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Resumo: Neste trabalho é examinada uma metodologia durante a calibração do SPRT. As incertezas (k=2)
básica para calibração de um padrão de trabalho do tipo encontradas para o SPRT nos pontos fixos são ,
termômetro de resistência de platina Pt-100, a ser utilizada respectivamente, (a) 3,6 mK, (b) 1,9 mK, (c) 2,6
por um laboratório de serviços metrológicos, com resultados
mK, (d) 7,9 mK, e (e) 9,3 mK [1].
comparados com os das principais normas existentes. A
influência de diferentes parâmetros é analisada sobre a Durante a calibração de um termômetro num banho de
incerteza global de medição. A medição da resistência, a calibração, usando o SPRT como padrão, os seguintes
rastreabilidade do medidor e a influência sobre a faixa de fatores devem ser considerados para a determinação da
incerteza autorizada pela Rede Brasileira de Calibração são incerteza de medição da temperatura com o SPRT , na
fatores examinados. A influência das calibrações anuais região de calibração.
necessárias para garantir a rastreabilidade também é
examinada. Um ajuste é feito em toda a faixa de utilização, Incerteza do SPRT para reprodução da escala de
sendo descrita a metodologia para determinação da incerteza temperatura, obtida do certificado de calibração
de medição com o termômetro Pt-100. Finalmente a emitido pelo INMETRO [1].
metodologia é exemplificada com casos típicos, indicando Incerteza de medição da resistência do SPRT
valores normalmente encontrados de incerteza.
Homogeneidade do banho de calibração
Palavras chave: Pt-100, Calibração, Padrão de Trabalho
A incerteza de medição de temperatura pelo SPRT, na
1. INTRODUÇÃO região de calibração, pode então ser estimada combinando-
se os fatores mencionados anteriormente, segundo a
O Laboratório de Pressão e Temperatura (LPT) do metodologia descrita em [2]. Esta deve ser considerada a
ITUC/PUC-Rio está credenciado pela Rede Brasileira de incerteza mínima de calibração do laboratório, sendo
Calibração (RBC), desde 1988, para prestar serviços de utilizada pela Rede Brasileira de Calibração (RBC) para
calibração de termômetros na faixa –38 oC a + 300 oC, com especificação das incertezas mínimas do laboratório para a
incertezas mínimas (k=2) de (a) 0,1 oC, (b) 0,2 oC, e (c) prestação de serviços de calibração de termômetros.
0,3 oC, respectivamente, para as faixas de temperatura (T)
de (a) T<100 oC, (b) 100 oC T 200 oC, e T>200 oC. O Segundo [3], padrão de trabalho é um padrão utilizado
padrão de temperatura do LPT, usado como instrumento rotineiramente para calibrar ou controlar medidas
interpolador da Escala Internacional da Temperatura de materializadas, instrumentos de medição ou materiais de
1990 (EIT-90), é um termômetro padrão de resistência de referência, sendo normalmente calibrado por comparação a
um padrão de referência, no caso o SPRT. No LPT e em
platina (SPRT) com resistência nominal a 0 oC de 25,5 , muitos laboratórios, utiliza-se como padrão de trabalho um
fabricado pela ROSEMOUNT, modelo 162E, que é termômetro de resistência de platina, com resistência
calibrado a cada 3 – 5 anos no Laboratório de Metrologia
nominal de 100 a 0 oC , e usualmente denominado no
Térmica do INMETRO (LATER) nos pontos fixos de (a)
Mercúrio (-38,8344 oC), (b) Triplo da água (0,01 oC), (c) meio industrial de Pt-100. No LPT, este padrão de trabalho é
Gálio (29,7646 oC), (d) Estanho (231,928 oC), e (e) Zinco calibrado anualmente em comparação com o SPRT, que
(419,527 oC). Assim, a resistência do SPRT é medida nas somente é utilizado quando incertezas mais baixas de
temperaturas correspondentes aos cinco pontos fixos calibração são requeridas.
mencionados. Os coeficientes da função desvio, definida O objetivo deste trabalho é descrever o procedimento de
pela EIT-90, podem ser calculados como função da relação calibração de um Pt-100 como padrão de trabalho, e sua
de resistências do SPRT num dado ponto fixo e no ponto utilização num laboratório de serviços metrológicos,
triplo da água, sendo fornecidos pelo certificado de juntamente com a determinação da incerteza de medição de
calibração emitido. Ao se usar o padrão, a relação entre as temperatura na região de calibração de um banho de
resistências do SPRT num dado ponto e no ponto triplo da calibração de termômetros.
água, é usada para calcular a temperatura, através de
equações definidas pela EIT-90 e pelos coeficientes obtidos
2. INCERTEZAS MÍNIMAS DE MEDIÇÃO NO LPT
T (5)
c
2.1 Procedimento de calibração O LPT utiliza três banhos de calibração , respectivamente
T
para as faixas de temperatura (T), (a) T < 0 oC, (b) 0 oC < T W
< 100 oC, e (c) T > 100 oC. Um bloco equalizador de cobre,
com 5 furos, é colocado dentro do banho termostático de onde, cT é o coeficiente de sensibilidade, sendo calculado
calibração. Durante a fase de sua qualificação, um numericamente das equações da ITS-90.
determinado furo é escolhido como referência, onde o
padrão é sempre colocado durante as calibrações, a uma 2.3 Incerteza do SPRT
determinada profundidade de imersão, com o objeto A incerteza expandida de reprodução da escala de
(termômetro que está sendo calibrado) em qualquer outro temperatura pelo SPRT (UP), foi obtida do certificado de
furo. Após o estabelecimento do equilibrio térmico numa calibração emitido pelo INMETRO [1], para as nove
dada temperatura para a qual o banho foi ajustado, diferentes temperaturas usadas para a determinação da
incerteza mínima de medição do LPT. Ela foi considerada
do tipo A..
U
evidenciado por pelo menos 30 minutos de u P (6)
acompanhamento de sua medição, o processo de calibração P
98,81 6 7 119 505 54 1077 299 16 35 29,0590 25,5169 29,0653 25,5219 -5,8
99,64 6 14 120 506 56 1078 300 21 40 29,5753 25,5180 29,5814 25,5223 -11,9
198,31 8 21 151 663 69 1322 367 30 50 30,5669 25,5174 30,5729 25,5221 -4,1
296,96 8 14 183 829 77 1593 442 26 60 31,5794 25,5147 31,5883 25,5219 0,5
70 32,5553 25,5152 32,5644 25,5220 -3,5
Tabela 2 : Incerteza expandida mínima de calibração – 80 33,5448 25,5149 33,5540 25,5220 0,5
multímetro HP 34420A. 90 34,5290 25,5152 34,5387 25,5219 -5,9
T UP UH U 100 35,5028 25,5156 35,5124 25,5219 -7,8
F#2 C#2 110 36,5092 25,5155 36,5192 25,5219 -8,8
o
C mK mK mK mK 120 37,4962 25,5164 37,5064 25,5220 -21,1
-51,23 4 13 24 16 130 38,4785 25,5164 38,4877 25,5220 -8,1
-26,02 3 11 24 14 140 39,4585 25,5163 39,4692 25,5220 -19,1
-0,28 2 6 21 9 150 40,4209 25,5165 40,4314 25,5219 -18,6
22,52 3 6 27 10
48,79 4 4 30 9 Como pode ser observado pela Tabela 3, a diferença entre a
98,81 6 7 35 13 temperatura indicada pelo SPRT, usando dois multímetros
99,64 6 14 38 19 com diferentes incertezas de medição, é no máximo igual a
21,1 mK, bem abaixo da incerteza mínima de medição do
198,31 8 21 51 28
LPT. Recomenda-se que, para minimizar erros, a resistência
296,96 8 14 57 22 do SPRT no ponto do gelo seja sempre lida simultaneamente
com a do banho de calibração, evitando assim eventuais
variações.
3. O TERMÔMETRO Pt100
Um termômetro convencional de resistência de platina
(Pt100) atende às normas da indústria. Estas, definem
muitos aspectos, incluindo a tolerância inicial. As mais
usadas, DIN 43760 e IEC 751, definem duas classes de
tolerância inicial para estes termômetros : A e B. Um outro
padrão quase industrial existe, sendo chamado de DIN Tabela 4 apresenta os valores de tolerância para cada classe,
1/10th. O termômetro que atende a esta norma é talvez o de
Tabela 4 : Valores de tolerância para cada classe
melhor tolerância industrial disponível.
A tolerância inicial de um Pt100 é definida como o máximo Classe Tolerância
desvio permitido da relação nominal, expresso em oC. A (oC)
A 0,15 + 0,002.T
B 0,30 + 0,005.T Tabela 5 : Coeficientes da Equação Callendar-Van Dusen-
1/10 th
0,03 + 0,002.T Valores Nominais
PARÂMETRO DIN 43760/IEC 751 JIS
R0 100 100
onde a temperatura T é expressa em oC. Quando o usuário
do Pt100 exige uma tolerância inicial menor, existem outras A 0,00390802 0,003974673
opções. Sua calibração pode reduzir a incerteza de medição B -5,80195E-07 -5,89730E-07
nas proximidades do ponto de calibração. Isto pode ser
C -4,27350E-12 -4,5300E-12
adequado se o termômetro for usado apenas numa faixa
estreita de temperatura. Para isto, a resistência do 0,00385000 0,00391600
termômetro pode ser medida nos pontos fixos a) Mercúrio (-
38,8344 oC), (b) Estanho (231,928 oC), e (c) Zinco (419,527 1,50700 1,50594
o
C), além dos pontos de mudança de fase da água, a pressão
atmosférica, gelo (0 oC) e vapor (100 oC), conforma a faixa
0,111 0,116
A calibração de um Pt100 foi feita neste trabalho para A incerteza de medição da temperatura com o Pt100, a partir
demonstrar a metodologia. Um multímetro HP 34401A, foi da medição de sua resistência, e usando a equação de
usado para medir a resistência do Pt100. Um multímetro HP Callendar-Van Dusen é,
34420A, foi usado para medir a resistência do SPRT. O u 2 u 2
SPRT u Pt100
2
u ajuste
2
(25)
seguinte procedimento foi usado para calcular a incerteza de
medição da temperatura, medindo-se a resistência e usando- U = 2.u (k=2) (26)
se a Eq. (13).
4.3 Calibração de um Pt100
4.2.1 Incerteza de medição da resistência do SPRT (uT)
Um Pt100 foi calibrado segundo esta metodologia, com
A resistência R do SPRT é medida, juntamente com a sua resultados apresentados na Tabela 7.
resistência a 0 oC (R0). Calcula-se portanto W, Eq. (1).
Tabela 7 : Calibração de um Pt100
Usando-se a sua equação de calibração, pode-se determinar
a temperatura T do banho. A incerteza de W pode ser
determinada pela Eq. (2). A incerteza da medida de T Incerteza do SPRT Incerteza do Pt100
temperatura devido à medição de resistência, pode ser uP uT uH uSPRT uPt100 uajuste U
determinada pela Eq. (4). Tipo A. o mK mK mK mK mK mK
C
4.2.2 Incerteza do sensor para reprodução da EIT-90 -47,374 2 2 55 55 2 34 129
(uP) -21,925 1 3 22 22 3 34 81
Obtida do certificado de calibração do INMETRO. Tipo A.. -0,002 1 3 7 8 3 34 70
4.2.3 Incerteza devido a não homogeneidade (uH) 20,957 1 3 4 6 3 34 69
uajuste mk 34 34 34