calor radiante; umidade
relativa do ar; tipo de atividade (metabolismo).

31
UNIDADE I │ TEMPERATURAS ANORMAIS

Tabela 2. Cinco principais parâmetros considerados da sobrecarga térmica.

Temperatura do ar, medida pelo termômetro Tbs. A influência da temperatura do ar na troca térmica entre o organismo e o meio ambiente pode ser
avaliada observando-se a defasagem, positiva ou negativa, existente entre a temperatura do ar e a temperatura da pele. Quando a temperatura do ar
é maior que a temperatura da pele, o organismo ganha calor por condução-convecção. Do contrário, perde.

Velocidade do ar - medida pelo anemômetro - pode alterar o intercâmbio de calor entre o organismo e o ambiente, interferindo tanto na troca
térmica por condução-convecção como na troca térmica por evaporação. No mecanismo de condução-convecção, o aumento da velocidade do ar
acelera a troca de camadas de ar próximas ao corpo, aumentando o fluxo de calor entre este e o ar.
Carga radiante do ambiente - medida pelo termômetro Tg. Quando um indivíduo se encontra em presença de fontes apreciáveis de calor radiante
(considerável quantidade de radiação infravermelha), o organismo humano ganha calor pelo mecanismo da radiação. No estudo do calor, este fator
não deve ser desprezado, pois contribui significativamente para a elevação da sobrecarga térmica.

Umidade relativa do ar – URA, medida pelo higrômetro, influencia a troca térmica que ocorre entre o organismo e o meio ambiente pelo mecanismo
da evaporação. Teoricamente, o organismo humano pode perder 600W/m2 pela evaporação do suor. Essa razão poderá ser diminuída em função
da URA que igual a 100% dificulta a evaporação do suor para o meio ambiente. Perda de calor por evaporação será reduzida. Se, URA for de 0%,
haverá condição para o organismo perder 600W/m2 para o ambiente. Nos dois extremos acima descritos, percebe-se: quanto maior é a umidade
relativa do ar, menor será a perda de calor por evaporação.
Metabolismo, por meio da atividade física da tarefa - Quanto mais intensa for a atividade física exercida pelo indivíduo, maior será o calor produzido
pelo metabolismo. Para indivíduos que trabalham em ambientes quentes, o calor decorrente da atividade física constituirá parte do calor total ganho
pelo organismo e, portanto, deve ser considerado na quantificação da sobrecarga térmica.

Fonte: Próprio autor (2019)

Avaliação do estresse por calor e índices de


estresse por calor
O estresse térmico ocorre quando o ambiente de uma pessoa (temperatura do ar,
temperatura radiante, umidade e velocidade do ar), suas roupas e sua atividade
interagem para produzir uma tendência de aumento da temperatura corporal. O
sistema de regulação térmica do organismo responde para aumentar a perda de calor.
Essa resposta pode ser poderosa e eficaz, mas também pode causar estresse no corpo,
causando desconforto, doença ou até morte. Portanto, é importante avaliar ambientes
quentes para garantir a saúde e a segurança dos trabalhadores. Os índices de estresse
térmico fornecem ferramentas para avaliar ambientes quentes e estimar o estresse
térmico ao qual os trabalhadores podem ser expostos.

Os valores limites com base nos índices de estresse térmico indicam quando esse
estresse pode se tornar inaceitável. Em geral, os mecanismos de estresse térmico são
bem conhecidos e as práticas de trabalho para ambientes quentes são bem estabelecidas.
Esses incluem: conhecimento dos sinais de alerta dos programas de estresse térmico,
aclimatação e reidratação. Basicamente se usam três marcadores biológicos para avaliar
estresse térmico: sudorese, frequência cardíaca e temperatura interna.

A figura a seguir demonstra a variação de três indicadores de estresse térmico com


níveis crescentes de estresse térmico ambiental. Na zona B, área da zona prescritiva
(ZP), a temperatura interna do corpo permanece constante graças ao aumento da taxa
de sudorese. Na zona C, zona de urgência ambiental (ZUA), a taxa de sudorese não
32
TEMPERATURAS ANORMAIS │ UNIDADE I

consegue mais aumentar, a temperatura do corpo se eleva. A transição de chama limite


superior da zona prescritiva (LSZP).

Figura 6. Três medições de carga térmica com níveis crescentes de estresse térmico.

Fonte: Organización Mundial de la Salud (OMS). 1969. Health factors involved in working under conditions of heat stress.
Technical Report 412. Ginebra: OMS.

Estudo feito e integrado à enciclopédia da OIT concluiu que os distúrbios do calor


ocorrem por um ou mais dos seguintes motivos: 1. a existência de fatores como
desidratação ou falta de aclimatação; 2. apreciação inadequada dos perigos do calor,
seja por parte das autoridades de supervisão ou pelas pessoas em situação de risco;
3. circunstâncias acidentais ou imprevistas que causam exposição a grande estresse
térmico. Depreende-se que muitas das mortes são atribuídas à negligência e que,
quando distúrbios ocorrem, é muito importante ter o necessário para administrar um
tratamento correto e rápido.

O estresse térmico ocorre quando o ambiente de uma pessoa (temperatura do ar,


temperatura radiante, umidade e velocidade do ar), suas roupas e sua atividade
interagem para produzir uma tendência de aumento da temperatura corporal. O
sistema de regulação térmica do organismo responde para aumentar a perda de calor.
Essa resposta pode ser poderosa e eficaz, mas também pode causar estresse no corpo,

33
UNIDADE I │ TEMPERATURAS ANORMAIS

causando desconforto, doença ou até morte. Portanto, é importante avaliar ambientes


quentes para garantir a saúde e a segurança dos trabalhadores.

Índices de estresse térmico


Um índice de estresse térmico é um número único que integra os efeitos dos cinco
parâmetros básicos em qualquer ambiente térmico ao qual um ser humano possa ser
exposto, de modo que seu valor varia de acordo com o estresse térmico sofrido pela
pessoa exposta a um ambiente quente. O valor do índice (medido ou calculado) pode
ser usado para projetar práticas de trabalho, definir tarefas e estabelecer limites de
segurança.

Inúmeras investigações foram conduzidas para determinar o índice definitivo de


estresse térmico. Não existe, porém, acordo sobre qual seja o melhor. Há tendência à
normalização, por exemplo, as ISO 7933 (1989b) e ISO 7243 (1989a) criaram pressões
por uniformização a serem adotadas em todo o mundo. A maioria dos índices de estresse
térmico considera, direta ou indiretamente, que o principal fator de estresse para o
organismo está relacionado à transpiração.,

Por exemplo, quanto mais suor tiver de transpirar para atingir equilíbrio térmico
mantendo a temperatura corporal interna, maior será o estresse imposto ao organismo.
Para que um índice de estresse pelo calor reflita o ambiente térmico humano e sirva
para prever o estresse térmico é necessária uma tabela de correspondência que estime
a capacidade de uma pessoa, via transpiração, perder calor para um ambiente quente.

Índices baseados na evaporação do suor são úteis quando as pessoas mantêm a


temperatura corpo interno principalmente através da transpiração. Em geral, diz-se
que essas condições estão na zona prescritiva. Assim, a temperatura corporal interna
permanece relativamente constante enquanto a frequência cardíaca e o nível de
transpiração aumentam com o estresse térmico.

No limite superior à zona prescritiva (LSZP), a regulação térmica é insuficiente para


manter o equilíbrio térmico e a temperatura corpo aumenta. É chamada de zona de
emergência ambiental. Nesta área, o armazenamento de calor está relacionado à
temperatura corporal interna e pode ser usado como um índice para determinar os
tempos de exposição permitido (por exemplo, com base em um limite de segurança
estabelecido manter uma temperatura interna de 38°C).

Conforme figura acima, os índices de estresse térmico podem ser classificados como
racionais, empíricos ou diretos:

34
TEMPERATURAS ANORMAIS │ UNIDADE I

1. Os índices racionais são baseados em cálculos para os quais a equação de


equilíbrio térmico é usada.

2. Os índices empíricos são baseados no uso de equações obtidas das


respostas fisiológicas dos seres humanos (por exemplo, perda de suor).

3. Os índices diretos são baseados na medição (geralmente de temperatura)


dos instrumentos utilizados para simular a resposta do corpo humano.

4. Os índices racionais mais importantes estão descritos a seguir.

Índice de estresse térmico (Heat Stress Index - HSI)

O índice de estresse térmico é a razão entre a evaporação necessária para manter o


equilíbrio térmico (Ereq) e evaporação máxima que poderia ser alcançada naquele
ambiente (Emax), expresso em porcentagem.

Ereq
HSI = x100 ( % )
Emáx

O HSI está, portanto, relacionado ao estresse, fundamentalmente em termos de


transpiração corporal, para valores entre 0 e 100. Com um HSI = 100, a evaporação
necessária é a máxima possível e representa o limite superior da zona prescritiva. Com
um HSI> 100, o calor é armazenado no corpo e os tempos de exposição permitidos
são calculados à base de 1,8°C de aumento na temperatura corporal interna (calor
armazenado de 264 kJ). Com um HSI <0, há uma ligeira carga por calor. Para fins
interpretação dos valores do índice de estresse térmico (HSI) consulte valores a seguir.

Tabela 3. Efeito HSI da exposição por oito horas

Menos de 20  Estresse devido ao calor leve (por exemplo, durante o período de recuperação de exposição ao calor)
0  Estresse térmico não ocorre
10-30  Estresse por calor leve ou moderado. Ligeiro efeito no trabalho físico, mas possível efeito no trabalho qualificado
40-60  Estresse causado pelo calor intenso, o que representa um risco à saúde, a não ser que a pessoa esteja em muito boa forma física.
Necessidade de aclimatação
70-90  Estresse por calor muito intenso. A equipe deve ser selecionada para um exame médico. Garantir o consumo adequado de água e sal
100  Estresse máximo tolerado diariamente por homens jovens fitness e climatizado
Mais de 100  Tempo de exposição limitados pelo aumento da temperatura corpo interno

Fonte: Organización Mundial de la Salud (OMS). 1969. Health factors involved in working under conditions of heat stress.
Technical Report 412. Ginebra: OMS.

Um limite superior de 390 W/m2 é atribuído ao Emax, equivalente à transpiração 1 l/h


como a taxa máxima de transpiração mantida durante 8 horas. São feitas suposições

35
UNIDADE I │ TEMPERATURAS ANORMAIS

simples sobre os efeitos das roupas (camisa e calça de mangas compridas) e supõe-se
que a temperatura da pele permaneça constante a 35°C.

Índice de estresse térmico (Index of Thermal Stress –


ITS)

ITS é uma versão aprimorada do Índice de estresse térmico. Uma melhoria importante
é que se reconhece que nem todo o suor evapora.

Taxa de transpiração requerida (Required Sweat


Rate – Swreq)

Mais um avanço se deu com a melhoria teórica e prática incorporada no HSI e no ITS
produzida pela introdução nos cálculos da taxa de suor requerida - SWreq. Consiste em
um índice que calcula a transpiração necessária para alcançar o equilíbrio térmico a
partir de uma equação aprimorada do equilíbrio térmico, porém, o mais importante
é que constitui um método prático para interpretar os cálculos comparando o que é
necessário com o que é fisiologicamente possível e aceitável no ser humano. Discussões
extensivas e avaliações industriais e laboratoriais desse índice resultaram em sua
Aceitação como Padrão Internacional ISO 7933 (1989b)2.

1. Os índices empíricos mais importantes ​​são temperatura efetiva – TE,


temperatura efetiva corrigida – TEC e Predição da frequência cardíaca
(heart rate - HR)

O Índice de Temperatura Efetiva – TE é criado em 1923 inicialmente para fornecer


um método para determinar os efeitos relativos da temperatura e umidade do ar
na sensação de bem-estar. A metodologia é bem simples, três pessoas julgam qual
das duas câmaras aquecidas estava mais quente andando por elas.

Usando diferentes combinações de temperatura e umidade do ar (e outros parâmetros),


foram determinadas linhas equivalentes de bem-estar. As três pessoas descritas suas
impressões imediatas e suas respostas transitórias foram registradas. O resultado foi
que o efeito da umidade foi superestimado a baixas temperaturas e subestimado a altas
temperaturas (em comparação com respostas em estado estacionário).

A Temperatura Efetiva Corrigida - TEC veio dos experimentos de Bedford, em


1940, que ajustaram a substituição da temperatura do bulbo seco (Tbs) pela temperatura

2 As diferenças entre as respostas observadas e esperadas dos os trabalhadores motivaram a inclusão de notas de aviso com
relação aos métodos de avaliação da desidratação e transferência de calor por evaporação através de roupas na Proposta de
adoção como Norma Europeia (prEN-12515).

36
TEMPERATURAS ANORMAIS │ UNIDADE I

de globo (Tg) nos nomogramas (ábacos) de TE, pois em princípio a TE era apenas um
índice de bem-estar.

A TE é definida pela correlação entre as sensações de conforto e as condições de


temperatura, URA e velocidade do ar. Antes do advento da Portaria no 3.214 de 8/6/1978,
a TE era utilizada para a caracterização do trabalho em condições insalubres quanto
ao calor. Atualmente, a TE é utilizada como parâmetro na determinação de conforto
térmico pela Norma Regulamentadora - NR 17. Os instrumentos necessários para a
quantificação das variáveis que compõem a TE são psicrômetro giratório e anemômetro.

Predição da frequência cardíaca (Heart Rate - HR)

A correlação entre batimentos por minuto de frequência cardíaca como índice térmico
veio na forma de índice simples. O relacionamento, conforme formulado com a taxa
metabólico – T, em BTU/h, e pressão parcial de vapor em mmHg, permitindo fazer uma
simples previsão da frequência cardíaca de (T + p), daí o índice T + p. Houve avanço
, ajustando equações para a variação da frequência cardíaca ao longo do tempo e
correções para levar em conta o grau de aclimatação dos pessoas.

A NIOSH (1986) descreve um método para prever a frequência cardíaca durante o


trabalho e recuperação. A temperatura corporal e a frequência cardíaca são medidas
durante o período de recuperação após um ciclo de trabalho ou em momentos durante
o dia de trabalho.

No final de um ciclo no trabalho, o trabalhador se senta, toma-se a temperatura oral e


as três seguintes frequências de pulso:

»» P1: taxa de pulso medida entre 30 segundos e 1 minuto;

»» P2: taxa de pulso medida entre 1,5 e 2 minutos, e

»» P3: taxa de pulso medida entre 2,5 e 3 minutos.

Critérios para estresse térmico pela ISO 9886 (1992):

»» Temperatura oral 37,5°C;

»» P3 ≤ 90 bpm e P3 - P1 = 10 bpm, indica uma carga de grande trabalho,


embora com pequeno aumento temperatura corporal;

»» P3 > 90 bpm e P3 - P1 <10 bpm, estresse (calor + trabalho) é muito


grande e devem ser adotadas medidas para reprojetar o trabalho.

37
UNIDADE I │ TEMPERATURAS ANORMAIS

2. Índices diretos de estresse térmico.

O Índice de Bulbo Úmido e Temperatura de Globo-


IBUTG (Wet Bulb Globe Temperature Index - WBGT)

IBUTG é, de longe, o mais usado em todo o mundo.

Foi desenvolvido durante uma investigação feita pela Marinha dos Estados
Unidos sobre acidentes por causa do calor sofrido pelo pessoal militar como
uma aproximação à temperatura efetiva corrigida (TEC), porém mais complicada
de se obter. Foi modificado para ter em conta a absorção solar dos uniformes
militares de cor verde. Os valores limites do WBGT foram utilizados para
determinar quando recrutas militares podiam receber instruções. Observou-
se que os acidentes com calor e o tempo perdido devido à interrupção das
instruções foram reduzidos quando o Índice WBGT era usado ao invés de apenas
medir a temperatura do ar.

O índice IBUTG foi adotado por NIOSH (1972), ACGIH (1990) e ISO 7243 (1989a)
e seu uso ainda é recomendado hoje em dia, sendo obrigatório no Brasil para fins
previdenciários, trabalhistas e tributários.

A ISO 7243 (1989a), com base no índice IBUTG, descreve um método simples para
usar em ambientes quentes, capaz de estabelecer um diagnóstico “rápido”. Essa regra
inclui também as especificações dos instrumentos de medida, como os valores-limite
do IBUTG para pessoas aclimatadas e não aclimatadas.

Por exemplo, para uma pessoa aclimatada em repouso com uma roupa de 0,6 clo, o
valor limite do IBUTG é de 33°C. Os limites estabelecidos pela ISO 7243 (1989a) e
NIOSH 2016 são quase idênticos. Graças à simplicidade deste índice e sua aplicação
por organizações influentes, sua ampla aceitação foi alcançada. Como todos os índices
diretos, ele tem limitações quando usado para simular a resposta humana e deve ser
usado com cautela em aplicações práticas. Existem instrumentos portáteis no mercado
que medem o índice IBUTG.

38
TEMPERATURAS ANORMAIS │ UNIDADE I

Figura 7. Critérios legais para exposição à temperatura anormal.

Temperatura Anormal

Calor Frio

NH0 06 - Procedimento Técnico


Art. 253 da CLT
NR 15 – Anexo III

IBUTG e Metabolismo Zonas Climáticas


com e sem Carga Solar Mapa IBGE
Análise Quantitativa Análise Qualitativa

Fonte: Próprio autor (2019)

Adota-se como norma padrão nesta obra a NR 06 da Fundacentro, que na sua segunda
edição, 2017, revisada e ampliada, cancela e substitui a edição anterior, trazendo
modificações e avanços técnicos, sendo os principais: adoção do watt (W) como unidade
para taxa metabólica, com a adequação dos limites de exposição para trabalhadores
aclimatizados; atualização da tabela para determinação de taxas metabólicas;
estabelecimento de limites de exposição para trabalhadores não aclimatizados;
estabelecimento de níveis de ação para trabalhadores aclimatizados; estabelecimento
de limite de exposição valor teto; estabelecimento de correções no índice de bulbo
úmido termômetro de globo (IBUTG) médio em função do tipo de vestimenta utilizada;
introdução de considerações sobre avaliações a céu aberto; estabelecimento de região
de incerteza sobre as condições de exposição para trabalhadores aclimatizados;
introdução de um critério de julgamento e tomada de decisão em função das condições de
exposição encontradas; introdução de considerações gerais sobre medidas preventivas
e corretivas.

Importantíssimo consultar NHO 06 - Avaliação da exposição ocupacional ao


calor. Fundacentro, NHO 06, 2017.

A legislação brasileira3 estabelece que a exposição ao calor deve ser avaliada pelo IBUTG
dado como índice de sobrecarga térmica, definido por uma equação matemática que
correlaciona alguns parâmetros medidos no ambiente de trabalho. A equação, para o
cálculo do índice, varia em função da presença de carga solar no ambiente de trabalho,
que se expressa:

39
UNIDADE I │ TEMPERATURAS ANORMAIS

IBUTG
= 0, 7 Tbn + 0,3 Tg (sem carga solar)

IBUTG = 0, 7 Tbn + 0, 2 Tg + 0,1Tbs (com carga solar)

Onde, Tbn = temperatura de bulbo úmido natural; Tg = temperatura de globo e Tbs =


temperatura de bulbo seco.

Considera-se carga solar direta quando não há nenhuma interposição entre a radiação
solar e o trabalhador exposto, por exemplo, a presença de barreiras como: nuvens,
anteparos, telhas de vidro etc.

Instrumentação
São necessários medidores (sensores) que sejam capazes de mensurar os parâmetros
acima, pois eles se relacionam com as trocas térmicas que influem na sobrecarga térmica
do trabalhador. Os sensores para o índice que interessam ao cálculo do IBUTG são:

»» Termômetro de bulbo seco – Tbs é um termômetro comum, cujo


bulbo fica em contato com o ar. Tem-se, dele, portanto, a temperatura
do ar. Note que podem ser utilizados outros sensores similares aos
termômetros de bulbo, como os termopares. A temperatura de bulbo seco
(tbs) corresponde à temperatura do ar obtida por meio de um dispositivo
constituído de: sensor de temperatura com amplitude mínima de medição
de +10,0 °C a +100,0 °C, exatidão igual ou melhor que ± 0,5 °C e permitir
leituras a intervalos de, no mínimo, 0,1 °C. Sensor de temperatura do ar
protegido da radiação solar direta ou daquelas provenientes de fontes
artificiais por meio de dispositivos que barrem a incidência da radiação e
permitam a livre circulação de ar ao seu redor.

»» Termômetro de bulbo úmido natural – Tbn é um termômetro cujo


bulbo é recoberto por um pavio hidrófilo, o qual tem sua extremidade
imersa em água destilada. Outros arranjos de sensores, pavios e
reservatórios são possíveis, desde que se preserve uma boa aeração do
bulbo e pelo menos 25 mm de pavio livre de qualquer obstáculo, a partir
do início da parte sensível do termômetro.

A evaporação da água destilada presente no pavio refrigera o bulbo e depende da


temperatura do ar; da velocidade do ar e da umidade relativa do ar. A temperatura
do Tbn será sempre menor ou igual à temperatura do termômetro bulbo seco. Será
igual quando a umidade relativa do ar for de 100%, pois o ar saturado não admite mais
evaporação de água. Sem evaporação, não há redução da temperatura. Temperaturas

40
TEMPERATURAS ANORMAIS │ UNIDADE I

Tbn e Tbs diferentes implicam umidade relativa do ar menor que 100%. Na fórmula do
IBUTG, o peso do Tbn é de 70% exatamente pelo fato de essa temperatura depender
da evaporação da água destilada presente no pavio do bulbo, temperatura do ar; da
velocidade do ar e da URA.

A temperatura de bulbo úmido natural (tbn) corresponde à temperatura obtida por


meio de um dispositivo constituído de: sensor de temperatura revestido com um
pavio tubular branco, confeccionado em tecido com alto poder de absorção de água,
como, por exemplo, algodão, mantido úmido com água destilada, por capilaridade;
reservatório de água com volume de água destilada suficiente para manter o pavio
úmido por capilaridade durante todo o período de medição. No caso de equipamento
convencional, esse reservatório deve ser um Erlenmeyer de 125 ml.

O sensor deve ter diâmetro externo de 6 mm ± 1 mm, com amplitude mínima de


medição de +10,0 °C a +50,0 °C, exatidão igual ou melhor que ± 0,5 °C e permitir
leituras a intervalos de, no mínimo, 0,1 °C. A extremidade do sensor mais próxima
ao reservatório de água destilada deve estar a uma distância de 25 mm ± 1 mm da
borda deste reservatório, sendo que este espaço deve estar totalmente desobstruído,
permitindo a livre movimentação de ar.

Uma das extremidades do pavio deve revestir o sensor integralmente e de forma


perfeitamente ajustada. A outra extremidade do pavio deve estar inserida no interior do
reservatório cheio com água destilada de forma a atingir seu fundo. O pavio deve cobrir,
além do sensor, mais duas vezes o seu comprimento. A utilização de pavio folgado ou
apertado sobre o sensor poderá interferir nos resultados da medição.

Importantíssimo consultar gravuras demonstrativas dos termômetros de bulbo


úmido natural – Tbn e Termômetro de Globo – Tg. Verificar especificações
técnicas.

Termômetro de globo - Tg corresponde à temperatura obtida por meio de um


dispositivo constituído de: uma esfera oca de cobre de aproximadamente 1 mm de
espessura e com diâmetro de 152,4 mm, pintada externamente de preto fosco, com
emissividade mínima de 0,95; um sensor de temperatura posicionado no centro da
esfera de cobre, com fixação que garanta a hermeticidade do sistema, impedindo a
existência de fluxo de ar do interior do globo para o ambiente e vice-versa. O sensor
deve ter amplitude mínima de medição de +10,0 °C a +120,0 °C, exatidão igual ou
melhor que ± 0,5 °C e permitir leituras a intervalos de, no mínimo, 0,1 °C.

O IBUTG representa a carga ambiental como índice composto dos três instrumentos
de campo, enquanto o metabolismo é dado em W/m2 em função da atividade do

41
UNIDADE I │ TEMPERATURAS ANORMAIS

trabalhador. Leva em consideração o tipo de atividade desenvolvida (leve, moderada


e pesada), que pode ser avaliada por classe ou por tarefa (quantificando a tarefa em
W/m2). A determinação dos tipos de atividade por classes ou a quantificação de calor
metabólico são dadas pelos quadros da NHO 06. A legislação prevê um regime de
trabalho (trabalho/descanso) em função do valor do IBUTG e do tipo de atividade para
duas situações: regime de trabalho intermitente com períodos de descanso no próprio
local e regime de trabalho intermitente com descanso em outro local. Os tempos de
descanso são períodos trabalhados para todos os fins legais.

Figura 8. Árvore de Termômetros – Analógico e Digital

Fonte: Fundacentro, NHO 06, 2017

Exercício Resolvido 1 – Descanso no Próprio Local


Sem Carga Solar

Um operador de forno gasta 3 minutos carregando o forno, aguarda 4 minutos para que
a carga atinja a temperatura esperada (sem sair do local) e, em seguida, gasta outros 3
minutos para descarregar o forno, tendo o trabalhador sido submetido a um processo
de aclimatação com vestimenta simples. Dados ambientais: Tg 35ºC; Tbn = 25ºC.

42
TEMPERATURAS ANORMAIS │ UNIDADE I

Figura 9. Ciclo de Produção – Situação Térmica

Ciclo de Produção (°C x min)


Temperatura (°C)

0 3 7 10
Tempo Acumulado (min)

Fonte: Próprio autor (2019)

Solução.

Primeiro passo é definir a situação térmica, identificando cada parte do ciclo de


exposição na qual as condições do ambiente que interferem na carga térmica a que
o trabalhador está exposto podem ser consideradas estáveis. Esse ciclo de trabalho é
continuamente repetido durante toda jornada de trabalho.

Considera-se o tipo de atividade exercida pelo trabalhador (Quadro 1 – NHO 06) cujas
taxas metabólicas (M) relativas às diversas atividades físicas exercidas pelo trabalhador
devem ser atribuídas pelo profissional prevencionista. Esse Quadro 1 apresenta as taxas
estabelecidas em função do tipo de atividade.

Detalhe: Taxa metabólica definida para o homem padrão com área superficial igual a
1,8 m2. Lembrando a conversão de M [kcal/h] = 0,859845 x M [W]

Quadro 1. Ciclo de Produção – Situação Térmica.

Atividade Taxa metabólica (W)


Sentado
Em repouso 100
Trabalho pesado com dois braços 288
... ...
Em pé, agachado ou ajoelhado
Em repouso 126
Trabalho moderado com as mãos 180
... ...
Trabalho moderado com dois braços 279
Trabalho pesado com dois braços 315
... ...

Fonte: Quadro 1 do NHO 06.

43
UNIDADE I │ TEMPERATURAS ANORMAIS

Observou-se que o trabalho do forneiro se dá em pé, carregando e descarregando o


forno, com ambas as mãos. Pelo quadro acima, isso equivale a 180 W, ou 209,34 Kcal/h,
pois M [kcal/h] = 0,859845 x M [W].

Com atividade de 209,34 Kcal/h, faz-se o enquadramento pelo Quadro 3 do Anexo 3


(NR-15). Arredondando para 220 Kcal/h, conclui-se que o metabolismo é moderado.

Quadro 2. Tipo de Atividade

TIPO DE ATIVIDADE Kcal/h


Sentado em repouso 100
Trabalho leve  
Sentado, movimentos moderados com braços e tronco (ex.: datilografia). 125
Sentado, movimentos moderados com braços e pernas (ex.: dirigir). 150
De pé, trabalho leve, em máquina ou bancada, principalmente com os braços. 150
 
Trabalho moderado
 
Sentado, movimentos vigorosos com braços e pernas.
180
De pé, trabalho leve em máquina ou bancada, com alguma movimentação.
175
De pé, trabalho moderado em máquina ou bancada, com alguma movimentação.
220
Em movimento, trabalho moderado de levantar ou empurrar.
300
Trabalho pesado  
Trabalho intermitente de levantar, empurrar ou arrastar pesos (ex.: remoção com pá). 440
Trabalho fatigante 550

Fonte: Quadro 3 do Anexo 3 da NR-15

É necessário apurar (definir) os regimes de trabalho-descanso, para as condições de


operação mais críticas, nas quais o trabalhador não pode abandonar o local de trabalho,
respeitando a sequência das tarefas, bem como apurar (determinar) períodos de
trabalho alternados por descanso, que são realizados no próprio local de trabalho.

Importante notar que o trabalhador continua trabalhando enquanto o forno opera,


porém sem fazer força muscular. Em outras palavras, nesse período há descanso
metabólico, todavia sem descanso térmico, pois ele se encontra no próprio local de
trabalho.

Define-se o ponto de medição, ponto físico escolhido para posicionamento do dispositivo


de medição onde serão obtidas as leituras representativas da situação térmica objeto de
avaliação.

O IBUTG foi concebido com o uso de dispositivos de medição que utilizam termômetros
de mercúrio, conforme características construtivas apresentadas neste subitem.

44
TEMPERATURAS ANORMAIS │ UNIDADE I

Para fins desta norma, a determinação do IBUTG pode ser feita utilizando-
se dispositivos convencionais ou eletrônicos, desde que apresentem resultados
equivalentes aos obtidos com a utilização do conjunto convencional. Os medidores
só podem ser utilizados dentro das condições de umidade, temperatura, campos
magnéticos e demais interferentes especificados pelos fabricantes.

Os dispositivos de medição de temperatura devem ser periodicamente calibrados pelo


Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), por laboratórios
por ele acreditados para esta finalidade ou por laboratórios internacionais, desde
que reconhecidos pelo Inmetro. A periodicidade de calibração deve ser estabelecida
com base nas recomendações do fabricante, em dados históricos da utilização dos
dispositivos que indiquem um possível comprometimento na sua confiabilidade e em
critérios que venham a ser estabelecidos em lei ou normas legais. A calibração também
deve ser refeita sempre que ocorrer algum evento que implique suspeita de dano ou
comprometimento do sistema de medição.

Sempre que possível, para fins de apresentação técnica desse trabalho de avaliação
ambiental, deve-se lançar mão de plantas baixas, desenhos, diagramas e demais recursos
gráficos de engenharia para demonstrar o mapeamento térmico por coordenada
georreferenciada nesses documentos.

Segundo passo, define-se o tempo de trabalho metabólico com relação ao regime


de trabalho observado na empresa. Operação considerada como “descanso no próprio
local de trabalho”, para fins deste critério de avaliação. O ciclo continuamente se repete.

Constata-se que, em cada 10 minutos corridos, o operário trabalha 6 minutos (3 minutos


carregando o forno e 3 minutos descarregando) e aguarda 4 minutos para a elevação da
temperatura, sem sair do local.

Pode-se afirmar que, em cada hora (60 minutos) corrida de trabalho, o ciclo se repete 6
vezes (60/10); sendo que o operário

»» trabalha um total de 36 minutos (6 x 6 minutos); e descansa 24 minutos


(6 x 4 minutos).

Os limites de sobrecarga por IBUTG estão dados em tempos máximos de trabalho e


de descanso, considerados na hora de situação térmica crítica, de modo a atender às
referências do Quadro 1 do Anexo 3 da NR-15. A tabela a seguir transcreve esse quadro
com destaque à seleção:

45
UNIDADE I │ TEMPERATURAS ANORMAIS

Figura 10. Tempo de Trabalho, IBUTG por Metabolismo - Tipo de Atividade

Regime de trabalho intermitente com descanso no próprio local de


trabalho Leve Moderada Pesada
(por hora)
Trabalho contínuo até 30,0 até 26,7 até 25,0
45 minutos trabalho
30,1 a 30,5 26,8 a 28,0 25,1 a 25,9
15 minutos descanso
30 minutos trabalho
 30,7 a 31,4  28,1 a 29,4 26,0 a 27,9
30 minutos descanso
15 minutos trabalho
31,5 a 32,2 29,5 a 31,1  28,0 a 30,0
45 minutos descanso
Não é permitido o trabalho, sem a adoção de
acima de 32,2 acima de 31,1 acima de 30,0
medidas adequadas de controle

Fonte: Quadro 1 do Anexo 3 da NR-15.

Terceiro passo, instala-se árvore de termômetros, faz-se procedimento de montagem,


estabilização e leitura de Tg 35ºC e Tbn = 25ºC. Calcula-se o IBUTG, aplicando a fórmula
sem carga solar. IBUTG = 0,7.25 + 0,3.35 = 28°C.

Quando o trabalhador estiver exposto a uma única situação térmica, ao longo do período
de 60 minutos considerados na avaliação, o IBUTG será o próprio IBUTG determinado
para essa situação.

O limite de tolerância para exposição ao calor será considerado excedido quando os


valores e os tempos obtidos na avaliação forem incompatíveis com aqueles do Quadro
1 do Anexo 3 (NR-15). Consultando o Quadro 1, tem-se que, em cada hora corrida de
trabalho, o operário pode trabalhar, no máximo, 45 minutos e descansar, no mínimo,
15 minutos.

Conclusão. Pelo quadro 1 o operário trabalha 36 minutos, quando poderia até 45


minutos; e descansa 24 minutos, quando poderia no mínimo 15 minutos. Conclui-se
que o ciclo de trabalho observado na empresa é compatível com a atividade do
trabalhador e com as condições térmicas do ambiente analisado e, portanto, não há
sobrecarga térmica.

Considerações sobre a conclusão

O cenário acima aponta para ambiente sem sobrecarga térmica, porém bastante
instável, pois para o mesmo IBUTG de 28°C, basta o trabalhador ter que usar os dois
braços com um pouco mais de força para que o metabolismo se eleve para 315 W
(368,47 Kcal/h), de forma que consultando o Quadro 3 do Anexo 3 (NR-15), ter-se-ia
nova configuração, com metabolismo pesado, desta feita insalubre, pois o regime seria

46
TEMPERATURAS ANORMAIS │ UNIDADE I

15 minutos de trabalho e 45 minutos de descanso. Verifica-se que a sobrecarga térmica


flutua de tolerável para perigosa quando o metabolismo exigido do trabalhador passa
de moderado para pesado.

»» Exercício Resolvido 2 – Descanso em Outro Local Sem Carga Solar

Segundo o mesmo processo produtivo do exercício anterior, um operador de forno


gasta 3 minutos carregando-o, aguarda 4 minutos para que a carga atinja a temperatura
esperada e, em seguida, gasta outros 3 minutos para descarregá-lo. Esse ciclo de trabalho
é continuamente repetido durante toda jornada de trabalho, tendo o trabalhador sido
submetido a um processo de aclimatação. Uso de vestimentas simples.

Diferente do exercício anterior, durante o tempo no qual o forno entra em regime, ao


longo dos 4 minutos com temperatura constante, o operador faz anotações à mesa que
está afastada do forno. Dados os ambientais são os seguintes:

Figura 11. Dados Ambientais do Local de trabalho

Local de trabalho

a) Tg = 54°C
b) Tbn = 22°C
c) M = 300 Kcal/h
Calculando-se o IBUTGt sem carga solar, tem-se

Fonte: Autor (2019)

Figura 12. Dados Ambientais do Local de Descanso

Local de descanso
Tg = 28 °C
Tbn = 20 °C
M = 125 Kcal/h
Calculando-se o IBUTGd, tem-se:

Fonte: Autor (2019)

47
UNIDADE I │ TEMPERATURAS ANORMAIS

Solução: neste caso, para fins de aplicação do índice, denomina-se local de trabalho
o local onde permanece o trabalhador quando carrega e descarrega o forno e local de
descanso o local onde o operador do forno permanece sentado, fazendo anotações.

Primeiro passo é definir as duas situações térmicas, identificando cada parte do ciclo
de exposição na qual as condições do ambiente que interferem na carga térmica a que
o trabalhador está exposto podem ser consideradas estáveis. Este ciclo de trabalho é
continuamente repetido durante toda jornada de trabalho.

O profissional prevencionista deve apurar (definir) os regimes de trabalho-descanso,


para as condições de operação mais críticas, nas quais o trabalhador deve respeitar
a sequência das tarefas, bem como deve apurar (determinar) períodos de trabalho
alternados por descanso, que são realizados num outro local de trabalho.

Caso o trabalhador esteja exposto a duas ou mais situações térmicas diferentes, o IBUTG
deve ser determinado por ponderação temporal, utilizando-se os valores de IBUTG
representativos de cada uma das situações térmicas que compõem o ciclo de exposição
do trabalhador avaliado. Destaca-se que o ciclo de exposição pode ter duração diferente
de 60 minutos. No entanto, a determinação do IBUTG sempre deve considerar um
período de 60 minutos corridos, conforme a seguir.

IBUTG1 X t1 + IBUTG2 X t 2 + IBUTGi X t i + IBUTGn X t n


IBUTG =
60

sendo: I = IBUTG médio ponderado no tempo em °C; IBUTGi = IBUTG da situação


térmica “i” em °C; ti = tempo total de exposição na situação térmica “i”, em minutos,
no período de 60 minutos corridos mais desfavorável; i = i-ésima situação térmica; n =
número de situações térmicas identificadas na composição do ciclo de exposição

t1 + t 2 + t i + t n = 60 minutos

Para o cálculo da M, deve-se considerar o mesmo período de 60 minutos corridos


considerado para o cálculo do IBUTG. Quando a atividade física exercida pelo
trabalhador corresponder a uma única taxa metabólica, no período de 60 minutos
considerados na avaliação, a M será o próprio M atribuído para essa atividade. Caso
o trabalhador desenvolva duas ou mais atividades físicas, a M deve ser determinada
conforme a seguir.

M1 X t1 + M 2 X t 2 + M i X t i + M m X t m
M=
60

sendo: = taxa metabólica média ponderada no tempo em W; Mi = taxa metabólica


da atividade “i” em W; ti = tempo total de exercício da atividade “i”, em minutos, no

48
TEMPERATURAS ANORMAIS │ UNIDADE I

período de 60 minutos corridos mais desfavorável; i= i-ésima atividade; m = número


de atividades identificadas na composição do ciclo de exposição

t1 + t 2 + t i + t m = 60 minutos

Os valores estimados de M devem representar as diferentes atividades físicas exercidas


pelo trabalhador durante o ciclo de exposição avaliado. Destaca-se que o ciclo de
exposição pode ter duração diferente de 60 minutos. No entanto, a determinação da M
sempre deve considerar um período de 60 minutos corridos.

O IBUTG e a M a serem utilizados como representativos da exposição ocupacional


ao calor devem ser aqueles que, obtidos no mesmo período de 60 minutos corridos,
resultem na condição mais crítica de exposição.

Os limites de exposição ocupacional ao calor para trabalhadores não aclimatizados


(IBUTGMAX) estão apresentados na Tabela 4, a seguir, para os diferentes valores de M.

Cuidado. Seus valores também são os adotados como nível de ação para as
exposições ocupacionais ao calor e, ainda, devem ser utilizados na avaliação de
exposições eventuais ou periódicas em atividades nas quais os trabalhadores
não estão expostos diariamente, tais como manutenção preventiva ou corretiva
de fornos, forjas, caldeiras etc.

Tabela 4. Nível de ação para trabalhadores aclimatizados e limite de exposição ocupacional ao calor para

trabalhadores não aclimatizados

M[W] IBUTG [°C] M[W] IBUTG[°C] M[W] IBUTG [°C]


100 31,7 183 28,0 334 24,3
101 31,6 186 27,9 340 24,2
103 31,5 189 27,8 345 24,1
105 31,4 192 27,7 351 24,0
106 31,3 195 27,6 357 23,9
108 31,2 198 27,5 363 23,8
110 31,1 201 27,4 369 23,7
112 31,0 205 27,3 375 23,6
114 30,9 208 27,2 381 23,5
115 30,8 212 27,1 387 23,4
117 30,7 215 27,0 394 23,3
119 30,6 219 26,9 400 23,2
121 30,5 222 26,8 407 23,1
123 30,4 226 26,7 414 23,0
125 30,3 230 26,6 420 22,9
127 30,2 233 26,5 427 22,8
129 30,1 237 26,4 434 22,7
132 30,0 241 26,3 442 22,6

49
UNIDADE I │ TEMPERATURAS ANORMAIS

134 29,9 245 26,2 449 22,5


136 29,8 249 26,1 456 22,4
138 29,7 253 26,0 464 22,3
140 29,6 257 25,9 479 22,1
143 29,5 262 25,8 487 22,0
145 29,4 266 25,7 495 21,9
148 29,3 270 25,6 503 21,8
150 29,2 275 25,5 511 21,7
152 29,1 279 25,4 520 21,6
155 29,0 284 25,3 528 21,5
158 28,9 289 25,2 537 21,4
160 28,8 293 25,1 546 21,3
163 28,7 298 25,0 555 21,2
165 28,6 303 24,9 564 21,1
168 28,5 308 24,8 573 21,0
171 28,4 313 24,7 583 20,9
174 28,3 318 24,6 593 20,8
177 28,2 324 24,5 602 20,7
180 28,1 329 24,4

Fonte: Tabela 1 da NHO 06 da Fundacentro.

Para trabalhadores aclimatizados, os limites de exposição a serem utilizados


são os apresentados na Tabela 5, conforme a seguir:

Tabela .5. Limite de exposição ocupacional ao calor para trabalhadores aclimatizados

M[W] IBUTG [°C] M[W] IBUTG[°C] M[W] IBUTG[°C]


100 33,7 186 30,6 346 27,5
102 33,6 189 30,5 353 27,4
104 33,5 193 30,4 360 27,3
106 33,4 197 30,3 367 27,2
108 33,3 201 30,2 374 27,1
110 33,2 205 30,1 382 27,0
112 33,1 209 30,0 390 26,9
115 33,0 214 29,9 398 26,8
117 32,9 218 29,8 406 26,7
119 32,8 222 29,7 414 26,6
122 32,7 227 29,6 422 26,5
124 32,6 231 29,5 431 26,4
127 32,5 236 29,4 440 26,3
129 32,4 241 29,3 448 26,2
132 32,3 246 29,2 458 26,1
135 32,2 251 29,1 467 26,0
137 32,1 256 29,0 476 25,9
140 32,0 261 28,9 486 25,8
143 31,9 266 28,8 496 25,7
146 31,8 272 28,7 506 25,6

50
TEMPERATURAS ANORMAIS │ UNIDADE I

149 31,7 277 28,6 516 25,5


152 31,6 283 28,5 526 25,4
155 31,5 289 28,4 537 25,3
158 31,4 294 28,3 548 25,2
161 31,3 300 28,2 559 25,1
165 31,2 306 28,1 570 25,0

Fonte: Tabela 2 da NHO 06 da Fundacentro.

Além dos limites estabelecidos nas Tabela 4 e 5, deve ser observado o valor teto (Tabela
3), acima do qual o trabalhador não pode ser exposto sem o uso de vestimentas e
equipamentos de proteção adequados em nenhum momento da jornada de trabalho.

Valor teto é aquele que constitui risco grave e iminente - RGI. O Auditor
Fiscal do Trabalho utiliza os critérios de RGI para interditar ou embargar
um estabelecimento, obra ou equipamento, caso seja constatado grave e
iminente risco para o trabalhador. O embargo é utilizado para paralisar obras
que apresentem RGI aos trabalhadores. A interdição é utilizada para paralisar
equipamentos, máquinas ou estabelecimentos que apresentem RGI aos
trabalhadores.

Tabela 6. Valor teto para trabalhadores aclimatizados e não aclimatizados

M[W] IBUTGVT[°C] M[W] IBUTGVT[°C] M[W] IBUTGVT[°C]


≤ 240 38,0 332 36,1 461 34,2
244 37,9 338 36,0 469 34,1
248 37,8 344 35,9 477 34,0
252 37,7 350 35,8 485 33,9
257 37,6 356 35,7 494 33,8
261 37,5 362 35,6 502 33,7
266 37,4 369 35,5 511 33,6
270 37,3 375 35,4 520 33,5
275 37,2 382 35,3 529 33,4
280 37,1 388 35,2 538 33,3
285 37,0 395 35,1 548 33,2
290 36,9 402 35,0 557 33,1
295 36,8 409 34,9 567 33,0
300 36,7 416 34,8 577 32,9
305 36,6 423 34,7 587 32,8
310 36,5 430 34,6 597 32,7
316 36,4 438 34,5 607 32,6
321 36,3 445 34,4
327 36,2 453 34,3

Fonte: Tabela 03 da NHO 06. Apud NIOSH, 1986, 2013.

51
UNIDADE I │ TEMPERATURAS ANORMAIS

A progressão dos valores limites a partir do nível de ação até valor teto,
conforme Tabelas 4, 5 e 6 da NHO 06, demonstra a forma exponencial com a
qual a sobrecarga térmica evolui para trabalhadores aclimatados. Detalhe a esse
metabolismo, pela Tabela 4, a faixa de incerteza é varia de 26,1C° a 27,5 C°.

Considerando-se as incertezas envolvidas nos valores atribuídos para as taxas


metabólicas e a exatidão admitida para os sensores de temperatura, na interpretação
dos resultados deve-se considerar uma região de incerteza, estabelecida no
Tabela 4, uma vez que, nesta região, o valor verdadeiro da exposição pode estar
acima do limite estabelecido para trabalhadores aclimatizados.

Tabela 7. Região de incertezas para trabalhadores aclimatizados

M[W] IBUTGVT[°C] M[W] IBUTG[°C] M[W] IBUTG[°C]


100 32,3 a 33,7 186 29,2 a 30,6 346 26,1 a 27,5
102 32,2 a 33,6 189 29,1 a 30,5 353 26,0 a 27,4
104 32,1 a 33,5 193 29,0 a 30,4 360 25,9 a 27,3
106 32,0 a 33,4 197 28,9 a 30,3 367 25,8 a 27,2
108 31,9 a 33,3 201 28,8 a 30,2 374 25,7 a 27,1
110 31,8 a 33,2 205 28,7 a 30,1 382 25,6 a 27,0
112 31,7 a 33,1 209 28,6 a 30,0 390 25,5 a 26,9
115 31,6 a 33,0 214 28,5 a 29,9 398 25,4 a 26,8
117 31,5 a 32,9 218 28,4 a 29,8 406 25,3 a 26,7
119 31,4 a 32,8 222 28,3 a 29,7 414 25,2 a 26,6
122 31,3 a 32,7 227 28,2 a 29,6 422 25,1 a 26,5
124 31,2 a 32,6 231 28,1 a 29,5 431 25,0 a 26,4
127 31,1 a 32,5 236 28,0 a 29,4 440 24,9 a 26,3
129 31,0 a 32,4 241 27,9 a 29,3 448 24,8 a 26,2
132 30,9 a 32,3 246 27,8 a 29,2 458 24,7 a 26,1
135 30,8 a 32,2 251 27,7 a 29,1 467 24,6 a 26,0
137 30,7 a 32,1 256 27,6 a 29,0 476 24,5 a 25,9
140 30,6 a 32,0 261 27,5 a 28,9 486 24,4 a 25,8
143 30,5 a 31,9 266 27,4 a 28,8 496 24,3 a 25,7
146 30,4 a 31,8 272 27,3 a 28,7 506 24,2 a 25,6
149 30,3 a 31,7 277 27,2 a 28,6 516 24,1 a 25,5
152 30,2 a 31,6 283 27,1 a 28,5 526 24,0 a 25,4
155 30,1 a 31,5 288 27,0 a 28,4 537 23,9 a 25,3
158 30,0 a 31,4 294 26,9 a 28,3 548 23,8 a 25,2
161 29,9 a 31,3 300 26,8 a 28,2 559 23,7 a 25,1
164 29,8 a 31,2 306 26,7 a 28,1 570 23,6 a 25,0
168 29,7 a 31,1 313 26,6 a 28,0 582 23,5 a 24,9
171 29,6 a 31,0 319 26,5 a 27,9 594 23,4 a 24,8
175 29,5 a 30,9 325 26,4 a 27,8 606 23,3 a 24,7
178 29,4 a 30,8 332 26,3 a 27,7
182 29,3 a 30,7 339 26,2 a 27,6

Fonte: Tabela 04 da NHO 06. Apud NIOSH (1986, 2013).

52
TEMPERATURAS ANORMAIS │ UNIDADE I

Faz-se aqui uma reflexão sobre a progressão dos IBUTG desde o Nível de Ação – NA
até o Valor Teto - VT, quando se observa o Metabolismo, tomado como constante na
estreita faixa de 344 (W) a 346 (W). Por exemplo, percebe-se que há uma assimetria
em °C a partir do LT, posto que este está mais próximo do Nível de Ação que do valor
Teto, conforme demonstram Tabela e Figura seguintes:

Tabela 8. Progressão do IBUTG para M constante (aclimatizados)

IBUTG [°C] M (W) Constante (Entre 344 e 346)

24,1 Nível de Ação - Tabela 01

27,5 Limite de Tolerância - Tabela 02

35,9 Valor teto - Tabela 03

Fonte: Próprio autor (2019)

Figura 13. Progressão do IBUTG (C°) para M (W) entre 344 e 346 (aclimatizados)

37
35,9
36
35
34
33
32
31
30
29 IBUTG (°C)
28
27
27,5
26
25
24
23
24,1
22
21
20
NÍVEL DE AÇÃO - TABELA 01 LIMITE DE TOLERÂNCIA - TABELA VALOR TETO - TABELA 03
02

Fonte: Próprio autor (2019)

Segundo passo, define-se o tempo de trabalho metabólico com relação ao regime


de trabalho observado, bem como “descanso em outro local de trabalho”. O ciclo
continuamente se repete.

A determinação do IBUTG e metabolismo segue passos um e dois do exercício anterior,


ponderados pelo tempo,obtendo os cálculos e resultados a seguir..

53
UNIDADE I │ TEMPERATURAS ANORMAIS

Necessário normalização para hora. A cada hora corrida na situação mais crítica, o ciclo
se repete 10 vezes e o trabalhador trabalha um total de 36 min e descansa (termicamente)
24 min. Tem-se, portanto:

31,6 x 36 + 22,4 x 24
IBUTG = = 27,9°C
60
300 x 36 + 125 x 24
M= = 230 Kcal/h = 267, 49 W
60

Conclusão. Uma vez determinados o IBUTG e a M, o limite de exposição ao calor será


considerado ultrapassado quando o IBUTG exceder o IBUTGMÁX. correspondente à M
obtida, conforme definido na Tabela 4 para indivíduos não aclimatizados e pela Tabela
5 para indivíduos aclimatizados.

Os limites de sobrecarga estão dados em M[W] por IBUTG [°C], ponderados, conforme
Tabela 9 na NHO 06 a seguir, reduzida aos valores de interesse acima:

Tabela 9. Planilha com valores achados no exercício 2

M[W] IBUTG [°C]


266 28,8
272 28,7
277 28,6
283 28,5
289 28,4
294 28,3
300 28,2
306 28,1
346 27,5

Fonte: Próprio autor (2019)

Para os valores encontrados de M, intermediários aos valores constantes no Tabela 1


ou Tabela 2, será considerado o IBUTGMÁX relativo à M imediatamente mais elevada.
Neste caso, pela Tabela 2 (aclimatado) avança-se de M=267,49 W para M=272 W, cujo
IBUTGMÁX é de 28,7°C. Esse avançar para buscar sempre valor maior de Metabolismo se
deve ao princípio da precaução quando se trata de saúde, pois a acurácia para definição e
correspondência entre atividade física e calor produzido é bastante limitada e subjetiva,
tornando a incerteza dessa aferição algo a se contornar. Daí o arredondamento para
cima, sempre.

Faz-se o batimento entre a carga ambiental (IBUTG encontrado) de 27,9°C, e o IBUTG


máximo permitido para o nível metabólico de 272 W. Como o IBUTGMÁX é de 28,7°C,
tem-se uma proximidade que sugere uma incerteza, pois a distância de 0,8°C é muito

54
TEMPERATURAS ANORMAIS │ UNIDADE I

estreita para se afirmar que há ou não sobrecarga térmica. Para fazer o tira-teima deve-
se recorrer à Tabela da NHO 06 e interpretá-la. Considerado a exatidão do termômetro
de globo na ordem de ± 1,0°C, tecnicamente se encontram tais medidas na zona de
incerteza. Este autor por prudência e atendendo ao princípio da precaução, neste
caso, conclui pela ultrapassagem do limite de exposição, motivo pelo qual assevera
a existência de sobrecarga térmica. Cuidado. Além dessa incerteza, é possível
correção, a depender da vestimenta, conforme a seguir.

O limite de exposição ao calor também será considerado ultrapassado quando


qualquer um dos valores de IBUTG das situações térmicas que compõem o ciclo
de exposição do trabalhador objeto de estudo exceder o IBUTGVT relativo ao
M atribuída à atividade física correspondente, conforme definido no Tabela 3.
Também neste caso, para os valores encontrados de M, intermediários aos valores
constantes no Tabela 3, será considerado o IBUTGVT relativo à taxa metabólica M
imediatamente mais elevada.

Vestimentas
As vestimentas utilizadas podem influenciar nas trocas de calor do corpo com o
ambiente, devendo, portanto, ser consideradas na avaliação da exposição laboral ao
calor. Assim, a correção para vestimentas deve ser realizada sempre que o trabalhador
utilizar vestimentas ou EPIs diferentes dos uniformes tradicionais (compostos por
calça e camisa de manga comprida) que prejudiquem a livre circulação do ar sobre a
superfície do corpo, dificultando essas trocas de calor com o ambiente. Nestes casos, o
IBUTG deve ser previamente corrigido para depois ser comparado com os limites de
exposição estabelecidos pela NHO 06.

O Quadro 3 da NHO 06 apresenta incrementos, para alguns tipos de vestimentas,


que devem ser acrescidos ao IBUTG determinado como representativo da exposição
laboral do trabalhador avaliado, pois, a depender da roupa e EPI poderá ocorrer uma
contribuição positiva na condição de sobrecarga térmica do trabalhador.

No exercício 2, a conclusão será revisada, se ao invés de macacão simples, alterando o


padrão de vestimenta, a empresa em uma determinada semana ou ciclo de exposição,
adotar macacão forrado (tecido duplo), porque, por exemplo, acabou o estoque de
macacão simples. Nesse cenário, ao IBUTG de 27,9°C se deve acrescer 3°C devido à
impedância térmica decorrente da nova vestimenta, conforme quadro abaixo:

55
UNIDADE I │ TEMPERATURAS ANORMAIS

Quadro 3. Incrementos de ajuste do IBUTG médio para alguns tipos de vestimentas4

Tipo de roupa Adição ao IBUTG [°C]


Uniforme de trabalho (calça e camisa de manga comprida) 0
Macacão de tecido 0
Macacão de polipropileno SMS (Spun-Melt-Spun) 0,5
Macacão de poliolefina 2
Vestimenta ou macacão forrado (tecido duplo) 3
Avental longo de manga comprida impermeável ao vapor 4
Macacão impermeável ao vapor 10
Macacão impermeável ao vapor sobreposto à roupa de trabalho 12

Fonte: NHO 06. Fundacentro.

Dessa forma a carga ambiental passa para 30,9°C, ultrapassando o IBUTGMÁX de 28,7°C,
tendo agora situação de sobrecarga térmica.

Muito cuidado ao concluir, porque as variáveis da equação do M-W+C+R-E=S flutuam


bastante ao longo das jornadas, semanas e meses do ano. Basta que haja alteração nos
tempos de trabalho e descanso na ciclagem de produção para alterar completamente as
entradas ponderadas de metabolismo e carga ambiental. Além disso as variações de Tbn,
Tg e Tbs podem ser bastante díspares por sazonalidades, estação do ano e até mesmo por
encomendas ou processos produtivos.

Critério de julgamento e tomada de decisão


Qualquer que seja a conclusão, com ou sem sobrecarga térmica, há considerações
técnicas que se impõem, bem como providências a serem tomadas pelo profissional
prevencionista que deve deixar claro em seus trabalhos técnicos quais as atuações
recomendadas para cada cenário. Para isso deve-se considerar, quando for para
trabalhadores aclimatizados, as seguintes considerações e providências, conforme
quadro a seguir.

Quadro 4. Critério de julgamento e tomada de decisão

Condições de exposição Consideração técnica Atuação recomendada


Obedecidos os limites estabelecidos na Tabela 1 da NHO 06 da Aceitável No mínimo, manutenção da condição existente
Fundacentro
Acima dos limites estabelecidos na Tabela 1 até os limites inferiores Acima do nível de ação No mínimo, adoção de medidas preventivas
da região de incerteza estabelecidos na Tabela 4 da NHO 06
No intervalo de valores estabelecidos na Tabela 4 da NHO 06 Adoção de medidas preventivas e corretivas
Região de incerteza
visando à redução da exposição
Acima dos limites estabelecidos na Tabela 2 da NHO 06 Acima do limite de Adoção imediata de medidas corretivas
exposição
Fonte: NHO 06.

4 Vestimentas com capuz devem ter seu valor acrescido em 1 °C Fonte: Adaptado de ACGIH (2016) e ISO DIS 7243 (2014)

56
CAPÍTULO 4
FACET e Adicional de Insalubridade
(AIns)

Há bens jurídicos tutelados no tocante à saúde do trabalhador, que decorrem da


sobrecarga térmica, quais sejam: remuneração ao trabalhador por adicional de
insalubridade (AIns) e sustento quando da Aposentadoria por Condições Especiais de
Trabalho – ACET e tributação relativa ao seu financiamento - FACET, entre outros.

Registre-se a importância do fato social - submeter trabalhador a risco -, uma vez que
ele dispara três consequências jurídicas específicas, divisíveis e individualizáveis por
trabalhador: I) direito à redução no tempo de contribuição, cujo reconhecimento se dá
pelo INSS; II) recolhimento do FACET pela empresa à RFB de 6% sobre remuneração do
trabalhador, sob fiscalização do Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil – AFRFB;
e, pagamento de adicional de remuneração (AIns) ao trabalhador pela empresa de 20%
do salário mínimo, sob fiscalização do Auditor Fiscal do Trabalho – AFT.

Da tutela imposta pela CRFB-88, que constitucionalizou os arts. 57 e 58 da Lei nº


8.213, de 1991, tem-se a delegação legal de competência na qual o Legislativo atribui ao
Executivo o poder de arrolar os fatores de riscos ensejadores de ACET/FACET. Tal rol
é positivado pelo Anexo IV do Decreto nº 3.048, de 1999, que aprova Regulamento da
Previdência Social – RPS.

Noutra ponta, o art. 200 da CLT também transfere competência ao Poder Executivo
para dispor o rol de agentes ou atividades insalubres ensejadores de AIns. Tal rol foi
positivado pela NR-15, aprovada pela Portaria MTb 3.214/78, em seus anexos 3 (calor)
e 9 (frio).

Dada a condição de permanência, mirando apenas a nocividade, é possível vislumbrar


existência de reciprocidade entre ACET e AIns quanto à sobrecarga térmica. Combinando
a CRFB-88 e as leis acima com IN 971 da RFB (Capítulo IX), deve-se enfocar o comando
dado pelo item 2.0.4 do Anexo IV do RPS que esmiúça, conforme a seguir.

57
UNIDADE I │ TEMPERATURAS ANORMAIS

Quadro 5. Resumo incidência ACET/FACET para fatores de riscos físicos

Decreto 3.048/99
Art 68
Art 68

A relação dos agentes nocivos químicos, físicos, biológicos ou associação de agentes prejudiciais à saúde ou à integridade
física, considerados para fins de concessão de aposentadoria especial, consta do Anexo IV.(...) § 12.  Nas avaliações
ambientais deverão ser considerados, além do disposto no Anexo IV, a metodologia e os procedimentos de avaliação
estabelecidos pela Fundacentro

Anexo IV do RPS
Anexo IV do RPS
2.0.0. Físicos. Exposição acima dos limites de tolerância especificados ou às atividades descritas.
Item 2.0.4 - Temperaturas anormais

Decreto 3.048/99
Art. 68
Art. 68

A relação dos agentes nocivos químicos, físicos, biológicos ou associação de agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física, considerados
para fins de concessão de aposentadoria especial, consta do Anexo IV.(...) § 12.  Nas avaliações ambientais deverão ser considerados, além do
disposto no Anexo IV, a metodologia e os procedimentos de avaliação estabelecidos pela Fundacentro.

Anexo IV do RPS
Anexo IV do RPS

2.0.0. Físicos. Exposição acima dos limites de tolerância especificados ou às atividades descritas.

Item 2.0.4 - Temperaturas anormais

a) trabalhos com exposição ao calor acima dos limites de tolerância estabelecidos na NR-15, da Portaria nº 3.214/78.

Fonte: Próprio autor (2019)

O comando do Item 2.0.4 do Anexo IV do RPS remete para NR-15, que por sua vez em
seu Anexo n.º 3 - Limites de Tolerância para Exposição ao Calor, estabelece (grifado):

1. A exposição ao calor deve ser avaliada através do “Índice de Bulbo


Úmido Termômetro de Globo” - IBUTG definido pelas equações que se
seguem: Ambientes internos ou externos sem carga solar: IBUTG =
0,7 tbn + 0,3 tg. Ambientes externos com carga solar: IBUTG = 0,7
tbn + 0,1 tbs + 0,2 tg. onde: tbn = temperatura de bulbo úmido natural;
tg = temperatura de globo e tbs = temperatura de bulbo seco.

Por último, dada a sobrecarga térmica no caso do trabalhador do exercício 2, com


remuneração mensal de R$ 4.000,00 e o salário mínimo de R$ 1.000,00, a empresa
teria que desembolsar todo mês, inclusive para 13°:

»» R$ 240,00 a título de FACET (6% x R$ 4.000,00) à RFB; e,

»» R$ 200,00 a título de AIns (20% x R$ 1.000,00) ao trabalhador.

58
CAPÍTULO 5
Práticas prevencionistas em ambientes
quentes

Aclimatização
A aclimatização requer a realização de atividades físicas e exposições sucessivas e
graduais ao calor, dentro de um plano, que deve ser estruturado e implementado sob
supervisão médica, para que, de forma progressiva, o trabalhador atinja as condições de
sobrecarga térmica similares àquelas previstas para a sua rotina normal de trabalho. A
aclimatização deve ser específica para o nível de sobrecarga térmica a que o trabalhador
será submetido e, consequentemente, para a qual deverá estar adaptado.

São considerados não aclimatizados os trabalhadores: que iniciarem atividades


que impliquem exposição laboral ao calor; que passarem a exercer atividades que
impliquem exposição laboral ao calor mais críticas do que aquelas a que estavam
expostos anteriormente; que, mesmo já anteriormente aclimatizados, tenham se
afastado da condição de exposição por mais de 7 (sete) dias; que tiverem exposições
eventuais ou periódicas em atividades nas quais não estão expostos diariamente.

Para exposições ocupacionais abaixo ou igual ao nível de ação, não é necessária


a aclimatização. Neste caso, o trabalhador não aclimatizado pode assumir de
imediato a rotina normal de trabalho. Para exposições acima do nível de ação,
deve ser realizado um plano de aclimatização gradual. Neste caso, o trabalhador
inicia suas atividades cumprindo um regime de trabalho mais ameno, que deve ter
como ponto de partida os valores do nível de ação, sendo a sua exposição elevada
progressivamente até atingir a condição da exposição laboral existente na rotina de
trabalho (condição real).

Trabalhadores já aclimatizados que passarem a exercer atividades que impliquem


condições de exposição mais severas deverão ser submetidos à aclimatização adicional.
O plano de aclimatização deve ser elaborado a critério médico em função das condições
ambientais, individuais e da taxa de metabolismo relativa à rotina de trabalho.

59
UNIDADE I │ TEMPERATURAS ANORMAIS

Expedientes de engenharia para amainar


sobrecarga térmica
Ponto importantíssimo deste estudo diz respeito às opções de engenharia para tornar o
ambiente salubre. Por isso, a seguir são apresentados cenários de solução considerando
o caso do exercício 2, antes do acréscimo de 3°C da vestimenta, que resultou sobrecarga
térmica no limite da incerteza, com os valores:

»» IBUTGMÁX de 28,7°C

»» M=272 W

»» IBUTG de 27,9°C.

Para escapar da zona de incerteza e garantir segurança laboral e jurídica, a solução


passa necessariamente pelo controle do metabolismo, via redefinição dos tempos-
movimentos, mecanização e cargas musculares combinado à redução dos termômetros
Tg, Tbn e Tbs.

O aumento da velocidade do ar – Va e redução da umidade relativa do ar – URA


repercutem na redução dos valores de Tbn. Como Tbn pesa 70% do IBUTG, dá-se
preferência aos esforços que o reduzem. Por outro lado, a URA em ambiente industrial
é praticamente impossível de baixar, dada a inviabilidade de condicionar o ar desses
ambientes e o Tbs se atrela ao ecossistema como um todo, sobram então como variáveis
determinantes para controle do IBUTG: Va e o Tg.

Deve-se perseguir a meta de redução de 2,9°C no , para derrubá-lo de 27,9°C para um


novo e arbitrado IBUTGMÁX de 25°C. Este ponto é escolhido de modo a garantir, diante
das flutuações das variáveis ambientais e biológicas, que em qualquer ciclo de trabalho
que a produção venha a desempenhar o limite inferior da zona de incerteza nunca será
alcançado.

Pois bem, o desafio é: em função do cronograma de implementação das melhorias


ambientais e organizacionais dispostas no PPRA, o profissional prevencionista deverá
definir uma combinação de medidas para atender no ínterim até que a nova situação
térmica esteja em regime. Nesse cenário quais as possibilidades de solução? Seguem-se
os cenários:

60
TEMPERATURAS ANORMAIS │ UNIDADE I

Cenário 1:Tg como variável possível de controle


Considerando que os equipamentos de tiragem forçada no projeto de ventilação
industrial entrarão em regime daqui a 18 meses, bem como a intransigência da empresa
em não racionalizar ou diminuir a carga metabólica, resta verificar qual seria a redução
da carga radiante na situação de trabalho que igualaria ao IBUTGmax = 25°C, para na
sequência definir e implementar as medidas de engenharia pertinentes a fim de dar
efetividade a essa redução. Uma solução possível, mais constante, tem-se:
IBUTGt x 36 + 22,4 x 24 60 x 25 + 22,4 x 24
25 =  IBUTGt =  IBUTGt = 26,7°C
60 36
IBUTG t = 26,7°C
= 0, 7 x 22 + 0,3 xTg → Tg
= 37, 77 °C

Lembrando que no local de trabalho a carga radiante, expressa pelo Tg, é de 54°C. Será
necessário combater essa transmissão de calor, nas fontes e trajetórias, de modo que se
consiga reduzir 16,23°C. Com alvo para essa intervenção, o profissional prevencionista
deve elaborar um mapeamento minucioso das fontes (diretas e indiretas) do local de
trabalho com as respectivas taxas de emissividade de radiação térmica, bem como
estabelecer indicação e especificação das instalações e montagens necessárias à redução
de 16,23°C.

Cenário 2: Tbn como variável possível de


controle
Considerando que as instalações e montagens para diminuição da emissividade de
radiação térmica, conforme cronograma do PPRA, só estarão prontas em 20 meses e
que a empresa não fará nenhuma racionalização que diminua carga metabólica, resta
verificar qual seria a redução da carga condutiva convectiva na situação de trabalho que
igualaria ao IBUTGmax = 25°C, para na sequência definir e implementar as medidas de
engenharia pertinentes para dar efetividade a essa redução. Uma solução possível, mais
constante, agora sabendo que , tem-se:
IBUTG t = 26,7°C = 0, 7 x Tbn + 0,3 x 54 → Tbn = 15, 0 °C

Lembrando que no local de trabalho a temperatura de bulbo úmido é de 22°C. Será


necessário reduzir 7°C. Nesta intervenção, o profissional prevencionista deve elaborar
um estudo psicrométrico juntamente com o mapeamento minucioso das fontes
(diretas e indiretas) das transmissões de calor condutivas-convectivas, considerando
necessariamente o sistema de ventilação, insuflação e tiragem de ar (Tbs, URA, Pv.),
para em seguida estabelecer indicação e especificação das instalações e montagens
necessárias à redução dos 7°C necessários no termômetro Tbn.

61
UNIDADE I │ TEMPERATURAS ANORMAIS

Cenário 3: Metabolismo como variável possível


de controle
Considerando que as instalações e montagens para diminuição da emissividade de
radiação térmica e da carga condutiva-convectiva, conforme cronograma do PPRA, só
estarão prontas em 36 meses, resta prescrever atividades laborais cujo novo metabolismo
seja compatível com parametrizado de IBUTGmax = 28,7°C. Verifica-se uma carga
metabólica na situação de trabalho que igualaria ao Mmáx, por correspondência com
IBUTGmáx = 28,7°C.

Isso é possível desde que o profissional prevencionista, mediante um estudo de


viabilidade, racionalize os processos de trabalho no tocante à mecanização, tempo-
movimento e rotatividade de forma que se rebaixe o patamar de metabolismo, para o
local de trabalho.

Ou seja, proceda-se alteração nas atividades do trabalhador de modo que ele deixe de
trabalhar pesado com dois braços (315 W) e passe a operar, ainda que pesado, apenas
com as mãos (198 W), conforme se pode observar no Quadro 1 - Taxa metabólica por
tipo de atividade da NHO 06. Lembrando que no local de descanso, continua o mesmo
metabolismo de 125 Kcal/h (145,38 W). Nessa configuração o M pode ser recalculado;

198 x 36 + 145,38 x 24
M= =176,95 W
60

Pela Tabela 2, tem-se, arredondando 172,95 W para 175 W o IBUTGmáx = 30,9°C, que
satisfaz a condição de salubridade exigida pois, como visto, 28,7°C fica aquém do
IBUTGmax tolerável de 30,9°C.

Para além desses expedientes de engenharia organizacional, há outros que permitem


ao profissional prevencionista compor saídas técnicas e abordar de forma ampla e
integrada soluções para alívio da sobrecarga térmica.

62
TEMPERATURAS ANORMAIS │ UNIDADE I

Tabela 10. Práticas prevencionistas em ambientes quentes

A. Controles Técnicos
1. Redução da fonte de calor Afaste-se dos trabalhadores ou reduza a temperatura. Nem sempre é possível.
Modifique a temperatura do ar e os movimentos do ar. Geladeiras locais podem ser
2. Controle de calor por convecção
úteis.
Reduza a temperatura das superfícies ou instale telas refletoras entre a fonte radiante
3. Controle de calor radiante e os trabalhadores. Modifique a emissividade da superfície. Use portas que abrem
somente quando o acesso é necessário.
Aumente o movimento do ar, reduza a pressão do vapor de água. Use ventiladores ou
4. Controle do calor por evaporação
ar condicionado. Umedeça a roupa e dirija um jato de ar para a pessoa.
B. Práticas de trabalho e higiene e controles administrativos
Realize o trabalho nas horas do dia e as épocas do ano com menos calor. Forneça
áreas frescas para descanso e recuperação. Forneça pessoal adicional, dê liberdade ao
1. Limite a duração e / ou a temperatura de exposição
trabalhador para interromper o
trabalho, aumente o consumo de água.
2. Reduza a mecanização da carga térmica metabólica Redesenhe os trabalhos. Reduza o tempo de trabalho. Expanda o modelo.
3. Aumente a tolerância - Programa de aclimatação ao Mantenha os trabalhadores fisicamente aptos. Garanta reabastecimento de água perdida
calor e mantenha o equilíbrio eletrolítico, se necessário.
Supervisores que sabem reconhecer os sinais de um distúrbio de calor e conhecem as
técnicas de primeiros socorros. Instrução básica de todo o pessoal sobre precauções
4. Aplique educação em saúde e segurança pessoais, uso de equipamento de proteção e efeitos de fatores não relacionados ao
trabalho (por exemplo, álcool). Uso de um sistema baseado em “parceiro”. Existência de
planos de contingência para tratamento.
5. Utilize programas de detecção de intolerância ao calor
Má-forma física
- História de distúrbios do calor
C. Exemplo de Programa de Alerta de Calor
1. Na primavera, crie um comitê de alerta de calor
(médico ou enfermeiro da empresa, higienista industrial, Organize cursos de treinamento. Oriente supervisores a verificar fontes de água etc.
especialista técnico em segurança, técnico de operações, Verifique as instalações, práticas, disponibilidade etc.
gerente sênior)
Adie tarefas não urgentes. Expanda a força de trabalho, prolongue períodos de
2. Declare alerta de calor no caso de uma onda de calor
descanso. Lembre os trabalhadores de beber água. Melhore as práticas de trabalho.
D. Resfriamento adicional do corpo e uso de roupas de proteção
Recorra a ele se eles não forem suscetíveis a modificar o trabalhador, o trabalho ou o meio ambiente e se o estresse por calor continuar a exceder
os limites permitidos. Os trabalhadores devem estar totalmente aclimatados para aquecer e receber treinamento adequado no uso de roupas de
proteção. Como exemplos, podem ser mencionados os ternos resfriados a ar, jaquetas com gelo nos bolsos e roupas externas umedecidas.
E. Redução do desempenho no trabalho
Fonte: National Institute for Occupational Safety and Health (NIOSH). 1986. Occupational exposure to hot environments. NIOSH Publication No. 86-
113. Washington, DC: NIOSH.
Deve-se lembrar de que o uso de roupas de proteção contra agentes tóxicos aumenta o estresse pelo calor. Todas as roupas dificultam as
atividades e podem reduzir o desempenho no trabalho (por exemplo, reduzindo a capacidade de receber informações sensoriais, tornando a audição
ou a visão difíceis).

Fonte: Próprio autor (2019)

63
UNIDADE I │ TEMPERATURAS ANORMAIS

Tabela 11. Dispositivo normativo para FACET.

Decreto 3.048/99
Art 68
Art 68
A relação dos agentes nocivos químicos, físicos, biológicos ou associação de agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física, considerados para fins
de concessão de aposentadoria especial, consta do Anexo IV.(...) § 12.  Nas avaliações ambientais deverão ser considerados, além do disposto no Anexo
IV, a metodologia e os procedimentos de avaliação estabelecidos pela Fundacentro
Anexo IV do RPS
Anexo IV do RPS
2.0.0. Físicos. Exposição acima dos limites de tolerância especificados ou às atividades descritas.
Item 2.0.4 - Temperaturas anormais
a) trabalhos com exposição ao calor acima dos limites de tolerância estabelecidos na NR-15, da Portaria nº 3.214/78.

Fonte: Próprio autor (2019)

64
CAPÍTULO 6
Temperaturas anormais – Frio

O artigo 253 da CLT preconiza:

Art. 253. Para os empregados que trabalham no interior das câmaras


frigoríficas e para os que movimentam mercadorias do ambiente
quente ou normal para o frio e vice-versa, depois de 1 (uma) hora e 40
(quarenta) minutos de trabalho contínuo, será assegurado um período
de 20 (vinte) minutos de repouso, computado esse intervalo como de
trabalho efetivo.

Parágrafo único – Considera-se artificialmente frio, para os fins do


presente artigo, o que for inferior, nas primeira, segunda e terceira
zonas climáticas do mapa oficial, a 15º (quinze graus), na quarta zona
a 12º (doze graus), e nas quinta, sexta e sétima zonas a 10º (dez graus).

Regulamentando esse dispositivo legal, comparece a NR 15 - Atividades e operações


insalubres – Anexo 9. Frio.

As atividades ou operações executadas no interior de câmaras


frigoríficas, ou em locais que apresentem condições similares, que
exponham os trabalhadores ao frio, sem a proteção adequada, serão
consideradas insalubres em decorrência de laudo de inspeção realizada
no local de trabalho.

O Ministério do Trabalho em 1994 expediu Portaria5 esclarecendo que o mapa oficial


do Ministério do Trabalho, a que se refere o artigo 253 da CLT, a ser considerado, é o
mapa “Brasil Climas’’ - da Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística -
IBGE da SEPLAN, publicado no ano de 1978 e que define as zonas climáticas brasileiras
de acordo com a temperatura média anual, a média anual de meses secos e o tipo de
vegetação natural, que inclusive define:

Art. 2º. Para atender ao disposto no parágrafo único do artigo 253 da


CLT, define-se como primeira, segunda e terceira zonas climáticas do
mapa oficial do MTb, a zona climática quente, a quarta zona, como
a zona climática subquente, e a quinta, sexta e sétima zonas, como a
zona climática mesotérmica (branda ou mediana) do mapa referido
no artigo 1º desta Portaria.

65
UNIDADE I │ TEMPERATURAS ANORMAIS

O frio para alguém morador de uma região quente impacta mais o corpo humano que
noutra região, mais amena, isso por conta da aclimatação. Então, como se reconhece o
frio? Ao contrário de calor, que considera no cálculo do IBUTG ambas as cargas, natural
e artificial, no frio é considerada apenas a artificial, como se depreende da leitura do art.
253.

Tem-se que há frio naquelas regiões geográficas cujas temperaturas sejam inferiores,
nas primeira, segunda e terceira zonas climáticas do mapa oficial, a 15º (quinze
graus), na quarta zona, a 12º (doze graus), e nas quinta, sexta e sétima zonas, a
10º (dez graus). Tal disposição foi atualizada pela supramencionada portaria que
estabelece equivalência climática entre os mapas, antigo do MTb e o novo, do IBGE.
A correspondência entre as zonas daquele com os climas deste está esquematizada no
quadro a seguir:

Quadro 6. Mapa Clima Brasil.

  Zona Climática
  Art. 253 - CLT Frio IBGE
primeira
segunda Menor que 15°C e maior que 12°C Quente
terceira
Zona quarta Menor que 12°C e maior que 10°C Subquente
quinta
sexta 10°C ou menos Mesotérmica
sétima
Fonte: Próprio autor (2019)

Pede-se na sequência que se consultem os mapas oficiais de clima, disponíveis


no portal IBGE:

»» https://portaldemapas.ibge.gov.br/portal.php#mapa784

»» https://portaldemapas.ibge.gov.br/portal.php#12

Exercício Resolvido
Uma indústria de alimentos possui câmaras refrigeradas a 13°C em dois estabelecimentos,
um Rondonópolis-MT, outro em Campo Grande-MS. Nessa disposição, há frio artificial
ensejador de AIns e ACET/FACET?

Solução. Consultando mapa oficial IBGE, verifica-se que o município de Rondonópolis-


MT está na latitude 16º 28’ 15” S e longitude 54º 38’ 08” W, enquanto Campo Grande-
MS na latitude 20º 26’ 34” S e longitude 54º 38’ 47” W. Plotando o mapa político

66
TEMPERATURAS ANORMAIS │ UNIDADE I

sobre o climático, percebe-se graficamente que tais cidades estão respectivamente nos
climas quente e subquente. Conforme Quadro 6, constata-se que os trabalhadores que
adentram as câmaras em Rondonópolis-MT estão em situação térmica de frio, enquanto
de Campo Grande-MS, não. Apesar de as duas cidades distarem 497 km e serem de
estados contíguos.

Portanto, essa empresa em Rondonópolis pagará AIns de 20% sobre salário-mínimo,


conforme laudo de inspeção realizada no local de trabalho, bem como à RFB um FACET
de 6% sobre remuneração conforme PPP baseado em LTCAT. A incidência do FACET
está disposta no item 2.0.0 do Quadro 6, que indica situações alternativas ao dispor:

Exposição acima dos limites de tolerância especificados ou às atividades


descritas.

A situação de calor é quantitativa, expressamente exemplificada, a se referir à NR 15,


conforme primeira parte da previsão legal (Exposição acima dos limites de tolerância
especificados) antes da partícula “ou”; enquanto o frio se encaixa na regra posterior ao
“ou” (às atividades descritas).

Como a origem da ACET é a insalubridade desde a Lei Orgânica da Previdência Social -


LOPS de 1960, tem-se por analogia que essa descrição está no Art. 253, combinado com
Anexo 9 da NR 15. Todavia, trata-se de tema controverso e ainda não pacificado pelos
tribunais, cabendo ao profissional prevencionista a produção de conhecimento e provas
para fins de salvaguardar a empresa para ambas as declarações do tipo:

»» afirmar que não recolhe FACET, apesar de reconhecer e pagar AIns;

»» afirmar que reconhece a ACET para fins de INSS, mas não o FACET para
fins da RFB.

No tópico específico sobre legislação, há aprofundamento nessas questões relacionadas


a ACET/FACET, INSS/RFB e jurisprudências.

67
VIBRAÇÕES UNIDADE II

CAPÍTULO 1
Aspectos gerais

Os processos oscilatórios são muito comuns na natureza e na tecnologia que nos rodeia,
como movimento de máquinas operando ciclicamente, fenômenos acústicos, corrente
alternada usada na vida cotidiana, engenharia de rádio e eletrônicos, óticas de onda -
isso longe de ser uma lista completa de fenômenos e aplicações técnicas descritas na
linguagem dos processos vibracionais e das ondas.

Os corações batem; os pulmões flutuam ao respirar; treme-se quando se sente frio;


pode-se ouvir e conversar devido às vibrações do tímpano e das cordas vocais. As ondas
de luz que se veem são de natureza oscilatória. Ao caminhar, as pernas oscilam. Até os
átomos vibram.

Se o termo flutuações é amplamente interpretado, torna-se óbvio imediatamente que


muitos eventos da vida cotidiana têm uma natureza cíclica extraordinária. O mundo é
surpreendentemente propenso às flutuações. É por isso que é dada atenção especial ao
movimento oscilatório na física e na tecnologia.

O movimento não harmônico periódico pode ser reduzido à soma dos movimentos
harmônicos e esses movimentos, ditos compostos, são acessíveis à observação direta
com a ajuda de equipamentos modernos. Ademais, existem equipamentos que permitem
adicionar os movimentos harmônicos e assim experimentar movimentos periódicos de
natureza complexa.

No processo de desenvolvimento da ciência, um aparato matemático poderoso e


conveniente foi criado para descrever e estudar movimentos periódicos de várias
naturezas físicas.

68
VIBRAÇÕES │ UNIDADE II

As oscilações são chamadas de movimentos, processos, mudanças de estado,


caracterizadas por uma certa repetibilidade no tempo dos valores das quantidades
físicas que determinam esse movimento, processo ou estado. Uma oscilação
é chamada  periódica  se os valores das quantidades que mudam durante as
oscilações forem repetidos em intervalos regulares. O período de oscilação -
T é o período mínimo de tempo durante o qual certos estados do sistema são
repetidos (o tempo durante o qual ocorre uma oscilação completa). O período
é medido em segundos. A frequência de oscilação (frequência  linear) é uma
quantidade física escalar igual ao número de oscilações realizadas pelo sistema
por unidade de tempo. A frequência de oscilação - f é medida em Hertz (Hz).
t N
Se por algum tempo t o sistema faz N oscilações, então T = , f = . Segue
1 N t
que T = e f =1 .
f T
A vibração é um movimento oscilatório a partir de um ponto de referência. A vibração é
um tipo de vibração mecânica que ocorre quando um corpo transfere energia mecânica
de uma fonte de vibração.

Termos e definições: a vibração é chamada de movimento de um ponto ou sistema


mecânico no qual os valores de pelo menos uma coordenada aumenta e diminui
alternadamente no tempo. Assim como o ruído, a vibração é um dos fatores no ambiente
físico de uma pessoa.

Esse movimento pode ser regular, do tipo senoidal ou irregular, quando não segue
movimento determinado algum, como no sacolejar de um carro andando em uma
estrada de terra. Um corpo é dito em vibração quando descreve um movimento
oscilatório em torno de um ponto de referência. O movimento pode consistir de um
simples componente, ocorrendo em uma frequência única, como um diapasão, ou de
muitos componentes, ocorrendo em diferentes frequências simultaneamente, como,
por exemplo, com o movimento de um pistão de um motor de combustão interna.

Similarmente ao que ocorre com um ruído, um movimento vibratório pode envolver


uma função complexa, que consistirá em uma composição de múltiplos movimentos,
com inúmeras frequências individuais, ou seja, fala-se de espectro de vibrações, assim
como de espectro de ruídos. A energia do movimento é, então, distribuída pelas faixas de
frequências. As fontes de vibração usuais (veículos, ferramentas manuais motorizadas)
produzem movimentos complexos que possuem largos espectros de vibração. Todo
corpo pode ser interpretado como um sistema mecânico de massa e mola, lembrando-
se que, na prática, existe também um amortecimento interno. Assim, todo corpo possui
uma frequência natural de oscilação, que pode ser observada com um pequeno estímulo
no sistema, deixando-o oscilar livremente.

69
UNIDADE I │ TEMPERATURAS ANORMAIS

A vibração é acompanhada pelo trabalho de mecanismos e montagens, estacionários e


móveis, cuja base é o movimento rotacional e alternativo, que em particular, descrevem
processos nos quais um corpo se move regularmente em torno de uma posição de
equilíbrio (“posição de repouso”). A figura a seguir exemplifica.

Figura 14: O balanço como uma vibração mecânica

Fonte: https://www.grund-wissen.de/physik/_images/schaukel.png

A distância entre a posição de equilíbrio, ou a mudança de ângulo de deflexão - φ, a


aceleração - a, a velocidade - v está associada à posição e à energia mecânica total – Emec,
que resulta da soma da energia potencial - Epot e cinética – Ekin.

A energia do sistema pode ser representada da seguinte forma, no caso ideal em que
nenhuma energia é perdida. Observe que a energia total permanece constante o tempo
todo e que a energia potencial e a energia cinética estão continuamente substituindo
uma a outra à medida que a massa se move para cima e para baixo.

70
TEMPERATURAS ANORMAIS │ UNIDADE I

Figura 15. Posição, deslocamento e energia mecânica do balanço

Posição Epot Ekin


x Etotal 0
y 0 Etotal
z Etotal 0

Fonte: http://www.physbot.co.uk/uploads/1/2/5/0/12507040/8471959_orig.png

Sem atuarem as forças de atrito, o processo de oscilação se repete (teoricamente)


infinitamente.

Amplitude, tempo de oscilação e frequência


O curso temporal da deflexão de um corpo vibratório pode ser representado por meio
de um diagrama de trajetória-tempo. Isso resulta em uma característica do respectivo
oscilador, forma de onda periódica.

71
UNIDADE I │ TEMPERATURAS ANORMAIS

Figura 16. Vibração vertical de um peso suspenso de uma mola helicoidal

Fonte: https://www.grund-wissen.de/physik/_downloads/federpendel.svg

Se a função caminho-tempo de uma vibração tem a forma de uma função senoidal, a


vibração é chamada harmônica; caso contrário, eles são chamados anarmônicos.

Cada vibração pode ser descrita pelas seguintes quantidades. A deflexão – y, também
chamada de alongamento, indica a distância instantânea do corpo em vibração a partir
da posição de equilíbrio. A deflexão máxima ymáx é chamada de amplitude. O período
de oscilação - T indica quanto tempo o corpo em vibração precisa para um movimento
completo de vaivém (período). Em vez do período de oscilação, muitas vezes se usa a
frequência de uma vibração.

Frequência, velocidade linear e angular do


movimento circular:

As velocidades de rotação são geralmente dadas como rotações ou revoluções por


segundo, que indicam a frequência - f de giro. É útil pensar na quantidade angular,
chamada velocidade angular - ω ( rad/s), dada pelo ângulo percorrido pelo braço de
raio quando se move em um segundo. Seguem algumas relações úteis:
1 πr 2π v
f= ,=v 2= 2π rf e ω= = = 2π f
T T T r
A velocidade linear - v (m/s) é velocidade na tangente ao caminho circular. Se a força
centrípeta que mantém o objeto em movimento circular desaparecer repentinamente,
o objeto seguirá o caminho tangencial da velocidade naquele momento. A velocidade
linear é, portanto, a velocidade instantânea naquele momento no tempo.

72
TEMPERATURAS ANORMAIS │ UNIDADE I

Movimento Harmônico Simples (MHS)


O movimento harmônico simples descreve um movimento periódico regular, por
exemplo, um pêndulo de um lado para o outro, balanço e um objeto balançando
pendurado sob uma mola.

Para melhor visualização sobre deslocamento, velocidade e aceleração em MHS:

http://www.physbot.co.uk/uploads/1/2/5/0/12507040/8504120.png?546

http://www.physbot.co.uk/uploads/1/2/5/0/12507040/5382709_orig.gif

http://www.physbot.co.uk/uploads/1/2/5/0/12507040/7023418_orig.gif

http://www.physbot.co.uk/further-mechanics.html

A posição de equilíbrio é o ponto de deslocamento zero, ou seja, onde o objeto da mola


iria parar se o movimento fosse amortecido, igual à posição da pessoa do balanço,
quando parasse de se mover.

À medida que o objeto atinge o deslocamento máximo (ou seja, amplitude), a


velocidade se torna zero. Isso ocorre porque, como o objeto muda de direção, ele deve
parar momentaneamente. No ponto em que o objeto parou para mudar de direção, a
aceleração é máxima, porque ocorre a maior mudança de velocidade nesse momento.
Quando o objeto submetido a MHS está se movendo através de sua posição de equilíbrio,
sua aceleração é zero porque está viajando na velocidade máxima.

A aceleração no MHS é, portanto:

−ω 2 x =
a= −(2π f ) 2 x

Onde x é o deslocamento do equilíbrio. Essa equação mostra que no deslocamento zero


(velocidade máxima) a aceleração é zero e na direção oposta (sinal negativo). A variação
do deslocamento é senoidal e dada pela seguinte expressão:

x = A cos ( 2π f )

Onde A é a amplitude, ou seja, quando t = T , x = A.cos (2π) = A , porque cos (2π) =


1 . Lembre-se de que A é a amplitude (ou seja, deslocamento máximo), enquanto x é
apenas o deslocamento da posição de equilíbrio. Essa solução resulta do conhecimento
de que aceleração é igual à segunda derivada do deslocamento.

73
UNIDADE I │ TEMPERATURAS ANORMAIS

A função seno e cosseno se equivalem, diferindo apenas da posição de partida


quando em repouso. A seno é adequada como abordagem quando o corpo
do pêndulo está inicialmente na posição de repouso, sendo para fora dessa
posição. Se, partindo do ponto de deslocamento máximo, sendo liberado dessa
posição, a função cosseno é a mais adequada. Até porque seno e cosseno são
complementares no triângulo trigonométrico.

Derivação da equação de movimento para


oscilações harmônicas
Para encontrar uma função para o deslocamento em função do tempo, é feita a seguinte
consideração: a projeção de um movimento circular uniforme – MCU corresponde ao
movimento de um oscilador harmônico - MHS. O raio r corresponde à amplitude ymax, a
duração do ciclo corresponde ao período de oscilação T, conforme figura.

Figura 17: Disposição trigonométrica de correspondência entre MCU e MHS

Fonte: https://physikunterricht-online.de/wp-content/uploads/2014/10/Kreisbewegung_Harmonische-Schwingung.jpg

Para o alongamento y, aplica-se o seguinte:

y = ymax sin ϕ

O ângulo φ, também chamado de ângulo de fase ou fase, pode ser expresso com a ajuda
do período orbital, porque se aplica a regra de três:

T 2π 2π
= →ϕ= t ( Rad )
t ϕ T

Note-se que o ângulo é dado em radianos. Para oscilação completa, isto é, para o período
T, aplica-se: ϕ = 2π

O quociente = 2= π f ω , chamado frequência angular ou velocidade angular. Com
T
isso também se pode escrever para o ângulo de fase ϕ = ω .t . Para o curso de tempo

74
TEMPERATURAS ANORMAIS │ UNIDADE I

da deflexão e considerando que no movimento circular uniforme, a frequência angular


ϕ
é constante ( ω= cte
= ), tem-se, portanto, uma função da deflexão y em função do
t
tempo t para uma oscilação harmônica.

y = ymax sin (ω t )

Essa função é chamada de equação para oscilações harmônicas, que também pode ser
expressa em termos de frequência.

y = ymax sin ( 2π f t )

Resumo: Equação para uma oscilação harmônica pode ser escrita de diferentes maneiras
 2π 
= y y=max sin ( ω t ) ou y sin 
ymax= t  ou y ymax sin ( 2π f t )
T 
Todos os sistemas oscilantes são chamados de osciladores. Aqueles cuja função
é contínua no tempo e descreve um gráfico da função senoidal são chamados de
osciladores harmônicos. O que se pode fazer com a equação de oscilação? Com a
equação de oscilação, pode-se calcular o alongamento ou deflexão (amplitude) de um
oscilador harmônico em um determinado momento t para um período ou frequência de
oscilação conhecida, bem como para uma amplitude conhecida. Dependendo de qual
das variáveis ω, T ou f seja conhecida.

Frequentemente, a amplitude da vibração é expressa como o valor médio da aceleração


de movimento oscilatório, geralmente o valor quadrático valor médio – RMS6 (root
mean square) ou efetivo (m/s2). Há situações peculiares que se eleva à quarta potência.
O Valor RMS de uma onda senoidal corresponde à quantidade de energia contínua
capaz de produzir a mesma potência dissipada (equivalente energético). RMS ou valor
eficaz são sinônimos, ou seja, equivalem em valor energético.

Para melhor visualização da RMS, PMPO e Médias em MHS, acesse http://


s3.amazonaws.com/magoo/ABAAABaZEAK-6.jpg

O valor de pico é o valor máximo, já o valor de pico-a-pico é igual ao dobro do valor


do pico, pois os picos positivos e negativos são simétricos. O valor médio corresponde
0,637 do pico, obtido da média aritmética de todos os valores numa onda senoidal,
tomados a meio ciclo, porque sobre um ciclo completo o valor médio seria zero. O valor
eficaz (RMS) corresponde a 0,707 o valor de pico.

Os deslocamentos oscilatórios de um objeto implicam, alternativamente, uma velocidade


pendular, porém o objeto experimenta uma aceleração constante, primeiro em uma

75
UNIDADE I │ TEMPERATURAS ANORMAIS

direção e depois na oposta. Como essa aceleração alterna em positiva e negativa, faz-
se necessário manobrar algebricamente de modo capturar o módulo (escala) do vetor
aceleração para fins de avaliação da energia, que é função da amplitude e independe da
direção.

Tem-se então o motivo pelo qual se opera a raiz quadrática da média aritmética da soma
das acelerações ao quadrado, conhecida como root mean square – RMS. A manobra
algébrica consiste em neutralizar a direção negativa do vetor aceleração, elevando ao
quadrado suas intensidades, para na sequência extrair a raiz quadrada.

Deve-se ter em mente que as medições feitas pelos instrumentos de aceleração


(acelerômetro para vibração) e pressão sonora (sonômetro para ruído) são processadas
por circuitos eletrônicos que captam as energias instantâneas e operam a equação
de RMS, exprimindo em seus displays tais medidas. Ou seja, quando se observa
uma medida no dial desses instrumentos, está-se, em verdade, lendo o RMS após os
processamentos da seguinte álgebra:
1 t2
RMS = ∫ a 2 ( t ) dt
»» t2 − t1 [m/s2] para medições de aceleração no eixo
t1

genérico “j”, no intervalo de t1 a t2.


1 t2
RMS = ∫ p 2 ( t ) dt
»» t2 − t1 t1 [Pa] para medições de pressão sonora, no
intervalo de t1 a t2.

Exercício Resolvido
Um oscilador harmônico vibra com um tempo de vibração de 1,2 segundos. A deflexão
máxima é de 12 cm. No tempo t = 0s, o oscilador está na posição de repouso no caminho
para cima na direção de y positivo. Pergunta: onde estará o oscilador nos seguintes
horários: a) t = 0,6s, b) t = 1s e c) t = 1,5s?

Solução: Para T = 1,2s, ymax = 12cm. Pela equação de oscilação para oscilações
 2π 
harmônicas, tem-se para = t=0,6s: y 12sin
=  1, 2 x 0, 6  0 , y = 0 para a deflexão. O
 
oscilador está, portanto, na posição de descanso. Isso é lógico, porque o tempo t = 0,6s
corresponde exatamente à metade do período de oscilação. Para resultado de t = 1s 
 2π 
y = 12 sin  x1 = −10, 39cm . O oscilador está, portanto, em y = -10,39cm, ou seja, 10,39cm
 1, 2 
abaixo da posição de repouso, pois foi dada direção de y positiva. Para resultado de t
= 1,5s  . O oscilador está, portanto, com deflexão máxima, correspondente assim à
amplitude: y = ymáx. O oscilador está na deflexão máxima 12 cm acima da posição de
repouso, no ponto de reversão superior.

76
TEMPERATURAS ANORMAIS │ UNIDADE I

Em resumo, conhecendo uma das variáveis deslocamento (x), velocidade (v) e aceleração
(a) é possível encontrar as duas outras, a partir das relações do cálculo diferencial entre
=
elas, que ensina: v x=e a x , ou seja a velocidade é primeira derivada do deslocamento
e a aceleração, a segunda, segundo as equações:

=x A cos (ωt +θ 0 )
v= −ω Asen (ωt +θ 0 )
x =

a=
x=
 −ω 2 A cos (ωt +θ 0 )

Figura 18. Variações máxima e mínimas do deslocamento(x), velocidade(v) e aceleração(a)

x=
−A x=
0 x=
A
( mínimo )
=v 0 =v ω=
A v 0
( máxima )
a = ω2 A a =0 a = −ω 2 A
( máxima ) ( mínimo )
Fonte: https://slideplayer.com.br/slide/3626390/

Vibrações forçadas e ressonância 


Se um sistema vibratório é estimulado uma vez e depois deixado livre, ele realizará
vibrações com sua frequência natural - f0. Assim, quando um sistema está oscilando
sem uma força aplicada, estará oscilando em sua frequência natural. No entanto, se a
energia é fornecida periodicamente por um longo período de tempo, o sistema oscilante
- após um curto período de transição - executa as chamadas oscilações forçadas com a
frequência - fa do sistema estimulador.

A amplitude das vibrações excitadas - fe depende da frequência de excitação. Caso bem


particular acontece se essa fe equivale a frequência natural - f0 do sistema excitado, diz-
se que essa frequência é a de ressonância fres, situação na qual a amplitude deflexão do
sistema excitado se torna máxima (Amplitude – A). Em ambos os lados da frequência
de ressonância, a deflexão das oscilações é menor.

77
UNIDADE I │ TEMPERATURAS ANORMAIS

Consulte - Amplitude de uma oscilação forçada em função da frequência


estimulante.

Fonte: http://www.physbot.co.uk/uploads/1/2/5/0/12507040/873889_orig.png.

O gráfico mostra vários cenários diferentes de oscilações de forças. A curva


vermelha mostra o sistema em ressonância para fres(frequência de ressonância)

Combinando a amplitude em função da frequência de excitação, obtém-se a chamada


“curva de ressonância”. Efeitos de ressonância são usados, por exemplo, para remover
pedras nos rins, quando bombardeados com ultrassom de alta intensidade em
diferentes frequências. As pedras quebradiças podem ser excitadas e levadas a fraturas,
se a frequência de ressonância for atingida, sem, no entanto, comprometer as seções e
tecidos vizinhos do corpo.

Por outro lado, os efeitos de ressonância são evitados sempre que possível, se houver
cargas mecânicas. Por exemplo, os secadores rotativos sofrem continuamente uma
variedade de diferentes frequências no início e no final de um ciclo de centrifugação. Com
valores de frequência desfavoráveis, existem grandes amplitudes de oscilação do
contêiner centrífugo suspensas por molas helicoidais. Combate-se esse efeito ao
fixar pesos em pontos específicos da estrutura, para manter baixo o desequilíbrio e o
“chocalhar” audível associado.

Para movimentos rotacionais, a frequência de ressonância é chamada de velocidade


crítica.  Além disso, o efeito de ressonância tem um significado especial na acústica,
por exemplo, quando objetos ressonantes soam para causar uma amplificação de um
determinado som.

Caracterização dos principais parâmetros de


vibração
Os parâmetros que caracterizam a forma mais simples de vibração - oscilações
sinusoidais são: frequência - f (Hz), amplitude - A (m), velocidade - v (m/s) e aceleração
- a (m/s2). Há, porém, outra forma de avaliar a vibração: decibel. O decibel decorre da
escala logarítmica sobre o efeito da vibração no corpo humano, cuja sensibilidade à
ação da vibração muda em proporção ao logaritmo da intensidade do efeito.

A escala de equivalência de intensidade intitulada Bell, em homenagem ao físico


inventor do telefone Alexandre Grahan Bell. Por definição o Bell (B) = log I / I0, que
tem como referência o limiar de audibilidade (Io). O NS (nível sonoro), ou nível de

78
TEMPERATURAS ANORMAIS │ UNIDADE I

intensidade, de determinado som, em Bell, expressa a relação (quantas vezes maior)


está esse som (I) em relação àquele limiar. Aplica-se o submúltiplo deci ao nível sonoro
NS para melhor ajuste e visualização da escala.
2
 I 
NS = 10 log   [ dB ]
 I0 

Analogamente, por conta da mesma característica logarítmica entre estímulo e sensação


humana de ambas as energias (vibração tátil e auditiva), há equivalência algébrica
para função logarítmica dada pelo decibel, dada a referência de aceleração mínima
sentida pelo tato humano7 que é da ordem de 10-6 m/s2, conforme a equação de nível de
aceleração – NA:
2
a
NA = 10 log   [ dB ]
 a0 

Onde a é aceleração desconhecida (a medir) e a0 a de referência para limiar tátil que é


da ordem de 0,000001 m/s2. Percebe-se que ambas necessitam de elevar ao quadrado
exatamente para trabalhar na banda positiva das curvas senoidais. Por exemplo para
a=1,0 m/s2, há um nível de aceleração de 120 dB, conforme a resolução:

 1 
=NA 20
= log   120dB
 0, 000001 

Por esse caminho, chega-se a valores como os apresentados a seguir:

Tabela 12. Amplitude de uma oscilação forçada em função da frequência estimulante.

Aceleração m/s2 Aceleração dB


10 140,00
1 120,00
0,78 117,80
0,5 113,90
0,1 100,00

Fonte: Próprio autor (2019)

Outra vantagem do uso do decibel é a compactação da escala, pois os valores absolutos


de velocidade e aceleração variam em ampla faixa.

Ação de vibração no corpo humano


A vibração é um dos fatores de energia com alta atividade biológica. A profundidade,
orientação e natureza das mudanças fisiológicas em vários sistemas corporais são

79
UNIDADE I │ TEMPERATURAS ANORMAIS

determinadas pelo nível, composição espectral das vibrações, bem como pelas
propriedades fisiológicas do corpo humano. O corpo humano pode ser considerado
como um sistema oscilatório complexo, cuja reação mecânica primária à vibração
determina todos os efeitos fisiológicos subsequentes. O efeito da vibração no corpo é
devido aos seguintes fenômenos:

»» impacto físico na superfície de contato;

»» a propagação de flutuações nos tecidos;

»» reação direta aos efeitos nos órgãos e tecidos e irritação dos receptores.

No primeiro estágio de exposição à vibração, a impedância mecânica (resistência) é


decisiva. Essa é a característica biodinâmica mais importante do corpo humano,
dependendo da direção da vibração, do ponto de sua aplicação, da posição do corpo, do
tônus muscular.

O segundo estágio da exposição à vibração é determinado pelas propriedades mecânicas


dos tecidos e estruturas do corpo. O terceiro estágio é determinado pelo tipo e número
de receptores irritados. A vibração transmitida ao corpo humano, independentemente
do local de contato, se espalha por todo o corpo. Isso é facilitado pela relativamente boa
condutividade das vibrações mecânicas pelos tecidos do corpo, especialmente o sistema
esquelético. À medida que se afasta do ponto de contato, a intensidade da vibração
geralmente diminui.

Mas, em algumas frequências, a intensidade da exposição pode aumentar em certas


partes do corpo devido a fenômenos de ressonância à presença da frequência natural
de vibrações de diferentes partes do corpo. Por isso, para uma pessoa em pé, em uma
superfície vibratória, existem dois picos ressonantes nas frequências de 5-12 e 17-25
Hz, estando sentada, frequências de 4-6 Hz.

Têm-se frequências naturais (Hz) para partes corpo humano. para a cabeça, as
frequências ressonantes ficam entre 20 a 30 Hz. Nesta faixa de frequência, a amplitude
das vibrações da cabeça pode ser 3 vezes a amplitude das vibrações do ombro. As
flutuações nos órgãos internos do tórax e da cavidade abdominal mostram ressonância
nas frequências de 3,0-3,5 Hz.

80
TEMPERATURAS ANORMAIS │ UNIDADE I

Frequências naturais (Hz) para corpo humano

http://blog.safemed.pt/wp-content/uploads/2015/04/frequ%C3%AAncias-do-
corpo-humano.png

Um papel importante na manifestação da ressonância é desempenhado pela posição


de trabalho, que transforma as vibrações transmitidas ao corpo humano. A eficiência
de amortecimento pelo corpo para vibrações mecânicas na posição sentada é menor do
que na posição de pé.

Sob a influência da vibração geral, ocorrem alterações no sistema nervoso central e


autônomo, sistema cardiovascular, aparelho vestibular, processos metabólicos são
perturbados.

A vibração local transmitida às mãos dos trabalhadores pode ter um efeito traumático
direto na zona de contato ou indireto, percebido pelos mecanorreceptores do sistema
nervoso e afetando principalmente os sistemas nervoso e cardiovascular.

A vibração local de baixa frequência geralmente leva a danos musculares; portanto, a


resistência mecânica da mão nessas condições é determinada pela rigidez do sistema. A
massa e o atrito nessa faixa de frequência não afetam a impedância mecânica.

Para vibrações de alta frequência, a região de propagação é limitada pela zona de contato
devido a grandes perdas de energia nas estruturas do corpo. A vibração transmitida às
mãos, refletida em estruturas rígidas (ossos), cria uma alta densidade de energia nos
tecidos moles e estimula vibrações mais intensas nas paredes dos vasos sanguíneos.

Nesse caso, espasmo e atonia dos vasos sanguíneos são possíveis. Quanto maior a
frequência de oscilação e menor o diâmetro dos vasos, mais acentuadas alterações
vasculares. Todo o conjunto de mudanças no corpo dos trabalhadores que estão
em contato com a vibração há muito tempo estão contidas na definição de doença
vibracional.

Uma característica dessa doença laboral é que seu tratamento eficaz é possível apenas
nos estágios iniciais. De forma tardia, a vibro-doença suscita incapacidades permanentes
para trabalho.

A exposição à vibração não afeta apenas o biológico humano. A vibração pode levar
a desgaste prematuro, despressurização e destruição de equipamentos de produção e
estruturas de engenharia. Transmitida através do solo para as paredes dos edifícios, a
vibração contribui na deterioração, levando à destruição.

81
Uma pessoa reage à vibração, dependendo da duração total de sua exposição. A
exposição excessiva à vibração local pode causar doença dos vasos sanguíneos, nervos,
músculos, ossos e articulações dos membros superiores.

Vários métodos são usados ​​para combater a vibração de máquinas e equipamentos


e para proteger os trabalhadores da vibração. O combate à vibração na fonte de sua
ocorrência está associado ao estabelecimento das causas das vibrações mecânicas
e sua eliminação. Para reduzir a vibração, o efeito de amortecimento da vibração é
amplamente utilizado - a conversão da energia das vibrações mecânicas em outros
tipos de energia, geralmente em energia térmica.

Para isso, na construção de peças através das quais a vibração é transmitida, são
utilizados materiais com grande atrito interno: ligas especiais, plásticos, borrachas,
revestimentos de amortecimento de vibrações. Para evitar vibrações gerais, deve-se
usar instalação de máquinas e equipamentos vibratórios em suportação antivibracional
independentes, para enfraquecer a transmissão de vibração das fontes de sua ocorrência
para o chão, local de trabalho, assento, manopla etc.

Como equipamento de proteção individual para os trabalhadores, sapatos especiais com


sola de borracha maciça são usados. Para proteger as mãos estão luvas, luvas, camisas
e gaxetas, que são feitos de materiais elásticos de amortecimento. Um fator importante
para reduzir os efeitos nocivos da vibração no corpo humano é a organização correta do
regime de trabalho e repouso, monitoramento médico constante do estado de saúde,
medidas preventivas como hidroprocedimentos (banhos quentes para mãos e pés),
massagem de mãos e pés, vitaminização.

82
CAPÍTULO 2
Organização Internacional de
Padronização – ISO

A International Organization for Standardization - ISO (Organização Internacional


de Padronização) é uma federação mundial de organismos nacionais de padrões
(organismos membros da ISO). O trabalho de elaboração de normas internacionais
é normalmente realizado por meio de comitês técnicos da ISO. Cada órgão membro
interessado em um assunto para o qual um comitê técnico foi estabelecido tem o direito
de ser representado nesse comitê. Organizações internacionais, governamentais e não
governamentais, em ligação com a ISO, também participam do trabalho.

A ISO colabora estreitamente com a Comissão Eletrotécnica Internacional (IEC)


em todos os assuntos de padronização eletrotécnica. As normas internacionais são
elaboradas de acordo com as regras fornecidas nas diretivas ISO/IEC, parte 2. A
principal tarefa dos comitês técnicos é preparar normas internacionais. Os projetos
de normas internacionais adotados pelos comitês técnicos são distribuídos aos órgãos
membros para votação. A publicação como Padrão Internacional requer aprovação de
pelo menos 75% dos órgãos membros que votam.

Na temática vibrações, são apresentadas as principais normas internacionais que


serviram de base às normas brasileiras, em especial a Avaliação da exposição ocupacional
a vibrações de corpo inteiro - NHO 09 e Avaliação da exposição ocupacional a vibrações
em mãos e braços - NHO 10, ambas da Fundacentro. Estas por sua vez deram base aos
dispositivos ensejadores de AIns e ACET/FACET, respectivamente NR 15 - Anexo 8 e
Decreto 3048/1999 - Anexo IV, item 2.0.2, conforme quadros a seguir:

Quadro 7. Capitulação legal para adicional de insalubridade - AIns

Lei 6.514/77  NR 15 - ATIVIDADES E OPERAÇÕES INSALUBRES - ANEXO N.º 8: VIBRAÇÃO


Objetivos
2. Caracterização e classificação da insalubridade
2.1 Caracteriza-se a condição insalubre caso seja superado o limite de exposição ocupacional diária a VMB correspondente a um valor de aceleração
resultante de exposição normalizada (aren) de 5 m/s2.
2.2 Caracteriza-se a condição insalubre caso sejam superados quaisquer dos limites de exposição ocupacional diária a VCI:
valor da aceleração resultante de exposição normalizada (aren) de 1,1 m/s2;
valor da dose de vibração resultante (VDVR) de 21,0 m/s1,75.

Fonte: Próprio autor (2019)

83
Quadro 8. Capitulação legal para ACET/FACET

Lei 8.213/91. FACET/ACET 25-6% (RFB)


Decreto 3048/99 - Anexo IV do RPS
2.0.2 VIBRAÇÕES
a) trabalhos com perfuratrizes e marteletes pneumáticos – 25 anos

Fonte: Próprio autor (2019)

Faz-se a seguir um apanhado das normas ISO para Vibrações, com destaque às
principais.

ISO 1683, Acústica - Valores de referência preferidos para níveis


acústicos e vibratórios.

ISO 2041, Monitoramento de vibrações, choques e condições -


Vocabulário.

ISO 2631-1 (2004) – Mechanical vibration and shock – Evaluation of


human exposure to whole-body vibration. Part 1: General requirements.
ISO 2631-1, Vibrações mecânicas e choques - Avaliação da exposição
humana à vibração de corpo inteiro - Parte 1: Requisitos gerais

ISO 2631-2, Vibração mecânica e choque - Avaliação da exposição


humana à vibração de corpo inteiro - Parte 2: Vibração em edifícios (1
Hz a 80 Hz)

ISO 2631-4: 2001, Vibrações mecânicas e choques - Avaliação da


exposição humana à vibração de corpo inteiro - Parte 4: Diretrizes
para a avaliação dos efeitos da vibração e do movimento de rotação no
conforto de passageiros e tripulantes em sistemas de transporte com
trilhos de guia

ISO 2631-5 (2004) - Mechanical vibration and shock -- evaluation


of human exposure to whole-body vibration - part 5: method for
evaluation of vibration containing multiple shocks. A ISO 2631-5: 2004
trata da exposição humana a múltiplos choques mecânicos medidos na
almofada do assento quando uma pessoa está sentada.

ISO 5347 (todas as partes), métodos para a calibração de vibrações e


choques

ISO 5348, vibração mecânica e choque - montagem mecânica de


acelerômetros

84
VIBRAÇÕES │ UNIDADE II

ISO 5349-1 (2001): Mechanical vibration – Measurement and evaluation


of human exposure to hand-transmitted vibration – Part 1: General
requirements. ISO 5349-1: 2001 - Vibração mecânica - medição e
avaliação da exposição humana a vibrações transmitidas manualmente
- parte 1: requisitos gerais

ISO 5349-2 (2001): Mechanical vibration – Measurement and


evaluation of human exposure to hand-transmitted vibration – Part
2: Practical guidance for measurement at the workplace. ISO 5349-2:
2001 - Vibração mecânica - medição e avaliação da exposição humana
à vibração transmitida manualmente - parte 2: orientação prática para
medição no local de trabalho

ISO 5805, Vibrações e choques mecânicos - Exposição humana -


Vocabulário.

ISO 16063 (todas as peças), métodos para calibração de transdutores


de vibração e choque

Guia ISO / IEC 98-3, Incerteza da medição - Parte 3: Guia para a


expressão da incerteza na medição (GUM: 1995)

IEC 61000-4-2: 2008, Compatibilidade eletromagnética (EMC) - Parte


4-2: Técnicas de teste e medição - Teste de imunidade à descarga
eletrostática

IEC 61000-4-3: 2006, Compatibilidade eletromagnética (EMC) -


Parte 4-3: Técnicas de teste e medição - Teste de imunidade a campos
eletromagnéticos por radiação, radiofrequência

IEC 61000-4-6, Compatibilidade eletromagnética (EMC) - Parte 4-6:


Técnicas de teste e medição - Imunidade a distúrbios conduzidos,
induzida por campos de radiofrequência

IEC 61000-6-2: 2005, Compatibilidade eletromagnética (EMC) - Parte


6-2: Normas genéricas - Imunidade para ambientes industriais

ISO 10326 1, vibração mecânica - método de laboratório para avaliar a


vibração do banco do veículo - parte 1: requisitos básicos

ISO/TR 19664, Resposta humana à vibração - Orientação e terminologia


para instrumentação e equipamento para avaliação da exposição diária
à vibração no local de trabalho, de acordo com os requisitos de saúde e
segurança.

85
ISO / IEC Guia 99, vocabulário internacional de metrologia - conceitos
básicos e gerais e termos associados (VIM).

ISO 8041 (2017) – Human response to vibration – Measuring


instrumentation.

A seguir a figura resume bifurcação normativa para VCI e VMB. Adiante-se que há uma
harmonização a partir das NHO 09 e 10 quanto ao AIns e ACET/FACET, pois o Anexo
8 da NR 15 juntamente com Anexo IV do RPS convergem para normas da Fundacentro.
Ou seja, se couber AIns caberá ACET/FACET, reciprocamente inclusive.

Quadro 9. ISO e NHO para vibrações VCI e VCB

Vibrações

Fundacentro - Norma de Higiene Ocupacional - NHO

Vibrações em Corpo Inteiro - VCI Vibrações Mãos e Braços - VMB


NH0 09 - Procedimento técnico NH0 10 - Procedimento técnico

ISO 2631-1 (2004) – Mechanical vibration and ISO 5349-1 (2001): Mechanical vibration –
shock – Evaluation of human exposure to whole- Measurement and evaluation of human
body vibration - Part 1: General requirements. exposure to hand-transmitted vibration – Part 1:
ISO 2631-5 (2004) - Mechanical vibration and General requirements.
shock -- evaluation of human exposure to whole- ISO 5349-2 (2001): Mechanical vibration –
body vibration - Part 5: method for evaluation of Measurement and evaluation of human
vibration containing multiple shocks. exposure to hand-transmitted vibration – Part 2:
Practical guidance for measurement at the
workplace.

ISO 8041 (2017) – Human response to vibration – Measuring Instrumentation

Fonte: Próprio autor (2019)

86
VIBRAÇÕES │ UNIDADE II

Cadeia de medição
As medições de vibração passam pelos processos abaixo:

Figura 19. Cadeia de medição

TransdutorConv Sistema de
erte uma CondicionadorCo aquisição
Quantidade a grandeza física Análise dos
nverte grandezas Amostra a
ser medida em outra. dados
(exemplos: intermediárias tensão na
Pressão, Os dados
pressão em em tensão ( entradas.
Temperatura, gravados podem
tensão. acelerômetro de Mostra os
Deformação processados
aceleração em carga) valores e os
carga elétrica) armazena

Fonte: Próprio autor (2019)

Nesse fluxo alguns cuidados são necessários, como: que realmente se deseja
observar? Qual o transdutor mais apropriado? Como preparar o experimento?
Como garantir uma boa medição? As respostas estão na NHO 09 e NHO 10. De
forma resumida, discorre-se a seguir.

Instrumentação, transdutores de vibração


Ambas as normas (NHO 09 e NHO 10) estabelecem bases comuns para
instrumentação, ao remeterem para ISO 8041:2005, que especifica diversas
diretrizes e regramentos que os equipamentos devem atender, notadamente
quanto ao desempenho e confiabilidade.

Destacam-se: precisão (acurácia); filtros de frequência; ponderações (Wd, Wh e Wk);


extração da média e Valor Dose Vibração – VDV; largura de banda de análise; linearidade;
ruído elétrico; influências externas (campo elétrico, temperatura, vibração, etc.)

87
Há especificação de desempenho e limites de tolerância para instrumentos projetados
para medir valores de vibração com o objetivo de avaliar a resposta humana à vibração.
Inclui requisitos para avaliação ou validação de padrões, verificação periódica e
verificações in situ e a especificação de calibradores de vibração para verificações
também in situ. Os instrumentos de vibração especificados podem ser instrumentos
únicos, combinações, ou sistemas de aquisição e análise baseados em computador. Os
instrumentos de vibração especificados se destinam a medir a vibração para uma ou
mais aplicações, que são comuns a VCI e VMB:

»» VCI, conforme ISO 2631-1, ISO 2631-2 e ISO 2631-4, na faixa de 1 a 80


Hz.

»» VCI de baixa frequência, conforme ISO 2631-1 na faixa de 0,1 Hz a 0,5 Hz.

»» VMB, conforme ISO 5349-1, na faixa de 6,3 a 1.250 Hz.

Os instrumentos de vibração podem ser projetados para medição de acordo com uma
ou mais das ponderações de frequência definidas em cada uma dessas aplicações. Três
níveis de teste de desempenho são definidos pela ISO 8041:2005:

a. avaliação ou validação de padrões. Avaliação de padrões, ou seja, um


teste completo do instrumento em relação às especificações definidas
neste documento; validação de instrumentos pontuais, isto é, um
conjunto limitado de testes de um sistema de medição de vibração
individual, de acordo com as especificações relevantes;

b. verificação periódica, isto é, um conjunto intermediário de testes


projetados para garantir que um instrumento permaneça dentro da
especificação de desempenho exigida;

c. verificações in situ, ou seja, um nível mínimo de teste necessário para


indicar que é provável que um instrumento esteja funcionando dentro
das especificações de desempenho exigidas.

Traz ainda especificações técnicas sobre o princípio de funcionamento dos medidores,


dada sua fundamental importância que opera com valores muito pequenos de
voltagem, na faixa de microvolts. Aponta especial atenção aos fatores externos tais
como: interferência de campo eletromagnético, ruído induzido por vibrações nos cabos,
fixação de transdutores, vibração de cabos.

Tudo isso para que a instrumentação utilizada tenha acurácia para fornecer valores
consistentes de uma gama de transdutores e analisadores. Toda a cadeia de medição

88
VIBRAÇÕES │ UNIDADE II

(acelerômetro, amplificador e medidor ou analisador) deve permanecer linear em toda


faixa de interesse qualificados em diversas categorias que quanto à grandeza medida
devem dispor sobre deslocamento, velocidade de vibração (vibrômetros), aceleração de
vibração (acelerômetros).

O acelerômetro baseado no princípio piezoelétrico é universalmente usado, cujas


características são: ampla faixa de frequência, linearidade, robustez, confiabilidade,
estabilidade de propriedades em ambientes hostis e por um longo tempo. O gerador
de sinal não necessita fontes, além de não possuir partes móveis e ter baixo custo.

Acelerômetro piezoelétrico (transdutor)


O sufixo piezo, significa apertar. O equipamento de medida da vibração universalmente
usado na captação de uma vibração é o acelerômetro piezoelétrico (transdutor). Há
cristais que possuem a característica segundo a qual quando são tensionados por
uma força externa, uma carga elétrica proporcional a esta força aparece nas faces do
cristal. Atualmente, os acelerômetros são feitos de materiais cerâmicos, ferroelétrico,
artificialmente polarizada, chamados de PZT (Pb-Zr-Ti), envelhecidos artificialmente,
com diferentes tamanhos e formas.

Figura 20. Efeito piezoelétrico

Fonte: https://www.qiaj.jp/pages/frame20/images/fig21-01_1-e-240x160.png

Na sequência se ilustra um sensor piezoelétrico comercial, as ações impostas ao sensor


e as respostas elétricas à ação sobre o mesmo.

89
Figura 21. Ilustração sensor piezoelétrico, ações impostas e suas respostas elétricas.

Fonte:https://www.researchgate.net/profile/Jose_Mendes_Junior/publication/309359183/figure/fig1/AS:440297642565632@1481
986546256/Figura-1-a-Sensor-piezoeletrico-comercial-b-as-acoes-impostas-ao-sensor-e-em-c-a.png

A Figura acima ilustra: a) um sensor piezoelétrico comercial, b) as ações impostas ao


sensor e em c) a resposta do sensor piezoelétrico em função da ação sobre o mesmo.

Os acelerômetros piezoelétricos são autogeradores de sinal, ou seja, não necessitam de


fonte de potência. Além disso, não possuem partes móveis e geram um sinal proporcional
à aceleração, que pode ser integrado, obtendo-se a velocidade e o deslocamento do sinal.

Quando essa cerâmica é mecanicamente tensionada, proporcionalmente à força


aplicada, gera uma carga elétrica que polariza suas faces.

Figura 22. Equipamento de medida da vibração – acelerômetro piezoelétrico

90
VIBRAÇÕES │ UNIDADE II

Fonte: ISO 8041 (2017) – Human response to vibration – Measuring Instrumentation (com adaptações)

Possui ampla banda de frequência com boa linearidade em todas as faixas. É


relativamente robusto e de confiança, de modo que suas características se mantêm
estáveis por muito tempo. Ilustra-se um circuito eletrônico para medida da vibração –
acelerômetro piezoelétrico.

Percebe-se que é possível usar um medidor de pressão sonora para medir aceleração,
para isso se procede a troca do microfone pelo acelerômetro.

O sistema básico para medição de vibrações é composto por sensor de vibração


(transdutor), amplificador e um integrador ou diferenciador que permite a transformação
da medida em sinal elétrico; o sistema ainda pode ser dotado de filtro de bandas para
selecionar frequências específicas.

Localização e fixação dos transdutores


As medições da vibração transmitida ao corpo – VCI devem ser feitas segundo as três
direções de um sistema de coordenadas ortogonais de forma simultânea, utilizando-se
acelerômetro do tipo triaxial. Exemplos a seguir.

91
Figura 23. Exemplos de localização e fixação de acelerômetro de assento

Fonte: NHO 09 da Fundacentro

As medições de mãos e braços – VMB devem ser feitas segundo as três direções de um
sistema de coordenadas ortogonais de forma simultânea, utilizando-se acelerômetro do
tipo triaxial. Exemplos a seguir.

Figura 24. Localização do sistema de coordenadas para vibração de mãos e braços

Fonte: NHO 10 - Fundacentro.

O acelerômetro deve ser montado no ponto (ou próximo) que a energia é transmitida
às mãos. Se a mão está em contato com a superfície vibrante, o transdutor pode ser
montado diretamente nessa estrutura; se existir material resiliente entre a mão e a
estrutura, é permitida a utilização de uma adaptação para a montagem do transdutor.

92
VIBRAÇÕES │ UNIDADE II

A vibração deve ser medida nos três eixos ortogonais. Qualquer análise efetuada deve
ter por base o maior valor obtido em relação a esses eixos. A magnitude da vibração deve
ser expressa pela aceleração ou em decibéis. Devem ser usados transdutores pequenos
e leves.

Configurações práticas de acelerômetro


Na configuração prática de um acelerômetro, o elemento piezoelétrico é disposto de tal
forma que, quando o conjunto sofre vibração, a massa aplica uma força ao elemento
piezoelétrico, a qual é proporcional à aceleração vibratória. Esse fenômeno pode ser
explicado pela Lei da Física: Força = Massa x Aceleração.

A medição da vibração é feita segundo eixos de medição. Observe-se, portanto, que é


uma grandeza vetorial, isto é, além de magnitude, possui uma direção. Sob o ponto de
vista laboral, possui também em um ponto ou região de interface pela qual é transmitida
ao corpo humano.

As medidas são realizadas na interface entre a pele e a fonte de vibração. Há dois


tipos de sensores de vibração: os sem contato (capacitivo e indutivo) e os com contato
(eletromagnético e piezoelétrico); enquanto aqueles permitem a medição fora do
sistema vibratório, estes são obrigatoriamente fixados no sistema vibratório. Métodos
sem contato, por exemplo, laser, em princípio são preferidos, mas não são comumente
utilizados em avaliações laborais.

Para as frequências situadas bem abaixo da faixa de ressonância do sistema completo de


mola-massa, a aceleração da massa será a mesma que a aceleração da base, e a magnitude
do sinal de saída será proporcional à aceleração à qual o transdutor for submetido.
Duas configurações são comumente usadas: o tipo Compressão, em que a massa exerce
uma força compressora sobre o elemento piezoelétrico, e o tipo Cisalhamento, em que
a massa exerce uma força de corte sobre o elemento piezoelétrico.

A maioria dos fabricantes tem uma ampla linha de acelerômetros, o que à primeira
vista até dificulta a escolha certa. Porém, um pequeno grupo de tipos “de aplicação
geral” atende à quase totalidade dos casos. Apresentam-se com tomadas localizadas
no topo ou lateralmente. Sendo, sua sensibilidade de 1 a 10 mV. Outros tipos especiais
são destinados a: medição simultânea em três planos perpendiculares entre si; altas
temperaturas; níveis muito baixos de vibração; choques de alto nível; calibração de
outros acelerômetros por comparação, e para o monitoramento de máquinas industriais.

93
UNIDADE II │ VIBRAÇÕES

Os sistemas mecânicos costumam ter a maior parte de sua energia vibratória contínua
em uma faixa de frequência relativamente estreita, que vai de 10 Hz a 1000 Hz, porém
as medições geralmente são feitas até um nível de, na ordem, 10 Hz, mesmo porque
é comum haver componentes de vibração interessantes nessas altas frequências. Por
conseguinte, deve-se ter a certeza, ao escolher um acelerômetro, de que a faixa de
frequência do aparelho realmente abrange a faixa que interessa.

Na prática, a faixa de frequência na qual o acelerômetro fornece a saída real é


limitada no lado de baixa frequência por dois fatores. O primeiro é o limite inferior
de corte de frequência do amplificador que o segue. Normalmente, isso não constitui
problema porque esse limite geralmente é bem inferior a 1 Hz. O outro fator é o efeito
das oscilações da temperatura ambiente às quais o acelerômetro é sensível. Com os
modernos acelerômetros do tipo de cisalhamento, esse efeito é reduzido ao mínimo,
permitindo medições até abaixo de 1 Hz em ambientes normais.

O limite superior é determinado pela frequência de ressonância do sistema de massa-


mola do próprio acelerômetro. Salvo que, ajusta-se o limite superior de frequência a
1/3 da faixa de frequência de ressonância do acelerômetro, tem-se certeza de que os
componentes de vibração medidos no limite superior de frequência estarão em uma
faixa de erro inferior a +12%.

No caso de acelerômetros pequenos, em que a massa é reduzida, a frequência de


ressonância pode ser até 180 kHz. Já para os aparelhos um pouco maiores, de saída
mais alta e uso geral, as frequências de ressonância de 20 a 30 kHz são comuns. Para se
evitar erros provenientes da ressonância do acelerômetro, bem como toda a metodologia
e procedimentalização, deve-se consultar as NHO 09 e NHO 10 da Fundacentro.

Finalmente, as respostas humanas às vibrações de corpo inteiro – VCI ou transmitidas


às mãos e braços – VMB são, na sequência, discutidas com base na bifurcação
normativa com opção deste autor para apresentar em forma de exercícios resolvidos,
comentados, transcritos das NHO 09 e 10.

94
CAPÍTULO 3
Vibrações de corpo inteiro – VCI

As VCI ocorrem quando o corpo está suportado por uma superfície vibrante (por
exemplo, quando sentado em um assento vibratório ou de pé sobre um piso vibrante)
muito comum em equipamentos de transporte e em ambiente industrial, perto de
máquinas.

Normalmente, ocorrem em trabalho com máquinas pesadas: tratores, caminhões,


ônibus, aeronaves, máquinas de terraplanagem, grandes compressores, máquinas
industriais. São de baixa frequência e alta amplitude; situam-se na faixa de 1 a 80 Hz,
mais especificamente 1 a 20 Hz. Essas vibrações são específicas para atividades de
transporte e são afetas à norma Isso 2631-2004. Esses elementos podem sofrer variações
em função da alimentação, massa muscular, sexo, estatura, bem como doenças.

Há muitos experimentos cujos resultados foram usados na criação e revisão da ISO


2631, que estabelece critérios para vibração sobre o corpo humano na faixa de frequência
de 1 a 80 Hz. Na faixa de frequência abaixo de 1 Hz ocorrem outros efeitos que são
completamente diferentes dos produzidos em frequências maiores. Esses efeitos não
podem ser simplesmente relatados por meio dos três parâmetros (intensidade, duração
e frequência) como é relatado na faixa de 1 a 80 Hz. As reações abaixo de 1 Hz são
extremamente variáveis, dependendo de um grande número de fatores externos não
relacionados com a vibração (idade, sexo, visão, atividade, odor).

Acima de 80 Hz as sensações e efeitos são muito dependentes do local do ponto de


aplicação, da direção e da posição e área em que a vibração é transmitida, e do
amortecimento do ponto. Esses fatores externos influenciam grandemente a resposta
da pele e dos tecidos superficiais afetados por frequências acima de 80 Hz. A seguir os
sintomas principais relacionados com a frequência das vibrações.

95
Quadro 10. Consequências humanas da vibração: sintomas e frequência

Sintomas Frequência – Hz
Sensação geral de desconforto 4-9
Sintomas na cabeça 13-20
Maxilar 6-8
Influência na linguagem 13-20
Garganta 12-19
Dor no peito 5-7
Dor abdominal 4-10
Desejo de urinar 10-18
Aumento do tônus muscular 13-20
Influência nos movimentos respiratórios 4-8
Contrações musculares 4-9
Principais efeitos da vibração:
perda do equilíbrio, simulando uma labirintite, além de lentidão de reflexos;
manifestação de alteração no sistema cardíaco, com aumento da frequência de batimento do coração;
efeitos psicológicos, tal como a falta de concentração para o trabalho;
apresentação de distúrbios visuais, como visão turva;
efeitos no sistema gastrointestinal, com sintomas desde enjoo até gastrites e ulcerações;
manifestação do mal do movimento (cinetose), que ocorre no mar, em aeronaves ou veículos terrestres, com sintomas de náuseas, vômitos e mal-estar
geral;
comprometimento, inclusive permanente, de determinados órgãos do corpo;
degeneração gradativa do tecido muscular e nervoso, especialmente para os submetidos a vibrações localizadas, apresentando a patologia popularmente
conhecida como dedo branco, causando perda da capacidade manipulativa e o tato nas mãos e dedos, dificultando o controle motor.

Fonte: Próprio autor (2019).

Para fins práticos, a aceleração é geralmente medida com acelerômetros. Isso porque
as três variáveis são interdependentes, pois a velocidade é a primeira derivada do
deslocamento, enquanto a aceleração é a segunda, de forma que quando se encontra
uma, têm-se as outras. Ademais, por cálculo diferencial, ao se integrar a aceleração se
obtém a velocidade, que uma vez integrada, se encontra o deslocamento.

A unidade de aceleração é metro por segundo ao quadrado (m/s2). A aceleração devido


à gravidade da Terra é de aproximadamente 9,81 m/s2. A amplitude de uma oscilação
pode ser expressa como a distância entre as extremidades atingidas pelo movimento
(valor pico a pico) ou como a distância de algum ponto central ao desvio máximo (valor
de pico).

Essa expressão pode ser usada para converter medições de aceleração em deslocamentos,
mas só é precisa quando o movimento ocorre em uma única frequência.

A frequência de vibração afeta a extensão em que as vibrações se transmitem no corpo


e pelo corpo, por exemplo, do assento até a cabeça. A relação entre deslocamento e

96
VIBRAÇÕES │ UNIDADE II

aceleração de um movimento também depende da frequência da oscilação. Um


deslocamento de um milímetro corresponde à aceleração muito pequena para baixas
frequências, porém cresce muito a aceleração, quando se aumenta a frequência.

O deslocamento da vibração visível ao olho humano não fornece uma boa indicação das
vibrações. Os efeitos da VCI são importantes na faixa de frequência entre 0,5 e 100 Hz.
Em muitos tipos de vibrações de corpo inteiro, os espectros são complexos, produzindo
alguns movimentos de várias frequências. Geralmente há picos nas frequências. Como
a resposta humana às vibrações varia de acordo com a frequência e eixo do corpo
humano, é necessário estabelecer coeficientes (pesos) e decompor a vibração por
bandas de frequências.

Os pesos precisam ser considerados para cada eixo do corpo humano - x, y e z -, pois
refletem a magnitude com as quais as vibrações causam efeitos indesejados ou nocivos
aos tecidos humanos, por banda de frequência. Essas três direções lineares estão
padronizadas, conforme abaixo:

Figura 25. Eixos de direção adotados para medição - VCI

Fonte: https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcT0YQisIzyoejRF3iHGYjUn3-cTKqDquC-J0YRUi5ciFNXFEVQ5

A medição é possível por meio da utilização de um acelerômetro – um transdutor que


transforma o movimento oscilatório em um sinal elétrico, enviado a um medidor-
integrador. Os valores medidos de aceleração, da mesma maneira que no ruído, podem
ser globais (todo o espectro) ou por faixas de frequência. As medidas globais podem ser
lineares ou ponderadas, como se faz com o ruído (circuitos A e C), porém, no caso de
vibração, as curvas de ponderação são específicas, segundo as normas, e não recebem
nomes especiais ou letras.

97
Conforme estabelecido na norma ISO 2631-1:2004, todas as acelerações são ponderadas
em frequência segundo as curvas de ponderação Wk para o eixo “z” e Wd para os eixos
“x” e “y”. Essas curvas estão representadas na figura abaixo.

Figura 26. Curvas de ponderação em frequência Wd e Wk para VCI

Fonte: ISO 2631:2004 com adaptações.

Na figura acima, a linha cheia se refere ao fator de ponderação – Wk (eixo longitudinal),


enquanto a linha tracejada – Wd (eixos transversais x e y) indicados na ordenada com
as frequências (Hz) na abscissa.

O corpo humano, assim como visto para circuito de ponderação “A” em ruído, não
percebe igualmente a vibração em todas as frequências e eixos ortogonais. No sentido
longitudinal da coluna vertebral, eixo-z, o tato humano à vibração é 40% mais sensível
que nos eixos x-y. Isso se deve ao maior momento de inércia no sentido de eixo-z e da
respectiva frequência de ressonâncias. Por isso nas equações para avaliação vibracional
as acelerações em x-y são multiplicadas por 1,4 exatamente para contrabalançar a alta
sensibilidade do eixo z. Esse ajuste não alcança VMB, dadas as dimensões e baixos
valores inerciais. Apenas se aplica à VCI.

Os medidores a serem utilizados na avaliação da exposição laboral à vibração de corpo


inteiro devem ser integradores, atender aos requisitos constantes da Norma ISO 8041
(2017) ou de suas futuras revisões e complementações e estar ajustados de forma a
atender aos seguintes parâmetros:

98
VIBRAÇÕES │ UNIDADE II

»» circuitos de ponderação para corpo inteiro, simulando a sensibilidade do


corpo humano às respectivas frequências apresentadas na Figura 26.

›› Wk para o eixo “z”

›› Wd para os eixos “x” e “y”

»» fator de multiplicação “fj” em função do eixo considerado, corrigindo os


eixos x e y por conta da maior sensibilidade inercial para eixo z

›› fx = 1,4

›› fy = 1,4

›› fz = 1,0

Faz-se na sequência uma aplicação prática, mesclando a teoria, álgebra afeta e os passos
de cálculo que resolvem as questões de um caso – trabalhador de uma mineradora.
Como é de domínio público, foram aproveitados os elementos da NHO 09, com
explicações e comentários deste autor, considerando inclusive orientações da Norma
ISO 2.631/2004.

Exercício Resolvido para VCI

Caso. Um trabalhador cumpre diariamente uma jornada de 8h48, durante a


qual opera dois tipos de equipamentos: uma pá carregadeira e um britador.

Nas 4h24 do período da manhã, ele opera uma pá carregadeira para realização de duas
tarefas básicas, que são:

»» tarefa A: desloca o entulho do caminhão e carrega o britador;

»» tarefa B: remove o material britado e forma pilhas no pátio.

Normalmente é executada uma série composta pela repetição de oito vezes a


Tarefa A. O tempo médio de duração de cada Tarefa A é de cinco minutos. Na
sequência, o operador permanece parado, por um tempo médio de seis minutos,
com a pá carregadeira desligada e, em seguida, executa uma série composta pela
repetição de seis vezes a Tarefa B. O tempo médio de duração de cada Tarefa B
é de sete minutos. Desta forma, no período da manhã, o operador repete três
vezes o ciclo composto por uma série de Tarefas A, mais um tempo de parada e
mais uma série de Tarefas B.

99
Nas 4h24 do período da tarde, ele opera o britador (Tarefa C), em pé, posicionado
sobre uma plataforma acoplada a ele. Nesta atividade, o operador cumpre uma rotina
alternada na qual permanece na plataforma por quarenta e seis minutos, condição
na qual fica exposto à vibração, ficando vinte minutos fora desta enquanto realiza outras
tarefas sem contato com o agente. Desta forma, no período da tarde, o operador repete
quatro vezes o ciclo composto pelas atividades executadas sobre a plataforma e fora
dela.

Estratégia de Abordagem
Consideram-se três componentes de exposição, sendo uma correspondente à operação
executada na Tarefa A, com duração média de cinco minutos, a outra relativa à operação
executada na Tarefa B, com duração média de sete minutos, e a terceira correspondente
à operação executada na Tarefa C, com duração média de quarenta e seis minutos. Deve
ser observado que, neste caso, as componentes de exposição levam em consideração
apenas o tempo efetivo de contato com a vibração.

Analisando o exemplo proposto, verifica-se que a avaliação da exposição a vibrações pode


ser feita considerando três componentes de exposição, Sendo, uma correspondente à
operação executada na Tarefa A, com duração média de cinco minutos, a outra relativa
à operação executada na Tarefa B, com duração média de sete minutos, e a terceira
correspondente à operação executada na Tarefa C, com duração média de quarenta
e seis minutos. Portanto, a definição das componentes de exposição fica a critério do
avaliador, considerando-se as variáveis ambientais e operacionais, visando à praticidade
do estudo.

Os dados de campo foram obtidos por acelerômetro.

Equações de Contorno
Cada uma das componentes de exposição será representada por um valor de aceleração
resultante da exposição parcial (arep), conforme equação:
1 s
arepi = ∑
s k =1
amrik m / s 2  [m/s2]

Onde: amrik = aceleração média resultante relativa à késima amostra selecionada dentre
as repetições da componente de exposição “i”; s = número de amostras da componente
de exposição “i” que foram mensuradas.

100
VIBRAÇÕES │ UNIDADE II

A aceleração resultante de exposição parcial (arepi) de cada componente de exposição


deve ser determinada por meio da média aritmética das acelerações, obtidas cada vez
que a componente é repetida, conforme expressão a seguir. Cada valor de aceleração,
obtido neste caso, corresponde à aceleração média resultante (amrik). Quando o número
de repetições for igual ou superior a três, devem ser feitas no mínimo três medições ou
tantas quantas forem necessárias para que seja alcançado um valor representativo da
arepi.

Deve ser observado que, neste caso, as componentes de exposição levam em consideração
apenas o tempo efetivo de contato com a vibração, não sendo computados os períodos
de tempo de paradas entre as séries de Tarefas A e as séries de Tarefas B, bem como os
tempos que o operador fica fora da plataforma do britador, executando outras tarefas.

Essas duas grandezas (aren e VDV) são obrigatoriamente medidas e avaliadas. Basta
uma delas atingir níveis ação, região de incerteza ou ultrapassar limite de exposição para
se configurar tais situações. O valor da dose de vibração (VDV), na literatura técnica,
é tratado como um parâmetro complementar utilizado para a representação da
exposição laboral, quando há a ocorrência de picos no sinal de vibração.

A condição fica caracterizada quando o fator de crista (FC) for superior a nove (FC > 9),
que é o módulo da razão entre o valor de pico e o valor eficaz (RMS) da aceleração,
ambas ponderadas em frequência. Por conduta preventiva VDV é mais um critério de
julgamento da exposição, devendo ser determinado em todos os casos. Isso porque na
prática essa especificidade (descobrir se há picos de FC>9) é baixa acurácia.

Figura 27. Valores notáveis de um sinal oscilatório em MHS

Fonte: Folheto de divulgação Brüel Kjaer do Brasil, Medição de vibração, 1982.

101
No quadro seguinte, a legenda: (1) indica o valor RMS, (2) indica o nível médio, (3)
indica o valor de pico a pico e (4) indica o valor de pico. A relação entre (4) e (1) define
o fator de crista.

Quadro 11. Valor RMS, nível médio, pico a pico, valor de pico e fator de crista - FC

Os valores de pico, que indicam os valores máximos, mas não trazem qualquer informação acerca da duração ou tempo de movimento, são
particularmente usados na indicação de níveis de impacto de curta duração.
Os valores médios, que indicam apenas a média da exposição sem qualquer relação com a realidade do movimento, são usados quando se quer
levar em conta um valor da quantidade física da amplitude em um determinado tempo.
O valor da raiz média quadrática (RMS) ou valor eficaz, que é a raiz quadrada dos valores quadrados médios dos movimentos, é a mais importante
medida da amplitude, porque mostra a média da energia contida no movimento vibratório. Portanto, mostra o potencial destrutivo da vibração.
O fator de forma (RMS/Vmédio) e o fator de crista (Valor Pico/RMS) permitem conhecer a homogeneidade do fenômeno em estudo ao longo do
período. Valores de fator de forma próximos de √2 indicam fenômeno do tipo senoidal. Grandes valores para FC indicam a presença de algum pico
destacado, provavelmente resultante de fenômenos repetitivos a intervalos regulares.
O valor pico-a-pico indica a máxima amplitude da onda e é usado, por exemplo, onde o deslocamento vibratório da máquina é parte crítica na
tensão máxima de elementos de máquina.

Fonte: Próprio autor (2019)

Valor da dose de vibração (VDV)


O Valor da dose de vibração (VDVj) corresponde ao valor obtido a partir do método
de dose de vibração à quarta potência determinado na direção “j”. Sendo que “j”
corresponde aos eixos ortogonais “x”, “y” ou “z”, expresso em m/s1,75, definido pela
expressão que segue:
1 s
arepi = ∑amrik m / s 2  [m/s1,75]
s k =1
Onde aj(t) = aceleração instantânea ponderada em frequência; t = tempo de duração
da medição.

Por que m/s1,75? A explicação para essa unidade dimensional de aceleração é a


seguinte.

1. Aceleração classicamente é expressa em [m.s-2], todavia à quarta


potência terá a dimensão de [m4.s-8].

u n +1
2. A integração no tempo, ao aplicar a integral ∫ u n .du = + C produz
4 −8
n +1
esse arranjo m 4 ∫ s −8  m ∫ s , como é uma constante, sobram as
dimensões m 4 .s −7  [m4/s7].

3. Extraindo a raiz quarta do resultado, tem-se 4


m 4 .s −7  m 4/4 . s −7/4
 m. s −1,75 .

102
VIBRAÇÕES │ UNIDADE II

A questão é, mas por que se eleva à quarta potência? Aceleração ao quadrado (m/s2) e
a Dose à quarta potência (m/s1,75)?

Assim como em ruído, onde as pressões instantâneas são elevadas ao quadrado, aqui
também igualmente se faz. Essa técnica algébrica permite modular os valores que no
instante da medição, por se tratar de grandezas vetoriais, podem estar comprimindo ou
rarefazendo (ruído), progredindo ou regredindo (aceleração). Na prática trabalha-se
apenas com valores positivos. Para isso se eleva ao quadrado, faz-se o somatório (daí se
usar a integral) e finalmente se extrai a raiz quadrada. Por isso a função associada é do
tipo quadrática [f(x)=x2], em forma de bacia.

Quando há picos, isto é, quando fator de crista (FC) for superior a nove (FC > 9) a função
quadrática não consegue abarcar os pontos protuberantes da crista. Adotando-se a
função parabólica à quarta potência, com formato parabólico mais esguio, que lembra
uma taça de champagne, tais pontos são cobertos, capturando o conteúdo energético
dos picos protuberantes deixados de fora pela parábola mais achatada. Depois de elevar
à quarta, faz-se o somatório (decorrente da integral) e finalmente se extrai a raiz quarta.
Por isso a função associada é do tipo quadrática de segunda ordem [f(x)=x4], em forma
de taça.

A figura a seguir apresenta graficamente ambas as curvas de f(x)=x2 e f(x)=x4, bem


como a disposição de ondas sobrepostas de vibração cujo FC é alto, ao centro do gráfico.
Olhando a oscilação dessas ondas verifica-se que o formato da onda de maior amplitude
(rosa) tem um perfil alongado quando comparada com a menor (azul). Nessas situações
a f(x)=x4 abraça melhor a taça formada pela curva rosa, portanto, capta melhor ao se
aproximar do valor energético da vibração composta.

103
Figura 28. Comparação entre curvas parabólicas do segundo e quarto graus
300
f(x)=x2 f(x)=x4

250

200

150

100

50

0
-4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4
f(x)=x2 16 9 4 1 0 1 4 9 16
f(x)=x4 256 81 16 1 0 1 16 81 256

Fonte: Próprio autor (2019)

Em outras palavras, quando a aceleração resultante (are), expressa em f(x)=x2, com a


unidade m/s2, fica próximo da dose (VDV), expresso em f(x)=x4, com a unidade m/s1,75,
conclui-se que o FC é baixo (<9). Ao contrário, se são distantes, aponta que a carga
sobreposta de vibração contribui fortemente no conteúdo energético composto, com
mais de uma vibração. Conclui-se que o FC é alto (>9).

Antes de apresentarem os dados de campo, é necessário definir as duas abordagens


algébricas necessárias para definição de insalubridade e ACET/FACET: aceleração
resultante de exposição normalizada (aren) e valor da dose de vibração resultante
(VDVR).

As variáveis aren e VDVR são as duas entradas no critério de julgamento e tomada


de decisão definidoras sobre a situação vibratória resultante, conforme NHO 09.
Cotejando os valores e situações da figura seguinte, decide-se: é tolerável ou não; se
paga ou não adicional de insalubridade ao trabalhador; se recolhe ou não FACET de 6%
sobre remuneração à RFB; e, finalmente se o trabalhador terá ou não ACET de 25 anos.

104
VIBRAÇÕES │ UNIDADE II

Quadro 12: Critério de julgamento e tomada de decisão

aren VDVR
Consideração técnica Atuação recomendada
(m/s2) (m/s1,75)
0 a 0,5 0 a 9,1 aceitável No mínimo manutenção da condição existente.
> 0,5 a < 0,9 > 9,1 a < 16,4 acima do nível de ação No mínimo adoção de medidas preventivas.
0,9 a 1,1 16,4 a 21 região de incerteza Adoção de medidas preventivas
e corretivas visando à redução da exposição diária.
acima de 1,1 acima de 21 acima do limite de exposição Adoção imediata de medidas corretivas.

Fonte: NHO 09 – Fundacentro, adaptada da ANSI 2631- 2004.

Aceleração resultante de exposição


normalizada (aren)
Tem-se que a aceleração média – am, que é raiz média quadrática dos diversos valores
da aceleração instantânea - ax(t), ay(t) ou az(t), em m/s2, ocorridos em um período de
medição, na direção “j”, definida pela expressão que segue:

1 t2 1 t2
RMS
= ∫ a j 2 ( t ) dt
= am
=j ∫ a 2j ( t ) dt m / s 2 
t 2 − t1 1t t 2 − t1 1t

Sendo, que aj(t) corresponde aos valores ax(t), ay(t) ou az(t), em m/s2, segundo os
eixos ortogonais x, y e z, respectivamente, e t2 – t1 ao intervalo de medição. Aceleração
média resultante (amr), que pode ser obtido diretamente em um medidor integrador
utilizando-se um acelerômetro triaxial, corresponde à raiz quadrada da soma dos
quadrados das acelerações médias, medidas segundo os três eixos ortogonais “x”, “y” e
“z”, definida pela expressão que segue:

amr = ( f x am x ) 2 + ( f y am y ) 2 + ( f z am z ) 2 m / s 2 

Onde am = aceleração média; f = fator de multiplicação em função do eixo considerado,


f = 1,4 para os eixos “x” e “y” e “ f ”= 1,0 para o eixo “z”, para corrigir a maior sensibilidade
na direção da coluna vertebral, como visto.

Aceleração resultante de exposição (are) corresponde à aceleração média


resultante representativa da exposição laboral diária, considerando os três eixos
ortogonais e as diversas componentes de exposição identificadas, definida pela
expressão que segue:

1 m
are =
T
∑n arep
i =1
i
2
i
m / s 2 

105
Sendo, arep = aceleração resultante de exposição parcial; n = número de repetições da
componente de exposição “i” ao longo da jornada de trabalho; T = tempo de duração da
componente de exposição “i”; m = número de componentes de exposição que compõem
a exposição diária; T = tempo de duração da jornada diária de trabalho. O parâmetro
“tempo” pode ser expresso em horas, minutos ou segundos em função da conveniência
de cálculo, desde que seja mantida a coerência na análise dimensional.

Aceleração resultante de exposição normalizada (aren) corresponde à


aceleração resultante de exposição (are) convertida para uma jornada diária padrão de
8 horas, determinada pela seguinte expressão:

T
aren = are m / s 2 
T0

Sendo, are = aceleração resultante de exposição; T = tempo de duração da jornada


diária de trabalho expresso em horas ou minutos; T0 = 8 horas ou 480 minutos.

Valor da dose de vibração resultante (VDVR)


Valor da dose de vibração da exposição parcial (VDVexpji): corresponde ao
valor de dose de vibração representativo da exposição laboral diária no eixo “j”, relativo
a componente de exposição “i”, que pode ser obtido por meio da expressão que segue:
1
 T  4
VDV exp ji = f i x VDV ji x  exp  [m / s1,75 ]
 Tamostra 

Sendo, VDVji = valor da dose de vibração medido no eixo “j”, relativo a componente
de exposição “i”; Texp = tempo total de exposição à vibração, ao longo de toda a jornada
de trabalho, decorrente da componente de exposição “i” em estudo. Corresponde ao
número de repetições da componente vezes o seu tempo de duração; Tamostra = tempo
total utilizado para a medição das “s” amostras representativas da componente de
exposição “i”, em estudo:
s
Tamostra = ∑Tk
k =1

Tk = tempo de medição relativo à késima amostra selecionada dentre as repetições da


componente de exposição “i”; s = número de amostras da componente de exposição “i”
que foram mensuradas; fj = fator de multiplicação em função do eixo considerado (f =
1,4 para os eixos “x” e “y” e f = 1,0 para o eixo “z”).

106
VIBRAÇÕES │ UNIDADE II

Valor da dose de vibração da exposição (VDVexpj): corresponde ao valor de


dose de vibração representativo da exposição laboral diária em cada eixo de medição,
que pode ser obtido por meio da expressão que segue:

( )
m 4
VDVexp j = 4 ∑ VDVexp ji [m / s1,75 ]
i =1

Sendo, VDVexpji = valor da dose de vibração da exposição representativo da exposição


laboral diária no eixo “j”, relativo a componente de exposição “i”; m = número de
componentes de exposição que compõem a exposição diária.

Valor da dose de vibração resultante (VDVR): corresponde ao valor da dose de


vibração representativo da exposição laboral diária, considerando a resultante dos três
eixos de medição, que pode ser obtido por meio da expressão que segue:

∑ ( VDV )
4
VDVR = 4 exp j [m / s1,75 ]
j

Sendo, VDVexpj = valor da dose de vibração da exposição, representativo da exposição


laboral diária no eixo “j”, sendo “j” igual a “x”, “y” ou “z”.

De volta ao cálculo, encerrada essa apresentação das equações de contorno,


retoma-se com os dados de campo, já com os valores apurados a partir da
instrumentação definida pela NHO 09. Na sequência, faz-se necessário calcular
aren e VDVR com base na álgebra acima descrita e tabelas contendo os valores
apurados.

As medições de campo são obtidas por medidores específicos. Como exemplo, segue
um relatório de medição feita pelo autor, referente a um instrumento de propriedade
do próprio autor, conforme dados técnicos e patrimoniais abaixo:

107
Figura 29. Relatório de medição (Vibração)

Fonte: Próprio autor (2019)

Observe-se, que se trata de um instrumento Modelo SmartVib, n° série 000103,


Fabricante ChromPack, cuja calibração é datada de 16/4/2018. Esse instrumento
permite medições simultâneas em dois canais (lado esquerdo, Canal A, para VCI; lado
direito, Canal B, para VMB). Constam em cada canal os números de série 001F6A95 e
001C7076 para respectivos acelerômetros VCI e VMB. Para VCI, houve ponderação fx
= 1,4, fy = 1,4 e fz = 1,0.

A seguir um relatório fotográfico, relacionado ao ambiente de mineração, no qual


trabalhador opera um caminhão basculante de 40t entre a mina e o triturador primário
(mandíbula), cujas visualizações ajudam a entender o ambiente do trabalho. O ciclo de
trabalho está considerado no enunciado do exercício resolvido.

108
VIBRAÇÕES │ UNIDADE II

Figura 30: Relatório fotográfico com a sequência das operações vibrantes

Fonte: Próprio autor (2019)

Visualiza-se no braço esquerdo do operador presilha na mão esquerda com acelerômetro


para VMB e bem como o cabo com sinal do acelerômetro de VCI posicionado no assento,
no qual está sentado o trabalhador.

Cálculo.

1º Passo. Calcular arep e VDV para primeira componente (Tarefa A) com para 14
amostras. Encontra-se os valores de amrik e VDVjik. Para isso, deve-se começar pelos
valores de amrik e VDVjik. A arep1 = 0,92 m/s2 para os três eixos, conforme apresentado
respectivamente a seguir.

Tabela 13. Valores de amrik relativos à Tarefa A

amr1k m/s2 amr1k m/s2


amr11 0,88 amr18 0,95
amr12 0,92 amr19 0,90
amr13 1,10 amr110 0,78
amr14 0,93 amr111 0,83
amr15 0,83 amr112 0,88
amr16 0,91 amr113 1,05
amr17 1,00 amr114 0,98

Fonte: NHO 09 – Fundacentro, adaptada da ANSI 2631- 2004.

109
1
arep=1 ( 0,88 + 0,92 + 1,10 + 0,98 + 0,91 + 1,20 + 1,00 + 0,95 + 0,90 + 0,78 + 0,83 + 0,94 + 1,05 + 0,98=) 0,92 m / s2
14
Como não se sabe se o FC é grande (>9), deve-se calcular VDV. Depois, ao final, com
VDVR à mão, fazendo o cotejamento com aren, será possível interpretar e fazer o
julgamento.

Por isso, segue-se o cálculo de VDV para primeira componente (Tarefa A) com para 14
amostras. A tabela abaixo traz as três dimensões (x, y e z). Neste exemplo, considerando
que o tempo de amostra foi igual ao tempo de exposição, ambos de 5 minutos. Deve-se
apurar por eixo especificamente.

Começa-se pelo “x”, conforme apresentado a seguir, que resulta VDVexpx1 = 15,02 m/
s1,75. Repete-se esse procedimento para eixo “y”, VDVexpy1 = 12,02 m/s1,75, bem
como para eixo “z”, VDVexp z1 = 7,15 m/s1,75. A seguir a memória de cálculo:

Tabela 14. Valores de VDVjik relativos à Tarefa A

VDVx1k m/s1,75 VDVy1k m/s1,75 VDVz1k m/s1,75 Tk min


VDVx11 4 VDVy11 3 VDVz11 2,6 T1 5
VDVx12 4,5 VDVy12 3,4 VDVz12 2,8 T2 5
VDVx13 6,2 VDVy13 5,3 VDVz13 4,2 T3 5
VDVx14 4,9 VDVy14 3,9 VDVz14 3,3 T4 5
VDVx15 3,8 VDVy15 2,8 VDVz15 2,4 T5 5
VDVx16 4,7 VDVy16 3,8 VDVz16 3,1 T6 5
VDVx17 5,2 VDVy17 4,1 VDVz17 3,5 T7 5
VDVx18 4,8 VDVy18 3,7 VDVz18 3 T8 5
VDVx19 4,9 VDVy19 3,9 VDVz19 3,3 T9 5
VDVx110 3,6 VDVy111 2,4 VDVz110 2,3 T10 5
VDVx111 3,7 VDVy111 2,6 VDVz111 2,2 T11 5
VDVx112 4,2 VDVy112 3,3 VDVz112 2,9 T12 5
VDVx113 5,8 VDVy113 4,7 VDVz113 4,1 T13 5
VDVx114 5,1 VDVy114 4,1 VDVz114 3,2 T14 5

Fonte: NHO 09 – Fundacentro, adaptada da ANSI 2631- 2004.

Lembrando que é necessário ponderar os eixos x e y com fator de 1,4 para compensar
a maior sensibilidade do eixo z à vibração. Por isso do VDVexp adiante aparecem os
fatores de multiplicação “fj” em função do eixo considerado os coeficientes: fx = 1,4, fy
= 1,4 e fz = 1,0.

Eixo x:

( 4,0 ) + ( 4,5) + ( 6,2 ) + ( 4,9 ) + ( 3,8) + ( 4,7 ) + ( 5,2 ) + ( 4,8)


4 4 4 4 4 4 4 4
»» VDVx1 =
4

( 4,9 ) + ( 3,6 ) + ( 3,7 ) + ( 4,2 ) + ( 5,8) + ( 5,1) » = 9, 38 m / s1,75


4 4 4 4 4 4

110
VIBRAÇÕES │ UNIDADE II

Tamostra
= 14 x 5 70 min
=
»
Texp 24
= = x 5 120 min
»
1

»» VDV expx1 1=  120  4


= , 4 x 9,38 x   15, 02 m / s1,75 
 70 
Eixo y:

( 3,0 ) + ( 3,4 ) + ( 5,3) + ( 3,9 ) + ( 2,8 ) + ( 3,8 ) + ( 4,1) + ( 3,7 )


4 4 4 4 4 4 4 4
VDVy1 = 4
»»
( 3,9 ) + ( 2,4 ) + ( 2,6 ) + ( 3,3) + ( 4,7 ) + ( 4,1) = 7, 51 m / s1,75
4 4 4 4 4 4

» Tamostra
= 14 x 5 70 min
=
Texp 24
= = x 5 120 min
»
1
»» VDV expy1 1=  120  4
= , 4 x 7,51 x   12, 02 [m / s1,75 ]
 70 
Eixo z:

( 2,6 ) + ( 2,8) + ( 4,2 ) + ( 3,3) + ( 2,4 ) + ( 3,1) + ( 3,5) + ( 3,0 )


4 4 4 4 4 4 4 4
VDVz1 = 4
»»
( 3,3) + ( 2,3) + ( 2,2 ) + ( 2,9 ) + ( 4,1) + ( 3,2 ) » = 6, 25 m / s1,75
4 4 4 4 4 4

» T = 14 x 5 70 min
=
amostra

Texp 24
» = = x 5 120 min 6,25
1
 120  4
»» VDV expz1 1=
= , 0 x 6,25 x   7,15 m / s1,75 
 70 
2º Passo. Repete-se o 1º Passo para calcular arep e VDV para segunda componente
(Tarefa B) com para 11 amostras. Deve ser observado que ao longo da manhã, o operador
executou dezoito vezes a Tarefa B. A arep2 = 1,01 m/s2 para os três eixos, conforme
apresentado respectivamente a seguir.

Tabela 15. Valores de amrik relativos à Tarefa B

amr2k m/s2 amr2k m/s2


amr21 0,97 amr27 0,99
amr22 0,95 amr28 1,20
amr23 1,10 amr29 0,98
amr24 0,96 amr210 1,05
amr25 0,94 amr211 0,97
amr26 1,00

Fonte: NHO 09 – Fundacentro, adaptada da ANSI 2631- 2004.

111
Segue-se o cálculo de VDV para segunda componente (Tarefa B) com para 11 amostras.
A tabela abaixo traz as três dimensões (x, y e z). Neste exemplo, considerando que o
tempo de amostra foi igual ao tempo de exposição, ambos de 7 minutos. Deve-se apurar
por eixo especificamente.

Começa-se pelo “x”, conforme apresentado a seguir, que resulta VDVexpx2 = 11,54 m/
s1,75. Repete-se esse procedimento para eixo “y”, VDVexpy2 = 10,02 m/s1,75 bem como
para eixo “z”, VDVexp z2 = 4,97 m/s1,75. A seguir a memória de cálculo:

Tabela 16. Valores de VDVjik relativos à Tarefa B

m/
VDVx2k m/s1,75 VDVy2k m/s1,75 VDVz2k Tk min
s1,75

VDVx21 3,6 VDVy21 2,9 VDVz21 3 T1 7

VDVx22 3,9 VDVy22 3,4 VDVz22 2,5 T2 7

VDVx23 4,5 VDVy23 4 VDVz23 2,8 T3 7

VDVx24 4,3 VDVy24 3,5 VDVz24 2,8 T4 7

VDVx25 3,6 VDVy25 3 VDVz25 2,2 T5 7

VDVx26 3,7 VDVy26 3,1 VDVz26 2 T6 7

VDVx27 3,6 VDVy27 2,9 VDVz27 1,9 T7 7

VDVx28 4,3 VDVy28 3,6 VDVz28 2,1 T8 7

VDVx29 3,8 VDVy29 4,3 VDVz29 2 T9 7

VDVx210 4,1 VDVy210 3,2 VDVz210 1,9 T10 7

VDVx211 4,2 VDVy211 3,4 VDVz211 2,3 T11 7

Fonte: NHO 09 – Fundacentro, adaptada da ANSI 2631- 2004.

Eixo x:

( 3,6 ) + ( 3,9 ) + ( 4,5) + ( 4,3) + ( 3,6 ) + ( 3,7 ) + ( 3,6 ) + ( 4,3)


4 4 4 4 4 4 4 4
VDVx2 = 4
»
( 3,8) + ( 4,1) + ( 4,2 ) = 7, 29 m / s1,75
4 4 4

» Tamostra
= 11 x 7 77 min
=

Texp 18
= = x 7 126 min
»
1
»» VDV exp  126  4
= x2 1=
, 4 x 7, 29 x   11,54 m / s1,75 
 77 

112
VIBRAÇÕES │ UNIDADE II

Eixo y:
( 2,9 ) + ( 3,4 ) + ( 4,0 ) + ( 3,5) + ( 3,0 ) + ( 3,1) + ( 2,9 ) + ( 3,3)
4 4 4 4 4 4 4 4
VDVy 2 = 4
»»
( 4,3) + ( 3,2 ) + ( 3,4 ) = 6, 33 m / s1,75
4 4 4

»» Tamostra
= 11 x 7 77 min
=

T
= 18
= x 7 126 min
» exp 1
 126  4
= VDV expz2 1=
, 0 x 4,39 x   4,97 m / s1,75 
»»  77 

Eixo z:
( 3,0 ) + ( 2,5) + ( 2,8) + ( 2,8) + ( 2,2 ) + ( 2,0 ) + (1,9 ) + ( 2,1)
4 4 4 4 4 4 4 4
VDVy2 =
»»
( 2,0 ) + (1,9 ) + ( 2,3) = 6, 33 m / s1,75
4 4 4

Tamostra
= 11 x 7 77 min
=
»
Texp 18
= = x 7 126 min
»
1
 126  4
=
»» VDV expz2 1,
= 0 x 4,39 x   4,97 m / s1,75 
 77 
3º Passo. Repete-se o 2º Passo para calcular arep e VDV para terceira componente
(Tarefa C) com para 4 amostras. Deve ser observado que à tarde o operador executou
4 vezes a Tarefa C. A arep3 = 1,15 m/s2 para os três eixos, conforme apresentado
respectivamente a seguir.

Tabela 17. Valores de amrik relativos à Tarefa C

amr3k m/s2 amr3k m/s2


amr31 1,25 amr33 1,13
amr32 1,05 amr34 1,18
Fonte: NHO 09 – Fundacentro, adaptada da ANSI 2631- 2004.

1
» arep=
3 = 1,15 m / s 2
(1, 25 + 1, 05 + 1,13 + 1,18
4
Segue-se o cálculo de VDV para terceira componente (Tarefa C) com para 4 amostras.
A tabela abaixo traz as três dimensões (x, y e z). Neste exemplo, considera-se que os
tempos amostrais foram distintos da duração da repetição, tendo, porém, mesma
quantidade (n=N), ou seja, a amostra cobriu uma fração do tempo total de duração
(46min), cujos tempos amostrais foram, respectivamente: t1=23min; t2=25min;
t3=20min; e t4=22min. Deve-se apurar por eixo especificamente.

113
Começa-se pelo “x”, conforme apresentado a seguir, que resulta VDVexpx3 = 5,25 m/
s1,75. Repete-se esse procedimento para eixo “y”, VDVexpy3 = 4,57 m/s1,75 bem como
para eixo “z”, VDVexp z3 = 2,97 m/s1,75. A seguir a memória de cálculo:

Tabela 18. Valores de VDVjik relativos à Tarefa C

VDVx3k m/s1,75 VDVy3k m/s1,75 VDVz3k m/s1,75 Tk min


VDVx31 2,3 VDVy31 1,9 VDVz31 1,6 T1 23
VDVx32 2,1 VDVy32 1,7 VDVz32 1,5 T2 25
VDVx33 2,0 VDVy33 1,8 VDVz33 1,8 T3 20
VDVx34 2,4 VDVy34 2,2 VDVz34 2,0 T4 22

Fonte: NHO 09 – Fundacentro, adaptada da ANSI 2631- 2004

Eixo x:

( 2,3) + ( 2,1) + ( 2,0 ) + ( 2,4 ) 3, 14 m / s1,75


4 4 4 4
»» VDVx3
4
=

» Tamostra = 23 + 25 + 20 + 22 = 90 min
Texp 4=
= x 46 184 min
»
1

»» VDV expx3 1=  184  4


= , 4 x 3,14 x   5, 25 m / s1,75 
 90 
Eixo y:

(1,9 ) + (1,7 ) + (1,8 ) + ( 2,2 ) 2, 73 m / s1,75


4 4 4 4
»» VDVy3 =
4

» Tamostra = 23 + 25 + 20 + 22 = 90 min
Texp 4=
= x 46 184 min
»
1
»» VDV exp  180  4
= y3 1=
, 4 x 2, 73 x   4,57 m / s1,75 
 90 
Eixo z:

(1,6 ) + (1,5) + (1,8) + ( 2,0 ) 2, 48 m / s1,75


4 4 4 4
»» VDVz3
4
=

» Tamostra = 23 + 25 + 20 + 22 = 90 min

Texp 4=
»= x 46 184 min
1
 184  4
»» VDV expz3 1=
= , 0 x 2, 48 x   2,97 m / s1,75 
 90 
3º Passo. Encontrar a resultante - are e aren - das três Tarefas (A, B e C)

A determinação da aceleração resultante de exposição (are) e da aceleração resultante


de exposição normalizada (aren) é feita compondo os passos anteriores, resgatando
114
VIBRAÇÕES │ UNIDADE II

a quantidade de amostras, arep para cada eixo e tempos de duração. Seguindo-se a


fórmula para uma jornada de 8h48 (528 minutos), se encontra:
1
» are
»=
528
( 24 × 0,922 × 5 ) + (18 ×1, 012 × 7 ) + ( 4 ×1,152=
× 46 ) 0,947  m / s 2 

528
=aren 0,947
= 0, 993 [m / s2]
480

4º Passo. Encontrar a resultante - VDVR - das três Tarefas (A, B e C)

A determinação do valor da dose de vibração da exposição (VDVexpj) e do valor da dose


de vibração resultante (VDVR) é feita seguindo-se as fórmulas:

» VDVexpx = 4
15, 024 + 11,534 + 5, 254 = 16, 23  m / s1,75 

» VDVexpx = 12, 034 + 10, 024 + 4,57 4 = 13,32  m / s1,75 


4

VDVexpx = 4 7,144 + 4,97 4 + 2,97 4 = 7,57  m / s1,75 


»»

VDVR= 4
16, 234 + 13,324 + 7,57 4 = 17,96 m / s1,75 

5º Passo. Interpretação do resultado obtido

Constata-se que os valores resultantes, arredondando (aren = 1,0 m/s2 e VDVR = 18,0
m/s1,75), ao se consultar o quadro abaixo com critério de julgamento, apontam para
duas conclusões:

1. Enquadramento na região de incerteza por ambas as entradas (aren e


VDVR)

2. Não há vibração de choque sobreposta, pois há baixo fator de crista – FC

Quadro 13. Critério de julgamento para VCI

VDVR
aren
(m/s1,75) Consideração técnica Atuação recomendada
(m/s2)

0 a 0,5 0 a 9,1 aceitável No mínimo manutenção da condição existente.


0,5 a 0,9 9,1 a 16,4 acima do nível de ação No mínimo adoção de medidas preventivas.
Adoção de medidas preventivas e corretivas visando à
0,9 a 1,1 16,4 a 21 região de incerteza
redução da exposição diária.
acima de 1,1 acima de 21 acima do limite de exposição Adoção imediata de medidas corretivas.

Fonte: NHO 09 – Fundacentro.

115
Tanto aren como VDVR caem no intervalo cuja linha estabelece consideração técnica de
região de incerteza, sendo recomendada a adoção de medidas preventivas e corretivas
visando à redução da exposição.

Não há vibração de choque sobreposta, pois aren e VDVR comungam da mesma região.
Se o FC fosse grande (>9) o VDVR seria acima de 21 m/s1,75. Isso porque a fórmula
de VDVR opera à quarta potência, de forma que os picos de energia capturados
apresentariam forte repercussão algébrica pela parábola mais pronunciada. Coisa que
não aconteceu. Assim os valores das funções f(a)=a2 e f(a)=a4 se aproximam, e por
isso caem na mesma região. Lembrando que aren pode ser muito menor em relação a
VDVR, nas situações de fortes choques, mas, no limite, quando da inexistência deles, se
aproximam, porém nunca aren poderá ser maior que VDVR.

5º Passo. Conclusão quanto ao AIns e ACTE/FACET

Não é prudente, com os resultados acima, concluir pela higidez do meio ambiente
do trabalho, por vários motivos. Destacam-se alguns: I) a variabilidade do processo
produtivo ao longo das jornadas e meses; II) flutuação das variáveis de campo; III)
situações de manutenção de equipamentos e condições climáticas, ambientais e de
operação (estrada, buraco, mais ou menos peso carregado, lembrando que mais pesado
diminui a vibração); IV) baixa representatividade estatística do estudo; e V) alto grau
de variabilidade na delimitação da estratégia de abordagem arquitetada, segundo a
qual há três tarefas vibrantes (A,B e C).

Pegando apenas esta última, sabendo que todas elas coexistem, sabe-se que há uma
infinidade de combinações de abordagens que produzem resultantes aren e VDVR
distintas. Nessa configuração de múltiplos pares de resultados, a depender da estratégia
de abordagem, dever-se-ia escolher aquela mais crítica. A questão é: como saber a mais
crítica, se foi feita apenas uma?

Como exemplo, poder-se-ia apresentar uma outra estratégia de abordagem, como a


seguir sugerido. Imagine para fins de avaliação da exposição, considerar apenas duas
componentes de exposição, denominadas “AB” e “C”.

A primeira é constituída pela sequência composta pela série de Tarefa A, com seu o
intervalo de tempo, mais a série de Tarefa B, com duração média de oitenta e oito
minutos. A segunda componente de exposição constituída pela Tarefa C, com duração
média de quarenta e seis minutos. Assim, componente de exposição “AB” inclui o tempo
de parada do operador, apesar de ele não estar exposto à vibração durante esse período.

Outra forma de desenhar as situações vibrantes seria decompor as tarefas da tarde,


de modo que houvesse quatro componentes distintas: A,B,C e D. Ou ainda, que as

116
VIBRAÇÕES │ UNIDADE II

componentes se subdividissem em A,A1,B, B1,B2, C,C1,C2 e C3, caso se decidisse por


grupos homogêneos de exposição menos dispersos.

Bem, a despeito das demais variabilidades, somente esta, sobre o desenho das
estratégias, seria suficiente para concluir que há incerteza demais para afirmar
sobre a certeza de que não haveria insalubridade, AIns e ACET/FACET.

Deve-se concluir, portanto, que sim há elementos para consignar AIns e ACET/FACET
exatamente pelo fato de que as resultantes dizem, com grande margem de certeza, que o
meio ambiente do trabalho está longe da consideração técnica aceitável, acima, inclusive
do nível de ação. Ademais, conforme Anexo 1 da NR 9, houve disparo do nível de ação,
e, portanto, um conjunto de medidas, cuidados e atitudes deve ser empreendido.

Dito isso, não há como não reconhecer AIns e ACET/FACET, pois se tal fosse feito pelo
profissional prevencionista estaria se afirmando algo que sabidamente já se negou: ser
aceitável.

Em outras palavras, só se poderia não pagar AIns e ACET/FACET se houvesse certeza


de que as resultantes, ambas, estivessem na região aceitável. Bom esclarecer, que basta
uma delas (aren ou VDVR) cair na faixa de nível de ação, ou região de incerteza, ou
ainda acima do limite de exposição, para se concluir, respectivamente, pela adoção de
medidas preventivas; medidas preventivas e corretivas visando à redução da exposição
diária; ou imediata de medidas corretivas.

Tal avaliação, conforme enunciam o Anexo IV do RPS e a IN 971/2009/RFB,


combinado com IN 77/2015 do INSS, ativa fato gerador do FACET na alíquota de 6%
devido ao Financiamento da Aposentadoria Especial – FACET, bem como determina
pagamento de adicional de insalubridade (20% sobre o salário mínimo), conforme
Anexo 8 da NR15.

Conjunto mínimo de medidas preventivas e


corretivas
Independentemente dos resultados obtidos e do enquadramento no Quadro 17,
quando, por meio do controle médico da saúde, ficar caracterizado o nexo causal entre
danos observados na saúde dos trabalhadores e a situação de trabalho a que eles ficam
expostos, também deverão ser adotadas medidas corretivas visando à redução da
exposição diária. Deve ser ressaltado que mesmo para valores de aren ou de VDVR
considerados aceitáveis, a adoção de medidas que venham reduzir os níveis de exposição,
se disponíveis ou viáveis, deve ser considerada prática positiva, uma vez que melhora as
condições de exposição e minimiza os riscos de danos à saúde.

117
Medidas preventivas

As medidas preventivas são ações que visam a minimizar a probabilidade de que as


exposições à vibração causem prejuízos ao trabalhador exposto e evitar que o limite de
exposição seja ultrapassado. Devem incluir o monitoramento periódico da exposição,
a informação e orientação aos trabalhadores e o controle médico. O monitoramento
periódico consiste em uma avaliação sistemática e repetitiva da exposição dos
trabalhadores e das medidas de controle, visando a um acompanhamento dos níveis
de exposição, tendo em vista a introdução ou a modificação das medidas de controle
sempre que necessário. Os trabalhadores devem ser informados e orientados sobre:

»» riscos decorrentes da exposição à vibração de corpo inteiro;

»» cuidados e procedimentos necessários para redução da exposição à


vibração, como, por exemplo, adotar velocidades adequadas no uso de
veículos, evitar, dentro do possível, superfícies irregulares, ajustar o
assento do veículo em relação ao posicionamento e ao peso do usuário;

»» cuidados a serem tomados após a exposição, tais como evitar levantar


pesos ou fazer movimentos bruscos de torção ou flexão;

»» eventuais limitações de proteção das medidas de controle, sua importância


e seu uso correto;

»» informar seus superiores sempre que observar níveis anormais de


vibração durante o uso de veículos ou durante a execução de atividades
em plataformas de trabalho.

O controle médico dos trabalhadores expostos a vibrações de corpo inteiro deve


envolver exames físicos e a manutenção de um histórico com registros de exposições
anteriores. As medidas de caráter preventivo, descritas neste subitem, não excluem
outras medidas que possam ser consideradas necessárias ou recomendáveis em função
das particularidades de cada situação.

Medidas corretivas

As medidas corretivas visam a reduzir os níveis de exposição a vibrações, devendo ser


adotadas tendo por base as recomendações estabelecidas pelo critério de julgamento e
tomada de decisão. Entre as diversas medidas corretivas podem ser citadas:

»» modificação do processo ou da operação de trabalho, podendo envolver:


o reprojeto de plataformas de trabalho; a reformulação, a reorganização
ou a alteração das rotinas ou dos procedimentos de trabalho;

118
VIBRAÇÕES │ UNIDADE II

»» a adequação de veículos utilizados, especialmente pela adoção de assentos


antivibratórios; a melhoria das condições e das características dos pisos e
pavimentos utilizados para circulação das máquinas e dos veículos;

»» manutenção de veículos e máquinas, envolvendo especialmente os


sistemas de suspensão e amortecimento, assento do operador, calibração
de pneus, alinhamento e balanceamento, troca de componentes
defeituosos ou desgastados de forma a mantê-los em bom estado de
conservação;

»» redução do tempo de exposição diária;

»» alternância de atividades ou operações que geram exposições a níveis


mais elevados de vibração com outras que não apresentem exposições
ou impliquem exposições a menores níveis, resultando na redução da
exposição diária.

As medidas de caráter corretivo descritas neste subitem não excluem outras


medidas que possam ser consideradas necessárias ou recomendáveis em função
das particularidades de cada situação.

Quadro 14. Possíveis atividades ensejadoras de VCI


Condução de tratores
Veículos de combate e outros similares
Outros veículos fora de estrada
Máquinas de movimento de terras
Carregadoras
Escavadoras
Motoniveladoras
Rolos compactadores
Máquinas florestais
Maquinaria de mineração
Condução de carros, ônibus
Voos em helicópteros e aeronaves com asas rígidas
Condutores ferroviários

Fonte: Próprio autor (2019)

119
Quadro 15. Resumo das medidas preventivas para VCI

Obter aconselhamento técnico


Consultar um médico
Prevenir pessoas expostas
Direção
Treinar as pessoas expostas
Analisar os tempos de exposição
Tomar medidas para remover as pessoas afetadas pela exposição
Medir vibração
Usar um design que minimiza vibrações de corpo inteiro
Otimizar o design da suspensão
Otimizar a dinâmica do assento
Fabricantes de máquinas
Usar um design ergonômico para permitir a postura correta etc.
Usar assessoria em manutenção de máquinas
Usar assessoria na manutenção dos assentos
Alertar sobre vibrações perigosas
Medir a exposição a vibrações
Fornecer máquinas adequadas
Técnicos no ambiente Selecionar assentos com boa atenuação
Manter as máquinas
Informar a direção
Adotar reconhecimento seletivo antes da contratação
Solicitar exames médicos regulares
Anotar todos os sintomas relatados
Médicos
Avisar trabalhadores com predisposição óbvia
Aconselhar sobre as consequências da exposição
Informar a direção
Usar a máquina corretamente
Evitar exposição desnecessária a vibrações
Verificar se o assento está ajustado corretamente
Tomar uma postura correta
Pessoas expostas
Verificar o status da máquina
Informar o supervisor dos problemas de vibrações
Consultar um médico se aparecerem sintomas
Informar a empresa dos transtornos correspondentes

Fonte: Próprio autor (2019)

120
CAPÍTULO 4
Vibrações de mãos e braços – VMB

As VMB são as vibrações que se transmitem pelas mãos e braços. Elas são causadas ​​por
diferentes processos da indústria, agricultura, mineração e construção, na qual as mãos
apreendem ou empurram ou ainda suportam peças ou ferramentas vibrantes.

Vibrações de extremidades, também conhecidas como segmentais, localizadas


ou de mãos e braços - VMB, são vibrações que atingem mãos, os braços e ombros.
Normalmente, ocorrem em operações com ferramentas manuais vibratórias: marteletes,
britadores, rebitadeiras, compactadores, politrizes, motosserras, lixadeiras, peneiras
vibratórias, furadeiras. Situam-se na faixa de 6,3 a 1.250 Hz, basicamente em trabalhos
com ferramentas manuais. São normatizadas pela ISO 5349. A exposição a VMB pode
causar vários males aos seres humanos.

Os efeitos da vibração no homem dependem, entre outros aspectos, das


frequências que compõem a vibração. As baixas frequências são as mais
prejudiciais, de 6,3 até 80-100 Hz. Nessas faixas de frequência, ocorre a
ressonância das partes do corpo humano, que pode ser considerado como um
sistema mecânico complexo. Acima de 100 Hz, as partes do corpo absorvem a
vibração, não ocorrendo ressonância. Percebem-se efeitos biomecânicos como
ressonância de partes do corpo, bem como efeitos fisiológicos, como frequência
cardíaca; frequência respiratória; circulação do sangue; vasoconstrição; sistema
nervoso central.

A vibração consiste em movimento inerente aos corpos dotados de massa e elasticidade.


O corpo humano possui uma vibração natural. Se uma frequência externa coincide
com a frequência natural do sistema, ocorre a ressonância, que implica amplificação
do movimento. A energia vibratória é absorvida pelo corpo, como consequência da
atenuação promovida pelos tecidos e órgãos. O corpo humano possui diferentes
frequências de ressonância.A VMB, diferentemente da VCI, transmitida ao corpo de pé
ou sentado, aumenta problemas de natureza geral, por exemplo, desconforto, náusea,
redução da eficiência no trabalho, e aplicada à mão pode, em adição, produzir danos
físicos localizados para níveis de exposição suficientemente altos.

Os níveis de vibração encontrados em muitas ferramentas manuais comuns são


suficientemente altos para causar danos quando operados por longos períodos.
Típicas ferramentas são os martelos pneumáticos, britadeiras, furadeiras de impacto,

121
motosserras, amplamente usadas em mineração, construção, indústrias e empresas
florestais.

A vibração pode ser transmitida para o corpo por meio de uma ou duas mãos encostadas
em uma ferramenta vibratória. Para baixos níveis de vibração haverá desconforto e
redução da eficiência do trabalho. Para altos níveis e longos períodos de exposição,
ocorrem doenças que afetam os vasos sanguíneos, juntas e circulação.

Exposições severas levam a uma desordem progressiva da circulação, em que parte do


corpo – usualmente os dedos da mão, quando a mão está presa em uma ferramenta –
sofre um altíssimo nível de vibração. Esse tipo de alteração é encontrado na literatura
como “mão morta” ou “doença do dedo branco” ou doença de Raynaud. Em casos
extremos pode haver danos permanentes ou gangrena. Essas doenças e suas causas são
constantemente estudadas por pesquisadores médicos e engenheiros.

A norma ISO 5349 avalia e mede o risco da exposição de vibração sobre a mão, cobrindo
uma faixa de frequência de 8 Hz a 1 kHz. Mediante as curvas de exposição para bandas
de 1/3 de oitava com limites de vibração para a mão quando segura uma ferramenta.

Muitos dos dados da ISO 5349 advêm de curvas obtidas em experimentos onde se usavam
uma excitação vibratória utilizando sinais senoidais ou de banda estreita de frequência.
Esses dados podem ser provisoriamente aplicados a outros tipos de experimentos que
utilizem uma excitação vibratória não senoidal ou em situações em que o tipo de sinal
não pode ser determinado com exatidão. No caso de vibrações transmitidas às mãos,
frequências da ordem de 1.000 Hz, ou superior, podem ter efeitos nocivos.

Os principais efeitos devidos à exposição à vibração no sistema mão-braço (localizada)


podem ser de ordem vascular, neurológica, osteoarticular e muscular. O formigamento
ou adormecimento leve e intermitente, ou ambos, são usualmente ignorados pelo
paciente porque não interferem no trabalho ou em outras atividades.

Mais tarde, o paciente pode experimentar ataques de branqueamento de dedos,


confinados, primeiramente, às pontas, entretanto, com a continuidade da exposição, os
ataques podem estender-se à base do dedo; frio frequente provoca os ataques, outros
fatores envolvidos com o mecanismo do disparo: a temperatura central do corpo, a taxa
metabólica, o tônus vascular (especialmente pela manhã) e o estado emocional.

Os ataques de branqueamento duram usualmente de 15 a 60 minutos, e, nos casos


avançados, podem durar de 1 a 2 horas. A recuperação se inicia com um rubor, uma
hipertermia reativa, usualmente vista na palma, avançando do punho para os dedos;

122
VIBRAÇÕES │ UNIDADE II

nos casos avançados, devido aos repetidos ataques isquêmicos, o tato e a sensibilidade
à temperatura ficam comprometidos.

Há perda de destreza e a incapacidade para a realização de trabalhos finos; prosseguindo


a exposição, o número de ataques de branqueamento se reduz, sendo substituído por
uma aparência cianótica dos dedos; finalmente, pequenas áreas de necrose da pele
aparecem na ponta dos dedos.

A severidade da vibração transmitida às mãos nas condições de trabalho é influenciada


pelos seguintes fatores: espectro de frequência das vibrações; magnitude do sinal de
vibração; duração da exposição diária e tempo total de exposição; configuração da
exposição (contínua, intermitente) e método de trabalho; magnitude e direção das
forças aplicadas pelo operador ao segurar a ferramenta ou peça; posicionamento das
mãos, braços e corpos durante a operação; tipo e condição do equipamento, ferramenta
ou peça, área e localização das partes da mão que estão expostas à vibração.

A severidade dos efeitos biológicos da vibração transmitida nas condições de trabalho


pode ser influenciada pela direção da vibração transmitida à mão; pelas condições
climáticas, pelo método de trabalho e habilidade do operador; por agentes que afetam
a circulação periférica (fumo, medicamento, drogas, álcool etc.).

O termo síndrome da vibração mão-braço (VHA) é comumente usado em referência aos


sintomas associados à exposição a vibrações transmitidas às mãos, a saber: desordens
vasculares; desordens neurológicas periféricas; distúrbios dos ossos e articulações;
distúrbios musculares, outros distúrbios (corpo inteiro, sistema nervoso central).

Atividades como andar de motocicleta ou o uso de ferramentas domésticas vibrantes


podem expor as mãos esporadicamente a vibrações de grande amplitude, mas apenas
exposições diárias longas podem causar problemas de saúde.

A relação entre exposição a vibrações transmitidas a mãos de origem profissional e


efeitos adversos à saúde está longe de ser simples.

O quadro a seguir sugere alguns dos fatores mais importantes que contribuem para
causar lesões nas extremidades superiores dos trabalhadores expostos à vibração.

123
Quadro 16. Alguns fatores potencialmente relacionados a efeitos nocivos VMB

Características de vibração
• Magnitude (efetiva, pico, ponderada / não ponderada)
• Frequência (espectros, frequências dominantes)
• Direção (eixos x, y, z)
Ferramentas ou processos
• Design da ferramenta (portátil, fixo)
• Tipo de ferramenta (percussão, rotativa, percussiva rotativa)
• Condição
• Operação
• Material que funciona
Condições de exposição
• Duração (diariamente, exposições anuais)
• Modelo de exposição (contínuo, intermitente, períodos de descanso)
• Duração acumulada da exposição
Condições ambientais
• Temperatura ambiente
• Fluxo de ar
• Umidade
• Ruído
• Resposta dinâmica do sistema dedo-mão-braço
• Impedância mecânica
• Transmissibilidade por vibração
• Energia absorvida
Características individuais
• Método de trabalho (força de preensão, força de tração, postura das mãos, posição do corpo)
• Saúde
• Treinamento
• Destreza
• Uso de luvas
• Susceptibilidade individual a lesões
Fonte: Próprio autor (2019)

Biodinâmica
Supõe-se que os fatores que influenciam a transmissão de vibrações no sistema dos
dedos, mãos e braços desempenham um papel importante na gênese das lesões por
vibração. A transmissão de vibrações depende das características físicas da vibração
(magnitude, frequência, direção) e da resposta dinâmica da mão.

Transmissibilidade e impedância

Resultados experimentais indicam que o comportamento mecânico do membro


superior humano é complexo, bem como a impedância do sistema de mão e braço,

124
VIBRAÇÕES │ UNIDADE II

ou seja, a resistência à vibração tem marcadas variações na função de mudanças na


amplitude, frequência e direção da vibração, forças aplicadas e orientação da mão e do
braço em relação ao eixo do estímulo.

A impedância também influencia a constituição do corpo e as diferenças estruturais


das várias partes do membro superior (por exemplo, a impedância mecânica dos
dedos é muito menor do que a da palma da mão). Em geral, em níveis mais altos de
vibração e em maiores pressões de preensão manual, maior impedância. No entanto,
as variações de impedância dependem consideravelmente da frequência e direção
do estímulo de vibração e das várias fontes de intravariabilidade e permutabilidade
do trabalhador. Vários estudos relataram a existência de uma região de ressonância
para o sistema de dedos, mãos e braços na faixa de frequências entre 80 e 300 Hz.
Medições da transmissão de vibrações através dos braços humanos mostraram que
vibrações de baixa frequência (<50 Hz) são transmitidas com pouca atenuação ao
longo da mão e antebraço.

A atenuação no cotovelo depende da postura do braço, uma vez que a transmissão


de vibrações tende diminuir à medida que o ângulo de flexão aumenta na articulação
do cotovelo. Em altas frequências (> 50 Hz), a transmissão de vibrações diminui
progressivamente conforme, por exemplo, a pressão de preensão influencia muito
a absorção de energia e, em geral, quanto maior essa pressão, mais alta é a força
transmitida ao sistema manual e ao braço. Dados de resposta dinâmica podem fornecer
informações importantes para avaliar o potencial de vibrações da ferramenta para
produzir ferimentos e facilitar o desenvolvimento de dispositivos antivibração, como
alças e luvas.

Avaliação

VMB e VCI diferem principalmente quanto à ponderação e faixa de frequência. Na


VMB não há ponderação por eixo, dado o menor momento de inércia dos membros
superiores, quando comparado à coluna vertebral. Em VCI o eixo z é mais sensível à
vibração que os x e y, por isso estes eixos possuem fator de correção de 1,4. Em VMB
não há essa correção. VMB está no escopo de 6,3 a 1.250 Hz enquanto VCI opera na
faixa 1 a 80 Hz.

Cada segmento do corpo humano possui resposta específica à vibração, em função


da frequência, além do que, raramente é unidirecional, daí por que a necessidade de
estabelecimento de eixos para mensurar a exposição.

125
Para VCI, o sistema de coordenadas tem centro no tronco; para a VMB há dois sistemas:
o basicêntrico, localizado na interface entre a manopla e a mão e o biodinâmico, com
centro no terceiro osso metacarpiano da mão. A basicêntrica toma como referência
a interface da transmissão de vibração em uma pega cilíndrica. A biodinâmica toma
como referência a cabeça do terceiro metatarso, conforme indica Figura 44. Na prática,
o sistema basicêntrico é utilizado para avaliar a vibração no equipamento e o sistema
biodinâmico para aferir efeito final no membro.

A avaliação da exposição VMB é bem mais simples que a VCI, pois VMB se associa
às inércias e massas pequenas, bem como às frequências de ressonâncias dos
braços e mãos bem menores, por isso não há necessidade de calcular VDVR,
apenas aren. Outro facilitador é não ponderação em 1,4 dos eixos x e y, pois
todos têm o mesmo peso.

A configuração de avaliação consiste na medição da aceleração transmitida às mãos na


direção dos três eixos ortogonais definidos pela norma. As frequências consideradas nas
medições devem abranger pelo menos as faixas de 5 a 1.500 Hz, conforme Vibrações
mãos e Braços – VMB, definidos pela NHO 10 da Fundacentro em consonância à Norma
ISO 5.349/2001. Os membros superiores possuem sensibilidade vibracional variável
com a frequência, por isso é necessário que os instrumentos de medição simulem essa
característica humana, motivo pelo qual os fabricantes devem produzir instrumentos
que estabeleçam ponderação por frequência em função da sensibilidade de respostas
das mãos, conforme curva abaixo.

Figura 31. Curva de ponderação em frequência Wh para VMB

Fonte: NHO 10 - Fundacentro.

Na figura acima, a linha cheia se refere ao fator de ponderação – Wh indicado na


ordenada com as frequências (Hz) na abscissa.

126
VIBRAÇÕES │ UNIDADE II

VMB e VCI devem ter suas medições feitas com instrumentos com ponderações
por frequência, pois ambas as vibrações possuem curvas de sensibilidades
correspondentes: Wk para o eixo “z”, Wd para os eixos “x” e “y” - VCI; Wh para VMB.
Basta fazer a comparação entre os gráficos da Figura 26 com a Figura 31. Atenção:
Wh diz respeito ao peso por mão, do inglês: w - weight e h – hand. Usa-se o h para
indicar mão, bem como o w para o peso e assim distinguir da VCI.

A figura mostrada a seguir apresenta exemplos de diferentes formas de manipulação


de ferramentas manuais por trabalhadores durante o exercício de suas atividades.
Essas posturas operacionais foram encontradas em ambientes de trabalho ao longo dos
estudos realizados pela Fundacentro.

Figura 32. Exemplos de manipulação de ferramentas manuais - VMB

Fonte: NHO 10 - Fundacentro

Em resumo, o procedimento e as metodologias são os mesmos adotados em VCI, com


ajustes, quando for o caso, indicados a seguir no exercício resolvido para cálculo do
aren.

Exercício Resolvido para VMB

Caso. Em uma avaliação, foram obtidos os seguintes valores para duas situações de
vibração de mão-braço:

127
Quadro 17 – Acelerações medidas em campo para VMB

Situação Awhx Awhy Awhz Tempo (h)


1 7,0 5,0 8,0 1
2 8,0 6,0 10,0 2

Fonte: Próprio autor (2019)

1º Passo: Separam-se em duas situações: a 1ª para as três direções e a 2ª considerando


direção predominante. Escolhemos a mais crítica. A avaliação da exposição VMB é
baseada na quantidade combinada dos três eixos. Isto é, o valor total da vibração é
definido pela raiz média quadrática dos três valores componentes, conforme fórmula:

amr = ( f x am x ) 2 + ( f y am y ) 2 + ( f z am z ) 2 [m / s 2 ]

Teste da Situação 1  avaliação de exposição considerando a resultante ou vetor soma


nos três eixos.

»» ahv1 = 7 2 + 52 + 82 = 11, 74 [m / s 2 ]
82 + 62 + 102 = 14,14 [m / s 2 ]
»» ahv 2 =

Na sequência, calcula-se a aceleração equivalente (are) para o tempo composto de


exposição:
11, 742 + 14,142
=»» are = 13,39 [m / s 2 ]
3
Faz-se agora a normalização da aceleração para 8 horas, jornada normal – aceleração
equivalente normalizada – A(8) –, uma vez que a exposição foi de 3 horas, segundo a
fórmula:
T 3
=»» aren are
= 13,39 8,19  m / s 2 
T0 8
Teste Situação 2  o eixo z possui componentes de aceleração são maiores e, portanto,
é o predominante.

Quadro 18 – Aceleração predominante para VMB

Awhz Tempo (h)


8,0 1
10,0 2

Fonte: Próprio autor (2019)

Assim, a aceleração equivalente é dada:


82 x 1 + 102 x 2
»» are = = 7,39  m / s 2 
3

128
VIBRAÇÕES │ UNIDADE II

Faz-se agora a normalização da aceleração para 8 horas, jornada normal – aceleração


equivalente normalizada – A(8) –, uma vez que a exposição foi de 3 horas, segundo a
fórmula:
3
»» aren 7,39 = 4,52  m / s 2 
8
2º Passo. Interpretação do resultado obtido. Interpretação: Considerando as duas
situações, verifica-se que a mais crítica é aquela cuja aren é maior, no caso a do
primeiro teste, are = 8,19 m/s2. Consultando a NHO 10, quadro abaixo, verificam-se as
considerações técnicas e a atuação recomendada em função da aceleração resultante de
exposição normalizada (aren) encontrada na condição de exposição avaliada.

Quadro 19. Critério de julgamento e tomada de decisão

aren (m/s2) Consideração técnica Atuação recomendada


0 a 2,5 Aceitável No mínimo, manutenção da condição existente
> 2,5 a < 3,5 Acima do nível de ação No mínimo, adoção de medidas preventivas
3,5 a 5,0 Região de incerteza Adoção de medidas preventivas e corretivas visando à redução da exposição diária
acima de 5,0 Acima do limite de exposição Adoção imediata de medidas corretivas

Fonte: NHO 10 - Fundacentro.

3º Passo. Constata-se que os valores resultantes (aren = 8,19 m/s2) indicam, sem
margem de erro ou incerteza, que o meio ambiente do trabalho é altamente insalubre,
pois deu acima de 5 m/s2, motivo pelo qual se deve adotar imediatas medidas corretivas,
bem como pagar AIns e recolher FACET.

4º Passo. Conclusão quanto ao AIns e ACTE/FACET. Tal avaliação, conforme


enunciam o Anexo IV do RPS e a IN 971/2009/RFB, combinado com IN 77/2015 do
INSS, ativa fato gerador do FACET na alíquota de 6% devido ao Financiamento da
Aposentadoria Especial – FACET, bem como determina pagamento de adicional de
insalubridade (20% sobre o salário mínimo), conforme Anexo 8 da NR15.

5º Passo. Subsidiariamente se verifica a quantidade de anos de exposição cuja


probabilidade de aparecimento da síndrome dos dedos brancos se situe em 10% da
população exposta, nos termos da NHO 10 e ANSI 5349. Para isso deve ser consultar
a figura a seguir.

129
Figura 33. Curva, em anos, de aparecimento de dedos brancos para 10º percentil

Fonte: ANSI 5349

Na figura acima, a linha cheia se refere à probabilidade para 10º percentil com eixo das
ordenadas indicando aparecimento dedos brancos em anos e a aceleração normalizada
– aren – na abscissa.

Os estudos sugerem que os sintomas das vibrações de mãos e braços são raros em
indivíduos expostos a 1m/s2 < aren < 2m/s² e sem registro para aren < 1m/s2.

Os valores obtidos da avaliação devem ser plotados no gráfico acima, pelo eixo das
abscissas até alcançar a reta do 10º percentil e rebatidos para o eixo das ordenadas,
obtendo-se a estimativa em anos para o aparecimento dos dedos brancos. É possível
estimar o tempo - Et, em anos, para 10% da população exposta apresentar aparecimento
da síndrome do dedo branco, segundo a fórmula:
=Et 31,8
= x aren −1,06 31,8
= x 8,19−1,06 3, 4 anos

130
PRESSÕES
ANORMAIS E UNIDADE III
RADIAÇÕES

CAPÍTULO 1
Pressões em Tubulões a Ar Comprimido

O trabalho em condições de alta pressão (condições hiperbáricas) ocorre em atividades


ou operações sob ar comprimido ou em trabalhos submersos (mergulho), quando o
homem está sujeito a pressões maiores que a pressão atmosférica, enquanto a pressão
hipobárica ocorre quando o homem está sujeito a pressões menores que a pressão
atmosférica.

A unidade no SI para medir a pressão é o Pascal (Pa). A pressão exercida pela atmosfera
ao nível do mar corresponde a aproximadamente 101.325 Pa (pressão normal) e esse
valor é normalmente associado a uma unidade chamada atmosfera padrão (símbolo
atm).

Quadro 20. Unidades de Pressão

Atmosfera é a pressão correspondente a 0,760 m (760 mm) de Hg de densidade 13,5951 g/cm³ e em uma aceleração
da gravidade de 9,80665 m/s².

Bária é a unidade de pressão no sistema c, g, s e vale uma dyn/cm².

O bar é uma unidade de pressão (símbolo: bar) e equivale a exatamente 100.000 Pa (105Pa). Esse valor de pressão é
muito próximo ao da pressão atmosférica padrão, que é definido como 101.325 Pa. O plural do nome da unidade de
pressão bar é bars (ex.: 2 bars de pressão).

PSI (pound per square inch), libra por polegada quadrada, é a unidade de pressão no sistema inglês/americano: 1 psi =
0,07 bar; 1 bar = 14,5 psi.

Fonte: Próprio autor (2019)

A atmosfera contém habitualmente cerca de 20% de oxigênio, e o organismo humano


está adaptado para respirar o oxigênio atmosférico a uma pressão em torno de 160
mmHg ao nível do mar. A esta pressão, a molécula que transporta o oxigênio aos tecidos,
a hemoglobina, encontra-se praticamente saturada (98%).

131
UNIDADE III │ PRESSÕES ANORMAIS E RADIAÇÕES

Descompressão após pressurização


Túneis e Caixas de Construção Subaquáticas são pressurizados, com ar, para manter
fora a água e a lama. Durante o trabalho a profundidade aumentava e com isso os
trabalhadores respiravam ar a pressões maiores, retornando à superfície com dores e
em algumas vezes, com paralisia.

As diferentes áreas do corpo absorvem e liberam nitrogênio em ritmos diferentes.


As quantidades de absorção e eliminação podem ser estimadas utilizando-se uma
simples equação matemática; um mergulhador poderia ascender sem problemas de
descompressão, desde que a redução da pressão não fosse mais do que a metade em
relação ao estágio anterior.

Para evitar a embolia gasosa, uma obstrução dos vasos sanguíneos causada pela brusca
de expansão do nitrogênio, um dos gases presentes nos tanques de ar dos mergulhadores.
Enquanto o excesso de oxigênio e de gás carbônico é facilmente eliminado na respiração,
o nitrogênio tende a formar bolhas à medida que a pressão diminui. A descompressão
para eliminar o excesso de nitrogênio dissolvido no sangue deve ser feita após mergulhos
abaixo de 12 metros de profundidade, após mergulhos profundos.

Tubulões a ar comprimido (túneis


pressurizados)

Figura 34. Obra com uso de tubulões a ar comprimido

Fonte: https://www.vwffundacoes.com.br/medias/uploads/tubulao-ar-comprimido/tubulao-ar-comprimido-4.jpg

132
PRESSÕES ANORMAIS E RADIAÇÕES │ UNIDADE III

São fundações profundas, normalmente verticais, empregadas para transmitir cargas


de médio e grande valor ao solo. Geralmente, possuem seções transversais circulares,
mas podem ter outras formas, como, por exemplo, ovais.

Figura 35. Dimensionamento esquemático de tubulão de ar comprimido

Fonte: http://1.bp.blogspot.com/-WLesZwOnZ98/Vc3pOjIhxQI/AAAAAAAAk2Y/q9wkZD-E5JY/s1600/Funda%25C3%25A7%25C3%25
A3o%2Bcom%2BTubul%25C3%25B5es%2B-%2BO%2Bque%2B%25C3%25A9%2Be%2Bcomo%2Bfazer%2B7.jpg

Ao executar tubulões do qual o solo esteja abaixo do nível d’água, torna-se inviável o
processo de esgotamento (bombeamento), pois existe o risco de desmoronamento das
paredes do fuste e/ou base. Nesse caso, são utilizados tubulões pneumáticos, também
conhecidos como a ar comprimido. O dimensionamento do tubulão é análogo ao tubulão
a céu aberto, com exceção do fuste, que deve prever um diâmetro mínimo de 70 cm no
interior da sua camisa de concreto com espessura mínima de 15 cm. O resultado é o
fuste com diâmetro mínimo de 100 cm.

A camisa de concreto é sempre armada e a NBR 6122 recomenda que toda a armadura
longitudinal seja colocada, preferencialmente, nela. A concretagem do tubulão deve ser
processada imediatamente após a conclusão (no máximo 24 horas, conforme NBR 6122),
e o concreto deve ser autoadensável (abatimento em torno de 15 cm) para propiciar o

133
UNIDADE III │ PRESSÕES ANORMAIS E RADIAÇÕES

preenchimento adequado sem a necessidade de adensamento. O lançamento deve ser


feito por meio do “cachimbo” de concretagem.

A duração do período de trabalho sob ar comprimido não poderá ser superior a 8 horas,
em pressões de trabalho de 0 a 1,0 kgf/cm², a 6 horas em pressões de trabalho de
1,1 a 2,5 kgf/cm², e a 4 horas, em pressão de trabalho de 2,6 a 3,4 kgf/cm². Nenhum
trabalhador pode ser exposto à pressão superior a 3,4 kgf/cm². Após a descompressão,
os trabalhadores são obrigados a permanecer, no mínimo, por duas horas, no local de
trabalho, cumprindo um período de observação médica. Como é possível a ocorrência
de necrose óssea, especialmente nos ossos longos, é também obrigatória a realização de
radiografias de articulações da coxa e do ombro, por ocasião do exame admissional e,
posteriormente, a cada ano.

Pela NR-15, Anexo 6, tem-se para tubulões a ar comprimido:

Quadro 21. Velocidade para compressão

1.3.4 A duração do período de trabalho sob ar comprimido não poderá ser superior a 8 (oito) horas, em pressões de trabalho de 0 a 1,0 kgf/cm2; a 6 (seis)
horas em pressões de trabalho de 1,1 a 2,5 kgf/cm2; e a 4 (quatro) horas, em pressão de trabalho de 2,6 a 3,4 kgf/cm2.
1.3.16 A compressão dos trabalhadores deverá obedecer às seguintes regras:
a) no primeiro minuto, após o início da compressão, a pressão não poderá ter incremento maior que 0,3 kgf/cm2;
b) atingido o valor 0,3 kgf/cm2, a pressão somente poderá ser aumentada, após decorrido intervalo de tempo que permita ao encarregado da turma observar
se todas as pessoas na campânula estão em boas condições;
c) decorrido o período de observação, recomendado na alínea “b”, o aumento da pressão deverá ser feito a uma velocidade não superior a 0,7 kgf/cm2, por
minuto, para que nenhum trabalhador seja acometido de mal-estar;
d) se algum dos trabalhadores se queixar de mal-estar, dores no ouvido ou na cabeça, a compressão deverá ser imediatamente interrompida e o encarregado
reduzirá gradualmente a pressão da campânula até que o trabalhador se recupere e, não ocorrendo a recuperação, a descompressão continuará até a
pressão atmosférica, retirando-se, então, a pessoa e encaminhando-a ao serviço médico.

Fonte: Anexo VI da NR 15

Exercício Resolvido
Dados: Pressão de Trabalho = 2,20 kgf/cm² durante 1h15min. A NR-15 regulamenta
que o tempo máximo de exposição em serviços de ar comprimido, para essa pressão
(entre 2,0 e 3,4 kgf/cm²) para período entre 1h e 1h30min. Consultar Tabela de
Descompressão Anexo VI da NR 15 para Pressão de Trabalho = 2,20 kgf/cm² e duração
de 1h15min.

134
PRESSÕES ANORMAIS E RADIAÇÕES │ UNIDADE III

Tabela 19. Resolução do exercício. Compressão. Pressão de Trabalho. Descompressão

Tempo Acumulado (min) Pressão Kgf/cm2 Variação (min)


0 -  
1 0,30 1,00
11 0,30 10,00
13,71 2,20 2,71
43,71 2,20 30,00
73,71 2,20 30,00
88,71 2,20 15,00
92,71 0,60 1,60
97,71 0,60 5,00
98,21 0,40 0,50
118,21 0,40 20,00
118,71 0,20 0,50
153,71 0,20 35,00
154,21 - 0,50
Fonte: Próprio autor (2019)

Tem-se que o tempo de observação no estágio de compressão é 10min a uma velocidade


0,3 kgf/cm2 por minuto (no primeiro minuto) e 0,7 kgf/cm2 por minuto entre o 11º e
13º minutos. Conclui-se que o período total de exposição ao trabalho, compreendido
entre o estágio de compressão, período de trabalho e estágio de descompressão é de
154,21 minutos, gráfico abaixo.

Figura 36. Gráfico do Ciclo: Compressão - Pressão de Trabalho - Descompressão

2,40

2,10

1,80

1,50
Pressão Kgf/cm2

1,20

0,90

0,60

0,30

-
118,2 118,7 153,7 154,2
0 1 11 13,71 43,71 73,71 88,71 92,71 97,71 98,21
1 1 1 1
Pressão Kgf/cm2 - 0,30 0,30 2,20 2,20 2,20 2,20 0,60 0,60 0,40 0,40 0,20 0,20 -

Fonte: Próprio autor (2019)

135
CAPÍTULO 2
Radiações ionizantes

Definições básicas para este capítulo:

Quadro 22. Definições sobre Radiação

Radiações: São ondas eletromagnéticas ou partículas que se propagam com alta velocidade e portando energia, eventualmente carga elétrica e
magnética, e que, ao interagir, podem produzir variados efeitos sobre a matéria. Elas podem ser geradas por fontes naturais ou por dispositivos
construídos pelo homem. Possuem energia variável, desde valores pequenos até muito elevados.
As radiações eletromagnéticas mais conhecidas são: luz, micro-ondas, ondas de rádio AM e FM, radar, laser, raios X e radiação gama.
As radiações sob a forma de partículas, com massa, carga elétrica, carga magnética, mais comuns são feixes de elétrons, feixes de prótons, radiação
beta, radiação alfa.
Das radiações particuladas sem carga elétrica, a mais conhecida é o nêutron.
Radiações ionizantes. Ao interagir com a matéria, os diferentes tipos de radiação podem produzir variados efeitos que podem ser simplesmente a
sensação de cor, a percepção de uma mensagem codificada e manipulada em áudio e vídeo em uma televisão, a sensação de calor provocada por
feixes de lasers, o aquecimento de alimentos num forno de micro-ondas, uma imagem obtida numa chapa radiográfica ou, então, a produção de íons
e elétrons livres devido à ionização.

Fonte: Próprio autor (2019)

As radiações são denominadas de ionizantes quando produzem íons, radicais e elétrons


livres na matéria que sofreu a interação. A ionização se deve ao fato de as radiações
possuírem energia alta, o suficiente para quebrar as ligações químicas ou expulsar
elétrons dos átomos após colisões.

Propriedades das radiações ionizantes

Sob o ponto de vista dos sentidos humanos, as radiações ionizantes são: invisíveis,
inodoras, inaudíveis, insípidas e indolores. Para se ter uma ideia da velocidade delas,
alguns valores são mostrados a seguir.

Quadro 23. Radiação, energia e velocidade

Alfa 1a4 7,0x 106 a 1,4x 107


Beta 0,1 a 1 1,6 x 108 a 2,8 x 108
Nêutron 2,5 x 10-8 a 0,1 2,2 x 103 a 1,4x 107
Próton 1 1,4 0x 108
Raio X qualquer 3,0 x 108
Raio Gama qualquer 3,0 x 108

Fonte: NHO 05 - Fundacentro.

136
PRESSÕES ANORMAIS E RADIAÇÕES │ UNIDADE III

O valor 3,0.108m/s = 300.000 km/s = velocidade da luz. MeV = 106 e V = 1,6.10–13


Joule. Um eletronvolt (eV) é a energia cinética adquirida por um elétron ao ser
acelerado por uma diferença de potencial elétrica de 1 Volt.

Quadro 24. Tipos de Radiação (raios)

Raios X. Os raios X utilizados nas aplicações técnicas são produzidos por dispositivos denominados de tubos de raios X, que consistem,
basicamente, em um filamento que produz elétrons por emissão termoiônica (catodo), que são acelerados fortemente por uma diferença de
potencial elétrica (kilovoltagem) até um alvo metálico (anodo), onde colidem. A maioria dos elétrons acelerados são absorvidos ou espalhados,
produzindo aquecimento no alvo. Cerca de 5% dos elétrons sofrem reduções bruscas de velocidade, e a energia dissipada se converte em ondas
eletromagnéticas, denominadas de raios X. Os eletrodos estão contidos em uma ampola de vidro que se fez vácuo para evitar a sua oxidação.
Devido ao processo como são produzidos, são também denominados de radiação de fretamento. É bom observar que, ao se desligar uma máquina
de raios X, ela não produz mais radiação e, portanto, não constitui um equipamento radioativo, mas um gerador de radiação. Qualquer material
irradiado por raios X, para as aplicações mais conhecidas, não fica nem pode ficar radioativo, muito menos os locais que são implementadas, como
consultórios dentários, salas de radiodiagnóstico ou radioterapia. Raios X de alta energia podem ser obtidos por freamento de feixes de elétrons
de alta energia, produzidos por aceleradores de partícula, ao colidirem com alvos metálicos. Para radiações acima de 10 MeV, efeitos de ativação
de materiais podem ocorrer devido a ocorrência de reações nucleares. Nesse caso, a instalação deve ser bem blindada e aos cuidados com a
radioproteção, mais intensificados.
Raios X (característicos). São radiações eletromagnéticas de alta energia originadas em transições eletrônicas do átomo que sofreu excitação ou
ionização após interação. Elétrons das camadas externas fazem transições para ocupar lacunas produzidas pelas radiações nas camadas internas,
próximas do núcleo, emitindo o excesso de energia sob a forma de raios X. Como as energias das transições são típicas da estrutura de cada
átomo, elas podem ser utilizadas para a sua identificação, em uma técnica de análise de materiais denominada de fluorescência de raios X.
Radiação gama. É uma radiação emitida pelo núcleo atômico com excesso de energia (no estado excitado) após transição de próton ou nêutron
para nível de energia com valor menor, gerando uma estrutura mais estável. Por depender da estrutura nuclear, a intensidade e a energia com
que é emitida permite caracterizar o radioisótopo. É uma radiação bastante penetrante e, conforme sua energia, é capaz de atravessar grandes
espessuras. Por isso, é bastante utilizada em aplicações médicas de radioterapia e aplicações industriais, como medidores de nível e gamagrafia. A
unidade utilizada para expressar a atividade de uma fonte é o Becquerel (Bq). Ele é definido como uma transformação nuclear por segundo. Existe
uma unidade antiga de atividade, que ainda é muito usada, denominada Curie (Ci) = 3,7.1010Bq.

Radiação beta. Consiste de um elétron negativo ou positivo emitido pelo núcleo na busca de sua estabilidade, quando um nêutron se transforma
em próton ou um próton se transforma em nêutron, respectivamente, acompanhado de uma partícula neutra de massa desprezível, denominada
de neutrino. Por compartilhar, aleatoriamente, a energia da transição com o neutrino, sua energia é variável, apresentando um espectro contínuo
até um valor máximo. Seu poder de penetração é pequeno e depende de sua energia. Para o tecido humano, consegue atravessar espessura de
alguns milímetros. Essa propriedade permite aplicações médicas em superfícies da pele ou na aceleração da cicatrização de cirurgias plásticas ou
do globo ocular.

Radiação alfa. É uma radiação constituída de dois prótons e dois nêutrons, carga 2+ e com bastante energia cinética, emitida por núcleos
instáveis de elevada massa atômica. As intensidades e as energias das radiações alfa emitidas por um nuclídeo, servem para identificá-lo em
uma amostra. Muitos radionuclídeos naturais, como urânio, tório, bismuto, radônio, emitem várias radiações alfa em suas transições nucleares.
As radiações alfas têm um poder de penetração muito reduzido e uma alta taxa de ionização. Para exposições externas, são inofensivas, pois
não conseguem atravessar as primeiras camadas epiteliais. Porém, quando os radionuclídeos são ingeridos ou inalados, por mecanismos de
contaminação natural ou acidental, as radiações alfas, quando em grande quantidade, podem causar danos significativos na mucosa que protege
os sistemas respiratório e gastrointestinal e nas células dos tecidos adjacentes.

Nêutrons (n). Os nêutrons podem ser produzidos por vários dispositivos, como reatores nucleares, aceleradores de partículas, providos de alvos
especiais e por fontes de nêutrons. Neles, são induzidas reações nucleares por meio de feixes de radiação, por radioisótopos ou por fissão.
Os nêutrons são muito penetrantes devido a sua grande massa e ausência de carga elétrica. Podem, inclusive, ser capturados por núcleos do
material-alvo, tornando-os radioativos.

Fonte: https://brasilescola.uol.com.br/quimica/radiacoes-alfa-beta-gama.htm

137
UNIDADE III │ PRESSÕES ANORMAIS E RADIAÇÕES

Referências normativas – ACET/FACET, Adicional de


Insalubridade e Periculosidade

Quadro 25. Quadro Normativo Brasileiro para Radiação

Decreto 3048/99 - Anexo IV


CLT – Título II, Capítulo V, Seção “Das atividades insalubres ou perigosas”
Convenção da OIT n° 115/1956 – aprovada pelo Decreto n° 41.721/1956, que trata da proteção contra radiações ionizantes
Instrução Normativa n° 971/2009 da RFB
Instrução Normativa n° 77/2015 do INSS
Lei n° 6.514/1977 e Portaria nº 3.214/1978 do MTE – Anexo 7 da NR-15 – normas regulamentadoras
Norma CNEN NE 3.01 – versa sobre as diretrizes básicas de radioproteção
Norma CNEN NE 3.02 – trata dos serviços de radioproteção
Norma CNEN NE 3.03 – trata da certificação da qualificação de supervisores de radioproteção
Norma CNEN NE 6.02 – versa sobre licenciamento de instalações radiativas
Norma Fundacentro – NHO 05 – trata da avaliação da exposição laboral aos raios X nos serviços de radiologia
Portaria MTE n° 1/1982 – trata de instalações nucleares
Portaria MTE n° 25/1994 – altera o texto da NR-9 – PPRA
Portaria MTE n° 3.393/1987 – versa a respeito de adicional de periculosidade
Portaria MTE n° 453/1998 – do Ministério da Saúde – aprova o regulamento técnico que estabelece as diretrizes básicas de proteção radiológica em
radiodiagnóstico médico e odontológico, dispõe sobre o uso dos raios x diagnósticos em todo território nacional e dá outras providências
Portaria MTE n° 453/1998 – o MTE recua deixando apenas como insalubre
Portaria MTE n° 518/2003 – restabelece a periculosidade ao se restabelecer a diretriz inicial, dada pela Portaria MTE n° 3.393/1987

Fonte: Próprio autor (2019)

Adicional Periculosidade
O trabalho em condições de periculosidade assegura ao empregado um adicional
de 30% sobre o salário sem os acréscimos resultantes de gratificações, prêmios ou
participações nos lucros da empresa, conforme estabelecido na NR-16, que trata,
exclusivamente, da definição das atividades perigosas exercidas em áreas de risco para
fins de caracterização da periculosidade, envolvendo inflamáveis e explosivos. Todavia,
a Portaria n° 3.393/1987 do MTE acrescentou como atividades perigosas àquelas que
envolvem as radiações ionizantes.

ACET/FACET

Pelo Anexo IV do RPS, Item 2.0.3 do RPS - Radiações Ionizantes - 25 Anos - Decreto
no 3.048/1999)

a) extração e beneficiamento de minerais radioativos;

b) atividades em minerações com exposição ao radônio;

138
PRESSÕES ANORMAIS E RADIAÇÕES │ UNIDADE III

c) realização de manutenção e supervisão em unidades de extração,


tratamento e beneficiamento de minerais radioativos com exposição às
radiações ionizantes;

d) operações com reatores nucleares ou com fontes radioativas;

e) trabalhos realizados com exposição aos raios Alfa, Beta, Gama e X, aos
nêutrons e às substâncias radioativas para fins industriais, terapêuticos
e diagnósticos;

f) fabricação e manipulação de produtos radioativos;

g) pesquisas e estudos com radiações ionizantes em laboratórios.

Para as atividades acima, a presunção é absoluta para ACET e FACET, tendo o fator de
risco característica qualitativa

Para as atividades ou situações não contempladas acima, deve-se integrar a lacuna a


partir do estabelecido pela IN 77 do INSS, que diz:

Art. 282. A exposição ocupacional a radiações ionizantes dará ensejo à caracterização


de período especial quando: (...) II - a partir de 6 de março de 1997, quando forem
ultrapassados os limites de tolerância estabelecidos no Anexo 5 da NR-15 do MTE.

Poder-se-ia acrescentar na IN as radiações não ionizantes, pois no caput do comando


genérico para físicos (2.0.0) não há restrição, uma vez que há LT especificados em
normas internacionais como ACGIH.

Adicional Insalubridade
A NR-15, Anexo 5, dispõe que:

Nas atividades ou operações nas quais trabalhadores possam ser


expostos a radiações ionizantes, os limites de tolerância, os princípios,
as obrigações e controles básicos para a proteção do homem e do
seu meio ambiente contra possíveis efeitos indevidos causados pela
radiação ionizante, são os constantes da Norma CNEN-NE3.01:
Diretrizes Básicas de Radioproteção, de julho de 1988, aprovada, em
caráter experimental, pela Resolução – CNEN 12/1998, ou daquela que
venha substituí-la.

Parágrafo único. Quando se tratar de exposição ao raio-X em serviços


de radiologia, deverá ser obedecida a metodologia e os procedimentos

139
UNIDADE III │ PRESSÕES ANORMAIS E RADIAÇÕES

de avaliação constantes na NHO 5 da Fundacentro; para os demais


casos, aqueles constantes na Resolução CNEN-NE-3.01.

Os limites máximos de doses permissíveis, conforme Norma CNEN-NE-3.01, são os


seguintes:

Para indivíduos do público:

– 0,05 mRem/h ..................... 0,0005 mSv/h

– 0,4 mRem/dia ................. 0,004 mSv/dia

– 2,0 mRem/semana ..... 0,02 mSv/semana

– 100 mRem/ano (0,1 Rem) ..... 1,00 mSv/ano

Para trabalhadores:

– 2,5 mRem/h ......................... 0,25 mSv/h

– 20 mRem/dia ..................... 0,2 mSv/dia

– 100 mRem/semana ....... 1,0 mSv/semana

– 500 mRem/ano ...................... 50 mSv/ano

Tem-se um ioiô8 do MTE quanto a essa matéria. A exposição às radiações


ionizantes ou substâncias radioativas nasce como insalubre, pois o art. 200 da
CLT só autoriza periculosidade para explosivos e inflamáveis. Vinte anos depois,
o MTE considera como periculoso, mediante a Portaria nº 3.393, de dezembro
de 1987. Em dezembro de 2002, o MTE recua à situação de insalubre (Portaria
nº 496). Finalmente, em 2003, sobreveio a periculosidade ao se restabelecer a
diretriz inicial, conforme Portaria nº 518, de 7 de abril de 2003. Este é o ponto
do ioiô: é o que vale hoje. Radiações ionizantes ou substâncias radioativas é
periculosidade. Essa posição foi pacificada pelo Judiciário9.

8 A palavra “ioiô” vem do filipino e quer dizer “volte aqui”.


9 Atividade com radiação enseja adicional de periculosidade (fonte: TST, 12.5.2005). O trabalhador submetido a radiações
ionizantes ou a substâncias radioativas tem direito à percepção do adicional de periculosidade. Decisão do Pleno do Tribunal
Superior do Trabalho que aprovou a Orientação Jurisprudencial (OJ) nº 345: “a exposição do empregado à radiação ionizante
ou a substância radioativa enseja a percepção do adicional de periculosidade, pois a regulamentação ministerial, mediante
Portaria que inseriu a atividade como perigosa, reveste-se de plena eficácia, porquanto expedida por força de delegação
legislativa contida no art. 200, caput, VI, da CLT”. Uma terceira alteração sobreveio e restabeleceu a diretriz inicial, assegurando,
com a Portaria nº 518 (7.4.2003), a percepção do adicional de periculosidade, que diz: “Plenamente eficaz e sob o princípio da
legalidade a portaria ministerial para a disciplina da matéria porquanto expedida em delegação outorgada, de forma expressa,
pela lei” (TST-IUJ-ERR-599325/1999.6).

140
RUÍDO UNIDADE IV

CAPÍTULO 1
Aspectos Gerais

Este capítulo da Higiene do Trabalho consiste em reunir e concatenar os atuais


conhecimentos relacionados ao meio ambiente do trabalho com a exposição ao fator de
risco ruído.

Pretende-se, nos termos da lei, assegurar às empresas de segurança jurídica quanto


aos fatos administrativos e jurídicos; ao trabalhador, seus direitos; ao INSS o devido
reconhecimento do direito previdenciário - Aposentadoria por Condições Especiais
do Trabalho - ACET; ao MTb, a fonte primária às obrigações trabalhistas; e, à RFB
a arrecadação, em especial aquela diretamente relacionado ao ruído, qual seja o
Financiamento da Aposentadoria por Condições Especiais do Trabalho – FACET.

Este capítulo aproveita grande parte da obra deste autor sobre a matéria ruído e sua
interface com engenharia, medicina e direito.

Informe-se antemão que o fator de risco ruído é de sobeja importância à saúde, dada sua
etiogenia relacionada a diversos efeitos humanos, em robusta bibliografia científica, da
qual se destacam algumas consequências, em especial àquele que se subordina por força
do contrato de trabalho a carga acústica ruidosa: reações físicas (aumento da pressão
sanguínea, do ritmo cardíaco e das contrações musculares); aumento da produção
de adrenalina e outros hormônios; reações mentais e emocionais (irritabilidade,
ansiedade, impaciência, medo, insônia); reações generalizadas ao stress; e, efeitos
deletérios auditivos.,,,,,

Não por outro motivo, encontra-se forte tutela estatal legiferante sobre essa temática,
pois do ápice hierárquico até as normas referenciadas (instruções normativas e
portarias), tem-se que a exposição ao ruído ativa vários campos do direito exatamente
por sua natureza agressiva à saúde humana.

141
UNIDADE IV │ RUÍDO

De pronto, é de bom alvitre registrar a fundamentação legal em questão com as


seguintes normas de regência:

Quadro 26. Normas de Regência e Fatos Jurídicos Decorrentes da Subordinação ao Ruído

1.      CRFB-88. Art. 201. § 1º (tutela para aposentadoria por condições prejudicais a saúde)
2.      Lei 8.213/91. Art. 57 e 58 (definição da hipótese de incidência)
3.      Lei 8.212/91. § 3º do art. 33 (critério de arbitramento)
4.      Decreto 3.048/99 (RPS).
a.      Subseção IV - Da Aposentadoria Especial
b.  Art. 68. §12º (Metodologia e Procedimento da Fundacentro como norma mandatória)
c.      Art. 233. (Arbitramento)
d.      Anexo IV - Item 2.0.1 - Ruído - FACET25_6%. (Definidor do Limite de Tolerância)
5.     IN 971 – RFB. Capítulo IX (norma comando procedimental que deve presidir as lavraturas fiscais)
6.     IN 77 – INSS. Seção V - Aposentadoria Especial. Revogadora da IN 45.
7.     NHO 01 – Fundacentro. Vinculante para efeito previdenciário/tributário. Recomendatória para o Ministério do Trabalho
8.     NR-15 do MTE. Anexo I

Fonte: Próprio autor (2019)

De forma vanguardista e em sintonia com os modernos cânones científicos comparecem


os regramentos estabelecidos pela RFB e INSS. Registre-se que as metodologias,
procedimentos e limites de tolerâncias são rigorosamente os mesmos para fins
tributários e previdenciários, pois emanam de igual regulamentação (Item 2.0.1 do
Anexo IV do RPS), em que pese serem originárias de fundamentações legais distintas
(Custeio pela Lei 8.212/91 e Benefício pela Lei 8.213/91) que remetem à subsunção de
dupla face do fato social, constituindo uma ambivalência jurídica, pois tal fato social
dispara a um só tempo a hipótese de incidência tributária (RFB) e reconhecimento ao
benefício (INSS).

O quadro seguinte apresenta esse fragmento do RPS.

Quadro 27: Item 2.0.1 do Anexo IV e § 12 do Art 68. Fragmentos do Decreto 3.048/99.

a) exposição a Níveis de Exposição Normalizados (NEN) superiores


Limite de Tolerância 2.0.1 Ruído 25 Anos
a 85 dB(A).
RPS. Art. 68. § 12. Nas avaliações ambientais deverão ser considerados, além do disposto no Anexo IV,
a metodologia e os procedimentos de avaliação estabelecidos pela Fundação Jorge Duprat Figueiredo de
Metodologia e Procedimento Segurança e Medicina do Trabalho - Fundacentro
A norma NHO 01 - Norma de Higiene Ocupacional da Fundacentro. Trata da metodologia e procedimento
para fins de apuração do limite de tolerância ao ruído contínuo ou variável.

Fonte: Próprio autor (2019)

Necessário se faz adentrar as definições físicas e matemáticas relacionadas ao ruído,


para na sequência apresentar aplicações pertinentes.

142
CAPÍTULO 2
Definições físicas e matemáticas
relacionadas ao ruído

O som é sensação percebida pelo cérebro devido à chegada de uma onda vibracional
à orelha humana. O fenômeno auditivo está inscrito a um retângulo de frequência e
pressão. O ouvido humano responde a uma larga faixa de frequência (faixa audível ou
sonora), que vai de 20 Hz a 20.000 Hz. Por outro lado, pode perceber pressões de 2.10-5
Pa a 2.102 Pa ou ainda a intensidades que variem de 10-12 W/m2 a 102 W/m2. Fora dessas
faixas de frequência e pressão, o ouvido humano é insensível. Conforme figura a seguir:

Figura 37. Par audível frequência x pressão sonora

Fonte: Próprio autor (2019)

Segue um quadro com as definições mais importantes no estudo sobre acústica:

143
UNIDADE IV │ RUÍDO

Quadro 28. Definições sobre Acústica

Acústica é a parte da Física que estuda as oscilações e ondas em meios elásticos (estuda o som). As ondas sonoras são longitudinais, isto é, sua
direção de propagação é paralela à de vibrações das partículas do meio em que se propaga.
Velocidade de uma onda sonora: depende das propriedades elásticas e inerciais do meio. No mecanismo da audição, as partes que compõem os
ouvidos médio e interno vibram na direção em que a onda se propaga, desde os tímpanos até os cílios do ouvido interno.
A vibração é movimento, oscilação, balanço de objetos, de coisas. Quando, pelo tato, se sente a oscilação de uma corda de violão, sabe-se
intuitivamente o que é uma vibração.

Há vibrações que não são detectáveis por órgãos sensoriais humanos. Na verdade, apenas uma pequena porção das vibrações o é. Oscilação
percebida  Tátil  Vibração. Oscilação percebida  Ouvido  Som.
Frequências altas são chamadas de agudas e as baixas, de graves. Período (T): tempo de duração de um ciclo completo. Comprimento de onda (λ):
deslocamento ou distância percorrida pela onda propagada, referente a um ciclo.
Ruído: “misturas” de sons indistinguíveis com diferentes frequências; quando molesto, nocivo ou indesejado é denominado barulho.
Pressão sonora  variação dinâmica na pressão atmosférica que pode ser detectada pelo ouvido humano, expressa em Pascal – Pa (N/m2).
O decibel (dB) é uma unidade logarítmica que indica a proporção de uma quantidade física (energia, intensidade ou pressão) em relação a um nível
de referência do limiar de audibilidade (10-12 W/m2 ou 2.10-5 Pa). Uma relação em decibéis é igual a dez vezes o logaritmo de base 10 da razão entre
duas quantidades de energia. Um decibel é um décimo de um bel, uma unidade raramente usada​​.
Critério de Referência (CR): nível médio (85 dBA) para o qual a exposição, por um período de 8 horas, corresponderá a uma dose de 100%.
Fator de Troca ou Incremento de Duplicação de Dose (q) ou ainda Exchange Rate (ER): incremento em decibéis que, quando adicionado a um
determinado nível, implica a duplicação da dose de exposição ou a redução para a metade do tempo máximo permitido.

Fonte: https://www.infoescola.com/fisica/acustica/

Parte-se de uma definição básica sobre ruído assim entendido como sensação
auditiva desagradável, decorrente de misturas de sons indistinguíveis com diferentes
frequências. Possui, portanto, dois aspectos: subjetivo (desagradável) e objetivo
(mistura com diferentes frequências). Neste trabalho, será enfocado apenas o aspecto
objetivo relativo ao fenômeno acústico, assim entendido aquele não periódico, sem
componentes harmônicas definidas, em amplo espectro de frequências. De um modo
geral, os ruídos podem ser classificados em três tipos:

I. Ruídos contínuos: são aqueles cuja variação de nível de intensidade


sonora é inferior ou igual a 3 dB. São ruídos característicos de bombas de
líquidos, motores elétricos e engrenagens. Exemplos: chuva, geladeiras,
compressores, ventiladores.

II. Ruídos flutuantes: são aqueles que apresentam variações superiores


a 3 dB, encontrados, em geral, em trabalhos manuais de afiação de
ferramentas, soldagem, o trânsito de veículos, entre outros. São os ruídos
mais comuns nos sons diários.

III. Ruídos impulsivos ou de impacto: apresentam picos de energia acústica


com duração menor que 1 segundo para intervalos superiores a 1 segundo.
São os ruídos provenientes de explosões e impactos, típicos de britadeiras,
bate-estacas e prensas.

144
RUÍDO │ UNIDADE IV

Com base na figura abaixo é possível visualizar graficamente o perfil sonoro. Para fins
de abordagem sobre ruído, é prudente a definição dessa tipologia tendo na vertical a
pressão sonora, expressa em decibéis (dB) ao longo do tempo:

Figura 38. Apresentação gráfica da tipologia de ruído

Fonte: Fernandes (2002).

O som é provocado pela percepção do sistema auditivo da variação da pressão atmosférica


ambiente. A menor variação que o aparelho auditivo humano pode detectar é da ordem
de 2 x 105 Pa, a qual denomina-se limiar de audibilidade. O limiar da dor, por outro
lado, corresponde à variação da pressão em 2 x 102 Pa (200 Pa).

145
UNIDADE IV │ RUÍDO

No entanto, esta variação deve ocorrer em forma de ciclos para que seja percebida.
A frequência mínima audível é de 20 Hz, enquanto a frequência máxima chega a 20
000 Hz. Sons cuja frequência situa-se acima de 20 kHz são denominados ultrassons,
enquanto que aqueles abaixo de 20 Hz são infrassons.

Dizer que a onda se repete em um período (T) de tempo é o mesmo, em um raciocínio


inverso, que afirmar que há uma frequência de acontecimentos, ou repetições, em um
período de tempo. Pode-se dizer que essa frequência de acontecimentos é de uma vez
por período, o que traz a definição de outra quantidade importante para o estudo de
ondas: a frequência (f) equivale ao inverso do período, f = T-1. A frequência é medida
em s-1, no caso específico de ondas periódicas, em ciclos por segundo, cuja unidade é
convencionada internacionalmente como Hertz (Hz). A frequência (f), o período (T) e
o comprimento de onda (λ) relacionam-se por meio da velocidade de propagação (v),
pelo produto v = f x λ.

A intensidade do som está relacionada com a amplitude que permite distinguir um


som forte de um som fraco e está relacionada com a energia transportada pela onda
que decai do próximo (forte) ao afastado da fonte (fraco). Som mais forte tem maior
amplitude e mais fraco, menor amplitude. Popularmente, é o botão do volume que
define a intensidade: o indivíduo aumenta o volume do rádio ao girar o botão no sentido
do máximo. Ao girar o volume, em verdade está modulando a amplitude.

A figura seguinte apresenta disposição gráfica com dois sinais sonoros: forte (alta
amplitude) e fraco (baixa amplitude). A amplitude A 1 mede 1,27 m, enquanto a A2,
0,29 m.

146
RUÍDO │ UNIDADE IV

Figura 39. Disposição gráfica com dois (n) sinais sonoros

Fonte: https://phet.colorado.edu/pt_BR/simulation/fourier

O som se propaga num meio material elástico, espalhando-se em todas as direções, e


as frentes de onda têm formato esférico. A intensidade sonora, ou sonoridade, de uma
onda esférica, num determinado ponto, é definida pela expressão:

Potência da Fonte (W )
Intensidade =
Área da Frente de onda no ponto considerado ( m 2 )

A potência da fonte (Po) no Sistema Internacional - SI em Watt (W) e a I – Intensidade ou


intensidade sonora onda esférica (W/m2). A intensidade mínima do som percebido pelo
ouvido humano (limiar de audição) é, aproximadamente, de 10-12 W/m2 (equivalente a
2.10-5Pa). A partir de 1 W/m2, provoca-se dor, limiar da dor (equivalente a 2.102Pa).

Tem-se o decibel como medida de equivalência de intensidade. O ouvido humano pode


perceber normalmente sons cujas intensidades variem de 10-12 W/m2 a 102 W/m2 ou
2.10-5 Pa a 2.102 Pa. Os rangers (intervalos de máximo e mínimo) flutuam em 1014 W/
m2 e 107 Pa, obtidos pela subtração desses extremos. Ou seja, o ouvido humano é capaz
de ser sensibilizado entre um trilionésimo de W/m2 até uma centena de W/m2.

Na prática, tal capacidade humana inviabiliza a construção de instrumentos que


assegurem acurácia em tão longa e ampla faixa de medição. Dessa restrição construtiva
de mensuração, quase impossibilidade mesmo, combinada à dificuldade de operação e

147
UNIDADE IV │ RUÍDO

manipulação em tais ordens de grandezas, levou os cientistas a idealizarem uma escala


de escala de equivalência. Os valores inferiores de energia audível, 10-12 W/m2 e 2.105 Pa,
foram convencionados respectivamente, para fins de comparação, como Intensidade de
referência - I0 e Pressão de referência - P0.

A escala de equivalência se valeu de que o sistema auditivo humano não escuta


linearmente os sons, ou seja, sons agudos, médios e graves de mesma intensidade
(estímulo) produzem sensações distintas.

Ao se plotarem os pontos em um gráfico cartesiano (pressão - Pa versus frequência -


Hz) percebe-se que a função matemática logarítmica na base 10 é aquela que melhor
se ajusta, estabelecendo que a sensação sonora humana varia no logarítmico do
estímulo. Nasce assim a escala de equivalência de intensidade sonora intitulada Bell,
em homenagem ao físico inventor do telefone.

Por definição o Bell = log que tem como referência o limiar de audibilidade (Io). O NS
(nível sonoro ou nível de intensidade ou intensidade auditiva) de determinado som, em
Bell, que é a relação (quantas vezes maior) está esse som (I) em relação àquele limiar.
Aplica-se o submúltiplo “deci” ao nível sonoro NS (dBB) por conta do melhor ajuste da
escala.

I
NS ( dB ) = 10.log
I0

Considerando o valor de 10-12 W/m2 como aquele de Intensidade de referência - I0, são
apresentados abaixo alguns resultados de equivalência em decibel a partir da equação
acima:

Quadro 29. Argumentação algébrica para equivalência do dBel

O nível sonoro NS será (dB) para o limiar de audibilidade: I = 10-12 W/m2 , será:
NS = 10logI/Io  NS = 10log(10-12/10-12)  NS/10 = log(1)  10NS/10=1  10NS/10 = 100  NS/10 = 0  NS=0 (dB)
Pelo processo inverso, quando NS = 0 (dB)  0 = 10log(I/10-12)  0/10 = logI/Io  0 = logI/Io  100 = I/10-12  I = 100.10-12   I = 10-12
W/m2.
O nível sonoro NS (dB) para o limite da dor: I = 1 W/m2 , será:
NS=10logI/Io  NS=10log1/10-12  NS/10=log1012  10NS/10=1012  NS/10=12 Bell NS=120 dB.
Pelo processo inverso, quando NS=120 (dB) 120=10log(I/10-12) 120/10=logI/10-12  1012 = I/10-12  I = 100  I = 1 W/m2.

Fonte: Próprio autor (2019)

Para condições normais de temperatura e pressão, há uma equivalência entre


as variáveis intensidade e pressão sonora quando a velocidade (v) for constante:

148
RUÍDO │ UNIDADE IV

J N .m Constante
W s s
I = = = = P.v
m2 m2 m2

Dessa forma, quando se expressa o nível sonoro (NS) em dB ou dB (filtrado em A ou


C), expressam-se simultaneamente as duas grandezas intensidade (W/m2) e pressão
sonora (Pa), ambas representantes da exposição do trabalhador à energia sonora.
Por isso o Anexo I da NR15 e a Tabela 1 da NHO 01 da Fundacentro, mencionam a
expressão Nível Sonoro.

Com base nessa conversão algébrica é possível apresentar escalas de equivalências,


para audibilidade mínima (10-12 W/m2) e máxima (102 W/m2) cuja flutuação está na
ordem de grandeza de 1014 W/m2, conforme a figura seguinte:

Figura 40. Escalas por equivalência logarítmica Bell e dBel


Pa 2 Bell dBel
W/m

2 14 1 140
2 x 10 10

1 12 1 120
2 x 10 10

-1 10 1 100
2 x 10 10

0 10 8 8
2 x 10

-2 10 6 6
2 x 10

-3 10 4 4
2 x 10

-4 10 2 2
2 x 10

-5 10 0 0
2 x 10

Fonte: Próprio Autor

Pode-se determinar o nível sonoro (em dB), bastando que se conheça o valor de sua
pressão sonora P (N/m2 ou Pa). A frequência de emissão não interfere no nível de
pressão sonora (NPS), seja essa frequência de som grave, médio ou agudo, pois o NPS
está relacionado com a amplitude (volume) da pressão na equação:

P2
NPS ( dB ) = 10.log
P0 2

149
UNIDADE IV │ RUÍDO

Em que Po é a pressão sonora de referência (2.10-5 N/m2).

No campo da energia acústica e a percepção humana, observa-se que o objetivo da


avaliação da exposição é determinar a energia, frequência, magnitude e duração da
exposição dos trabalhadores ao ruído. Orientações normativas foram elaboradas sobre
o tema, tais como as normas da RFB, INSS, Fundacentro, Ministérios da Previdência,
da Saúde e do Trabalho.

É fundamental entender o comportamento do ouvido humano à energia sonora. Assim,


deve ser observado que variações de pressão atmosférica são muito lentas para serem
detectadas pelo ouvido humano. Porém, se essas variações ocorrerem mais rapidamente
– no mínimo 20 vezes por segundo (20 Hz) –, elas podem ser ouvidas. O ouvido humano
responde a uma larga faixa de frequência (faixa audível), que vai de 0 Hz a 120 kHz.
Fora dessa faixa, o ouvido humano é insensível ao som correspondente.

Estudos demonstram que o ouvido humano não responde linearmente às diversas


frequências, ou seja, para certas faixas de frequência ele é mais ou menos sensível. Um
dos estudos mais importantes que revelaram essa não linearidade, de grande impacto
científico, foi o ensaio produzido por Fletcher e Munson (1933) que resultou nas curvas
isoaudíveis.

Nível de audibilidade é o NPS necessário para que um ouvido jovem, são e médio escute
um tom qualquer com a mesma sensação (potência, força) que um de 1 kHz. A unidade
de nível de audibilidade é o fon (ou phon) equivalente ao NPS (dB) quando f = 1.000
Hz. Um som com uma única frequência é muitas vezes denominado tom10.

A unidade de nível de audibilidade é denominada fon. Por definição, seu valor unitário é
numericamente igual ao nível de intensidade sonora, em dB, da frequência de referência
de 1000 Hz, para um grupo de típicos ouvintes. No trabalho de Fletcher e Munson, a
determinação dos níveis de audibilidade, por comparação com um tom de referência, foi
realizada através dos sons ditos estáveis que, grosso modo, são considerados distintos
aos ruídos.

Com os resultados obtidos, os autores construíram as chamadas curvas de igual


audibilidade, as quais estão representadas na Figura 41.

Observa-se que as frequências compreendidas entre 800 Hz e 6000 Hz, médias e agudas,
são mais facilmente audíveis pelos seres humanos do que as baixas e as muito altas.
Ademais, vê-se que a curva de audibilidade de 0 fon, que, por sua vez, corresponde ao

10 O gráfico com as curvas de igual audibilidade, proposto inicialmente por Fletcher e Munson (1933), foi aprimorado ao longo
dos anos. Porém, seu significado não perdeu sentido com o passar do tempo, tal que sua forma qualitativa não foi alterada.
Ressalte-se dada a importância histórica de um trabalho para a pesquisa e desenvolvimento.

150
RUÍDO │ UNIDADE IV

nível de intensidade de 0 dB para f = 1000 Hz, apresenta frequências entre 1000 Hz e


6000 Hz que são audíveis em níveis de intensidade negativas, entre -10 dB e 0 dB. Note-
se que os valores negativos (de logaritmos, na base 10) não representam problemas
físicos, visto que esses valores correspondem a intensidades necessariamente positivas.
Em outras palavras, o argumento do logaritmo sempre será bem definido.

Ao analisar a curva de 0 fon, conclui-se que para se perceber os sons graves, entre 20
Hz e 800 Hz, e também os mais agudos, a partir de 6000 Hz, eles devem ter um nível de
intensidade relativamente maior do que os sons entre 800 Hz e 6000 Hz. Por exemplo,
para que um som a uma frequência de 50 Hz seja perceptível ao ouvido humano típico,
é necessário que ele tenha um nível de intensidade ligeiramente superior a 50 dB, cujo
valor corresponde a 0 dB para a curva de 0 fon.

Ou seja, para um típico ouvinte, um som de 50 Hz a aproximadamente 50 dB soa


igualmente perceptível a um som de 1000 Hz a 0 dB, a 0 fon. Isto corresponde a um
som de intensidade quase 17 vezes maior, já que a intensidade sonora dobra a cada 3
dB, como se verá mais adiante.

Figura 41. Curvas isofônicas – NPS (dB) x frequência (Hz)

Fonte: https://static.wixstatic.com/media/1f1126_36214a5a27dd4e54837c884bf9ec35e9~mv2.png/v1/fill/w_630,h_473,al_c,us
m_0.66_1.00_0.01/1f1126_36214a5a27dd4e54837c884bf9ec35e9~mv2.png

Na figura acima (isofônica), as linhas cheias se referem à mesma sensação auditiva em


qualquer ponto delas como se a 1.000Hz estivesse. O eixo das ordenadas indica dB(A)
e frequência em Hz, na abscissa.

151
UNIDADE IV │ RUÍDO

A isofônica está em escala logarítmica das curvas de igual audibilidade, adaptada de


Fletcher e Munson (1933) apresenta região no canto inferior esquerdo, abaixo da curva
de 0 fon, que retrata a pouca sensibilidade humana para as frequências mais graves
(20 Hz - 800 Hz), para as quais os níveis de intensidade mínimos necessários para
percepção estão bastante acima dos níveis das frequências médias e agudas (entre 1000
Hz e 6000 Hz).

Note-se, então, que o ouvido se apresenta bastante insensível a sons graves e sensibilidade
máxima entre os 3.500 e os 4.000 Hz, perto da primeira zona de ressonância que ocorre
no ouvido externo. A segunda zona de ressonância ocorre perto dos 13 kHz.

A capacidade de distinguir a mínima alteração no tom de um som depende da frequência,


da intensidade sonora, da duração do som, da velocidade da alteração, bem como do
próprio treino auditivo do ouvinte. O ouvido humano é bastante sensível a diferenças
de frequências entre dois sons. Em sons graves, mudanças de frequência de 1 Hz podem
ser detectadas. As diferenças nas frequências das duas notam mais graves do piano é de
apenas 1,6 Hz. Aos 1.000 Hz, a maior parte das pessoas é capaz de distinguir mudanças
na frequência com o valor de 3 Hz. Aos 100 Hz, mudanças na frequência podem ser notas
a partir dos 0,3 Hz, ou seja, o ouvido é sensível não propriamente a mudanças absolutas
da frequência, mas sim a uma razão entre a zona de frequências do som que se está a
ouvir e da mudança efetuada. As curvas isofônicas mostram algumas características da
audição humana que são importantes:

Existem alguns picos de sensibilidade acima de 1 kHz. Isso é devido aos efeitos
de ressonância do canal auditivo, que é um tubo de cerca de 25 mm, com um
lado aberto e outro fechado, o que resulta em um pico de ressonância por volta
de 3.4 kHz e, devido à sua forma regular, um outro pico menor a 13 kHz. O efeito
dessas ressonâncias é aumentar a sensibilidade do ouvido àquelas frequências.
O segundo ponto a ser notado é que existe uma dependência de amplitude na
sensibilidade do ouvido. Isso é devido à maneira como o ouvido atua – transdutor
e interpretador do som – e, como consequência, a frequência depende da
amplitude. Esse efeito é particularmente notável em baixas frequências, em que
quanto menor a amplitude, menos sensível é o ouvido.

O resultado desses efeitos é que a sensibilidade do ouvido é função tanto da frequência


quanto da amplitude. Portanto, dois sons de diferentes frequências, mas de amplitudes
iguais, podem soar com volumes completamente diferentes. Por exemplo, um som a
200 Hz soará com muito menos volume que um de mesma amplitude a 2.000 Hz.
Sons de diferentes frequências, então, deverão ter amplitudes de pressão diferentes
para serem percebidos como tendo a mesma amplitude.

152
RUÍDO │ UNIDADE IV

O volume percebido de sons senoidais, como função da frequência e do nível de pressão


sonora, é dado pela escala de fons. Trata-se de uma escala de julgamentos subjetivos
baseada nos níveis de pressão sonora percebidos em um som senoidal de 1 kHz. Então,
a curva para N fons intercepta a frequência de 1 kHz em N dB NPS, por definição. Pode-
se notar que as curvas de fonos começam a ficar mais planas em níveis mais altos de
pressão sonora.

Por isso, o relativo balanço, entre as diferentes regiões de frequências (grave, médio e
agudo), é alterado sempre que se varia o nível de amplitude dos sons. Isso é percebido
quando se ouve uma gravação e se abaixa o volume do aparelho de som, resultando
na supressão de parte dos agudos e dos graves, remanescendo um som carregado de
médios, sem muito brilho ou expressão.

Para compensar essa peculiaridade do ouvido humano, foram introduzidos nos


medidores de nível sonoro filtros eletrônicos com a finalidade de aproximar a resposta
do instrumento à resposta do ouvido humano. São chamadas “curvas de ponderação”
(A, B, C).

»» Escala de ponderação A - para simular a resposta do ouvido humano ao


som de nível de pressão baixa.

»» Escala de ponderação B - para simular a resposta do ouvido humano ao


som de nível de pressão média.

»» Escala de ponderação C - para simular a resposta do ouvido humano ao


som de nível de pressão alta, e fornece resposta aproximadamente igual
em todas as frequências.

»» Escala de ponderação D - para simular a resposta do apresentam


aplicações bastante limitadas e ouvido humano ao ruído de avião.

A curva de ponderação “A” é amplamente sugerida para medições relacionadas ao ser


humano dado seu perfil muito próximo às isofônicas. A curva de ponderação “B” era
sugerida para utilizações de medições de intensidade entre os níveis de 55 a 85 dB. A
curva de ponderação “C” sugerida para medições de níveis acima de 85 dB. A curva de
ponderação “D” é utilizada para ruídos específicos de turbinas de avião de acordo com
norma IEC 537.

A curva de ponderação “A”, dentre todas é a mais utilizada, inclusive substituindo a


curva “B” que caiu em desuso. Isso ocorreu devido à representação próxima que a curva
de atenuação “A” tem com as curvas isofônicas e com a sensação subjetiva. Para ruídos
contínuos e intermitentes, o Brasil, segundo adota NHO 01 e Anexo I da NR 15, adota

153
UNIDADE IV │ RUÍDO

esse filtro “A” visando avaliar condições de trabalho. O tipo “C” é adotado pela NHO 01,
bem como Anexo II da NR 15 para ruído de impacto, alternativamente, quando não se
dispõe de medidor especifico.

A ponderação A é o filtro padrão das frequências audíveis destinados a reproduzir a


resposta do ouvido humano ao ruído. Nas baixas e altas frequências o ouvido humano
não é muito sensível, mas entre 500 Hz e 6 kHz o ouvido é bem mais sensível.

A ponderação “A” é amplamente utilizada nos diversos níveis sonoros. As medições


feitas utilizando a ponderação “A” são mostradas como dB (A), para informar que os
decibéis estão ponderados em “A”. Outros exemplos são LAeq, LAmax, LA85.

Em alguns aparelhos de medição de intensidade sonora modernos, utiliza-se uma curva


chamada “Z”, que segundo IEC 6167211 substitui a antiga notação “Linear”, onde o “Z”
significa “zero” de ponderação. Tais aparelhos já não trazem mais a opção de medição
na curva “B”. A curva de ponderação “D” é mais utilizada em medições para aviação
militar.

Figura 42. Curvas de atenuação mediante circuitos de ponderação A, B, C e D

Fonte: OSHA (1983)

Na figura acima, as linhas cheias se referem à ponderação introduzida no instrumento


para simular o ouvido humano. São 4 curvas: azul (ponderação - A); amarela (ponderação
- B); preta (ponderação – D) e a vermelha (ponderação - C). O eixo das ordenadas
indica ganho em dB e frequência em Hz, na abscissa.

Dessas curvas, a curva A é a que melhor se ajusta à natureza humana. Os medidores de


ruído dispõem de um computador para as velocidades de respostas, de acordo com o
tipo de ruído a ser medido. A diferença entre tais posições está no tempo de integração
do sinal ou constante de tempo.

11 International Electrotechnical Commission, IEC 61672-1:2002, Electroacoustics – Sound level meters – Part 1:
Specifications, IEC 61672-1:2002.

154
RUÍDO │ UNIDADE IV

»» Slow – resposta lenta – avaliação de ruídos contínuos ou intermitentes,


avaliação de fontes não estáveis. Captura de energia a cada 1000 ms.

»» Fast – resposta rápida – avaliação legal de ruído de impacto (com


ponderação dB - C). Captura de energia a cada 125 ms.

»» Impulse – resposta de impulso – para avaliação legal de ruído de impacto


(com ponderação linear). Captura de energia a cada 35 ms.

155
CAPÍTULO 3
Métricas do ruído para fins de
avaliação ambiental

O nível de ruído equivalente (Level Equivalent – Leq) representa um nível de ruído


contínuo em dB(A), que possui o mesmo potencial de lesão auditiva que o nível de ruído
variável amostrado. A dose de ruído é uma variante do ruído equivalente, para o qual
o tempo de medição é fixado em 8 horas. A única diferença entre a dose de ruído e o
ruído equivalente é que a dose é expressa em percentagem da exposição diária tolerada.
O Leq representa o nível médio de ruído durante um determinado período de tempo,
utilizando-se o incremento de duplicação de dose “3”.

A regra do princípio da equivalência para avaliação de ruído considera que toda vez
que a energia acústica em um determinado ambiente dobra, há um aumento de três
decibéis (q=3) no nível de ruído. Por este motivo, quando se usa a sigla Leq, subentende-
se que a avaliação foi realizada utilizando-se o Incremento de Duplicação de Dose “3”.
Caso seja utilizado outro valor de incremento, não se pode chamar o resultado de Leq,
apenas de Average Level - Lavg que significa Nível Médio.

Atenção. Leq (Neq) e Lavg são referentes à mesma grandeza e consistem no


nível médio ponderado sobre o período de medição, que pode ser considerado
como nível de pressão sonora contínuo, em regime permanente, que produziria
a mesma dose de exposição que o ruído real, flutuante, no mesmo período de
tempo. Diferem quanto à formula devido ao fator de dobra. Se q=3, chama-se
Leq ou Neq; se q=5, Lavg. Se na formulação houver a constante 16,61 (, ou, o
numeral 5, já se sabe que se trata do q=5.

Esse Nível Médio, expresso em Lavg representa a média do nível de ruído durante um
determinado período de tempo, utilizando-se qualquer incremento de duplicação de
dose, com exceção do “3”. O Anexo I da NR-15 não específica qual o incremento de
duplicação de dose utilizado para o cálculo dos limites de tolerância estabelecidos,
porém, após a análise da tabela, verifica-se que toda vez que há um aumento de 5
decibéis em determinado nível, o tempo de exposição cai pela metade, concluindo-se
assim, que a norma trabalhista para fins de pagamento de adicional de insalubridade
adotou o incremento de duplicação de dose “5”.

Os níveis de ruído industriais e exteriores flutuam ou variam de maneira aleatória com


o tempo, e o potencial de dano à audição depende não só do seu nível, mas também da

156
RUÍDO │ UNIDADE IV

sua duração. É raríssima situação ambiental na qual haja nível de ruído único. O mais
comum são ruídos variados ao longo do tempo, por isso a dosimetria é imprescindível,
de forma que todos os dados de nível de pressão sonora e seus respectivos tempos
possam ser analisados com o consequente cálculo do Leq.

A necessidade de se usar um dosímetro de ruído se deve à dificuldade de serem realizados


os cálculos integrais diferenciais à mão. Há que se combinar intensidade e tempo de
exposição. Os limites de tolerância para exposição a ruído contínuo ou intermitente são
representados por níveis máximos permitidos, segundo o tempo diário de exposição
ou, alternativamente, por tempos máximos de exposição diária em função dos níveis de
ruído existentes. Esses níveis serão medidos em dB(A), resposta lenta.

Para fins de prevenção adota-se a NHO 01, inclusive por força de norma fiscal no tocante
ao Financiamento da Aposentadoria Especial - FACET. Assim, ao se adotar o q=3, a
fórmula do Leq se simplifica, pois se substitui a constante de 16,61 por 10,00, devido ao
q 3
termo ( = 10, 00) , que assim se formula:
Log2 0,30
D x8
=Leq 10 x log( ) + 85
T

Assim, o Leq para a dose de ruído = 200% (% lido no audiodosímetro dividido por 100),
2 x8
medido durante 8 horas, com q = 3 é dado por:= Leq 10 x log(= ) + 85 88 dB ( A ) . Para
4 x8 8
dose de ruído = 400%, tem-se
= Leq 10 x log(= ) + 85 91 dB ( A ) . Assim por diante.
8
Dessa forma se montou a Tabela da NHO 01.

Esse Leq basicamente é o NE da NHO 01. Neste momento, é importante que o leitor
pesquise a NHO 01 da Fundacentro para melhor apropriar-se, todavia adiantam-se
alguns comentários que ajudarão na aplicação do conhecimento. Verifique a figura
abaixo.

157
UNIDADE IV │ RUÍDO

Tabela 20. Nível de Ruído e Duração Máxima

dB(A) Horas Minutos Segundos dB(A) Horas Minutos Segundos


80 25 24 - 106 - 3 45
81 20 10 - 107 - 2 59
82 16 - - 108 - 2 22
83 12 42 - 109 - 1 53
84 10 5 - 110 - 1 29
85 8 - - 111 - 1 11
86 6 21 - 112 - - 56
87 5 2 - 113 - - 45
88 4 - - 114 - - 35
89 3 10 - 115 - - 28
90 2 31 - 116 - - 22
91 1 - - 117 - - 18
92 1 35 - 118 - - 14
93 1 16 - 119 - - 11
94 - - - 120 - - 9
95 - 47 37 121 - - 7
96 - 37 48 122 - - 6
97 - 30 - 123 - - 4
98 - 23 49 124 - - 3
99 - 18 59 125 - - 3
100 - 15 - 126 - - 2
101 - 11 54 127 - - 1
102 - 9 27 128 - - 1
103 - 7 30 129 - - 1
104 - 5 57 130 - - 1
105 - 4 43   - -  

Fonte: ANSI/ASA S12.19-1996 (R2011)

Tomando 85 dB(A) como referência com 480 min, tem-se uma progressão linear à
razão de 3 dB. Ou seja, a cada redução à metade do tempo, gera-se um incremento de
3 dB na intensidade.

Assim, para Nível de Ruído dB(A) – 85  Máxima Exposição Diária Permissível 


480 min; 88  240min; 91  120min; 94 60min; 97 30min; 100 15min; 103
7,5min; 1063,75min; 109 1,87min; 112 0,93min e 115 0,46min. A partir deste
ponto é risco grave e iminente. Fica claro o disparate entre o correto, NHO 01, e o
Anexo I da NR 15 – Anexo I, pois para mesmo nível sonoro há duas durações máximas
de exposição. Por exemplo. Para 95 dB(A) o máximo é 47,62 min, porém a NR 15 eleva
para 120 min.

Em termo de dose, derruba de 1.000 % (verdadeira) para apenas 400% (irreal). Por
isso é tão importante conhecer e saber aplicar o fator de dobra, mas principalmente
determinar o escopo e vigência de cada um.

158
RUÍDO │ UNIDADE IV

Então 3 dB é quanto se incrementa a intensidade quando se reduz à metade o tempo


de exposição, certo? Assim o fator de dobra (q) = 3 dB. Em outras palavras, para dose
(D) constante unitária (100%) que é o Limite de Tolerância, verificada em cada uma das
linhas da tabela, equivalem a D = 1. Considerando a dose igual ao produto intensidade
pelo tempo de exposição, (D = Intensidade x Tempo), tem-se que para D = Constante,
cai intensidade e sobe tempo de exposição na mesma proporção (e vice-e-versa).

Dada a Dose = Intensidade x Tempo de Exposição, por definição, as normas brasileiras


(INSS, RFB, MTE-NR15) definiram a dose unitária (D = 1) para situações nas quais haja
mais de uma condição acústica. Com esse requisito foi estruturada a tabela de Limites
de Tolerância.

A questão é: quanto vale em dB os 50% da dose máxima permitida (nível de ação


pela NR09)? Faz-se o raciocínio para D=1, considerando 8h constante ou 85 dB (A)
constante, tendo vista a expressão: Dose = Intensidade x Tempo de Exposição.

Assim, com dose constante (D=cte), a intensidade dobra, enquanto o tempo de exposição
cai à metade; ou o contrário, a intensidade vai à metade enquanto o tempo de exposição
dobra. Por isso, a queda de 85 - 8h para 88 – 4h da Tabela NHO 01 da Fundacentro. Eis
a prova matemática de que o Anexo I da NR 15 está errado, cuja dobra acontece a cada
5 dB em flagrante prejuízo e agressão ao trabalhador.

De volta à pergunta. Se a NR 09 do MTE afirma que o nível de ação é de 50% da dose,


esta, em dB, equivale a 82dB (A), pois decorre da subtração 85 dB(A) – 3 dB (A), que
é igual 82dB (A). O critério de referência que embasa os limites de exposição diária
adotados para ruído contínuo ou intermitente corresponde a uma dose de 100% para
exposição de 8 horas ao nível de 85 dB(A). O critério de avaliação considera, além do
critério de referência, o incremento de duplicação de dose (q) igual a 3 e o nível limiar
de integração igual a 80 dB(A).

A avaliação da exposição ocupacional ao ruído contínuo ou intermitente deverá ser feita


por meio da determinação da dose diária de ruído ou do nível de exposição, parâmetros
representativos da exposição diária do trabalhador. Esses parâmetros são totalmente
equivalentes, sendo, possível, a partir de um obter-se o outro, mediante as expressões
matemáticas que seguem:

 480 D 
=NE 10 x log  x  + 85 [ dB]
 Te 100 
NE −85
Te
D= x100 x 2 3 [ % ]
480

159
UNIDADE IV │ RUÍDO

Onde: NE = nível de exposição; D = dose diária de ruído em porcentagem; Te = tempo


de duração, em minutos, da jornada diária de trabalho.

O Nível de Exposição - NE é o Nível Médio representativo da exposição diária do


trabalhador avaliado. Basicamente é a fórmula do Leq, difere apenas no ajuste dos
tempos de medição e exposição. Para fins de comparação com o limite de exposição,
deve-se determinar o Nível de Exposição Normalizado (NEN), que corresponde ao
Nível de Exposição (NE) convertido para a jornada padrão de 8 horas diárias. O Nível
de Exposição Normalizado - NEN é determinado pela seguinte expressão:

 Te 
NEN
= NE + 10 log   [ dB]
 480 

Com esse alicerce é possível agora avançar sobre a temática de modo a compreender
a evolução da ciência, a aparente colisão de parâmetros técnicos e as dessincronias
normativas relacionadas aos parâmetros de mensuração do ruído.

O FACET acontece com fato gerador que se consigna pela remuneração, paga, devida
ou creditada, a trabalhador submetido a níveis de ruído contínuo, ou variável, de modo
permanente, que ultrapasse o Nível de Exposição Normalizado (NEN) de 85 dB(A),
conforme dispõe item 2.0.1 do Anexo IV do RPS (Limite de Tolerância), sendo tal
avaliação apurada nos termos metodológicos e procedimentais definidos pela NHO 01
da Fundacentro (Metodologia e Procedimento), conforme dispõe o § 12º do Art. 68 do
RPS (Metodologia e Procedimento da Fundacentro como norma mandatória).

Essa disposição de limite de tolerância (NEN de 85 dB(A) foi inaugurada no Brasil pelo
Decreto 4.882, de 28 de novembro de 2003, que alterou o Regulamento da Previdência
Social. Nesta oportunidade ao estabelecer o “NEN”, ela automaticamente se reporta à
NHO 01 da Fundacentro, uma vez que o conceito de “Nível Exposição Normalizado”
não existe além desse mandamento na legislação pátria, indicando que a referida
norma deve ser utilizada inclusive como parâmetro de limite de exposição para ruído.
Isso implica um fator de incremento de dose igual a três (q=3) e todas as consequências
inerentes a essa alteração, impactando a legislação tributária e previdenciária, ao tempo
que força modificação e atualização dos limites da legislação trabalhista.

A RFB está vinculada a um procedimento fiscal que neste caso independe de normas
trabalhistas, dado o comando expresso e peremptoriamente declarado pelo item 2.0.1
do Anexo IV do RPS (Limite de Tolerância - LT) ao determinar que o LT é 85 dB(A),
aferido em Nível de Exposição Normalizado (NEN), cuja metodologia e procedimento
devem se ater à NHO 01 da Fundacentro. Ou seja, o Decreto 3.048/1999 expressou,

160
RUÍDO │ UNIDADE IV

em termos materiais e procedimentais, tudo que se necessita para formatar a matriz


tributária ao enumerar todos os elementos, intrínsecos e extrínsecos, do fato gerador.

Desta feita, não há o que se cogitar sobre conflito com norma trabalhista, especificamente
com Anexo I da NR 15 - como se houvesse, pois, conflito não há, pelo simples fato
de essa dita norma não constar da matriz de incidência acima. Frise-se que não há
interseção com a norma trabalhista (Anexo I da NR 15).

Portanto, quando duas normas de hierarquias distintas dispõem sobre a mesma


matéria, prevalece aquela de grau superior, no caso o decreto. Logo, a alínea “a” da IN
77 do INSS é letra morta. O Anexo I da NR-15 do MTE não compõe a matriz do fato
gerador.

Cabe aqui um facilitador à gestão ambiental das empresas, às regras de concessão


de benefício pelo INSS e à fiscalização da RFB, pois é desnecessário checar dados
sobre Equipamento de Proteção Individual - EPI, uma vez que tais equipamentos são
absolutamente ineficazes. O Supremo Tribunal Federal (STF) concluiu dia 4/12/2014,
em julgamento do Recurso Extraordinário com Agravo (ARE) 664335, com repercussão
geral reconhecida, e fixou duas teses que são aplicadas em todo país sobre os efeitos
da utilização de EPI sobre o direito à aposentadoria especial. Destaque-se a 2ª tese, a
conferir:

1ª Tese: O direito à aposentadoria Especial pressupõe a efetiva exposição


do trabalhador a agente nocivo à sua saúde, de modo que, se o EPI
for realmente capaz de neutralizar a nocividade não haverá respaldo
constitucional à aposentadoria especial.

2ª Tese: Na hipótese de exposição do trabalhador a ruído acima dos


limites legais de tolerância, a declaração do empregador, no âmbito do
Perfil Profissiográfico Previdenciário – PPP, no sentido da eficácia do
Equipamento de Proteção Individual – EPI, não descaracteriza o tempo
especial para aposentadoria. Juizados Especiais Federais – Turma de
Uniformização das decisões das turmas recursais dos Juizados Especiais
Federais – Súmula nº 9: “Aposentadoria especial. Equipamento de
proteção individual. O uso de equipamento de proteção individual
(EPI), ainda que elimine a insalubridade, no caso de exposição a ruído,
não descaracteriza o tempo de serviço especial prestado.

Finalmente, sem qualquer sombreamento de dúvida, consagram-se os requisitos


moldadores do fato gerador da aposentadoria por condições especiais consubstanciados
no limite de tolerância do NEN = 85 dB(A), que implica dose de unitária (100%),

161
UNIDADE IV │ RUÍDO

apresentados em PPP e apurados mediante LTCAT compatível com as competências


auditadas, segundo as metodologias e os procedimentos definidos nas NHO-01 da
Fundacentro. Em outras palavras, cabe única e exclusivamente adotar os parâmetros de
medição estabelecidos pelo Decreto 3.048/99, instrumentalizados pela norma NHO 01
da Fundacentro, que serve ao reconhecendo do direito pelo INSS e ao crédito tributário
pela RFB, considerando obrigatoriamente o Nível limiar de integração = 80 dB(A) e
Incremento de duplicação de dose = 3 (q = 3).

As metodologias de avaliação (integradores de uso pessoal ou portados pelo


avaliador) expressas na NHO 01 dão cabo dos parâmetros a serem rigorosamente
seguidos. Os medidores integradores, também denominados de dosímetros de ruído,
a serem utilizados na avaliação da exposição ocupacional ao ruído devem atender às
especificações constantes da Norma ANSI S1.25-1991 ou de suas futuras revisões, ter
classificação mínima IEC Tipo 2, ou superior, bem como estarem ajustados de forma a
atender aos seguintes parâmetros:

»» Circuito de ponderação - “A”.

»» Circuito de resposta = lenta (slow) ou rápida (fast), quando especificado


pelo fabricante.

»» Critério de referência = 85 dB(A), que corresponde a dose de 100% para


uma exposição de 8 horas.

»» Nível limiar de integração = 80 dB(A).

»» Faixa de medição mínima = 80 a 115 dB(A).

»» Incremento de duplicação de dose = 3 (q = 3).

»» Indicação da ocorrência de níveis superiores a 115 dB(A).

162
CAPÍTULO 4
Aplicações conforme normas
previdenciárias, tributárias e trabalhistas

Para fins dos regramentos do INSS e RFB que comandam a NHO 01 da Fundacentro
como norma mandatória, a avaliação da exposição ocupacional ao ruído contínuo ou
intermitente deverá ser feita por meio da determinação da dose diária de ruído (D)
ou do nível de exposição (NE), parâmetros representativos da exposição diária do
trabalhador. Esses parâmetros são totalmente equivalentes, sendo, possível, a partir de
um obter-se o outro, mediante as expressões matemáticas que seguem:

 480 D 
=NE 10 x log  x  + 85 dB ( A ) 
 Te 100 
NE −85
Te
D= x100 x 2 3 [%]
480

Onde: NE = nível de exposição; D = dose diária de ruído em porcentagem; TE = tempo


de duração, em minutos, da jornada diária de trabalho.

O Nível de Exposição - NE é o Nível Médio representativo da exposição diária do


trabalhador avaliado. Para, finalmente, se fazer o cotejamento com o limite de
tolerância da NHO 01 se deve determinar o Nível de Exposição Normalizado (NEN),
que corresponde ao Nível de Exposição (NE) convertido para a jornada padrão de 8
horas diárias. O Nível de Exposição Normalizado - NEN é determinado pela seguinte
expressão:

 Te 
NEN
= NE + 10 log   dB ( A ) 
 480 

Por exemplo se o medidor integrador (audiodosímetro), especificado e calibrado


conforme norma IEC Tipo II, depois de cumprido todo procedimento de significância
da amostragem, apresentar uma dose de 250% em um tempo de exposição de 240 min,
pode-se aplicar as fórmulas acima para dispor os seguintes resultados:
 480 250 
= I. NE 10 x log  x  + 85  NE = 91,99 dB(A)
 240 100 
II. NEN  240   NEN = 88,97 dB(A)
= NE + 10 log  
 480 
Se o NEN for superior a 85 dB(A) tem-se o reconhecimento da aposentadoria especial
pelo INSS ao mesmo tempo que dispara a constituição do crédito tributário consonante
à rubrica do FACET. Esse reconhecimento de face dupla se dá pela empresa via GFIP/

163
UNIDADE IV │ RUÍDO

eSocial ao consignar nos campos próprios, para cada mês-competência e por NIT, os
códigos de 25 anos e alíquotas de 6%. A empresa não declarando em GFIP/eSocial tal
fato social (NEN for superior a 85 dB(A)), obriga ao AFRFB constituir crédito tributário
correlato, por arbitramento, nos termos da IN 971/15 da RFB.

Superado esse primeiro estofo conceitual sobre o fator ruído perante disposições do
INSS e RFB, apresentam-se a seguir algumas considerações basilares ao terceiro efeito:
adicional de insalubridade regulado pelo Anexo I da NR 15 do MTb.

Adicional de Insalubridade
O Anexo I da NR 15 serve, apenas, e tão somente, para pagar adicional de insalubridade.
O Anexo IV do RPS vincula norma NHO 01 da Fundacentro, logo o Anexo I da NR 15
não se aplica à matriz tributária do FACET. Reforce-se que os critérios para constituição
do crédito tributário do FACET, bem como para concessão de aposentadoria especial
estão lá devidamente pavimentados.

Todavia, por conta da intromissão interpretativa que o Anexo I da NR 15 provoca,


faz-se necessário pacificar sobre o suporte científico e a interferência política dessa
norma de compensação monetária ao risco deliberado mediante pagamento de 20%
do salário-mínimo.

Pacificar a matéria quer dizer: evitar escapismos semânticos e ginásticas hermenêuticas


que suscitam teses mirabolantes nos tribunais tendentes a inviabilizar o reconhecimento
de direito pelo INSS e à sonegação fiscal, escamoteadas por uma norma trabalhista
obsoleta, anacrônica e matematicamente errada.

A Portaria 3.214 do MTE, no original, com 28 Normas Regulamentadoras – NR (hoje


com 37), foi publicada em 1978. Nesse bojo veio o Anexo I da NR 15 que trata de ruído,
conjuntamente aos demais anexos, mantendo-se intacto desde então, em que pesem as
brutais transformações tecnológicas, científicas e sociais nesses 40 anos, notadamente
a Promulgação da Constituição Federal de 1988. Essa portaria regulamentou o Capítulo
V da CLT, que passou a tratar da matéria de forma sistêmica e ampliada, no campo do
direito trabalhista, por força da recém-editada Lei 6.514, de 1977.

Dadas as condições prementes à época, a comissão (MTE e Fundacentro) encarregada


da regulamentação dessa lei teve por bem “importar” o estado da arte estadunidense,
traduzindo para o Brasil as normas da American Conference of Governmental Industrial
Hygiene - ACGIH em vigor em 1976. Portanto, ainda se aplica no Brasil de hoje uma
definição de insalubridade dos EUA daquela época.

164
RUÍDO │ UNIDADE IV

Critério de Referência e Fator de Dobra

Nesse mister, discorre-se a seguir sobre dois pilares que sustentam o diagnóstico e suas
consequências: o ambiente do trabalho está ou não com nível sonoro além do que se
permite à saúde humana? Esses pilares são: Critério de Referência e Fator de Dobra.

Critério de Referência (CR), conforme ISO 1999/199012, é o corte populacional (quantum


de sacrifício) que admite uma parcela de 50% da população exposta a um ambiente
ruidoso venha a desenvolver perda auditiva superior a:

»» 2 dB, na média, para frequências de 0,5, 1, 2 e 3 KHz respectivamente,


para 40 anos de exposição.

»» 1,5 dB, na média, para frequências de 0,5, 1, 2 e 3 KHz respectivamente,


para 20 anos de exposição.

»» 1 dB, na média, para frequências de 0,5, 1, 2 e 3 KHz respectivamente,


para 10 anos de exposição.

Atualmente, no Brasil, há unificação de CR e ambas as normas (Anexo I da NR 15 e


NHO 01 da Fundacentro) alinhada à norma padrão internacional ISO 1999/1990 que
corresponde: a um nível médio,85 dB(A), para o qual a exposição, por um período de 8
horas, corresponderá a uma dose de 100%.13

Está no quesito Fator de Dobra cizânia e motivo de tanta polêmica: situação esdrúxula.
O Brasil convive com dois fatores: um anacrônico e obsoleto (q=5) segundo o Anexo I
da NR 15; outro, compatível com as evidências científicas mais robustas (q=3) da NHO
01 da Fundacentro.

Para conduzir a explicação, faz-se a pergunta: por que o Anexo I da NR-15 do MTE
destoa da metodologia, procedimento e limites da NHO 01 da Fundacentro? Qual a

12 ISO-1999/1990: The statement in the occupational exposure limit that the proposed OEL (85 dB(A)) will protect the median of
the population against a noise-induced permanent threshold shift (NIPTS) after 40 years of occupational exposure exceeding
2 dB for the average of 0.5, 1, 2, and 3 kHz.
13 Curiosamente, houve um tempo que a norma previdenciária (INSS) assumiu o CR de 90 dB(A) para 8h. Até 5 de março de 1997
- véspera da publicação do Decreto nº 2.172, de 5 de março de 1997, Vigoravam os Anexos I e II do Regulamento de Benefícios
da Previdência Social - RBPS, aprovado pelo Decreto nº 83.080, de 24 de janeiro de 1979. Nessa época o limite de tolerância
para ruído é de 80 dB(A), que pela NR15, representa 50% da dose unitária, considerando o fator de dobra 5 (q=5). Dessa
forma o critério era de altíssima elegibilidade ao benefício, pois a maioria dos trabalhadores expostos a ruído alcançava esse
limite. Decreto nº 2.172, de 5 de março de 1997, até 31 de dezembro de 2003. Sob a égide desse decreto o limite de tolerância
para ruído foi majorado, passando de 80 dB(A) para 90 dB (A), que pela NR15, saindo de 50% para 200% da dose unitária,
considerando o fator de dobra 5 (q=5). Dessa forma o governo implementou uma fortíssima restrição ao acesso ao benefício.
Atualmente está em vigor o Decreto nº 4.882/2003, vigor a partir de 01 janeiro de 2004 até os dias atuais. Este Decreto faz
uma reestruturação conceitual, retificando as falhas dos decretos anteriores, ao adotar o fator de dobra 3 (q=3), a metodologia
e procedimentos da NHO 1 da Fundacentro e principalmente a definição de Nível de Exposição Normalizado - NEN com limite
de tolerância considerado igual ou acima 85 (oitenta e cinco) dB (A) ou se for ultrapassada a dose unitária. Dessa forma acabou
com o erro de duplicação de dose que adotava q = 5 e transformou uma norma recomendatória em norma mandatória para
fins de INSS e RFB, vinculando os limites de tolerância, medições, procedimentos, equipamentos, certificação e metodologia à
NHO 01 Fundacentro.

165
UNIDADE IV │ RUÍDO

origem dessa controvérsia? Respostas: basicamente porque o Anexo I da NR-15 do


MTE está obsoleto e anacrônico. Carece de atualização.

Esse Anexo I representa o estado da arte existente na ciência na década de 70 do século


passado, quando a edição da ACGIH, serviu de base à Portaria 3.214/1978 do MTE, que
aprovou as Normas Regulamentadoras - NR, e dentre elas a NR 15.

Enquanto que as normas da Fundacentro, por não dependerem e nem conterem as


amarras do tripartimos, e, portanto, menos sujeitas aos interesses empresariais,
conseguem seguir uma trajetória de atualização compatível aos avanços das ciências e
necessidades sociais. A NHO 01, por exemplo, foi editada e produz efeitos desde o ano
de 2001.

Os valores dos limites de tolerância da Portaria 3.214/1978 foram estabelecidos


com base na ACGIH-1976, que é uma entidade internacional dedicada ao estudo e à
proposição de limites para os vários agentes ambientais, os chamados Thresold Limit
Value - TLV® (Limites de exposição). Os TLV® são níveis ou concentrações a que se
acredita que a maioria dos trabalhadores possa estar exposta, dia após dia, sem sofrer
efeitos adversos à saúde (ACGIH, 1958) .

A diferença entre a definição técnica dos TLV e a definição legal dos LT é que a lei
não pode fazer distinção entre pessoas, de modo que os LT se aplicam igualmente a
todos os trabalhadores asseverando que abaixo dele todos estão protegidos. Por outro
lado, a definição técnica (TLV) não é tão rígida, permitindo que os limites de exposição
não sejam aplicados a todos os trabalhadores, devido à variação da susceptibilidade
individual, em que uma parcela poderá apresentar até uma determinada doença em
concentrações iguais ou inferiores ao LT.

Limite de Tolerância para ruído deve ser bem compreendido. Conforme o Anexo I da
NR-15 o nível máximo permitido para 8 horas de jornada diária é de 85 dB(A), o que não
significa absolutamente que o limite de exposição para ruído seja 85 dB(A),
mas, como visto, um critério de referência, quando muito um critério de
referência primário. Na verdade, o limite de tolerância para ruído varia de acordo
com o tempo de exposição.

Para entender melhor, basta analisar o dito Anexo I. O nível de pressão sonora permitido
depende do tempo de exposição, assim, para um nível de 90 dB(A) o tempo máximo
permitido de exposição será de 4 horas. Como na vida real os níveis de ruído nos locais
de trabalho são múltiplos e variados, o correto é utilizar a soma das frações de dose e,
por conseguinte, encontrar a dose diária a que o trabalhador está exposto. O parâmetro
dose pode ser obtido por meio de dosímetros de ruído ou da fórmula:

166
RUÍDO │ UNIDADE IV

Nessa equação, Cn indica o tempo total que o trabalhador fica exposto a um nível de
ruído específico, e Tn indica a máxima exposição diária permissível a este nível, segundo
o Quadro do Anexo I. A dose diária não deve ultrapassar a unidade, ou o limite
de tolerância terá sido excedido.

Segundo a Tabela 7 da TLV® da ACGIH de 1976 transposta, com adaptações, ao Anexo


I da NR – 15 da Portaria 3.214/78, a exposição diária pode ser apresentada em decibéis
ou em porcentagem, sendo que se tem como critério de referência (CR), para a jornada
de um dia de trabalho, a exposição de 8 horas a 85 dB(A), o que corresponde a uma dose
de exposição de 100%. Se a dose exceder 100%, será ultrapassado o limite de exposição
permitido.

Quadro 30. Fonte primária do Anexo I da NR – 15 da Portaria 3214/78

Nível de ruído dB (A) Máxima exposição diária permissível


80 16 horas
81 14 horas
82 12 horas
83 10 horas
84 09 horas
85 08 horas

Fonte: Tabela 7 da TLV ® da ACGIH de 1976

A versão brasileira dessa tabela foi adaptada ao Anexo I da NR – 15 inserindo mais


linhas acima 85 dB(A) e suprimindo todas as linhas abaixo disso. O acréscimo de linha
para intensidade sonora superior a 85 dB(A) foi dado pela fórmula:

16
T (h) = Lavg −80
2 5

Por exemplo, dada energia média de 92 dB(A), o tempo de exposição correspondente


será de 3 h, conforme cálculo abaixo:

16 16 16
T (=
h) 92 −80
T (=
h) 12
T (=
h) = 3h
22,4
2 5
2 5

Assim se preencheu o Anexo I da NR – 15, versão brasileira da Tabela 7 - TLV® da


ACGIH de 1976. Diz-se adaptada porque a versão brasileira fez inserção de linhas para
intensidades acima 85 dB(A) e supressão daquelas abaixo disso inexistente nos originais

167
UNIDADE IV │ RUÍDO

estadunidenses. A figura a seguir apresenta a tabela inteira aplicando a fórmula e


comparando ao que está legislado.

Tabela 21. Nível Sonoro e Tempo Máximo Permitido (Anexo 1, da NR – 15)

Nível de ruído dB(A) Tempo máximo diário permissível (Tn) (minutos) Notas
85 480,00 Critério de Referência
86 420,00
87 360,00
88 300,00
89 270,00
90 240,00
91 210,00
92 180,00
93 75,59
94 60,00
95 120,00
96 105,00 q = 5 dB(A)
98 75,00
100 60,00
102 45,00
104 35,00
105 30,00
106 25,00
108 20,00
110 15,00
112 10,00
114 8,00
115 7,00 Exposição impossível por exiguidade temporal

Fonte: Anexo I da NR 15 (adaptado)

Registre-se que a fórmula acima e o quadro retromencionado só se aplicam, se, e


somente se, o objetivo for pagamento de adicional de insalubridade. Nesse propósito,
tais combinações são altamente nefastas ao trabalhador, pois além de impor um
equivocado q=5, há ainda o descarte das cargas sonoras entre 80 dB(A) e 85 dB(A). Ou
seja, o Nível limiar de Integração é artificialmente erguido para 85 dB(A), deixando de
fora as cargas ruidosas agressivas abaixo disso.

Depreendem-se do Anexo I da NR 15 os seguintes parâmetros que estão equivocados,


quais sejam:

I. Nível limiar de integração = 85 dB(A)

II. Incremento de duplicação de dose q = 5

168
RUÍDO │ UNIDADE IV

Além da estagnação do Anexo I da NR – 15 às práticas e saberes da ACGIH de 1976,


conforme item acima, há um enorme agravante, pois, a importação que foi feita em
1978, ao se publicar a Portaria 3.214/1978, trouxe consigo vieses introduzidos por força
de compatibilização normativa, conforme se aponta a seguir:

»» A tabela original indicava Nível Limiar de Integração = 80 dB(A), que


correspondia a 16h de jornada (no máximo). Os técnicos da Fundacentro
sinalizaram com o aceite desse limite, todavia o setor jurídico do MTE
não acatou a recepção dessas essas linhas da tabela argumentando que
a carga horária máxima permitida era de 8h e não faria sentido previsão
de limites para tempos superiores. Dessa forma os tempos máximos
permitidos para exposição superiores a 80 dB(A) e inferiores a 85 dB(A)
foram simplesmente excluídos da importação14.

»» Na versão original constava a somatória de frações de dose, conforme


fórmula apresentada, cujo método é a dosimetria. Por que então isso
não ficou expresso na Portaria? O dosímetro à época era raridade aqui
no Brasil. As empresas e a fiscalização deveriam tê-lo, todavia o próprio
governo não dispunha. Daí a simplificação para uso medidor de pressão
sonora instantânea, cujo nível de erro é altíssimo. Tanto é que a própria
NHO 01 da Fundacentro o proíbe nas situações acústicas de altas variações
e multiplicidades acústicas15.

Consequência prática do descarte dos tempos máximos permitidos para exposição


inferiores a 85 dB(A) e superiores a 80 dB(A), bem como do uso de q=5, aparece com
as horas-extras, prática muito comum. Assim, se determinar ao trabalhador 4 horas-
extras a jornada de 8h, tem-se um tempo total de 12h (T=12h), submetido, por exemplo,
a uma energia média (Lavg) de 92 dB(A). Nesse caso, obtém-se:

16
T (h) = Lavg −80  operando a álgebra de logaritmos 
2 5
  16  
  16    log  12  
 log  T  = Lavg 5 x     + 80
=Lavg 5 x     + 80  
 log 2 
 log 2   
   
 
16
T (=
min ) =85 −80
8h  82 dB(A)
2 5
14 Essa exclusão implica resultados significantemente inferiores aos que seriam obtidos caso se computadas as exposições a
partir de 80 dBA.
15 Item 5.1 da NHO 01 da Fundacentro: A avaliação deve ser realizada utilizando-se medidores integradores de uso pessoal,
fixados no trabalhador. Na indisponibilidade destes equipamentos, a Norma oferece procedimentos alternativos para outros
tipos de medidores integradores ou medidores de leitura instantânea, não fixados no trabalhador, que poderão ser utilizados
na avaliação de determinadas situações de exposição ocupacional. Em cada caso deverão ser seguidos os procedimentos
de medição específicos estabelecidos na presente Norma. No entanto, as condições de trabalho que apresentem dinâmica
operacional complexa, como, por exemplo, a condução de empilhadeiras, atividades de manutenção, entre outras, ou que
envolvam movimentação constante do trabalhador, não deverão ser avaliadas por esses métodos alternativos.

169
UNIDADE IV │ RUÍDO

Assim para 12h de trabalho, tem-se um nível sonoro médio de Lavg = 82 dB(A). Como essa
energia está entre 85 dB(A) e 80 dB(A), deve ser descartada. Há aqui flagrante ofensa ao
trabalhador, com agravante de inclusive dissimular o pagamento do adicional e consigo
o direito a se aposentar mais cedo. Ademais, ataca-se o princípio constitucional da
dignidade da pessoa humana, comete-se crime de sonegação fiscal por deixar recolher
FACET à RFB, bem como o direito à redução de risco.

Esse fato se agrava mesmo quando se mantém o Lavg em 85 dB(A), pois, novamente,
basta fazer hora-extra, além das 8h, para se agredir o trabalhador sem a subsunção do
adicional de insalubridade, conforme se demonstra a seguir:

16
T (=
min ) = 85 −80
8h
2 5

Ou seja, pela fórmula acima, qualquer quantidade de tempo extra a 85 dB(A), depois
da 8h nessa condição, ultrapassa-se a dose de 100%. A desvantagem ao trabalhador se
agrava, notadamente nesse intervalo entre 85 dB(A) e 80 dB(A), pois, projetando-se
tempos para esses níveis de energia, tem-se:
16
»» Para Lavg de 83 db(A)  T (=
min ) =83−80
10h que implica o máximo de duas
2 5
horas extras.
16
»» Para níveis de Lavg na casa dos 80 dB(A)  T (=
min ) = 80 −80
8h cujo máximo
2 5

esbarra em oito extras. Assim em diante, conforme se apresenta na figura


seguinte.

Quadro 31. Carga ruidosa descartada para fins de pagamento de horas-extras

Nível de ruído dB (A) Máxima exposição diária permissível (h)


80 16
81 14
82 12
83 10
84 9
85 8

Fonte: Próprio autor (2019)

Por tudo isso, reforça-se a bifurcação necessária quanto à exegese normativa, pois
quando o objeto for pagamento de adicional de insalubridade por ruído contínuo ou
intermitente deve se aplicar Anexo I da NR 15. Apenas para este fim.

Para os demais propósitos (RFB; INSS; prevenção do meio ambiente do trabalho


e poluição ambiental em relação aos trabalhadores, bem como para pesquisa e

170
RUÍDO │ UNIDADE IV

desenvolvimento científico em todas as áreas relacionadas à saúde humana) a NHO 01


da Fundacentro é mandatória, por força do direito, quando norma superior a vincula,
tal qual o caso da RFB e INSS, assim como pela verdade científica, dado que hoje seus
procedimentos e metodologias se coadunam aos conhecimentos vigentes, coisa que
definitivamente o Anexo I da NR 15 se distanciou há muito.

As normas internacionais ANSI, NIOSH, ACGIH, inclusive de padronização, como a ISO,


há muito deixaram claro a impertinência técnica do fator de dobre q=5, demonstrando
seu despropósito científico. Fator de Dobra (q=3) adotado pelo Brasil no âmbito
previdenciário e tributário é o correto, verdadeiro.

Nesse sentido expressamente assevera a Nota do item 3.12 da ANSI_S1_25 ao


reconhecer o fator de troca de 3 dB como aquele verdadeiro ou de energia real. Por
tradução livre, tem-se16: Em geral, para fator de troca de 3 dB, que às vezes é chamado
de sistema de “energia real”, a exposição de som pode ser definida como a integral de
tempo da pressão de som instantânea elevada ao quadrado em circuito de ponderação
“A”. O tempo estimado é opcional ou não pode ser usado.

Igualmente pelo item 3.13 da ANSI_S1_25, que faz previsão expressa quanto ao
obsoletismo do q=5, ao dizer, por tradução livre17: Critério de Exposição Sonora. O
produto da duração do critério e média quadrática da pressão sonora correspondente
critério de nível sonoro quando o fator de troca de 3 dB é utilizado. O produto da
duração do critério e a potência de 0,6 ou 0,75 média quadrática da pressão sonora
correspondente ao critério de nível sonoro quando, respectivamente, é utilizado o fator
de troca de 5 dB ou 4 dB.

Eis a origem do fator de dobra q=5! Descobre-se então a origem do q=5 como uma conta
de chegada, pois decorre da aplicação de um redutor de 40% da energia verdadeira de
exposição (q=3), ou seja, conforme item acima, divide-se o verdadeiro fator de q=3 por
0,6, que dá o q=5.

Pontua-se então a afirmação de que o Anexo I da NR 15 é obsoleto, anacrônico e


matematicamente equivocado. Na avaliação do ruído, a explicação do erro passa pelo
correto entendimento sobre em que consiste o fator de dobra (q), ou exchange rate
(ER), que é de 3 dB e não de 5 dB. Para facilitar essa abordagem, faz-se uso de um
exemplo, conforme a seguir.

16 Nota do item 3.12 da ANSI_S1_25 (grifado): in general, for the 3 db exchange rate, which is sometimes called the “true
energy” sistem, sound exposure may be defined as the time integral of square instantenous A-weighted sound pressure. Time
averiging is optional, or may not be used.
17 Criterion Sound Exposure. The product of the criterion duration and the mean-square sound pressure corresponding to the
criterion sound level when the 3 dB exchange rate is used. The product of the criterion duration and the 0,6 or 0,75 power of
the mean-square sound pressure corresponding to the criterion sound level when the 5 dB or 4 dB exchange rate respectively
is used.

171
UNIDADE IV │ RUÍDO

Para se calcular o incremento em dB, quando se dobra o Nível de Intensidade Sonora


– NIS (W/m2), pode-se raciocinar que duas máquinas idealmente iguais e próximas,
com intensidade sonora (I). Tem-se a álgebra para duas máquinas, cuja intensidade
resultante, quando ligadas, passa a ser de 2I. Considere-se a fórmula:
2 I
»» Na fórmula o numerador I = 2I  dB = 10 log  I  , operando propriedade
0
2 I
logarítmica da multiplicação  dB = 10 log  I   a primeira parcela da
 0 
expressão exprime a intensidade de uma máquina ligada. Quando
acionada a segunda máquina, tem-se energia acrescida que corresponde
à segunda expressão (10 log2), que resulta em 3,010 dB como energia
total após acionamento de ambas as máquinas.

»» Arredondando, tem-se que o aumento é de três decibéis (3 dB), quando se


liga a segunda máquina. Ou seja, cada aumento/redução da intensidade
na razão de 2 (Fator 2/1), tem-se uma adição ou subtração, em decibéis,
na razão, de 3, daí se asseverar que o fator de duplicação é 3dB e que,
portanto, o Anexo I da NR 15 está matematicamente errado. Esse é o
próprio conceito de fator de dobra ou Incremento de Duplicação de Dose
(q), pois o incremento em decibéis, quando adicionado a um determinado
nível, implica a duplicação da dose de exposição ou a redução para a
metade do tempo máximo permitido.

O quadro seguinte apresenta a evolução dos parâmetros e demonstra o quão equivocada


se encontra a norma trabalhista brasileira para fins de insalubridade perante demais
referências18 e até mesmo o desprestígio à produção científica da Fundacentro, que
curiosamente está vinculada ao MTE. Com destaque para ACGIH, precursora do Anexo
I da NR 15, que nas edições subsequentes reconheceu e atualizou seus parâmetros,
conforme indica o Quadro 32.

Destaque-se que a Presidência da República, mediante decreto, vinculou e deu


caráter cogente às normas da Fundacentro quando se tratar de direito previdenciário
e tributário. Todavia, remanescem tais normas como recomendatórias no campo do
MTb.

18 Curiosidade. Faz-se um paralelo temático entre instituições estadunidenses e brasileiras: OSHA Fiscalização Vigilância
Sanitária pelo SUS e Secretaria de Inspeção do MTE; NIOSH  Pesquisa pela Fundacentro e ACGIH  Associação de
Profissionais (ABHO).

172
RUÍDO │ UNIDADE IV

Quadro 32. Referências normativas e seus parâmetros para avaliação de ruído19,20.

NHO 01 da
Anexo I da NR RFB e
Parâmetro ACGIH (1976) ACGIH (2017) Fundacentro OSHA (2017)
15 (1978) INSS
(2001)
Critério de Dose 100% 8 h Dose 100% 8 h Dose 100% 8 h Dose 100% 8h por dia Dose 100% 8 h
Referência por dia 85 dB (A) por dia 85 dB (A) por dia 85 dB (A) 85 dB (A) por dia 90 dB (A)
Fator de Troca NHO 01
5 5 3 3 5
(q ou ER)
Nível de Limiar
85 dB (A) 85 dB (A) 80 dB (A) 80 dB (A) 90 dB (A)
de Integração
Fonte: Próprio autor (2019)

Para se ter uma ideia prática do enorme prejuízo à saúde do trabalhador que a manutenção
desse Anexo I da NR 15 provoca, faz-se uso a seguir do estudo das pesquisadoras da
Fundacentro – Teresa Cristina Nathan Outeiro Pinto e Maria Cristina Esposito Silverio
– que, mediante exemplificação de campo, deixa insofismável tal assertiva. Têm-se cinco
trabalhadores de uma usina de reciclagem de entulho da construção civil, conforme
quadro:

Quadro 33. Medição de ruído em cinco trabalhadores de uma usina de reciclagem

Cargo Trabalhador
Operador de botoeira A
Separador na esteira próximo ao britador B
Motorista da pá carregadeira C
Separador de material na frente da esteira D
Ajudante na separação de material E

Fonte: Teresa e Maria Cristina (2005)

A avaliação ambiental foi realizada com dosímetros de ruído que permitiam a colocação
dos dois critérios de referência: Anexo 1 da NR 15 e da NHO 01 (Fundacentro). Como
os parâmetros utilizados eram diferentes, as doses de exposição obtidas também foram
diferenciadas, conforme demonstrado na Figura 43.

19 O INSS variou critérios no tempo, conforme a seguir: até 5 de março de 1997 - exposição for superior a oitenta dB (A); de 6 de
março de 1997, até 10 de outubro de 2001 - exposição for superior a noventa dB (A); de 11 de outubro de 2001 a 18 de novembro
de 2003 - exposição for superior a noventa dB (A); e, a partir de 01 de janeiro de 2004 - Nível de Exposição Normalizado - NEN
se situar acima de 85 (oitenta e cinco) dB (A) ou for ultrapassada a dose unitária.
20 The TLV®s used as reference by Brazilian law, was from ACGIH ®, 1976. ACGIH ® TLV’s took into account the working day
of 40 hours / week. 1978 NR’s OEL’s had to be adjusted for 48 hours / week. TLV’s had to be reduced for Brazil at that time and
were 22% lower than ACGIH due to this adjustment in 1978.

173
UNIDADE IV │ RUÍDO

Figura 43. Resultados obtidos na avaliação de cinco trabalhadores da construção civil.

5000
4500
4000
3500
3000
2500
2000
1500
1000
500
0
A B C D E
NR15 117,17 100,11 869,31 151,74 75,76
NHO01 246,3 213,78 4724,23 435,74 160,96

NR15 NHO01

Fonte: Teresa e Maria Cristina (2005)

A análise dos dados permite concluir que os cinco trabalhadores estão em situação
de risco pelo critério da NHO 01; porém o “E”, não, dada a permissividade da NR
15, que aponta dose de 75,76%. Para os cinco trabalhadores há ativação do tributo
FACET e, portanto, obrigação da empresa em recolher à RFB a quantia de 6% sobre as
remunerações, tendo os mesmos direitos a conversão de tempo para especial (25 anos),
nesse mês de trabalho declarado em GFIP/eSocial.

Além disso, todas as medidas de engenharia e administrativas devem ser tomadas para
mitigar esse ostensivo desequilíbrio ambiental, sob pena de se cometer crime doloso
de expor a risco (dolo eventual), em especial contra o trabalhador “C” que sofre um
excesso de risco de 4.624,23%21.

O disparate se acentua, quando se verifica que a empresa deixará de pagar adicional de


insalubridade ao trabalhador “E”, pois pela NR 15 a dose ficou abaixo de 100% (75,76%),
apesar da energia real, verdadeira, ser de 2,12 vezes maior e ultrapassar em 60,96%
o máximo permitido. Ou seja, ativou norma tributária e previdenciária, isentando de
alcance a trabalhista.

Detalhe marcante são as diferenças de magnitude das doses comparadas, cujas razões
entre NHO 01 (valor verdadeiro) e NR 15 (valor comprimido) mostram, respectivamente:
2,10 para “A”; 2,13 para “B”; 5,43 para “C”; 2,87 para “d” e 2,12 para “E”.

Esse exemplo prático das pesquisadoras demonstra de forma cabal o enorme prejuízo à
verdade científica e ao direito do trabalhador, com todas as consequências ambientais,
21 Código Penal. Perigo para a vida ou saúde de outrem. Art. 132 - Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e iminente:
Pena - detenção, de três meses a um ano, se o fato não constitui crime mais grave. Parágrafo único. A pena é aumentada de um
sexto a um terço se a exposição da vida ou da saúde de outrem a perigo decorre do transporte de pessoas para a prestação de
serviços em estabelecimentos de qualquer natureza, em desacordo com as normas legais. 

174
RUÍDO │ UNIDADE IV

previdenciárias, sanitárias e tributárias, sem falar é claro do mais importante: o ultraje


à dignidade da pessoa humana. Há nesse exemplo algumas explicações que maculam a
aplicação do Anexo I da NR 15:

»» Descarte das energias inferiores a 85 dB(A) e superiores a 80 dB(A), por


conta da parametrização de Nível de Limiar de Integração - NLI em 85
dB(A), na jornada normal.

»» Descarte das energias inferiores a 85 dB(A) e superiores a 80 dB(A), por


conta da parametrização de Nível de Limiar de Integração - NLI em 85
dB(A) nas horas-extras.

»» Altíssima compressão das energias de forma artificial, meramente


algébrica, via q=5, que faz com que a energia verdadeira de 4.724,63%
seja computada, falsamente, como 869,31% no caso do trabalhador “C”.
Ou seja, uma compressão descomunal de 5,43 vezes.

Tem-se então que a adoção desses dois parâmetros (NLI > 85 dB(A) e q=5) autoriza uma
fraude para muito além do direito, uma fraude científica com repercussões catastróficas
ao trabalhador. Lembrando que nos patamares ruidosos do exemplo, o marcador não é
a surdez, ainda que para ela convirja, mas a amputação, lesão, acidente e a morte, pois
os efeitos extra auditivos do ruído relacionados aos distúrbios e disfunções cardíacas,
circulatórias, hormonais, psíquicas, emocionais inevitavelmente a eles dão causam.

Por tudo até aqui exposto, o uso das fórmulas, tabelas e exemplos acima, baseados no
Anexo I da NR 15, é equivocado e não deve ser aplicado quando o objeto investigado é
a prevenção ou ainda o bem jurídico tutelado é o benefício de aposentadoria precoce
por exposição (INSS), com repercussão tributária relacionada ao FACET (RFB). Isso
porque, para tais situações, devem-se usar a norma NHO 01 da Fundacentro e seus
parâmetros, na íntegra.

175
CAPÍTULO 5
Fundamentos científicos relativos ao
ruído

O nível de ruído equivalente (Level Equivalent – Leq ou Neq) representa um nível de


ruído contínuo em dB(A), que possui o mesmo potencial de lesão auditiva que o nível
de ruído variável amostrado. A dose de ruído é uma variante do ruído equivalente, para
o qual o tempo de medição é fixado em 8 horas. A única diferença entre a dose de
ruído e o ruído equivalente é que a dose é expressa em percentagem da exposição diária
tolerada22,23.

O Leq significa o nível médio de ruído durante um determinado período de tempo,


utilizando-se o incremento de duplicação de dose “3”. A regra do princípio da
equivalência para avaliação de ruído considera que toda vez que a energia acústica em
um determinado ambiente dobra, há um aumento de três decibéis (q=3) no nível de
ruído. Por esse motivo, quando se usa a sigla Leq, subentende-se que a avaliação foi
realizada utilizando-se o Incremento de Duplicação de Dose “3”. Caso seja utilizado
outro valor de incremento, não se pode chamar o resultado de Leq.

Acessar https://www.worksafebc.com/en/resources/health-safety/books-guides/
occupational-noise-surveys?lang=en, baixar document (Occupational Noise
Surveys. Work Safe BC. April 2007), consultar página 5 (Figure 1). Verifica-se que
há equivalência de áreas sob as curvas, que a energia variável ao longo do tempo
pode ser representada pela área de um retângulo cuja ordenada, para o mesmo
tempo, é aquela que resulta a igualdade de áreas. O gráfico da esquerda apresenta
os pontos de medição das pressões instantâneas em função do tempo. A esses
pontos se ajusta uma curva que por técnicas de regressão linear, se consegue
definir uma função derivável no tempo. A área sob essa curva é apurada pela
integral dessa função, cujo valor é a dose (D). Dose, portanto, é a resultante do
somatório de intensidades variáveis ao longo do tempo, em outras palavras:
D = I x T. O gráfico da direita indica uma simplificação do da esquerda, dado
que um instrumento (audiodosímetro) com circuito integrador de pressões
instantâneas já encontrou a dose. Assim, ao invés de se trabalhar com uma área
geometricamente indefinida (ou de difícil manuseio), como o da esquerda, faz-

22 Laeq (8 h) - equivalent continuous sound for 8 hr


23 Curiosidade. Leq (Neq) e Lavg são referentes à mesma grandeza e consistem no nível médio ponderado sobre o período de
medição, que pode ser considerado como nível de pressão sonora contínuo, em regime permanente, que produziria a mesma
dose de exposição que o ruído real, flutuante, no mesmo período de tempo. Diferem quanto à fóormula devido ao fator de
q 5
dobra. Se q=3, chama-se Leq ou Neq; se q=5, Lavg. Se na formulação houver a constante 16,61 ( = = 16, 61) , ou, o numeral
Log2 Log2
5, já se sabe que se trata do q=5.

176
RUÍDO │ UNIDADE IV

se uso do retângulo, no qual, dada a dose pelo audiodosímetro, que equivale ao


valor da área, bem como o valor da base, que é o mesmo da esquerda, encontra-
se a altura do retângulo exatamente no ponto no qual se verifica a mesma área.
Esse ponto é o Leq24.

Os níveis de ruído industriais e exteriores flutuam ou variam de maneira aleatória com o


tempo e o potencial de dano à audição depende não só do seu nível, mas também da sua
duração. Para o nível de ruído contínuo, torna-se fácil avaliar o efeito, mas se ele varia
com o tempo, deve-se realizar uma dosimetria (somatória das pressões instantâneas
mediante integração da função que se ajusta à curva), de forma que todos os dados
de nível de pressão sonora e tempo possam ser analisados, inclusive possibilitando
encontrar o Leq.

A necessidade de se usar um dosímetro de ruído se deve à dificuldade de serem realizados


os cálculos integrais diferenciais à mão. Há que se combinar intensidade e tempo de
exposição. Os limites de tolerância para exposição a ruído contínuo ou intermitente são
representados por níveis máximos permitidos, segundo o tempo diário de exposição
ou, alternativamente, por tempos máximos de exposição diária em função dos níveis de
ruído existentes. Esses níveis serão medidos em dB(A), resposta lenta.

Há uma correlação entre a terminologia portuguesa e a inglesa, da qual se destacam:


Critério de Referência (CR): Criterion Level (CL); Incremento de Duplicação de Dose
(q): Exchange Rate (q ou ER); Limite de Exposição (LE): Threshold Limit Value (TLV);
Limite de Exposição Valor Teto (LE-VT): Threshold Limit Value-Ceiling (TLV-C); Nível
Equivalente (Neq): Equivalent Level (Leq); Nível Médio (NM): Average Level (Lavg) e
Nível Limiar de Integração (NLI): Threshold Level (TL).

Os limites de tolerância (Threshold Limit Value – TLV) referem-se às intensidades que


representam as condições sob as quais se acredita que quase todos os trabalhadores
possam estar expostos contínua e diariamente, com possibilidade de apresentar efeitos
adversos à saúde conforme o Critério de Referência. Os valores de TLV são
calculados para um período de 8h por dia, num total de 40h semanais, ainda que
isso traga danos para a sua saúde.

O TLV é uma média que permite flutuações em torno dela, desde que no final da jornada
de trabalho o valor médio tenha sido mantido. O TLV – TWA (Time Weight
Average) – é a intensidade média ponderada pelo tempo de exposição para a jornada

24 O Lavg significa Nível Médio (Average Level) representa a média do nível de ruído durante um determinado período de
tempo, utilizando-se qualquer incremento de duplicação de dose, com exceção do “3”. O anexo I da NR-15 não especifica qual
o incremento de duplicação de dose utilizado para o cálculo dos limites de tolerância estabelecidos, porém, após a análise da
tabela, verifica-se que toda vez que há um aumento de 5 decibéis em determinado nível, o tempo de exposição cai pela metade,
concluindo-se assim, que os limites da legislação brasileira foram definidos utilizando-se o incremento de duplicação de dose
“5”.

177
UNIDADE IV │ RUÍDO

de 8h/dia, 40h/semana, à qual praticamente todos os trabalhadores podem se expor,


repetidamente, sem apresentar efeitos nocivos. Representa a média ponderada do nível
de pressão sonora para uma jornada de 8 horas. É importante salientar que o TWA só
pode ser utilizado se o tempo de medição for exatamente 8 horas.

Leq, Lavg ou TWA? Nem sempre eles são sinônimos. Qual é a diferença entre Lavg
e TWA? Lavg é o nível médio de som durante o tempo de execução de sua amostra.
Exemplo, para medição por 30 minutos, Lavg é o nível médio de som durante esse
período. O TWA assume sempre um tempo de execução de 8 horas.

Qual é a diferença entre Leq e o Lavg? Lavg utiliza q = 5; Leq, q = 3. Como é muito
frequente haver confusões e uso indevidos de fórmulas em aplicações práticas, faz-se
necessário apresentar as duas abordagens que dependem da forma pela qual se avalia o
ambiente. Essas duas abordagens dependem do fator de dobra (q).

Todas as fórmulas relacionadas ao Anexo 1 - NR-15 estão baseadas em q=5. Enquanto


pela NHO 01 em q=3. As tabelas de TLV são montadas a partir da fórmula geral (para
qualquer q) abaixo do TWA25, cujos parâmetros são: exposição limite de 85 dB(A);
jornada de 8h; 100% de dose. Apresentam-se a seguir essas formulações para ruído
contínuo e intermitente a partir da equação fundamental:

q  1 t1 p ( t ) ( 20.log 2) /q 
Neq
= TWA
= x log  ∫ dt 
Log2 T t0 p2
 0 

Onde: TWA = ruído médio ponderado no tempo; p(t) = pressão em cada instante t; T
= tempo total da medição; Po = pressão referência (2 x 10-5 Pa) e q = fator de dose ou
dobra.

Percebe-se que quando q=3, a fórmula se reduz a:

3  1 t1 p ( t ) ( 20.0,30 ) /3
( 20.0,30 ) /3  
Neq TWA
= = 3 x log  1∫ t1 p ( t ) dt 
= = 0,30 x log T ∫t 0 p 2
Neq TWA 2 dt 
0,30  T t 0 p0 0 
 
 1 t1 p ( t ) ( 2()2) 
Neq
= TWA= 10 x log  1∫ t1 p 2( t ) dt 
Neq = 10 x log T ∫t 0 p 2
= TWA dt 
 T t 0 p0 0 
 

25 Time-weighted average (TWA). Média ponderada no tempo (TWA): A média dos níveis de exposição diferentes,
durante um período de exposição. Para o ruído, tendo em conta um limite de exposição de 85 dBA e uma taxa
de câmbio de 3 dB, o TWA é calculado de acordo com a seguinte fórmula: TWA = 10,0 x Log(D/100) + 85,
onde D = dose. Equivalent continuous sound level. Nível sonoro contínuo equivalente: 10 vezes o logaritmo na
base dez da proporção de tempo-mean-square instantânea de pressão sonora, durante um intervalo de tempo
determinado T, ao quadrado da pressão sonora do padrão de referência. Unidade, dB; respectivas abreviações,
TAV e TEQ; símbolos, LAT e LAeqT (ANSI S1.1-1994: tempo-média nível sonoro; nível sonoro contínuo equivalente
de intervalo de tempo; intervalo de tempo equivalente contínuo ponderação a nível de pressão sonora; nível
sonoro contínuo equivalente).

178
RUÍDO │ UNIDADE IV

Esta última formula é exatamente a definição de Nível Equivalente - Neq da NHO 01.
Tem-se, portanto, que para q=3 o TWA = Neq, assim entendido o nível médio baseado
na equivalência de energia.

Onde: Neq = nível de pressão sonora equivalente referente ao intervalo de integração


(T = t2 – t1); p(t) = pressão sonora instantânea e p0 = pressão sonora de referência, igual
a 20 μPa.

Aplicando o Neq por integração das pressões instantâneas no tempo de exposição


(somatório de áreas infinitesimais), dada pela fórmula:

 1 t1 
Neq = 10 x log  ∫ 10( NPSt /10) dt 
T t 0

Sendo, NPSt = nível de pressão sonora no instante t em dBA e T = período de medição


em segundos. Como aplicação tem-se um exemplo de Neq calculado para as seguintes
exposições de ruído que totalizam 45 segundos:

Quadro 34. Situação NPS

Situação dB(A) Tempo (s)


NPS 1 90 10
NPS 2 80 20
NPS 3 85 15

Fonte: Próprio autor (2019)

 1   90   80 
 
 85  
  
=Neq 10 x log  10 + 10 =
 10   10 
+ 10 10    90,81 dB ( A )
 3   

Ao se adotar o q=3, a fórmula do Neq se simplifica, pois se substitui a constante de 16,61


por 10,00, devido ao termo q ( 3 = 10, 00) , que assim se formula:
Log2 0,30

D x8
=Leq 10 x log( ) + 85
T

Sendo D em %, lido no audiodosímetro, dividido por 100; e T em horas.

Resultados do Leq para medições de 8 horas:


2 x8
=
»» Para dose = 200%, tem-se L eq 10 x log(= ) + 85 88 dB ( A ) .
8
4 x8
»» Para dose = 400%, tem-se
= Leq 10 x log(= ) + 85 91 dB ( A ) . Assim
8
por diante.

179
UNIDADE IV │ RUÍDO

Dessa forma se montou a Tabela da NHO 01. Esse Leq basicamente é o NE da NHO
01. Neste momento é importante que o leitor pesquise a NHO 01 da Fundacentro para
melhor apropriar-se. Todavia, adiantam-se alguns comentários que ajudarão na
aplicação do conhecimento. Verifique a Tabela 22. A NHO 01 da Fundacentro seguiu
a modelagem acima da ANSI S12.19, que adotou o q=3 e NLI = 80 dB(A), tendo a
seguinte expressão como base, considerando D (%), dose em percentual:

Observe-se que o fator “q”, não consta da fórmula, mas foi considerado na constante
numérica
q 10, uma vez que a mesma é obtida da primeira parcela da equação fundamental:
q 5
Log2 . Assim aplicando q=3, tem-se ( = ) que resulta em 10. Assim, para
situação de jornada com: Log2 Log2

»» D = 100%, tem-se: TWA = 85 + 10 x log [(100/100)]  TWA = 85


+ 10 x log 1  TWA = 85 dB (A).

»» D = 1.000%, tem-se: TWA = 85 + 10 x log [(1000/100)]  TWA =


85 + 10 x log 10  TWA = 95 dB (A).

»» D = 10.000%, tem-se: TWA = 85 + 10 x log [(10000/100)]  TWA =


85 + 10 x log 100  TWA = 105 dB (A).

»» D = 100.000%, tem-se: TWA = 85 + 10 x log [(100000/100)]  TWA =


85 + 10 x log 1000  TWA = 115 dB (A).

Dessa sequência matemática é que se construiu a Tabela da NHO 01 da Fundacentro,


para cada uma das situações acústicas abaixo indicadas:

Tabela 22: Nível de ruído em dB(A) e Tempo máximo diário permitido (min) pela NHO 01

Nível de ruído Tempo máximo diário


dB(A) permissível (Tn) (minutos)
80 1.523,90
81 1.209,52
82 960,00
83 761,95
84 604,76
85 480,00
86 380,97
87 302,38
88 240,00
89 190,48
90 151,19
91 120,00
92 95,24

180
RUÍDO │ UNIDADE IV

93 75,59
94 60,00
95 47,62
96 37,79
97 30,00
98 23,81
99 18,89
100 15,00
101 11,90
102 9,44
103 7,50
104 5,95
105 4,72
106 3,75
107 2,97
108 2,36
109 1,87
110 1,48
111 1,18
112 0,93
113 0,74
114 0,59
115 0,46

Fonte: NHO 01 - Fundacentro

Tomando 85 dB(A) como referência com 480 min, tem-se uma progressão linear à razão
de 3dB. Ou seja, a cada redução à metade do tempo, permite-se um incremento de 3dB
na intensidade. Assim, para Nível de Ruído dB(A) – 85  Máxima Exposição Diária
Permissível  480 min; 88  240min; 91  120min; 94 60min; 97 30min; 100
15min; 103 7,5min; 1063,75min; 109 1,87min; 112 0,93min e 115 0,46min. A
partir deste ponto é risco grave e iminente.

Então 3 dB é quanto se incrementa a intensidade quando se reduz à metade o tempo


de exposição, certo? Assim o fator de dobra (q) = 3 dB. Em outras palavras, para dose
(D) constante unitária (100%) que é o Limite de Tolerância, verificada em cada uma das
linhas da tabela, equivalem a D=1.

Considerando a dose igual ao produto intensidade pelo tempo de exposição, (D=Int x


Tempo), tem-se que para Dose constante, cai intensidade e sobe tempo de exposição na
mesma proporção (e vice-e-versa). Dada a Dose = Intensidade x Tempo de Exposição.
Por definição, as normas brasileiras (INSS, RFB, MTE-NR15) definiram a dose unitária
(D=1) para situações nas quais haja mais de uma condição acústica. Com esse requisito
foi estruturada a tabela de Limites de Tolerância.

181
UNIDADE IV │ RUÍDO

A tabela seguinte apresenta a evolução das doses diárias quando se considera o nível
médio por equivalência de energia pelos critérios adotados pela NHO 01, segundo a
ANSI S12.19-1996, quais sejam:

Tabela 23. Evolução das doses diárias segundo a ANSI S12.19-1996

Dose (%) dB(A) Dose (%) dB(A) Dose (%) dB(A)


20 78 5000 102 20.000.000 138
50 82 10000 105 26.000.000 139
100 85 100.000 115 30.000.000 139,8
500 92 1.000.000 125 32.500.000 140,1
1000 95 10.000.000 135    

Fonte: ANSI/ASA S12.19-1996 (R2011)

Pela evolução acima exposta, fica evidente o caráter excepcional de prejudicialidade


do Anexo I da NR 15. Basta verificar que a carga real, verdadeira, é bastante superior
ao que esse Anexo estabelece. Fica claro mais uma vez que o disparate entre o correto
(NHO 01) e o politicamente imposto (NR 15 – Anexo I), pois para mesmo nível sonoro
há duas durações máximas de exposição. Por exemplo, para 95 dB(A) o máximo é 47,62
min, porém a NR 15 eleva para 120 min.

Em termos de dose, derruba de 1.000 % (verdadeira) para apenas 400% (irreal). Por
isso é tão importante conhecer e saber aplicar o fator de dobra, mas principalmente
determinar o escopo e vigência de cada um. Destoando da carga verdadeira, o Brasil,
via Anexo I da NR 15, adotou o q=5 em 1978, e ainda mantém, para fins de adicional
de insalubridade, constituindo-se em um caso à parte, excepcional mesmo, cuja
equacionamento, derivado da equação fundamental, sofre alguns ajustes para acomodar
o q=5, conforme abaixo:
  D 
Neq = TWA = 80 + 16, 61 x log (9, 6 x  
  T 
Com D (%), dose em percentual; T (min) = tempo da medição em minutos; e, 9,6 é
constante que considera 480 min, dividido 100, vezes 2.

Observe-se que o fator “q”, não consta da fórmula, mas foi considerado na constante
numérica 16,61, uma vez que a mesma é obtida da primeira parcela da equação
q
fundamental: . Assim, aplicando q=5, tem-se ( q = 5 ) que resulta na
Log2 Log2 Log2
constante 16,61. Assim, para situação de jornada:

»» Com T = 8h (480 min) e D = 100%, tem-se: TWA = 80 + 16,61 x log [9,6


x (100/480)]  TWA = 80 + 16,61 x log 2  TWA = 85 dB (A).

182
RUÍDO │ UNIDADE IV

»» Com T = 4h e D = 100%  = 80 + 16,61 x log [9,6 x (100/240)]  TWA


= 80 + 16,61 x log 4  TWA = 90 dB (A).

»» Com T = 1h e D = 100%  TWA = 80 + 16,61 x log [9,6 x (100/60)] 


TWA = 80 + 16,61 x log 16  TWA = 100 dB(A).

»» Com T = 7min e D = 100%  TWA = 80 + 16,61 x log 137,28 = 80 + 35,5


 TWA = 115 dB(A).

Dessa sequência matemática é que se construiu o Anexo I da NR 15, para cada uma das
situações acústicas abaixo indicadas:

Tabela 24. Anexo I da NR 15 do MTb

Nível de ruído dB (A) Máxima exposição diária permissível


85 8 horas
86 7 horas
87 6 horas
88 5 horas
89 4 horas e 30 minutos
90 4 horas
91 3 horas e trinta minutos
92 3 horas
93 2 horas e 40 minutos
94 2 horas e 15 minutos
95 2 horas
96 1 hora e 45 minutos
98 1 hora e 15 minutos
100 1 hora
102 45 minutos
104 35 minutos
105 30 minutos
106 25 minutos
108 20 minutos
110 15 minutos
112 10 minutos
114 8 minutos
115 7 minutos

Fonte: Anexo I da NR 15/MTE

Dado o Nível Equivalente (NE para NHO 01 e Lavg para NR 15), a partir da dose
aferida via audiodosímetro, encontra-se o tempo máximo permitido para cada situação
acústica, aplicando as fórmulas abaixo, para q=3 e q=5, respectivamente. Para decidir
qual fórmula aplicar, basta identificar nas equações abaixo aquelas com o número 3,
pois essas serão da NHO 01; e número 5, pela NR 15.

183
UNIDADE IV │ RUÍDO

Exercício Resolvido 1

Com essa formulação e considerando, por exemplo, um ambiente industrial no qual há


três situações acústicas ruidosas bem definidas cujos perfis de exposição apresentam
níveis médios de: 88,57 dB (A) para 60 minutos de tempo de exposição diária; 92,32
dB(A), 60 min; 84,33 dB(A), 360 minutos. Dado esse cenário, pede-se que:

Cálculo pela Dose pela NHO 01.

Cálculo da Dose pela NR 15.

Cálculo do NE e NEN pela NHO 01.

Cálculo do Lavg NR 15.

Deve-se pagar o Financiamento da Aposentadoria Especial – FACET à RFB?

Deve-se pagar Adicional de Insalubridade?

Discussão.

1º Passo. Encontrar os tempos máximos permitidos para cada situação acústica,


considerando a troca q=3 e q=5.

Para q=3, aplicando a fórmula , tem-se:

»» 84,33 dB(A)  560,37 min;

»» 88,57 dB(A)  210,39 min e

»» 92,32 dB(A)  88,46 min;

184
RUÍDO │ UNIDADE IV

»» Para q=5, aplicando a fórmula , tem-se:

»» 84,33 dB(A)  526,72 min;

»» 88,57 dB(A)  292,62 min e

»» 92,32 dB(A)  173,99 min;

Faz-se necessário somar as frações de dose, compondo as três situações acústicas,


respeitando os tempos máximos permitidos, acima calculados, conforme a fórmula:

»» Para q=3, nos termos da NHO 01, aplicando os tempos de exposição pelos
tempos máximos permitidos, se encontra a dose:
360 60 60
»» + + = 1,6059, que representa uma dose de 160,59%
560,37 210,39 88, 46
»» Para q=5, nos termos do Anexo I da NR 15, aplicando os tempos de
exposição pelos tempos máximos permitidos, se encontram duas doses:
360 60 60
+ + = 1,2334, que representa uma dose de 123,34%, considerando
526, 72 292, 62 173,99 60 60
a carga acústica inferior a 85 dB(A) ou = + 0,5499, que representa uma
292, 62 173,99
dose de 54,99%, na hipótese altamente restritiva, uma vez que desconsidera a carga
acústica inferior a 85 dB(A).

Como visto nesta obra, o descarte das energias inferiores a 85 dB(A) não é razoável,
portanto, assinalamos como valor correto, pela NR 15, a dose de 123,34%. Todavia,
registre-se que ao fazer esse descarte, suprimindo a carga relativa à primeira a situação
(84,33 dBA), tem-se uma dose de 54,99%.

2º Passo. Com essa base é possível responder às questões seguintes:

a. DNHO = 160,59%

b. DNR15 = 123,34%

NE = 10x log (480/T x Dose/100) + 85  NE = 10x log (480/480 x 160,59/100) +85


 NE = 10 x log (1,6059) + 85  NE = 2,05 + 85  NE = 87,05 dB (A). NEN = 87,05 +
10.log (480/480)  NEN = NE = 87,05 dB (A)

Lavg(NR15) = 80 + 16,61 x log (0,16 x D (%) / T (h))  considerando a Dose de 123,34% 


80 + 16,61 x log (0,16 x 123,34/8) = 86,51 dB(A). Considerando a Dose de 54,99%  80
+ 16,61 x log (0,16 x 54,99/8) = 80,59 dB(A).
185
UNIDADE IV │ RUÍDO

Deve-se pagar o Financiamento da Aposentadoria Especial – FACET à RFB?

FACET, sim, pois de acordo com o Anexo IV do Regulamento da Previdência


Social, aprovado pelo Decreto nº 3048, de 1999: «2.0.1 (...) a) exposição a Níveis
de Exposição Normalizados (NEN) superiores a 85 dB(A).», combinado com IN no
971/2009 da RFB, art 279. Neste caso, temos que o NEN calculado é de 86,7dB(A),
portanto deve-se pagar o Financiamento de aposentadoria especial no valor de 6%
da remuneração bruta do trabalhador exposto a esse ruído para fins de precocidade
da aposentadoria na proporção de 1 para 4, ou seja de 40 dias para grupo de 100
dias submetido a ruídos além dose máxima de 100% (NEN de 85 dB(A).

Deve-se pagar Adicional Insalubridade, pois para 8h de exposição, a dose (123,34%)


ficou superior à unidade, que equivale a pagar 20% do salário mínimo ao trabalhador
agredido acusticamente.

Discussão

Assevera-se que pelo Anexo 1 da NR 15, com aplicação reduzida pelo descarte das cargas
inferiores a 85 dB(A) a dose (DNR15 = 54,99% e Lavg de 80,69 dB(A)] há um enorme
prejuízo ao trabalhador, dado o escancarado disparate de apuração de dose para as
mesmas situações acústicas. A situação acústica (84,33 dB (A)) não é capturada, pois
como não está listada naquele anexo 1, pressupõe-se erroneamente que a exposição
possa ir ao infinito, quando em verdade poder-se-ia se expor até 526,72 min. Além
disso, como já visto, a NR 15 por adotar fator de dobra (q) igual a cinco, faz com que
a dose apurada seja 54,99% e reduzida a praticamente um terço da real. Equívoco
que persiste desde 1977 até os dias atuais por conta do viés ideológico, que mesmo
adotando essa conta errada, tem-se que se ao se ultrapassar a dose máxima, paga-se
uma 20% do salário-mínimo: verdadeiro estímulo à agressão e lesão corporal. Percebe-
se neste caso (160,59% dividido por 54,99%) que a dose real, e correta, é quase três
vezes aquela fictícia, e errada, calculada pela NR15, com aplicação reduzida. Mesmo
mitigando, ainda assim, se percebe neste caso (160,59% dividido por 123,34%) que a
dose real, e correta, é quase 30% superior àquela fictícia, e errada, calculada pela NR15,
com aplicação inclusiva. Reafirma-se aqui que não há no Anexo I da NR 15 nenhuma
determinação expressa de supressão das cargas inferiores a 85 dB(A) e superiores a
80 dB(A), além do raciocínio ilógico e irracionalidade física dessa exclusão, motivos
pelos quais se deve proceder ao cálculo do somatório das frações de dose com essas
cargas, mitigando assim, ainda que de forma residual, o desvio promovido pela NR 15
da verdadeira situação acústica a qual se subordina o trabalhador.

186
RUÍDO │ UNIDADE IV

Exercício Resolvido 2

Qual é o limite de tolerância para jornada com 4 horas-extras acima de 8 horas.

a. para receber adicional insalubridade? Considerando a seguinte fórmula


16
que embasa a NR 15, T= ( min ) Lavg −80 → L= 5x [log(16/T)/log2] + 80, tem-
se que para 12h de trabalho: L=2 55x [log(16/12)/log2] + 80. L= 82 dB(A).

b. para fazer jus a aposentadoria especial e recolher FACET_25_6%? Para


12h de trabalho no limite de dose a 100%, considerando a seguinte
D x8
fórmula que embasa a NHO 01, tem-se:
= Leq 10 x log( ) + 85 = 10 x [log
T
(100 x 8/12 x 60) + 85. L= 83,23 dB(A).

c. Discussão. Percebe-se que a variável “hora-extra” é decisiva para o


equilíbrio do meio ambiente do trabalho, podendo quando existir,
sem qualquer mudança ambiental, tudo mais constante, tornar o
ambiente insalubre e ensejar pagamento de adicional e recolhimento de
FACET_25_6%. Para isso basta na execução das horas-extras, atingir
82 dB(A) para o período de 12h ou 83,23 dB(A para se determinar os
respectivos pagamentos. Outra forma de enxergar este exercício é usá-lo
como chave fim-de-curso, ou seja, as horas extras seriam limitadas pelo
NE ou Lavg ambiental.

Exercício Resolvido 3

O mecânico de manutenção possui o seguinte perfil de exposição ao ruído


na zona auditiva: 88 dB (A) para 1 hora de tempo de exposição diária; 92
dB(A), 1 hora; 84 dB(A), 6 horas.

a. Calcule a Dose pela NHO 01

b. Calcule o NE e NEN pela NHO 01

c. Calcule a Dose pela NR 15

d. Calcule o Lavg NR 15

e. Deve pagar o Financiamento da Aposentadoria Especial – FACET à RFB?

f. Deve-se pagar Adicional de Insalubridade?

g. Discussão.

187
UNIDADE IV │ RUÍDO

Resposta: Intensidade x tempo de máximo permitido de exposição  88 dB – 60min;


92 dB – 60 min; 84 dB – 360 min. Dose pela NHO 01. Consultando a NHO 01, têm-se os
tempos de máximos permitidos de exposição por nível sonoro para 88, 92 e 84 dB(A),
respectivamente: 240; 95,24 e 604,76 min. Aplicando na soma das frações parciais de
dose:

DNHO = 60/240 + 60/95,24 + 360/604,76  DNHO = 0,25+0,63+0,60  DNHO =


1,48 x 100  DNHO = 148%

NE e NEN pela NHO 01  NE = 10x log (480/480 x 148/100) +85  NE = 10 x log


(1,48)+85  NE = 1,7 + 85  NE = 86,7 dB (A) ; NEN = 86,7 + 10.log (480/480) 
NEN = 86,7 + 10.log 1  NEN = 86,7 dB (A)

Dose pela NR15

Necessário se faz suprir a tabela da NR 15 Anexo 1, com os valores até o limite inferior da
integração, 80 dB (A). Assim, operando a projeção de resultados, preenche-se a tabela
16
da NR 15. Então, com q=5, para Lavg de 84 db(A), tem-se: T (= min ) = 84 −80
9h ; para 83
16
10h ; (...) para 80 dB(A) 16h, assim em diante,2 conforme abaixo:
5
db(A), T (=
min ) =
83−80
2 5

Tabela 25. Nível de ruído dB (A) e duração permissível

Nível de ruído dB (A) Máxima exposição diária permissível


80 16 horas
81 14 horas
82 12 horas
83 10 horas
84 09 horas
85 8 horas

Fonte: Próprio autor (2019)

Calculando a Dose pela NR15, considerando a situação de 84 dB(A), tem-se: DNR15 =


1/5 + 1/3 + 6/9  DNR15 = 0,2 + 0,33 + 0,66  1,196  DNR15 = 119,6%.

Lavg pela NR15  Lavg = 80+16,61 log (0,16 D/T). Sendo, T = tempo de amostragem
(horas decimais) e D = contagem da dose (porcentagem). Lavg = 80+ 16,61. Log (0,16.
119,6/8)  Lavg = 86,29 dB(A).

Deve-se pagar adicional insalubridade - AIns, pois para 8h de exposição, a intensidade


em níveis médios ficou além de 85 dB(A), que equivale a pagar 20% do salário mínimo
ao trabalhador agredido acusticamente.
188
RUÍDO │ UNIDADE IV

FACET, sim, de acordo com o Decreto Nº 4.882 - de 18 de novembro de 2003 - DOU


de 19/11/2003. O Art. 2º do Anexo IV do Regulamento da Previdência Social, aprovado
pelo Decreto no 3.048, de 1999, dispõe: “2.0.1 (...) a) exposição a Níveis de Exposição
Normalizados (NEN) superiores a 85 dB(A)”, combinado com IN 971/09 da RFB, art.
279. Neste caso, temos que o NEN calculado é de 86,7 dB(A), portanto deve-se pagar
o Financiamento de aposentadoria especial no valor de 6% da remuneração bruta
do trabalhador exposto a esse ruído para fins de precocidade da aposentadoria na
proporção de 1 para 4, ou seja de 40 dias para grupo de 100 dias submetido a ruídos
além dose máxima de 100% [NEN de 85 dB(A)].

Assevera-se que pela NR 15 – Anexo 1 [DNR15 = 53% e Lavg de 71,36 dB(A)] há um


enorme prejuízo ao trabalhador dado o escancarado disparate de apuração de dose para
as mesmas situações acústicas. A 3ª situação acústica (84 dB (A)) não é capturada, pois
como não está listada naquele anexo 1, pressupõe exposição ao infinito, quando em
verdade poder-se-ia se expor até 604,76 min. Além disso, como já visto, a NR 15 por
adotar fator de dobra (q) igual a cinco, faz com que a dose apurada seja 60% (5/3) da
real. Um absurdo, que persiste desde 1977 até os dias atuais, por conta do viés ideológico
capitalista, que mesmo por essa conta caolha, ao se ultrapassar a dose máxima, paga-se
uma ninharia: verdadeiro estímulo à agressão e lesão corporal. Percebe-se neste caso
(148% dividido por 53%) que a dose real e correta é quase três vezes aquela fictícia e
errada calculada pela NR15. Essa é a prova que o EST só deve usar a NR 15, apenas e
tão-somente, para fins de pagamento de adicional de insalubridade. Para tudo mais,
deve-se usar a NHO 01, que neste caso apropriou corretamente: DNHO = 148% e NEN
= 86,7 dB (A).

189
CAPÍTULO 6
Ruído de impacto

A determinação da exposição ao ruído de impacto ou impulsivo deve ser feita por meio
de medidor de nível de pressão sonora operando em “Linear” e circuito de resposta
para medição de nível de pico. Neste critério o limite de exposição diária ao ruído de
impacto é determinado pela expressão a seguir:

Onde: Np = nível de pico, em dB (Lin), máximo


admissível; n = número de impactos ou impulsos ocorridos durante a jornada diária de
trabalho. Os valores apresentados a seguir, com base na expressão anterior, indicam a
correlação entre os níveis de pico máximo admissíveis e o número de impactos ocorridos
durante a jornada diária de trabalho, extraída a partir da expressão de determinação do
limite de exposição diária ao ruído de impacto.

Tabela 26. Níveis de pico máximo admissíveis em função do número de impactos

Np n Np n Np n
120 10000 127 1995 134 398
121 7943 128 1584 135 316
122 6309 129 1258 136 251
123 5011 130 1000 137 199
124 3981 131 794 138 158
125 3162 132 630 139 125
126 2511 133 501 140 100

Fonte: NHO 01 - Fundacentro

Quando o número de impactos, ou de impulsos diários, exceder a 10.000 (n > 10.000),


o ruído deverá ser considerado como contínuo ou intermitente. O limite de tolerância
valor teto para ruído de impacto corresponde ao valor de nível de pico de 140 dB(Lin).
O nível de ação para a exposição ocupacional ao ruído de impacto corresponde ao valor
Np obtido na expressão acima, subtraído de 3 decibéis → (Np –3) dB.

190
Considerações finais

O Brasil tem uma grave situação de ocorrência de doenças e acidentes do trabalho. De


acordo com o Anuário Estatístico da Previdência Social de 2017, nos anos de 2015, 2016
e 2017 tivemos algo como 600 mil acidentes e doenças do trabalho.

Foram gerados cerca de 9 mil inválidos e inúmeras mortes anualmente relacionados a


esses acidentes e doenças.

São perdas humanas incalculáveis e perdas bilionárias para nação.

A H.T tem um papel fundamental na melhoria deste quadro estatístico, demandando


profissionais que conheçam bem o assunto, para a implantação das ações
prevencionistas.

Este caderno abordou aspectos essenciais dos fatores de riscos físicos que dão base a
essas ações.

Muito há o que se fazer! Muito há o que se estudar! Muito há o que se aprender!

Sucesso a vocês nesta difícil, mas promissora caminhada!

Saudações prevencionistas!

191
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Suter (1992) also concluded that the 3 dB(A) exchange rate was the method most firmly
supported by the scientific evidence now available. Some key arguments summarized
were: 1. TTS2 (TTS measured 2 minutes after exposure) is not a consistent measure
of the effects of a single day’s exposure to noise, and the NIPTS after many years may
be quite different from the TTS2 produced at the end of an 8-hour day. Research has
failed to show a significant correlation between TTS and PTS, and the relationships

196
REFERÊNCIAS

between TTS, PTS, and cochlear damage are equally unpredictable. 2. Data from animal
experiments support the use of the 3 dB(A) exchange rate for single exposures of various
levels within an 8-hour day. But there is increasing evidence that intermittency can be
beneficial, especially in the laboratory. However, these benefits are likely to be smaller or
even non-existent in the industrial environment where sound levels during intermittent
periods are considerably higher and where interruptions are not evenly spaced. 3. Data
from a number of field studies correspond well to the equal-energy rule. 4. CHABA’s
assumption of the equal temporary effect theory is also questionable in that some of
the CHABA-permitted intermittent exposures can produce delayed recovery patterns
even though the magnitude of the TTS was within “acceptable” limits, and chronic,
incomplete recovery will hasten the advent PTS. The CHABA criteria also assume
regularly spaced noise bursts, interspersed with periods that are sufficiently quiet to
permit the necessary amount of recovery from TTS. Both of these assumptions fail to
characterize noise exposures in the manufacturing industries, although they may have
some validity for outdoor occupations, such as forestry and mining. Por tradução livre
do autor: Suter (1992) concluiu que o fator de 3 dB (A) era o método mais firmemente
suportado pela evidência científica agora disponível. Alguns dos principais argumentos
resumidos foram:

1. O TTS2 (TTS medido 2 minutos após a exposição) não é uma medida consistente dos
efeitos de uma exposição de um dia ao ruído e o NIPTS, pois após muitos anos pode
ser bastante diferente do TTS2 produzido no final de um dia de 8 horas. A pesquisa
não mostrou correlação significativa entre TTS e PTS, e as relações entre TTS, PTS e
danos cocleares são igualmente imprevisíveis. 2. Os dados de experiências com animais
apoiam o uso do fator de troca a 3 dB (A) para exposições únicas de vários níveis dentro
de um dia de 8 horas. Mas há evidências crescentes de que a intermitência pode ser
benéfica, especialmente no laboratório. No entanto, esses benefícios provavelmente
serão menores ou mesmo inexistentes no ambiente industrial onde os níveis de som
durante os períodos intermitentes são consideravelmente maiores e onde as interrupções
não estão uniformemente espaçadas. 3. Os dados de uma série de estudos de campo
correspondem bem à regra de energia igual. 4. O pressuposto de CHABA da teoria do igual
efeito temporário também é questionável em que algumas das exposições intermitentes
permitidas por CHABA podem produzir padrões de recuperação atrasados, embora
a magnitude do TTS esteja dentro dos limites “aceitáveis” e a recuperação crônica e
incompleta acelerará a chegada do PTS. Os critérios CHABA também assumem razões de
ruído regularmente espaçados, intercalados com períodos suficientemente silenciosos
para permitir a quantidade necessária de recuperação de TTS. Ambos os pressupostos
não caracterizam a exposição ao ruído nas indústrias de manufatura, embora possam
ter alguma validade para ocupações ao ar livre, como a silvicultura e a mineração.

197
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risk assessment reaffirms support for the 85-dBA REL. The excess risk of developing
occupational noise-induced hearing loss (NIHL) for a 40-year lifetime exposure at the
85 dBA REL is 8%, which is considerably lower than the 25% excess risk at the 90 dBA
permissible exposure limit currently enforced by the Occupational Safety and Health
Administration (OSHA) and the Mine Safety and Health Administration (MSHA).
Tradução livre: O NIOSH recomendou o limite de exposição (REL) de 85 dBA para a
frequência audiométrica da exposição ao ruído ocupacional na definição de deficiência
auditiva. A nova avaliação de risco reafirma o suporte para o REL de 85 dBA. O excesso
de risco de desenvolver perda auditiva induzida pelo ruído ocupacional (NIHL) para
uma exposição de vida de 40 anos no REL de 85 dBA é de 8%, o que é consideravelmente
menor do que os 25% no limite de exposição admissível de 90 db, atualmente aplicado
pela OSHA e a Administração da Segurança e Saúde das Minas (MSHA).

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Figura 16: Fonte: https://www.grund-wissen.de/physik/_downloads/federpendel.svg

Figura 17: Fonte: https://physikunterricht-online.de/wp-content/uploads/2014/10/


Kreisbewegung_Harmonische-Schwingung.jpg.

Figura 18: Fonte: https://slideplayer.com.br/slide/3626390/

Figura 20: Fonte: https://www.qiaj.jp/pages/frame20/images/fig21-01_1-e-240x160.


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Figura 21: Fonte: https://www.researchgate.net/profile/Jose_Mendes_Junior/


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1-a-Sensor-piezoeletrico-comercial-b-as-acoes-impostas-ao-sensor-e-em-c-a.png.

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Figura 23: Fonte: NHO 09 da Fundacentro.

Figura 24: Fonte: NHO 09 da Fundacentro.

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