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Levando Cristo ao

mundo muçulmano

Charles R. Marsh
Editora Sepal
Os muçulmanos são inacessíveis por sua fanática devoção ao islamismo? Por que tão
poucos seguidores dessa religião aceitaram o convite de Jesus: “Vinde a mim… e eu vos Formatada
aliviarei”? O autor, missionário em países muçulmanos durante 45 anos, permite que
penetremos no pensamento muçulmano, sugerindo algumas respostas a essas perguntas e
revelando o profundo, mas insatisfeito, anseio do povo muçulmano, anseio este que
somente Jesus pode satisfazer. Além de explanar claramente as tradições e crenças
islâmicas, o autor expõe alguns princípios que podem levar os cristãos a adotar
procedimentos culturalmente aceitáveis para apresentar o Evangelho aos muçulmanos sem
comprometer a verdade. Por experiência própria, tem visto Deus honrar estes princípios
fazendo muçulmanos render-se aos pés da cruz. Não se trata de um livro de métodos, no
qual se apresentam fórmulas infalíveis; sua finalidade é aprofundar conhecimentos.
LEVANDO CRISTO AO MUNDO MUÇULMANO será de grande ajuda, não somente
para os missionários dos países muçulmanos, como também para os crentes que possuem
amigos dessa religião, e para todo cristão interessado na expansão do Reino de Deus entre
os povos. Se considerarmos que nos países ocidentais vivem hoje milhões de muçulmanos
religiosamente ativos, esta obra passa a ter uma importância especial para os cristãos do
mundo todo.

Charles R. Marsh foi missionário pioneiro durante muitos anos na Argélia e mais
recentemente missionário e intérprete na República do Chade. Autor de várias obras, teve
também uma importante participação na tradução da Bíblia e também cooperou com as
seguintes traduções: o Novo Testamento no árabe do Chade, os quatro evangelhos em
bereber, o Novo Testamento em cábila e o Novo Testamento em árabe. Desde 1968 viaja
pela Argélia e pelo Chade, formando evangelistas para trabalhar entre os muçulmanos.
Traduzido do original em inglês:
Share your faith with a muslim

@ 1975 por The Moody Bible Institute of Chicago


Traduzido por Elça Martins Clemente
@ 1993 por Editora Sepal

Todos os direitos reservados na língua portuguesa por


Editora Sepal
Caixa Postal 2029
01060-970 – São Paulo – SP
Telefone: (11) 5523-2544
www.editorasepal.com.br
editorasepal@uol.com.br

Salvo onde outra fonte for indicada, as citações bíblicas


foram extraídas da Edição Revista e Atualizada da
Sociedade Bíblica do Brasil.

Agradecimento
Queremos expressar nossa gratidão ao P.M. Internacional e a Misiones Mundiales da
Argentina, os quais cederam os direitos autorais e também nos ajudaram a conseguir os
direitos dos outros livros sobre o assunto para publicações em português.
Agradecemos a todos os que ajudaram com tradução, revisão e sugestões, a Missão Portas
Abertas que gentilmente cedeu a foto utilizada na capa e, em especial, ao missionário Ted
Limpic que, com amor, dedicação, esforço e recursos, ajudou a tornar possível a publicação
deste livro.
ÍNDICE

Introdução à edição em português

Introdução

1. Princípios gerais

2. Islamismo

3. O jejum do mês de Ramadã

4. A festa religiosa de ‘Id

5. A festa islâmica

6. Crenças islâmicas adicionais

7. O Senhor Jesus Cristo

8. Jesus, o Filho de Deus

9. Jesus Cristo e sua morte expiatória

10. A aproximação individual

11. Temas úteis

12. Como aproximar-se das mulheres e das moças

13. Controvérsia

14. Ajuda ao convertido

15. Sugestões finais e conclusão


Introdução à edição em Português
Há muito temos sentido a necessidade de leitura que auxilie na propagação do Cristianismo
no mundo Islâmico. Parece absurdo, mas o Cristianismo, com quase dois mil anos, vem
perdendo terreno para o Islamismo, que com pouco mais de mil e trezentos anos procura
varrê-lo em todos os lugares onde se estabelece.
A Igreja Evangélica praticante não possui informações sobre o Islamismo, possibilitando,
assim, o avanço de sua doutrina expansionista, que procura impor-se pela persuasão e pela
espada, como ocorreu em todo o norte da África e Espanha no sétimo século, logo após a
morte de Maomé.
Ultimamente, os seguidores de Maomé mudaram suas estratégias com a finalidade de
introduzirem sua religião nos países ocidentais. Para tanto, procuram atuar camufladamente
no comércio, escolas, envolvendo-se na sociedade e influenciando a política dos países
alvos do islã.
A técnica utilizada na implantação de sua doutrina no norte da África no século sétimo
difere da utilizada atualmente tanto no continente Africano como no Ocidente. Atualmente,
procuram dominar por meio do poder econômico e pela persuasão religiosa; como
exemplo, podemos citar o Senegal, que possui 92% da população muçulmana.
Os muçulmanos têm penetrado em todas as áreas da sociedade, com grande influência nos
meios políticos, culturais, educacionais e sociais. Sua proposta religiosa consiste no
extermínio do Cristianismo, o que está comprovado historicamente. A Palestina, berço do
Evangelho, atualmente é quase toda muçulmana; o norte da África, que até o século sexto
era cristão, hoje é totalmente islâmico.
No primeiro século, vemos a expansão do evangelho na chamada Ásia Menor, onde foram
plantadas muitas Igrejas. (Atos e 1 Pe 1.1). Onde estão essas Igrejas e tantas outras que
existiram na época? Hoje, essa região é a Turquia, com cinqüenta e cinco milhões de
habitantes, dos quais 99, 6% são muçulmanos e com severas restrições à propagação do
Evangelho.
Em nossos dias não há um país sequer que possa ser considerado totalmente evangélico. No
entanto, há aproximadamente vinte países totalmente muçulmanos.
Em se tratando do Brasil, com a segunda maior Igreja Evangélica do mundo, ainda não
tomamos consciência da nossa responsabilidade para com os muçulmanos. Eles chegam e,
nós, cristãos, os recebemos de braços abertos, enquanto muitos deles, em seus países de
origem, matam os cristãos simplesmente por propagarem o Evangelho. Aqui no Brasil,
encontram um solo fértil para disseminar suas heresias por meio de literaturas;
principalmente aquelas que podem persuadir brasileiros indoutos, que, por falta de
conhecimento sobre o Islamismo, tornam-se presas fáceis das mentiras por eles
transmitidas.
Os muçulmanos, que representam atualmente a quinta parte da população mundial, são
escravizados pelo diabo, pois não conhecem o amor de Deus para com eles e a Jesus Cristo
como Salvador e Senhor.
Este livro, primeiro de uma série que será traduzida, como outros que serão escritos e
publicados pela Editora SEPAL e Edições KAIRÓS, tem a finalidade, portanto, de ajudar a
Igreja Evangélica a comunicar as Boas Novas ao povo muçulmano, que em nosso país já
conta com mais de quatro milhões de adeptos.
Assim, a Kairós vem se esforçando para que, de alguma forma, a Igreja Brasileira seja
despertada e perceba o risco que corre por não evangelizar os muçulmanos, que crescem
em nosso país, oriundos de várias partes do mundo.
Nossa oração é em favor da Igreja Evangélica Brasileira, para que tenha um testemunho
eficaz em seu contexto cultural, de tal forma que seu evangelismo não deixe brechas para a
penetração de heresias, compartilhando o genuíno evangelho com este grupo para que
possam ter uma visão da verdadeira liberdade que há na pessoa de Cristo Jesus.
Use este livro como ferramenta de trabalho na evangelização de muçulmanos.

Pr. Waldemar de Carvalho


Introdução
Em 1927, eu era um missionário pioneiro e solitário entre os muçulmanos. Sentia falta de
um texto que me servisse de guia na evangelização daquela gente difícil mas simpática, à
qual Deus havia me chamado. Durante os quarenta e cinco anos seguintes de serviço ativo
entre eles, aprendi muitas lições; algumas delas estão consignadas neste livro, redigido com
dupla finalidade de ajudar jovens missionários que se sentem chamados para trabalhar em
terra estranha e pessoas desejosas de melhor conhecer a religião dos estrangeiros
domiciliados em seu país.
O contato com milhares de muçulmanos de diversos países e seu visível interesse pela
mensagem do Evangelho, não torna mais fácil a tarefa de instruir outros na arte de ganhar
tal povo para Cristo. O muçulmano tem orgulho de sua religião, encarando-a como uma
irmandade mundial, responsável pela unidade de todos os muçulmanos. Mas, se de um lado
os dogmas do Islamismo não variam, de outro a língua, o meio, os costumes e as práticas
de cada país diferem sensivelmente.
Os métodos e lições esboçadas na presente obra foram aprendidos e ensinados no norte da
África e na República do Chade. O livro foi escrito originalmente para servir de curso em
francês e em árabe, incorporando-se também palavras árabes familiares. Algumas delas
aparecem entre parênteses e podem ser adaptadas aos países onde o estudante espera ir. O
livro foi concebido com o objetivo prático de ilustrar os diversos artigos de fé e as práticas
dos muçulmanos como ponto inicial de contato na exposição do Evangelho.
Alguns dos países dominados pelo Islamismo permanecem fechados ao Evangelho, mas
muitos muçulmanos mudaram-se para o Ocidente. Evidentemente, todos os cristãos têm o
dever e o privilégio de colocá-los em contato com a mensagem cristã. O muçulmano é com
freqüência uma pessoa intolerável por religião. É possível, em suma, abordá-lo. Não é
impossível ganhar sua confiança e, quando se estabelece verdadeiro contato com ele,
mostra-se freqüentemente cativado pela mensagem cristã. A língua desempenha, neste
sentido um papel muito importante. FALAR a um homem em sua língua materna é
aproximar-se de seu coração. Este deve ser o primeiro objetivo de quem vai trabalhar com
muçulmanos em tempo integral. Aos demais, isso não será possível; sua própria língua será
então o meio de aproximação. Lembre-se, nesse caso, que o vocábulo religioso do
muçulmano é muito limitado e que as palavras devem ser utilizadas em seu exato
significado; de outra forma, poderão transmitir algo completamente diferente. Sua mente é
repleta de preconceitos, não somente devido à doutrina do Islamismo, mas também pela
vida, conversa e crenças dos ocidentais, aos quais vêem, sem exceção, como cristãos.
Capítulo 1

Princípios gerais
Uma atenta comparação de Jo 3.1 com Jo 4.7-26 mostra que Jesus apresentou uma
mensagem à samaritana de uma maneira completamente diferente que a Nicodemos. Em At
2.14-36, Pedro anunciou o Evangelho aos judeus, enquanto que em At 10.34-43, expôs
virtualmente a mesma mensagem aos gentios. A mensagem é basicamente idêntica em
ambos os casos, mas sua apresentação varia de acordo com o contexto dos ouvintes. São
expostos aspectos diferentes do mesmo Senhor, empregando vocábulos diferentes e
estímulos diversos. Portanto, a população à qual nos dirigimos deve não somente decidir
nosso vocabulário, como também a maneira de apresentar a mensagem sem alterações. Não
basta dominar profundamente o conteúdo bíblico; deve-se também conhecer os homens
com quem se está tratando. A abordagem a um pagão deve ser totalmente diversa em
relação a um muçulmano que creia em Deus.
Existe, além disso, uma grande diversidade no que diz respeito à cultura, educação e
moralidade entre os muçulmanos. Alguns conhecem bem o Corão, enquanto outros
limitam-se a repetir o primeiro capítulo. Alguns são realmente devotos e tementes a Deus,
enquanto outros servem-se da religião para encobrir seus pecados. Todo muçulmano leva a
marca de seu país de origem, mas a base de sua fé será a dos correligionários e a forma de
aproximação será, sob muitos aspectos, a mesma.
Por outro lado, muitos estudantes muçulmanos residentes no exterior falam freqüentemente
com desdém do Islamismo, declarando que romperam com ele. Provavelmente, a única
maneira de os atingirmos seja falando muito bem seu idioma nativo. Certamente, a melhor
forma de aproximação seria a que empregaríamos para falar com agnósticos de nosso
próprio círculo. Logo veremos que sua declarações dissimulam os verdadeiros sentimentos
de seu coração e de sua mente.
Alguns muçulmanos são pessoas fanáticas e intolerantes, enquanto outros, simpáticos e
desejosos de ouvir. Nos países ocidentais, os muçulmanos constituem uma minoria, motivo
pelo qual podem tornar-se desconfiados quanto às razões dos cristãos de ganhar sua
amizade. De qualquer forma, fora de seu contexto, podem romper mais facilmente com
tradições e vínculos familiares, obstáculos à aceitação do Salvador. A maneira de abordar
pessoas deve variar de país para país, assim como a abordagem a um muçulmano culto com
relação a um analfabeto. Ao tratar com pessoas com classes mais baixas de qualquer país, o
cristão deverá acautelar-se em comparar os méritos do Cristianismo e do Islamismo. Muitos
missionários procedem assim inadvertidamente com os muçulmanos da África.
Em muitos países, os muçulmanos têm ainda um conhecimento muito superficial de sua
religião. Reiteram sua adesão a Maomé, recitam orações muçulmanas e observam o jejum
do Ramadã. Lembramo-nos de que, embora devamos conhecer tais crenças, nossa missão
não é comparar religiões, mas levá-los à adesão pessoal de Jesus Cristo como Salvador. É
também de suma importância um bom conhecimento da língua nativa e do árabe, ao menos
os termos religiosos importantes entre os muçulmanos, ainda que sua língua materna não
seja o árabe. Eles possuem seu próprio léxico religioso, que o missionário cristão deve
conhecer e usar; algo impossível, ao contrário, para o homem médio do Ocidente ou para os
obreiros que trabalham em curto período. Quando utilizamos nossa língua para nos
comunicarmos, é muito importante que ajudemos o muçulmano a compreender vocábulos
religiosos como expiação, calvário, cruz, regeneração, Espírito Santo e Filho de Deus. Tais
expressões nada significam para ele, podendo até mesmo criar equívocos em sua mente.
Para maior clareza, devemos evitar explicar palavras desse tipo. Nossa tarefa é transmitir-
lhe a mensagem de forma que possa entendê-la e captá-la. Em outra palavras, devemos nos
comunicar. Lembremo-nos de que nossos termos religiosos podem não ter significado para
a pessoa que nos ouve. Por outro lado, um termo árabe pode ter um significado para o
cristão e sugerir outro completamente diferente para um muçulmano. Este tem sido o
inconveniente de muitas traduções missionárias anteriores.
Ao nos referirmos à palavra céu (al janna), por exemplo, poderemos estar sugerindo ao
muçulmano a idéia de seu paraíso, concebido como um lugar no qual poderá satisfazer seus
desejos sensuais com mulheres virgens, onde correm rios de vinho etc. Por isso, será
necessário definir céu com outras palavras, mencionando, por exemplo, a presença de Deus
ou a casa do Pai.. A oração (salat) é para nós, em grande parte, imprecatória; para os
muçulmanos significa primariamente os cinco períodos da oração ritual, nos quais repete
frases aprendidas através de memorização. Diz respeito, antes de tudo, à adoração ou
submissão à vontade de Deus; um mero ritual. Portanto, o convite à oração: “Vamos
suplicar a benção de Deus (barakat Allah) sobre sua casa,” ou “sobre esta criança enferma,”
é mais adequado que: “Oremos juntos.”
Freqüentemente, usaremos a palavra árabe crer (amama); qualquer muçulmano devoto
poderá declarar-se honestamente crente em Jesus. Por isso, devemos mostrar-lhe o
verdadeiro significado da fé salvadora, recorrendo a outras palavras que incluam a idéia e a
crença em feitos históricos registrados na Bíblia (Kalâm Allah). Ele não somente deve crer
nas afirmações e promessas da Bíblia, mas também confiar implicitamente (ittakala) no
Senhor Jesus para salvar-se, entregando-Lhe a vida em suas mãos e obedecendo a Seus
mandamentos.
Ao falarmos em pecado (danb), o muçulmano provavelmente pensará que nos referimos a
uma destas três palavras ou a todas elas: o adultério (Zima), o homicídio (all gatt) ou o
pecado de comparar um homem a Deus, ou seja, colocar Jesus Cristo no lugar de Deus
(Shirk). Para expressar os diferentes aspectos do pecado, uma ampla gama de palavras é
empregada, tais como: transgressão, desordem e desobediência. Se as utilizarmos,
possibilitaremos que assimile o verdadeiro sentido do pecado. Trabalhando em sua própria
terra, o obreiro experiente deve estar em condições de equipar o jovem missionário com tal
vocabulário. É de suma importância utilizar palavras corretas na língua nativa; o árabe
possui um vocabulário religioso muito rico.
Alguns princípios gerais devem ser considerados na apresentação do Evangelho aso
muçulmanos:
1. Devemos evitar condenar o Islamismo ou referir-se a Maomé de forma
depreciativa. Compreensão e simpatia são estratégias mais inteligentes que a crítica ao
Islamismo. É prova de sensatez não nos envolvermos em longas discussões sobre a vida
ou o caráter do homem que veneram como profeta. Nosso objetivo deve ser atraí-los a
Jesus, mostrando-lhes um Cristo vivo, capaz de salvá-los e satisfazer-lhes o coração. O
Senhor estabeleceu um importante princípio de ensino aos discípulos: “...não se colhem
figos de espinheiros, nem dos abrolhos se vindimam uvas” (Lc 6.44). Os espinhos e o
abrolho da controvérsia repelem, mas o fruto atrai. Apontar a um muçulmano as
deficiências de sua religião é confrontar-se com ele. Alguns cristãos referem-se ao
Islamismo como uma religião de obras, e que somente a graça de Deus pode salvar.
Insistem em depreciar a forma de oração dos muçulmanos pelo fato de Deus buscar o
coração humilde e contrito, e não a mera prostração do corpo. Sustentam que um
verdadeiro profeta não teria tantas mulheres quanto Maomé. A mensagem desses
cristãos é negativa e crítica. O muçulmano sente-se rejeitado e ferido pelos “espinhos.”
Nosso propósito deve ser, acima de tudo, apresentar o verdadeiro vinho, de forma que o
muçulmano deseje apropriar-se do fruto do Evangelho. A apresentação da verdade deve
ser positiva. Não devemos provocá-lo com discussões reivindicativas.
2. O muçulmano crê no único Deus verdadeiro e em Sua lei. É provável que suas idéias
sejam distorcidas, mas um estudo atento dos 99 nomes de Deus, os quais repete com a
ajuda de seu rosário, prova que crê e adora o único e verdadeiro Deus, pois muitos
desses atributos encontram-se tanto na Bíblia quanto no Corão. Por isso, podemos
sempre lhe falar de Deus, Sua existência, poder, juízos, fidelidade e santidade. O
muçulmano sabe que Deus é onipotente, onipresente e onisciente. Não devemos tratá-lo
nunca como pagão, agnóstico ou idólatra.
3. No coração de todo verdadeiro muçulmano existe temor a Deus. Esta é a base mais
firme para nossa aproximação. Não só crê teoricamente em Deus, mas sabe também no
mais profundo de seu coração, que se encontrará com Ele no juízo. Conhece seus
defeitos e falhas. Sabe da existência de um inferno e causa-lhe horror ser lançado nele.
Esta atitude de temor é expressa quando se prostra em oração, pois adota a postura do
escravo na presença do amo. Esta idéia contrasta abertamente com a atitude filial dos
que crêem em Cristo, os quais conhecem a Deus como seu pai celestial; mas, onde
existe autêntico temor a Deus, há uma base para apelar à consciência. O temor a deus,
característica hoje escassa em nossa pátria, subsiste em muitos países muçulmanos,
apesar de alguns o manifestarem por superstição. Contudo, todo cristão atuante entre
muçulmanos tem consciência de seu valor.
4. A maioria dos muçulmanos tem certa noção do pecado. Não há uma profunda
convicção, mas a exata consciência do fracasso de seus esforços para alcançar o nível
exigido por Deus. A religião apela até certo ponto à sua consciência e à Lei de deus; ele
sabe quando transgrediu. Nas orações cotidianas, pede perdão e continuamente repete a
fórmula: “Suplico o perdão de Deus” (astaghapr Allah). Espera ser perdoado pela
misericórdia de deus. Entretanto, é consciente de que sua religião não pode dar-lhe a
certeza da remissão de seus pecados. Pode unicamente desejar esse perdão. Contudo,
anseia ardentemente por ele. Compreende a natureza perversa do homem, a qual a
Bíblia faz referência com os termos carne ou pecado. Esta idéia é expressa através de
formas diversas, empregando diferentes palavras; todo muçulmanos devoto leva dentro
de si uma profunda consciência do mal. Sabe que sua natureza é má. Deseja ser bom,
mas se sente impotente. Tenta sinceramente cumprir seu código moral, mas fracassa,
consciente da malícia de seu coração. Somente Cristo é a resposta à profunda
necessidade de sua alma. Tenhamos isto em mente ao nos aproximarmos dele.
5. Pelas razões precedentes, devemos levar em consideração que o muçulmanos é um
ser humano como nós, um pecador. Os pecadores necessitam de um Salvador e
somente nós possuímos a mensagem capaz de satisfazer esta necessidade. O
muçulmano tentará insistentemente discutir sua religião, sublinhando as diferenças
existentes entre Cristianismo e Islamismo. Quanto a nós, procuraremos fazê-lo enxergar
a necessidade de um Salvador, evitando discussões e apelando sobretudo à sua
consciência. Devemos mostrar-lhe nossa fé lógica, procurando alcançar o homem total.
É necessário abordar os problemas teológicos, mas temos de dirigir-nos primeiramente
ao coração e à consciência. Uma das características do muçulmano é jamais se
envergonhar de sua crença. Manifesta suas convicções com toda franqueza. Não
vacilará em tentar conseguir nossa adesão a Maomé e converter-nos ao Islamismo. Tal
atitude de zelo e franqueza é louvável, bem como a pública confissão da fé. As
verdades da Bíblia não devem ser ocultas, tampouco reduzidas ou harmonizadas com as
crenças do muçulmano. Islamismo e Cristianismo são diametralmente opostos; é
impossível torná-los uma fé comum, adaptando-se a mensagem cristão ao pensamento
muçulmano. O islamita possui uma visão aguçada e descobre rapidamente qualquer
intenção de mascarar a verdade ou conquistá-lo em favor de um compromisso cristão. O
Dr. Zwemer falou, certa vez, ser possível dizer qualquer coisa a um muçulmano, desde
que com amor e um sorriso. Tal povo respeita o homem que, em meio a uma multidão
de adversários muçulmanos, mantém suas convicções e não vacila em dizer a verdade.
É de suma importância que a expressão de nossa convicção esteja respaldada por uma
vida coerente.
6. É realmente muito importante considerar que a mensagem é sempre julgada
segundo a conduta do mensageiro. Na primeira aproximação, o mensageiro é tão
importante quanto a mensagem. No passado, nem sempre o “portador das Boas Novas”
mostrou-se parecido com Cristo; assim, os muçulmanos (e não somente eles) não
quiseram ouvi-lo. O fruto do Espírito é o amor, gozo, paz, paciência, afabilidade,
bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio. Tais virtudes constituem o caráter
cristão, e unicamente o Espírito Santo pode reproduzi-las em nós. A Bíblia ensina
claramente que o importante é o caráter do servidor. Ele será de fato respeitado segundo
sua conduta: o amor, apesar do ódio e rancor de seus opositores; amor que tudo sofre e
é amável, tudo suporta, tudo crê, tudo espera; a alegria no Senhor apesar da oposição e
perseguição; a paz de Deus, a qual, com tanto ardor, ambicionam; a paciência
perseverante; a bondade prática da qual não podem desfrutar com argumentos; a
fidelidade à palavra empenhada; a fé viva em Deus e em Sua mensagem; a mansidão
quando se defronta com a arrogância; e o domínio próprio ao se irritar com a insensatez
dos argumentos de seus ouvintes. A estas qualidades deve-se adicionar um espírito de
reverência e sobriedade. Os muçulmanos não conseguem entender a alegria que
caracteriza os cristãos. O homem de Deus é uma pessoa alegre, mas deve mostrar-se
sóbrio e reverente, especialmente ao falar das verdades cristãs. Exposto o conteúdo
acima, podemos agora formular o princípio mais importante da aproximação:
7. Devemos partir do conhecimento do muçulmano para levá-lo a aceitar a verdade
total da Palavra de Deus. Ao examinarmos sua crença, encontraremos muitos pontos
comuns ao cristianismo. Dentre outros conceitos, sabe, por exemplo, que Deus é luz e
nEle não há treva alguma; que Cristo é o filho de Maria; que um de Seus títulos é Verbo
de Deus (Kalimat Allah); e que o homem deve ser puro para aproximar-se de Deus em
oração. Assim, podemos concluir que o muçulmano possui uma noção de verdade.
Devemos dar graças a Deus por isso. Podemos felicitá-lo pelo que sabe e crê, tentando
induzi-lo a aprofundar-se na verdade. É provável que aceite nossos ensinamentos de
imediato, mas refletirá. Recorramos pois a seu conhecimento, a fim de conduzi-lo a
uma verdade mais profunda.
8. Outra noção, igualmente importante, é o fato de que o muçulmano responde ao
amor. Ele deve sentir que realmente nos preocupamos com sua pessoa, que o amamos e
nutrimos verdadeiro interesse não somente por sua alma. Na maioria dos casos de
conversão de um muçulmano, o amor cristão é o principal fator de influência.
Nebarek era um jovem estudante do Corão que ensinava as crianças na mesquita a recitar
seu livro sagrado. Durante muitos anos tinha participado da Escola Dominical, sem que tais
ensinamentos tivessem lhe causado alguma impressão. Seu coração se endurecia diante do
Evangelho e zombava de seus progressos. Aos 18 anos, muito orgulhoso de seus
conhecimentos acerca do Islamismo, foi à casa de uma missionária e pediu-lhe alguns
evangelhos em árabe, alegando interesse em voltar a lê-los. A missionária sentiu-se
emocionada. Um jovem buscava ao Senhor como resposta de suas orações. Nebarek tomou
os evangelhos nas mãos, folheou-os, e logo, com olhar de desafio, fê-los em pedaços e
atirou-os ao chão, pisando-os. Estava certo de que receberia uma forte repreensão por haver
tratado a Palavra de Deus daquela forma. Em ver disso, viu que os olhos da missionária se
encheram de lágrima e, com um olhar de indescritível tristeza, mas cheia de amor, afastou-
se sem dizer palavra. Entrou em casa para orar por ele.
Nebarek dirigiu-se para casa, mas a expressão do paciente amor de Cristo, a mansidão e
bondade, atingiram-lhe a alma. Depois de uma hora, voltou à missionária, mas desta vez
como pecador convicto em busca de salvação. Aquela simples expressão de amor (como
Jesus chorando sobre Jerusalém) conseguiu o que anos inteiros de ensinamentos não
puderam obter. O mensageiro é tão importante quanto a mensagem.
Ao longo dos séculos, o cristão tem falhado nesse aspecto, desde o tempo das cruzadas até
nossos dias. Ainda há missionários que combatem o Islamismo ridicularizando-o com
argumentos e insultos. É de suma importância demonstrar esse amor de forma prática,
derrubando pouco a pouco as barreiras. Jamais deixar de cumprimentar um muçulmano
amigo com um sorriso, mesmo em momentos de tensão política. Demonstrar-lhe simpatia
na enfermidade ou em horas de luto. Prestar-lhe pequenos serviços. Ser escrupulosamente
honrado em assuntos de negócio. Mostrar coerência cristã nos menores detalhes da vida.
(Se, por exemplo, um vendedor muçulmano vender-nos um artigo em más condições, não
devemos omitir em mostrar-lhe o erro – com amor). Ser respeitador e dar provas de estima.
Demonstrar amor, tentando compreender o ponto de vista do outro. Saber ouvir. Deus
ensinou-me, na velhice, a sabedoria de ouvir pacientemente aos demais, desde o
adolescente inglês muçulmano intransigente. Se pudermos tecer elogios, devemos fazê-lo,
mas com sinceridade transparente. O muçulmano lê nosso interior como a um livro; os
apelidos que freqüentemente adotam nos missionários e em outras pessoas são sempre
muito cabíveis. O verdadeiro amor não esconde a verdade. Temos uma mensagem de amor
a comunicar. Antes de aceitar e amar nosso Senhor, o muçulmano deve aprender a amar-
nos. Recordemos, pois, que o amor é o caminho de Deus.
9. Para encerrar, devemos sublinhar o trabalho do Espírito Santo. É preciso depender
inteiramente de sua orientação, a fim de conseguirmos convencer do pecado e da fé em
Cristo, criarmos vida nova e oferecermos segurança de paz. Sem o Espírito Santo como
guia, todos nossos esforços serão absolutamente vãos (Jo 16.8-14).
Capítulo 2

O Islamismo
O Islamismo é a religião dos muçulmanos. A palavra significa submissão a deus; o islamita
declara-se inteiramente submisso à vontade de Allá. As expressões maometismo e o
maometano não agradam aos muçulmanos e devemos evitá-las. Os muçulmanos sustentam
que Abrão foi o primeiro verdadeiro muçulmano, e todos os profetas que o seguiram
também. Tais idéias são incompatíveis com o sentido que hoje tem a palavra muçulmano,
ou seja, o que crê em Maomé como o profeta de Deus e submete-se ao Corão como a
vontade divina.
Alguns livros nos oferecem o relato da vida de Maomé e a história do Islamismo; mas
nosso propósito não é discorrer sobre tais temas.
A religião islâmica consta de crenças (al isman) e de práticas (al din).

Os artigos da fé muçulmana

Os muçulmanos crêem:
1. Em Allá, que é único, todo-poderoso e misericordiosos para com todos os muçulmanos;
2. Em seus anjos e nos maus espíritos;
3. Em suas Escrituras, os “Livros Revelados,” dos quais há quatro importantes: a Lei de
Moisés (Taurah), os Salmos de David (Zabur), o Evangelho de Jesus (Injil) e o Corão
de Maomé;
4. Em seus mensageiros e profetas, dos quais Maomé é o último e o selo dos profetas;
5. No dia da ressurreição;
6. No destino, pois quando Allá decreta, seja bom ou mau, tem que acontecer.

São cinco os Pilares da Prática Muçulmana:

1. A profissão de fé (Shahada): “Confesso que não há outro Deus a não ser Allá, e que
Maomé é seu enviado;”
2. As orações rituais (rolat);
3. O pagamento das esmolas rituais (Zahat), ao qual deve acrescentar-se oferendas
voluntárias (Sadaga);
4. O jejum do Ramadã (Saum);
5. A peregrinação a Kaaba em Meca para os que puderem financiá-la (Hajj).

O Testemunho

Repetir as palavras “La ilhaja illa Allah, Wamohammed Rasul Allah” significa converter-se
ao islamismo. Embora a profissão de fé deva ser proferida com convicção (niya), os
muçulmanos se alegrarão em convencer um cristão a simplesmente pronunciá-la. Portanto,
devemos evitá-la. É extremamente simples aprendê-la e repeti-la; a reiteração da fórmula
não implica em nenhuma mudança de vida. Pronunciá-la significa converter-se em membro
da grande irmandade muçulmana, com a esperança fina de alcançar o paraíso.
Os muçulmanos fazem se empenhar para persuadir os cristãos a pronunciarem sua profissão
de fé. Qual deve ser nossa postura a este respeito? “Não posso repetir sua profissão de fé,
tampouco afirmar que creio em Maomé. Sou cristão. Obviamente, sou crente (mumin), mas
não muçulmano. Eu confesso (ashahad) meu Senhor Jesus e gostaria de testemunhar-lhe
sobre a mudança que ocorreu em minha vida.”
Pessoalmente, procurei sempre expor meu testemunho de forma prática: “Quando jovem, o
mundo e seus prazeres me fascinavam. Ensinaram-me a praticar a religião, a crer em Deus,
orar, ir à igreja (usar o termo mesquita) e adorar a Deus. Eu estendia uma das mãos a Deus
e a outra ao mundo. Deus de um lado e o pecado de outro. Meu coração vivia em constante
combate; não tinha paz. Não me atrevia a deixar a Deus, tampouco desejava afastar-me do
mundo. Então, Jesus penetrou em minha alma. Bateu à porta de meu coração e limitei-me a
dizer: ‘Dignai-vos a entrar.’ Quando Jesus chegou, meu desejo de pecado desvaneceu-se.
Abandonei o mundo com seus prazeres (Zabu) e entreguei todo meu ser a deus. Agora,
submisso a Jesus, a paz substituiu a inquietação que havia em meu coração, e Deus me fez
andar por Seu caminho.” É importante acompanhar as palavras com gestos. O muçulmano
gosta sempre de ouvir o testemunho das relações de Deus com uma pessoa. É algo que não
sabem rejeitar, especialmente quando parte de uma vida pura e conseqüente.
O cristão poderá também compartilhar sobre a unicidade de Deus, mencionando a
passagem a respeito do homem que indagou a Jesus acerca do primeiro e maior dos
mandamentos, obtendo como resposta: “...Ouve, ó Israel, o Senhor Nosso Deus é o único
Senhor! Amarás, pois, o Senhor teu Deus de todo o teu coração...” (Mc 12.29-30). Cristãos,
israelitas e muçulmanos concordam com a existência de um só Deus; mas, pode alguém
dizer que realmente ama a Deus com todo seu coração, alma, mente e todas suas forças? É
muito fácil confessar um credo e esquecer o mandamento que implica amar a deus. Tais
questões podem contribuir para uma interessante discussão ou uma conversa sobre a
incapacidade do homem para amar a Deus e a necessidade de uma mudança em seu
coração. Se não imprimirmos esta direção à conversão, o muçulmano tentará abordar
unicamente a negativa do cristão em aceitar a Maomé, pois ele admite a primeira frase da
profissão de fé, mas rejeita a segunda.

Oração

Todo muçulmano devoto recita as orações rituais, no mínimo, cinco vezes ao dia. São elas:
a oração pela manhã (al faju), ao meio-dia (ad ad hum), entre o meio-dia e o pôr-do-sol
(al’aser), ao pôr-do-sol (almeghreb) e uma hora após o pôr-do-sol (al’asha). Constituem
um rito que devem realizar em árabe e expressam principalmente louvor a Deus. Os
muçulmanos são realmente sinceros e reverentes em suas orações, as quais começam com a
“formulação de intenções:” “Oh Deus, vou fazer a oração da manhã...” Segue-se a
cerimônia da purificação com abluções de diversas partes do corpo em água ou areia. Então
diz: “Confesso que Ele é o único e não há outro Deus. Ele não possui nenhum rival.
Declaro que Maomé é seu servo mensageiro. Oh Deus, faz com que eu esteja entre os
arrependidos e os puros.”
Em seguida, continua: “Deus é grande,” e repete sua profissão. Recita uma doce oração e
depois uma declaração a Satanás, a qual repete três vezes, dizendo: “Busco refúgio em
Deus contra Satanás, o lapidado.” A seguir, o primeiro capítulo do Corão (al Fatihali): “Em
nome de Allá, o Bondoso, o misericordioso. Todo louvor pertence a Allá, Senhor dos
muçulmanos, o Bondoso, o Misericordioso, Dono do dia do Juízo. A ti somente adoramos e
a ti somente imploramos ajuda. Guia-nos pelo caminho reto, o caminho daqueles a quem
outorgaste tuas benção, os quais não incorreram em irar-te e não se perderam.” Neste
ponto, provavelmente repetirá uma parte do Corão.
Então, declara novamente: “Deus é grande,” e se prostra. Nesta posição, recita três vezes:
“Glória a deus, o dono do mundo.” Põe-se em pé e diz: “Deus, ouve a quem te louva.”
Prostra-se três vezes, exclamando: “Glória a Deus, Senhor Altíssimo.” Em seguida, repete a
oração: “Oh Deus, perdoa-me, tem piedade de mim, dirigi-me, preserva-me e faz-me
grande. Robustece minha fé e enriquece-me.” Antes de prostrar-se pela segunda vez, diz:
“Deus é grande.” Cada oração compreende um certo número destes rak’s, conforme a hora
do dia. Então repete um capítulo do Corão à sua escolha e, se desejar, poderá recitar uma
curta oração espontânea. Volta então a cabeça para o lado direito, a fim de saudar o ano que
ali se encontra registrando sua boas ações; em seguida, volta-se para esquerda, a fim de
cumprimentar o outro anjo o qual registra, segundo crê, suas más ações: “A paz seja
contigo, e contigo esteja a paz.”
Observemos os seguintes pontos:
1. A intenção (na niya). Qual é a finalidade do crente ao orar? Por que ora? Para o
muçulmano, trata-se de um dever (Wajib), um preceito ou obrigação (fard) e uma
dívida contraída com Deus (din). Para o cristão, a oração constitui-se no falar com seu
Pai celestial (Mt 6.5-15). Mas Deus não pode ser nosso Pai a menos que tenhamos
nascido de novo. Em Jo 3.1-14, Jesus fala-nos acerca do novo nascimento. Quem crê
em Cristo, primeiramente ouve a Deus que lhe fala através da Bíblia, depois fala com
Deus pela oração. Sabe que Deus entende qualquer língua; por isso fala com Ele em sua
língua materna. Este propósito ou intenção é da maior importância na oração e na fé; é
possível desenvolver o tema. Por exemplo, um muçulmano pode afirmar crer em Jesus
Cristo, mas o verdadeiro crente o é com a intenção de encontrar salvação somente nEle,
Jesus.
2. A cerimônia das abluções. O princípio no qual se baseia o rito é: uma alma pura deve
falar com Deus em corpo puro. Por isso, o muçulmano deve purificar-se antes de cada
oração. Não há dúvida de que se trata de um ponto de contato, de aproximação. É
possível que tenhamos oportunidade de observar um amigo muçulmano com suas
devoções ou que ele escolha deliberadamente orar em nossa presença. Não devemos
dizer-lhe que Deus não ouvirá sua súplica por tratar-se de uma fórmula ou de frases
meramente piedosas criadas por uma religião de obras. É mais prudente adotarmos a
seguinte linha: “Amigo, tenho observado que, antes de orar, você lava cuidadosamente
várias partes do corpo. Suponho fazê-lo compreender que deva apresentar-se puro
diante do Deus santo. Concordo plenamente. Entretanto, a Bíblia diz: ‘aproximemo-nos,
com sincero coração, em plena certeza de fé, tendo os corações purificados de toda má
consciência, e lavado o corpo com água pura’ (Hb 10.22). Certamente você compreende
uma importante verdade. Para aproximar-se de Deus é necessário estar puro. Contudo,
observei que, na ablução dos vários membros do corpo, você omitiu o coração. Se
vocês dizem que o coração é o rei (sultão) dos membros, não será suficiente lavar todo
o corpo, deixando o coração à parte. É preciso purificar a força motivadora e reguladora
de nosso corpo.” Ele replicará: “É impossível ao homem lavar seu coração,” ao que
você responderá: “Concordo plenamente; mas o que é impossível ao homem é possível
a deus. A Palavra de Deus afirma que ‘o sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de
todo pecado’ (1 Jo 1.7).
Assim, elogiamos o princípio que está de acordo com a Palavra de Deus, mas também
pudemos mostrar-lhe que semelhante purificação corporal não é suficiente. Ele próprio
admitiu que pode purificar seu coração; talvez até pergunte como fazê-lo. Devemos seguir
este princípio: partir dos elos/ sinais de verdade presentes em sua religião e levá-lo ao pleno
conhecimento da revelação de Deus. Não ofendê-lo, condenando abertamente sua maneira
de orar, mas mostrar-lhe simpatia e amor, guiando-o com a virtude do Espírito Santo.
3. A atitude de oração. O muçulmano deve prostrar-se (sajada y rak’a) durante a oração,
pois adota a atitude do escravo na presença de seu Senhor. Tal postura indica medo da
cólera e do castigo de Deus, contrastando com a reverência e o santo atrevimento com
os quais o cristão aproxima-se de seu Pai Celestial. É possível prostrar-se
exteriormente, negando a Deus obediência e submissão de coração e vida. Podemos
recorrer a passagem das Escrituras, tais como Lucas 18.9-14 e Atos 9.6.
4. Pode-se utilizar o capítulo inicial do Corão como ponto de partida com muçulmanos
mais cultos.
Existe uma diferença sutil entre os títulos “bondoso” (ar Rahman) e “misericordioso” (ar
Rahim). A primeira palavra indica o que deus representa em si mesmo, e a segunda a
bondade e misericórdia manifestos em sua relação com os homens. Como Deus,
eternamente ar Rah Man, manifesta-Se como ar Rahim no amor que perdoa? A resposta só
pode ser encontrada na fé cristã (2 Co 5.19; Jo 1.1-3, 3.16).
As frases iniciais do Corão, as quais expressam louvor a Deus, estão constantemente nos
lábios do muçulmano piedoso. “Todo louvor pertence a Allá, Senhor do mundo.” O
muçulmano adora a Deus como criador e dá-lhe graças pelas bênçãos espirituais (Ef 1.3-9;
2 Cr 9.15; Sl 103.1-6).
“Guia-nos pelo reto caminho.” Trata-se, sem dúvida, de uma oração excelente, mas, para
sermos guiados pelo reto Caminho, devemos conhecê-lo. Jesus Cristo afirma em João 14.6:
“Eu sou o caminho” (Jo 14.6). Não basta conhecer o caminho de casa; precisamos caminhar
por ele. Através de Sua morte, Jesus deu-nos vida para caminhar pela senda de Deus.
Agradar a Deus implica em não somente sabermos que Jesus Cristo é o caminho, mas
também segui-lO. Os profetas mostraram aos homens um caminho para Deus, mas somente
Cristo disse: “Eus sou o caminho.”
5. Em sua oração, o muçulmano pede a Deus muitas bênçãos espirituais só encontradas
em Cristo, tais como : perdão, refúgio, direção, perseverança, paz, libertação de Satanás
e seu poder. Confessa procurar refúgio em Deus. Um refúgio é inútil, se inacessível.
Cristo é o refúgio e o Salvador (Hb 2.14, 15; At 2.21).
6. A forma mais simples de oração para muçulmano é a invocação de um atributo de
Deus. Dirá, por exemplo: “Yal al ghaffá” (Tu que perdoas), querendo expressar: “Tu
que estás disposto a perdoar, perdoa-me.” Quando percebe sua debilidade, exclamará:
“Oh, Tu, Poderoso” (Ya al Radú), que implica em: “Digna-te fortalecer-me.” Desta
forma usa os atributos de Deus como uma oração de uma só palavra. É uma invocação
do nome do Senhor, que somente e realiza de forma plena.

Orações improvisadas

Além das orações de rituais do Islamismo (salat), há também de intercessão ou petição


(du’ao). Nas primeiras, o intercessor deve prostrar-se da maneira prescrita. Nas últimas,
estende as mãos com as palmas para cima, como se esperasse receber a benção de Deus. Ao
orarmos por muçulmanos, ou com eles, parece lícito e natural estender as mãos como eles o
fazem, em substituição da forma cristão de juntar as mãos e fechar os olhos.
Evidentemente, trata-se de uma pequena concessão. Quando adotamos tal atitude, devemos
fazê-lo em nome do Senhor Jesus. A resposta final quase sempre será “Amem.”
Não é fácil para o cristão unir-se aos muçulmanos em suas orações rituais, pelo fato de
incluírem as repetições da Shahada; contudo, é importante aproveitar tais oportunidades de
orar na presença de muçulmanos ou, se for possível, com eles. Devemos mostrar-lhes que
oramos em família com regularidade e fazemos reuniões de oração para pedir as bênçãos de
Deus sobre seu país e governantes. Antes de oferecer tratamento médico em casa ou numa
clínica, o cristão deve orar sempre em nome de Cristo, utilizando a oração ad du’a, com as
mãos estendidas. Em minha clínica em Angélica, nunca tratei das pessoas sem antes orar
com elas, e a oração era seguida, sem exceção, com reverência. O muçulmano atribuía a
cura ao poder do Senhor Jesus, e não à habilidade do missionário. Tal fato preparava-o para
ouvir a mensagem da Bíblia. O nascimento de um filho e a visita a um enfermo ou amigo
são também ocasiões nas quais podemos convidá-lo a orar: “O que você acha de
implorarmos a benção de Deus?” (barakat Allah). Desta forma, com santa ingenuidade, o
muçulmanos expressará temor a Deus através da súplica; este pode ser um começo para a
exposição do evangelho.
Capítulo 3

O Jejum do Mês de Ramadã


A observação do jejum do mês de Ramadã é uma prática obrigatória para todos os
muçulmanos. Em seu calendário lunar, o mês de Ramadã dura 29 a 30 dias. Todos os anos,
encaixa-se aproximadamente nove dias antes do ano precedente. O jejum inicia-se a cada
dia no momento em que é possível distinguir entre um fio branco e um preto, findando com
o pôr-do-sol. Passam a noite comendo e bebendo; durante esse mês, gastam mais dinheiro
que em qualquer outro período do ano. “Como vamos jejuar se não comemos bem?,” é o
comentário usual. Durante o dia, é proibido comer, beber, fumar, tragar saliva, ter contato
com pessoas do sexo oposto, jogar jogos de azar e ter relações sexuais. As noites são
passadas em prazeres e excessos.
Normalmente, as crianças iniciam a prática do jejum (por apenas alguns dias) quando têm
oito ou nove anos, competindo entre elas para ver quem resiste por mais tempo. À mulher
grávida é permitido quebrar o jejum se considerar que o bebê corre perigo. As mulheres não
jejuam no período menstrual; entretanto, tais dias devem ser compensados durante o ano.
Os viajantes no deserto, o soldado durante a guerra santa (jihad), os idosos mais fracos e as
crianças que ainda não chegaram à puberdade estão desobrigados do jejum.
O jejum é uma dívida contraída com Deus (din) e uma obrigação (frad). Diz-se que em
parte é expiação pelos próprios pecados, auxílio no domínio das paixões e mérito para
ganhar o paraíso. O muçulmano deve declarar sua intenção de jejuar (miya) todos os dias
antes do amanhecer. Recomenda-se não jurar, nem proferir palavras torpes; não irar-se,
nem falar mal dos outros durante o período do jejum.
Muitos cristãos denominam este jejum de “festa”* de Ramadã, demonstrando absoluta falta
de compaixão pelos muçulmanos que sofrem. O obreiro cristão não deve deixar
transparecer que também jejua; entretanto, em consideração a seus semelhantes, deverá
abster-se de comer ou beber em sua presença. Freqüentemente, eles se oferecerão ao
missionário para preparar-lhes o café ou as refeições durante esse mês; é necessário recusar,
mas com cortesia, expondo simultaneamente as razões. Em muito países islâmicos, ainda
está em vigência a lei da apostasia. Esta lei estabelece que todo o que não observa a prática
do jejum é infiel; portanto, é lícito privá-lo de seus bens e da própria vida. A mulher
apóstata deve ser confinada em um cômodo separado, deixando-a morrer de fome e
chicoteando-a até que se volte novamente à religião islâmica. O missionário cristão não
deve esquecer de que o muçulmano convertido a Cristo que romper o jejum correrá o
perigo de ser morto ou envenenado. Meu livro Too Hard for God? (“Algo Muito Difícil
para Deus?)**, ainda não traduzido para o português, cita mais detalhes a esse respeito.
O obreiro cristão considera que o Ramadã interrompe o programa normal das atividades
que durante esse período de jejum os muçulmanos estão propensos a ficar irritados. Por
outro lado, muitos deles deixam de trabalhar, empregando o tempo em conversas. Talvez
seja mais sensato não evangelizar diretamente durante os primeiros dez dias.
Gradativamente, as pessoas passam a alterar o horário das refeições. As mulheres começam
a preparar a refeição da tarde (fadhun) logo depois do meio-dia; tal fato deve ser
considerado pelas mulheres cristãs. A última refeição da noite ocorre por volta das duas
horas da manhã e chama-se sahur. Observa-se que, durante o Ramadã, a conversa centra-se
no jejum.
Qual deve ser a resposta do cristão as perguntas como esta: “Vocês jejuam (saim) ou
comem (fatar)?” Talvez a melhor saída seja: “O que você quer dizer exatamente: se me
abstenho de comida ou do pecado? O jejum diz respeito não somente ao domínio do desejo
de comer, mas também a todos os apetites carnais do homem. Nós, cristãos, tentamos
dominar nossos desejos maus, mas temos consciência de que é impossível fazê-lo sem a
ajuda de Deus. Para isso, contamos com um Salvador vivo que nos auxilia. Da mesma
forma como você domina o desejo de comer, deve fazê-lo em relação aos olhos, a fim de
que não atentem para coisas ruins, nem leiam livros obscenos. Preserve sua língua da
mentira e calúnia. Domine suas mãos e a você mesmo, evitando o que é proibido
(haram).Verá que é impossível por suas próprias forças e por isso necessita de um
Salvador, Jesus Cristo.”
Caso faça-lhe a pergunta: “Jesus jejuou?,” leia Lucas 4.1-2, acrescentando: “Sim, Jesus
absteve-se de comida durante 40 dias, mas não durante o mês de Ramadã. Ele não era
muçulmano. Nesse período, Jesus foi tentado e demonstrou ser homem perfeito. Por isso,
pôde redimir-nos.” Se indagar-lhe: “Por que vocês cristãos não jejuam?,” responda: “Os
cristãos jejuam (Leia Mt 6.16-18; 17.21; 1 Co 7.5; At 13.2). Entretanto, não o fazem no
mês de Ramadã. Para entender o por quê de os cristãos não observarem o Ramadã, temos
de partir do jejum muçulmano (niya). Vocês jejuam com o intuito de Deus perdoar-lhe os
pecados. Os cristãos já têm este perdão, pois Cristo pagou sua dívida. Deus perdoou-nos
por Sua misericórdia, sem considerar nossas obras. Os judeus perguntaram a Jesus por que
Seus discípulos não jejuavam. A resposta está registrada em Lucas 5.34-38. Comparo o
Ramadã a um retalho de tecido novo utilizado para remendar uma veste velha. É evidente
que Deus não se dá por satisfeito com um mês de jejum, quando feito para remendar uma
vida de pecado. É necessário remover a vida toda; na “peça” nova deve viver um novo
homem. Somente Jesus Cristo pode fazer isso” (2 Co 5.17).
Assinalamos a seguir algumas passagens das Escrituras que podem ser utilizadas nessas
discussões. Observemos que cada uma delas serve de plataforma para abordar a questão da
salvação.
Isaías 58.3-11. Este é o verdadeiro jejum. Pode-se enfatizar que no Ramadã há mais brigas
e contendas que em qualquer outro período do ano. Veja o versículo 4. Por que deus não
aceitou o jejum? Devido ao pecado. O verdadeiro jejum, bem como as bênçãos dele
decorrentes, encontram-se nos versículos 6-7.
Marcos 7.15-23. Jesus mostrou não ser o alimento que se come o responsável pela
contaminação, mas o que sai do coração do homem. Os muçulmanos concordarão
facilmente que os pecados enumerados nos versículos 21 e 22 contaminam e necessitam ser
purificados. É fundamental modificar a natureza pecadora. Leia João 3.1-17 e 1 João 1.7.
Atos 10.1-43. Cornélio era um homem bom; jejuava e orava, mas ainda não havia obtido o
perdão. Por ser sincero e temente a Deus, o Senhor enviou-o a Seus mensageiros para que o
ensinassem como obtê-lo. Pedro falou-lhe de Cristo, Sua vida irrepreensível (v. 38), Seus
sofrimentos e Sua morte (v. 39), Sua ressurreição (v. 40) e Sua volta como juiz (v. 42).
Cornélio encontrou o perdão somente quando creu em Cristo (v. 43). Devem dizer aos
muçulmanos que Deus conhece seu desejo de agradar-lhe com o jejum. Ele (Deus) também
enviou-nos como mensageiros para ensinar-lhes como obter perdão.
Mateus 6.16-18. Jesus ensinou a seus discípulos que ninguém deveria saber quando
jejuassem. Nesse ponto da discussão, seria interessante indagar se alguns muçulmanos
sentem-se orgulhosos do seu jejum. Afinal, eles não o ocultam. Pergunte-lhes: “Qual sua
intenção ao jejuar? Vocês desejam agradar a homens ou obter a salvação por meio de
obras?” (Leia Ef 2.8).
Lucas 18.9-14. A parábola do fariseu e do publicano pode ser a mensagem mais útil da
Escritura para trabalhar com muçulmanos durante o jejum. A aplicação é óbvia.
São necessários muito amor, sabedoria, paciência e grande tato nesse período do ano.
Alguns missionário têm procurado demonstrar afeto e simpatia pelos muçulmanos jejuando
durante o Ramadã, mas sem intenção de obter méritos. Entretanto, se tal gesto não for
compreendido, não contribuirá para alcançar nenhum muçulmano para Cristo.
Capítulo 4

A Festa Religiosa do ‘ID


O jejum do Ramadã termina com três dias de festejos, (‘id al fit). Setenta dias depois vem a
festa de ‘id al kabir ou ‘id al Adha. Cada família sacrifica um carneiro de chifres bem
grandes. Eles recordam que Deus enviou um carneiro a Abraão para que o sacrificasse em
lugar de seu filho. Os muçulmanos insistem no fato de haver sido Ismael, e não Isaque. É
interessante verificar que no Islamismo também existe a idéia de sacrifício (dahuja), assim
como a doutrina do homem redimido (fada) por um animal. Esta festa é sempre um tempo
de grande regozijo; mas o cristão em contato com os muçulmanos enfrenta alguns
problemas.
Freqüentemente, o muçulmano convidará seus amigos para comer com ele durante a festa,
oferecendo-lhe uma porção da carne do carneiro sacrificado. Os cristãos deverão comê-la
ou tal atitude comprometerá sua fé? A recusa ofenderá o muçulmano? É provável que a
resposta seja diferente em cada país. Observemos os seguintes pontos:
1. Pessoas humildes normalmente desejam manifestar gratidão ao missionário por favores
prestados durante o ano. Esta será praticamente a única ocasião em que poderão
oferecer algo “valioso;” são muitos os que desejam expressar afeto e estima dessa
forma.
2. Recusar um convite para comer ou não aceitar um obséquio poderá criar uma séria
barreira. Comer com alguém, compartilhar de seu alimento, sentar-se e alegrar-se
espontaneamente em sua companhia é a forma mais rápida de aproximar-se de seu
coração.
3. Em todos os países muçulmanos, a carne vendida nas feiras é sacrificada por
açougueiros muçulmanos. Como todo islamita ao sacrificar o cordeiro no ‘ID, eles
pronunciam uma “fórmula,” voltando-se para Meca.
4. Certos cristãos mais fracos podem crer que se comerem dessa carne estarão
participando da fé muçulmana, o que para eles é motivo de tropeço. É possível,
inclusive, que alguns muçulmanos adotem este mesmo ponto de vista. Entretanto, é
muito improvável que o cristão se recuse a pronunciar Shahada ou a observar o mês de
Ramadã. É possível que o cristão mais fraco seja o que faça objeções.
5. Perguntando e ouvindo, o cristão pode assegurar-se do significado exato que se dá ao
derramamento do sangue do animal. Em alguns países isso é visto como um espécie
expiação pelos pecados ou como poder mágico protegendo contra Satanás, demônios e
poderes invisíveis. Todo aquele que trabalha entre muçulmanos deve decidir por si
mesmo, tendo em mente algumas passagens das Escrituras como Romanos 14.1-23 e
Coríntios 8.1-13. Cada um deve ter sua própria convicção e consciência perante Deus,
sem esquecer o efeito que sua atitude pode provocar primeiramente entre os
muçulmanos e também entre os cristãos mais fracos. Se um cristão decide não aceitar
fazê-lo com cortesia, procurando dar muitas desculpas e explicando suas razões. É
melhor explicar-se antes que tal ocorra e não na presença de outros, pois poderia deixar
o amigo muçulmano embaraçado.
Esta festa é uma excelente oportunidade para expor o Evangelho, relatando a história de
Gênesis 22.1-13. É necessário ter muito tato ao falar de Isaque como filho de Abraão para
evitar discussões estéreis. Os muçulmanos sempre insistirão em acrescentar o nome de
Ismael, entretanto é absoluta perda de tempo tentar explicar quem foi Isaque. Quando se
converter, o muçulmano estará preparado para reconhecer a verdade bíblica; até então,
questões menos importantes como estas devem ficar subordinadas ao único objetivo
importante, que é levá-lo à fé pessoal em Jesus Cristo.
Leia Gênesis 22; João 1.29 e Hebreus 10.1-8, ou partes dessas passagens. Pessoas
ignorantes, ou de pouca formação, não conseguem concentrar-se quando são lidas
passagens mais longas das Escrituras. Devem escolher os versículos essenciais e decorar
outros até ser capaz de contar a história sem olhar. Os pontos principais são:
1. O jovem foi condenado à morte, mas felizmente ignorava o perigo que corria. Deus
havia dito a Abraão que tomasse seu filho e o sacrificasse no altar. O juízo de deus
pesava sobre ele. Saiu de casa pela manhã muito animado. Ia passar o dia fora com seu
pai e estava muito contente. Não sabia que Deus o tinha condenado à morte. Deus
ordenou a Abraão que ajuntasse algumas pedras, pusesse lenha sobre elas, atasse seu
filho e depois o sacrificasse, queimando em seguida seu corpo. (Os muçulmanos não
sabem o que é um holocausto). O jovem era como os homens e mulheres de nossos
dias. Estão debaixo do juízo de Deus, condenados à morte, mas não o sabem (Rm 3.19-
20).
2. Acordou para a verdade. Refletiu que freqüentemente as pessoas do seu país ofereciam
seus filhos em sacrifício no alto das montanhas. De repente, percebeu o que estava
acontecendo e uma pergunta começou a incomodar sua mente: Onde está o cordeiro?
Compreendeu então que, se não havia cordeiro para sacrifício, ele seria o sacrificado.
Esta é a grande verdade. Todo homem deve oferecer um sacrifício, convertendo-se em
vítima. Por isso, ao longo dos séculos têm ressoado estas perguntas arrasadoras: “Onde
está o cordeiro?,” “Onde está o cordeiro capaz de redimir o homem?” É evidente que o
animal sacrificado na festa do ‘ID não é suficiente, pois foi comprado no mercado por
um determinado valor e o homem não tem preço. Quanto custa um criança? Seu valor é
incalculável. É precisa porque é criatura de Deus, feita à sua imagem. Por isso, não
pode ser redimida com o sangue de um animal (Hb 10.4). É impossível que o sangue
de touros ou de bodes apague o pecado. A alma que desperta e vê este perigo buscará
que a salve, um cordeiro que a redima. “Onde está o cordeiro?”
3. Salvou-se. Glória a Deus por isso! Deus enviou um cordeiro para que o jovem não fosse
sacrificado. Abraão, porém, não o via. Mas, como era um verdadeiro crente, havia
submetido tudo a Deus. Cria que, embora sacrificasse seu filho, Deus poderia levantá-lo
da morte. Estava completamente submisso (muçulmano) a Deus ma cego ao mais
importante. Deus havia providenciado o sacrifício não era necessário que seu filho
morresse. Mas Abraão foi incapaz de ver o cordeiro até que Deus, em Sua misericórdia,
enviou um mensageiro para fazê-lo ver. (Leia Gn 22.11-13) Vocês, amigos, são iguais a
Abraão. Não vêem que Deus enviou um cordeiro para morrer no lugar de vocês. João
Batista (yahya ibn Zakaria) viu Jesus e disse: “Eis o cordeiro de Deus, que tira o pecado
do mundo!” (Jo 1.29). Viemos mostrar a vocês que Jesus é o cordeiro que Deus proveu.
Deus enviou a Cristo para que fosse o único sacrifício e plenamente suficiente para os
pecados de todo mundo. Vocês são como Abraão. Crêem, proclamam que estão
inteiramente submissos a Deus, mas continuam sem enxergar a verdade essencial de
que Jesus é o cordeiro de Deus. Por isso, viemos aqui. Ouçam, vamos ler Jo 1.29.
(Referir o relato da crucificação de modo bem simples.)
Abraão desamarrou seu filho e deixou-o livre. Em seguida, ofereceu o cordeiro em lugar de
seu filho. Ouçam como o jovem louvou a Deus: “Louvado seja Deus, porque me salvou.
Estou livre. Deus me salvou.” Seu um árabe o tivesse ouvido, diria: “Cala-te. Não digas
‘louvado seja Deus, por me salvou.’ Somente podemos dizer ‘In sha Allah (ou Ma sha
Allah – serei salvo).’” O jovem volta-se para seu pai, perguntando: “Pai é verdade que vou
ser sacrificado como cordeiro?” Abraão responde: “Não filho, Deus te redimiu. Deus
enviou um cordeiro. Está salvo.” Então o jovem pôde dizer: “Louvado seja Deus, porque
me salvou.” O cristão também pode louvar a Deus por ter sido salvo, pois Deus não exigirá
(o pagamento) duas vezes da mesma pessoa. O primeiro pagamento já foi feito por Cristo,
que é meu fiador e o pagou com seu sangue. O jovem não disse: “Obrigado, pai, porque
comprou o cordeiro,” e sim: “Louvado seja Deus,” porque foi Deus quem havia
proporcionado o sacrifício. É óbvio que o tema pode ser mais desenvolvido. Constitui-se
em uma das formas mais impressionantes de se conseguir que o muçulmano aceite a
verdade do Evangelho, começando pelo que já se sabe. Retenhamos, pois, estes 3 pontos:
condenado, desperto, salvo.
Capítulo 5

A Fé Islâmica
O muçulmano crê em Alá, a quem considera o único, todo-poderoso e misericordioso com
todos os muçulmanos.

Alá

- Sua unicidade
Esta é a idéia dominante sobre Deus e está expressa na frase “La ilaha ilha Allah” (não há
outro Deus a não ser Alá).
Ele é absolutamente único e inconcebível para o homem. “Pense o que quiser nossa mente,
Deus não é isso.” Esta idéia exclui terminantemente o conceito da Santíssima Trindade. O
pecado mais grave que o homem pode cometer é adorar a outro que não seja Alá ou
associar outro a Ele, colocando-o no mesmo nível.
- Sua grandeza
Allah Akbar (Deus é grande, ou mais literalmente, Deus é o maior), repete-se
constantemente nas orações muçulmanas. Deus é maior que qualquer idéia que se possa ter
a Seu respeito. Devido a sua força e poder, o muçulmano prostra-se em adoração, adotando
a posição de escravo. Alá é tão grande que pode fazer o que quiser, até mesmo quebrar suas
próprias leis. A palavra al Oader expressa não somente seu poder, mas também, que tudo
quanto ele decide se cumprirá. É impossível tentar lutar contra o que Ele decretou. Daí vem
a palavra mektub (está declarado ou escrito). Tudo o que acontece no mundo foi decretado
por Deus: no Islamismo o livre arbítrio do homem fica totalmente eliminado.
- Sua misericórdia
Allah ar Rah mán wa ar Rahim (Deus é bom e misericordioso). Ele terá piedade de todos
os muçulmanos (embora pequem), mas não ama a todos os homens. É muito difícil para o
muçulmano imaginar Deus como Pai. Pensa que significa uma paternidade física. É muito
difícil entenderem o amor de Deus expresso através de Jesus Cristo. De fato, alguns
muçulmanos agora cristãos insistem em que esse é o último método para uma aproximação
com os muçulmanos.
Muitos muçulmanos piedosos têm um rosário de 99 contas, cada uma das quais representa
o nome de Deus. O nome atribuído ao número 100 é inefável e desconhecido para o
homem. Muitos alegam que somente o camelo o sabe, e, que em seu olhar há tanto orgulho,
porque só ele possui tal conhecimento. Em nossas conversas com muçulmanos, verificamos
que não é necessário insistir na existência de Deus, como acontece quando nos
relacionamos pela primeira vez com pagãos. É importante dar uma idéia correta de Deus,
que Ele é amor, luz e espírito. Devemos sempre nos lembrar de que o homem não pode
conhecer a Deus como Pai a não ser por relação direta (Mt 11.25-27). Lembremo-nos
sempre de que dependemos do Espírito Santo.
Nossa linha de aproximação variará conforme a mentalidade do muçulmano. Com um
muçulmano que aprendeu a pensar e que está em contato com cristãos podemos comparar a
Bíblia com o Corão. No Islamismo, Deus envia seus profetas, mensageiros, livros etc. No
Cristianismo, Deus fez-Se homem. A palavra se fez carne (Jo 1.14). Deus estava em Cristo,
reconciliando o mundo com Ele (2 Co 5.19).
O Islamismo recomenda ao homem que busque a Deus, o qual realmente nunca pode ser
encontrado. Na Bíblia, Deus busca o homem e o encontra (Lc 19.10; 1 Tm 1.15). As
parábolas da ovelha e da dracma perdidas (Lc 15.1-32).
O Islamismo é mais uma das religiões do mundo e como toda religião enfatiza sempre
aquilo que o homem deve fazer por Deus, ou seja: o homem deve trabalhar para obter sua
Salvação. Deve orar, ir aos lugares sagrados e às mesquitas. A mensagem do Evangelho, no
entanto, nos fala do que Deus fez pelo homem. Sua obra é sempre perfeita. “Está acabada.”
No Islamismo, o homem toma iniciativa; deve buscar a Deus. Na Bíblia, a iniciativa é
tomada por Deus. Ele escolhe, chama, busca, salva; e o Espírito Santo convence do pecado,
mostra ao homem sua necessidade e lhe revela Cristo.
No Islamismo, o homem tenta conseguir vida observando uma série de proibições e tabus:
“Faça isto.” “Não faça aquilo.” O Novo Testamento fala de uma nova vida que Deus dá ao
homem. O homem morre para viver. Tendo recebido uma vida nova pela morte e
ressurreição de Cristo, ama a Deus e deseja agradá-lo.
A parábola do filho pródigo sempre atrai o muçulmano (Lc 5.11-32). O cristão deve
aprender a contá-la de forma realista, dando-lhe cor local. O pai continuava amando seu
filho, embora este se encontrasse em um país longínquo e comportando-se mal. Quando o
filho voltou, o pai tinha três possibilidades: 1) Rejeitar terminantemente o filho. (Tal atitude
seria indigna de um Deus de amor.) 2) Castigar severamente o filho e negar-se a recebê-lo.
(Como Deus é diferente!) 3) Continuar amando-o, esperando pacientemente e sofrer. Nessa
situação, quem sofre mais, o pai ou o filho? Esse sofrimento abriu o caminho para que o
filho voltasse (1 Pe 3.18).
É útil, às vezes, comparar o amor de Deus e sua justiça. Vamos utilizar as duas mãos para
uma ilustração; a direita significa a justiça de Deus e a esquerda sua misericórdia. Se Deus
tivesse julgado e condenado todos os homens ao inferno teria sido justo, mas teria agido
contrariamente à sua condição de Deus amoroso. Se, por outro lado, tivesse demonstrado
sua misericórdia a todos os homens sem exigir arrependimento e, levando-os todos ao céu,
teria sido bondoso, mas injusto; o céu, então, seria parecido com este mundo com toda sua
pecaminosidade e sofrimento. Ele deve ser justo (al’ adil). Juntar as mãos com as palmas
voltadas para cima. Como Deus pode mostrar seu amor às custas de sua justiça, não será
justo. A única resposta possível deve ser buscada na mensagem do Evangelho (2 Co 5.21;
Rm 3.23-26. Os exemplos tirados da vida humana não servem para o muçulmano
sofisticado, mas servem em geral para a gente simples). Quem trabalha entre os
muçulmanos pode usar com freqüência 1 Tm 2.5, que enfatiza a unidade de Deus: “Um só
Deus e um só mediador.”
Capítulo 6

Crenças Islâmicas Adicionais

Os livros sagrados

Os muçulmanos sustentam que deus enviou 104 livros, dos quais quatro são importantes: a
Lei de Moisés (Taurah), os Salmos de David (Zalm), o Evangelho de Jesus (Injil) e o Corão
de Maomé, também chamado de Furgan. O Corão é o último, o maior e suplanta os demais.
Os muçulmanos afirmam que o verdadeiro Injil se perdeu e que os evangelhos atuais foram
alterados para serem adaptados à doutrina cristã. O Islamismo atual fundamenta-se na
tradição (al Hadith) como no Corão.
Será necessário para o cristão citar o Corão a fim de convencer seus ouvintes? Não. Isso
não é aconselhável por várias razões: 1) A Bíblia é a espada do Espírito e, se for deixada de
lado para citar o Corão, será como abandonar a virtude divina pelo raciocínio humano. 2)
Os muçulmanos não respeitarão os ensinamentos, deve ser coerente e aceitar todas as outras
partes do livro. Quem evangeliza muçulmanos sem dúvida deve conhecer o Corão, e é
conveniente que decore algumas partes-chave. Porém, é bom lembrar que somente as
Escrituras possuem autoridade e poder. No trato com muçulmanos, devemos sempre dar
total importância à Bíblia. Devemos não somente citá-la, mas também lê-la na presença
deles. O Corão chama os cristãos de “o povo do Livro” (ahl al kitab). Eles não são
considerados pagãos ou idólatras. Haverá uma melhor designação do que essa? Sejamos
pois o povo do Livro. Vamos lê-lo, buscá-lo, responder às objeções contra ele e colocá-lo
nas mãos dos muçulmanos. Não nos contentemos simplesmente em citá-lo; vamos lê-lo
também, especialmente se conhecermos a linguagem árabe.
Todos os muçulmanos acreditam que alteramos a Palavra de Deus para apoiar nossas
“falsas” doutrinas. Seremos, portanto, observados atentamente por eles, pois tentarão
descobrir alguma evidência disso em nossos ensinamentos. Ao lermos uma passagem
bíblica não devemos procurar compromissos nem omitir versículos controvertidos. Eles
sabem que cremos na divindade de Cristo, em sua morte expiatória e no poder de sua
ressurreição. Tentar evitar estas verdades ao lermos a Bíblia para os muçulmanos é dar-lhes
a impressão de que somos covardes e de que não cremos que a Bíblia é a Palavra de Deus.
Sejamos, de fato, o “povo do Livro.” Passei mais de trinta e cinco anos evangelizando
muçulmanos na Argélia. Durante os últimos vinte anos não era raro o dia em que estava
num café, onde os homens jogavam cartas e outros jogos. Aqueles muçulmanos
costumavam interromper seu jogo para dizer-me: “Sheik, leia para gente alguma coisa do
Livro.” Muito doentes, em virtude do grande número de pessoas que ficavam várias horas
esperando ser atendidas, insistiam em que lhes déssemos uma mensagem do “Livro.” Essa
é, sem dúvida, uma prova de que a Bíblia é a Palavra de Deus inspirada. Ela pode cativar
um auditório hostil e convertê-lo em ouvintes ávidos ou dóceis. Devemos utilizar “o
Livro.”

Os Profetas (Al Anbiya Wa Ar Rusul)


Muitos muçulmanos afirmam que Deus enviou cento e vinte e quatro mil profetas e
apóstolos e que há três grandes profetas: Moisés, Jesus e Maomé. Este é o último e o maior
deles; é o selo dos profetas (Khatim). Os muçulmanos são capazes de mencionar uns 30
profetas que se encontram no Corão: Harum (Aarão), Ibrahim (Abraão), Adão, Dawud
(Davi), Alisa’ (Eliseu), “Usair (Esdras), Isahp (Isaac), Ismail (Ismael), Ya’qub (Jacó),
Yahya (João), ‘Isa (Jesus no Corão; nos Evangelhos, chama-se Yasu’), ‘Yunus (Jonas), Ló,
Maryan (Maria), MusA (Moisés), Noh (Noé), Suliman (Salomão), Talut (Saul), Zakaria
(Zacarias), Chu’aib, Ichis (Enoque), ‘Anran, Jalut wa Talut (Saul e Golias). Também Du al
kifl, hud, Salih, Du al Qurnain. Para cada nome antepõem um título: Sayyidna Ya’ qub
(nosso senhor Jacó).
No Corão, todos os relatos bíblicos foram alterados e falsificados. Ao falar deles, não é
necessário assinalar os erros; basta expor simplesmente a verdade tal como se encontra na
Bíblia. O mero fato de que conheçam o nome do profeta constitui um ponto de contato e a
história lhes interessará. Por exemplo, o relato da criação ou do dilúvio. Todas as passagens
que se seguem vêm muito a propósito; o interessado deve assiná-las na Bíblia: “Todos os
profetas (At 10.43; Lc 24.25-44); Lalla Maryan (o título “senhora,” sempre se antepõe a
Maria, a mãe de nosso Senhor, Lc 1.26-38; 2.4-14); Yahya bem zakaria (João Batista) e sua
mensagem de arrependimento (Lc 3.2-17); Noh (Lc 17.26,27); musa (Lc 9.28-36); Ibrahim
(Lc 16.19-31; 13.28).

Uma Ilustração
A ilustração que se segue é muito apropriada e foi dada por um senhor cristão, convertido
do Islamismo. É o tipo de ilustração (mathal) que eles facilmente compreendem. Ele disse:
“Oh, Abd al Masih, todo profeta é como a lua que brilha na escuridão deste mundo. Um
profeta nasce como a lua nova e cresce em tamanho e força até parecer com a lua cheia; em
seguida, diminui e morre. Mas não se preocupe. Deus não deixará o mundo em trevas,
porque outra lua nascerá. E assim ocorreu com os profetas; foram enviados um após o
outro. Veio um profeta, anunciou sua mensagem e morreu. Mas olhe para o sol, Abd al
Masih, e diga-me se é o mesmo sol que brilha em sua cidade. Alguma vez percebeu se ele
diminuiu de tamanho ou de força? Jesus disse: ‘Eu sou a luz do mundo.’ Ele é como o sol.
Ele veio para toda a humanidade, para todas as raças e jamais diminuirá ou morrerá. Abd al
Masih, olhe para o céu. Vê a lua? É claro que não. O sol está brilhando, e quem precisa da
lua quando o sol está presente?” A lição é ainda mais apropriada e impressionante se
utilizados os símbolos de toda a mesquita.

O Dia do Juízo

Os muçulmanos pensam freqüentemente no dia do juízo futuro. Chamam-no Yaum ad din


(o dia do pagamento de dívidas, quando será necessário acertar as contas com Deus), Yaum
al qiyama y yaum al ba’th (o dia da ressurreição), Yaum al hisab (o dia do acerto de
contas), Yaum al fast (o dia da divisão) e Yaum al akhir (o último dia). Eles crêem que
Deus tomará uma balança e pesará as boas e as más, o homem será salvo. Se os pecados
pesarem mais que as boas obras, irá para o inferno. Mas deus é grande e misericordioso
para com todos os muçulmanos. Perdoará àqueles a quem quiser perdoar. A decisão
daquele dia dependerá de Sua Vontade e não de Sua Justiça. Maomé será o grande
intercessor (Shafi’) em favor de todos os muçulmanos. Crêem que tudo o que o homem faz
está escrito em um livro; no último dia, os livros serão abertos e o que neles está será
colocado em sua mão direita ou esquerda. Se for colocado na mão esquerda, se perderá. A
salvação será segundo as obras. Que mistura de verdade e erro!
Você poderá utilizar a verdade que os muçulmanos conhecem sobre o juízo futuro para
ensinar-lhes toda a verdade do Novo Testamento. O que o Senhor ensinou sobre o juízo?
(Jo. 3.14-21)
Como Deus julgará?
“O julgamento é este: Que a luz veio ao mundo” (Jo. 3.19). Deus, primeiramente, elucida o
homem sobre si mesmo, sobre seu pecado e, em seguida, sobre o único Salvador e as
condições da salvação. O homem já está condenado. Deus o ama e enviou a salvação. Cada
um deve aceitá-la ou rejeitá-la.
Por que Deus julga os homens?
Pelo fato de se afastarem da luz, pois suas obras são más. Amam mais as trevas do que a
luz (v. 19).
Quando Deus julga?
Aqui e agora (v. 18). Existem dois grupos: os perdidos e os salvos. Não é necessário
esperar. As obras dos homens mostram de que grupo fazem parte (vv. 20,21).
“Deus enviou a luz por meio de Jesus Cristo, segundo a Bíblia, sua Palavra, e por nosso
intermédio, seus mensageiros. Nós temos trazido a luz a vocês. A luz veio a vocês.”
Os outros pontos da fé muçulmana são também muitas vezes apropriados. Sua crença nos
anjos bons e maus, o medo a toda forma de maus espíritos, demonstram grande interesse
pelo mundo invisível, sobre o qual aprendemos através dos evangelhos, que o Senhor Jesus
Cristo é Senhor e soberano.

Anjos e espíritos maus

O medo dos maus espíritos ocupa um destacado papel na vida de muitos muçulmanos. Essa
crença não se baseia somente no Corão, pois é anterior ao Islamismo, visto ser parte das
crenças pagãs da África que se incorporou à sua religião. Eles crêem que todo o universo,
em cada uma de suas partes, está ocupado por espíritos bons e maus, ou gênios. Se um
muçulmano entra numa sala vazia, ele saúda os espíritos dizendo: “Paz seja convosco.”. Ao
encontrar-se com um companheiro, não o saúda dizendo: “Paz seja contigo.”; utiliza, porém
o plural, não para saudar o homem, mas sim aos anjos e espíritos que porventura o
acompanhem. Em outras ocasiões, usa esta mesma expressão de saudação para saber se a
pessoa à qual se dirige também pertence à fé muçulmana. A resposta da pessoa indicará se
sim ou não.
Dizem que os maus espíritos ficam rondando especialmente cemitérios, casa vazias ou
locais próximos à água, sangue ou cinzas.
Em muitas partes do norte da África, conservam-se ainda os lugares altos antigamente
dedicados ao culto de Baal; os nomes das montanhas são alternadamente masculinos e
femininos. Na Argélia, até a guerra da independência, sacrificavam-se animais, em tempo
de seca, no alto das montanhas, aos “deuses do país”. Em tais ocasiões, grandes grupos de
homens e mulheres passavam a noite juntos nesses lugares altos, entregues a prazeres e
pecados. É impossível entrar nos pequenos edifícios erigidos nesses altos sem perceber a
presença do mal. Entretanto, é necessário sublinhar que esse medo dos maus espíritos faz
mais parte da cultura na qual vivem os muçulmanos do que do próprio Islamismo, isto é
daquilo que realmente ensina o Islamismo, embora alguns muçulmanos o tenham
incorporado a suas crenças.
Muitos muçulmanos levam talismãs ou amuletos ao redor do pescoço ou no corpo. Esses al
huruz contêm versículos do Corão, conchas de moluscos, sementes, etc., e costumam dizer
que protegem quem os usa de influências malignas. Com freqüência, pinturas da mão de
Fátima são vistas nas paredes das casas muçulmanas. Mães colocam uma faca embaixo do
travesseiro de seus bebês e penduram uma pequena mão de prata em volta de seu pescoço
para protegê-los de “mau olhado”. Se um vizinho invejoso entrar no quarto de um bebê,
lançar-lhe um mau olhado e for embora, no dia seguinte a criança se negará a comer e se
debilitará gradualmente, sendo até possível que morra. Em certa ocasião, minha esposa
levou nossa pequena filha à festa de um casamento muçulmano. Uma gentil senhora
aproximou-se e lhe disse: “É melhor que você leve Saliha para casa imediatamente. Estão
olhando e comentando sobre ela”. Na mesma hora minha esposa saiu com nossa filha.
Naquela noite, a menina, que estava perfeitamente sã, teve muita febre e ficou muito mal. O
único remédio foi a oração em nome do Senhor Jesus.
Alguns muçulmanos poderão tentar impedir a obra de Deus, colocando talismãs na casa de
um missionário, amarrando as plantas do jardim ou colocando cordas junto a uma porta
pela qual transitarão as pessoas. Poderão também tentar utilizar-se de drogas ou magia para
com os convertidos e obreiros cristãos. É importante estar prevenido sobre todas estas
possibilidades. O fato de o missionário conhecê-las facilita muito sua aproximação dos
muçulmanos. “Começam a nos conhecer”, comentam eles.
Não levará muito tempo até que aquele que trabalha entre muçulmanos encontre as
mulheres ou os homens chamados de “santos”. Tais pessoas predizem o futuro por meio do
trigo, aveia ou cevada; com freqüência caem em transe e falam um jargão ininteligível,
próprio de uma linguagem estática. A maioria deles são médiuns e sua influência é
extremamente perniciosa: separam casais, semeiam a discórdia em uma família feliz,
mantêm o cristão afastado das pessoas, etc. É justo dizer que os mestres modernos do
Islamismo condenam semelhantes práticas perniciosas. Na Argélia, foi feito grande esforço
na época da independência, para erradicar tais práticas, mas o muçulmano normal continua
tendo muito medo do mundo dos espíritos. Crê em Satanás e utiliza com freqüência a
fórmula bi ism Allah (no nome de Deus) para proteger-se da influência dos maus espíritos.
Tal costume faz parte da cultura regional na qual vivem os muçulmanos e não da
verdadeira fé islâmica.
A lição para os obreiros cristãos é dupla. Precisamos sempre nos lembrar de que lutamos
contra um adversário espiritual (Ef. 6.11,12). Tal percepção deve fazer com que nos
lancemos nos braços de Deus. O cristão que caminha com Deus, que é protegido pelo
precioso Sangue de Cristo e fortalecido pela virtude do Espírito Santo, não precisa temer o
efeito de talismãs ou demônios. Devemos consagrar nossos filhos a Deus e colocá-los
debaixo de sua proteção. Temos de ensiná-los a maneira de se portarem corretamente em
visita a casas de muçulmanos e em suas relações com crianças muçulmanas. Jesus Cristo é
Senhor do mundo espiritual; e parte da mensagem do Evangelho é proclamar Sua vitória
sobre Satanás e todas as suas hostes. A versão dada pelo Corão à queda do homem, na qual
Satanás desempenha um papel importante, é completamente falsa; mas os muçulmanos
ouvirão com reverência o relato bíblico. Isso pode servir de preparação e introdução à
mensagem do Evangelho.
Os relatos do poder de Cristo sobre os maus espíritos são bem apropriados. Vemos exemplo
disso nas seguintes passagens: Mt. 8.28-34; 9.32,33 e 12.22-29. A fé em Seu Nome triunfa
sobre os maus espíritos e o cristão não necessita de amuletos nem talismãs.
O contato crescente com muçulmanos indoutos demonstrará até que ponto sua vida está
influenciada pelo temor ao mundo invisível ou dominada pelos maus espíritos. Será,
portanto, apropriado ao crente guardar-se de ver em todas as partes poderes ocultos.
Caminhando em comunhão com Deus e com a virtude do Espírito Santo poderá demonstrar
de uma maneira prática que Cristo entrou na casa do homem forte e venceu a Satanás, e que
em Seu Nome, é possível confrontar-se com todo o tipo de mal e triunfar (Mt. 10.1; Mc.
16.17).
Capítulo 7

O Senhor Jesus Cristo

Todos os muçulmanos declaram que crêem em Jesus; no entanto, trata-se de “outro Jesus”.
O ‘Issa do Corão é somente mais um profeta entre cento e vinte e quatro mil. Foi enviado
unicamente aos judeus. Não era o Filho de Deus. Negava a Trindade. Nasceu da Virgem
Maria, mas Gabriel foi seu pai, segundo Bedâwi (intérprete do Corão de 1282 A.D.,
escreveu muitos livros sobre a Teologia Islâmica- nota do tradutor). Falou quando ainda era
bebê e quando menino fez um pássaro de barro como Adão. Curou cegos e leprosos e teve
poder para ressuscitar mortos, mas isso decorreu somente por permissão de Deus. Previu a
vinda de Maomé (veja João 14.16). Amaldiçoou Israel. Não foi crucificado, nem morreu;
Mas fez com que assim parecesse aos homens. No momento está vivo e voltará a este
mundo, onde se casará, terá filhos e morrerá em Medina, onde será enterrado em um
túmulo ao lado de Maomé. Reinará durante quarenta anos e estabelecerá o Islamismo em
todo o mundo.
É este ‘Issa nosso glorioso Senhor? Alguns sugerem que mudando o nome Uasu’ por ‘ Issa
obtemos o verdadeiro perfil de Jesus. A experiência demonstra que a mudança do nome
nada altera. Devemos verbalizar o conteúdo correto, comunicando assim a verdade. Isto
somente pode ser feito através daquilo que ensinamos, de nossa pregação e de nossa
conversa. Seja qual for o nome usado pelos cristãos na região à qual vai o novo obreiro, ele
nunca deve falar de Ennebi ‘Issa ou ‘Issa al Mashihn, e, sim, sempre se há de dar a Jesus
Seu título de Senhor. Poderá ser Rabbana ou Sayyidna. Muitos cristãos árabes que
trabalham entre os muçulmanos preferem chamá-lO Sayyidna al Fadi (Nosso Senhor, o
Redentor) ou Sayyidna al Masih (Cristo, nosso Senhor).
Devemos considerar agora que o Corão nega categoricamente as duas verdades mais
destacadas do Evangelho: a divindade de Cristo e Sua morte expiatória. O cristão deve
proceder com o maior tato possível ao referir-se a Jesus como Filho de Deus; o contrário
poderá reforçar o que para eles é uma mentira, ao pretender insistir na verdade. É
necessário tentar compreender o ponto de vista muçulmano. Para eles, a expressão “Filho
de Deus” significa que Deus manteve relações sexuais com uma mulher, e que Jesus é o
fruto resultante. Isto, dizem, é uma blasfêmia. Deus é grandioso. Quando deseja algo, basta
ordenar que assim se faz. Os muçulmanos recitam a “Sura” 112 do Corão em suas orações.
Nela se diz: “Qul hwa Allahu ahad... Lam Yalid wa lam Yulad” (Ele é Allah, o único; não
gera, nem é gerado). Os muçulmanos crêem verdadeiramente que a expressão filho de Deus
desonra a Deus e ao Senhor Jesus. Entretanto, muitos realmente querem conhecer a verdade
a respeito da pessoa de Jesus, e alguns estão dispostos a admitir o usa da expressão no
sentido espiritual.
Devemos comunicar, de alguma maneira, que Jesus é divino, pois um salvador que seja
inferior a Deus é como uma ponte quebrada. Entretanto, dizer a um muçulmano que Jesus é
Deus é aumentar o abismo. Ele nos perguntará se queremos dizer que, quando Jesus nasceu,
era Deus quem nascia, e se, quando morreu, era Deus quem morria. Ironicamente nos
perguntará quem cuidava do mundo quando Deus esteve morto por três dias.

Transmitindo a Verdade sobre o Filho de Deus


1. Consideremos como evitar mentir ao insistirmos na verdade. Quando o muçulmano
pergunta: “Jesus era o Filho de Deus?”, não devemos nunca dar uma resposta afirmativa
incompleta. Respondamos, no entanto, com outra pergunta: “O que você entende pela
expressão Ibn Allah?”
Provavelmente ele replicará: “Não pode ter mais que um significado: que Deus se deitou
com uma mulher e nasceu uma criança”. Assim, a imagem tomou forma em sua mente. É
hora então de “entrarmos com tudo”: “Nenhum cristão em todo o mundo crê em tal coisa.
Isso é uma terrível blasfêmia. Um cristão nem ousaria expressar tal idéia!”
Surpreendido, é provável que o muçulmano pergunte: “Então, o que significa?” Exatamente
aí é que devemos estar preparados para transmitir-lhe a verdade.
2. Devemos nos lembrar que os muçulmanos nos acusam de transformar um homem em
Deus. Devemos fazer com que saibam que jamais tentamos tal coisa. A Bíblia ensina que
Deus se fez homem. A Palavra eterna Se fez carne. O movimento vem de cima para baixo,
e não o contrário. Podemos ilustrar utilizando flechas, assinalando acima e abaixo, e,
baseando-se em textos da Escritura como João 1.1-18 e Filipenses 2.
3. Os fariseus perguntavam com freqüência a Jesus se Ele era o Messias, mas Ele poucas
vezes respondeu que sim. Por quê? Simplesmente porque as idéias que eles tinham do
Messias eram falsas. Jesus ensinava a verdade sobre si mesmo de outras formas; por
exemplo: empregava o nome de Deus e acrescentava simples ilustrações, tais como: “Eu
sou o pão da vida”; “Eu sou o bom Pastor”; “Eu sou a porta”. Nós também podemos
comunicar ao muçulmano as maravilhas da pessoa de nosso Senhor sem usar a expressão
“Filho de Deus”. Isso, até que ele tenha começado a compreender. É importante lembrar
que, enquanto não entender essa verdade, não poderá salvar-se (Jo. 3.36). Levará tempo
para isso; mas, quando ocorrer, valerá a pena. (veja o estudo do próximo capítulo).
4. Muitos cristãos sinceros pensarão que evitar referir-se a Jesus como Filho de Deus é
encobrir a verdade e ser infiel. Entretanto, um estudo minucioso das mensagens dos
apóstolos no livro de Atos nos mostra que, ao falar a pagãos ou a gentios, eles não se
referiam a Jesus como o Filho de Deus, mas empregavam a expressão Senhor. O texto de
Atos 8.37 baseia-se em manuscritos de autoridade duvidosa. Em Atos 9.20 e 13.33, a
mensagem é comunicada aos judeus. Em outras passagens, nas quais a mensagem é
transmitida a gentios, faz-se referência a Jesus como “o Senhor” . Uma vez que cressem em
Jesus, eram encaminhados à plena compreensão de Sua filiação eterna, conforme registrado
nas epístolas. Para que nossa mensagem seja comunicada de maneira eficaz às pessoas que
pretendemos evangelizar, devemos nos servir do vocabulário que elas utilizam.
5. Parece que a palavra árabe Rabb (senhor) comunica a idéia de “O Supremo”, a qual os
muçulmanos utilizam continuamente para Deus. Usemos, então Rabba na ‘Issa, nosso
Senhor Jesus, implicitando assim claramente sua divindade.
6. O primeiro passo é assegurar a nossos amigos muçulmanos que cremos somente em um
Deus único, e não em três. Muitos pensam que os cristãos crêem em Deus Pai, em Maria, a
mãe de Deus e em Jesus, o Filho. Devemos insistir no fato de que Maria era somente uma
mulher e que Jesus nasceu pela virtude de Deus sem intervenção humana.
7. Podemos explicar que, na linguagem coloquial, a expressão “filho de” é usada como
metáfora (mathal) e não implica relação física. Por exemplo: Ibn al haram significa
“homem mau”. Podemos acrescentar “o filho do chacal” ou “filhos do trovão”. Não nos
ocorre que o chacal tenha prole humana ou que o trovão gere filhos. A expressão transmite
meramente a idéia de semelhança.
8. Um estudo completo do emprego da palavra nos Evangelhos ajuda muito a entendermos
seu verdadeiro significado. Limitemo-nos a estas passagens: Lucas 1.35; 3.22; 4.41; 8.28;
9.35.
9. Os muçulmanos fazem freqüente referência a Jesus Cristo, chamando-O de Kalimat
Allah (A Palavra de Deus). Podemos ler-lhes João 1.1-4,14, acrescentando: “Deus
certamente fala aos homens. Fala através de Sua Palavra, como o estou fazendo. Aonde
estavam minhas palavras antes que saíssem de minha boca? Em meu cérebro ou em meus
pensamentos; mas se abrirem minha cabeça não as encontrarão aí. De uma maneira
misteriosa, eu e minha palavra somos a mesma coisa. Faça o que fizer minha palavra, seja
incomodando-lhe seja agradando-lhe, você pode dizer que sou em quem o faço. Assim
também o que a Palavra de Deus faz, é o próprio Deus quem o faz”.
10. Quando lermos: “ No princípio era o Verbo... Todas as coisas foram feitas por Ele”,
etc., os muçulmanos ouvirão, e, então começaremos a nos comunicar. Devemos, pois,
depender do Espírito Santo para revelar aos muçulmanos as belezas e excelências de nosso
Senhor.
Capítulo 8

Jesus, o Filho de Deus


Este capítulo contém um esboço quase completo da primeira palestra que dei em uma
aldeia nas montanhas da Argélia. Sendo o único europeu no distrito, passei 15 dias entre os
muçulmanos, dormindo no prédio vazio de uma ex-lanchonete, dependendo inteiramente
deles. Todas as noites reuniam-se de 20 a 30 cábilas para ouvir nossa mensagem. Havia
gasto muito tempo e muita oração preparando as palestras e, na primeira noite, temi e tremi.
Já conhecia as reações violentas de homens fanáticos. Depois da pregação, os homens
saíram um atrás do outro em silêncio, mas não se dispersaram. Em seguida, um deles
voltou.
“Chegou a hora. Um deles está voltando para me matar”, pensei. Para minha grande
surpresa, o homem disse: “Sheik, muito obrigado pela mensagem. É exatamente isso que
queremos saber. Queremos saber quem é Jesus Cristo. Fale-nos mais amanhã sobre Ele”.
Dito isto, saiu e em seguida vieram cinco, homens, um após o outro manifestando
apreciação.
Meses depois falei sobre o mesmo tema a alguns árabes da região de Argel. A resposta foi a
mesma. Tempos depois, usei esta pregação no deserto, embora em outro dialeto. É a única
mensagem apreciada por ouvintes muçulmanos ao ponto de vários deles voltarem para
agradecer. Evidentemente, alguns aspectos perdem-se na tradução, especialmente quando
envolvem termos muçulmanos. Mas podem servir de base para práticas semelhantes. É
possível utilizá-la como pregação ou como tema de estudos bíblicos individuais em noites
sucessivas. Procuremos nos onze pontos a seguir apresentar o máximo possível de Cristo

1. O que vocês pensam de Cristo? (Mt. 22.42)

O que vocês pensam de Cristo? Tudo depende da resposta que derem a esta pergunta; a
felicidade neste mundo e o destino de sua vida futura. Jesus Cristo voltará breve e, quando
voltar, perguntará como perguntou aos antigos fariseus: “Qual a opinião de vocês sobre
mim?”
Eu venho a vocês como cristo. Desejo ser seu amigo. Desejo sinceramente que vocês
conheçam a Jesus. É de fundamental importância que ninguém os confunda sobre esta
fundamental questão. Não creiam que Ele é simplesmente um profeta, um bom homem,
entre muitos. Não. Ele é único, incomparável. Não há ninguém como Ele no mundo
presente nem no porvir.

2. O que vocês pensam de Seu miraculoso nascimento?

Ninguém jamais nasceu como Ele. Jesus é o filho de Maria. Vocês chamam de Ismael o
filho de Abraão; de João o filho de Zacarias e de Maomé, o filho de Abudallad. Todos os
outros homens tomam o nome de seu pai. Por que Jesus toma o nome de sua mãe? Porque
não tinha pai terreno. Nasceu da Virgem Maria. Nasceu pelo poder de Deus (quadrat
Allah), sem intervenção de homem algum.
Setecentos anos antes de seu nascimento, o profeta Isaías predisse como Ele nasceria (Is.
7.14). Ocorreu exatamente como escrito, segundo podemos ler em Mateus 1.18-25.
Deus criou Adão, nosso pai, do barro, e todos nós somos filhos de Adão, inclusive os
profetas. Somos da terra, terrenos. O Senhor Jesus desceu do céu. Chama-se Al Manzul:
Aquele que desceu. Foi puro e limpo como a neve e a chuva. Nós somos como a terra:
sujos, impuros e manchados pelo pecado. Lemos que “Cristo Jesus veio ao mundo para
salvar os pecadores” (I Tm. 1.15). Ele veio a um lugar estranho, da mesma forma que eu
vim ao país de vocês. Vocês não vieram de fora. Vocês nasceram aqui. Jesus estava na
presença de Deus antes de vir até nós. Escolheu vir a este mundo para nos salvar. “No
princípio era o Verbo” (Jo. 1.1-4). Tomou forma humana e Se fez homem. Veio de cima.
Uma vez dois homens caíram num poço profundo. Um disse ao outro: “Tire-me deste lugar
horrível. Tire-me do barro e do lodo”. O outro respondeu: “Tolo, como vou fazer isso?
Estou no mesmo apuro que você”. Os dois estavam no buraco e um não podia ajudar o
outro. Então, ouviram uma voz do alto que dizia para se agarrarem a uma corda. Aquele
que não havia caído no poço era o único que podia salvá-los. Ajudou-os lá de cima. O
melhor dos profetas não poderia nos salvar do fosso do pecado; Jesus, ao contrário, não
herdou a natureza pecaminosa. Ele veio de cima. Deus enviou anjos para anunciar Seu
nascimento (Mt. 1.20; Lc. 2.9). Como tudo isso é maravilhoso! Jamais homem algum
nasceu como Jesus. Ele é único em Seu nascimento. É incomparável.

3. O que vocês pensam de Seu caráter?

Ele era perfeito. Não pecou uma só vez. Jamais cometeu um erro. Nunca teve que pedir
perdão (astaghfr); Todo o homem que teme a Deus tem que confessar seus pecados e pedir
perdão. Davi fez isso, Abraão também. Um profeta disse, inclusive, que pedia perdão a
Deus 70 vezes por dia (era Maomé, mas não é necessário mencionar seu nome). Em vão,
vocês procurarão na Bíblia ou no Corão um só versículo no qual Jesus peça perdão. Não
necessitava de perdão porque não tinha pecado. Seus amigos mais íntimos escreveram
sobre Ele e disseram: “Não conheceu pecado. Não pecou. Não havia pecado nEle”. Eram
homens que O conheciam bem. Deus perdoou os profetas quando confessaram seus
pecados, mas Jesus necessitava de perdão. Não tinha pecado. Pôde dizer inclusive a Seus
inimigos: “Quem dentre vós me convence de pecado?” (Jo. 8.46). Ninguém dentre eles
pôde assinalar um só pecado em Sua vida. Quem de nós se atreveria a dizer semelhante
coisa a nossos inimigos? Jesus foi conduzido perante o juiz Pilatos e acusado falsamente;
mas Pilatos não achou nEle nada digno de censura, motivo pelo qual lavou suas mãos e
disse: “Sou inocente do sangue deste justo”. Jamais houve outro homem que não tivesse
pecado. Ele é o Único profeta sem pecado. É único e incomparável.

4. O que vocês pensam de Suas palavras?

Em certa ocasião, Seus inimigos enviaram soldados para prendê-lo. Eles ouviram seus
ensinamentos e voltaram sem detê-lo, dizendo-se assombrados: “Jamais alguém falou
como este homem” (Jo. 7.46). Consideremos o que disse. Suas palavras foram: “Eu sou a
luz do mundo; quem me segue não andará nas trevas, pelo contrário terá a luz da vida” (Jo.
8.12). Um ancião certa vez explicou-me o que Jesus quis dizer: “Como vocês sabe, amigo,
os profetas são como a lua. A lua brilha na noite e os profetas trouxeram a luz de Deus a
este pobre mundo de trevas. A lua crescente é justamente como um profeta. Brilha cada
vez mais até ser lua cheia; logo míngua e morre. Mas não tema, outra lua virá em seu
lugar. Também os profetas vieram um após outro. Um anunciava sua mensagem, morria e
deixava seu lugar para outro. Todas as nações têm tido alguma luz de Deus. As religiões
dos homens são como a luz de uma vela ou da lua. Mas, quem usa essas luzes quando o sol
aparece? Jesus disse: “ Eu sou a luz do mundo”. Ele é o Sol da justiça. Alguma vez o sol
falhou? Não, jamais! Ele existe para todos. Jesus Cristo é como o sol, jamais diminui.
Existe em todos os países e para todos os homens. Ele também disse: “Eu sou o caminho, a
verdade e a vida”. Todos os profetas vieram para mostrar o caminho para Deus. Eles
disseram: “ Este é o caminho de Deus. Fazei isto. Segui esta doutrina. Este é o caminho.
Guardai os mandamentos”. Mas Jesus disse: “Este é o caminho. Segui-me”.”
Um menino se perdeu em uma grande cidade. Era de outro país e não sabia expressar-se
claramente. Pediu a um policial que lhe mostrasse o caminho para voltar para casa. O
policial lhe disse: “Siga por esta rua, vire a segunda à esquerda e, em seguida, tome a
terceira à direita, cruze a ponte, siga o caminho tortuoso e tome o caminho do meio”. O
menino começou a chorar. O policial lhe havia indicado o melhor e verdadeiro caminho,
mas o menino estava muito fraco e assustado para seguir as instruções. Naquele exato
momento passou por ali um homem da cidade do garoto. Primeiro pegou-o pela mão.
Depois, quando o menino estava tão cansado que não podia mais caminhar, pegou-o no
colo e levou-o para casa. O policial mostrou-lhe o caminho, mas o segundo homem foi o
caminho. Jesus disse: “Eu sou o caminho”. Jesus é o caminho à casa do Pail.
O que vocês acham de seus relatos maravilhosos? O que vocês acham destas palavras? (ler
Lc. 15). O que vocês pensam de seus convites maravilhosos? Ele disse: “ Vinde a mim
todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviares"” (Mt. 11.28). Que
maravilhoso! O que vocês acham destas palavras? Jamais ninguém falou como este
homem. Ele é Único, incomparável. Não há outro como Ele, seja no céu ou na terra.

5. O que vocês pensam de Seus nomes e títulos?

Cada profeta tem seu nome peculiar. Abraão é chamado de amigo de Deus (Khalil Allah).
Moisés, o porta-voz de Deus (Kalim Allah). Outros são chamados de Ruh Allah (Jesus) e
Habib Allah (Maomé). Pois bem, a quem o homem mais ama? A seu amigo (habib) ou a
seu próprio espírito (ou seja, a si mesmo, ruh)? Sejam absolutamente sinceros. Deixem
que seu coração responda. Sim, Jesus é chamado de Ruh Allah. Nos Evangelhos, lemos o
que Deus disse sobre Jesus: “Este é o meu Filho, o meu eleito: a ele ouvi”. (Lc. 9.35).
Novamente pergunto: a quem o homem mais ama? A seu amigo ou a seu filho? Claro que
a seu filho. Para distingui-lo dos demais, Deus chamou a Jesus de Seu Filho. O que Deus
queria dizer? Dizemos que o filho é a própria imagem (mathal) do pai. Vendo a Jesus,
sabemos mais de Deus. (Jo. 14.9). O filho pode ficar no lugar de seu pai e representá-lo.
Pode falar pelo pai. É o que fez Jesus enquanto aqui esteve. E por isso se chama a Palavra
de Deus. Deus falou por meio dEle (Hb. 1.3)*1 Seus títulos são únicos. É incomparável.

6. O que vocês pensam de seu poder?

Ele tudo pode. Todo poder e autoridade Lhe foram dados... Na realidade, não há obra de
Deus que Jesus não tenha feito enquanto esteve aqui na Terra. Quem pode ressuscitar
mortos a não ser Deus? Jesus ressuscitou os mortos. Quem pode realmente curar leprosos

1
*Nos países muçulmanos, onde os títulos dos profetas são conhecidos, esse parágrafo é eficaz. Nenhuma
referência deve ser feita citando o nome de Maomé.
a não ser Deus? Jesus curou e limpou os leprosos. Quem pode abrir os olhos aos cegos a
não ser Deus? Jesus fez tudo isso. Curou todo o tipo de enfermidade. Jamais despediu
alguém por não poder curá-lo. Expulsou os maus espíritos com Sua palavra. Mudou
muitas vidas salvando-as do pecado. (Quando, na África, as pessoas iam à minha clínica,
eu orava sempre a Deus que os curasse antes de indicar-lhes algum tratamento. Cuidava
deles no nome de Deus. Jesus, no entanto, nunca curava em nome de Deus. Curava
sempre homens e mulheres por Seu próprio poder e em Seu próprio nome. A um homem
que não andava já há trinta e cinco anos, disse: “E te digo, levanta-te e anda.” O homem se
levantou e andou. Nunca empregou medicamentos. Curava os homens em Seu próprio
nome e com Seu próprio poder.
Um homem chamado Lázaro morreu. Depois que o enterraram, chamaram a Jesus.
Quando Jesus chegou, Lázaro estava morto e enterrado já há quatro dias. Jesus foi ao
sepulcro e disse: “Lázaro, vem para fora”. (Jo. 11.43). O morto saiu da tumba. Jesus não
deixou dúvidas sobre Seu poder para ressuscitar os mortos. Ele disse: “Eu sou a
ressurreição e a vida” (Jo. 11.25) Chegará o dia em que todos os que estiverem mortos
ouvirão Sua voz e sairão para fora. Vocês, se estiverem mortos, sairão das sepulturas. Da
mesma forma, Moisés, Abraão e todos os profetas. Mas hoje mesmo Jesus pode dar-lhes
vida nova, uma vida divina, uma vida eterna. No presente momento, vidas estão sendo
transformadas em todas as partes do mundo. Ele pode transformar suas vidas. O que vocês
acham de Seu poder soberano? Ele é único, Todo-Poderoso, incomparável.

7. O que vocês acham de Seus sofrimentos?

O que vocês pensam de Sua morte? Vocês sabem onde morrerão? Aqui ou em outro país?
No mar, na rua ou em seu próprio leito? Onde? Além disso, como morrerão? Será de
enfermidade, por um acidente, morte natural? Como morrerão? Podem ao menos dizer
quando morrerão? Quantos anos vocês terão? Em que dia, de que mês? O que acontecerá
a vocês depois da morte? Vocês e eu temos de admitir que não sabemos. Deus é quem
decide tudo.
Jesus, porém, sabia e predisse onde morreria: em Jerusalém. Deu também todos os detalhes
envolvidos (Lc. 18.31-33). Disse a Seus discípulos quando morreria: na festa, quando
todos sacrificariam o Cordeiro para celebrar a Páscoa; morreria como o Cordeiro de Deus
que tira o pecado do mundo. Disse-lhes que após três dias ressuscitaria. Tudo ocorreu
exatamente como disse que ocorreria. Ele sabia. Não era como os outros homens. Nós
não sabemos. Os profetas não sabiam. Vocês e eu morreremos quando, como e onde Deus
decidir.
Jesus disse: “Ninguém a tira [tira] a vida de mim; pelo contrário, eu espontaneamente a
dou. Tenho autoridade para a entregar e também para reavê-la”. (Jo. 10.18). Ele não era
obrigado a morrer. Poderia ter subido ao céu sem ter passado pela morte. Mas, escolheu
morrer por amor a nós. Deu Sua vida por nós. Morreu para que pudéssemos ser perdoados.
Morreu por nós. Ele, o bom Pastor, deu Sua vida por Suas ovelhas. Jamais homem algum
fez o que Ele fez. É incomparável e único entre os homens.

8. O que vocês pensam de Sua vitória sobre a morte?

Ele morreu e os homens O enterraram. Seus inimigos fizeram todo o possível para mantê-
lO no sepulcro. Puseram uma grande pedra na entrada da tumba. Selaram-na e colocaram
guardas armados no sepulcro. Não havia dúvidas de que estava morte; os homens fizeram
de tudo para mantê-lO na tumba. Mas Ele ressuscitou da morte e apareceu vivo a Seus
discípulos, a Pedro, a Maria e a mais de quinhentas pessoas. Ressuscitou assim como havia
dito. Deus O ressuscitou da morte porque queria manifestar a todo o mundo que havia
aceitado a obra de Jesus. Todas as pessoas O viram! Tocaram-nO, comeram e beberam
com Ele depois de Sua ressurreição. Mostrou-lhes as feridas de Suas mãos, de Seus pés e
do lado do Seu corpo. A morte é o grande inimigo. Vocês morrerão assim como eu. Os
profetas morreram e continuam mortos. Graças a Deus, Jesus Cristo triunfou da morte. É
único e incomparável. Não há ninguém como Ele na Terra nem no céu.

9. O que vocês pensam de Sua ascensão?

Leia Atos 1.9-11 e Filipenses 2.6-11. Se eu agora perguntasse a um grupo de judeus quem
eles gostariam que ocupasse o posto mais alto dos céus, todos diriam Moisés. Se
perguntasse aos muçulmanos, diriam Maomé. Se perguntasse aos cristãos, diriam Jesus.
Deus, entretanto, não consultou os judeus, os muçulmanos ou os cristãos. Deus exaltou
Jesus e Lhe deu um Nome que está sobre todo o nome. Isso é obra de Deus. Todo joelho
orgulhoso deve dobrar-se perante Ele.

10. O que vocês pensam de Sua volta à Terra?

Ele voltará novamente, pois assim o disse (Jo. 14.1-3). Os anjos também o afirmaram (At.
1.11). Todos os cristãos o esperam. Os muçulmanos sabem que Ele voltará a reinar.
Arrebatará Seu povo (Umma) para que esteja com Ele no céu. Voltará para reinar sobre
toda a Terra; Ele é o Rei do mundo. Reinará até que todos os Seus inimigos estejam
rendidos a Seus pés. Alguns se equivocam a esse respeito e dizem que reinará por 40 anos.
Deus diz mil anos. Eu creio em Deus. Penso que mil anos de bênção e paz é melhor que
quarenta! Sim, Ele logo voltará. Todos então admitirão que Ele é o Rei dos Reis e Senhor
dos Senhores. Ele logo virá. Todos vocês estarão perante Ele, que será o Juiz.
Quando vocês O virem face a face, Ele lhes perguntará: “ O que pensam de mim?” Que
resposta Lhe darão? Se vocês disserem que Ele é somente um entre os profetas, Ele lhes
perguntará o por quê de não terem seguido Seus mandamentos. Vocês serão condenados
por terem crido que Ele é apenas um entre os muitos profetas, quando, na realidade, Ele é
incomparável. Ele é o único Salvador. Quem voltará para reinar? Moisés, Abraão, Davi
ou algum outro profeta? Não! O Senhor Jesus virá e será o Juiz. Deus deu provas disso a
todos os homens ressuscitando-O da morte. Ele voltará! Todo olho O verá. Ele é único.

11. O que vocês pensam de Suas exigências?

Ele diz: “Vinde a mim... e eu vos aliviarei” (Mt. 11.28). Ele os chama hoje. Quando
chamou Seus primeiros discípulos, eles deixaram casa, pais , trabalho, tudo para segui-lO.
Ele pede que vocês façam o mesmo, Ele pede que confiem nEle, que creiam nEle como
Salvador, que Lhe entreguem a vida, reconhecendo-O como Senhor. Ele pede tudo. Se é
quem diz ser, Suas exigências são absolutamente lógicas. É único e incomparável em Seu
nascimento, em Sua vida e em Seu caráter imaculados, em Seus títulos exclusivos, em Suas
palavras maravilhosas, em Seu poder supremo e em Seu sofrimento e morte. Ele está vivo;
está com os que crêem nEle. Intercede no céu pelos que confiam nEle. Virá em breve.
Não há ninguém como Ele no céu ou na Terra. Por tudo isso, pede para ser Rei e Senhor de
suas vidas.

Talvez alguns questionem que, com um sermão deste tipo, não mostramos claramente a
divindade de Cristo. Na realidade, começamos a transmitir a verdade maravilhosa de que
Ele é o Senhor e que está acima de tudo. Esta era a senha dos primeiros cristãos: “Jesus é o
Senhor”. Contemos, portanto, com Ele para ensinar esta verdade fundamental a nossos
amigos muçulmanos.
Capítulo 9

Jesus Cristo e Sua Morte Expiatória

“Wa ma qatalu hu wa ma salabu hu, walakin shubiha lahum” (Suira 4:158. (Não o
mataram, nem o crucificaram, mas lhes pareceu assim). Portanto, o Corão nega
categoricamente o fato da morte de Cristo. E, embora nem todos os muçulmanos
concordem com a interpretação deste texto, todos negam o valor da morte expiatória de
Cristo. A maioria pensa da seguinte forma: Seria possível que um homem bom como Jesus
morresse? Evidentemente que não.
Seria necessário que morresse para expiar os pecados dos homens? A resposta é
novamente não, pois é imoral pensar que um homem bom deva morrer por pecadores
culpados.
Morreu ou não morreu? Não, não morreu, porque Deus é Todo-Poderoso e certamente O
salvou de uma morte tão terrível.
A maioria dos muçulmanos crêem que Deus levou Jesus ao céu justamente antes de Sua
crucificação e que em Seu lugar foi crucificado um substituto, talvez Judas. De fato,
honram mais a Jesus admitindo este mito do que crendo que morreu por nossos pecados.
Outros crêem que Jesus foi cravado na cruz, mas foi tirado enquanto ainda estava vivo,
subindo ao céu. Outros ensinam, que embora Seu corpo tenha morrido, não mataram Seu
espírito. Embora as opiniões divirjam sobre o fato de Sua morte, todos concordam que não
teve valor expiatório. Como o cristão deve, então, combater esse erro que vai contra a base
de nossa fé? (1 Co. 15.3-8). Estamos diante de fatos históricos, testemunhados por
centenas de pessoas fidedignas, que os têm afirmado de forma permanente nas Escrituras.
Sem vacilar, podemos insistir continuamente nestes fatos, repelindo todo temos de que por
dizer a verdade possamos transmitir uma idéia falsa. São necessários três princípios ao
falarmos da morte e ressurreição de nosso Senhor:
1. Em primeiro lugar, temos de mostrar a exigência e a necessidade de Sua morte.
2. Todas nossas mensagem devem basear-se nesta verdade, e devemos insistir no fato de
Sua paixão. Enquanto não tivermos feito nossos ouvintes compreenderem que Jesus Cristo
morreu por seus pecados e ressuscitou, não teremos proclamado as Boas Novas.
3. Nunca devemos falar somente de Sua morte, mas também de Sua vitória sobre ela, de
Sua ascensão e de Sua volta à Terra. É certo que morreu, mas o quer devemos enfatizar é
que agora vive, e vive para sempre. Nunca devemos deixar a mente de nossos ouvintes na
cruz ou no sepulcro. Ele está vivo, e vai volta!
Ao falarmos pela primeira vez sobre o tema, é aconselhável evitar o uso da palavra
“morte”, empregando um vocábulo mais geral. São preferíveis expressões como: Redimiu-
nos com Seu sangue, entregou-Se (sallana nafsahu) à morte, sofreu por nossa causa,
ofereceu Sua vida como sacrifício a Deus, sacrificou-Se por nossos pecados (dahiya).
Todo cristão que testemunha a muçulmanos deve saber contar, com palavras simples, a
história da paixão e do triunfo do Senhor sobre a morte. Nada lhes chama mais a atenção
do que esta história maravilhosa contada com simplicidade, reverência, amor e profundo
interesse. Termine sempre com o relato da ressurreição.
Durante os primeiros anos de meu ministério entre os muçulmanos, tive constantemente de
ouvir o verso 158 do capítulo 4 do Corão. Pelo fato de expor simplesmente a verdade
durante anos inteiros, a maioria aceitou o fato histórico da morte e ressurreição de Jesus.
Isto não implicava em fé, mas quase não ouvi mais o mencionado versículo do Corão. Nos
últimos três anos de meu ministério, na Argélia, estive em contato com mais de uma
centena de jovens ganhos para Cristo do Islamismo. Em quase todos os casos, sua
conversão ocorria quando compreendiam o por quê de Jesus ter sofrido e morrido. Esta
maravilhosa verdade constrangeu seus corações: “O Filho de Deus, que me amou e a si
mesmo se entregou por mim.” (Gl. 2.20b)

O Equilíbrio de uma Verdade

Três aspectos da verdade devem estar presentes em nossas mentes:


1. O pecado do homem na conspiração para matar a Jesus. A acusação que O levou à morte
foi acúmulo de pecados comuns. A intransigência e o ódio das pessoas religiosas de seu
tempo, o amor ao dinheiro de um de Seus discípulos, o medo que levou Pilatos de
comprometer-se, a zombaria depreciativa da massa popular, a determinação de seguir Seu
caminho por parte dos que proclamavam: “Não queremos que este homem reine sobre nós”
– foram esses os pecados que realmente O levaram à morte. Esses pecados que realmente
O levaram à morte. Esses pecados também prevalecem hoje em dia. Talvez não tenhamos
ainda nos dado conta dos terríveis resultados que podem ter tais corriqueiros pecados.
Olhemos para o Salvador que sofre. Meus pecados causaram esse sofrimento.
2. O amor de Cristo quando escolheu morrer. Quando se relata a história de Sua paixão
temos de frisar o fato de que Ele poderia ter desistido de tudo e salvar-Se. Ele conhecia as
profecias do Antigo Testamento que se cumpririam com Sua morte. A culpa da morte do
Senhor repartiu-se entre os chefes religiosos que O odiavam, o traidor, o juiz e os soldados;
mas Ele a tomou para Si. Ele poderia dizer com toda propriedade que ninguém poderia Lhe
tirar a vida. E assim se fez. Ninguém a tirou. Ele a deu por escolha própria, de
conformidade com a vontade de Seu Pai (Jo. 10.17-18). O motivo foi o amor. Poderia
evitar a cruz, mas decidiu ir a Jerusalém. Como homem, o sofrimento o aterrorizava e orou
para que, se fosse possível, o cálice do sofrimento fosse afastado. Mas, continuou:
“Contudo, não se faça a minha vontade, e, sim, a tua” (Lc. 22.42). Foi à morte, deu Sua
vida em resgate por nós.
3. A vontade de Deus. Muitos anos antes da vinda de Cristo à Terra, Deus estabeleceu que
os profetas predissessem como Cristo deveria sofrer. Particularmente, Ele nos deu o
maravilhoso capítulo de Isaías, no qual lemos: “Foi transpassado pelas nossas
transgressões, e moído pelas nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre
ele, e pelas Suas pisaduras fomos sarados” (Is. 53.5). “O Senhor fez cair sobre Ele a
iniqüidade de todos nós... ao Senhor agradou moê-lo, fazendo-o enfermar; quando der ele
sua alma como oferta pelo pecado...” (Is. 53.6,10). Deus aprovou o sacrifício de Jesus
ressuscitando-O da morte. É necessário que sempre sublinhemos o equilíbrio daquilo que
os homens fizeram quando crucificaram a Jesus; do ato de Jesus ao dar Sua vida e do que
Deus pretendeu e fez quando O ressuscitou dentre os mortos.
É da maior importância mostrar a necessidade de Sua morte. Embora o Islamismo negue a
necessidade de um sacrifício expiatório, baseando-se em que cada um deve pagar por seus
próprios pecados com suas boas obras. Entretanto, existe uma arraigada consciência da
necessidade permanente de um sacrifício expiatório. O que diz a Palavra de Deus? Temos
de apelar a ela, pois o Espírito Santo pode convencer os homens de sua necessidade por
meio da Palavra escrita.
Sem derramamento de sangue não há remissão de pecados (Hb. 9.22). Um estudo dos
sacrifícios do Antigo Testamento é muito eficaz. Devemos contar com simplicidade as
histórias de Adão e Eva e como Deus os vestiu com roupas de pele; a de Caim e Abel
(Qabil wa Habil) Gn. 4; a de Noé, que ofereceu sacrifícios quando saiu da arca (Gn. 8.20);
o incidente do cordeiro sacrificado no lugar de Isaque (Gn. 22); o cordeiro pascal (Êx. 12);
a vaca vermelha (Nm. 19). Os muçulmanos conhecem todos estes relatos; podemos
mostrar que todos os crentes do Antigo Testamento se aproximaram de Deus por meio do
sacrifício. Podemos expor as verdades de Hebreus 10.1-18, mostrando finalmente seu
sacrifício (v. 12). Este tema não deixa nunca de impressionar os muçulmanos e conduz à
aceitação do perdão em Cristo (Ef. 1.7).

Figuras da Cruz

Para a mente oriental, a verdade torna-se mais convincente quando é acompanhada de


exemplos tomados da vida cotidiana. Pode-se escolher entre as seguintes ilustrações, ou
usá-las todas. Dependerá em grande parte da mentalidade do ouvinte. O Espírito Santo
guiará, mostrando onde devemos colocar ênfase. À medida que formos expondo um
exemplo após o outro, o ouvinte se dará conta, pouco a pouco, da transcendência da
verdade de que Cristo morreu por nós.
1. O Cordeiro que Deus proveu (Gn. 22; Jo. 1.29; 19.34).
2. A serpente levantada (Jo. 3.14). Mostrar que Jesus foi levantado para morrer na cruz. A
causa foi o pecado dos homens. Deus exaltou-O nas alturas. Com nossa proclamação da
mensagem, demostramos que estamos fazendo o mesmo que Moisés fizera no passado –
elevando a Jesus.
3. O bom Pastor que deu-Se ás ovelhas para poder dar-lhes Sua vida (Jo. 1.11,27).
4. O grão de trigo que deve cair na terra e morrer, para poder reproduzir nova vida (Jo.
12.24).
5. O único Mediador entre Deus e o homem (1 Tm. 2.5). Quando duas pessoas brigam
seriamente, não se reconciliam se uma terceira pessoa não os ajuntar. Esta imagem é bem
conhecida no Oriente. Não deixemos de assinalar que o homem precisa se reconciliar com
Deus e não Deus com o homem.
6. O Redentor (al Fadi). Ele é o único que paga o resgate para que o escravo possa ser
libertado (Ap. 5.9; 7.9-12).
7. O Fiador. Ele é o único que sai em garantia de outro e paga por ele. (Gl. 2.20).
Podemos acrescentar outros exemplos representativos da morte de Cristo. Talvez a melhor
maneira de expor o significado do sofrimento e da morte do Salvador seja explicar com
toda simplicidade o que Ele significa pessoalmente para você. Podemos procurar
versículos adequados das Escrituras e decorá-los, enfatizando como por meio de Seu
sacrifício encontramos o perdão e a purificação dos pecados. Comove-nos profundamente
saber que alguém Se interessou tanto por nós que “ me amou e Se entregou por mim”.
É necessário explicar o significado de um versículo como “o sangue de Jesus... nos purifica
de todo pecado” (1 Jo. 1.7). Para eles é muito difícil entender literalmente palavras como
essas. O simples pensar em ser literalmente purificados pelo sangue é algo repugnante.
Capítulo 10

A Aproximação Individual
É preciso que aproveitemos todas as oportunidades que surgirem para anunciarmos a
mensagem do Evangelho a grupos de muçulmanos; mas é evidente que, especialmente no
início de sua tarefa, o cristão deve limitar-se a contatos individuais. Em Sua sabedoria e
graça, Deus não permitiu que fosse possível transmitir eficazmente o Evangelho aos
muçulmanos sem o conhecimento de sua língua. É durante o longo período de estudo da
língua que o obreiro consegue conhecer a mentalidade do muçulmano. Somente na
eternidade saberemos o enorme dano que a distribuição indiscriminada de literatura causou
nos países muçulmanos, e os contatos, bem intencionados mas equivocados, de certos
indivíduos para iniciar um movimento de massas. Tais pessoas nem sequer chegam a tocar
a superfície e tornam mais árduo o laborioso esforço do obreiro cristão para conquistar
almas para o Senhor. Quando Deus quis comunicar-Se conosco, fez-Se homem e aprendeu
a falar a língua de Sua pátria, a Palestina. Não era preciso que o fizesse, mas foi esse o
método que utilizou. Com isso estabeleceu o padrão.
Muitos jovens obreiros declaram ser incapazes de aprender a língua ou sustentam que
podem transmitir o Evangelho por meio de uma língua européia. Talvez, até certo ponto,
seja possível com universitários ou com os que vivem em nações ocidentais; mas é
inacreditável que o mesmo Espírito Santo que chamou o obreiro a propagar o Evangelho e
que outorgou o dom de línguas no Pentecostes, não possa fazer com que o atual pregador
do Evangelho aprenda a língua do povo. O dom de línguas consiste sempre em falar uma
língua conhecida, e pessoalmente posso testemunhar do poder do Espírito Santo a este
respeito. Eu fui péssimo aluno e tive as notas mais baixas em francês; entretanto, preguei
minha primeira mensagem em cabila com apenas dez semanas após ter iniciado o estudo
dessa difícil língua. Usando o livro sem palavras, falei durante cinco minutos a um grupo
de muçulmanos, os quais fizeram tudo o que podiam para me ajudar e encorajar.
Somente através do amor poderemos ganhar um muçulmano para Cristo. Quando ele
percebe que alguém está se preocupando ao ponto de sacrificar seu tempo para tentar
aprender sua língua, foi dado o primeiro passo para a conversão. É provável que a maioria
dos jovens queiram conseguir a ajuda de um professor de línguas, mas isso não é essencial.
Nunca tive um professor de árabe argelino. Era a quarta língua que eu aprendia em cinco
anos, e humildemente, posso dar testemunho do poder do Espírito Santo nessa área. Peça a
um amigo, ou a um vizinho, que leia com você e lhe mostre os erros que comete. Se for
possível, use o Novo Testamento ou um dos Evangelhos como livro de texto, escolhendo
uma história simples ou uma parábola. Desta forma, estará gradualmente apresentando a
mensagem e, ao mesmo tempo, perceberá como pensa o muçulmano, por sua forma de
reagir. Não é fácil ganhar muçulmanos para Cristo. Nenhum homem ou mulher chamado a
trabalhar de maneira permanente entre eles deve tentar fazê-lo sem aprender a língua, e
aprendê-la bem. Este é o sine qua non da evangelização muçulmana.
Devemos aproveitar toda e qualquer oportunidade para travar amizade com vizinhos,
comerciantes ou outros muçulmanos. Mostre-lhes amor de maneira prática. Não tente
pregar. Seja um bom ouvinte. É aqui onde falhamos hoje em todos os lugares. Devemos
ouvir as pessoas com simpatia e paciência. Assim, compreenderemos seu ponto de vista,
suas dificuldades e até sua incompreensão do Cristianismo. Convide os muçulmanos para
tomar café em sua casa, e aceite sempre os convites que lhe fizerem, especialmente para ir
às suas casas. Durante os primeiros dias, é prudente não falar de temas espirituais com seu
amigo na presença de terceiros. Ele pode ficar embaraçado e ser forçado a defender sua fé.
Procure falar com ele em particular. Talvez possa encontrar algumas fitas ou discos em sua
língua.
Quando em conversas particulares, procure recordar-se das palavras do Senhor: “Pode
porventura um cego guiar a outro cego? Não cairão ambos no barranco?” (Lc. 6.39). Você
perceberá claramente por onde conduzir a conversa: Pelo caminho da vida. Ele está cego
pelo deus deste mundo. Não vê o caminho, e o demônio tentará desviá-lo. Procurará
questionar e discutir. Tenha bem presente a meta. Trate de um assunto de cada vez.
Sempre que ele quiser mudar de tema, volte continuamente a mostrar-lhe o caminho.
Confie que o Espírito Santo encaminhará tanto a ele quanto a você à plenitude da verdade.
Lembre-se de que, embora ele seja muçulmano e você cristão, ambos são “crentes”. Pode
falar-lhe como a um crente. Pode dizer-lhe, por exemplo: “Como alguém que crê em
Deus, você deve saber que todo homem tem três inimigos, que são o mundo, o demônio e,
qual é o terceiro?” Com quase toda a certeza, ele responderá: “a carne” ou “meu coração”
.
“Qual, a seu ver, é o mais difícil de conquistar?” A natureza pecadora, o coração perverso.
É o coração que guia os olhos para o mal. O coração é que move as mãos para roubar, e
que encaminha os pés para entrarem na casa do vizinho. (Por dedução, compreenderá que a
finalidade de entrar é cometer adultério). Sim, o coração é o maior inimigo do homem.
Deixe-me ler uma passagem da Palavra de Deus que se refere a isto (leia Rm. 7.15-24).
Que grande verdade contêm essas palavras: “Desventurado homem que sou! Quem me
livrará?” Mesmo que os termos utilizados para definir a natureza perversa do homem
variem conforme o país, é muito difícil encontrar um muçulmano que não responda a este
questionamento pessoal.
1. Quando ocorrer um falecimento na família, devemos sempre expressar condolências.
“Que Deus console (Allah yusalai) vossos corações”. Eles sabem que Jesus ressuscitou dos
mortos, mas não conhecem os detalhes. Podemos ler 11.1-44 ou alguma outra parte desta
passagem. Continue com João 5.2,29 e volte ao versículo 24. Os muçulmanos sempre se
impressionam muito com essas passagens das Escrituras. Outra maneira de começar é:
“Você sabe por que Deus nos deu este mundo? (dunia) Sem dúvida para que nos
preparemos para o outro (al axhiva)”.
2. É possível que durante a conversa o muçulmano diga: “Peço perdão a Deus” (astaglafi
Allah). Continue dizendo: “É bom ver que você compreende sua necessidade de perdão;
mas, você tem certeza de que Deus o perdoou ou tem de dizer: ‘Ma sha Allah’ ou ‘In sha
Allah’ (o que na realidade implica dúvida)? Há dois tipos de pessoas no mundo hoje:
aquelas que esperam que Deus as perdoe um dia porque tentaram seguir sua religião (din) e
as que se regozijam porque Deus as perdoou, pois alguém já pagou a sua dívida (din). Davi
tinha certeza de que estava perdoado (leia Rm. 4.6-8). Deus concedeu ao Senhor Jesus
poder para perdoar os pecados (leia Lc. 5.18-26; At. 10.43).
3. Com gente simples, uma dor de dente pode servir de pretexto para iniciar a conversa,
especialmente se o obreiro é hábil na extração de dentes. “Olá. O que há? Dor de dente?
Lembro muito bem que tive uma dor parecida. Como doía! O dente estava cariado e oco.
Tentei acalmar a dor com um algodão embebido num remédio. Foi inútil. Percebi que meu
dente estava tão ruim e doendo que só havia um remédio, tirá-lo. O problema é que eu não
podia fazê-lo. Não conseguia movê-lo. Então, fui ao dentista, sentei-me numa cadeira, abri
a boa e, confiando plenamente nele, pedi-lhe que o extraísse. Que alívio eu senti! Dei
graças a Deus. Com o pecado ocorre o mesmo. Se deixamos o pecado no coração, com o
tempo se manifestará e nos ferirá. Não é possível entender-se com ele. Na realidade, só há
Um que pode entender-se eficazmente com o pecado. Deixe-me ler as palavras de João
Batista (Jo. 1.29). Eu abri minha boca e deixei que o dentista se virasse com meu dente. Se
você abre confiantemente seu coração a Jesus Cristo, Ele Se virará com seu pecado”.
4. Durante a conversa, inevitavelmente falaremos sobre o Senhor Jesus. “Ele abriu os olhos
do cego. Sabe como? Posso ler como Ele o fez? (Lc. 18.35-43). Jesus Cristo pode fazer
muito mais que isso por um homem. Ouça enquanto eu leio como Jesus pode transformar a
conduta de um homem e toda sua vida (Lc. 19.1-10)”.
5. Jesus, o Filho de Maria. Sim, é correto que Jesus foi filho de Maria. “Vocês sabe como
Ele nasceu? Permita que eu leia Lc. 1.26-36 e 2.4-12”. Mostre a eles o motivo de Jesus ter
vindo (Lc. 2.11; Tm. 1.15).
Alguns pensam que podem ensinar inglês e usam o Novo Testamento como texto. Nesse
caso é importante empregar uma paráfrase inglesa moderna, como A Bíblia Viva (The
Living Bible), e não utilizar alguma versão mais antiga.
6. Não levará muito tempo até você poder testemunhar do poder salvador e protetor de
Jesus. É necessário fazer um esboço com antecedência, decorá-lo e dar especial atenção à
maneira pela qual você chegou a entender a obra e a missão de Cristo e aceitá-lO pela fé.
Procure falar de coração para coração. Lembre-se de que o muçulmano é um pecador pelo
qual Cristo morreu.
7. Todo aquele que trabalha entre muçulmanos deve ter vários textos dos Evangelhos em
árabe em diversos lugares de sua casa. Coloque-os de tal forma que o visitante possa ver
um texto por vez. Sem dúvida, é necessário sabê-los de cor e conhecer seu significado,
embora não se saiba árabe. Pode ser que o visitante seja semi-analfabeto; então, podemos
ajudá-lo na leitura dos textos. É uma boa maneira para iniciar a conversa. Também
podemos ter uma série de textos no escritório, na biblioteca, ou na sala para mostrar a eles.
Este sistema pode abrir muitas portas.
8. Muitos de nós não concordamos com o uso de caixas de promessa como meio de
orientação; entretanto, podem ser muito úteis para iniciar uma conversa. Aqueles que
fumam pensam que é uma caixa de cigarros, e se surpreendem ao encontrar um versículo
(aya) da Palavra de Deus.
Capítulo 11

Temas Úteis
Conforme o novo obreiro for desenvolvendo novo conhecimento da língua, encontrará mais
oportunidades para falar do Senhor. Sempre que possível, deverá se apresentar como
professor, pois é mais aceito do que enfermeiro, mestre ou missionário. Os muçulmanos de
minha região chamavam-me Sheikh. A palavra significa professor de religião. Eis a seguir
alguns temas úteis.

Os Dois Caminhos

Leia Mateus 7.13,14. É possível que este seja o melhor tema para começar. Essa
mensagem apresentada a um muçulmano temente a Deus, estando sob o poder do Espírito
Santo, chega até o mais profundo de sua alma. Isso faz com que o obreiro seja aceito como
servo de Deus. Podem fazer um desenho com dois caminhos, um largo e um estreito, com
duas portas, duas praças e duas árvores. O caminho largo vai se estreitando pouco a pouco,
aparecendo cada vez mais limitado e, finalmente, chega o inferno. O caminho estreito se
dilata gradualmente e conduz à vida. Entre a vida e a destruição há um enorme abismo, um
grande precipício. Se for possível escrever o versículo na parte superior – em árabe – será
uma grande ajuda para apresentar o tema. A mesma lição pode ser dada com flanelógrafo.
Podemos recortar figuras de dois homens e de duas mulheres de uma revista popular. Cada
pessoa leva uma carga. Aquela que escolhe o caminho estreito perde a carga ao passar pela
porta estreita e responder ao convite do Senhor Jesus (Mt. 11.28). A principal lição que
devemos deixar é a que Jesus ensinou: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida” (Jo. 14.6).
A mesma lição pode ser exposta a propósito dos dois filhos de Lucas 15 – o caminho largo
que leva à fome e à miséria, e o caminho estreito que nos leva de volta à plenitude da casa
paterna. Também pode ser a lição de Lucas 16.19-31, onde vemos dois homens neste
mundo separados por um enorme abismo.

O Livro sem Palavras

O segundo melhor tema para principiantes pode ser usado tanto com grupos quanto
individualmente. Convém recordar que, para os muçulmanos, o céu é verde, e não
dourado, e o fogo do inferno é negro. Podemos utilizar um lenço limpo para tampar a
página negra e ilustrar as boas obras, que não tiram o pecado, mas somente o tampam. O
homem parece estar limpo até que no dia do Juízo Deus tira as boas obras e descobre o
coração do pecador. O lugar das boas obras está situado depois da purificadora fé em
Cristo. Somente dessa forma, quando se examinarem as boas obras no dia do Juízo,
veremos que ocultam um coração puro. Podemos também recorrer a determinado número
de provérbios locais para expressar a verdade desta e de outras lições. Recolhi na Argélia
mais de 500 provérbios em cabila. A frase: “As boas obras apagam os pecados”
evidentemente não é verdade, mas podemos mudá-la para: “Os pecados arruinam as boas
obras”. Ou então: “Tu estás limpo e resplandecente por fora; mas, qual é teu estado por
dentro?” É recomendável utilizar provérbios adequados; deve-se porém ter certeza de sei
exato sentido antes de usá-los.
O Abismo Transposto

Este é o título de um folheto ilustrado publicado em árabe clássico pelo ‘Stirling Tract
Depot’. É muito útil. A página branca representa a figura de um Deus santo. A seguinte é
negra e mostra ao homem seu pecado. Na terceira página aparece um abismo negro, que é o
pecado separando o homem de Deus. A quarta página mostra alguns homens que, com
várias tábuas, esperam unir o abismo; na última aparece o abismo transposto pelo Senhor
Jesus Cristo. Uma tira comprida, na qual está escrito: “Fé”, pode ser vista em cima da
ponte e a une lado a lado. O mesmo tema pode ser usado com flanelógrafo, trançando-o
como se segue:
1. O traçado do abismo. O homem foi criado para gozar a presença de Deus, mas pecou e
foi expulso do Paraíso (Rm. 5.12). Traçar os dois lados do abismo, um branco com a
palavra Allah, e outro negro com palavra homem.
2. O abismo transposto por Jesus Cristo no Calvário (1 Pe. 3.18; Ef. 2.13). Fazer pequenas
tiras de cartolina com as seguintes palavras: boas obras, oração, jejum, etc. Estas não
conseguem transpor o abismo. Em seguida, colocar uma longa tira vermelha “por Seu
sangue”, e outra do mesmo comprimento com a palavra “fé”. Colocar esta em cima da
palavra “sangue”.
3. O abismo estabelecido (Lc. 16.26). Após a morte, é tarde demais para mudanças. Este
tema impressiona muito. Pode ser um pouco agressivo para um primeiro contato;
entretanto, os muçulmanos admiram realmente o homem que sabe no que crê e o afirma
abertamente.

Perdão dos Pecados

Este é um tema muito freqüente, especialmente quando for necessário darmos assistência a
pessoas enfermas em suas casas ou no hospital. O melhor texto que podemos usar é Lucas
5.17-26. Eis aqui os pontos que devemos destacar:
1. Um enfermo. O que ele tem? Quer andar, mas não pode (Rm. 7.19).
2. Amigos sinceros. Conhecem alguém que pode curá-lo e o levam a Jesus. Este é o nosso
propósito. Somos seus amigos.
3. Um Salvador Onipotente. Ele pode curar o corpo e salvar a alma.
4. Pessoas que o atrapalham. Havia uma multidão entre ele e Jesus. O mesmo ocorre
atualmente.
5. Uma palavra dura. “Filho, teus pecados”. Jesus os conhecia a todos. Ele também
conhece os seus.
6. Uma palavra graciosa. “Teus pecados são perdoados”. Ele pode dar o perdão, porque
morreu pelos pecados, o justo pelos injustos, a fim de poder levar-nos a Deus. Ele é o
único mediador.
7. Crítica dos sacerdotes. Ignoravam Seu poder porque não criam nEle.
8. Uma prova contundente. “Levanta-te”- nova vida; “toma tua cama” – nova força; “anda”
– novo caminhar. Encontrou a cura e o perdão.

Juízo
Muitos muçulmanos preocupam-se profundamente com o dia do Juízo e, durante anos a fio,
foi-me de grande ajuda a seguinte mensagem: “Preparai-vos para o encontro com Deus”
(Am. 4.12; Jo. 5.1-14,24). Deus nos deu este mundo a fim de que possamos nos preparar
para a eternidade. Você tem que morrer, tem que passar para a eternidade, tem que
encontrar com Deus. Mas, como você morrerá? Como Deus o tratará, como juiz ou como
pai? Na eternidade há dois lugares, céu e inferno. Para onde você irá? O profeta disse que
nos preparemos, mas não disse como. Jesus o fez. Disse-nos: “ouvi minha palavra, crede
em mim, e aqueles que o fizerem, obterão três grandes bênçãos.
Havia um homem paralítico, que durante 38 anos não podia andar. Desejava a cura. Todos
os dias dizia: ‘Ih sha Allah, hoje melhorarei’, mas nunca o conseguia. Da mesma forma que
vocês (Rm. 7.19,20). Jesus disse: “Ouvi minha palavra”.
1. Uma palavra sobre sua vontade. “Você quer ser curado?” (Exponha a doutrina do
arrependimento). “Você quer ser o homem que Deus deseja? Quer ser curado? Deus quer
salvá-lo (1 Tm. 2.4), mas o demônio quer destruí-lo. Você está entre eles. Se desejar
realmente, Cristo o curará. Deus deu a você uma vontade para que possa decidir, para que
escolha entre o bem e o mal. O homem da passagem respondeu: “Senhor, não tenho
ninguém. Não posso”. Ao olhar para Jesus, deve ter pensado: “Somente tu podes me
ajudar”. Ele confiava na onipotência do Salvador, não em muitos profetas.
2. Uma palavra sobre sua fé. “Levanta-te, toma o teu leito e anda”. (Jo. 5.8). Você não
pode, mas Eu posso: “Levanta-te!” Deu-lhe uma nova vida: “Toma tua cama”. Deu-lhe
novas forças: “Anda”. Fez dele um novo homem (2 Co. 5.17). Este é o milagre que se
realiza no coração de quantos confiam no Senhor Jesus. Aquele homem foi criticado logo
depois; você também o será. Eles pensavam do ponto de vista da religião. Ele obedecia ao
novo Senhor que tinha encontrado (Jo. 5.10-11).
3. Uma palavra sobre sua consciência. “Não peques mais” (v. 14). Veja 1 João 3.4-9.
Encontrou ali três bênçãos (Jo. 5.24):
a) passou da morte para a vida (conversão);
b) recebeu a vida de Deus, uma nova vida (vida nova em Cristo);
c) salvou-se do juízo futuro.
Poderíamos expor vários outros esboços. No entanto, aqueles que apresentamos foram
postos em prática e Deus os abençoou com a salvação de alguns.
Capítulo 12

Como Aproximar-se das Mulheres e das Moças

Existe um grande abismo entre as jovens muçulmanas que estudam em universidades


européias e suas irmãs indoutas que passam a vida fechadas numa cabana ao norte da
África. O mesmo ocorre entre as mulheres ricas da cidade que se cobrem com véu e as da
África Central, amorais e sem véu, que andam quilômetros e quilômetros para chegar ao
mercado do distrito e comprar manteiga e queijo. Este amplo leque de distinções sociais,
de graus de conhecimentos, de costumes locais divergentes nas diversas regiões etc., é o
que torna muito difícil dar orientação sobre este tema.
Talvez na maioria dos casos, haja três coisas que caracterizem todas estas mulheres. Em
primeiro lugar, está o medo, que é o elemento dominante em sua vida. Desde a primeira
infância da menina, seus irmãos são estimulados a bater nela e a dominá-la. Quando
jovem, ensinam-na a conhecer o poder dos maus espíritos e penduram talismãs e amuletos
em volta de seu pescoço. Ao se casar, o medo do divórcio pende sobre sua cabeça como
espada de Dâmocles. Teme também a sogra autoritária, que domina na casa. A sogra,
quando jovem, sofreu muito, e agora faz tudo para que sua nora sofra tanto ou mais.
Quando há uma segunda esposa, cada uma teme que a outra conspire contra si para que o
marido a mande embora. Teme as línguas murmuradoras das mulheres mais velhas, que
vão de casa em casa semeando discórdias e separando os cônjuges. Quando nasce um
filho, teme os vizinhos, que podem entrar, invejá-lo e dar a ele um mau olhado. E, acima
de tudo, está o medo da morte e do além, pois muitos crêem que as mulheres não têm lugar
no céu, apesar de o Islão ensinar que homens e mulheres têm a mesma possibilidade de ir
para o céu. Mas, nem os homens nem as mulheres podem ter a certeza de seu destino
eterno. Todos os muçulmanos têm medo do além, e as mulheres mostram esse medo
inclusive em suas devoções. O medo é que as faz rezar, forçando-as a jejuar e a professar
sua adesão a Maomé. Inclinam-se perante Allah e adotam uma postura servil de escrava na
presença de seu severo amo. As jovens e mulheres que confiam no Senhor Jesus vivem
continuamente com o mesmo medo das más línguas, da ameaça de divórcio, do veneno e
das drogas, dos açoites, dos golpes e de todo tipo de maus tratos. Por sua tendência inata
ao medo, às vezes duvidam da sinceridade de suas companheiras de fé e temem que, devido
às suas fúteis conversas, sejam desprezadas.
A segunda característica das mulheres muçulmanas é que são dominadas pelos homens, ou
pelo menos por um homem. Muitas jovens modernas não querem admiti-lo, mas essa é a
realidade. As leis islâmicas ensinam que a mulher é somente meia pessoa na questão da
herança e que o marido tem autoridade completa sobre ela. O pai e os irmãos vigiam suas
filhas e irmãs. A mulher casada está debaixo do domínio do marido e não se atreve a fazer
nada, ou ir a algum lugar, sem sua permissão. Tentar seria expor-se ao divórcio. A mulher
divorciada ou viúva é vigiada de perto por seus parentes masculinos. As condições imorais
que imperam em muitos países muçulmanos tornam essa atitude necessária. Tal situação
repercute em toda tentativa de chegar a elas com o Evangelho ou de ajudá-las quando se
tornam cristãs.
Apesar das aparências externas devidas à influência do Ocidente, continua existindo, no
fundo, um temor supersticioso ao mundo dos espíritos invisíveis, um grande respeito aos
chefes religiosos do Islamismo e normalmente um medo muito arraigado de Deus. Pode
ser que muitas destas coisas sejam ignoradas pelo missionário ocidental que não fala a
língua fluentemente, mas constituem pano de fundo de vida e pode ser uma das formas de
aproximação ao seu coração.
A mulher missionária que deseje chegar a essas mulheres, tem de, em primeiro lugar,
admitir que não sabe nada; sim, nada! O estudo oficial da Bíblia, os métodos ocidentais de
evangelização massiva, as técnicas de publicidade e a convicção de que “nós somos os
bons, e vocês têm de nos ouvir”, tudo isso deve ser descartado reiteradamente, porque
atitudes semelhantes não somente repugnam, mas podem causar um dano irreparável. Mais
de 50 anos de observação demonstraram que talvez esta seja a lição mais difícil que o
missionário deve aprender; mas é absolutamente essencial.
Os princípios que Paulo estabeleceu na epístola aos Galátas aplicam-se ao trabalho
missionário com mulheres muçulmanas da mesma forma que a qualquer outro tipo de
trabalho cristão. Tentemos aprender com ele.

O Plano

Até ver a “Cristo formado em vós” (Gl. 4.19). Este era o ardente desejo de Paulo, e deve
ser também o nosso; não pregar-lhes, nem persuadi-las a que mudem de religião ou
meramente creiam em Jesus Cristo, mas que se forme nelas uma nova vida pela virtude do
Espírito de Deus. Qualquer que seja a linha de aproximação que utilizemos, seja ensiná-las
a ler, falar uma língua européia, cuidar de seus enfermos, distribuir propaganda ou fazer
cursos por correspondência, nossa meta deve ser sempre a mesma: que Cristo venha nelas
habitar. O Cristianismo não é uma simples mensagem religiosa em que devem crer, mas
uma vida se recebe na pessoa do Senhor Jesus. A vida de Cristo deve ser reproduzida nas
mulheres e jovens muçulmanas. Por isso, não é suficiente uma profissão de fé feita
oralmente ou por escrito; deve haver vida nova, a qual se manifestará na mudança de
conduta. Nós nada podemos fazer. Cristo somente poderá nelas habitar através do novo
nascimento realizado pela virtude do Espírito Santo. Não é nossa obra para Deus, mas Sua
obra através de nós. “Filhos meus”, escreve Paulo, “me vejo perplexo a vosso respeito”
(Gl. 4.20). “Sois meus filhos ou sois realmente filhos de Deus?” Ele aponta o perigo que
aguarda o trabalho entre os muçulmanos. Eles podem chegar a amar o missionário, imitá-
lo, a sentir-se seus filhos, a confiar nele. Mas, quando o missionário abandona o campo,
sentem-se órfãos, deixam de ir às reuniões cristãs e reincidem no Islamismo. Isso ocorre
freqüentemente no trabalho com muçulmanos. Por outro lado, entretanto, essas mulheres
deveriam sentir-se, até certo ponto, como filhas da missionária. Aprendendo a confiar nela,
chegarão a confiar em seu Salvador. Aprendendo a amá-la, chegarão a amar o Salvador.

O Apelo

“Sede qual eu sou” (Gl. 4.12). Esta foi sempre a exortação de Paulo. Na presença de
Agripa pôde dizer: “Assim Deus permitisse que, por pouco ou por muito, não apenas tu, ó
rei, porém todos os que hoje me ouvem se tornassem tais qual eu sou, exceto estas cadeias”
(At. 26.29). Não um prisioneiro, mas um cristão. “Cristo é tão real para mim, que desejo
que compartilhem sua vida comigo, o gozo e a paz que somente Ele dá, a segurança do
perdão e a salvação. Sejam como eu”.
Esse deve ser o apelo; mas somente poderão fazê-lo se Cristo viver realmente em vocês.
Mais ainda: devem mostrar com a vida. Paulo irradiava Cristo. Que nós possamos fazer o
mesmo! Não podia ocultar-se. É isto que as mulheres e as jovens muçulmanas precisam
ver: Cristo em vocês e em mim. Por isso, no contato com elas, o mensageiro tem a mesma
importância que a mensagem. O valor do que dizemos depende de nosso modo de ser, de
nossa conduta e da forma que o dizemos, Nossas experiências pessoais, toda nossa atitude
e nossa vida são parte integrante do Evangelho. Os muçulmanos conhecem por instinto se
são queridos ou se somente nos mostramos condescendentes com eles como um dever que
temos que cumprir.

A Forma de Aproximação

É tríplice. Primeiramente: “Também eu sou como vós” (Gl. 4.12). Paulo se põe no lugar
deles. Trata-se de um princípio extremamente importante se quisermos estabelecer
comunicação. Precisam perceber que são queridos o bastante para que cheguem a se abrir.
Vocês devem estar preparados para sentar com eles, ouvi-los, condoer-se deles, até que
entendam de fato que vocês se preocupam e desejam conhecê-los. Pessoalmente, tive
muitas vezes ocasião para fazer isso quando viajava de aldeia em aldeia pelas montanhas da
Argélia.
Corriam torrentes das montanhas e às vezes me molhava até os ossos sob a chuva que me
ensopava, mas logo sentava-me com eles em suas esteiras em volta do fogo cheio de
fumaça e compartilhava de sua comida simples. A fumaça que lhes fazia arder os olhos,
também fazia arder os meus até que lágrimas corriam pela minha face. As pulgas que os
picavam também me picavam. Compartilhava da dura esteira que era a cama e respirava o
odor do esterco animal, pois as vacas e as ovelhas compartilhavam do mesmo lugar. Esta é
a maneira de compreendê-los de verdade, de simpatizar com eles, de chegar a conhecê-los
realmente e de descobrir seus sentimentos, seus pensamentos e suas reações.
Não basta conhecer a Bíblia. Devemos conhecer também as mulheres com quem estamos.
Se realmente desejamos que elas sejam como nós na fé e na doutrina, devemos
primeiramente nos tornar como elas, pelo amor e pela compaixão. Este é o caminho de
Deus. Ele Se fez homem para poder falar aos homens, Falou nossa língua, suportou nossas
provas e enfrentou tentações para que pudesse experimentar o que é ser um homem.
Sentou-se com a mulher junto ao poço. Deixou que falasse. Utilizou linguagem e
descrições simples que ela podia entender. Desceu aos fatos mais escabrosos de sua vida.
Se vocês querem ganhar as mulheres muçulmanas para o Senhor, é essencial que aprendam
bem sua língua. Ao aprender a linguagem delas, aprenderá a conhecê-las.
Há três etapas na aprendizagem de uma língua. Na primeira etapa, aprende-se a comunicar
a mensagem com palavras a uma amiga. Na segunda, pode-se compreender tudo o que ela
diz quando fala de qualquer tema. Na terceira, podem-se captar os pequenos “apartes”
entre ela e as outras mulheres. Inclusive, é possível entender sua linguagem por sinais,
quando falam com os olhos ou com os dedos do pé. Esta deve ser sua meta. Então será
possível chegarmos a seus corações. Logo perceberá que as mulheres têm uma linguagem
própria, que nem os próprios homens entendem totalmente. Você, porém, deve procurar
entendê-la.
Se não fizer dessa forma, perceberá que, embora esteja convencida de ter manifestado a
verdade e exposto a mensagem com fidelidade, na realidade terá comunicado uma mentira.
Por isso, devem compartilhar a vocês mesmos, e não somente a mensagem. Isso significa
renunciar a um tempo precioso para ouvir, para sensibilizar-se com seus problemas, para
chorar com elas, para mostrar-lhes que vocês também são fracas e têm defeitos, mas que
conhecem Alguém capaz de ajudar e amparar. Enquanto não as aceitarem, não aceitarão a
mensagem que levam. Lembrem-se de que podem passar anos antes que os aceitem.
Uma mulher jovem foi a uma importante cidade francesa para contatar mulheres
muçulmanas. Alugou um apartamento barato em um grande bloco onde era a única
européia. A população da cidade era cosmopolita, e a cidade um antro do crime. Algumas
missionárias mostraram-lhe o perigo que supunham existir vivendo ali. “Os subúrbios são
sujos, o barulho é contínuo, os edifícios sem higiene e sua vida pode correr perigo”, mas ela
insistiu e, ao final de algumas semanas, mais de 90 crianças muçulmanas estavam indo às
suas aulas sobre a Bíblia. Recebia visitas de mulheres jovens, tinha amizade com as
vizinhas e antes que se passasse muito tempo foi aceita como uma delas. As missionárias,
que viviam em suas amplas e cômodas casas, longe do ruído e do alvoroço, estranhavam
seu sucesso. O êxito deveu-se, entretanto, ao fato de ela ter seguido os princípios
estabelecidos por Paulo.
Paulo, tão somente após colocar-se no lugar de seu povo alvo é que ousava dizer as
verdades que os incomodavam. “Tornei-me, porventura, vosso inimigo, por vos dizer a
verdade?” , perguntou-lhes (Gl. 4.16); Era franco, ousado e destemido com eles. Chegou
revestido de autoridade de um Senhor vivo, e eles então aceitaram. Seu método contratava
de forma aberta com o dos falsos mestres. “Os obsequiam”, ele diz no versículo 17. “O
adulam e adaptam sua mensagem a vossos desejos”. Paulo, ao contrário, dizia-lhes a
verdade abertamente.
Colocar-se no lugar de uma mulher muçulmana não quer dizer que seja necessário
dissimular a mensagem por medo de ofendê-la. Se vocês estão resolvidos a manter a
verdade perante os muçulmanos, eles os respeitarão, quer se trate de homens ou mulheres.
Na Argélia, um grupo de meninas adolescentes de famílias muçulmanas discutiam sobre a
igreja que freqüentavam aos domingos. “Vamos semana após semana, mas não há nada
que nos fira, nada que nos ofenda, nada que realmente nos moleste”. Surpreendido, um
servidor de Cristo, Abd al Masih, perguntou: “Mas, sem dúvida, vocês não gostam de ser
feridos”. “É claro que gostamos”, responderam, “porque se não formos feridas, nunca
iremos a Cristo para que nos cure”. Que grande verdade! A irmã de uma das moças, uma
jovem de 18 anos, dizia: “Nunca encontramos um servidor de Cristo que nos ame tanto.
Por isso nos ajuda tanto e pode nos dizer coisas que ninguém mais se atreveria a dizer”.
Um jovem muçulmano foi à casa de uma missionária enquanto seu marido estava fora. O
jovem manifestou a intenção de entrar e esperar que o marido voltasse, mas ela se opôs.
Ele então replicou: “Mas você é estrangeira, e isso é o que fazem as pessoas em seu país!”
Ela disse: “Eu vivo no Irã. Tenho vizinhos e sinto muito, mas não posso deixá-lo entrar”.
Como tinha razão! O jovem ofendeu-se por ela fazer o que era justo? Ao contrário, tanto
ele como os vizinhos a admiraram e respeitaram. Uma ação assim contribui muito para
ganhar respeito, amor e confiança das pessoas. Sobre ela dirão: “É uma mulher temente a
Deus, uma mulher íntegra, que diz a verdade”.
O último ponto é o mais importante do método de Paulo: “Filhinhos meus, por quem sofro
de novo dores de parto até que Cristo se forme em vós”. Ele trabalhou com dor por eles.
Comparou-se a uma jovem mãe. Durante nove meses, carregou seu filho conheceu a
agonia do parto sem anestesia, e é seu primeiro parto. Que decepção quando o bebê nasce
morto! Mas, como deseja um filho vivo, está disposta a passar tudo de novo, a suportar
pacientemente os longos meses de sofrimento, a passar pelas dores de parto pela alegria de
trazer ao mundo um filho vivo. Paulo tinha sofrido física, psíquica e espiritualmente por
aqueles gálatas. Eles tinham declarado que criam em Cristo, mas não davam sinais da nova
vida. Ele estava disposto a continuar sofrendo, a trabalhar pacientemente com eles, a
ensinar, a orar com tal poder para dar vida espiritual ao menos a alguns deles.
Esta é a principal lição para todos quantos trabalham com mulheres ou jovens muçulmanas.
A vida eterna pode ser oferecida a outros somente quando o servidor está preparado para
sofrer em plena comunhão com o Salvador que morreu. Estes são, portanto, os princípios
que devem guiá-los na aproximação com as mulheres muçulmanas.
Vocês não devem esperar atrair muitas mulheres muçulmanas às suas casas ou à igreja. O
Senhor Jesus tratou individualmente com as pessoas. Falou com a mulher junto ao poço,
com a Maria que se sentou aos Seus pés e com a Maria que chorou junto à tumba. Não
esperou que as pessoas fossem a Ele. Ele foi a elas. Vocês não devem esperar que essas
mulheres cheguem até vocês, especialmente no princípio, vocês devem ir a elas. É verdade
que algumas vezes Jesus falou às multidões; mas não foi a todas as casas. Antes,
concentrou-Se nos que realmente mostravam-se atraídos e interessados. Vocês devem fazer
o mesmo sob a direção do Espírito Santo. Devem procurar as portas abertas. Quando uma
mulher tiver um bebê, poderão visitá-la levando um pequeno presente para a criança.
Aproveitem para conversar com a mãe. Antes de sair, talvez uma de vocês possa oferecer-
se para orar pedindo as bênçãos de Deus sobre a nova vida. Não tentem nunca admirar a
criança ou elogiá-la. Lembrem-se do receito do “mau olhado”. Luto, divórcio ou
enfermidade são oportunidades para fazer visitas. Aproveite o ensejo para sugerir que
gostariam de voltar em outra ocasião.
Quando permitirem que vocês entrem em suas casa, sentem-se com as mulheres na esteira.
Tirem os sapatos para não pisar na esteira em que oram. Se estiverem sentadas no chão,
não aceitem cadeiras, mas sentem-se como elas o fazem. Notem que será mais adequado às
mulheres não usar saia muito curta. Em qualquer caso, vocês devem estar preparadas, pois
poderão tentar ver sua roupa íntima. Freqüentemente são muito curiosas. Lembrem-se de
que, embora vocês sejam jovens, são servidoras de Deus. Evitem a exibição exterior e a
risada estrepitosa. Dessa forma, uma missionária jovem pode escandalizar terrivelmente as
mulheres, especialmente se estiverem na presença de homens. Elas certamente perguntarão
o que vocês fazem; o melhor é dizer claramente que são servidoras de Deus. “Estou aqui
entre vocês porque Deus me enviou a dizer coisas que vocês não sabem”. Não tentem
nunca dizer que quem os enviou foi uma missão ou grupo. Se não estão convencidas de que
Deus as chamou e enviou, de que as apóia e dirige em cada um de seus passos, então é
melhor que fiquem em casa.
O que vem a seguir é realmente fundamental em nosso ministério. É quase alarmante
comprovar em que grau o convertido reflete o caráter do missionário ou do chefe. Se vocês
dependem do grupo de origem para o envio, apoio e sustento com oração, então os
convertidos refletirão sua atitude. Dependerão de vocês e do seu grupo. Ao contrário, se
vocês unicamente dependem do apoio, guia e força do Senhor, então podem ensinar-lhes
desde o princípio a depender do Senhor e a não contar com vocês. Não deixem que sejam
“seus” filhos, mas lancem-nos nos braços do Senhor desde o começo da vida cristã.
É da maior importância encaminhá-las a um grupo de fiéis nacionais ou a uma igreja local o
mais depressa possível. Elas deverão procurá-las para que vocês lhes digam o que devem
ou não devem fazer, buscando um código de regras, já que foram educadas na atmosfera do
Islamismo, que é uma religião legalista. Devemos dar-lhes princípios, e não regras, e fazer
que as apliquem por si mesmas conforme seu meio cultural e seu país. Evitem introduzir
tudo o seja ocidental. É sempre de grande utilidade para os cristãos provenientes do
Islamismo fazer um estudo atento e sistemático da epístola aos Gálatas. Tal estudo feito
durante algumas semanas pode operar uma transformação em sua vida espiritual.
Conforme avançamos, é muito importante:
Usar a inteligência. Recordando que o medo é a base de sua vida, perguntem-se como
vocês reagiriam nas circunstâncias em que elas vivem. Não criem problemas com uma
mulher indo contra os costumes do país. Não insistam com uma mulher chamando-a à
porta quando esta, evidentemente, não as espera. De fato, em alguns países muçulmanos a
última coisa a fazer é chamar alguém à porta. Assim, pois, é necessário aprender os
costumes locais. No meu ambulatório de Hamoman, na Argélia, ganhei a confiança da
população até o ponto de mulheres com véu virem em busca de tratamento, Tiravam o véu
e permitiam que as examinasse detidamente porque confiavam em mim. Mas quando eu
passava pela rua perto de uma delas e estava cuidadosamente coberta pelo véu, eu fazia de
conta que não a conhecia. Caso contrário traria um grande desgosto a ela. Quando um
homem está presente na casa na qual uma missionária está visitando, não será possível falar
com as mulheres de coisas espirituais até que ele se vá. Em qualquer caso, o melhor é
esperar que a dona da casa peça que leiamos algo da Bíblia. Vocês são seus convidados, e
ela sabe melhor o que convém. Sob todos estes aspectos deve-se procurar conhecer as
pessoas e utilizar a sabedoria divina.
Usar convertidos do Islamismo. Eles conhecem seu povo melhor que qualquer estrangeiro,
e seus conselhos serão inestimáveis. Talvez lhes pareçam muito cautelosos, mas é
necessário ponderar cuidadosamente o que disserem. Perderam-se anos inteiros de serviço
porque alguns missionários não levaram em conta os conselhos dos cristãos nativos.
Usar missionárias mais velhas. É necessário, além disso, discernimento. A observação dirá
logo se uma missionária mais velha ganhou a confiança e o afeto das mulheres. A duração
do ministério não tem nada a ver com isto. Há muitas mulheres (e da mesma forma
homens) que passaram anos inteiros numa região sem que as pessoas as tenham aceitado e
sem que tenham entrado realmente em suas vidas. Não consultem a esses. Ao contrário, se
há missionárias com idade e com experiência que conhecem os costumes das pessoas, as
missionárias jovens devem fazer-lhes perguntas e seguir seus conselhos. Isto não significa
que não se posam introduzir novas vias de aproximação, mas é necessário ser prudente e
seguir o conselho dos companheiros.
Usar os olhos e os ouvidos. Esta forma é a forma mais eficaz de aprendizagem. O esboço
de um sorriso significará que incorremos num erro. Não haverá dúvida disso se
provocarmos ressentimento, cólera ou dor com nossas palavras ou ações. Devemos então
refletir e perguntar em que falhamos: “Disse ou fiz algo que os tenha desgostado?”
Veremos que falam por senhas. Enquanto transmitimos nossa mensagem, veremos que eles
se comunicam entre si pelos dedos dos pés. Tentemos descobrir o que estão dizendo.
Aprendamos seus provérbios. As mulheres sabem muitos mais deles que os homens, e é
um meio rápido para ganharmos sua confiança. Devemos, no entanto, ter certeza de que o
provérbio não possui um sentido obsceno. Precisamos aprender a tomar um café numa
xícara que talvez não esteja de acordo com nossas normas de limpeza, e comer alimentos
que nem sonhamos comer em nossa casa.
Se nos perguntarem: “O que você fez?”, devemos responder prontamente que somos servas
de Deus e que nosso trabalho é ajudar outros a encontrar a paz de Deus em seus corações.
É da maior importância que logo desde o princípio sejamos conhecidas como mulheres do
Livro, e não como enfermeira ou professora, inclusive missionária; simplesmente como
mulher do Livro. Então, vocês serão convidadas a visitar uma mulher enferma e a ler o
Livro. Entrará alguma outra, que por sua vez se interessará pela mensagem e pedirá para
que você também a visite em sua casa. Recordemos que há poder na Palavra de Deus. Ela
é a espada do Espírito Santo.
Acima de tudo, é necessário ter paciência. Lalla Juhra deu aulas da Bíblia para mulheres
durante todo um ano, e somente uma mulher as assistia. Com o passar dos anos, a classe
cresceu até o ponto de haver freqüentemente 25 a 30 mulheres por semana, embora, durante
um ano, não houvesse mais do que aquela única mulher.
As jovens muçulmanas que fazem cursos superiores em seu próprio país ou no exterior
pretendem dar a impressão de que romperam com o Islamismo. Tentam imitar as
européias, seguindo a moda. Pode ser que nem usem mais o véu, mas isso não significa
que estejam abertas ao Cristianismo. Entretanto, muitas delas sentem um desejo profundo
de conhecer a Deus. São estas as que devemos procurar. Deusas conhece, e por meio do
Espírito Santo nos conduzirá até elas.
Finalmente, tenhamos presentes estas quatro coisas relacionadas com os muçulmanos:
1. Respondem ao amor, a um amor verdadeiro e sem afetação. Conhecem logo os que têm
uma sinceridade transparente em seu amor a Deus e a eles.
2. Respondem à sua própria língua. Embora saiba falar bem outra língua, se falarmos a
uma mulher em sua língua nativa, alcançaremos a alma.
3. Respondem à oração. Peçamos muito a sabedoria e a direção do Senhor antes de
estabelecer contato; depois de uma conversa, ore constantemente.
4. Somente podemos ganhá-las através do sofrimento. Unicamente podemos chegar a
conhecer uma mulher muçulmana quando ganhamos sua confiança. Quando ela perceber
que pode confiar em nós, se tornará acessível. Isso pode levar tanto cinco quanto vinte
anos. De qualquer forma, uma vez que tenhamos ganhado sua confiança, estaremos no
bom caminho para ganhá-la para o Senhor. Freqüentemente, confiará mais na missionária
que em qualquer pessoa de sua própria raça. Essa confiança, porém, é necessária ser
conquistada. Podemos conseguir com amor e simpatia, mas comumente a conseguimos
com lágrimas. O trabalho com as mulheres é muito desgastante. Quando conseguia a
confiança de adolescentes muçulmanas nos sucessivos acampamentos da Argélia, eu me
colocava em seu lugar, ouvia suas histórias, e orava para obter a devida resposta; meu
travesseiro estava freqüentemente molhado de lágrimas. Somente quando tinha chorado
por elas, Deus me permitia ganhar alguma para Cristo. Elas respondem às lágrimas. Dessa
forma é que poderemos conquistá-las para o Senhor.
Capítulo 13

Controvérsia

Sempre que possível, o cristão deve evitar controvérsias. Porém, não deve nunca dar a
impressão de que os argumentos muçulmanos contra a fé cristã são definitivos e
irrefutáveis. É preciso estar preparado para fazer-lhes frente e responder com amor.
Devemos ter sempre ante nós o Servo perfeito, cujo caráter está descrito em Isaías 42.1-4.
Paulo tinha em mente esta passagem quando escrevia ao jovem Timóteo: “Ora, é
necessário que o servo de Deus não viva a contender, e, sim, deve ser brando para com
todos, apto para instruir, paciente; disciplinando com mansidão os que se opõem” (2. Tm.
2.24,25). Devemos decorar este texto. A seguir, mais algumas sugestões:
1. Evite atitudes que provoquem polêmicas. Dizer com toda a franqueza: “Eu não vim para
discutir religião, para disputar ou provar que o Cristianismo tem razão. Somente quero
dizer algo que não conhecem”. Provavelmente suscitará outra pergunta: “E o que é que não
conhecemos?” Nossa resposta deve ser: “Vocês sabem como encontrar a paz com Deus?
Sabem como vencer a Satanás e o mal que há em seu coração? Eu encontrei a resposta a
estas perguntas e, se me permitirem, compartilharei o que encontrei. Poderemos assim
conversar sobre nossas crenças.
2. Evite temas que provoquem discussão. Todo muçulmano precisa escolher
inevitavelmente entre Maomé e Cristo. Quem tem razão: a Bíblia ou o Corão? Mas é inútil
discutir sobre a pessoa de Maomé ou o valor do Corão. Fazer isso é suscitar hostilidade.
Nosso dever é transmitir as Boas Novas, e não criticar sua maneira de orar, a conduta de
seu profeta ou a pouca moralidade de muitos muçulmanos. Isto somente conseguirá afastá-
los do Senhor.
3. Evite lugares onde possa provocar controvérsias. Nos primeiros dias de meu ministério,
ia freqüentemente à mesma mesquita, onde se reuniam os homens. Mas os chefes
religiosos são pagos para que defendam o Islamismo. Foi, pois, um passo muito
imprudente de minha parte, porque levava diretamente a discussões e à defesa da fé. Por
outro lado, alguns anos depois me pediam que fosse à mesquita para ler a Bíblia. Nas
cafeterias da região encontrei um terreno mais neutro. Mas creio que o melhor lugar
realmente é a casa de um amigo; porém leva tempo para ganhar a confiança a ponto de
poder entrar em suas casas.
Qual, pois, será sua resposta se lhe perguntarem o que pensa de Maomé? “Seu eu cresse
nele como vocês, é claro que não seria cristão.” “Mas por que você não crê nele?” Nós
cremos no Senhor Jesus; por que você não crê, por sua vez em nosso senhor Maomé?”
“Todo crente procura as bênçãos de Deus. Vocês poderiam me mostrar uma só bênção que
eu possa receber em Maomé que já não possua pela fé em Cristo?”
“Então, o que vocês pensam de Maomé?”
Devemos ser sempre corteses ao responder, dando algum título a seu profeta. Podemos
dizer algo como: “Maomé verificou que os árabes adoravam muitos deuses e os levou à fé
um só Deus. Estabeleceu a unidade em seu povo desgarrado por rivalidades internas. Tudo
isso diz muito em seu favor. Chamou-se a si mesmo profeta enviado por Deus, mas jamais
pretendeu ser um salvador, mas um simples pregador. Jesus Cristo proclamou-Se Salvador
do pecado. Podemos, então, aceitar a palavra de cada um a seu próprio respeito. Maomé
mostrou aos homens o caminho de Deus, dizendo-lhes que não pecassem, e Jesus Cristo
proclamou que era o único caminho para Deus. Vamos procurar compreender o que cada
um dizia de si mesmo.”
Podemos também perguntar delicadamente: “Onde está enterrado Maomé? Em Meca ou
Medina? Onde está o Senhor Jesus? Está vivo para sempre. Ressuscitou dentre os mortos.
(Se o cristão não perguntar onde seu profeta está enterrado, eles afirmarão que está vivo da
mesma maneira que Jesus, estando apenas ausente). Como sei que está vivo? Tenho a
prova das Escrituras, nas quais creio. Além disso, eu o sei porque vive dentro de meu
coração.”
Lembre-se de que a um muçulmano pode-se dizer praticamente qualquer coisa, desde que o
façamos com cortesia e com um sorriso. Eles sabem por instinto quando o cristão os ama,
simpatiza com eles e deseja o seu bem.
Tenha sempre presente que o muçulmano poderá tentar provocá-lo e fazer com que perca as
estribeiras. Ele sabe que, se conseguir seu intuito, haverá outros que não o escutarão. Se
por outro lado, alguém do grupo deles se descontrolar, isso poderá ser vantajoso para você.
Acaricie sua barba, ou queixo, e diga: “Por favor, perdoem-me. Não tive a menor intenção
de perturbá-los. Se soubesse o que iria ocorrer, não teria dito a verdade tão claramente.
Peço que me perdoem.” (Dizem que a barba de um turco se arrepia quando ele está irado).
Às vezes, basta acariciar a barba, olhar para os que estão ao redor e sorrir.
Se estivermos falando para um pequeno grupo e um chefe religioso quiser monopolizar a
atenção da conversa, é prudente ter em mente os outros presentes e suas necessidades
espirituais. Fale para eles, e não somente ao homem que pretende discutir. Lembre-se de
que eles o observam atentamente para ver suas reações e o ouvem com todo o cuidado.
Haverá ocasiões em que um dos homens do grupo continuará fazendo objeções. Pegue
então seu relógio e o coloque diante deles, dizendo: “Vou dar-lhes dez minutos para que
vocês digam exatamente o que Maomé fez por vocês. Depois, concedam-me outros dez
minutos para que eu diga o que Cristo fez por mim. Eu ouvirei enquanto vocês falam, e
confio que vocês farão o mesmo comigo.” Evidentemente, é necessário ser muito cortês e
deixá-los falar primeiro. Nunca vi um muçulmano que demorasse mais de dois minutos
para terminar. Depois, você poderão contar com inteira sinceridade tudo o que o nosso
maravilhoso Senhor significa para você e para quantos confiam nEle. Atenção, se não
deixar que o muçulmano fale primeiro, ele se limitará a transferir tudo o que ouviu para
Maomé. Este método surte efeito quando algum fanático tenta monopolizar a conversa
para impedir que os outros ouçam do Senhor.
Se trabalhar em aldeias ou com um grupo de homens, será quase inevitável que, às vezes,
um ou mais deles se sintam realmente incomodados. A única coisa que se pode fazer então
é deixá-los, mas invocando ao mesmo tempo as bênçãos de Deus sobre eles, de forma que o
ouçam. Talvez profiram maldições contra você, mas é preciso falar bem deles e pedir a
Deus que os abençoe. Tão breve quanto possível, deve-se voltar ao grupo ou à aldeia, não
para recomeçar a discussão, mas para mostrar-lhes que continua os amando. Cumprimente-
os da mesma forma, sente-se com eles e converse. É bem provável que se mostrem
francamente amistosos e que façam perguntas sobre o que havíamos tentado explicar na
ocasião anterior. O amor não falha.
É bom lembrar que o muçulmano é sempre forte quando parte para a ofensiva na discussão.
Dispara uma rajada de perguntas e nos leva a ficarmos na defensiva; porém, se os papéis se
invertem e nós assumimos a ofensiva, torna-se inseguro e perplexo. Será necessário ter
muito amor e muito tato para lidar com essa situação. Você pode dizer: “Você diz que o
Corão é a Palavra de Deus. Poderia então dar-me uma prova concreta disso?” Ou então:
“Jesus Cristo me assegurou o perdão de meus pecados passados, a esperança para o futuro e
a paz de Deus no presente. Que outra bênção posso ter crendo no que vocês crêem?”
Finalmente, é muito importante recordar que o Espírito Santo, o Conselheiro, os guiará em
todas as respostas. Conte com Ele para usar a “Espada do Espírito”. Sobretudo, cuide de
tratar um só tema por vez. Leve a conversa sempre de volta ao assunto, empregando
trechos apropriados das Escrituras.
Capítulo 14

Ajudar o Convertido

O que o mundo muçulmano mais necessita hoje é de pessoas que saibam se colocar no
lugar dos cristãos que antes foram muçulmanos; que possam apreciar seus problemas,
compartilhar de seus sofrimentos e fazê-los sentir que são compreendidos e aceitos
realmente pelos centros cristãos. Com freqüência, existe um tremendo abismo entre o
missionário com sua casa confortável e seu automóvel moderno e o homem que enfrenta o
ostracismo em cada momento do dia, ou a jovem casada com um muçulmano. Nos países
muçulmanos, o novo cristão enfrenta literalmente a perda de todas as coisas por amor de
Cristo. Freqüentemente, perde seu lar, trabalho, posição na comunidade, status, família e às
vezes até a própria vida. Todos os dias enfrenta o abandono, a zombaria e em certas
ocasiões até sua integridade física é comprometida. É visto como traidor de sua pátria.
Rejeitado por sua comunidade, com freqüência é olhado com receio pelos cristãos, que se
mostram relutantes em recebê-lo em sua igreja local. É de suma importância que ele sinta
que os lares cristãos estão abertos. Que tenha a certeza de que será bem recebido a
qualquer momento e que encontre alguém com quem possa compartilhar seus problemas e
orar. Aqui também a principal lição que o missionário pode tirar é aprender a ouvir toda a
história até o final.
Após cada conversão, deve seguir-se um período de instrução individual. Se a pessoa não
souber ler, deve-se tentar ensiná-la através das Escrituras. Se possível, deve-se ajudá-la a
ler a Bíblia em sua língua nativa. A grande maioria dos jovens cristãos dos países
muçulmanos lê hoje o Novo Testamento em uma língua européia simplesmente porque é a
única língua que o missionário conhece ou fala fluentemente. A Bíblia árabe clássica pode
ser a resposta, mas em alguns países é difícil para os jovens crentes segui-la, embora
normalmente não queiram admiti-lo, por tratar-se de árabe erudito. Se usar o inglês, é
importante que seja uma versão moderna, como a ‘New American Standard Bible’.
Pode ocorrer que o convertido já saiba de memória algumas partes do Corão. Temos de
explicar-lhes a diferença que há entre essa prática e o estudo da Bíblia. Seu objetivo não
deve ser repetir longas passagens, mas fazê-lo ver a Bíblia como tendo instruções divinas
que o ensinam a viver como cristão. Deus revela Sua vontade através da Bíblia. Em
contrate com o Corão – que, segundo os muçulmanos, desceu do céu e foi dado a Maomé
pelo anjo Gabriel – a Bíblia nos foi dada durante um longo período e sua mensagem vai de
encontro às diversas necessidades das pessoas. É a Palavra inspirada de Deus, dita pela voz
de Deus, trazendo a mensagem de Deus a cada pessoa, em qualquer circunstância que possa
estar atravessando. Em cada página da Bíblia, deve-se buscar a Cristo, descobrir o que
Deus lhe diz sobre a maneira de viver a cada dia. É bem provável que o convertido oriental
possa compreender certas partes da Bíblia melhor que o próprio missionário, pois o
ambiente da Bíblia é sua própria terra. Não “distorça” a interpretação de nenhum versículo
para fazer com que se encaixe na doutrina evangélica. Tomemos o Novo Testamento em
seu sentido literal.
O convertido do Islamismo corre o risco de que lhe tirem a Bíblia, de ser preso ou
perseguido de outras maneiras. Por isso é necessário incentivá-lo a decorar passagens mais
longas, de forma que possa recordar-se delas em momentos de perseguição. Se tiver
condições de ouvir programas evangélicos pelo rádio, isso pode ajudá-lo a tomar
consciência de que é membro de uma grande família espalhada pelo mundo todo. Temos
de encorajá-lo a seguir um sistema de leitura diária da Bíblia, como “Luz Diária”, “O
Cenáculo”, etc.

Batismo

Os muçulmanos geralmente olham o batismo como a ruptura definitiva com o Islamismo,


porque constitui uma confissão pública de fé em Cristo. É muito problemático ser um
crente verdadeiro em segredo, sem confessar a própria fé. Ocultar continuamente a luz e
levar uma vida dupla leva à perda da alegria no Senhor. O primeiro passo, portanto, é
confessar a Cristo, reconhecê-lO como Senhor, contar a outros – familiares e estranhos – o
caminho maravilhoso que encontrou. Antes de dar o passo seguinte do batismo, é preciso
considerar várias coisas. Ao batismo, segue-se normalmente a admissão entre os membros
da Igreja e a participação na ceia do Senhor. A maioria dos cristãos considera desonroso
para o Senhor o abster-se de participar de Sua ceia para observar o jejum muçulmano do
Ramadã. O cristão deve ter isto em mente. É muito difícil para eles quebrar o jejum; por
isso, o desejo de fazê-lo e o querer ser batizado não deixam dúvidas a respeito da
sinceridade da sua fé. Conseqüentemente, não se deve exigir que o recém-convertido
espere o batismo após a conversão, como ocorre em alguns países pagãos. O objetivo é
assegurar-se da realidade de sua nova vida em Cristo.
Aquele que se converte do Islamismo está disposto a enfrentar a própria morte para
demonstrar sua sinceridade. É óbvio, portanto, que se ele realmente deseja o batismo e tem
consciência e identificação com seu Senhor, não se deve obrigá-lo a esperar. No caso de
um menor de idade, deve-se obter a permissão dos pais. Uma mulher jovem convertida ao
Cristianismo dificilmente poderá ser batizada sem a permissão de seu marido, e
provavelmente de seus pais. Deve-se procurar defendê-la de todas as formas possíveis e
assegurar-lhes proteção.
Pode ser que alguns crentes queiram prorrogar o batismo até que se encontrem numa
situação virtualmente independente da sociedade em que vivem. O ideal seria aguardar o
necessário e batizar várias pessoas de uma só vez.

O Ensino dos Apóstolos

É necessário fazer todo o esforço possível para ensinar todas as verdades fundamentais do
Novo Testamento, A epístola aos Gálatas é ideal para os que chegam a Cristo provenientes
do Islamismo. Se não é possível organizar estudos coletivos, é imprescindível, então, o
ensino individual. O recém-convertido deve saber explicar sua fé aos outros e refutar as
objeções utilizando o Novo Testamento. Por exemplo, talvez seu amigo muçulmano insista
que Jesus predisse a vinda de Maomé. Ele deverá saber citar João 14.16: “E eu rogarei ao
Pai, e Ele vos dará outro Consolador...” “É exatamente isso”, replicará o muçulmano. O
cristão deve chamar a atenção de seu amigo para o contexto, sublinhando as palavras: “a
fim de que esteja para sempre convosco”. Então você perguntará: “Ele ainda está com
vocês?” O versículo seguinte mostra precisamente quem é a ajuda: “o Espírito da
verdade”. É preciso ensiná-lo a usar da Palavra – a espada do Espírito – primeiramente em
si mesmo e em seguida na defesa de sua ainda recente fé.
Fraternidade

Fraternidade é o que mais necessita o jovem cristão nos países muçulmanos. Enquanto era
muçulmano, fazia parte de uma ampla comunidade, na qual era aceito. Agora, ao tornar-se
cristão, mostra em cada momento do dia que é alguém separado, pois o Islamismo penetra
em todos os aspectos da vida cotidiana. É muito importante que os cristãos do lugar o
envolvam com afeto e cuidados, para que saiba que faz parte do novo corpo. Isto é ainda
mais importante do que doutrinas e crenças especiais. Agora está separado de sua antiga
comunidade. Precisa sentir que realmente pertence à nova que abraçou. Deve haver uma
atmosfera de amor na igreja.
A princípio, se sentirá muito estranho nas reuniões comunitárias. É importante que
tentemos enxergar através de seus olhos. Na Mesquita, havia um clima de reverência e
temor. Ele também espera encontrar o mesmo na igreja; mas, com freqüência, não o acha
nos círculos evangélicos. O Islamismo caracteriza-se pela importância que concede ao
louvor e à adoração. Graças a Deus, isso é algo que vai aumentando entre os jovens cristãos
hoje em dia conforme vão conhecendo o Espírito Santo e deixando que Ele os governe. As
mensagens deverão ser sempre sinceras, apropriadas às necessidades cotidianas e expostas
com amor.

O Partir do Pão

O partir do pão é algo a que o nosso convertido do Islamismo pode ter acesso porque, de
certa forma, parece-se com o ritual do Islamismo. Através dessa celebração, poderá mostrar
seu amor ao Senhor Jesus, recordando-se dEle e participando da Sua mesa. Antes de
recebê-lo como membro da igreja, deveria fazer com que veja que o participar da ceia do
Senhor implica no rompimento com o Islamismo, especialmente durante a festa do
Ramadã.

Orações

Vimos que nos Islamismo, a oração é um ritual que se pratica em momentos determinados,
sendo que na Arábia é constante. O novo cristão provavelmente sentirá falta do ritual e
levará algum tempo para entender que quando o cristão ora está falando com o Pai celestial.
É imprescindível que lhe seja ensinado o modelo de oração de Mateus 6.9-13, pois ali
encontrará a base de suas orações diárias. A principal dificuldade que ele encontrará será
um lugar onde possa estar a sós com seu Pai para orar e meditar na Sua Palavra. É
praticamente impossível, em uma casa muçulmana, ficar em silêncio e a sós com Deus.
Caso se trate de um homem, poderá retirar-se para o campo ou para as montanhas. Algumas
mulheres optam por fazer suas orações colocando uma manta na cabeça à noite. Embora
tenham o costume de dizer “no nome de Deus” antes das refeições, é necessário ensinar-lhe
que o cristão dá graças a Deus por tudo, inclusive pelo alimento. Ensinem-no a fazer suas
orações seguindo este modelo: “Dou-te graças, Senhor. Perdoa-me, Senhor. Peço-te,
Senhor”. Deve extravasar seu coração agradecendo as bênçãos, confessando qualquer coisa
que esteja impedindo sua comunhão com Deus e pedindo perdão; então, intercedendo por si
mesmo e pelos outros, e implorando respostas definitivas no nome de Cristo.
Pode ser útil que tentemos nos colocar no lugar dos cristãos dos países muçulmanos.
Lembremo-nos de todas as coisas que eles têm de renunciar por amor a Cristo. Deixar o
Islamismo é tornar-se apóstata, é ser visto como traidor de sua pátria, deparar-se com
contínua oposição e perseguição das autoridades religiosas e civis, mas, sobretudo, da
própria família. Pensando nisso, o estrangeiro deverá fazer tudo que estiver ao seu alcance
para ajudar o convertido. Em seus esforços de evangelização, devem ter sempre em mente
as possíveis reações de seus atos, embora zelosos, possam suscitar contra os cristãos locais.
O estrangeiro deve deixar o país depois de seus desacertos, mas o cristão nacional tem de
ficar e pagar as conseqüências. É aí que poderemos demonstrar quão profundo e sincero é
nosso amor ao Senhor e aos outros. Que o Senhor nos livre de sermos cristãos imaturos e
superficiais a esse respeito.
Capítulo 15

Sugestões Finais e Conclusão


1. Os muçulmanos criticam freqüentemente as roupas utilizadas pelos ocidentais, mas o
fato de se colocar um turbush ou turbante , como o fazem as mulheres na maioria de
seus países, é ser imediatamente classificado como seguidor do Islamismo.
Naturalmente, é difícil fazer uma firmação genérica que englobe todos os países. É
necessário consultar as mulheres e jovens que vivem na região. A contestação de uma
universitária diferirá, obviamente, da de uma mulher mais humilde, mas todas devem
ser levadas em consideração. Na Argélia, a expressão the shoudd thimharemth (colocar/
pôr turbante) significa que a pessoa se tornou muçulmana. O missionário não deve usar
calções curtos quando estiver com os muçulmanos, e a jovem que usar saia curta se
encontrará em apuros quando tiver de sentar-se nas esteiras com as mulheres
muçulmanas. Deve cobrir o corpo tanto quanto seja possível. Isto se aplica tanto na
África Central, entre pagãos islamizados, como no Oriente Médio.
2. Quando se trabalha em uma aldeia com muçulmanos, o mais importante, ao falar, é
escolher com cuidado lugar e a posição de ficar. É necessário ter todo o auditório à
frente, de sorte que se possa ver a todos. Sentar-se tendo atrás um muçulmano crítico ou
estar em uma casa com dois andares tendo um oponente acima e fora de vista é fatal.
Não haverá sequer necessidade de que o outro fale, pois usará sinais e mímica para
desacreditar tudo o que dissermos.
3. Não é prudente falar a um muçulmano de sua fé pessoal, ou de nossa própria, presença
de outros. Procure evitar tal situação. Ele se colocará na posição de defender ou
promover sua religião. Sempre que possível, devemos falar-lhe em particular. Isto se
aplica também a países em que parte da população é muçulmana e parte pagã ou cristã.
4. Na evangelização de muçulmanos, é aconselhável seguir as instruções do Mestre e sair
de dois em dois. Não há vantagem alguma em ir em grupo; pelo contrário, há sim
muitas desvantagens.
5. Quando estiver com muçulmanos que se assentam em esteiras, não hesite em sentar-se
com eles. Talvez tragam uma cadeira e insistam para que se sente nela, como uma
espécie de chefe, mas é necessário recusar a todo custo. Eles precisam ver que somos
humanos como eles e que desejamos compartilhar, e não dominar. É bom lembrar que
eles oram sobre as esteiras e, por essa razão, tiram os sapatos antes de pisar nelas. O
missionário deve fazer o mesmo. É simples cortesia.
6. Você perceberá que, normalmente, o mestre senta-se para falar. Sendo este o caso, o
obreiro deverá seguir essa prática local. Na maioria dos países muçulmanos, é melhor
não se por de pé para pregar, mas sentar-se. Há exceções e, às vezes, será necessário
pregar em pé no mercado, caso seja possível e permitido. Quando a lei do país proíbe as
reuniões ao ar livre, o cristão deve observá-la.
7. É muito importante ler a Bíblia, e é estrategicamente interessante que as pessoas vejam
que ela está em sua própria língua, especialmente se possuir caracteres arábicos. O
arábico é chamado de “língua dos anjos”, e eles têm, inclusive certa reverência pela
escrita arábica. Devemos nos servir dessa superstição, demonstrando que nós também a
admiramos e nos agradamos em lê-la.
8. Entre muçulmanos é aconselhável expor uma mensagem direta e simples, que dure
aproximadamente uns 10 minutos. Essa mensagem inicial deve formar o centro da
conversa, e o missionário deve voltar a ela continuamente durante a discussão. Antes de
deixar o grupo, deve-se repassar novamente os pontos mais importantes.
9. Deve-se abordar um tema de cada vez. Se falar sobre arrependimento, trate a fundo esse
aspecto. Não se deve misturar mensagens sobre perdão, paz, vida eterna etc. Uma
verdade cada vez é suficiente.
10. Nunca tema dizer toda a verdade. O muçulmanos admira o homem que, corajosamente,
verbaliza tudo aquilo em que crê.
11. Se fizerem uma pergunta cuja resposta não conheça, é melhor dizê-lo francamente.
Prometa que considerará a questão e comunicará a resposta ao interessado mais tarde.
12. Tenha sempre em mente que uma das regras fundamentais do ensino é partir da verdade
que eles conhecem, passando em seguida a novas verdades.
13. Ore antes de encontrar-se com muçulmanos e ao deixá-los.
14. Prepare cada vez uma mensagem objetiva e tenha notas na Bíblia escritas na linguagem
deles. É bom sublinhar o versículo ou versículos que constituem a chave da conversa.
Marque na Bíblia todos os versículos importantes, de modo que seja fácil localizá-los.
15. Obedeça à orientação do Espírito Santo. Pode ser que você nem chegue a expor a
mensagem que tinha preparado, mas não tenha dúvidas de que ela será útil em outra
ocasião.
16. Tenha um livro no qual possa anotar todas as objeções à fé cristã. Reserve uma página
para cada objeção. Ore em silêncio sobre cada uma. Peça a Deus que mostre quais
versículos da Bíblia tratam cada objeção da maneira mais eficaz. Pense em algumas
ilustrações que possam ser utilizadas. De que maneira deve ser explicada a fé cristã de
forma a resolver algum impedimento específico que esteja inquietando a mente dos
muçulmanos?
17. O mais sensato é evitar doutrinas que não se encontram especificamente tratadas em
algumas passagens das Escrituras, por exemplo, a da Trindade. Exemplos como o de
um mesmo homem que desenvolve três funções, tais como membro da igreja, esposo e
padeiro, não impressionam os muçulmanos. Nem também a do sol visto como um corpo
celeste, como luz solar e como raios com os quais podemos nos aquecer. Pode ser que
tais ilustrações convençam uma mente ocidental, mas não eficazes para comunicar essa
verdade ao muçulmano.
18. Lembre-se de que, enquanto o homem não reconhecer que é pecador, não procurará um
Salvador. Não terá um arrependimento genuíno, a não ser que enxergue o pecado como
uma rebeldia contra Deus. Jamais se submeterá a Cristo como Senhor sem a intervenção
do Espírito Santo. Dependemos totalmente dEle.
19. O muçulmano não se impressiona com o fato de um cristão falar em línguas. Atribuirá
tal acontecimento aos maus espíritos, ou dirá que o cristão é um dervish. Não entra na
cabeça do muçulmano que alguém diga ter o dom de línguas mas seja incapaz de falar o
dialeto ou a língua muçulmana. Para ele, a melhor prova do poder do Espírito Santo é
uma mensagem adequada à sua necessidade, expressa em sua própria língua e baseada
na Bíblia. Ele se sentirá deveras atraído por ela e desejará voltar a ouvi-la.
20. Lembre-se da importância da Bíblia. Uma mensagem pode ser logo esquecida; mas as
Escrituras continuam a falar. A livre distribuição de porções das Escrituras é
sumamente imprudente. É muito melhor vender o Novo Testamento ou os Evangelhos
do que dá-los de presente. O muçulmano aprecia aquilo que tem que comprar. Pode ser
que se recuse a comprá-lo, por não ter a fórmula muçulmana bi ism Allah nele impressa.
Devemos lembrá-lo de que o pão que compra também não tem essa fórmula. Ele diz bi
ism Allah, e o come. Por que, então, não fazer o mesmo com o pão da vida, a Palavra de
Deus?
Procure tratar a Bíblia com a mesma reverência com que eles tratam o Alcorão. Jamais o
trarão abaixo da cintura, porque o consideram precioso. Por esta razão, quando vêem
folhetos ou Escrituras que contêm o nome de Deus e este são pisados, tendem a depreciá-
los. Assim, pois, requer-se muita prudência para fazer com que a Bíblia, ou parte dela, lhes
seja acessível. Não se deve, porém, distribui-la de modo que tenha seu valor rebaixado aos
olhos das pessoas. Somos “o povo do Livro”. Que possamos, então, reverenciá-lo e honrá-
lo exatamente pelo que é: a Palavra do Deus vivo.
É evidente, nos dias de hoje, a ação de Deus entre os muçulmanos de muitos países. Muitos
procuram a verdade. Inúmeros são os que confiam no Salvador e enfrentam o exílio, a
perseguição e até a morte com tremenda coragem. Quando em determinados países portas
se fecham, Deus chama um número cada vez maior de jovens para servi-lO entre os
muçulmanos.
A evangelização de muçulmanos exige muita paciência, mas é recompensadora e glorifica a
Deus. A vontade do Senhor é que todo homem ou mulher ouça as Boas Novas.
Continuemos trabalhando até o dia em que uma grande multidão, a qual nenhum homem
poderá contar, de todas as nações, tribos, povos e línguas, esteja perante o trono clamando:
“Ao nosso Deus que se assenta no trono, e ao Cordeiro, pertence a salvação” (Ap 7.10).

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