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Resumo
O artigo apresenta resultados parciais de uma pesquisa de Doutorado em Ciência da Informação, cujo objetivo geral é discutir as
práticas de mediação cultural no Arquivo Público do Estado do Espírito Santo e em que medida essas práticas resultam do vínculo
institucional do Arquivo com a Secretaria de Cultura. Com base na revisão de literatura, o artigo apresenta as diferenças conceituais
entre difusão e mediação cultural nos arquivos e faz o mapeamento das práticas de mediação cultural no Arquivo Público, bus-
cando discutir em que medida o vínculo dessa instituição com a Secretaria da Cultura impactou essas mesmas práticas. Os proce-
dimentos metodológicos compreendem pesquisa bibliográfica e histórico-documental. Conclui-se que há, de fato, uma distin-
ção conceitual entre difusão e mediação cultural, diferença essencial como suporte conceitual para o enquadramento das práti-
cas encontradas e descritas. Conclui-se, ainda, que apesar de o Arquivo Público do Estado do Espírito Santo estar no âmbito das
instituições culturais, a Secretaria de Cultura pouco o contemplou no seu planejamento e realizou poucas atividades em parceria
com aquele órgão, tendo como consequência as práticas de mediação cultural do Arquivo Público se mantendo, no período
estudado, como iniciativas voluntariosas à margem de uma política cultural comum e estável.
Palavras-chave: Arquivos públicos. Cultura. Mediação cultural. Serviços de extensão cultural.
Abstract
The aim of the article is to present the partial results of a doctoral research on Information Science. The general objective was to discuss
the practices of cultural mediation in the Public Archive of the State of Espírito Santo and identify to what extent these practices are the
result of a partnership between the Archive and the Department of Culture. Based on a literature review, we discuss the conceptual
differences between diffusion and cultural mediation in archives and map the practices of cultural mediation in the Public Archive in
order to discuss the impact of the partnership with the Department of Culture on these practices. The methodological procedures included
the research on bibliographic sources and historical documents. It may be concluded that there is a conceptual distinction between
diffusion and cultural mediation and that this difference is essential to support the practices described and mapped. It may also be
concluded that although the Public Archive of the State of Espírito Santo plays a role among cultural institutions, the
Department of Culture hardly ever includes the Public Archive in its planning and few activities have been developed in partnership
with the institution. So, the practices of cultural mediation of the Public Archive in the studied period have been executed marginally of
the state cultural policy.
Keywords: Public archives. Culture. Cultural mediation. Cultural services.
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Universidade Federal do Espírito Santo, Centro de Ciências Jurídicas e Econômicas, Departamento de Arquivologia. Av. Fernando Ferrari, Campus Goiabeiras,
29075-910, Vitoria, ES, Brasil. Correspondência para/Correspondence to: T.V. ALDABALDE. E-mail: <taiguara@usp.br>.
2
Universidade de Brasília, Faculdade de Ciência da Informação, Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação. Brasília, DF, Brasil.
Recebido em 15/8/2014, reapresentado em 18/9/2014 e aceito para publicação em 8/10/2014.
Biblioteca da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo. Pós-Graduação em Gestão Arquivística.
PUC Minas Virtual - Pontifícia Universidade Católica de Minas. Pós-Graduação em Gestão de Arquivos e Documentos.
Biblioteca Digital da PUC-SP - Sapientia - Pontifícia Universidade Extensão em Introdução à Política e ao Tratamento dos Arquivos.
Católica de São Paulo. Mestrado e Doutorado em História.
Biblioteca Digital da Universidade de Campinas. Mestrado e Doutorado em História.
Base Minerva da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Bacharelado em Biblioteconomia e Gestão de Unidades de Informação.
Biblioteca Digital de Teses da Universidade do Estado do Rio de Mestrado e Doutorado em História.
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Figura 1. Quantitativo total das práticas de mediação cultural por tipo. Vitória (ES), 2014.
Fonte: Elaborada pelos autores (2014).
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Figura 2. Distribuição das práticas por tipos qualificados, de 2004 a 2006. Vitória (ES), 2014.
Fonte: Elaborada pelos autores (2014).
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Figura 3. Distribuição das práticas por tipos qualificados de 2007 a 2010. Vitória (ES), 2014.
Fonte: Elaborada pelos autores (2014).
de São Paulo em 2012 na sessão “Memória: Arquivos e As práticas de mediação cultural no APEES:
Museus”, expondo o “Projeto Imigrantes”, um banco de impactos do vínculo com a secretaria de cultura
dados existente há 19 anos, para que os cidadãos
tenham acesso a fontes dos antepassados (Franceschetto, Dentre as 124 práticas de mediação cultural que
2014). As atividades realizadas podem ser distribuídas foram identificadas no APEES, apenas quatro se deram
da seguinte maneira (Figura 4). em parceria com a Secult, o que equivale a aproxima-
damente 3% das atividades.
Os resultados obtidos indicam um maior número
de efemérides históricas se comparadas com outras A primeira parceria se deu na 3ª edição da “Mostra
práticas de mediação cultural. O expressivo quantitativo Nacional de Vídeo de Caparaó”. Alguns anos depois, a
de efemérides deve-se ao “Programa Arquivo Itinerante”, Secult apoiou o APEES no “I Encontro dos Povos e
que conferiu capilaridade ao APEES por sua atuação Comunidades Tradicionais”, que pode ser colocado no
junto aos municípios do interior do estado, formados por rol de políticas culturais arquivísticas voltadas às “comu-
comunidades de imigrantes. O projeto “Arquivo Iti- nidades ‘invisíveis’, de minorias e, às vezes, de perseguidos,
nerante” é constituído por uma equipe que utiliza um tais como os ciganos e outros grupos deslocados” (Cook,
escritório móvel, propriamente equipado para esse fim, 2007, p.127).
e que pode deslocar-se até os municípios do interior Nessa direção, o APEES compartilhou com a
capixaba. As demais atividades foram praticadas, em sua Secult uma parte de sua atribuição em desenvolver, pro-
maioria, ou no próprio espaço do APEES ou na área da duzir, fomentar e apoiar as atividades artísticas e culturais
Grande Vitória. em todas as modalidades e formas e preservar as mani-
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Figura 4. Distribuição das práticas por tipos qualificados de 2011 a 2014. Vitória (ES), 2014.
Fonte: Elaborada pelos autores (2014).
festações culturais tradicionais (Espírito Santo, 2007, A partir do número inexpressivo de colaborações,
online). Para tanto, houve a formação temporária de um é possível apontar a escassez de políticas culturais da
grupo de estudo interno voltado a pesquisas e discussões Secult que contemplem as práticas de mediação cultural
sobre as comunidades ciganas, com vistas a permitir ao no APEES. Políticas culturais, nesse caso, são entendidas
poder público promover políticas voltadas às especi- também como políticas públicas, tal como assinalado
ficidades culturais dos residentes no estado do Espírito por Jardim (2006). Isto é, políticas públicas são as ações
Santo, conhecendo os traços culturais da população
concretas das autoridades do governo, com base em
cigana em questão. O APEES recolheu diversos dados e
decisões que, por sua vez, partem de determinadas pre-
produziu centenas de imagens.
missas, no processo que se estabeleceu ao longo do
Posteriormente, a Secult apoiou a “I Mostra Ca- tempo entre as organizações.
pixaba de Filmes de Arquivo - Lugar da Memória”. Nesse
momento, houve a integração com o Festival Interna- Qual o motivo desse distanciamento? Uma das
262 cional de Cinema de Arquivo (Recine), e uma parte dos prováveis causas pode ser encontrada no artigo 22 da
acervos filmográficos restaurados pelo Arquivo Público Lei Complementar nº 391, de 2007 (Espírito Santo, 2007),
foi exibida, como a película “A Nativa Solitária”, um docu- que não relaciona o Arquivo entre as unidades direta-
T.V. ALDABALDE & G.M. RODRIGUES
mentário sobre a bailarina e naturista capixaba Luz del mente administradas pela Secult, a exemplo da Biblioteca
Fuego. Pública Estadual, do Museu de Artes do Espírito Santo,
Destaque-se aqui a atuação constante da Coorde- do Museu do Colono e do Museu Capixaba do Negro.
nação de Preservação do Acervo em práticas de me- Contudo, mesmo não sendo diretamente administrado
diação cultural, o que justifica que a última parceria docu- pela Secult, o Arquivo Público não deixou de pertencer
mentada com a Secult tenha se intitulado “Seminário de à área da cultura, o que remonta à primeira atribuição da
Conservação: acervos em papel”, ocorrido na Univer- Secult em executar, controlar e gerenciar as políticas
sidade Federal do Espírito Santo. culturais na esfera estadual. Ou seja, as práticas de
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