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RESUMO
Este relato objetiva propor uma reflexão sobre a formação e a prática de
alfabetizadores, na perspectiva de compreender se a ação alfabetizadora aponta para uma
prática freiriana e se estes utilizam a leitura de mundo como ponto de partida para a leitura da
palavra. Fundamenta-se em experiências de participação das autoras em atividades de
formação de alfabetizadores de jovens e adultos, nas observações feitas durante o processo de
acompanhamento pedagógico, em uma sala de aula do Programa Brasil Alfabetizado. Nas
visitas à sala de aula, buscava-se perceber como os alfabetizadores demonstravam em suas
práticas a apropriação do sistema de alfabetização proposto por Freire, considerando-se que
esta foi a proposta trabalhada no processo de formação. Entende-se que as reflexões sobre a
formação e a prática de alfabetizadores de jovens e adultos demonstram que ainda há, por
parte destes, dificuldade em vivenciar a proposta de alfabetização freireana. Apesar de as
formações terem como referência o pensamento pedagógico de Paulo Freire, os educadores,
em quase sua totalidade, não conseguiram vivenciar, na prática, no desenvolvimento das
atividades de alfabetização dos sujeitos, que a leitura de mundo precede a leitura da palavra.
Palavras-Chave: alfabetizadores de jovens e adultos, formação e prática, leitura do mundo,
leitura da palavra.
1. INTRODUÇÃO
Historicamente, o sistema educacional brasileiro não priorizou a educação da classe
trabalhadora, o que tem justificado, ao longo de décadas, o elevado índice de analfabetismo e
o baixo nível de escolaridade. Desde o período colonial, a educação tem-se voltado para
atender aos interesses de uma minoria, deixando as camadas populares excluídas do saber
escolar. Sendo assim, a Educação de Jovens e Adultos – EJA surge para alcançar os
segmentos da população que, por razões socioeconômicas, políticas e culturais não
conseguiram concluir a educação básica, o que certamente, tem contribuído para intensificar
os processos de marginalização inerentes a sociedade de classes.
Este artigo tem como objetivo refletir sobre a formação e a prática de
alfabetizadores, na perspectiva de compreender se a ação alfabetizadora aponta para uma
prática freireana, e ainda, se estes se utilizam da leitura de mundo como ponto de partida para
a leitura da palavra.
Fundamenta-se em experiências das autoras com a formação de alfabetizadores de
jovens e adultos e em observações de uma sala de aula do Programa Brasil Alfabetizado no
processo de acompanhamento pedagógico, no qual se buscava perceber como os
alfabetizadores em suas práticas demonstravam a apropriação do sistema de alfabetização
freireano, principal referência da formação.
[...] agora só uma coisa que eu acho incrível, que eu mesmo fico me
perguntando, é coisa de Deus, porque eu acompanho o jornal da missa
todinho aí sei quando eu tô errada e quando não tá escrito eu percebo que
não tá. Aí tem um livro lá em casa que eu só gosto de rezar o terço dos
mistérios, aí eu leio todim, leio, leio a ladainha, decorei ficou na minha
cabeça.
Diante dessa reflexão, é importante ressaltar que Paulo Freire desenvolve sua proposta
de alfabetização através do trabalho com temas geradores. O estudo desses temas tem como
base o diálogo, o questionamento e a pesquisa, que levam à compreensão dos fatos e à leitura
crítica da realidade e do mundo.
Diante dessa colocação surge a reflexão quanto ao uso das palavras geradoras, bem
como da prática da alfabetizadora de uma turma de alunas idosas que atuava em uma igreja
cuja prática percebe-se que, mesmo sabendo que as alunas eram católicas e valorizavam
artigos religiosos, a alfabetizadora não utilizava palavras que faziam parte do contexto de vida
desses sujeitos, como ponto de partida para à leitura da palavra.
Nesse sentido, Barcelos (2010) esclarece que, ou se faz a escuta das situações e
interesses dos educandos, ou teremos dificuldades com o processo de alfabetização, pois sabe-
se que os jovens e adultos se envolvem melhor nos processos educativos, quando as palavras
ou temas utilizados pertencem à sua experiência existencial, ou são explicitados a partir de
seu universo cultural. Para tanto, destaca o autor que é necessário inventar e reinventar as
práticas didático-pedagógicas e metodológicas, fomentando bases participativas na relação
educador-educando.
Numa perspectiva freiriana, significa levar em consideração, como elemento
de entrada, o aluno, isto é, os códigos culturais e as necessidades específicas
da clientela a que se dirige o ato pedagógico. Em segundo lugar, implica na
contextualização desses códigos, no conjunto mais amplo das relações
socioculturais. (GADOTTI e ROMÃO, 2006, p.68).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS