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BRAGANÇA-PA
2019
GISELLE DA SILVA SILVA
Objetivos
Geral
Analisar o discurso de crianças de Escolas do campo-costeiro e urbano sobre trabalho
e infâncias.
Específicos
Identificar a concepção de trabalho e infâncias para pais/responsáveis e professores de
crianças das Escolas do contexto campo-costeiro e urbano;
Verificar a concepção trabalho e infâncias para as crianças de Escolas do campo-
costeiro e urbano;
2 APORTE TEÓRICO
2.1 TRABALHO COMO CATEGORIA FUNDANTE DA VIDA HUMANA.
O trabalho possui dois sentidos, um está relacionado à condição necessária, à
sobrevivência na sociedade capitalista, em que do ser humano é visto como alguém que não
possui função social, como nos diz Marx (1988, p. 31): “[...] valor da força de trabalho, como
qualquer outra mercadoria”. Já o outro sentido de trabalho, o mesmo autor também nos
mostra que “[...] a força de trabalho não existe senão como disposição do indivíduo e, em
consequência, supõe a existência deste. [...]”. Percebemos que o trabalho deixa de ser
alienante quando o homem exerce sua liberdade e cidadania usufruindo do seu trabalho
melhores condições de vida.
O trabalho na sociedade capitalista traz sentido alienante quando “[...] deixa de ser
algo natural do trabalhador e torna-se obrigação, portanto no trabalho alienado, o ser humano
“não se afirma no trabalho, mas nega-se a si mesmo [...]” (SOUZA, LIMA E RODRIGUES,
2014, p. 3). Neste sentido, o trabalho é visto como mera troca de produto e capital entre
empregador e trabalhador, excluindo desses trabalhadores o direito de viver, de experimentar
da sua cultura, identidades, sonhos, entre outros, como nos mostra o autor: “[...] o ser humano
enquanto ser da natureza necessita elaborar a natureza, transformá-la, pelo trabalho, em bens
úteis para satisfazer as suas necessidades vitais, biológicas, sociais e culturais. É também um
direito que pode recriar, reproduzir permanentemente sua existência humana. [...]”
(FRIGOTTO 2001, p.74).
O trabalho na sociedade capitalista tem o sentido da venda e compra da força do
trabalho do homem, da mulher, do mesmo modo o trabalho infantil, que submete as crianças
pelo uso de sua força, muitas são forçadas precocemente a se inserir no mercado do trabalho
por conta das situações precárias em que vivem e que são impostas pela sociedade.
2.2 TRABALHO NA CONCEPÇÃO DE PISTRAK
Para Pistrak (2000) o trabalho é um elemento integrante da relação da escola com a
realidade atual, não trata do trabalho de forma mecânica, como exploração infantil, mas vê o
trabalho como parte da vida social das crianças.
A visão de crianças sobre o trabalho e infâncias está presente nas escolas urbano-
costeira. Essas ideias são refletidas especificamente quando indagamos sobre os sentidos que
elas atribuem ao trabalho e infâncias.
A DESENVOLVER
2.3 CRIANÇAS
A criança passa por um período de crescimento que vai do nascimento até aos doze
anos de idade incompletos. Conforme o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), no Art.
2º: Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos de idade
incompletos [...]. Nesta fase, a criança através da interação com outras pessoas e de acordo
com o crescimento cronológico começa a criar suas ideologias, seus gostos, pensamentos e
procura seu lugar na sociedade.
A concepção de criança pela Sociologia da Infância é “[...] que as crianças são agentes
sociais, ativos e criativos, que produzem suas próprias e exclusivas culturas infantis, enquanto
simultaneamente, contribuem para a produção das sociedades adultas. [...]”, ou seja, a criança
produz interações estabelecidas no seu cotidiano, originando as culturas infantis (CORSARO,
2011, p. 15).
O lugar que a infância ocupa na sociedade capitalista é “[...] socialmente construído
em que as crianças vivem suas vidas [...]”, mas são “como classes sociais e grupos de idade”.
Nesse sentido, as crianças são seres pertencentes à sociedade, movimentam as culturas e são
produtoras de culturas infantis. O autor diz que “para as próprias crianças, a infância é um
período temporário”. Todavia, “para a sociedade, a infância é uma forma estrutural
permanente ou categoria que nunca desaparece, embora seus membros mudem continuamente
e sua natureza e concepção variem historicamente” (CORSARO, 2011, P.15-16). É uma fase
transitória ou fase geracional (SARMENTO, 2009).
Na sociedade atual, as crianças e suas infâncias vêm sofrendo grandes abusos tanto no
que se refere aos direitos quanto às culturas infantis, pois ao adentrar ao trabalho
precocemente perdem a fase da infância e renegam suas culturas infantis.
Na infância o trabalho praticado por muitas crianças numa perspectiva capitalista visa
à perda dos direitos que a criança possui. Marx (1988, p. 90) ressalta que “[...] o trabalho
forçado em proveito do capital substitui os brinquedos da infância e mesmo o trabalho livre,
que o operário fazia com sua família no círculo doméstico e nos limites de uma moralidade
sã”. O trabalho infantil no capitalismo é uma forma de exploração de crianças.
Pesquisa mostra que muitas crianças são exploradas pela força do seu trabalho e não
usufruem dos direitos e deveres que adquiriram por meio das políticas públicas educacionais.
Contudo, o trabalho exercido na infância não pode ser visto somente como exploração, mas
como ideia de trabalho como princípio educativo, com a função de humanizar e emancipar
por meio da transmissão de saberes, como é o caso das crianças que trabalham não como algo
obrigatório, mas algo significativo para sua vida.
Na concepção de trabalho como princípio educativo “se afirma o caráter formativo do
trabalho e da educação como ação humanizadora por meio do desenvolvimento de todas as
potencialidades do ser humano [...]” (CIAVATTA, 2009, p.1). Esta concepção de trabalho
numa perspectiva infantil aguça o desenvolvimento das crianças e mostra a relação o sentido
do trabalho no contexto escolar muitas vezes negado pela escola em que estudam.
É necessário salientarmos que o conceito de trabalho como princípio educativo difere
do trabalho infantil, que maltrata as crianças e impede que elas usufruam dos seus direitos.
Para os autores o trabalho como princípio educativo se constitui como uma “atividade
teórico/prática do conhecimento que desenvolve a autonomia das crianças que permita educar
e formar as pessoas para atuarem na vida, na sociedade e no trabalho, de forma crítica”
(SOUZA, ARAÚJO E RODRIGUES, 2014, p.9)
Consideramos, então, o trabalho como princípio educativo não é aquele que explora as
crianças nem pode ser usado como recurso didático ou metodológico pelas escolas urbano-
costeiras, mas é um princípio que considera a moral e a civilidade dos seres humanos como
participantes e transformadores da sociedade.
CORSARO, William A. Sociologia da infância. Tradução Lia Gabrielle Regius reis; revisão
técnica: Maria Letícia B. P. Nascimento. – Porto Alegre: 2ª edição. Artmed, 2011.
SARMENTO, 2009
SOUZA, Ana Paula Vieira e. ARAÚJO, Ronaldo Marcos de Lima. RODRIGUES, Doriedson
do Socorro. Trabalho na sua dupla dimensão. Artigo publicado no Evento do Grupo These,
Rio de Janeiro, novembro de 2014. (VER)
SOUZA, Ana Paula Vieira. Trabalho Infantil: uma análise do discurso de crianças e de
adolescentes da Amazônia paraense em condição de trabalho. Tese de Doutorado do
PPGEd\UFPA, 2014.