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Ciência&Vida
TOCQUEVILLE:
INSTRUIR A
DEMOCRACIA
DEVERES DE
ADAPTAÇÃO E
MUDANÇA DOS
GOVERNOS
PARA PRESERVAR
INTERESSES
DE TODA A
SOCIEDADE
PARA O PROFESSOR PERGUNTAS QUE MERLEAUPONTY QUIS RESPONDER EM SEUS PRIMEIROS TRABALHOS
120 anos
sem Nietzsche
Em agosto de 1900 morria Friedrich Nietzsche, aos 55 anos
de idade. Desde esse evento, a comunidade filosófica e seus
exegetas buscam desvendar seus enigmas. Dotado de uma
inteligência ímpar e reconhecido como o mestre dos dis-
farces e do mascaramento, sua loucura poderia ter sido
apenas mais um sinal de sua genialidade.
A história revela que o filósofo alemão tinha uma saúde
frágil que, entre outras coisas, o fez enfrentar episódios
de depressão que o aproximaram do suicídio. Ele mesmo
descreveu esses dias como “a pior pena que existe para a vida
na Terra”. Apesar desses momentos, Nietzsche viveu dias
de grande exaltação que seus biógrafos dizem beirar à
megalomania.
Ciprian Vălcan, filósofo romeno e professor catedrático
na Faculdade de Direito da Universidade “Tibiscus” de
Timisoara, apresenta-nos alguns autores que envereda-
ram pela pesquisa de uma possível insanidade. No artigo
que lhes apresentamos nesta edição, intitulado Nietzsche
© CLU / ISTOCKPHOTO.COM
e a loucura (pág. 26 ), ele afirma “… todas as estórias conta-
das sobre a loucura de Nietzsche… São tentativas de mergulhar
nas profundezas de sua alma para recuperar os fragmentos de verdade
que possam lançar mais e melhores luzes à sua filosofia”.
Para Valcan, a importância de todos esses trabalhos está nas imagens
que cada um deles nos fornece sobre Nietzsche: é assim que se cons-
trói uma maior intimidade com o considerado precursor da pós-moder-
nidade.
Boa leitura!
Cristina Almeida - Editora
FILOSOFIA Ciência&Vida • 3
26_ CAPA:
NIETZSCHE
SAÍDA DE CENA FILOSÓFICA
E A LOUCURA
Dotado de inteligência
ímpar e hábil no disfarce
120 ANOS SEM e no mascaramento, o 36 _CATEQUESE
NIETZSCHE
A LOUCURA COMO
mistério da insanidade E CIÊNCIA
ATESTADO DE MAESTRIA
E ÚNICA VIA PARA
INQUISIÇÃO
NO MUNDO
DIGITAL do filósofo ainda suscita Vendida por 450 milhões de
dólares, a obra Salvator Mundi,
COMPREENDER TODO O TEMOR DE SE
O CONHECIMENTO POR EXPRESSAR OU
TOCQUEVILLE:
INSTRUIR A
DEMOCRACIA
DEVERES DE
signo de derrota ou realidade transcendental,
de vitória irônica que
ADAPTAÇÃO E
MUDANÇA DOS
GOVERNOS
PARA PRESERVAR
INTERESSES
metafísica e desconhecida: tudo
se encerrou com uma se nivela e se torna “um”. E,
DE TODA A
SOCIEDADE
PARA O PROFESSOR PERGUNTAS QUE MERLEAUPONTY QUIS RESPONDER EM SEUS PRIMEIROS TRABALHOS
42 _RELIGIÃO -
MORALISMO,
10 _INSTRUIR A LEITURA RÁPIDA
TENTAÇÃO ETERNA
DEMOCRACIA 05 CAUSA&EFEITO A manifestação do cristianismo
Marcelo Jardim nos recorda no Brasil se dá, sobretudo, de
08 A PRIORI
as lições de Tocqueville: entre forma moralista, especialmente
os deveres dos governos estão 15 CINÉFILO
quanto às questões sexuais.
o adaptar-se às condições 21 DEEP ECOLOGY Valores como a misericórdia e a
de tempo e lugar, o mudar 56 INTERSECÇÃO caridade dão lugar à intolerância.
conforme as circunstâncias e os
59 TECNAMENTE
homens. Tudo pela preservação
dos interesses da sociedade. 64 IPSIS LITTERIS 48 _DAS MADONAS
ÀS PROSTITUTAS
65 CARTAS
16 _AUSENTE NOTÁVEL 66 A POSTERIORI
Uma análise das imagens das
mulheres no Ocidente moderno
Perante a falta da consideração
do verbo “ser”, a construção passa por Maria e Maria
filosófica segue por novas formas CADERNO ESPECIAL Madalena para identificar os
de associação que expliquem contatos sagrados e profanos
PARTE 1
as diversas manifestações da entre o passado e o presente.
ESTUDO DA
natureza. É assim que surgem
as tentativas de pensar de modo
PERCEPÇÃO 60 _INQUISIÇÃO
estrutural e holístico. As perguntas que o filósofo DA WEB
francês Merleau-Ponty quis Apesar de as pesquisas
22 _EMIL MIHAI CIORAN responder em seus dois
primeiros trabalhos.
revelarem queda no número
O filósofo romeno é conhecido de usuários do Facebook e
por suas ideias sobre a morte, menor tempo passado nessa
o desespero e o vazio. Lido PARTE 2 plataforma, as redes digitais
por pensadores e escritores EDUCAÇÃO BÁSICA fizeram surgir um novo
modernos, Susan Sontag Os desafios de um fenômeno: o temor de se
descreveu o seu filosofar como professor na prática de seu expressar ou se posicionar por
“pessoal, aforístico, lírico e mister sob a luz de Marx, receio de ser julgado ou até
antissistemático”. Schopenhauer e Foucault. “cancelado”.
DA
POR MARCO LUCCHESI
DISSOLUÇÃO
Lido por pensadores e
escritores modernos, o
filósofo romeno é conhecido
por suas ideias sobre a
morte, o desespero e o
vazio. Mas como bem definiu
Susan Sontag, o seu filosofar
era “pessoal, aforístico, lírico
e antissistemático”
U
ma noite de inverno em Bucareste. Um
amigo draculíneo destila ideias a res-
peito de Cioran, com algumas cartas do
filósofo em mãos. Um copo de tsúica e a rei-
teração da matriz romena de Cioran e do diá-
logo deste com Ionescu e Eliade. Mas também
Constantin Noica, de As seis doenças do espírito
contemporâneo, Alexandru Dragomir, discípulo
de Heidegger, e do profundo e incontornável
Lucian Blaga. Parecia fundamental atingir os
fantasmas romenos, de que estão impregnadas
as ruínas de Cioran.
Nascido em Rășinari, em abril de 1911, no
sul da Transilvânia, Cioran atinge sólida for-
mação em Bucareste e na Alemanha. Segue
depois para a França, em cuja língua passa a
escrever desde então (esse idioma emprestado,
com suas palavras sutis, carregadas de fadiga
e pudor), deixando atrás de si uma importante
bibliografia romena.
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De suas primeiras obras, ainda mal conheci-
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das entre nós, sublinho O livro das ilusões (Car-
22 • FILOSOFIA Ciência&Vida
Educação longitudinal
Das obras romenas, O livro das ilusões é aque-
le onde se define sua linguagem madura: as sín-
copes ou staccati de tirar o fôlego, os oximoros
de alto impacto conceitual e as constelações de
fragmentos, iluminados por suas virtudes po-
tenciais. Um livro dolorosamente arrebatado,
com a melodia-pensamento pautada da primeira
à última frase na poesia de Eminescu.
FILOSOFIA Ciência&Vida • 23
24 • FILOSOFIA Ciência&Vida
FILOSOFIA Ciência&Vida • 25
NIETZSCHE E
A LOUCURA
1
26 • FILOSOFIA Ciência&Vida
FILOSOFIA Ciência&Vida • 27
28 • FILOSOFIA Ciência&Vida
FILOSOFIA Ciência&Vida • 29
a sociedade é habilmente manipulada por esse de Nietzsche de conduzir seus projetos até o fim, e,
ator sutil. Mas todo esse teatro não é um sim- por outro, aqueles que consideram que a loucura
ples capricho de um ser demoníaco, desejoso de foi uma última máscara de Nietzsche, prova de seu
enganar seus semelhantes apenas para provar irônico talento de histrião.
o seu virtuosismo. O que está em jogo é muito
mais importante: é, por um lado, a camuflagem Os muitos olhares
da excelência do gênio, para conjurar a inveja Deleuze enxerga a loucura de Nietzsche como
dos seus contemporâneos, e, por outro lado, a uma paralisia do espírito que, tendo perdido sua
dissimulação dos esforços dramáticos com que mobilidade, se fixa numa única postura: “Depois
se depara um tal espírito lúcido após ter rompi- de 1890, acontece que alguns amigos (Overbeck,
do o escudo de ficções do mundo e alcançado Gast) pensam que a demência, para ele, é uma
um estado no qual vem a intuir o estatuto todo- última máscara. Ele escrevera: ‘E, por vezes, a
-poderoso do caos. A fim de poder continuar própria loucura é uma máscara que esconde um
a viver, as pessoas comuns não devem nunca saber fatal e demasiado seguro’. De facto, ela não
suspeitar do abismo que lhes espreita, ou da o é, mas apenas porque indica o momento em que
ausência de verdade de suas crenças. O gênio as máscaras, cessando de comunicar e de deslo-
é um herói do conhecimento, pronto para ser car-se, se confundem uma rigidez de morte”.16 É
devorado por sua vontade de veracidade, de co- precisamente a inabilidade de jogar com as suas
nhecer uma verdade que ele não poderá jamais diversas máscaras o que faz com que a loucura se
compartilhar com os demais para não compro- instale, encerrando, portanto, a obra: “De tal modo
meter a sua sobrevivência. que Nietzsche teve a capacidade de deslocar as
Embora Nietzsche não se resolva entre es- perspectivas, da saúde à doença e inversamente,
sas duas interpretações, ambas bem represen- fruiu, por mais doente que estivesse, de uma ‘gran-
tadas nos seus textos, assim como de resto de saúde’ que tornava a obra possível. Mas quando
nunca o faz, provocando a irritação daqueles lhe faltou esta capacidade, quando as máscaras
que creem tratar-se da incoerência de um es- se confundiram com a de um palhaço ou a de um
pírito contraditório, capaz de dizer ao mesmo bobo, sob a acção de um processo orgânico ou ou-
tempo duas coisas opostas sobre o mesmo as- tro, a doença confundiu-se, ela mesma, com o fim
sunto, os comentadores privilegiam a segunda da obra”.17 O que para os outros pode ser que re-
explicação por verem nela uma descrição do presente a normalidade, a estabilidade de um eu
comportamento do próprio Nietzsche.14 perfeitamente delimitado, significa para Nietzsche
Convém avançar, enfim, às interpretações precisamente a derrota, o colapso na enfermidade.
propostas para a loucura de Nietzsche. Nós Jean-Luc Marion propõe outra leitura da loucura
apenas nos deteremos nas explicações que de Nietzsche. Ele pensa que a sua obra, longe de
buscam dar uma significação filosófica a este ser a expressão radical de um ateísmo triunfan-
epílogo da obra propriamente dita, desconsi- te que teria como emblema a célebre frase “Deus
derando as hipóteses puramente fisiológicas está morto”, representa antes uma busca frenéti-
emitidas por médicos e psiquiatras, tanto mais ca da divindade. Segundo o filósofo francês, essa
quanto elas não se têm mostrado convincentes busca está fadada ao fracasso porque Nietzsche
e tampouco sido aceitas nos círculos dos es- permanece preso a uma compreensão idólatra do
pecialistas.15 Conforme anteriormente mencio- divino, que ele é incapaz de ultrapassar através da
nado, agruparemos as opiniões expressadas a sua obra. Todavia, uma vez que os fragmentos que
este respeito de acordo com o modo pelo qual Marion considera marcados pela idolatria, perten-
é avaliada a sua loucura final. Por um lado, centes a Anticristo e a Vontade de Potência, não
teremos o grupo daqueles que consideram a fazem parte dos últimos escritos de Nietzsche, ele
loucura uma derrota, um signo da inabilidade levanta a hipótese de que sua loucura seria o signo
30 • FILOSOFIA Ciência&Vida
FILOSOFIA Ciência&Vida • 31
32 • FILOSOFIA Ciência&Vida
FILOSOFIA Ciência&Vida • 33
N O TA S Paulo: Companhia das Letras, Attempt At A Mythology. Transl. 24 “Par le biais de l’histrionisme
2008, p. 110. by Robert E. Norton. Urbana/ pur et simple, Nietzsche tente
1 Nietzsche şi nebunia, no 14 “Ocultar-se tornou-se para Chicago: University of Illinois de surnager au naufrage de son
original romeno (N. do T.). Nietzsche uma paixão. Ele Press, 2009, p. 306. identité en tant que Nietzsche
2 JACCARD, Roland, La tinha um desejo insólito pelo 22 “Die ,humoristische Seite’, lucide.Mais ce n’est qu’au
tentation nihiliste. Paris: logro, pela masquerade e pela aber vor allem das überaus souvenir de la personnalité
Presses Universitaires de bufonaria. Ele assume diversos höfliche Gebaren Nietzsches de ses correspondants que
France, 1991. ‘papéis’ tão disfarçadores auch in der Anstalt läßt in Gast le mouvement euphorique de
quanto relevadores: talvez eine Vermutung aufkommen, ce naufrage lui est sensible:
3 FERRY, Luc, L’homme-Dieu
nenhum outro filósofo oculta die Bettina von Arnim seinerzeit l’euphorie est trop violente
ou le sens de la vie. Paris:
a sua filosofia por detrás de dem Schicksalsgenossen pour qu’il ne soit poussé par
Grasset&Fasquelle, 1996, p.
tanta sofística. [Concealing Nietzsches, Hölderlin, ce mouvement même à la
208.
himself became a passion for gegenüber äußerte. […] Und communiquer à ceux qui ont
4 FINK, Eugen, Nietzsche’s Nietzsche. He has an uncanny connu celui quisombre; trop
so meint auchjetzt Gast, es sei
Philosophy. Tansl. By Goetz desire for deceit, masquerade forte cette libération à l’égard
sehr fraglich, welchen Gefallen
Richter. London/New York: and the pose of thejester. He de son moi lucide pour qu’elle
man Nietzsche tue, wenn man
Continuum, 2003, p. 11-13. assumes as many disguising ne devienne jouissance même
ihn wieder zum Leben erwecke.
5 Do grego antigo, as revealing ‘roles’: perhaps […] Er gibt an, Nietzsche in de sa propre dérision.” Ibid., p.
“temeridade”, “desmesura”, no other philosopher conceals Zuständen gesehen zu haben, 340.
“desmedida”: traço his philosophy behind so much bei denen es ihm - schauerlich! 25 HAAR, Michel, Nietzsche
fundamental dos personagens sophistry.]” FINK, Eugen, - vorkam, als fingiere Nietzsche et la métaphysique. Paris:
trágicos, resultando em castigo Nietzsche’s philosophy, p. 3. den, Wahnsinn, als sei er Gallimard, 1993, p. 63.
por parte dos deuses. Um 15 Para uma revisão destas froh, daß er so geendet habe! 26 “Dès que le moi de Nietzsche
exemplo é a estória de do teorias, cf. E. F. Podach, […] Zeitweilig war auch für coïncide avec la totalité de
titã Prometeu, na tragédia de Nietzsches Zusammenbruch. Overbeck Nietzsches Krankheit l’histoire, il se prive de la parole
Ésquilo, que rouba o fogo dos Heidelberg: Niels Kampmann durchaus problematisch: […] et de l’écriture. Comme Dionysos,
deuses para presenteá-lo à Verlag, 1930. Es ist bisweilen fast zeitweilig qui est sa dernière ‘identité’, le
humanidade. Como punição, 16 DELEUZE, Gilles, Nietzsche. schwankend geworden, sofern moi de Nietzsche est déchiré,
Zeus o acorrenta a um rochedo, Trad. de Alberto Campos. ich, und zwar in verschiedenen éparpillé, selon la perspective
onde passa a eternidade tendo Lisboa: Edições 70, 2007, p. 12. von mir beobachteten Perioden de la totalité dispersée qu’il
o seu fígado devorado por der geistigen Erkrankung incarne désormais. Le mutisme
uma águia, de onde o título da 17 Ibid., p. 16.
Nietzsches, mich, wenigstens final de la folie serait, comme
tragédia de Ésquilo: Prometeu 18 “Nietzsche a transgressé für Augenblicke, der il l’écrit peu avant de cesser
acorrentado (N. do T.). le rapport idolâtrique au divin, grauenvollen Vorstellung nicht d’écrire, ‘le masque qui cache
6 NIETZSCHE, Friedrich, Sobre puisqu’un face à face avec habe erwehren können, daß sie un savoir fatal et trop sûr’,
verdade e mentira no sentido finalement quelque chose de simuliert sei.” PODACH, E. F., mais de quel savoir? Du savoir
vivant dans le divin le précipita Nietzsches Zusammenbruch, p. peut-être que le langage ne peut
extramoral, livro I. Trad. de
dans l’ultime transgression, 136-137. pas briser le principe d’identité
Fernando de Moraes Barros.
l’enténèbrement.” MARION,
São Paulo: Hedra, 2008, p. 27. 23 “Jamais Nietzsche ne sans se briser lui-même, ne
Jean-Luc, L’idole et la distance.
7 IDEM, A vontade de poder, semble perdre la notion de peut pas s’y soumettre sans
Paris: Grasset, 1989, p. 104.
livro III, §544. Trad. de Marcos sa condition propre: il simule renoncer à dire le fond de
19 HAYMAN, Ronald, Nietzsche. Dionysos ou le Crucifié et se l’être. Ainsi la destruction
Sinésio Pereira Fernandes e
Trad. de Scarlett Marton. São délecte de cette énormité. du langage métaphysique
Francisco José Dias de Moraes.
Paulo: UNESP, 2000, p. 33. C’est dans cette délectation serait, chez Nietzsche, une
Rio de Janeiro: Contraponto,
2011, p. 283. 20 Ibid., p. 52. que consiste la folie: nul ne expérimentation poussée jusqu’à
21 “Nietzsche’s life and exit peut juger jusqu’à quel degré l’autodestruction du destructeur
8 IDEM, Ibid., livro II, § 377, p. en tant que locuteur.” Ibid., p.
embody only one particular cette simulation est parfaite,
202. 63-64.
form of this ascendance into absolue; son critère est dans
9 IDEM, Além do bem e do mal, the mythical realm, he fulfills l’intensité qu’il éprouve à 27 Literalmente, “antes da
§ 289. Trad. Paulo César de only superficially a tragic simuler, jusqu’à l’extase. […] letra”: expressão idiomática
Souza. São Paulo: Companhia possibility of his century with Comment peut-il sciemment francesa que sinigica algo
das Letras, 1992, p. 193. his exemplary self-liberation. se donner ainsi en spectacle, que existe ou acontece antes
10 IDEM, Ibid., § 40, p. 45-46. […] Nietzsche’s active si ce n’est parce qu’il sait que mesmo de ser nomeado e
11 IDEM, A vontade de poder, achievement and courageous nul ne croira ce qu’il déclare reconhecido pelo seu nome.
livro II, § 378, p. 202. self-sacrifice—the sacrifice of ? […] Le metteur en scène Trata-se, aqui, de uma
the pure logician in him, the demeure bien la conscience referência implícita à célebre
12 IDEM, A gaia ciência, §52. most awe-inspiring sacrificium nietzschéenne mais non plus afirmação do filósofo austríaco
Trad. de Paulo César de Souza. of the intellect since Pascal—is le moi nietzschéen, non plus Ludwig Wittgenstein (1889-
São Paulo: Companhia das his determined overcoming of le je, soussigné Nietzsche.” 1951): “O que não pode ser
Letras, 2001, p. 91. this very skeptical fanaticism KLOSSOWSKI, Pierre, dito deve ser silenciado”, que
13 IDEM, Humano, demasiado through a great Empedoclean Nietzsche et le cercle vicieux. Nietzsche teria antecipado,
humano, vol. II, § 232. Trad. leap beyond the logical.” Paris: Mercure de France, muito embora não com estes
de Paulo César de Souza. São BERTRAM, Ernst, Nietzsche: 1969, p. 334-335. exatos termos.
34 • FILOSOFIA Ciência&Vida