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As Seitas no Hinduísmo

por Solange Lemaitre em O Hinduísmo (1958), Editora Flamboyant, São Paulo.

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Num tão vasto conjunto de populações como o da Índia, é natural que no decorrer de
vários milênios se produza certa fragmentação doutrinal no seio de uma religião que
evolui continuamente, e que algumas seitas se formem. Algumas se extinguirão, outras
nascerão, e outras ainda se manterão persistentes.

“As seitas, diz L. Renou, nunca atingiram a totalidade dos adeptos; numerosas dentre elas
são agrupamentos minúsculos, e mesmo entre as mais importantes a adesão de seus
membros foi muitas vezes mais nominal que real".

Essas diversas seitas prendem-se ao ensinamento do Veda através dos Upanichades, do


Sankhya ou do Vedanta e nada mais são que múltiplas aparências de uma mesma
Verdade. Os hindus não limitam o número de encarnações divinas ou avatares. Deus é
imortal, infinito, sem idade. Ele pode aparecer sob os mais variados aspectos. Pelas novas
formas que eles revestem, os deuses que se reencarnam vêm despertar e intensificar a
devoção dos fiéis.

Sri Krichna declara no Bhagavad-Gita.

"Todas as vezes que a virtude diminui e que o vício predomina, eu me manifesto. E venho
de Yuga em Yuga para estabelecer a virtude, destruir o mal e salvar o bem" [Cap. IV, 7].

A seita reflete sempre as condições tradicionais do Sanátana Dharma, sob o impulso de


uma Encarnação divina, de um Mestre ou de um santo. Novos cultos se ajuntam aos
antigos, sem se prejudicarem, sem se combaterem, numa liberdade individual absoluta.
Toda a tentativa de aproximação religiosa ou de sincretismo que aparece, provém sempre
do sentido profundo da Unidade de fim, por vias diferentes.

Xankaraçária disse:

"A unidade do Deus supremo está bem demonstrada nesta explicação dos Vedas: A
Verdade é Uma, mas os sábios dão-lhe muitos nomes. Esses nomes, honrados e adorados
por diversas religiões, são simples símbolos que ajudam aos espíritos finitos a
compreenderem o Infinito. As divindades que eles designam são outras tantas facetas da
Inefável realidade, que é UNA”.

A "Revelação", aliás, jamais se termina. Ela continua para aqueles que sabem "ouvir" a
Deus, para aqueles que Ele escolhe. Sri Krichna, dirige-se assim a Arjuna no Gita:

"Tu és meu fiel e meu amigo. A revelação jamais cessará. Enquanto o coração dos homens
conhecer a devoção e a amizade, Deus lhes revelará seus Segredos" [IV, 8].

O objetivo de uma seita ou de uma nova religião é em geral reagir contra um excesso,
favorecer o retorno a formas mais ou menos puras, ou ainda progredir num sentido
evolutivo necessário. Diz-se que Buda veio, em seu tempo, para corrigir certos erros.
Talvez as castas se tivessem tornado por demais rígidas, ou os ritos demasiadamente
presos à letra.

Buda é considerado na Índia como um dos maiores sábios e um dos maiores instrutores
espirituais do mundo. Nos tempos antigos o budismo nascera qual ramo divergente no
tronco védico. Mas depois de ter dominado a Índia por vários séculos, ele desapareceu
completamente para se desenvolver em outra parte. O jainismo, tão próximo do budismo,
cuja expansão foi bem menor, permaneceu estacionário.

Essas diversas religiões tiveram certamente influência umas sobre as outras. Mas as duas
últimas, não tendo conservado a ortodoxia do Veda, não serão estudadas aqui.

O vichnuísmo, o xivaísmo e o xaktismo representam os agrupamentos religiosos mais


importantes dos que se criaram na Índia.

Essas formas religiosas não se opõem, nem se contradizem. São um meio, e não um fim em
si, que levaria fatalmente a uma estagnação espiritual. Visam todos um mesmo objetivo: a
união de todos os sêres no Ser supremo, desejo máximo da religião hindu.

O Vichnuísmo

O vichnuísmo é baseado em Vichnu, reencarnado sob o nome de Sri Krichna, Sri Ramá e
seus "avatares". No Rig-Veda, Vichnu era o Sol, símbolo de tôda a atividade (vich significa
agir) .
"Diz-se que Vichnu é o deus do tempo, do Espaço e da vida. Diz-se também que ele é o
deus da alegria, e que seus passos são impregnados de doçura e de felicidade contínuas."
No Rig-Veda, Váruna está à frente dos Adityas; não é difícil assimilá-lo a Vichnu, a quem
foi associado. Bhaga, deus da fecundidade no Rig- Veda, identifica-se igualmente a
Vichnu. Quase não resta dúvida de que Bhaga, ou Vichnu, figura central dos Bhagabatas,
fôsse uma etapa importante na evolução primitiva do culto de Vichnu, de que nasceu o
vichnuísmo".

A Bhákti ou "devoção" é a essência mesma do vichnuísmo. É o amor do humano pelo


divino que impregna tôda a religião, particularmente a da Índia que traz o nome de
vichnuísmo. Bhákti é a verdadeira busca do Supremo, que começa com o amor do divino
para terminar na realização espiritual.

Para os vichnuítas, a Bhákti-Yoga é a principal via que conduz à libertação espiritual. São
puros místicos. O vichnuíta coloca a devoção acima de todo o exercício religioso.

"Pela devoção ele me conhece em minha Essência. Ele sabe Quem eu Sou e o que Sou.
Tendo aprendido a conhecer-me, assim, em verdade, ele entra imediatamente no
Supremo" [Bag.-Gita, XVIII, 55].
“Aquele que Me serve com a infalível devoção do amor, eleva-se acima dos três modos; ele
é digno de se tornar Brama" [XIV, 6].

O Gita diz ainda: Deus é o Centro imutável da Infinita mobilidade. Sri Krichna é para os
seus adeptos o símbolo dêsse Deus. O "saber intuitivo" de que falam os místicos vichnuítas
pode ser definido do seguinte modo: Quando a alma, cuja atividade mais natural é
contribuir para os exercícios beatíficos de Sr. Krichna no céu, é perturbada pela influência
de Maya, o espírito escapa-se e se prende aos objetos do mundo transitório, mas esta alma,
pelo contrário, manterá sempre a tendência (Átman-prerana) a retornar ao seu estado
original. Esta tendência tem o nome teológico de "svarupanvandhitda”. O estado original
torna-se permanente quando a devoção e a prática são constantes. Tal é a intuição dos
vichnuítas místicos (Idem).

A seita dos Pancharatras

"Pancharatra" é o nome de uma doutrina vichnuíta do sul da Índia. "Os eruditos não
descobriram ainda o sentido dêste têrmo". Existe, entretanto, uma interpretação plausível.
Tratar-se-iam de alguns votos formulados cinco vêzes por ano, segundo os "ratras" ou
estações (pancha = cinco)" [U. Chatterji, op. cit.].

Segundo Luís Renou "os Pancharatras" parecem ter sido, em data remota, os depositários
do Cânon propriamente vichnuíta, aquele que se designa sob o têrmo global de Sankhya.

A teologia dos Pancharatras postula um “brama" supremo, pessoal, ao mesmo tempo


imanente e transcendente, que reveste as formas de Vichnu, de Vasudeva e de Narayana.
Ela concebe o universo como o produto de uma Xakti ou "energia" inerente a êsse
princípio supremo.

O movimento Crivaichvana (adesão a Vichnu e à sua espôsa) decorre dêsse princípio e


fixou-se em terras tamúlicas "Os primeiros mestres do Crivaichnavismo foram os Alvares
que cristalizaram o amor-fé em coloração vichnuíta e forneceram a literatura hínica e
narrativa de tipo popular" (Renou).

Seita dos Bhagavatas

A doutrina dos Bhagavatas é uma expressão da religião hindu fundada essencialmente


sôbre a graça de Deus concedida à humanidade e sôbre as Encamações divinas.

Os Bhagavatas ou "devotos do Bem-aventurado" têm como textos sagrados o Bhagavata


Purana e o Vichnu Purana. Eles são inteiramente dedicados ao amor devoto.

"O vichnuíta é antes de tudo um "devoto"; mesmo que lhe seja difícil concentrar-se, ele age
em função de Deus e permanece sempre consciente da realidade eterna; seus atos e seus
pensamentos em relação a Deus são individuais, e assemelham-se aos de uma mãe para
com o filho, de um marido para com a espôsa, de uma amante para com o amado. A união
mística com o supremo é uma experiência pessoal e é isto o que liga o humano ao divino".
[Usha Chaterjii ap. c. p. 32,33].

Os textos do Bhagavata Purana e do Vichnu Purana eram muito populares durante o


período Gupta (IV ao VI séculos). Os reis Gupta tomaram o nome dos Bhagavatas e deram
novo impulso aos Puranas, mandando construir em muitos lugares templos em honra de
Vichnu. Arrastaram nesse culto as dinastias da India do norte, do sul, e do Decão.
Reforçada pelas dinastias dos Rajaputros, a influência dêsse culto estendeu-se à India
inteira.

Seita do Ramanuja

Ao vichnuísmo prende-se especialmente o nome de Ramanuja, que nasceu em 1017 na


região de Madras, e morreu em 1137. Inteiramente consagrado à devoção, à caridade e à
santidade, ele estudou de modo particular o Prabanha e a doutrina esotérica do
Ramanaya. Monista mitigado, ou vichista-advoísta, ele foi o mais eminente dos filósofos
vichnuítas.

"Ele instituiu uma forma do Vedanta que repousava sôbre a noção do "brama qualificado",
isto é, de um deus pessoal, provido de atributos, englobando almas e coisas" [Renou].

Uma de suas primeiras obras, o Vedharthasringraha, consiste numa minuciosa análise dos
Upanichades. Grande propagandista do “vichnuísmo, ele aceitava entre os seus discípulos
mesmo os que não eram brâmanes e os tratava da mesma maneira que os outros, em tudo,
(salvo no tocante ao estudo do Veda e ao uso do linho sagrado). Seus trabalhos de
erudição foram consideráveis, como também a parte que ele tomou nas reformas sociais.
Ainda hoje são numerosos os Ramanujas (sectários de Ramanuja) em terras tamuldicas e a
sua literatura é tão abundante em sânscrito como em tâmul.

A seita dos Nimanândis ou Nimbarkas

Esta seita se apoia em Nimbarka, que professava "o dualismo não-dualismo" (sic),
doutrina que era o prolongamento da do astrônomo Bhaskara e queria estabelecer um
liame entre o Absoluto e os múltiplos objetos.

A seita dos Madhvas

"Fundada por Madhava (século XIII), um tal Anandartirtha, doutor da região de Kanará,
esta seita ensina uma Libertação adquirida por intuição imediata da divindade; a
especulação avizinha-se bastante da de Ramanuja" (Idem). Sua posição filosófica é um
dualismo integral: ela põe face a face Vichnu onipresente, as almas e a matéria. Seus
ascetas são da ordem dos xankarianos. A literatura da seita (sobretudo em sânscrito) é
muito importante. Ainda hoje, no sul, a doutrina é possuída mais pelas classes intelectuais
do que pela massa popular (Id.).

A seita dos Ramavatas ou Ramanândis

A seita dos Ramanândis teve por mestre Ramananda. Seus adeptos adoram Vichnu sob a
forma de Ramá. Eles fundaram uma instituição monástica, os vairagins. Ramananda, de
origem srivai-chnava, ocupava-se pouco de filosofia, mas conserva como base qe doutrina
os dados srivaichnavas. É a primeira seita que deu a Ramá o lugar de deus supremo.

A seita dos Valabhas

A seita dos Valabhas provém de um doutor télugo do século XV "cuja concepção filosófica
é a do "não-dualismo" puro, segundo a qual o mundo resulta de uma transformação
interna do Absoluto. Valabha elabora uma teoria do amor-fé, postulando uma dupla via
para a Libertação: a via assim chamada "da fronteira", que requer um esfôrço pessoal, e a
"da floração", que repousa inteiramente sôbre a graça divina" (Id.).

A seita de Sri Chaitanya

No século XV Sri Chaitanya tornou-se o centro do vichnuísmo medieval, o maior nome


vichnuíta. Nascido em Bengala no ano de 1485, ele morreu em 1533. Verdadeiro apóstolo e
visionário, ele restabeleceu com a fôrça de seu próprio ardor o ardor no coração dos
crentes, numa época em que a India era perturbada e devastada pelos invasores
muçulmanos.

Poucos santos receberam enquanto vivos tantas marcas de devoção e de respeito como Sri
Chaitanya. Ele foi considerado como uma encarnação de Vichnu, por causa de seu
extraordinário poder de radiação. Seis de seus discípulos, "os Gosvamins", redigiram em
sânscrito todos os aspectos da doutrina, onde o culto de Krichna junto ao de Radha é pôsto
em plena luz.

"Os descendentes dos Gosvamins são chefes de mosteiros e de templos. O ritual comporta
uma "glorificação" salcniodiada em bengali ou hindi, e práticas numerosas que
representam o que o vichnuísmo imaginou de mais evoluído na matéria" (Renou).

A seita dos Kabir-Panthis


A seita dos Kabir-Panthis foi fundada por Kabir, discípulo de Ramananda. Kabir, asceta
hindu de nome muçulmano, procurara conciliar o hinduísmo com o Islame sôbre a base
do monoteísmo não figurativo. As numerosas "estrofes" de Kabir servem de "cânon" à
seita.

A seita dos Sikhs

Esse grupo foi fundado por Nanak (1468-1638), discípulo do próprio Kabir. Os sikhs têm
aliás numerosos pontos de contacto com os muçulmanos e vivem sobretudo no centro e no
norte da India. Esse panjábi da região de Lahore adere ao vedanta, ao amor-devoto, ao
culto do guru. O Cânon sikh se chama o "Livro Nobre". Essa seita é ativa no Pendjab de
nossos dias. A cidade santa dos Sikhs é Anritsar, sede do "Templo de Ouro".

A seita dos Dadu-Panthis

Os Dadu-Panthis, discípulos de Dadu (século XVII), têm muita afinidade com as seitas
precedentes. Os cantos sagrados dos vichnuítas são chamados Kirtans, às vêzes Bhajans.
São cantados nos templos, nas habitações particulares e nas assembléias religiosas. Os
hindus crêem na virtude dêsses cantos. Logo que surge uma catástrofe ou uma epidemia,
os vichnuítas põem-se a cantar "Harikirtans". Se a cólera ou a varíola começa a alastrar-se
numa aldeia, um grupo se reúne a fim de cantar durante tôda uma semana, revezando-se,
de modo que o canto não cesse um só instante e o que se chama o Achtaprahar Harinã
[Usha Chatterji, op. cit.].

Mas canta-se também sem fim interessereiro, ao cair da tarde, por amor de Sri Krichna,
sob uma árvore ou em qualquer outro lugar propício. Quando morre alguém, cantam-se
sempre os Kirtans na casa do falecido durante a cerimônia.

Com um pouco de atenção é possível descobrir um verdadeiro vichnuíta na multidão,


porque ele se veste as mais das vêzes de um hábito laranja ou branco e traz o rosário
vichnuíta na mão. Os hindus trazem os sinais de sua seita, já pela maneira de cortar os
cabelos, já por sinais pintados na fronte. Para o vichnuíta são linhas verticais vermelhas ou
brancas na fronte, ou pastilhas vermelhas ou brancas entre as sobrancelhas.

O Xivaísmo
No xivaísmo, os crentes vêem em Xiva a manifestação do Ser Supremo. Para eles Xiva está
em todo o ser.

O xivaísmo, que aparece na Índia desde a mais remota antigüidade, representa uma das
vias principais da espiritualidade hindu. Os fiéis de Xiva compreendem-no e o
interpretam de muitos modos, conforme a sua aptidão metafísica. Para uns, ele é uma
divindade cuja antigüidade e grandeza são dificilmente igualáveis, para outros, ele é o
símbolo de uma filosofia; para outros ainda, Xiva é o próprio Deus. Assim, cada hindu
(particularmente os xivaítas) considera o Senhor Xiva segundo a sua mentalidade e seu
degrau pessoal de elevação.

"Seja nos Vedas, nos Upanichades ou nos Puranas, o Senhor Xiva é sempre mencionado
com grande devoção e sob diferentes nomes. O conceito de Xiva não é o de uma simples
divindade, cujos poderes se cristalizam numa imagem que domina certa época da história
das Indias. Ele se confunde com a Eterna Onipotência, ele é a Alma-Mãe, a Grande Alma
donde emanam inumeráveis almas. Xiva é a beleza, Xiva é tudo, ele está em tôda a parte.
Não há vida, movimento nem ritmo sem Xiva, porque ele é o próprio Cosmos" [U.
Chatterji, La danse hindoue].

No Rig-Veda, Xiva é muitas vêzes chamado Rudra.

“O Senhor dos cantos e dos sacrifícios, que consola e sara, brilhante como o sol, o melhor e
o mais generoso dos deuses, aquele que concede prosperidade e bem-estar”.

No Yajur-Veda, ele é Tryambaka: de olhos tríplices e pescoço tinto de azul... Tryambaka,


suavemente perfumado. O Purana de ichnu diz que Xiva saiu da fronte de Brama, seu
Senhor, e por onde dêste dividiu a sua natureza em homem e mulher.

O espírito purânico era fecundo em inspiração, e sua literatura rica em imagens e cores ao
longo de páginas filosóficas ela nos revela Xiva sob o aspecto de Rara (Aquele que toma),
Xankara (de bom augúrio).

"Eu, e só eu, era antes de tôdas as coisas. E Eu existo. E Eu serei. Nenhum outro me é
transcendente. Eu sou eterno e não- eterno, discernível e indiscernível. Eu sou Brama e não
sou Brama. Ele é sem comêço, sem meio e sem fim, o Único, o Senhor Onipresente, de
olhos tríplices e pescoço azul, o Tranqüilo...".
No Dvapar Yuga (no tempo do Mahabhárata) Xiva recebe de Krichna e de Vichnu as
honras supremas. Ele é todo-poderoso. De fato, ele é Um, o Ser, o Não-Ser, Infinito,
Indivisível. A Trindade só representa então diferentes manifestações do Único.

O Conceito supremo, tal como é manifestado

Xiva, na Trindade hindu, é o Senhor da destruição, sem a qual não pode haver criação. De
uma parte, enquanto destruidor, ele se identifica com a Morte, com o Tempo. De outra
parte, ele repara, ele é o "benéfico", como o indicam seus nomes: Xiva, Sambhu, Xankara.

Ele tem, além disso, dois outros aspectos maiores (é também designado sob uma miriade
de nomes em funções menores).

1) Ele é antes de tudo o Senhor da Destruição;

2) O Eterno Yogue;

3) O Dispensador dos Dons.

O conceito de Xiva, quando ele toma o aspecto de Natarajá, é automaticamente ligado ao


de Senhor da Destruição e representa a unidade das coisas criadas e incriadas. A dança de
Xiva, chamada dança de Nadanta, tem grande significação. Era tão bela, que um dos fiéis
pediu ao Deus que a repetisse; ele anuiu, e Xiva Nataraja dançou ainda uma vez no templo
de Quidambarã, que permaneceu em seguida associado a êsse acontecimento.

O assunto principal da dança é a representação das cinco atividades principais do mestre,


os Panchakritya. Elas são também, separadamente, consideradas às vêzes como
dependentes de Brama, Vichnu, Rudra, Mahesvar e Sadachiva (O Benevolente); os três
últimos nomes são os de Xiva, o Uno e o Ünico.

Essas cinco atividades (Panchakritya) são:

1) Shristy: Criação, evolução;

2) Sthity: Manter, preservar;

3) Samhara: Destruição, evolução;

4) Tirobhava: Encarnação das almas;


5) Anugraha: Libertação do ciclo do Carma.

O templo de Quidambarã simboliza o centro do universo, ou melhor, o centro de nossos


centros. A significação mística dessa dança é que o Supremo está em nós, e não fora de
nós. A dança toma lugar nos nossos próprios corações.

Xiva, sendo antes de tudo Natarajá, dança a destruição absoluta do universo. Ele
representa o homem em sua obra de destruição do próprio "eu", de suas ilusões e
desilusões. Ele é o símbolo do aniquilamento total que, para o espírito hindu, compreende
implicitamente o poder de reprodução pelo qual é perpetuamente recriado tudo o que foi
destruído. Xiva é então Ichvara, o Deus Supremo, Mahadeva, o Grande Deus.[Usha
Chatterji, Comprendre Ia Religion hindoue, págs. 57 a 60]. Os fiéis xivaitas são em sua maioria
discípulos do Vedanta, sôbre o qual se baseia o xivaísmo.

"As formas são necessárias às almas encarnadas para conceberem uma pequenina parte do
que é Inconcebível, mas o Infinito não pode ser aprisionado pelas formas. Aqueles que
compreendem que não lhes é necessário um templo para meditar, podem meditar tanto
sôbre a neve como numa gruta, numa caverna, numa cabana ou em plena floresta". Entre
as seitas que se prendem ao culto de Xiva, podemos citar:

Os Kapalikas

Os Kapalikas (que tiram o seu nome de Xiva kapalin - portador de crânios humanos)
formam um grupo de ascetas de tendências extremistas, cujos principais exercícios
religiosos são o canto e a dança. Sua concepção filófica consiste em reduzir a
multiplicidade da Criação a dois elementos : o Senhor (pati), causa e criador (karta) de
tudo o que "é", e a criação (kárya) , que emana dele.

Os Gorakhnátis (ou Kanphatayogues, ou "Yogues de orelhas fendidas), que veneram o seu


mestre "Gorakhnath", originário do Bengala oriental. Posse grupo, bastante fragmentado,
consiste numa escola de Koga (Hatha-Yoga) e existe sobretudo no norte da Índia.

Os Paçupatas
Os Paçupatas ou "adéptos de Xiva" são yogues que utilizam práticas assaz violentas para
chegar ao êxtase místico. Sua doutrina é fundada sôbre um dualismo entre as almas e
Xiva, cujo corpo é "feito de energia".

"As demaís seitas têm por Cânon, direta ou indiretamente, os textos sagrados que se
intitulam Agamas; o ritual e as doutrinas neles contidas assemelham-se às do tantrismo. A
alma é concebida como sendo arrastada pelo "tríplice liame", ou afetada pela "tríplice
mácula" (a ignorância, o Carma e a maya); ela chega à libertação pelo graça do Mestre" [L.
Renou, ib. 96].

O xivaísmo de Cachemira

Designado sob o nome de Trika, êste sistema de tríplice ensinamento, representado


sobretudo pela personalidade do Abhinavagupta no século X, é fundado sôbre um não-
dualismo muito elaborado. A concepção dêsse movimento puramente especulativo
repousa sôbre a objetivação do pensamento de Xiva, donde resulta o mundo. Ele é
produzido, assim, pela evolução de trinta e seis elementos ou "tatva". O acesso à
Libertação realiza-se por "recognição"; a alma retoma consciência das verdades relativas à
sua condição real, verdades que tinham sido obnubiladas pela maya ou "ilusão" [Renou,
ib. 97].

Os Virachaívas

Os Virachaívas ou "lingayás", portadores do linga, agruparam-se ao sul da região marata,


sob o mestre Basava. Essa seita rejeita o Veda, as castas, as imagens, e procura emancipar
as mulheres, embora conservando os ritos privados e os sacramentos. É um não-dualismo
qualificado pela "xakti", segundo o qual almas e matéria são realidades saídas da xakti. A
seita é dirigida por monges ambulantes, os jangamas ou "lingas em movimento". Eles têm
textos sábios e consideráveis.

O Xaktismo

Os Xaktas

O culto da deusa Durga prende-se ao xivaísmo. É uma crença na Xakti, ou energia divina.
Esse culto remonta ao Veda, e embora mantenha a adoração a Xiva, ele põe em relêvo o da
forma feminina do deus, da Xakti ou energia divina. O Xaktismo é, com o vichnuísmo,
uma das seitas que agrupam o maior número de adeptos. O Xaktismo possui uma teologia
e um culto de que os Tantras formam uma importante literatura.

Os livros básicos do culto xakta são o Devi-Bhagavata (Furana) e o Candi-Mahátmya.


Essas seitas tinham sua sede em Bengala. Uma literatura de tipo xakta, recente, consiste na
adoração da Mãe divina, com uma devoção emocional análoga à do krichnaísmo. Essa
tendência foi ilustrada no século XVIII pelos poetas bengalis (poemas de Bharatachandra e
de Ramprasad-Sen).

As doutrinas especulativas do xivaismo, em seu conjunto, terminam num processo de


indentificação do indivíduo com o Ser supremo - o que inclina o xivaismo para o
tantrismo, para o Yoga.

O Tantrismo

O tantrismo, ou religião dos Tantras, é um desenvolvimento autonômo do Yoga que se


orienta inicialmente pelas representações fisiológicas e cosmogônicas originais. O ato
essencial da iniciação é a outorga do Mantra ao aluno por seu mestre espiritual ou guru.

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