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Terapia Nutricional Enteral em Pacientes Críticos 53

TERAPIA NUTRICIONAL ENTERAL EM PACIENTES CRÍTICOS:


qual o papel do enfermeiro nesse processo?

ENTERAL NUTRITION IN CRITICAL PATIENTS:


the nurse’s role in this process?

RESUMO Autores
O seguinte artigo apresenta as ações do enfermeiro, aponta a prevalência da ANJOS JUNIOR, Leonel Alcân-
desnutrição hospitalar; apresenta o significado de estado crítico e a importância tara dos 1
da TNE no restabelecimento do paciente; enfatiza um cuidado multidisciplinar ROSA, Rebeca da Silva 1
e a figura do enfermeiro como crucial para a efetivação da Terapia Nutricional REIS, Juliana Benevenuto 2
Enteral. PEGORARO, Vanessa Alvarenga 2
Objetivo: Objetiva-se com este estudo descrever as ações do enfermeiro frente CAPOROSSI, Cervantes 3
à administração da nutrição enteral.
Metodos: Estudo de revisão literária do tipo qualitativo/descritivo. Pesquisa re-
alizada através do uso de descritores em saúde (DECS) sendo eles: Cuidados 1 - Acadêmicos do 10° Semestre de enfer-
de enfermagem. Desnutrição. Estado crítico. Nutrição enteral. A coleta de dados magem da Faculdade AUM-Cuiabá.
ocorreu entre os meses de Agosto/Setembro de 2013. Realizado cruzamentos 2 - Mestras em Enfermagem pela Universi-
entre os descritores foi possível através de critérios de exclusão e inclusão foram dade Federal de Mato Grosso – UFMT.
selecionadas publicações pertinentes para a confecção do artigo. Através da Docente da Faculdade AUM-Cuiabá
analise de cada artigo, elegeu-se 03 categorias. O artigo obedece aos aspectos 3 - Professor Associado 4 do Programa de
ético-autorais compreendidos na Resolução do Conselho Nacional de Saúde N° Pós-graduação em Ciências da Saúde
466 de 12 de Dezembro de 2012. da Universidade Federal de Mato Grosso.
Resultado/Discussão: Elegeu-se 03 categorias: 01 - As Ações do enfermeiro
frente à Terapia Nutricional Enteral (TNE); 02- Desnutrição hospitalar versus Ter-
apia Nutricional Enteral; 03- Terapia Nutricional em pacientes críticos. Discussão
das categorias em questão. Correspondência Autor
Considerações Finais: Apontou-se a real importância da TNE para a ma- Vanessa Alvarenga Pegoraro.
nutenção do funcionamento corpóreo do paciente; o cessar dos agravos da Rua Monte Castelo, 270. Vila Militar.
desnutrição hospitalar; a importância do profissional Enfermeiro; constatação da Cuiabá-MT.
escassez de produção cientifica dos profissionais de enfermagem sobre o tema CEP:78.040-870.
aqui trabalhado. vanessapeg@yahoo.com.br

Descritores: Cuidados de enfermagem. Desnutrição. Estado crítico. Nutrição


enteral.

A Terapia nutricional enteral compreende um conjunto de procedimentos ter-


apêuticos para a manutenção ou recuperação do estado nutricional do paciente,
por meio da ingestão controlada de nutrientes1. É indicada quando se tem a ne-
cessidade de se realizar a suplementação oral, na qual o paciente apresenta
condições de se alimentar pela cavidade oral, porém, por alguma razão não se 1. Fugino V, Nogueira LABNS. Terapia Nu-
tricional Enteral em pacientes graves:
atinge as necessidades calórico-proteicas suficientes para manutenção ou ganho revisão de literatura. Arquivo Ciência da
de peso com a dieta habitual. Mas, essa terapêutica também pode ser realizada Saúde – FAMERP. São Paulo – SP,. vol.
quando o paciente por algum fator está parcialmente ou exclusivamente impos- 14, n° 4, pg. 220-226. 2008.
2. Lopes AC, Tozetto AJG. Comparação en-
sibilitado de receber a dieta por via oral, logo haverá o uso da sondagem2. Essa tre a infusão do suporte nutricional e as
terapêutica é também indicada para pacientes desnutridos ou em risco nutricio- necessidades energéticas em pacientes
nal, pois isto pode proporcionar o paciente a não ter complicações infecciosas, críticos internados em uma unidade de
terapia intensiva de um hospital público
reduz a incidência de morbimortalidade, auxiliar na cicatrização tecidual, impedir no oeste do Paraná. Faculdade Assis
que ocorra a degeneração do trato gastrointestinal mantendo o organismo funcio- Gurgacz Cascavel – PR, 2008. Vol. 1,
nante e sem riscos de falência múltipla dos órgãos3, 4. n°2, 14 pg.
3. Campanella LCA, et al. Terapia nutricion-
Hoje através de estudos e da medicina embasada em evidências, sabe-se que al enteral: a dieta prescrita é realmente
um dos principais problemas que podem ocorrer com pacientes hospitalizados é infundida? Revista Brasileira Nutrição
a desnutrição. Ela é definida como uma condição de alteração funcional, estru- Clinica. Blumenau – SC,. vol. 23, nº 1,
pg. 21-27. 2009.
tural e de desenvolvimento orgânico em consequência de um desequilíbrio entre 4. Matsuba CST, Magoni D. Enfermagem em
a ingestão e a utilização dos nutrientes4. terapia nutricional. Ed. Savier. 1°ed. São
Em um estudo nacional realizado pela Sociedade Brasileira de Nutrição Parenter- Paulo – SP, 2009. Pg.35-123.
al e Enteral (SBNPE) com quatro mil pacientes, foi possível evidenciar que uma

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média de 48,1% dos hospitalizados apresentaram a desnutrição, sendo essa


condição agravada com o tempo de hospitalização, chegando a cerca de 60%
naqueles internados há mais de 15 dias5,6. Esse paciente que por muitas vezes
está em estado crítico, pode desenvolver um estado hipercatabólico, onde suas
reservas energéticas são usadas para a manutenção do organismo, logo, com o
passar do tempo ocorrerá a depleção de gorduras, proteínas, aminoácidos e com
isso desenvolver um estado de desnutrição5.

Florence Nightingale, a precursora da enfermagem, em meado do século XIX,


logo após a Guerra da Crimeia em 1860, enfatizou em “Notas de Enfermagem”,
a importância da nutrição adequada e de boa qualidade, que seria oferecida por
uma enfermeira atenta e preocupada com essa prática.
“Se a enfermeira for inteligente e não apenas distribuidora de dietas para o pa-
ciente, deixe-a usar a sua inteligência nesses assuntos [...]. Até o momento a
química ofereceu poucas informações à alimentação do doente [...], deu-nos uma
lista de substancias dietética [...]. Na grande maioria dos casos, o estômago do
paciente é guiado por outros princípios de seleção e não meramente pela quan-
tidade de carbono ou nitrogênio na dieta [...] a natureza, sem dúvidas, possui re-
gras muito definidas para sua orientação sobre esse e outros assuntos, mas es-
sas regras podem ser comprovadas unicamente pela mais acurada observação,
junto ao leito do doente [...]. Devo dizer à enfermeira: exerça controle sobre a
dieta de seu paciente [...]. Ela deve estar sempre exercendo a engenhosidade a
fim de suprir deficiências e remediar acidentes que acontecem entre os melhores
planejadores, mas pelos quais o enfermo não sofre menos porque eles podem
ser evitados.”4

Nightingale sempre visionária relatou o quão importante é o papel do enfermeiro


na prática desse cuidado. Analisando o trecho citado, é possível observar que
mesmo em uma época na qual os recursos tecnológicos e o conhecimento das
propriedades nutricionais contidas nas dietas eram praticamente inexistentes,
apenas o simples fato da observação, pode conferir ao enfermeiro o poder de
identificar as reais necessidades evidenciadas pelo olhar do enfermeiro. Ela ain-
da relata que nesse cuidado a enfermeira não fosse apenas uma distribuidora de
dietas, mas, sim observadora, cautelosa e inteligente.
O papel do enfermeiro é de suma importância para o desenvolvimento da terapia
nutricional. Como planejador assistencial, juntamente com a equipe de enferma-
4. Matsuba CST, Magoni D. Enfermagem em gem, realiza o cuidado tendo como foco as necessidades do paciente, desde a
terapia nutricional. Ed. Savier. 1°ed. São administração, até ao controle dos níveis de nutrientes, para que não ocorram
Paulo – SP, 2009. Pg.35-123. complicações que interfiram na sobrevida do paciente5.
5. Cruz EDA, Hermann AP. Enfermagem em Desta forma, a enfermagem deve se atualizar para que haja um cuidado com-
nutrição enteral: Investigação do con- pleto e de qualidade, devendo estar à frente dessa ação, pois seu papel é fun-
hecimento e da prática assistencial em damental para nortear a equipe e avaliar as necessidades humanas básicas do
hospital de ensino. Revista Cogitare – paciente, promovendo sua saúde7.
UFPR. Curitiba – PR, 2009. vol. 13, n° Diante da relevância de tal tema, observou-se que há a necessidade de se
4, pg. 520-525. desenvolver um trabalho acadêmico abordando a temática supracitada. O devido
6. Nozaki VT, Peralta RM. Adequação do assunto nos despertou para o entendimento dessa terapêutica, onde uma equi-
suporte nutricional na terapia nutricional pe multidisciplinar atua em prol do restabelecimento da saúde do individuo e o
enteral: comparação em dois hospitais. profissional enfermeiro desenvolve um papel crucial para essa reabilitação. Obje-
Revista de Nutrição. Campinas – SP. Vol. tiva-se com este estudo descrever as ações do enfermeiro frente à administração
22, n° 3, pg. 341-350, 2009. da nutrição enteral.
7. Ceribelli MIPF, Santos DMV. Enfermeiros
especialistas em terapia nutricional no MÉTODOS
Brasil: Onde e como atuam. Revista Bra- Este é um estudo de revisão literária e é elaborado com base em material já
sileira de Enfermagem. São Paulo – SP, publicado com o objetivo de analisar posições diversas em relação a determi-
2008. vol. 59, n° 6, pg. 757-761 nado assunto8. Essa forma de pesquisa é amplamente utilizada nos estudos ex-
8. Gil, AC. Como elaborar projetos de pesqui- ploratórios devido a sua facilidade obtenção de informações iniciais sem a ne-
sa. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2010. Pg.41-47. cessidade de ir a campo. Além de ser um estudo do tipo descritivo e qualitativo,
desenvolvido com a produção científica indexada na base eletrônica de dados:
LILACS e SCIELO, que enfoca o Cuidado de Enfermagem como descritor nucle-
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ar e Desnutrição, Estado Crítico e Nutrição Enteral como descritores complementares. A coleta de dados ocorreu
no período de Agosto à Setembro do ano 2013. Foram usados os seguintes critérios de inclusão: textos disponíveis
completos e gratuitos e em língua portuguesa; e de exclusão: monografias, teses, dissertação e TCC, além de arti-
gos com tempo de publicação inferior a 05 (cinco) anos. Foi realizada a pesquisa isolada com o descritor “DESNU-
TRIÇÃO”, encontrada nela foi encontrada 3241 publicações, após o refino, restou apenas 01 artigo. Com o descritor
“ESTADO CRÍTICO”, encontrou-se 19.040, logo após o refino, elegeu-se apenas 02 artigos. Na pesquisa isolada do
descritor “NUTRIÇÃO ENTERAL”, encontrou-se 18.883 publicações, onde apenas 07 artigos se enquadravam nos
critérios de seleção. No cruzamento dos descritores: Cuidados de enfermagem AND Desnutrição, foram levantadas
471 publicações, porém, nenhuma se enquadrou nos critérios de seleção. Assim, foi com o cruzamento entre Cuida-
dos de Enfermagem AND Estado crítico (48) e Cuidados de Enfermagem AND Nutrição Enteral (978) e nenhum
artigo pertinente à leitura. Portanto, finalizamos as buscas com 10 artigos pertinentes para a confecção do artigo em
questão. Segundo a RESOLUÇÃO Nº 466, DE 12 DE DEZEMBRO DE 2012, sobre aspectos éticos, diz que estudo
de revisão de literatura não se faz necessária passar por aprovação de um comitê de ética. Para o tratamento dos
dados, realizamos a retirada dos núcleos de sentido dos artigos selecionados, identificando as ideias centrais de
cada autor, com o objetivo da construção das categorias do nosso trabalho.

RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os dados foram coletados através da leitura e análise minuciosa dos títulos e resumos de todos os artigos escolhi-
dos. Logo, através de tal análise, elegemos 03 categorias que iremos discuti-las no presente artigo, sendo elas: As
ações do enfermeiro frente à Terapia Nutricional Enteral (TNE); Desnutrição hospitalar versus Terapia Nutricional
Enteral; Terapia Nutricional em pacientes críticos.

ANO
Nº TITULO DO BANCO
AUTORES NOME DO PUBLI- IDIOMA DESCRITOR
ARTIGO DADOS
PERIÓDICO CAÇÃO

Identificação de fatores AQUINO, R. de Revista Asso-


2011 Português Desnutrição
1 de risco de desnutrição C. de; PHILIPPI, Scielo ciada Medicina
em pacientes internados S. T. Brasileira
LEANDRO-MER-
Avaliação do estado nu- HI, V A.; Nutrição
Arquivo de Gas-
2 tricional precedente ao MORETE, J. L; LILACS 2009 Português enteral
troenterologia
uso de nutrição enteral. OLIVEIRA, M. R
M. de.
Adequação do suporte
nutricional na terapia Nutrição
NOZAKI, V. T; Revista de Nu-
3 nutricional enteral: LILACS 2009 Português enteral
PERALTA, R. M. trição
comparação em dois
hospitais.
Suprimento de micronu-
trientes, adequação en- Nutrição
Revista de Nu-
4 ergética e progressão da BEGHETTO et al. LILACS 2008 Português enteral
trição
dieta enteral em adultos
hospitalizados.
O início precoce do
suporte nutricional como Semina: Ciên- Nutrição
Português
5 fator prognóstico para BONAMETTI et al LILACS cias biológicas e 2011 enteral
pacientes com sepse da saúde
grave e choque séptico
Nutrire: Revista
Terapia Nutricional CARUSO, L; da Sociedade Nutrição
Português
6 Enteral em UTI: seguim- SORIANO, F; G LILACS Brasileira de enteral
2010
ento longitudinal OLIVEIRA, N. S. Alimentação e
Nutrição
ARANJUES, A. L;
Monitoração da terapia
TEIXEIRA, A. C. Nutrição
nutricional enteral em Português
7 de C; CARUSO, LILACS Mundo Saúde 2008 enteral
UTI: indicador de quali-
L; SORIANO,
dade?
Francisco G.

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ANO
Nº TITULO DO BANCO
AUTORES NOME DO PUBLI- IDIOMA DESCRITOR
ARTIGO DADOS
PERIÓDICO CAÇÃO

Aplicabilidade dos
métodos de triagem Revista de Nu- Portu- Estado
8 CECCONELLO LILACS 2008
nutricional no paciente trição guês Crítico
et al.
hospitalizado

MAICÁ, A. O; Revista Brasile-


Avaliação nutricional em Estado
9 SCHWEIGERT, LILACS ira de Terapia 2008 Português
pacientes graves Crítico
I. D. Intensiva

Nutrição enteral: dif-


erenças entre volume, Revista Brasile-
Nutrição
10 calorias e proteínas ASSIS et al. LILACS ira de Terapia 2010 Português
Enteral
prescritos e administra- Intensiva
dos em adultos.

Quadro 01 – Relação dos Artigos selecionados para a construção do presente


artigo. Disponível na base de dados LILACS nos anos de 2008 a 2011.

Ao analisar o presente quadro, é possível se inferir que nenhum dos artigos


selecionados é diretamente da área da enfermagem, logo, evidencia-se uma
escassa publicação de profissionais de enfermagem acerca de tal assunto abor-
dado.

Categoria I - As ações do Enfermeiro frente à Terapia Nutricional Enteral (TNE).


O processo assistencial nutricional fala da importância da equipe de enferma-
gem no manejo da Nutrição Enteral (NE), o que acaba por englobar: promover
e manter a via de acesso escolhida, instalar e administrar, em doses plenas, a
dieta prescrita, determinar a forma e o controle da infusão, assim como detectar
e atuar frente às possíveis intercorrências apresentadas pelo paciente durante
esta terapêutica9.
Afirma-se que o planejamento assistencial de enfermagem deve ser individ-
ualizado, considerando globalmente o paciente, analisando aspectos físicos,
psicossociais e espirituais. Ambos os autores enfatizam a necessidade dos
enfermeiros identificarem a complexidade do processo assistencial em TNE e
quanto o uso da Sistematização da Assistencia de Enfermagem (SAE) visando
à qualidade do cuidado prestado ao paciente e no fortalecimento de práticas de
enfermagem seguras e de qualidade5.
Definam-se aqui quais são as principais ações desenvolvidas pelo Enfermeiro
frente à TNE. Eles apontam que o enfermeiro deve atender as legislações vi-
gentes sobre tal prática; focar nas necessidades do paciente; observar tipo, vol-
ume, características das dietas, necessidades de nutrientes a serem infundidos;
sinais, sintomas e queixas; verificar nível residual gástrico; manter a cabeceira
do leito sempre levantada (de acordo com a situação clínica) e observar se há
estase gástrica, diarreia, vômitos, possíveis intolerâncias a TNE5.
5. Cruz EDA, Hermann AP. Enfermagem
em nutrição enteral: Investigação do Além de todas as atribuições e competências desenvolvidas pelo enfermeiro
conhecimento e da prática assistencial que foram citadas pelos autores acima, de acordo com a Resolução – RDC 63,
em hospital de ensino. Revista Cogitare de 6 de julho de 2000, o enfermeiro deve participar da escolha da via de admin-
– UFPR. Curitiba – PR, 2009. vol. 13, n° istração da nutrição enteral em consonância com o médico responsável pelo
4, pg. 520-525. atendimento ao paciente e com a Equipe Multidisciplinar em Terapia Nutricio-
9. Ciosak, SI, Matsuba, CST, Serpa, LF. nal9. No que diz respeito à manutenção do acesso enteral, deve ser elaborado
Terapia Nutricional Enteral e Parenteral: protocolos uniformizando as condutas e treinando constantemente a equipe de
Consenso de Boas Práticas de Enferma- enfermagem, para que haja um aumento no tempo de permanência do acesso,
gem. Ed. Martinari. 1ª ed. São Paulo – contribuindo para diminuição de custos, exposição desnecessária do paciente
SP. Pg. 25-65. ao jejum e ao estresse, além de otimizar o trabalho do enfermeiro.
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Categoria II - Desnutrição hospitalar versus Terapia Nutricional Enteral.

A desnutrição é definida como uma condição de alteração funcional, estrutural


e de desenvolvimento orgânico em consequência de um desequilíbrio entre a
ingestão e a utilização dos nutrientes4. A desnutrição hospitalar vem sendo es-
tudada há décadas, e relatos na literatura científica têm indicado que 20 a 50%
dos pacientes hospitalizados apresentam algum grau de desnutrição3.

Seguindo a mesma linha de investigação a acerca da desnutrição hospitalar, é


possível observar através de dados que em um ambiente hospitalar, o índice de
desnutrição energético-proteico pode chegar à prevalência de 50%, aumentan-
do o risco de morbimortalidade10. A terapia nutricional enteral (TNE) tem sido
empregada rotineiramente como alternativa bem sucedida para melhorar as
condições nutricionais nos pacientes hospitalizados11. 3. Campanella LCA, et al. Terapia nutricion-
Afirma-se a importância da realização de uma triagem nutricional aos pacientes, al enteral: a dieta prescrita é realmente
afim de se detectar precocemente um possível estágio da desnutrição. E para infundida? Revista Brasileira Nutrição
um real funcionamento dessa triagem, os profissionais que compõe a equipe Clinica. Blumenau – SC,. vol. 23, nº 1,
multidisciplinar devem passar por um processo de capacitação, onde todos e pg. 21-27. 2009.
principalmente o enfermeiro deva conhecer as técnicas para esse cuidado10. 4. Matsuba CST, Magoni D. Enfermagem em
Porém, o diagnostico deve ser levantados todas as variáveis possíveis que pos- terapia nutricional. Ed. Savier. 1°ed. São
sam influenciar na desnutrição, exemplo: stress, oferta inapropriada de dieta, Paulo – SP, 2009. Pg.35-123.
co-morbidades, entre outros12. Pacientes com infecções graves, traumatismos 5. Cruz EDA, Hermann AP. Enfermagem em
ou em pós-operatório de grandes cirurgias são particularmente vulneráveis a nutrição enteral: Investigação do con-
desenvolver desnutrição. Contudo, conhecendo essas tais variáveis do proces- hecimento e da prática assistencial em
so de desnutrição hospitalar é o primeiro passo para a adequação da atenção hospital de ensino. Revista Cogitare –
nutricional do paciente6. UFPR. Curitiba – PR, 2009. vol. 13, n°
No que se afirma a prática da Terapia Nutricional Enteral, identifica-se possíveis 4, pg. 520-525.
problemas nutricionais através de uma monitorização, é possível a diminuição 6. Nozaki VT, Peralta RM. Adequação do
de complicações e um crescimento positivo no aproveitamento nutricional. Con- suporte nutricional na terapia nutricional
tudo, a instalação da terapia nutricional enteral traz ao paciente uma esperança enteral: comparação em dois hospitais.
de cura, uma melhora no seu quadro geral de saúde, além de prevenir a desnu- Revista de Nutrição. Campinas – SP. Vol.
trição13. 22, n° 3, pg. 341-350, 2009.
10. Cecconello et al. Aplicabilidade dos
Categoria III - Terapia Nutricional em pacientes críticos. métodos de triagem nutricional no paci-
ente hospitalizado. Revista de Nutrição.
Quando se fala no termo “paciente crítico”, é importante definir o que é a doença Campinas – SP. Vol. 21, n° 5, pg. 553-
grave ou crítica refere-se a amplo espectro de condições clínicas ou cirúrgicas 561. 2008.
que apresentam risco à vida e que, na maior parte das vezes, exigem internação 11. Leandro-merhi VA, Morete JL, Oliveira
em unidade de terapia intensiva (UTI). Embora o quadro englobe pacientes de MRM. Avaliação do estado nutricional
diversas doenças, com respostas metabólicas por vezes muito diferentes, pelo precedente ao uso de nutrição enteral.
que, inclusive não se podem estabelecer recomendações globais para todos Arquivo de Gastroenterologia. São Paulo
os pacientes, frequentemente são descritos ao menos grave uma disfunção – SP. Vol. 46 n° 3, pg. 219-224. 2009.
sistêmica, necessitando suporte terapêutico ativo14. 12. Aquino RC, Philippi ST. Identificação de
Apresentam aqui quais seriam essas situações clinicas que definem um paci- fatores de risco de desnutrição em pa-
ente crítico. Sendo os que: cientes internados. Revista Associada
• Apresentam risco iminente de perder a vida ou função do corpo/órgão humano; Medicina Brasileira. São Paulo. Vol. 57,
• Poli traumatismos graves / Traumas encefálicos graves; n° 6, pg. 637-643, 2011.
• Cirurgias de riscos em idosos; 13. Aranjues AL, et al . Monitoração da Tera-
• Doenças degenerativas em estados avançados; pia Nutricional Enteral em UTI: indicador
• Acometidos por infecções na qual a resposta a antibióticos esteja descontro- de qualidade. Revista Mundo Saúde:
lada; Centro Universitário São Camilo. São
• Com problemas cardíacos, circulatórios descompensados; Paulo. vol. 36, nº 1, pg. 16-23, 2009.
• Diabetes gravemente descompensada; 14. Maicá AO, Schweigert ID. Avaliação nu-
• Possuem insuficiências respiratórias gravemente descompensadas14. tricional em pacientes graves. Revista
Brasileira Terapia Intensiva. Ijui – RS,
Logo, a equipe deve se atentar às mudanças fisiológicas que ocorrem nesse in- 2009. vol. 20, nº 3, pp. 286-295.
dividuo, pois se sabe que um paciente crítico poderá desenvolver o estado hip-
ermetabólico, no qual o objetivo é de fornecer agudamente energia e substra-
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to para o sistema imune e de coagulação para combater patógenos, estancar


hemorragias e reparar tecidos lesados (FUJINO; NOGUEIRA, 2008). Essa re-
sposta é benéfica, porém ao surgimento de complicações, ocorre grande des-
gaste orgânico com degradação proteica e instalação precoce de desnutrição,
situação em que o paciente se torna susceptível a infecções e traumas ma-
nutenção das funções corpóreas, além da defesa imunológica, cicatrização de
feridas cirúrgicas4.

A ideia de que a atuação da equipe multiprofissional e a do enfermeiro têm


como fundamental objetivo, minimizar o catabolismo impedindo que o paciente
se desnutra ou, se a desnutrição já estiver instalada, que não se agrave e tam-
bém em minimizar a perda de massa magra e, ao mesmo tempo, fornecer cal-
orias para o organismo5.

Foi evidenciado em um estudo que os pacientes ao serem internados na UTI


com sepse (em estado crítico), durante o período de observação, não rece-
biam um suporte nutricional precoce. Com esse erro, o aumento no tempo de
internação e permanência na ventilação mecânica. Além disso, evidenciou um
crescente aumento na realização de diálise e no índice de mortalidade15.

Hoje se trabalha com a chamada terapia nutricional enteral precoce, no qual, o


paciente, não mais fica em dieta zero, a TNE é realizada em até 48 horas e de
preferência nas primeiras 24 horas4.

Com essa instalação precoce da TNE, se visa manter funcionante o trato gas-
trointestinal (TGI), evitando a degradação dos enterócitos (células que con-
stituem os intestinos), a translocação bacteriana, risco de sepse e também na
melhora da cicatrização tecidual, no fortalecimento orgânico e no melhoramento
do sistema imunológico4. Há também a ideia que a terapia nutricional enteral
precoce pode ser um importante fator na promoção da saúde, diminuição do
estresse fisiológico e manutenção da imunidade16.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Verificou-se através da busca e análise dos dados a escassez de estudos da
área da enfermagem sobre o tema Nutrição enteral. É evidente a necessidade
de aprimorar os conhecimentos sobre tal tema, tendo como principal motivação,
assegurar uma assistência de qualidade e que ajude o paciente reconstituir sua
4. Matsuba CST, Magoni D. Enfermagem em saúde. Em nível de motivação para a construção do artigo, vimos a real necessi-
terapia nutricional. Ed. Savier. 1°ed. São dade de abordar tal temática em função de despertar o interesse de enfermeiros
Paulo – SP, 2009. Pg.35-123. para a pesquisa nessa linha de cuidado.
5. Cruz EDA, Hermann AP. Enfermagem em
nutrição enteral: Investigação do con- Os achados bibliográficos usados na confecção do artigo trouxeram uma impor-
hecimento e da prática assistencial em tante fundamentação teórico-cientifico, nos mostrando os aspectos da desnu-
hospital de ensino. Revista Cogitare – trição, estado crítico e a relevância da adequação da terapia nutricional enteral
UFPR. Curitiba – PR, 2009. vol. 13, n° como a grande chave para um bom funcionamento corpóreo, na reabilitação do
4, pg. 520-525. individuo e no cessar dos agravantes da desnutrição. Além de afirmar a neces-
15. Bonametti et al. O início precoce do sidade da atuação de uma equipe multidisciplinar para o cuidado do paciente
suporte nutricional como fator prognósti- em terapia nutricional.
co para pacientes com sepse grave e
choque séptico. Semina: Ciências bi- A realização desse artigo se firmou perante a necessidade de identificar qual
ológicas e da saúde. Londrina – PR. Vol. eram as ações do profissional enfermeiro na administração da TNE, além de
32 n° 2 , pg. 135-142, 2011. seu papel de conduzir a equipe de enfermagem e em virtude das diminuições
16. Assis, et al. Nutrição enteral: diferenças de complicações, no manejo e permanência da sonda no paciente. Contudo,
entre volume, calorias e proteínas pre- pode-se afirmar que o enfermeiro é fundamental ator nessa assistência, pois,
scritos e administrados em adultos. Re- seu cuidado deve ser baseado na contemplação das necessidades humanas
vista Brasileira Terapia Intensiva. Porto básicas, assegurando ao paciente, um cuidado holístico, integral e humanizado.
Alegre – RS. vol. 22, nº 4, Pg. 346-350,
2010.

COORTE - Revista Científica do Hospital Santa Rosa. 2014; (4): 53-59


Terapia Nutricional Enteral em Pacientes Críticos 59

ABSTRACT
The following article presents the actions of the nurse points out the prevalence of hospital malnutrition; has the
meaning of a critical condition and the importance of TNE in restoring the patient; emphasizes multidisciplinary care
and the figure of the nurse as critical for the realization of Enteral Nutrition Therapy.
Objetive: The objective with this study describes the actions of the nurse in the administration of enteral nutrition.
Methods: Study literature review of qualitative / descriptive. Research conducted through the use of health de-
scriptors (DECS) which are: nursing care. Malnutrition. Critical condition. Enteral nutrition. Data collection occurred
between the months of August / September 2013 Held crosses between descriptors was possible through inclusion
and exclusion criteria relevant publications were selected for the preparation of the article. By analysis of each arti-
cle, was elected 03 categories. The article meets the ethical and copyright aspects covered in the National Council
of Health No. 466 of December 12, 2012.
Results/Discussion: The author chose 03 categories:
01 - The actions of the nurse in Enteral Nutrition Therapy (NET);
02 - hospital malnutrition versus Enteral Nutrition Therapy;
03 - Nutritional therapy in critically ill patients. Discussion of these categories.
Final Thoughts: He pointed up the real importance of TNE for maintaining bodily function of the patient; the ces-
sation of injuries of hospital malnutrition; the importance of the professional nurse; finding of lack of scientific pro-
duction of nursing professionals working on the topic here.

Keywords: nursing care. Malnutrition. Critical condition. Enteral nutrition

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