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EDUCAÇÃO

FÍSICA
SUMÁRIO

A ASSOCIAÇÃO DA OBESIDADE COM DOENÇAS CARDIOVASCULARES EM CRIANÇAS


E ADOLESCENTES NUMA COMPARATIVA COM ADULTOS: Uma Análise sobre a Ótica
de Mortalidades Associadas ...................................................................................................... 5
Lucineio Gonçalves dos Santos; Renan Augusto Almeida de Oliveira;
Vinícius Gomes da Silva; Dagnou Pessoa de Moura

A IMPORTÂNCIA DAS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS NOS JOGOS ESPORTIVOS


COLETIVOS ................................................................................................................................ 14
Matheus Luan Conti da Silva; Leandro Paschoali Rodrigues Gomes;
Osvaldo Tadeu da Silva Junior; José Alexandre Curiacos de Almeida Leme;
João Rufino da Silva Jr.

A IMPORTÂNCIA DE UM TREINAMENTO PREVENTIVO, INDIVIDUAL E ESPECÍFICO


PARA ATLETAS DE BASE NO BASQUETEBOL .................................................................... 24
Daikiti Eduardo Tanimoto; Phamela Afonso de Oliveira;
Leandro Paschoali Rodrigues Gomes

A INFLUÊNCIA DO FATOR SOCIOECONÔMICO SOBRE O DESENVOLVIMENTO MOTOR


NO PROCESSO DIDÁTICO DA NATAÇÃO .............................................................................. 34
Cristiano Pereira de Magalhães Junior; Gabrieli Paulos Pimentel Freire;
Osvaldo Tadeu Silva Junior

A PERCEPÇÃO SUBJETIVA DO ESFORÇO NO CONTROLE DA CARGA INTERNA NO


EXERCÍCIO ................................................................................................................................. 46
André Zanolo Cardoso; Christian da Silva Euzébio; Fernanda Mattos Cavalcante Castilho;
José Alexandre Curiacos de Almeida Leme

ATIVIDADE FÍSICA PARA MULHER PORTADORA DE VASCULITE CHURG STRAUSS:


Estudo de Caso ......................................................................................................................... 56
Dagnou Pessoa de Moura; Julio Wilson dos Santos

CAPACIDADES FÍSICAS DE IDOSOS PRATICANTES DE MUSCULAÇÃO E


HIDROGINÁSTICA: Uma Revisão de Literatura ..................................................................... 68
Carlos Eduardo Gonçalves Zerbini; Vanessa de Aquino Sales; Giseli de Barros Silva

CAPACIDADES FÍSICAS NO BASQUETEBOL ........................................................................ 78


Elison Antônio Cavalcanti Rosa; Gledman Ferreira Lima;
Maria Fernanda Mathias Gonçalves; Giseli de Barros Silva

COMPARAÇÃO DAS CAPACIDADES FÍSICAS EM ATLETAS DE DIFERENTES


MODALIDADES NO PERÍODO PRÉ E PÓSTREINAMENTO COMPETITIVO......................... 86
Izabella de Mello Ferreira Carrareto; Matheus Schiavon Modesto Ferreira;
Giseli de Barros Silva

CONTRIBUIÇÕES DO PROJETO DE EXTENSÃO CRIANÇA ATIVA, NA FORMAÇÃO DOS


ACADÊMICOS DO CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA............................................................... 95
Luana Neves da Silva; Cláudia Diniz de Moraes

EDUCAÇÃO FÍSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL: Uma Experiência de Estágio ................ 110


Ivo Manuel Justino Vicente; Luciana Gonçalves Monteiro;
Michely Rita De Cássia Cavalari Prado; Cláudia Diniz De Moraes

EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO MÉDIO: Relato de Estágio .............................................. 119


Augusto Candido da Silva Junior; Bruna Pelk Moraes; Yan Richel de Araujo Penha;
Cláudia Diniz de Moraes

2
EFEITOS DA ATIVIDADE FÍSICA EM PORTADORES DE DIABETES MELLITUS .............. 126
Edson Pereira Moraes Junior; Dagnou Pessoa de Moura; Julio Wilson dos Santos

EFEITOS DO PROGRAMA DE TREINAMENTO FUNCIONAL NAS CAPACIDADES FISICAS


DO FUTSAL .............................................................................................................................. 139
Simone Januário Sant´ana Marcon; Tiago Aparecido Oliveira da Silva;
Vinicius Brancaglion Garcia; Dagnou Pessoa de Moura; Julio Wilson dos Santos

EFEITOS DO TREINAMENTO FUNCIONAL NAS CAPACIDADES FÍSICAS DAS MULHERES


................................................................................................................................................... 149
Beatriz da Silva Ribeiro; Eliane de Almeida Travalon; Natali Anastácio Ribeiro;
Dagnou Pessoa de Moura

EFEITOS DO TREINAMENTO SENSÓRIO MOTOR E DO SISTEMA VESTIBULAR SOBRE A


FUNCIONALIDADE E EQUILÍBRIO DE IDOSOS ................................................................... 161
Leandro Luiz Barbosa; Matheus Rodrigues de Paula; Rafael Gallinari Tolentino;
Jonathan Daniel Telles

EXERCÍCIO FÍSICO E OBESIDADE: Papel do Exercício na Melhora da Ação da Insulina


................................................................................................................................................... 172
Alessandro Leopoldino Martins; Gustavo Marinho do Nascimento; Pedro Henrique;
Silvia Cristina Beozzo Junqueira; José Alexandre Curiacos de Almeida Leme

EXPERIÊNCIA DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM UMA ESCOLA PÚBLICA DE CAMPO


GRANDE/MS............................................................................................................................. 185
Kalebe Augusto de Albuquerque Souza; Talys Barreto de Souza; Cláudia Diniz de Moraes

GINÁSTICA RÍTMICA E AS ARTES CIRCENSES NA EDUCAÇÃO FÍSICA ......................... 190


Ana Salene Santos Silva; André Silveira Insfran; Melvinda Honorina da Silva;
Cláudia Diniz De Moraes

IMPORTÂNCIA DE JOGOS ESPORTIVOS COLETIVOS PARA IDOSOS: Enfoque nas


Inteligências Múltiplas ............................................................................................................ 196
Gabriel Hiibner Nunes; Juliane de Oliveira; José Alexandre Curiacos de Almeida Leme;
Leandro Paschoali Rodrigues Gomes; João Rufino da Silva Jr.

INFLUÊNCIA DO TREINAMENTO PLIOMÉTRICO EM JOGADORES AMADORES DE


FUTSAL DURANTE O SPRINT: Uma Revisão de Literatura ................................................ 206
José Guilherme Camargo; Vanessa de Aquino Sales;
Leandro Paschoali Rodrigues Gomes

O CONHECIMENTO E USO DE ESTERÓIDES ANABOLIZANTES POR ACADÊMICOS DO


CURSO DE BACHAREL EM EDUCAÇÃO FÍSICIA DE UMA UNIVERSIDADE DO INTERIOR
PAULISTA................................................................................................................................. 215
Alessandro Leopoldino Martins; Raíssa Bueno de Almeida;
Luciana Marcatto Fernandes Lhamas

OBESIDADE INFANTIL E ATIVIDADE FÍSICA: Artigo de Revisão ...................................... 220


Helder Luis de Freitas; Simone Januário Sant'Ana Marcon; Liana Paula Garcia Scrocchio;
José Maria de Omena; Osvaldo Tadeu Silva Junior

OBESIDADE, EXERCÍCIO FÍSICO, ALIMENTAÇÃO E QUALIDADE DE VIDA .................... 234


Michelle Saucedo Tessarolli; Gabriela da Silva Ferraz; Danilo Rodrigo Dezotti;
Leandro Paschoali Rodrigues Gomes

RELAÇÃO ENTRE ATIVIDADE FÍSICA AQUÁTICA E SISTEMA RESPIRATÓRIO ............. 247


Anderson Júnior Monteiro; Michele Lousado da Silva; Ana Cláudia de Souza Costa

3
RELATO DAS VIVÊNCIAS OBTIDAS DENTRO DO CAMPO DE ESTÁGIO
SUPERVISIONADO II ............................................................................................................... 256
Gianluca Nascimento Frison; Ismael Albino; Samira Campos Jordão; Cláudia Diniz de Moraes

RELATOS SOBRE O ESTÁGIO SUPERVISIONADO: Educação Física Escolar ................ 262


Alex Nogueira Rodrigues; Pamella Strogueia da Costa de Souza;
João Victor Boiarenco Jordão; Cláudia Diniz De Moraes

TREINAMENTO DE FORÇA E SUAS APLICABILIDADES  ................................................... 269


César Augusto Lima dos Santos; Weslley Henrique Bronzoli; Dagnou Pessoa de Moura

TREINAMENTO DE FORÇA VERSUS FLEXIBILIDADE ........................................................ 277


Natália Spin; Lucas Gouvea de Oliveira; Paulo Rodrigo dos Santos Tejo;
Leandro Paschoali Rodrigues Gomes

TREINAMENTO FUNCIONAL PARA ATLETAS DE FUTSAL ENTRE 14 E 16 ANOS ......... 291


Bruno Teles Ricci; Lucas Vaz Bezerra; Raul Lucas Correia Stancia;
Dagnou Pessoa de Moura; Julio Wilson dos Santos

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A ASSOCIAÇÃO DA OBESIDADE COM DOENÇAS CARDIOVASCULARES
EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES NUMA COMPARATIVA COM
ADULTOS: Uma Análise sobre a Ótica de Mortalidades Associadas

Lucineio Gonçalves dos Santos – lugosan10@hotmail.com


Renan Augusto Almeida de Oliveira – renaneducacaofisica@hotmail.com
Vinícius Gomes da Silva – vinicius03et@hotmail.com
Graduandos em Educação Física – UniSALESIANO Lins
Prof. Esp. Dagnou Pessoa de Moura – dagnou@hotmail.com
Docente – UniSALESIANO Lins

RESUMO

O objetivo deste estudo foi descrever a associação e relação da


obesidade com os fatores de risco que acometem as doenças cardiovasculares
em crianças, adolescentes e adultos. Através de uma visão analítica sobre a
fisiologia patológica, foram abordadas as principais diferenças funcionais e
organizacionais desencadeadoras de mortalidades decorrentes, nestas
populações. O método utilizado foi uma revisão sistemática da literatura
pertinente ao tema. Os resultados mostraram que crianças e adolescentes, por
questões ligadas à idade e melhor resposta físico-neurais, estão menos
vulneráveis às doenças cardiovasculares, quando inseridos programas
dietéticos associados ao exercício.

Palavras-chave: Obesidade. Doenças Cardiovasculares. Mortalidade.

INTRODUÇÃO

A obesidade é uma doença crônica multifatorial consequente da


correlação entre acumular e depletar energia, ou seja, o organismo necessita
constantemente em obter e gastar energia, pela lógica deste processo
contínuo, o ganho calórico (mesmo que de forma não excessiva) e a não perda
deste ganho gera o acúmulo no tecido adiposo tornando o indivíduo em obeso,
ou seja, a ingestão de alimentos é maior do que a capacidade do organismo
realizar o metabolismo da queima do excedente ingerido, culminando com a
transformação em gorduras e posterior acúmulo no organismo. Assim, o
metabolismo perde a homeostase energética culminando em um processo
inflamatório do tecido adiposo. (HALL; GUYTON, 2011).
Para avaliar o estado nutricional de um indivíduo e determinar se ele

5
apresenta obesidade, usa-se a tabela que mede o índice de massa corporal
(IMC), onde se divide o peso (kg) pela altura ao quadrado (alt²). Os valores
para tanto, são acima de 20% do peso corporal em homens e 30% em
mulheres. (NEGRÃO; BARRETTO, 2010).
Em crianças e adolescentes a Organização Mundial da Saúde (OMS)
recomenda as Curvas de Crescimento atualizada do National Center for Health
Statistics (NCHS) de 1977, com valores de percentuais acima de 95% para
obesidade. (OMS, 2007).
Quanto à distribuição e localização, o excesso de gordura pode ser
depositado na região abdominal, também denominada como gordura visceral
com incidência maior entre os homens, global (generalizada), ou na região do
quadril, comum entre as mulheres. Dependendo do grau e distribuição da
gordura no organismo, há uma predisposição muito íntima com o surgimento
de comorbidades (patologias) associadas à obesidade. (NEGRÃO; BARETTO,
2010).
A obesidade abdominal ou visceral, por se localizar em meio a tecidos e
órgãos com alto grau de complexidade metabólica, está associada ao risco de
doenças cardiovasculares (DCV), causadas por resistência à insulina, diabetes,
hipertrigliceridemia, desequilíbrio do colesterol (principalmente redução do
HDL) e hipertensão arterial. (SERRANO; TIMERMAN; STEFANINI, 2009).
A Organização Mundial da Saúde (OMS), em um informativo sobre a
situação global para mortes relacionadas às doenças crônicas não
transmissíveis (DCNT) destacando a obesidade, diabetes, hipertensão arterial,
DCV, registrou que em 2012 38 milhões de pessoas morreram em decorrência
das DCNT e que destes, 16 milhões das mortes ocorreram antes dos 70 anos.
Mesmo com um declínio, as mortes por DCV representam a maior taxa de
mortandade em todo o mundo. (MENDIS et al., 2014).
No Brasil, as mortes por DCNT representam 70% antes dos 70 anos. A
obesidade é o fator de risco às relacionadas ao sistema cardiovascular. A
hipertensão arterial atingiu 31,3 milhões de brasileiros acima dos 18 anos em
2013, enquanto que o colesterol, que também é fator de risco para DCV foi de
18,4 milhões na mesma faixa etária. As DCV acometeram 6,1 milhões de
brasileiros acima de 18 anos e o acidente vascular cerebral (AVC) foi de 2,2
6
milhões. (PEREIRA et al., 2014).
Segundo o sistema de informações sobre mortalidades (SIM), em 2016
morreram 2.528 crianças e adolescentes na faixa etária entre dez á dezenove
anos no Brasil, vítimas de DCNT. (CGIAE/SVS/MS, 2016).
Crianças e adolescentes não possuem a mesma capacidade física que
os adultos. Porém, os estágios metabólicos da obesidade, causas e os riscos
decorrentes são os mesmos (NEGRÃO; BARRETO, 2010).
Assim, este estudo tem por objetivo fazer uma revisão da literatura para
desvelar a diferença de mortalidades por DCV em crianças e adolescentes
obesos com adultos obesos, sendo estes últimos mais afetados.

1 CARACTERÍSTICAS QUE DIFERENCIAM MORTALIDADES POR


CARDIOPATIAS ENTRE CRIANÇAS/ADOLESCENTES E ADULTOS
OBESOS

Fisiologicamente, o ganho de peso durante a infância e adolescência é


similar ao do adulto, a diferença está na constante alteração morfológica de
estatura e hormonal principalmente na adolescência, fazendo com que o
metabolismo desvie parte da ingestão calórica para estas necessidades.
(SERRANO; TIMERMAN; STEFANINI, 2009).
Para que haja o aparecimento de cardiopatias, deve existir a associação
de ao menos duas condições clínicas, caracterizando uma síndrome
metabólica (SM); o acúmulo de gordura na região abdominal e a resistência à
insulina. Somente esta associação é responsável por aumentar em duas vezes
a mortalidade em cardiopatas, e uma vez e meia fatores diversos.
(VALMORBIDA et al., 2013).
Para Negrão e Barretto (2010), há a necessidade de mais um fator para
a caracterização da SM, como exemplo a hipertensão arterial.
O acúmulo de gordura provoca o desequilíbrio dos níveis de glicose na
corrente sanguínea (hiperinsulinemia), gerando uma reação metabólica ao
nível endócrino no que tange a produção do hormônio insulina pelo pâncreas,
que injeta maiores doses de insulina no sangue na tentativa de conter o
excesso de glicose. Isso não ocorre, pois em indivíduos obesos a quebra,
7
transformação em glicogênio e utilização energética se encontra ineficiente,
com isso a insulina aumentada passa a compor a estrutura do organismo
atuando de forma prejudicial, com o surgimento do diabetes mellitus. Talvez o
mais sério problema relacionado à resistência à insulina seja a vasoconstrição
periférica cardíaca, induzindo o surgimento de DCV. (GUTTIERRES; MARINS,
2008).
A ação da insulina atua no controle cardiovascular, agindo no sistema
nervoso simpático com a produção de L-arginina-óxidonítrico em indivíduos
normais, o que não acontece em obesos porque o excesso de gordura inibe a
vasodilatação, justamente por haver resistência à insulina, alterando o sistema
nervoso simpático, assim o fluxo sanguíneo quando aumentado tenciona as
vias de passagens, com maiores efeitos próximos ao coração. (NEGRÃO;
BARRETTO, 2010).
A partir do momento em que os triglicerídeos causam grandes inchaços
em todo o corpo, o pâncreas aumenta a quantidade de insulina na corrente
sanguínea, assim não ocorre a quebra das gorduras (lipólise) que se dá
através da adiponectina, portanto, a insulina perde sua ação no combate ao
excesso de gorduras. Os triglicerídeos são a gordura adiposa que acarreta a
obesidade, propriamente dito. (HALL; GUYTON, 2011).
Com a vasodilatação diminuída, os obesos desenvolvem as chamadas
cardiopatias acionogênicas obstrutivas, que são o tamponamento de artérias e
válvulas cardíacas pelo processo de formação de placas de gorduras
(aterosclerose) no interior das mesmas. Consequentemente, provoca a
hipertrofia miocárdica e em associação com a isquemia e também fibrose
miocárdica, aumenta a pressão sistólica. Esses eventos são traduzidos em
insuficiência cardíaca, elevando a capacidade de trabalho do coração, levando
o indivíduo à óbito. Porém, mesmo com tais fatores (isquemia e fibrose), e que
o fluxo sanguíneo se mantenha ativo, o risco de falência cardíaca é diminuído.
(SERRANO; TIMERMAN; STEFANINI, 2009).
A insuficiência cardíaca pode ter seu agravamento com a perda da
contração cardíaca. A ação da actina e miosina diminuem com o aumento da
massa muscular do coração (hipertrofia cardíaca), este é processo acelerado
em obesos e conforme avanço da idade. Por isso as crianças obesas estão
8
menos propensas aos distúrbios contráteis do miocárdio, consequentemente, o
fluxo sanguíneo é mais eficaz. (SERRANO; TIMERMAN; STEFANINI, 2009).
Todas as disfunções cardiovasculares justificadas com as alterações
metabólicas associadas á obesidade, elevam a pressão arterial que ocorre por
compressão dos tecidos adjacentes ou por diminuição do calibre interior dos
vasos e artérias cardiopulmonares, devido ao acúmulo de placas de gorduras
(aterosclerose). Valores acima de 140mmhg (sístole) e 90mmhg (diástole) já
diagnosticam a hipertensão arterial. Para cada aumento de um quilograma de
gordura, eleva a pressão, em um (1) mmhg. Da mesma forma, a
hiperinsulinemia também aumenta a pressão arterial por atuar no hipotálamo
na ação vasoconstritora muscular e reabsorção sódica dos rins.
O Bogalusa Heart Study (1999 apud NEGRÃO; BARRETTO, 2010),
provou a existência de relação entre o excesso de peso com as DCVs em um
estudo com crianças e adolescentes entre cinco á dezessete anos.
Já McMahan (2006), revelou que as mortes de adolescentes com fatores
de risco para as DCVs, têm relação com a aterosclerose assintomática
coronariana precoce. (NEGRÃO; BARRETTO, 2010).
Estes mecanismos atuam de forma conjunta na hipertensão arterial
contribuindo para a ruptura isquêmica, ou seja, há o deslocamento da placa
aterosclerótica ocasionando uma hemorragia interna, fazendo com que o
sistema imunológico faça o tamponamento total do local, induzindo ao infarto
agudo do miocárdio e falência cardíaca (CLAUDINO; ZANELLA, 2005;
NEGRÃO; BARRETTO, 2010).
A hipertensão arterial (em obesos) geralmente é precedida na infância e
adolescência e está associada á fatores genéticos e ambientais, assim como a
determinação dos locais que deverão ser acometidos, como a hipertrofia
ventricular esquerda, aumento da pressão arterial que se resumirá em riscos
cardiovasculares, tendo consequências somente na fase adulta. (SOUZA et al.,
2009).
Alterações neurológicas também provocam eventos destruidores nos
tratos cardiovasculares e cerebrais. A obesidade por desencadear e alterar
importantes reações neurológicas, principalmente ás que tem relação direta
com o hipotálamo, aumenta o risco de morbidades e mortalidades destes
9
indivíduos. A resposta mais provável para os distúrbios neurológicos
associados á obesidade, é a hiperatividade do sistema nervoso simpático,
aumentando a frequência cardíaca. (SERRANO; TIMERMAN; STEFANINI,
2009).
O hipotálamo é um importante ativador para as necessidades neurais,
constituindo o sítio de ação de hormônios ligados ao balanço energético
(insulina e leptina), além de regular a demanda destes hormônios de acordo
com a quantidade calórica ingerida. Quando há uma alteração de ordem
excessiva de calorias, há também uma mudança funcional hipotalâmica,
acelerando o sistema nervoso simpático. Se o indivíduo já apresenta um
quadro clínico obeso, e aumentada a atividade simpática, ao mesmo tempo
culminando com possíveis coágulos no cérebro e isquemia ou fibrose
cardíacas, tem-se, respectivamente, risco de mortalidades por AVC e lesões
cardíacas (parada cardíaca por fibrilação, miocitólise, necrose e edema)
(SERRANO; TIMERMAN; STEFANINI, 2009; NEGRÃO; BARRETTO, 2010).
Outro fator importante do bom funcionamento contrátil cardíaco é a
perfusão coronariana, que, para tal, depende da fosforilação oxidativa oriunda
do suplemento adequado do aporte de oxigênio, o que ocorre com a atividade
física. Assim, o exercício além de aumentar o aporte de oxigênio, aumenta
também o diâmetro das artérias diminuindo a resistência ao fluxo fazendo com
que ocorra uma “renovação gasosa” (por oxigênio) nos miócitos. Ao mesmo
tempo, o endotélio ao liberar a prostaciclina (vasoativa) assume a homeostase
das várias substâncias circulantes e regula tanto o fluxo sanguíneo como a
perfusão coronária do oxigênio, dando maior funcionalidade às funções
vasodilatadoras das artérias e contráteis do miocárdio (NEGRÃO; BARRETTO,
2010).
O exercício físico, diante da alta prevalência de mortalidade em casos
de indivíduos cardiopatas, passou a ser um meio de controle para os indivíduos
obesos em ambas as idades, principalmente por reduzir a sensibilidade á
insulina, aumentar a capacidade cardiorrespiratória, elevação da taxa de HDL,
menor pressão arterial e dar melhores repostas neurológicas do sistema
simpático e vasocirculatórias. (VALMORBIDA, 2013).
O consumo de alimentos entre os adolescentes brasileiros acontece
10
com a interação do tradicional (arroz, feijão), acompanhados da ingestão de
alimentos que são tidos como precursores da obesidade, como exemplo
bebidas açucaradas e sólidos com alto teor calórico.
Ainda, em relação a quantidade de alguns alimentos, o consumo de
frutas na faixa etária entre 12 á 13 anos foi baixo, mesmo estando entre os
vinte mais consumidos entre os meninos. Enquanto que o café está entre os
cinco mais consumidos no Norte, no Centro-oeste, Sudeste e Nordeste o feijão
é o segundo, o Sul foi a região que mais se consumiu refrigerantes entre os
adolescentes e no Centro-oeste o consumo de hortaliças estava entre os cinco
mais consumidos. Conclui-se que os adolescentes não têm informação sobre
quais alimentos são saudáveis ou não consumindo ambos de forma
desmedida. (PENIDO, 2017).
As crianças e adolescentes obesos possuem menor capacidade para a
prática de exercícios físicos se comparadas com adultos obesos, quando
observadas questões estruturais e maturacionais, menor capacidade
anaeróbica (com formação precoce do ácido lático e fadiga rápida), e menor
eficiência cardiovascular.
A avaliação e métodos para demonstrar a capacidade física das
crianças obesas ou não ainda são discutidos. Porém, Ribeiro et al. (2005), em
um estudo, revelaram que intervenções com dieta hipocalórica associadas á
exercício físico isométrico, num período de apenas quatro meses com crianças
obesas, reduziram a resposta pressórica e estresse mental com melhora
vasodilatadora e perda de peso (NEGRÃO; BARRETTO, 2010).
Em relação a atividade simpática das crianças obesas, se estimulada
alterando o receptor B2-adrenergético, substituindo a glutamina pelo ácido
glutâmico, há melhores respostas vasodilatadoras por conta de alterações
morfológicas comum em crianças e adolescentes favorecendo a perda de
peso, deixando-as menos vulneráveis aos males cardiovasculares.
De resumo, o exercício físico ativa os receptores B2-adrenergéticos
modulando a atividade simpática aumentando a atuação da enzima lipase,
fazendo a quebra (lipólise) da gordura obtendo maior gasto calórico.
(NEGRÃO; BARRETTO, 2010).

11
CONCLUSÃO

A origem das DCVs está associada, de modo geral, com o excesso de


peso e acometem todas as faixas etárias, porém o risco de mortalidade e óbito
é quase que exclusividade de indivíduos adultos. Os fatores que explicam tal
diferença são variados; a idade e melhores capacidades físico-neurais em
resposta á obesidade, beneficiam as crianças e adolescentes.
Crianças e jovens (obesos ou não) estão em fase de constante alteração
morfológica e metabólica (crescimento e liberação hormonal),
consequentemente, há menor ação de agentes promotores de DCVs e, de
certa forma, retarda possíveis eventos de falência do sistema cardíaco.
A melhor resposta ao exercício quando incorporado á dieta hipocalórica
promovem vasodilatação do miocárdio e artérias, fazendo com que as crianças
e adolescentes tenham mais eficiência cardiopulmonar, enfatizando a perfusão
de oxigênio nas coronárias e pulmões, resultando em respostas neurológicas
positivas. Assim, as crianças e adolescentes levam vantagem durante a prática
de exercício físico em relação aos adultos, deixando-as menos vulneráveis á
mortalidades por DCVs.

REFERÊNCIAS

CGIAE/SVS/MS. Monitoramento de indicadores de DCNTCGIAE Dashboard.


Sistema de Informações sobre Mortalidade. Brasília, dez 2016. Disponível
em:< http://svs.aids.gov.br/dashboard2/mortalidade/dcnt/>. Acesso em: 15 abr
de 2017.

CLAUDINO, A.M.; ZANELLA, M.T. Guia de transtornos alimentares e


obesidade/coordenação. Barueri: Manole, 2005, p.222-223.

FREEDMAN, D.S. et al.”The relation of overweight to cardiovascular risk factors


among children and adolescents: the Bogalusa Heart Study”. Pediatrics
103:1175-82, 1999.

GUTTIERRES, A.P.M.; MARINS, J.C.B. Só efeitos do treinamento de força


sobre os fatores de risco da síndrome metabólica. Revista Brasileira de
Epidemiologia. Universidade federal de Viçosa-MG, Juiz de Fora, 11(1): 147-
58, 2008.
12
HALL, J.E.; GUYTON, A.C. Tratado de fisiologia médica. 12. ed. Rio de
Janeiro: Elsevier, 2011.

MENDIS, S. et al. Informe sobre la situación mundial de las enfermedades no


transmisibles 2014. Organização Mundial da Saúde. Genebra, Suíça, 2014.
Disponível em:<www.who.int/ncd>. Acesso em: 15 abr de 2017.

McMAHAN, C.A. et al. “Pathobiological Determinants of Atherosclerosis in


Yoth Research Group. Pathobiological determinants of atherosclerosis in
youth risk scores are associated with early and advanced
atherosclerosis”. Pediatrics 118(4):1447-55, 2006.

NEGRÃO, C.E.; BARRETTO, A.C.P. Cardiologia do exercício: Do atleta ao


cardiopata. 3. ed. Barueri-SP, Manole, 2010.

OMS. Organização Mundial da Saúde. reference 2007: stata macro package.


Genebra, Suiça, 2007. Disponível em
<:www.who.int/growthref/readme_stata.pdf>. Acesso em: 15 abr 2017.

PENIDO, A. Portal da Saúde. Ministério da Saúde. Brasil, 2017. Disponível


em: www.saude.gov.br. Acesso em: 15 abr 2017.

PEREIRA, C.A. et al. Pesquisa Nacional de Saúde 2013; Percepção do estado


de saúde, estilos de vida e doenças crônicas. Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística. Rio de Janeiro, 2014.

RIBEIRO, M.M. et al. “Diet and exercise training restore blood pressure
and vasodilatory responses during physiological maneuvers in obese
children”. Circulation111(15):1915-23, 2005.

SERRANO, Jr. C.V.; TIMERMAN, A.; STEFANINI, E. Tratado de cardiologia:


SOCESP. 2 ed. Barueri-SP, Manole, 2009.

SOUZA, M.G.B. et al. Relação da obesidade com a pressão arterial elevada


em crianças e adolescentes. UFAL-FM, Maceió; UFSP-EPM, São Paulo,
2009.

VALMORBIDA, L.A. et al. Benefícios da modificação do estilo de vida na


síndrome metabólica-Fisioter. Mov., Curitiba, v. 26, n. 4, p. página 835-843,
set./dez, 2013.

13
A IMPORTÂNCIA DAS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS NOS JOGOS
ESPORTIVOS COLETIVOS

Matheus Luan Conti da Silva - matheuspolako25@hotmail.com


Graduando em Educação Física - UniSALESIANO Lins
Prof. Me. Leandro Paschoali Rodrigues Gomes - hilinho@unisalesiano.edu.br
Prof. Esp.Osvaldo Tadeu da Silva Junior - osvaldo.tadeu@gmail.com
Prof. Dr. José Alexandre Curiacos de Almeida Leme - zecuriacos@terra.com.br
Prof. Me. João Rufino da Silva Jr. - joaorufinovarandas@hotmail.com
Docentes - UniSALESIANO Lins

RESUMO

O objetivo deste artigo é refletir sobre a importância do desenvolvimento


de inteligências, para uma prática de excelência em jogos esportivos coletivos
(JEC), utilizando como estrutura a teoria das inteligências múltiplas de Howard
Gardner. Pois, são evidentes as evoluções constantes ao longo do tempo nos
JEC, em relação às regras, aspectos técnicos, táticos e físicos, além de toda a
imprevisibilidade, aleatoriedade e variabilidade que o jogo proporciona, o
tornando cada vez mais complexo, neste sentido torna-se importante a
adaptação dos atletas a esta evolução, sendo necessário o desenvolvimento
de inteligências que facilitem este processo e possibilite uma integração dos
elementos técnicos, táticos, físicos e cognitivos, buscando o alto rendimento
dentro do jogo.

Palavras-chave: Inteligências Múltiplas. Jogos Esportivos Coletivos. Pedagogia


do Esporte

INTRODUÇÃO

Nas modalidades esportivas coletivas que exigem estratégia refinada


como o futebol, voleibol, basquetebol, handebol e futsal o componente
cognitivo (inteligência) é essencial para os processos de seleção de resposta
para a “leitura de jogo” e tomada de decisão. (GRECO, 2010). Este elemento
torna-se extremamente importante diante da imprevisibilidade, aleatoriedade e
variabilidade que o jogo proporciona, desta forma conseguirão as melhores
respostas diante das problematizações encontradas no ambiente de jogo,
aqueles atletas que tiverem boas opções para tomada de decisão, sendo estas
construídas pela inteligência (cognição) do atleta.
Um exemplo é o armador do basquetebol em uma situação ofensiva,
14
que ao realizar a “leitura de jogo” deve analisar e avaliar as possibilidades de
um passe, drible ou arremesso, movimentação de seus companheiros,
posicionamento da equipe adversária e então tomar a melhor decisão que se
tem no contexto de jogo, no entanto este armador apenas conseguirá
responder positivamente a este problema e imprevisibilidade apresentado nas
situações de jogo, caso tenha condições cognitivas de aliar ação tática com
movimento técnico.
Portanto é válido destacar que a inteligência é um conceito comum para
designar os diversos processos se relacionam com a consciência e o
conhecimento, gerado em estruturas encefálicas. Segundo Balbino (2007), este
conhecimento dado como inteligência é um elemento que acompanham todos
desde seu nascimento, juntamente com suas diversas facetas, porém é
importante ressaltar que essa inteligência precisa ser ativada e estimulada ao
longo da vida, através do ambiente em que essa pessoa vive.
O potencial de inteligência ativado conseguirá proporcionar ao indivíduo
inúmeras possibilidades de ações responsáveis por resolver problemas a
diversas competências humanas, indicar a satisfação de necessidades
prementes ou acionar os mecanismos de criatividade. No entanto, a ativação
deste potencial, deve acontecer através de ambientes próprios que consigam
de forma direta ou indireta estimular inteligências.
Balbino (2007) afirma que essa construção de ambiente inteligente
passa por dois eixos fundamentais: organizar tarefas e oferecer intervenções
que promovam a solução de problemas, diante disto, esta proposição pode ser
dimensionada pela composição de tarefas organizadas como possibilidade
comportamental da manifestação de habilidades ou competências do aprendiz
através de perguntas, metáforas, diálogos, analogias, ou elaboração de outros
procedimentos pedagógicos que consigam atender as intenções das
proposições de ensino, vivência e aprendizagem no esporte através da
abordagem referente à inteligência.
Desta forma é importante que haja um planejamento adequado de
métodos de ensino-vivência-aprendizagem que consigam desenvolver nos
atletas a capacidade de serem inteligentes para o jogo. Pois, de que adianta
um atleta obter recursos físicos, técnicos e táticos para jogar, se não possuir
15
inteligências para usar estes recursos na resolução de problemas advindos dos
jogos, através de ótimas tomadas de decisões.
Sendo assim, destaca-se a possibilidade do desenvolvimento global
para prática em excelência de Jogos Esportivos Coletivos, através de uma
relação, entre o ensino de elementos físicos, técnicos e táticos integrados aos
estímulos das inteligências, obtendo como base a teoria das inteligências
múltiplas de Howard Gardner.

1 JOGOS ESPORTIVOS COLETIVOS (JEC)

Em uma definição de JEC, Teodorescu (1984), conceitua-o como uma


atividade social organizada, na qual os participantes estão agrupados em duas
equipes numa relação de adversidade típica não hostil (rivalidade esportiva)
sendo determinada pela disputa através de luta visando à obtenção da vitória;
com a ajuda da bola (ou outro implemento do jogo).
Os JEC são constituídos por várias modalidades esportivas: voleibol,
futsal, futebol, handebol, polo aquático, basquetebol - entre outros (OLIVEIRA;
1998). São modalidades que apresentam elementos comuns em sua forma de
jogar: um objeto, geralmente uma bola, movimentada com as mãos, pés ou
bastões/raquetes; um terreno, onde acontece o jogo; uma meta, a ser atacada
ou defendida; companheiros de equipe, que juntos cooperam buscando
alcançar os objetivos do jogo, adversários a serem superados e regras a se
respeitar.
Os JEC são confrontos entre duas formações, duas equipes,
condicionadas pelo cumprimento do regulamento, que se dispõe de forma
particular no terreno de jogo e se movimentam, com o objetivo de vencer
(BAYER, 1994).
Dentre as características dos JEC pode-se afirmar que a relação de
oposição entre os jogadores das duas equipes em confronto e a relação de
cooperação entre os elementos da mesma equipe, ocorridas em ambiente
aleatório, complexo e imprevisível, traduz a essência dessas modalidades
(SANTANA, 2015).
É válido destacar que os JEC ocupam um lugar no quadro cultural
16
desportivo contemporâneo, dado que, na sua expressão multitudinária, não são
apenas espetáculos, mais um meio de Educação Física desportiva e campo de
aplicação da ciência (GARGANTA, 1998).
Pela relevância dos JEC no cenário cultural, Paes (2002), afirma que, é
possível verificar um aumento crescente no diálogo acadêmico sobre estas
modalidades.
Dentre os inúmeros assuntos que rodeiam os JEC, pode-se afirmar que
dialogar sobre sua essência, que é a imprevisibilidade, aleatoriedade e
variabilidade tornou-se primordial, pois assim os processos de ensino-vivência-
aprendizagem são facilitados. Entender o imprevisível claramente é impossível,
no entanto desta forma, os caminhos para compreender quais elementos
devem ser desenvolvidos para uma melhor atuação dentro do jogo é plausível.
Em relação a estes elementos, fundamentais para o jogo (técnica, tática,
física e cognitiva), destaca-se a importância do aspecto cognitivo, pois diante
de toda imprevisibilidade no contexto de jogo é a inteligência que conseguirá
responder da melhor forma ás problematizações. Portanto as inteligências
destacam-se como um dos fatores primordiais para que se jogue com
qualidade.
Assim, as ações técnicas e as ações táticas são conexas, pois, a técnica
bem executada dependerá de uma ação tática com qualidade, esta
dependente de aspectos cognitivos, as inteligências. O quadro exemplifica a
relação existente entre as ações técnicas (relacionadas à capacidade motora,
fundamentos) e as ações táticas (relacionada à capacidade cognitiva,
inteligências) de modo que contribuam para o desenvolvimento da capacidade
de jogo (SAAD, 2002).
Figura 1: Relações Existentes entre Técnica e Tática

Fonte: SAAD, 2002


17
Sendo assim, o mais importante, sobretudo, é desenvolver nos atletas
uma disponibilidade motora e mental. Portanto, pode-se afirmar que o processo
de ensino-vivência-aprendizagem nos JEC deve ser respeitado de acordo com
as características de imprevisibilidade, complexidade e aleatoriedade e que
exigem uma leitura rápida e inteligente para as constantes tomadas de
decisões no jogo. (SANTANA, 2015).

2 INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS

Gardner (1994 apud BALBINO, 2007) dimensionou em sua teoria das


inteligências múltiplas a existência de oito inteligências, na qual trataria de
resoluções dos problemas inerentes ás pessoas, podendo obviamente
relacionar-se com as problematizações encontradas na imprevisibilidade dos
JEC. Sendo: Inteligência cinestésico corporal, a Inteligência verbal linguística, a
Inteligência lógico-matemática, a Inteligência musical, a Inteligência espacial, a
Inteligência naturalista, a Inteligência interpessoal e a Inteligência intrapessoal.
Abaixo serão definidas as inteligências citadas, fazendo uma relação com os
JEC.
Inteligência Cinestésico Corporal: é definida por usar o corpo ou parte
dele, para resolver os problemas, tendo a capacidade de trabalhar com objetos
de forma hábil, tanto para os movimentos que envolvem habilidade motora fina
ou grosseira do corpo. Portanto é nítido que atletas usam dessa inteligência
para resoluções dos problemas encontrados nos jogos (GARDNER, 1994 apud
BALBINO, 2007).
Inteligência Verbal Linguística: habilidade para aprender línguas bem
como a capacidade de se utilizar a linguagem para atingir certos objetivos. Esta
inteligência se mostra diretamente envolvida nos jogos, pois receber por meio
de transmissões de ordens verbais, instruções de aprendizagem técnica ou de
estratégias táticas e interpretá-las com eficiência, falar com os companheiros
em momentos adequados são inteligências essenciais para o jogo.
(GARDNER, 1994 apud BALBINO, 2007).
Inteligência Lógico-Matemática: é a capacidade de analisar os
problemas com lógica, também definido como resoluções de problemas
18
significativamente rápidos. No contexto dos jogos refere-se á compreensão de
diagramas, símbolos e códigos utilizados pelo técnico ou professor na
orientação das táticas e estratégias; também pela interpretação e compreensão
de estatísticas e gráficos do jogo; familiaridade com os conceitos de tempo de
jogo, aspectos de causa e efeitos relacionados a regras e regulamentos do
jogo e da competição. (GARDNER, 1994 apud BALBINO, 2007).
Inteligência Musical: habilidade na atuação, composição e na apreciação
de padrões musicais. Nos JEC esta inteligência refere-se às respostas variadas
aos sons dirigidos do ambiente, como exemplo, os provocados pela plateia, em
manifestações favoráveis ou contrárias ao indivíduo ou equipe (GARDNER,
1994 apud BALBINO, 2007).
Inteligência Espacial: reconhecer e manipular os padrões do espaço,
desta maneira um atleta com uma inteligência espacial eficiente, pode
apresentar as seguintes características para os JEC: utilização das imagens
aprendidas nos treinos para recordações no momento do jogo, interpretação de
esquemas táticos, tomadas de decisões ao visualizar movimentos táticos
(GARDNER, 1994 apud BALBINO, 2007).
Inteligência Interpessoal: capacidade de entender as intenções,
motivações e os desejos do próximo. Nos JEC essa inteligência apresenta-se
da seguinte forma: interação com os companheiros de equipe, participação das
ações coletivas da equipe, influência nas ações dos companheiros de equipe,
de forma construtiva, habilidade na mediação de conflitos entre os
companheiros de equipe, o indivíduo com esta inteligência tem a capacidade
de liderança. (GARDNER, 1994 apud BALBINO, 2007).
Inteligência Intrapessoal: capacidade da pessoa se conhecer, ter um
modelo individual de trabalho eficiente incluindo os próprios desejos, medos e
capacidades, é o conhecimento dos aspectos internos de uma pessoa, ou o
acesso ao sentimento da própria vida. Tal inteligência encontra-se nas
seguintes ocasiões dos JEC: demonstração de motivação em realizar tarefas
em treinos e jogos, consciência e controle das emoções presentes durante o
jogo ou em competições, equilíbrio de emoções em momentos de pressões,
como em jogos decisivos ou momentos de aprendizados complexos.
(GARDNER, 1994 apud BALBINO, 2007).
19
Inteligência Naturalista: refere-se ao conhecimento ao mundo vivo,
identificando e reconhecendo a existência de outros seres vivos, também é
definida como a capacidade de observar, classificar e categorizar objetos. Nos
JEC encontra-se da seguinte forma: observação ao ambiente com interesse e
curiosidade, capacidade de compreender os diferentes tipos de complexidades
das atividades propostas, busca pelo entendimento de sua participação nos
treinos e jogos. (GARDNER, 1994 apud BALBINO, 2007).
Garganta (2006) cita o quanto elementos cognitivos são importantes
para o jogo, pois este apresenta inúmeras problematizações, isto por ser um
jogo de extrema variabilidade, imprevisibilidade e aleatoriedade. Diante de
todos estes aspectos vulneráveis que o jogo proporciona, fica evidente o uso
das inteligências para elaboração de estratégias responsáveis pela solução de
problemas.
Desta maneira, a ação de solucionar os problemas ocorridos nos JEC
envolve diferentes processos cognitivos, que incluem a atenção e a percepção,
a antecipação, a memória para evocar situações similares vivenciadas no
passado, pensamentos, todas estas tarefas cognitivas associadas entre si e
apoiadas em estruturas de conhecimento declarativo e processual (PAULA et
al., 1999), a utilização destes conhecimentos em situações de jogo permitirá ao
praticante a execução de operações que resultará em ações positivas para
aquela situação-problema.
Por conseguinte, pode-se dizer que o sucesso da ação escolhida
depende da capacidade que o jogador tiver para se adaptar aos contextos que
o jogo propõe e os momentos do jogo. Este processo poderá resultar na
construção e obtenção do ponto ou gol, mas também para evitar a conquiste o
mesmo pelos oponentes (GARGANTA, 2002).
Desta forma, é possível afirmar que são características dos jogadores
que possuem boa capacidade de leitura das situações de jogo: adaptam-se ao
jogo e se “impõem” durante a partida, realizam ações são de fácil execução e
sem esforço aparente; as decisões frequentemente resultam em sucesso para
a equipe (ARAÚJO; VOLOSSOVITCH, 2005).
Atletas com competência cognitiva em suas ações de jogo realmente
são considerados peritos (expert), pois possuem a compreensão de “o que
20
fazer” (tempo), “como fazer” (espaço) e “quando fazer” (situação) uso das
técnicas inerentes a performance de um jogo esportivo coletivo (GRECO, 2001;
OLIVEIRA et al., 2003). Ou seja, são aqueles que conseguem dar respostas
coerentes a todas as problematizações que o jogo proporciona, devido ao seu
alto poder de realizar todos os aspectos cognitivos.
Desta forma, é importante introduzir um método pedagógico que consiga
proporcionar ao praticante o desenvolvimento das inteligências, enriquecendo
as possibilidades em solucionar os problemas com as melhores tomadas de
decisões, posto isto, Balbino (2007) afirma que a ação pedagógica transcende
o método, um ambiente rígido reducionista que fragmentam para poder
construir gestos pode indicar para a ausência da flexibilidade na ação
pedagógica, podendo restringir o processo de aprendizagem e compreensão,
fatores estes essenciais para o desenvolvimento do jogo.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Dentro do amplo e diversificado universo que o esporte oferece, é


naturalmente exigido dos atletas atributos além do desempenho físico, ou seja,
a complexidade pede entendimento, compreensão, que supera apenas gesto
técnico ou capacidades físicas, sendo o desenvolvimento de inteligências o
suporte necessário para alcançar o êxito global referente a modalidade
esportiva coletiva.
As inteligências possuem um papel fundamental para o jogo em
modalidades coletivas, pois todo instante existem problemas a serem
solucionados objetivando o sucesso individual e coletivo da equipe.
Desta forma as ações técnicas devem estar conexas com as ações
táticas, pois tomadas de decisões defronte a imprevisibilidade, aleatoriedade e
variabilidade que constituem a complexidade dos jogos esportivos coletivos
necessitam de uma ação motora adequada após uma “leitura de jogo”
competente. Sendo assim a proficiência cognitiva é assinalada como requisito
nuclear para se alcançar uma performance de excelência nos JEC. É
importante ressaltar que a capacidade do jogador de responder às situações
do jogo é o que define suas inteligências.
21
Desta maneira, este estudo tem a intenção de oferecer reflexões sobre a
importância da integração de elementos técnicos, físicos, táticos e cognitivos
em modalidades coletivas, a fim de proporcionar ao atleta maiores recursos
para resolver os problemas advindos dos jogos. É importante a realização de
mais estudos relacionados à temática desenvolvida.

REFERÊNCIAS

ARAÚJO, D.; VOLOSSOVITCH, A. Fundamentos para o treino da tomada de


decisão: uma aplicação ao handebol. In: ARAÚJO, D. O Contexto da Decisão,
A Ação Táctica no Desporto. Lisboa: Visão e Contextos, 2005, p. 75-98.

BALBINO, H.F. Jogos desportivos coletivos e as inteligências múltiplas:


bases para uma proposta em pedagogia do esporte. Hortolândia: UNASP,
2007.

BAYER, C. O Ensino dos desportos coletivos. Paris: Vigot, 1994.

GARGANTA, J. Para uma teoria dos jogos desportivos coletivos. In: GRAÇA,
A.; OLIVEIRA, J. (Eds.). O ensino dos jogos desportivos coletivos. 3. ed.
Lisboa: Universidade do Porto, 1998.

GARGANTA, J. O treinamento da tática e da técnica nos jogos desportivos á


luz do compromisso cognição-ação. In: BARBANT, V.J. et al. Esporte e
atividade física. São Paulo: Manole, 2002.

______. Fundar os Conceitos de Estratégia e Táctica nos Jogos Desportivos


Coletivos, para promover uma eficácia superior. Rev. Bras. Ed. Fís. Esporte,
2006

GRECO, P.J. Métodos de ensino-aprendizagem-treinamento nos jogos


esportivos coletivos. In: GARCIA, E.S; LEMOS, K.L.M. Temas atuais VI
Educação física e esportes. Belo Horizonte: Health, cap.3, p. 48-72, 2001.

GRECO, P.J. Cognição & ação nos jogos esportivos coletivos. Ciências &
Cognição. v. 15, 2010.

OLIVEIRA, M. Desporto de base. São Paulo, 1998.

PAULA, A.F.P.; GRECO, P.J.; SOUZA, C.R.P. Tática e processos cognitivos


subjacentes à tomada de decisão nos jogos esportivos coletivos. In: SILAMI,
G.E.; LEMOS, M.L.K.(Eds.). Temas Atuais V - Educação Física e Esportes,
Belo Horizonte. Healt, 1999.

SAAD, M.A. Estruturação das sessões de treinamento técnico-tático nos


escalões de formação do Futsal. 2002. Dissertação (Mestrado em Educação
22
Física) – Centro de Desportos, Universidade Federal de Santa Catarina,
Florianópolis, 2002.

SANTANA, W.C. Pedagogia do esporte: Jogos esportivos coletivos. Phorte,


2015.

TEODORESCU, L. Problemas de teoria e metodologia nos jogos


desportivos coletivos. Lisboa: Livros Horizontes, 1984.

23
A IMPORTÂNCIA DE UM TREINAMENTO PREVENTIVO, INDIVIDUAL E
ESPECÍFICO PARA ATLETAS DE BASE NO BASQUETEBOL

Daikiti Eduardo Tanimoto - daikiti.tanimoto@hotmail.com


Phamela Afonso de Oliveira - phamelaafonso@gmail.com
Graduandos em Educação Física - UniSALESIANO Lins
Prof. Me. Leandro Paschoali Rodrigues Gomes - hilinho@unisalesiano.edu.br
Docente - UniSALESIANO Lins

RESUMO

O objetivo deste estudo é mostrar a importância de um treinamento


preventivo, específico e individual nos atletas de base que almejam vida
profissional no basquetebol (alto rendimento) ou, simplesmente, compreender
as variantes nesse esporte e a complexidade de prevenir lesões em jogos de
impacto, saltos e arranques. Para tanto, vale ressaltar que a individualidade
biológica na prescrição de um treinamento preventivo, objetivando resultados
positivos na prevenção de lesões comuns ao basquetebol, se torna
imprescindível ao sujeito. Uma minuciosa anamnese ao atleta de base é capaz
de destacar suas fragilidades e limitações (principalmente nos membros
inferiores) em que o Profissional de Educação Física, amparado por uma
equipe multidisciplinar é dotado cientificamente para melhorar, prevenir e tornar
mais saudável a vida no basquetebol. Para o estudo foram pesquisadas várias
referências, entre livros e artigos científicos, visando entendimento do
basquetebol na prática, o treinamento da modalidade e o índice de lesões.

Palavras-chave: Basquetebol. Atletas de base. Lesões.

INTRODUÇÃO

O basquetebol é uma modalidade esportiva que teve origem nos


Estados Unidos, em 1891, no Instituto de Springfield, Massachusetts. No Brasil,
o esporte se difundiu por volta de 1896 com o missionário americano Augusto
F. Shaw, porém somente em 1912 foi praticado como esporte na Associação
Cristã de Moços do Rio de Janeiro.
Alguns anos depois, em 1933, foi fundada a Confederação Brasileira de
Basquetebol (CBB) mediante a popularidade da modalidade esportiva e a
necessidade de um órgão que controlasse as entidades pertencentes. Por fim,
no ano de 1993, foi fundada a Federação Internacional de Basquetebol Amador
(FIBA). (COHEN; ABDALLA, 2003).
Atualmente o basquetebol vem crescendo na aceitação popular de
24
crianças e adolescentes justamente por ser um esporte de fácil acesso e baixo
custo, principalmente nas escolas e clubes.
Lima (2008) destaca os benefícios físicos, tais como o estímulo no
desenvolvimento e massa óssea em maturação, prevenção da obesidade e
aumento da sensibilidade à insulina, além dos aspectos psicológicos de
sociabilidade e trabalho em equipe. No entanto, como em qualquer outro
esporte, suas características específicas implicam em possíveis complicações
e riscos ao corpo humano, como as indesejáveis lesões traumáticas. Estas
podem influenciar diretamente na execução e vida dos atletas de base
praticantes do basquetebol.
Segundo Gantus e Asssumpção (2002), a necessidade de vitórias e
super-resultados nos esportes de alta competitividade e as consequências do
excesso de treinamentos e competições, condições indispensáveis para se
atingir o ápice esportivo, reflete um número crescente de lesões do aparelho
locomotor nos atletas, cujas causas supostamente podem ser atribuídas à
ausência de medidas preventivas, exaustão competitiva, volúpia atlética e
psicossomatismos.
Este artigo tem o objetivo de analisar e explanar por meio de uma
revisão bibliográfica a interferência positiva de um treinamento preventivo
individual e específico na vida esportiva de jovens atletas.

1 BASQUETEBOL

De acordo com Cohen e Abdalla (2003), os movimentos básicos do


basquetebol são: o arremesso, o drible, o passe, a bandeja, o rebote e a
posição de defesa. É um jogo com variantes na direção e principalmente de
contato físico, acarretando o aparecimento de determinadas patologias,
tornando o atleta suscetível às lesões traumáticas e por sobrecarga
biomecânica.
De Rose, Tadiello e De Rose Jr. (2006) apontam que o basquetebol
exige muito contato entre seus jogadores (defesa e ataque), uma vez que os
dez atletas devem atuar concomitantemente de maneira dinâmica dentro de
um espaço total de 420m². Destaca ainda que a maior carga corporal é
25
vinculada aos membros inferiores (MMII) provocando inúmeras lesões em
função dos deslocamentos, bruscas mudanças de direção e saltos sem
aterrisagens operacionais. Essas características geram situações coletivas que
exigem organização e sincronização, destacando o domínio motor, técnico e
tático para melhor execução do contexto global do jogo.
Além dessas características, outros pontos devem ser ressaltados, tais
como a interferência de fatores extrínsecos (ambiente, condição climática) e
intrínsecos (especificidade funcional de cada jogador) que permeiam o
basquetebol, envolvendo as capacidades motoras condicionantes e
coordenativas.
Os estudos de Lozana e Pereira (2003) comprovam que o tornozelo é o
local de maior acometimento de lesões em atletas de basquetebol,
apresentando percentuais de 37,15% do total de lesões. Com relação ao
tempo de inatividade física, o estudo demonstrou que a articulação do joelho
gerou maior período de afastamento, 28,81% do tempo total.
Esses dados permitem compreender que o basquetebol é uma atividade
física de alto rendimento, seja para jovens ou adultos, caracterizado por
arremessos, ataque, defesa, saltos, tendo como objetivo principal acertar a
bola na cesta para pontuação. Os atletas se destacam pela altura, rapidez,
desenvolvimento tático e técnico. Por esse motivo, é de suma importância que
o atleta de base seja bem treinado e preparado desde cedo para esse tipo de
desgaste físico, realizando os devidos fortalecimentos musculares e articulares.
Segundo uma pesquisa feita por Almeida et. al. (2013) onde produziram
um estudo avaliativo em um grupo de atletas de dois gêneros diferentes,
descobriram que o pico de lesão no grupo masculino foi durante a
aterrissagem, já no grupo feminino foi no salto vertical, ambos aconteceram
durante os treinos. Em muitas pesquisas feitas para descobrir o índice lesivo
foram feitos relatos escritos após a lesão acontecer. Relatos de médicos e
fisioterapeutas indicando o foco e o tipo de lesão ocorrida.
Em seu coletivo, os esportistas estão sujeitos a diversas formas
constantes de contato físico. Assim, o profissional de Educação Física,
juntamente com o técnico, está apto na prevenção e deve avaliar
cuidadosamente os indivíduos, para destacar as limitações corporais e de
26
acordo com a especificidade do jogo compor um treinamento preventivo,
individual e específico.

2 TREINAMENTO PREVENTIVO E ESPECÍFICO

Dentro do estudo realizado por Beneli; Rodrigues; Montagner (2006),


foram realizados 5 (cinco) testes para avaliar uma evolução após uma
periodização de um treinamento. Os testes foram:
a) Impulsão Vertical – primeiramente o atleta esticou o braço para
marcar o ponto de alcance máximo, em seguida realizou o salto a
partir da posição ereta, flexionando os joelhos, com os braços semi-
flexionados e os pés totalmente apoiados no solo. Marcou-se a altura
do salto, expressa em centímetros (cm), com um toque das pontas
dos dedos marcadas com giz na régua, e subtraiu-se do ponto de
alcance máximo. Objetivo: verificar a impulsão e a força explosiva de
membros inferiores.
b) Salto Sêxtuplo - o atleta realizou seis saltos consecutivos com as
pernas alternadas a partir de uma marca determinada. Mediram-se à
distância do início (marca determinada) até a última passada
expresso em centímetros (cm). Objetivo: medir a componente de
força rápida nos membros inferiores.
c) Força de Lançamento - o atleta realizou um lançamento com uma
medicine Ball de 3 Kg a partir da posição sentada com o dorso, a
cabeça e o glúteo encostados em uma parede e as pernas esticadas.
O atleta foi orientado para iniciar o movimento com a medicine Ball
encostada ao peito, e a medida foi expressa em centímetros (cm).
Objetivo: avaliar a força explosiva de membros superiores.
d) Passe na Parede - esse teste consistiu em o atleta ficar de frente
para uma parede lisa, a 2 metros de distância da mesma, e fazer o
maior número de passes (n) durante 20 segundos. Objetivo: medir a
componente de força rápida de membros superiores.
e) Corrida Sinuosa com condução de bola - percorrer uma distância de
15 metros (ida e volta), no menor tempo possível, expressa em
27
segundos (s), driblando com uma bola de basquete. Alternar as
mãos, e contornar 5 cones dispostos em linha reta distantes 1,5 m
entre si. Objetivo: verificar a agilidade, velocidade, coordenação e
técnicas específicas do basquetebol.
Mediante aos testes realizados conseguiu-se ter uma percepção melhor
do que cada atleta necessita dentro de um treinamento especifico e com isso
pode se fazer treinamento preventivo.
Segundo o Pedrinelli (1997), o aspecto preventivo no tratamento das
lesões esportistas reveste-se de muita importância quer se discuta atividade
física de alto desempenho quer como mero coadjuvante de tratamentos
médicos. Vale ressaltar que a relevância dessas lesões se encontra em atletas
de alto rendimento que não conhecem/compreendem ou não usufruem de
treinamentos preventivos.
Sabendo disso, o desenvolvimento de cada indivíduo se demonstra
através de aspectos cognitivos, capacidades físicas e psicológicas, resultando
na aptidão física. Pedrinelli (1997), ainda define que a sobrecarga acerca do
aparelho locomotor pode influenciar na recuperação do organismo e, portanto,
resultar em instalação de um processo patológico.
As capacidades físicas: resistência, força, velocidade, agilidade,
equilíbrio, flexibilidade e coordenação motora (destreza) constituem a parte
corporal passíveis de treinamentos (CAPACIDADES físicas, 2009). Diante
disso, é necessário que haja um treinamento preventivo e específico nos
atletas, principalmente os de base por estarem iniciando a vida esportista e em
formação corporal (puberdade), para que suas musculaturas gestos e motores
estejam melhores treinados.
Compreendendo esses fatores, Santos (2009) destaca que a força
muscular é uma capacidade fundamental para o jogador de basquetebol, tendo
em vista que na maioria dos gestos específicos há exigência da mesma e o
atleta necessita de treinamentos resistidos para auxiliar nesse ganho.
Entretanto, um treinamento específico com os movimentos executados no dia a
dia do atleta é indispensável.
A partir disso, Carvalho (2010) acredita que a associação de estratégias
tanto neuromusculares, quanto proprioceptivas deva ser contemplada na
28
periodização esportiva. Promovendo, portanto, níveis de dificuldade que sejam
aumentadas com os treinos específicos, auxiliando na biomecânica e
facilitando na automatização do gesto esportivo, bem como potencializar a
estabilidade do central (core).
As forças citadas acima se classificam em três tipos: força máxima, força
de resistência e a força de explosão. Dentro da ação propriamente dita, a força
de explosão tem certa predominância e, porventura, se não for bem executada
e treinada pode gerar lesões. (SANTOS, 2009).
Porém a tendência à lesão é inevitável ao esportista. Ela é comum e faz
parte da vida profissional de qualquer atleta, seja amador ou profissional, seja
de base ou mais avançado. Cohen e Abdalla (2003) apontam que o número de
anos de prática do basquetebol e os microtraumas acumulados tem relação
direta com as lesões. No entanto, apesar do pouco embasamento científico e
estudos com o tema, relatam que tecidos mais fortes podem evitar as lesões.
De acordo com Santos (2009), Kevin Johnson, ex-jogador dos Phenix
Suns, considera que o treino de força lhe concebeu maior potência e
durabilidade para enfrentar, ao longo de diferentes épocas desportivas, os
melhores jogadores da NBA. Sendo assim, é de suma importância um
treinamento preventivo e específico, que se atente primordialmente para os
membros inferiores (quadríceps, isquiotibiais e gastrocnêmio) já apontados
com maior suscetibilidade às lesões por sobrecarga ou trauma.
Uma minuciosa anamnese ao atleta de base é capaz de destacar suas
fragilidades e limitações em que o profissional de Educação Física, amparado
por uma equipe multidisciplinar é dotado cientificamente para melhorar,
prevenir e tornar mais saudável a vida no basquetebol.

2 INDIVIDUALIDADE BIOLÓGICA

A individualidade biológica é definida por Langeani (2014), como as


diferenças do ser humano os tornando únicos, ou seja, não há dois indivíduos
exatamente iguais. Entendendo isso, a educação física tem objetivo de auxiliar
no desenvolvimento humano, trabalhando seus aspectos biológicos,
psicológicos e sociais. Para Nascimento (2007), essas diferenças existentes
29
devem ser respeitadas, considerando a particularidade de cada sujeito,
exaltando as potencialidades individuais e em meio comum.
A partir das características da Educação Física todo professor/instrutor é
orientado a respeitar a individualidade biológica de qualquer indivíduo em
qualquer tipo de treinamento esportivo ou desportivo. Por esse motivo, a
prescrição de um treinamento preventivo e específico, também é mais
vantajoso e eficaz se realizado de maneira individual, observando todas as
variantes do atleta em questão.
Segundo Carvalho (2009), cada organismo reage de uma forma
diferente ao mesmo estímulo dado, sabendo que o mesmo é formado por uma
somatória de características genéticas que o chamamos de genótipo e,
somado ao o fenótipo (característica adquirida extrinsecamente), faz com que
cada indivíduo/atleta seja único.
Levando em consideração as características individuais de cada um
para a prescrição adequada de treinamento, devemos seguir algumas regras
básicas, mas que fazem muita diferença na individualização do treinamento,
tais como:
a) fazer uma anamnese com seu aluno no momento em que se inicia
um novo trabalho;
b) após as primeiras identificações através do questionário de
anamnese, deve-se solicitar uma avaliação médica para identificação
de possíveis patologias;
c) liberado pelo médico, faz-se alguns testes físicos, tais como a
ergoespirometria, utilizada para determinação do VO²máx e limiares
anaeróbicos, percentual de gordura, podendo incluir também testes
de pisada (para determinar se a pisada é pronada, supinada ou
normal) e avaliação de corrida;
d) com base nesses dados pode-se confeccionar a planilha de treino,
de acordo com os objetivos traçados em conjunto com o aluno.
(CARVALHO, 2009).
Portanto, fica evidenciada a importância da individualidade biológica na
prescrição de um treinamento preventivo, objetivando a qualidade dos
resultados desejados. Externando as variantes de cada sujeito, pontos
30
específicos podem ser trabalhados, melhorados e eventuais problemas
prevenidos. Porém, pouco se vê nos times de basquetebol, principalmente os
de base, um acompanhamento individual no treinamento preventivo. Não há
espaço para a prevenção correta e detalhada, aumentando a suscetibilidade de
lesões.

CONCLUSÃO

O presente estudo conclui que os atletas de base devem ter a


oportunidade e o direito a um treinamento preventivo, específico e individual,
denotando suas características próprias, tanto as intrínsecas quanto as que se
adquirem ao longo da vida profissional no basquetebol. Acima de tudo, os
testes prévios (anamnese) devem ser realizados como um conjunto de ações
voltadas ao bem-estar e saúde do esportista, possibilitando que o
planejamento do tipo de treinamento seja realmente eficaz e amenize as lesões
do atleta.
Enfim, o atleta de base conduzido por uma equipe multidisciplinar
competente é capaz de alavancar suas probabilidades profissionais no
basquetebol, além de acentuar suas significativas melhoras no quesito saúde.
Evitar e prevenir microtraumas e lesões mais graves é garantia de
desenvolvimento físico e psicossocial, além de estimular mais estudos para o
complexo entendimento do corpo humano e suas ondulações na prevenção do
esporte de alto rendimento.

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Ciências do Desporto) – Faculdade de Desporto, Universidade do Porto,
Portugal.

33
A INFLUÊNCIA DO FATOR SOCIOECONÔMICO SOBRE O
DESENVOLVIMENTO MOTOR NO PROCESSO DIDÁTICO DA NATAÇÃO

Cristiano Pereira de Magalhães Junior - cp_tuninho@hotmail.com


Gabrieli Paulos Pimentel Freire - gabrieli_paulos@hotmail.com
Graduandos em Educação Física – UniSALESIANO Lins
Prof. Esp. Osvaldo Tadeu Silva Junior - osvaldo.tadeu@gmail.com
Docente – UniSALESIANO Lins

RESUMO

O objetivo deste estudo foi investigar na literatura a influencia do nível


socioeconômico perante o desenvolvimento motor infantil e sua relação no
processo ensino-aprendizagem da natação. Foi realizada uma revisão narrativa
da literatura, utilizando-se descritores relacionados ao desenvolvimento motor,
fator socioeconômico e natação totalizando 33 artigos. As bases eletrônicas
pesquisadas foram: Portal Caps, Pubmed, Scielo, Bireme, Cochrane e Lilacs,
entre os anos de 1992 a 2016. Esta revisão encontrou uma série de estudos
conclusivos sobre as repercussões do fator socioeconômico e seu impacto no
desenvolvimento motor. Conclui-se que o nível socioeconômico influencia o
desenvolvimento motor e que a didática da natação deve considerar esta
informação em seu processo de intervenção para melhoria das habilidades
motoras de crianças, otimizando assim o processo de ensino-aprendizagem na
natação.

Palavras-chave: Desenvolvimento Motor. Fator Socioeconômico. Natação.

INTRODUÇÃO

O início de vida de uma criança é caracterizado por constantes


mudanças biológicas e psicossociais, que tem contribuições importantes nos
domínios motor, social, afetivo e cognitivo. (CORSI et al., 2016)
Para Silva (2011), o desenvolvimento motor é um processo contínuo que
afeta o comportamento motor durante a toda vida, proporcionada pela junção
das necessidades da tarefa, a biologia do indivíduo e as condições do
ambiente, que estabelecem relações favorecendo o surgimento de novas

34
formas de execuções motoras. Entretanto, em casos de modificações em
alguns deles, o processo de motricidade pode ser colocado em risco.
O desenvolvimento motor infantil é um processo que se inicia desde a
vida intrauterina, envolvendo vários aspectos, como crescimento físico,
maturação neurológica e construção de habilidades ligadas ao comportamento,
ás partes cognitivas, social e afetiva, transformando a criança capaz de realizar
as suas necessidades e às do seu meio, de concordância com o seu tempo de
vida (FERNANI et al., 2011 ).
Segundo Mancini et al. (2004), diferentes fatores como característicos
do ambiente físico, escolaridade dos pais, dinâmica familiar, poder aquisitivo da
família e relações familiares podem intervir no desenvolvimento motor.
Entre os fatores que têm apresentado maior risco para o déficit do
desenvolvimento motor, destacam-se a prematuridade, as dificuldades
socioeconômicas e o baixo nível intelectual dos pais. (LEITES et al., 2011).
A posição socioeconômica dos pais pode intervir no crescimento e na
motricidade das crianças, seu comportamento em geral e seu envolvimento em
atividades físicas. (BALA et al., 2010).
Entende-se que a presença de um agente mediador é mais importante
tanto quanto à organização estrutural do ambiente físico. Agente mediador é
todo aquele indivíduo - criança ou adulto, embasado de conhecimento ou
experiência em certa tarefa que ira demonstrar uma relação capaz de promover
o desenvolvimento. Com isto a qualidade dos estímulos depende de diversos
fatores como - o grau de escolaridade dos pais ou responsável, a presença de
outros adultos além dos pais; a interação com outras crianças e a condição
estável de vida da família. (NOBRE et al., 2014).
De acordo com estudos sobre desenvolvimento motor, as habilidades
motoras fundamentais são pré-requisitos para que a criança se envolva
posteriormente em habilidades motoras específicas do esporte, danças e lutas.
(COSTA et al., 2016).
Particularmente no desporto da natação, notam-se moldagens no
aparelho locomotor. Os membros superiores, que exercem função de
estabilidade no meio terrestre, passam a gerar a propulsão no meio líquido. Já
os membros inferiores exercem a propulsão no solo e no meio líquido
35
fornecendo equilíbrio. (GAMA et al., 2009).
Ernani e Edison (2002) destacam que a habilidade nadar é
proporcionado a partir de um procedimento do domínio da estabilidade
corporal. Esse desenvolvimento é alcançado com a junção de habilidades
motoras como controle respiratório, flutuação, pernadas e braçadas e
movimentos de cabeça.
Quando o ensino-aprendizagem é focado no rendimento os aspectos
como a etapa de desenvolvimento da habilidade do nadar em que o aluno se
encontra, sua faixa etária, seus interesses e possibilidades físicas particulares
não são considerados, tornando a pratica da natação um processo rotineiro e
sem significado para quem aprende e sendo monótono e desestimulante para
quem aplica esse processo de ensino. (FERNANDES; COSTA, 2016).
O objetivo do estudo foi elaborar uma revisão narrativa a respeito do
desenvolvimento motor na infância e a relação com o fator socioeconômico e
sua influência na sequencia típica do desenvolvimento, bem como ressaltar a
importância de conhecer o nível de desenvolvimento motor de crianças dentro
do processo pedagógico para uma intervenção de ensino-aprendizagem da
natação de forma adequada otimizando o processo de ensino.

1 METODOLOGIA

Este é um estudo de revisão narrativa da literatura. A revisão narrativa


tem um papel relevante para a educação, fornecendo ao leitor informações
sobre a temática de forma específica em um curto período de tempo, que
permitam a reprodução dos dados de forma qualitativa. A pergunta da
pesquisa foi: Qual a influência do fator socioeconômico sobre o
desenvolvimento motor e sua relação com o processo didático na natação?
A busca de artigos foi desenvolvida com produção científica indexada
nas seguintes bases eletrônicas de dados: Portal Caps, Pubmed, Scielo,
Bireme, Cochrane e Lilacs, utilizando os descritores: Desenvolvimento motor,
fator socioeconômico com enfoque principal e a natação como complementar.
O recorte de abrangência temporal compreende ao período entre os
anos 1992 a 2016. Os critérios de inclusão foram focados em: revisões
36
sistemáticas, artigos de pesquisa e estudos de caso em periódicos
relacionados à educação física. Inicialmente foram encontrados 2889 artigos
científicos em língua portuguesa, inglesa e espanhola relacionados ao tema,
sendo selecionados 33 artigos com publicações entre os anos de 1992 a 2016.
Os artigos foram analisados com o objetivo de se obter uma melhor
compreensão sobre o tema de forma cientifica.

2 DESENVOLVIMENTO MOTOR

O conjunto de funções nervosas e musculares que permite os


movimentos voluntários ou automáticos do corpo é forjado por uma série de
mudanças constante que ocorrem no comportamento motor de um indivíduo, a
relação entre fatores ambientais e hereditários são necessário no processo.
Especialmente na primeira infância, os fatores ambientais desempenham um
papel crucial no alcance de padrões de comportamento motor e, portanto,
evitam o acontecimento de atrasos motores neste período da vida, tendo-o um
efeito negativo sobre a motricidade na infância e adolescência. Já fatores
socioeconômicos, como renda familiar, número de adultos e crianças no
domicílio, escolaridade dos pais, gênero da criança, inclusive a estrutura da
casa, foram levados em consideração na verificação de atrasos motores na
primeira infância. (DUARTE et al., 2016).
Segundo Giordani et al. (2013), o desenvolvimento motor é composta
por um conjunto de alteração que prepara o indivíduo a interagir com os meios
sociais e físicos, não sendo realizadas apenas mudanças nos movimentos,
mas nas relações e objetivos relacionados com o ambiente também.
Exclusivamente, existe um padrão na obtenção das habilidades motoras. Um
bebê normal, por exemplo, consegue engatinhar, caminhar e depois correr em
uma etapa do desenvolvimento. O atavismo estabelece as bases para o
desenvolvimento, porém, o ambiente/experiência é quem ira influenciar a
aprendizagem e o ritmo das habilidades motoras. E também o ambiente
executa um importante papel no desenvolvimento da linguagem, à medida que
a cognição e a personalidade sofrem influenciadas por variações de
experiência. Existe uma constante ligação entre o desenvolvimento das
37
crianças e a qualidade do ambiente. Fatores de risco como baixo peso ao
nascer, desnutrição, baixa renda familiar, baixa escolaridade dos pais e
famílias muito numerosas exercem significância no valor do ambiente e
desenvolvimento infantil.

3 FATOR SOCIOECONÔMICO

O alto nível socioeconômico das famílias é relativo a certas situações


favoráveis, como maior escolaridade dos pais, maior acesso à informação e
maior poder de compra. Tendo a renda familiar como um aspecto importante
para o desenvolvimento de uma criança, outros fatores, como a educação dos
pais ou a estrutura do ambiente doméstico, podem interferir no processo de
desenvolvimento da criança. A renda familiar, escolaridade e o número de
adultos no ambiente familiar são fatores associados negativamente com baixa
estimulação a motricidade e estão associados ao atraso da motricidade nas
crianças. (DUARTE et al., 2016).
O contexto sociocultural pode minimizar e/ou neutralizar prejuízos na
motricidade, decorrentes da prematuridade, para compensar os efeitos do risco
biológico. De acordo com Mancini et al. (2004), conforme o aumento dos
recursos familiares, os pais se tornam mais hábil a cuidar e a investir em seus
filhos. Com isto, as crianças de alto risco biológico e baixo risco social tem
maior oportunidade de realizar atividades esportivas e de lazer, que auxiliam
na conquista de habilidades motoras e, por isso, estimulam um desempenho
similar ao de crianças de baixo risco biológico.
Estudos relatam que mães com níveis mais altos de educação escolhem
ambientes escolares com estímulos favoráveis para o desenvolvimento infantil,
pois tem ciência de que a creche ira contribuir para o desenvolvimento e não
apenas ser um lugar passageiro para a criança durante a sua jornada de
trabalho. Já o fator socioeconômico, não houve ligação com o comportamento
da criança, embora seja um fator de risco bem descrito na literatura. (CORSI et
al., 2016).
A literatura nos mostra que os fatores sociais referentes ao ambiente
familiar podem exercer um efeito significativo (positivo ou negativo) em
38
questões do bem-estar da criança, incluindo a motricidade. (FREITAS et al.,
2013).
O maior índice de atraso de motricidade em crianças está
correlacionado em famílias desfavorecidas socioeconomicamente, por estarem
mais expostas e serem afetadas por fatores de risco pré-estabelecidos como
menor disponibilidade de espaço físico, brinquedos e tempo de interação com
os bebês, são os possíveis fatores que explicam os atrasos em crianças.
(PEREIRA et al., 2016).
Para Defilipo et al. (2012), a renda familiar é determinante para a
qualidade de vida das famílias no que se refere ao acesso à saúde, educação,
alimentação e habitação. O nível socioeconômico dos pais esta relacionado à
maior aquisição de informações e, assim sendo o maior conhecimento a
respeito dos mecanismos que podem influenciar a motricidade mais adequada
e ambientes com melhores estímulos aos filhos, independente de sua idade.

4 NATAÇÃO

O ambiente aquático oferece muitos benefícios para as crianças, mas


não se pode afirmar que o estímulo precoce nesse meio influenciará o
desenvolvimento infantil em seus diversos fatores. O meio líquido é um
ambiente que exerce possibilidades de movimentos e ações. A água é mais
que uma superfície de apoio e uma dimensão, é um local para emoções,
aprendizados e relacionamentos com o próximo, com a natureza e consigo
mesmo. Esse meio favorece ao indivíduo experiências e vivências diversas,
fornecendo a percepção sensorial e a ação motora. (SILVA et al., 2009) .
No geral, atendendo às individualidades das crianças e jovens, a
natação é um desporto de nível de exigência técnica alta, onde algumas vezes
se torna difícil sair de certos padrões de movimentos, de maneira que os
profissionais ligados às atividades aquáticas terão que realizar um ensino-
aprendizagem mais rico e variado, começando na adaptação ao meio aquático.
É este o ensino que terá um melhor ganho de competências aquáticas
alargadas e o desenvolvimento multilateral e harmonioso dos indivíduos.
(CANOSSA et al., 2007).
39
5 FATOR SOCIOECONÔMICO x DESENVOLVIMENTO MOTOR, E A
RELAÇÃO COM A DIDÁTICA DA NATAÇÃO

Segundo Fernani et al. ( 2012), alguns fatores podem colocar em risco o


desenvolvimento normal de uma criança, sendo definidos como uma série de
condições biológicas ou ambientais que aumentam as chances de déficits no
desenvolvimento motor de crianças. Entre as diversas causas de atraso motor
encontram-se: baixo peso ao nascer, distúrbios cardiovasculares, respiratórios
e neurológicos, infecções neonatais, níveis socioeconômicos baixos, nível
educacional precário dos pais ou prematuridade. Quanto maior o número de
fatores de risco presentes, maior será a hipótese de alteração do
desenvolvimento motor.
As mães com o nível maior escolaridade têm mais acesso a informações
sobre desenvolvimento infantil e diante disso interagem melhor com seus filhos,
respondendo adequadamente aos seus pedidos, podendo então promover
melhores condições físicas e emocionais para seu desenvolvimento. O
desempenho motor guarda relação com a idade do indivíduo, normalmente
associada à maturação do sistema nervoso central, mas teorias
contemporâneas afirmam que outros fatores, como os sistemas
musculoesquelético, cardiorrespiratório e o ambiente também estejam
envolvidos no desempenho das habilidades motoras. Esses fatores estão
relacionados de uma forma conjunta ao longo da vida, possibilitando as várias
mudanças no organismo humano. (SILVA et al., 2009).
Entende-se que o nível adequado do desenvolvimento motor esta
associada às oportunidades concedidas às crianças em um ambiente familiar
cheio de estímulos e que as características socioeconômicas desses
ambientes tem grande influencia nesse processo. (DUARTE et al., 2016).
O contexto de ensino-aprendizagem da natação parece contribuir
significativamente para um desempenho motor aprimorado em varias
habilidades na área motora global. Numa etapa de enorme importância do
desenvolvimento global da criança, o desporto, constitui-se como um meio de
valorização da formação corporal pelo acesso a uma variação de experiências
motoras, sobretudo quando correlacionada a uma perspectiva de ensino-
40
aprendizagem. (MARTINS et al., 2015).
Um estudo estabeleceu que a disponibilidade de brinquedos que
estimulem o componente motor fino e grosso no ambiente doméstico, é capaz
de mostra as oportunidades reais de desenvolvimento da criança. Além disso,
todas as dimensões do AHEMD-IS (Ambiente Domiciliar para Desenvolvimento
Motor - Escala Infantil) uma ferramenta de avaliação para detecção do nível de
desenvolvimento motor em crianças, são altamente influenciadas pelo nível
socioeconômico. (FREITAS et al., 2013).
Os indicadores de nível socioeconômico são de grande importância nos
estudos de desenvolvimento infantil. Alguns métodos de medição do nível
socioeconômico foram sugeridos e não tem um único melhor indicador para a
investigação durante as diferentes fases da vida. Entre tanto, uma combinação
de fatores é usada. Durante a infância e na primeira infância, os melhores
indicadores são a escolaridade, ocupação dos pais e as condições. Os
indicadores de nível socioeconômico influenciam significativamente a
disponibilidade de espaço físico e de materiais de jogo. A dimensão do espaço
físico tem influencia na classe econômica familiar e renda, já a dimensão de
materiais de jogo tem influencia em todos os indicadores de nível
socioeconômico. (FREITAS et al., 2013).
Aspectos como gênero, nível de aptidão física e maturação biológica
têm bastante influencia em informações que deveriam ser analisadas em
estudos futuros para um maior aprofundamento do assunto e compreensão das
variáveis, pois exercem influencia no processo de ensino-aprendizagem da
natação. Na natação, a aprendizagem deve estar embasada em objetivos
gerais e específicos que consideram as habilidades motoras específicas na
execução de um determinado movimento de acordo com o nível de motricidade
do individuo. (LIMA et al., 2008).

A pedagogia da natação de orientação desportiva não parece atender


adequadamente aos problemas atualmente levantados pelos
professores que têm dúvidas sobre a maneira de ensinar habilidades
motoras. Dessa maneira, se há questões do ensino da natação ainda
sem solução, talvez seja hora de repensar a pedagogia usada
(FERNANDES; COSTA, 2006, p.12)

41
CONCLUSÃO

O objetivo desse artigo foi realizar uma revisão narrativa sobre o


desenvolvimento motor e fatores que o influenciam, chamando atenção para o
fator socioeconômico, trazendo para um âmbito da didática sobre uma temática
da natação.
No contexto pedagógico, se torna relevante identificar o nível de
motricidade das crianças, a fim de nortear a intervenção de ensino-
aprendizagem da natação de forma mais adequada, minimizando possíveis
déficit, além otimizar o aprendizado da natação ao longo da sua vida.
Estudos com este foco podem trazer contribuições para a aplicação da
didática da natação, não apenas para ganhos de movimentos sistematizados,
mas também para uma melhora nas habilidades motoras das crianças.
Conclui-se que o nível socioeconômico influencia o desenvolvimento
motor e que a didática da natação deve considerar esta informação em seu
processo de intervenção para melhoria das habilidades motoras de crianças,
otimizando assim o processo de ensino-aprendizagem na natação.

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entre 9 e 11 anos com baixo rendimento escolar da rede municipal de Maceió,
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SUEHIRO, A. C. B.; RUELA, F. J. M.; SILVA, M. A. Desenvolvimento


44
percepto-motor em crianças abrigadas e não abrigadas. Pandéia, v. 38,
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SUEHIRO, A. C. B.; SANTOS, A. A. A.; RUELA, F. J. M. Desenvolvimento


Perceptomotor e Escrita em crianças do Ensino Fundamental. Psicol. Esc.
Educ., Maringá, v. 19, n. 2, p. 369-376, Mai./Ago. 2015.

45
A PERCEPÇÃO SUBJETIVA DO ESFORÇO NO CONTROLE DA CARGA
INTERNA NO EXERCÍCIO

André Zanolo Cardoso - andrezanolo13@gmail.com


Christian da Silva Euzébio - christian_s_silva@outlook.com
Fernanda Mattos Cavalcante Castilho
fernandamattoscavalcante@hotmail.com
Graduandos em Educação Física – UniSALESIANO Lins
Prof. Dr. José Alexandre Curiacos de Almeida Leme -
zecuriacos@terra.com.br
Docente – UniSALESIANO Lins

RESUMO

Para buscar eficiência no treinamento é necessário respeitar os


princípios da individualidade biológica, da sobrecarga, da adaptação, da
interdependência volume/intensidade, da continuidade e especificidade criando
condições para haver êxito no condicionamento físico e na preparação física.
Cada vez mais têm sido almejada pelos treinadores e praticantes de exercício
físico as melhores formas de monitoramento de cargas. O presente estudo teve
por objetivo apresentar a percepção subjetiva do esforço como maneira
acessível e confiável de controlar a carga interna do treino durante a sessão.
Para isso, foi realizada revisão de literatura através de livros e artigos
científicos da área. A percepção subjetiva do esforço proposta por Foster vem
sendo estudada como uma forma viável e barata de monitoramento da carga
interna, proporcionando a condição de prescrever a carga externa com maior
exatidão para alcançar o equilíbrio entre as cargas.

Palavras-chave: Capacitação. Monitoramento. Percepção subjetiva de esforço.

INTRODUÇÃO

Para atingir um bom desempenho em treinamento sabe-se que é


necessária uma boa prescrição e periodização de forma correta, levando em
conta os princípios do treinamento (DANTAS, 2003; TUBINO, 1993). Para que
tal realização ocorra de maneira adequada é necessário prescrever a carga
externa e monitorar interna do individuo durante o exercício.
O presente estudo teve por objetivo levantar alguns aspectos da
utilização da percepção subjetiva do esforço para o controle da carga interna
do exercício durante a sessão. Para isso, a metodologia utilizada foi a pesquisa
bibliográfica buscando referencias científicas que abordam o tema, utilizando
artigos de periódicos e livros.
46
1 TREINAMENTO FÍSICO

O treinamento físico é um conjunto de ações organizadas e planejadas


de forma sistemática que tem como objetivo elevar a competência, o
rendimento físico, motor, cognitivo e psicológico respeitando os princípios da
individualidade biológica, sobrecarga, adaptação, interdependência
volume/intensidade, especificidade e continuidade, visando chegar ao seu
ápice de desempenho individual ou em equipe no período certo. (BORGES;
ANDRADE, 2002; DANTAS, 2003; TUBINO, 1993).

1.1 Individualidade biológica

Ao falar em individualidade biológica não se pode deixar de abordar


genótipo e fenótipo, a soma de ambas forma o indivíduo único com seus
potenciais e suas limitações. O genótipo é a carga genética que é passada ao
individuo, que determina o potencial que pode ser atingido, definindo vários
fatores como, composição corporal, biótipo, tipos de fibras musculares, altura
máxima esperada, limite de volume de oxigênio máximo VO 2 máximo e esses
são parâmetros que não são possíveis de se fazer alterações já que são
hereditários. (DANTAS, 2003; BENDA; GRECO, 2001).
Já o fenótipo é um conjunto de características morfológicas,
bioquímicas, fisiológicas e comportamentais que, diferentemente do genótipo,
podem ser alteradas de acordo com o ambiente. Um exemplo desse fato é a
cor da pele escurecer se exposta ao sol por um longo tempo. Desta forma,
pode ser observado que não existem indivíduos totalmente iguais, mesmo
sendo gêmeos univitelinos. Então ao falar em treinamento deve se levar em
conta este principio e prescrever individualmente para um melhor rendimento.
(DANTAS, 2003; BENDA e GRECO, 2001).

1.2 Princípio da adaptação

A adaptação é um princípio da natureza, pois o homem só chegou até


os tempos atuais devido às adaptações sofridas durante anos.
47
(LUSSAC,2008). Homeostase é capacidade de o organismo manter-se em
funcionamento estavelmente em relação ao meio interno e externo, de forma
que o meio interno mantenha condições adequadas para a sobrevivência das
células (GUYTON; HALL, 2012). Porém, a homeostase pode ser interrompida
por fatores internos como a ação do córtex cerebral e externos como
alterações da temperatura, trauma e várias outras.
Sempre que há um estímulo o organismo automaticamente apresenta
uma resposta compensatória de modo proporcional. Esses estímulos, segundo
Tubino (1993) podem ser débeis, sendo aqueles que não apresentam
mudanças, médios aqueles que somente excitam de forma mediana ou fortes
aqueles que provocam adaptações maiores e muito fortes aqueles que causam
prejuízos ao organismo. Os estímulos são os principais efetores da adaptação.

1.3 Princípio da sobrecarga

Para Dantas (2003), ao se deparar com uma carga de trabalho, o


organismo tenta promover a homeostase novamente. O que vai promover a
adaptação correta é a dosagem adequada da carga e do tempo de exercício,
ocorrendo a supercompensação. Porém, podem ocorrer dois erros: primeiro um
longo período de recuperação para a supercompensação da carga aplicada e
segundo um curto período de recuperação para supercompensar a carga
aplicada.
Portanto quando se fala em sobrecarga e supercompensação observa-
se que há um ponto certo de ofertar o novo estimulo para que se tenha um
melhor aproveito do treino, em suma altas cargas demandam mais tempo de
recuperação e pequenas cargas menos tempo para supercompensar o esforço.
(LUSSAC, 2008).

1.4 Princípio interdependência volume e intensidade

Volume e intensidade são os fatores determinantes para um bom


resultado de um treinamento, ambas as grandezas são inversamente
proporcionais. Ao manter uma alta intensidade deve-se apresentar um menor
48
volume e tendo um grande volume e necessário diminuir intensidade. Por isso
durante um macrociclo de treinamento é importante ter em mente em qual
parte do planejamento se encontra, se é com maior intensidade ou maior
volume de treino. (DANTAS, 2003; TUBINO, 1993).

1.5 Princípio da continuidade

O grande papel desses princípios é não deixar que o organismo do


indivíduo supercompense e entre no estado de homeostase como antes, pois,
pensando dessa maneira ao longo de um macrociclo, teremos grandes
melhoras, pois é gerada uma carga de estresse e então compensado, antes de
voltar ao estado basal e dado outra carga de estresse e assim por vários
períodos ocorre uma melhora de desempenho das atividades (DANTAS, 2003;
LUSSAC, 2008).

1.6 Princípio da especificidade

Tal princípio dita que o treinamento tem que ser elaborado levando em
conta o objetivo especifico da performance. Segundo Dantas (2003), um bom
exemplo de tal planejamento foi os nadadores que se preparavam para as
olimpíadas de Montreal. Eles se afastaram das piscinas e treinaram o
cardiorrespiratório com corridas e ciclismo, e a preparação neuromuscular em
aparelhos. O que se pode observar é que a resistência aeróbica adquirida com
a corrida e o ciclismo eram diferentes da que eles necessitavam, portanto
voltaram para a piscina e treinaram o cardiopulmonar e exercícios de
resistências neuromusculares, ou seja, trouxeram o mais próximo da realidade
do esporte. Em resumo o princípio da especificidade preconiza que os
trabalhos de resistência, força, potência e as demais capacidades sejam
trabalhadas com as mesmas atividades da própria performance.
Segundo Barbanti (2004), de forma aberta, o termo treinamento são
ações planejadas e especificas de forma a melhorar o rendimento, já quando
se fala em treinamento esportivo o principal objetivo é melhorar o esportista
tanto individual quanto coletivo dependendo da modalidade para elevar seu
49
rendimento a altos níveis através da preparação técnica, física, tática,
psicológica e intelectual.
Esse termo Treinamento Esportivo está altamente associado a atletas,
jogadores e alto rendimento, porém com o aumento de doenças hipocinéticas
vem surgindo um novo termo que esta sendo bem usado na literatura
internacional denominado Treinamento Físico que visa ir além do esporte,
recuperando a capacidade de rendimento, reabilitação e principalmente saúde
através da capacidade motora segundo Barbanti (2004).

2 PERCEPÇÃO SUBJETIVA DO ESFORÇO NO TREINAMENTO FÍSICO

Percebe-se o aumento no número de pessoas que buscam sessões de


exercícios físicos para alcançarem melhores condições e qualidade de vida,
migrando da condição de insuficientemente ativos para ativos, estes podem
perceber o progresso na perda de tecido adiposo e aumento da massa magra,
entre outras melhorias.
Há busca por estas sessões fazem crescer proporcionalmente o número
de formas monitoradoras do exercício. Durante os exercícios a frequência
cardíaca tende a aumentar e, para que não ultrapasse os limites suportáveis
pelo praticante, o fisiologista sueco Gunnar Borg (1982), apresentou uma
escala que classifica de forma subjetiva o esforço do praticante.
A escala original criada por Borg (1982), figura 1, traz a classificação de
6 a 20, iniciando em “Sem nenhum esforço” para “Máximo esforço”.

Quadro 1: Escala de Borg original


CLASSIFICAÇÃO DESCRITOR
6 Sem nenhum Esforço
7 Extremamente Leve
8 Extremamente Leve
9 Muito Leve
10 -
11 Leve
12 -
13 Um Pouco Intenso
14 -
15 Intenso Pesado
16 -
17 Muito Intenso
18 -
19 Extremamente Intenso
20 Máximo Esforço
Fonte: Adaptado de Borg (1982).
50
Segundo a Aerobics and Fitness Association of America - (AFAA, 1995),
o exercício deve ser mantido dentro da Zona Alvo de Treinamento. Para a
população em geral, esta zona pode ser, por exemplo, entre leve a moderado
mantendo-se entre “Um pouco difícil” a “Difícil”. Para chegar a esta Zona Alvo
de exercício é necessário o controle da intensidade do exercício, com um limite
máximo e um limite mínimo de esforço tolerante a individualidade do praticante.
Caso haja excedentes ao limite superior suportado o corpo acelera a produção
de ácido lático antecipando a fadiga muscular e retardando o limite máximo de
tempo de exercício.
Anos após a criação da escala de Borg, Foster (1996) traz o protocolo
de PSE, baseando-se em um questionamento interrogando “Como foi sua
sessão de treino?” 30 minutos após o final da sessão, pois assim não há
interferência da fadiga momentâneo dos últimos exercícios e não é
recomendado passar desse tempo para que não ocorra esquecimento da
avaliação subjetiva da intensidade da sessão de treino. Para a resposta é
apresentada uma escala CR10 Figura 2.

Quadro 2: Escala CR 10
CLASSIFICAÇÃO DESCRITOR
0 Repouso
1 Muito, Muito Fácil
2 Fácil
3 Moderado
4 Um Pouco Difícil
5 Difícil
6 -
7 Muito Difícil
8 -
9 -
10 Muito, Muito Dificil
Máximo
Fonte: Escala CR10 modificada por Foster (2001) e adaptado de Wilmore & Costil, 2001

Para responder à pergunta o avaliado devidamente orientado deve


escolher um descritor e uma classificação de 0 a 10 de acordo, podendo ser
números decimais como, por exemplo, 5,5. A carga de treino de pode ser
calculada pela multiplicação da classificação de acordo com a CR10 pelo

51
tempo total da sessão de treino e assim gera um produto expresso em
unidades arbitraria já que é uma unidade subjetiva. (NAKAMURA; MOREIRA;
AOKI, 2010).
A PSE pode ser usada na periodização do treinamento, pois na sessão
ocorre à relação da duração com a intensidade gerando a magnitude da carga
de treino, com tais dados é possível realizar gráficos e analisar o padrão de
alternância e distribuições das cargas, pois assim facilita a periodização de
acordo com os princípios do treinamento.

3 DISCUSSÃO

Para prescrição de exercícios tem-se componentes básicos que incluem


a intensidade do esforço, a seleção da modalidade, a frequência semanal, a
duração do exercício e a forma de progressão proposta pelo American College
of Sports Medicine (ACSM, 2003). Todos estes componentes podem ser
aplicados para desenvolver prescrições em diferentes sujeitos de diferentes
idades, capacidades funcionais e condições clinicas. Porém sobrepõem-se a
intensidade do exercício como principal componente a ser observado. (ACSM,
2003).
A percepção subjetiva de esforço vem sendo aplicada em vários testes
científicos com base no método da frequência cardíaca por ser uma forma
avaliativa de baixo custo e confiável. Um estudo realizado por Siqueira e
colaboradores (2011), utilizando a percepção subjetiva de esforço (PSE) e
frequência cardíaca (FC), em 56 atletas de futebol, mostrou que em 36% dos
atletas a variabilidade da FC é correlacionada à avaliação da PSE podendo ser
utilizada como parâmetro para a monitoração de exercícios físicos.
Além de colaborar com a prescrição dos treinamentos intermitentes e
intensos, a PSE apresenta uma maior fidedignidade com relação a respostas
metabólicas do que com a cardiovascular, quando este método é aplicado em
jovens atletas.
Em um estudo comparativo escrito por Silva e colaboradores (2011),
utilizando PSE com base nas escalas de Borg e OMNI-ciclismo em 26 homens
que praticavam ciclismo indoor a pelo menos 6 meses, chegaram a conclusão
52
que é possível prescrever a intensidade do exercício propostos em
cicloergômetros utilizando a percepção de esforço.
Coutts e colaboradores (2007), em sua pesquisa, monitoraram
jogadores semiprofissionais de Rugby em 6 semanas de treinamento com 5 a 6
sessões semanais. O grupo que participou deste treinamento demonstrou
valores significativamente maiores de PSE em todas as semanas exceto na
sétima semana, cujo grupo controle (com treinamento inalterado) e o grupo
com treinamento alterado fizeram uma redução de cargas de treinamento.
Em seus estudos, Moreira e colaboradores (2009), observaram os
valores de PSE das sessões em atletas de canoagem do sexo feminino.
Percebendo as diferenças significativas nos valores de PSE entre as sessões
de cargas elevada e nas sessões de recuperação. Após o cálculo da carga de
treino foram encontrados valores de até 600 unidades arbitrárias nas sessões
fortes, sendo que nas sessões de recuperação os valores médios foram 200
unidades arbitrarias.
Com tais observações pode ser considerado que a PSE é uma forma
fidedigna e viável para o como acompanhante do monitoramento da
intensidade do exercício, evidenciando a carga interna.

CONCLUSÃO

Com tais observações podemos considerar que até o momento a


percepção subjetiva de esforço, tanto a de Borg (1982), quanto a de Foster
(1996; 2001), se bem aplicadas, podem ser meios fidedignos de controlar a
carga interna durante as sessões e a periodização do treinamento, além de ser
facilmente aplicada e ter baixo custo financeiro.

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testes de esforço e sua prescrição. Tradução Giusppe. Taranto. 6. ed. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 2003.

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practical instructor manual. Jordan. 1995
53
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BENDA, R. N.; GRECO, P. J. Iniciação Esportiva Universal: Da


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sports and exercise. v.14, n. 5, p. 377-381.

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TUBINO G. M. J. Metodologia científica do treinamento desportivo. 3. ed.


São Paulo: Ibrasa, 1993.

55
ATIVIDADE FÍSICA PARA MULHER PORTADORA DE VASCULITE CHURG
STRAUSS: Estudo de Caso

Dagnou Pessoa de Moura – dagnou@hotmail.com


Mestrando em Ciências da Motricidade UniSALESIANO – Lins
Julio Wilson dos Santos – santos.fc@unesp..br
Doutor em Ciências da Motricidade
Universidade Estadual Paulista - UNESP - Bauru

RESUMO

A síndrome de Churg Strauss (SSC) é uma doença autoimune de


etiologia indeterminada. Manifestações sistêmicas incluem mialgia, febre,
artralgia, neuropatia periférica, envolvimento pulmonar e cardíaco.
Glicocorticoides são utilizados para combater os efeitos da doença, entretanto,
estes apresentam efeitos colaterais importantes, como obesidade centrípeta,
osteoporose, fraqueza, miopatia, atrofia muscular; necrose asséptica da
cabeça do fêmur e úmero, além da depressão do sistema imunológico. O
objetivo do presente estudo é relatar um caso singular de uma paciente
diagnosticada com SCS por 10 anos, que realiza tratamento com corticoide.
Para combater os efeitos colaterais desse tratamento, foi adotado o
treinamento de força (TF) e corrida 3 a 5 vezes por semana durante todo o
período de tratamento até o momento, a carga utilizada em seus treinamentos
variam entre 50 a 70% de 1RM e de 70 a 90% da frequência cardíaca máxima.
Regularmente foi realizado exames para controle da saúde. O treinamento
mostrou indícios de der útil na manutenção da composição corporal e da
densidade mineral óssea e manutenção do sistema imune, combatendo aos
efeitos da SCS e do tratamento com corticoide.

Palavras-chave: Treinamento de Força. Síndrome Churg Strauss. Corticóide.

INTRODUÇÃO

A síndrome de Churg Strauss (SCS) é uma doença autoimune e de


etiologia indeterminada. Seu diagnóstico é difícil, não somente pela raridade,
mas também pela sobreposição clínica e anatomopatológica que pode haver
entre diferentes vasculites, podendo, por este motivo, ter sua prevalência
subestimada. (BARROS et al., 2005).
Descrita primeiramente em 1951 por Churg e Strauss, foi definida como
56
angeíte granulomatosa, determinada por três critérios maiores: presença de
vasculite necrotizante, infiltração tecidual eosinofílica e de granulomas
extravasculares. (CHURG; STRAUSS, 1951).
Manifestações sistêmicas incluem mialgia, febre, perda de peso,
artralgia, alterações cutâneas, neuropatia periférica, envolvimento pulmonar, de
trato gastrintestinal e cardiomiopatia (LANFORD, 2001); os demais sistemas
são comprometidos com menos frequência. Na histopatologia, o granuloma
eosinofílico é peri ou extravascular, porém muitas vezes é difícil de ser
demonstrado, não sendo patognomônico da SCS. (KATZENSTEIN, 2000).
Nessa patologia em questão, comumente são utilizados GC para
combater os efeitos da doença, essas drogas são capazes de induzir a
maturação celular (pneumócito tipo II), diferenciação celular (linhagens da
crista neural) ou mesmo a morte celular por apoptose, o que permite seu uso
também no tratamento de tumores, especialmente os de linhagem
hematopoiética. Porém, os GC têm seu papel central no tratamento de
doenças nas quais estejam envolvidos mecanismos imunes e inflamatórios.
(LONGUI, 2007).
Entretanto, o glicocorticóide possui efeitos colaterais importantes, como
obesidade centrípeta, fácies em lua cheia, giba ou corcunda de búfalo,
deposição supraclavicular, osteoporose, fraqueza, miopatia, atrofia muscular
proximal; necrose asséptica de cabeça de fêmur e úmero e dedução do
sistema imunológico. (LONGUI, 2007).
Para minimizar esses efeitos indesejáveis, o exercício físico tem um
papel importante, combatendo a perda de massa óssea e muscular, reduzindo
o acúmulo de gordura e melhorando o sistema imunológico.
O objetivo da pesquisa é fazer um estudo de caso de uma paciente com
SCS, diagnosticada há 10 anos, que desde o diagnóstico faz atividades físicas
aeróbicas e com pesos com intuito de minimizar os efeitos indesejáveis da
patologia e do tratamento.

1 CARACTERÍSTICAS DA SÍNDROME DE CHURG-STRAUS

A SCS é uma vasculite sistémica necrotizante, que afeta os vasos de


57
pequeno e médio calibre e se associa a granulomas eosinofílicos
extravasculares, eosinofilia periférica e asma. É uma síndrome rara, de
etiologia desconhecida e que afeta ambos os géneros e todos os grupos
etários. Os portadores de SCS geralmente apresentam boa resposta à
terapêutica com GC, embora as recidivas sejam frequentes após a sua
suspensão. (ALFARO et al., 2012).
O envolvimento cardíaco pode se apresentar como miocardite,
insuficiência cardíaca, pericardite ou mesmo vasculite coronária e consequente
isquemia miocárdica. Cerca de metade das mortes relacionadas coma SCS
são causadas por lesões cardíacas. (DENNERT et al., 2010).
A base do tratamento são os corticosteroides em doses elevadas que
são geralmente iniciados numa dose de 1mg/kg/dia (máx.60mg/dia) de
prednisolona, mantida até o controle dos sintomas, com regressão lenta
(durante um ano). (ALFARO et al., 2012).
Na ausência de tratamento, a SCS pode ser rapidamente fatal após o
estabelecimento da vasculite. O tratamento com corticoides leva a uma
resposta significativa em 90% dos doentes, embora cerca de 20% venham a
necessitar de terapêutica citotóxica adicional. (ALFARO et al., 2012).
Em 1946, o cortisol foi sintetizado, em 1948, utilizado pela primeira vez
por Hench em paciente com artrite reumatóide. Logo a seguir, os efeitos
colaterais desfavoráveis foram reconhecidos, os quais adicionaram limites ao
uso terapêutico dos GC. Na década de 1950, as modificações da estrutura do
cortisol resultaram em novos fármacos, como a prednisona e a prednisolona.
(LONGUI, 2007).
Segundo Damiani et al. (2001), a resposta anti-inflamatória do GC
ocorre por ação local, tanto na fase precoce (edema, dilatação capilar,
migração de leucócitos, atividade fagocitária, quanto na fase tardia do processo
inflamatório (proliferação capilar e de fibroblastos, deposição de colágeno e
cicatrização).
Entretanto, o tratamento corticoterapia possui uma extensa lista de
efeitos indesejáveis, em geral relacionados ao tempo de tratamento e uso de
glicocorticóides de ação mais prolongada. (SCHIMMER; PARKER, 2007;
GUYTON; HALL, 2006).
58
De acordo com Longui (2007), os principais efeitos colaterais da
corticoterapia são: alterações da distribuição de gordura, caracterizadas pela
obesidade centrípeta, faces em lua cheia, giba ou corcunda de búfalo e
deposição supraclavicular; osteoporose, fraturas ósseas, fraqueza muscular,
miopatia, atrofia muscular proximal; necrose asséptica de cabeça de fêmur e
úmero; alterações menstruais, diminuição da libido, impotência,
hipotireoidismo, obesidade central entre outros.

2 MATERIAL E MÉTODOS

O protocolo de treinamento sempre foi constituído por treinamento de


força, que variavam de 2 exercícios para cada grupo muscular para os
membros superiores e 3 exercícios para cada grupo muscular para membros
inferiores. A carga variava entre 50 e 70% de 1RM de acordo com
periodização, foi realizado também atividades de impacto, como corridas
contínuas e intervaladas e aulas de ginástica coletivas. A frequência semanal
sempre variou de 3 a 5 dias de atividade por semana.
O protocolo para determinar a composição corporal foi o de dobras
cutâneas (subescapular, tríceps, peitoral, axilar média, supra-ilíaca, abdominal
e coxa) foi avaliada por adipômetro da marca Cardiomed. O protocolo utilizado
para estimativa do percentual de gordura foi o de 7 dobras. (JACKSON;
POLLOCK, 1984).

3 RESULTADOS

Abaixo a tabela com dados referentes aos exames de densitometria


óssea realizada pela paciente entre os anos de 2007 e 2017.
Para pacientes acima de 45 anos, é aceitável redução na densidade
mineral óssea (DMO) anual de até 2%. Entre os anos de 2007 e 2009, na
região da coluna vertebral, não apresentou alteração significante na DMO,
entre 2009 e 2011 houve uma perda de 7,2%, entre 2011 e 2012 não
apresentou alterações significativas, entre 2012 e 2014 apresentou uma
redução de 2,3%, entre 2014 e 2017, houve redução de 4,25, dentro da
59
normalidade em 3 anos.

Tabela 1: Densitometria óssea


Ano 2007 2009 2011 2012 2014 2017

Coluna Vertebral L2 a
1,405 1,406 1,304 1,298 1,268 1,214
L4 (g/cm2)

Colo Femoral (g/cm2) 1,113 1,020 1,061 0,982 0,948 0,940


Fonte: dados coletados pelos autores

Na região do colo do fêmur, houve na DMO uma redução na de 8,9%,


entre os anos de 2007 e 2009, entre 2009 e 2011, um importante acréscimo na
DMO de 4,1%, entre 2011 e 2012 uma perda de tecido ósseo de 7,4% e entre
2012 e 2014 uma redução na DMO de 3,4%, entre 2014 e 2017, uma redução
de 0,84%, um valor extremamente baixo de perda de tecido ósseo.
Na região da coluna houve uma perda de 13,6% em 10 anos, dentro da
faixa natural para a idade. No colo do fêmur a perda de DMO foi de 15,55%,
ambos dentro da faixa normal de perda óssea para a idade.
Apesar das perdas de DMO, mesmo através de doses altas de GC, a
paciente não apresentou osteopenia ou osteoporose em nenhuma região.

Tabela 2: Eosinófilos (/mm3)


Ano 2006 2012 2013 2014 2017
Janeiro 412
Abril 919
Março 873
Mês Agosto 988
Setembro 2000
Outubro 2985
Novembro 11988 918
Fonte: dados coletados pelos autores

60
Tabela 3: Composição corporal todas as antropométricas
Ano 2010 2012 2014 2017
Percentual de gordura (%) 28,4 21,6 26,4 22,78
Massa corporal (Kg) 60,2 57,2 60,0 57,8
Cintura (cm) 73 67 71,5 71
Abdome (cm) 84 74,5 84 83,5
Quadril (cm) 98,5 93,5 100,5 96,5
Fonte: dados coletados pelos autores

Os valores de referência para os eosinófilos são entre 50 e 400


unidades por mm3 de sangue, em novembro de 2006 a paciente chegou a
valores de 11988/mm3, em 2012 a mesma apresentou a valor mais baixo
desde o diagnóstico, 412/mm3, desde então vem variando na faixa de 8 a 9
centenas.
Os valores da composição corporal nos mostram como o tratamento
com GC podem influenciar, em 2012 foi quando a paciente apresentou o menor
valor de gordura corporal, mesma época em que os exames sanguíneos
apontavam o menor valor de eosinófilos, assim fazendo com que a dose da
droga fosse inferior. De acordo com Longui (2007), o GC causa aumento de
depósitos de gordura, já que a forma e o volume do treinamento não se
alteraram nesse período, a melhora significativa ocorrida em 2012 tem uma
forte relação com a dose de GC.

4 DISCUSSÃO

Não há na literatura resultados sobre treinamento de força e SSC, nem


sobre treinamento de força relacionados com o uso de GC, porém há estudos
sobre as variáveis afetadas pelo uso prolongado da droga. Dentre os principais
efeitos colaterais do tratamento com GC para portadores de SCS são atrofia
muscular, perda de massa óssea e alteração do metabolismo do tecido
adiposo.
O American College of Rheumatology em 1990 deu um parecer que o
sinal mais comum da SCS é a asma grave a moderada, dessa forma o
61
exercício físico tem um papel importante para a melhora da qualidade de vida
dessa população especifica. (RAO; ALLEN, 1998).
Diante desse quadro, observa-se que pacientes com doença respiratória
crônica tendem a mostrar menor tolerância ao exercício físico devido à
dificuldade respiratória. (SILVA et al. 2005).
Os músculos respiratórios são músculos esqueléticos e, como tal, são
morfo e funcionalmente semelhantes a outros músculos esqueléticos do corpo
como, por exemplo, os músculos do aparelho locomotor e, portanto, podem
sofrer deficiências e alterações semelhantes a qualquer músculo esquelético
enfraquecido. O que pode ocorrer devido à má nutrição, fadiga de treinamento
ou mediante certas patologias. Ao mesmo tempo, os músculos respiratórios
podem ser treinados a fim de melhorarem a sua força e resistência, pois tanto
os músculos respiratórios como os esqueléticos, em geral, são sensíveis a um
programa de treinamento físico adequado (POWERS; CRISWELL, 1996).
Ao longo dos anos, trabalhos envolvendo exercícios físicos em
asmáticos para complementar o tratamento farmacológico vêm demonstrando
seus efeitos, tais como: melhora da performance aeróbia, diminuição do lactato
sanguíneo ao esforço e diminuição da ventilação minuto (durante esforço),
aumento na captação máxima de oxigênio, redução do número de crises e
redução do uso da medicação de alívio e anti-inflamatória. (ENGSTRÖM et al.,
1991; MATSUMOTO et al., 1999).
Segundo Pardy; Reid; Belman (1988), a performance no exercício físico
em pacientes com obstrução crônica das vias aéreas não está limitada
somente pela performance anormal dos músculos respiratórios, mas também
pela troca gasosa deficiente. De acordo com Sampaio et al. (2002), pacientes
asmáticos submetidos ao exercício físico apresentaram aumento significativo
da pressão inspiratória máxima e força muscular respiratória. Portanto, para
Sampaio et al. (2002), o exercício físico pode ser considerados como medida s
preventivas para os pacientes asmáticos.
Ao buscar o tipo de exercícios ideal para a perda de massa muscular e
óssea, o TF e de carga de alto impacto garantem melhores resultados, em
comparação com os de treinamento de resistência muscular localizada.
(SHAW; WITZKE, 1998).
62
Sendo assim, exercícios intensos podem promover ossos com maior
densidade mineral quando comparados com os exercícios de menor
intensidade. No entanto, os exercícios que utilizam pouca força podem causar
um estresse suficiente para promover a conservação da remodelagem dos
ganhos adquiridos (FROST, 1999).
O tecido ósseo apesar da sua resistência às pressões e da sua dureza é
um material altamente adaptável e plástico, muito sensível ao desuso,
imobilização, falta de gravidade, atividade vigorosa e aos altos níveis de carga.
Sendo capaz de auto reparar-se, de ser modelado e formado por meio das
atividades impostas (pela demanda mecânica), onde sua estrutura interna se
adapta em resposta a modificações as forças a que está sendo submetido
(HAMILL; KNUTZEN, 1999; JUNQUEIRA; CARNEIRO, 1999), e para que o
osso se torne maior e mais denso, a pressão deve ser maior e além dos níveis
normais (NIEMAN, 1999; BOMPA; CORNACCHIA, 2000).
Com as atividades físicas, os depósitos ósseos irão exceder a
reabsorção, isso quando houver uma lesão ou quando for imposta uma maior
força sobre os ossos. Assim foram observados que os levantadores de peso e
os tenistas desenvolveram maior espessamento na inserção dos músculos
mais ativos, e os ossos ficaram mais densos nos locais em que os estresses
foram maiores, onde houve uma mudança no formato do osso durante a
consolidação da fratura. (HAMILL; KNUTZEN, 1999).
De acordo com Santarém (2007), o TF causa estresse no tecido ósseo
estimulando a remodelagem do mesmo, produzindo impulsos elétricos
negativos na região côncava e positiva na convexa, o cálcio e o fósforo
acumulam-se na região côncava e são absorvidos na região convexa e outra
possibilidade é de um mecanismo alternativo ou sinérgico ao anterior, onde se
postula a existência de mecanoreceptores no osso, regulados por hormônios
sexuais, que transformariam estímulos de tensão em estímulos bioquímicos
para a osteogênese. Com a tensão imposta, os osteoblastos começam a
formação do processo ósseo depositando fibras colágenas na matriz óssea.
Kemper et al. (2009) comparou os efeitos da natação com o TF na DMO
em mulheres idosas. 23 mulheres com idade média de 63,9 ± 6,49 anos com
osteoporose diagnosticada foram divididas em dois grupos, um grupo que
63
realizou natação (n = 13), que treinou em intensidade entre 60 e 90% da
frequência cardíaca de reserva e outro grupo realizou TF, (n = 10), que treinou
os principais grupamentos musculares com três séries a 80% de 1RM. Os dois
grupos praticaram três vezes por semana com uma hora de duração para cada
sessão, durante seis meses. Os resultados mostraram que as médias para a
DMO quando comparadas intra ou intergrupos não foram estatisticamente
significantes em 6 meses, porém a DMO foi maior no grupo que realizava TF.
O estudo de Marques et al. (2011) comparou os efeitos do TF e um de
treinamento aeróbio de baixa intensidade sobre a DMO. O estudo contou com
71 mulheres idosas com osteoporose. Os treinamentos foram realizadas 3
vezes por semana durante 8 meses. Após esse período, o grupo que realizou
TF apresentou aumentos na DMO da trocanter (2,9%) e do quadril (1,5%), em
comparação ao grupo que realizou treinamento aeróbio, sugerindo que o TF é
mais eficiente para aumentar DMO que o treinamento aeróbio.
O TF também leva a redução da taxa de gordura corporal, um dos
importantes fatores que os levariam a contribuir com a redução do peso seriam:
a manutenção da taxa metabólica de repouso, através da manutenção da
massa muscular e o aumento no consumo de energia pós-exercício (EPOC,
excess post-exercise consumption). Após o exercício, o consumo de oxigênio
permanece acima dos níveis de repouso por um determinado período de
tempo, denotando maior gasto energético durante este exercício (MEIRELLES;
GOMES, 2004), acarretando em um aumento no gasto calórico diário, porém,
as pesquisas sobre o assunto são muito contraditórias. (GUEDES, 2003).
A preservação da massa muscular ajuda a evitar a queda da taxa
metabólica, suportar a manutenção do peso corporal e prevenir adiposidade
visceral (HURLEY; ROTH, 2000). Poehlman; Thot; Fonong (1995) afirmam que
a elevação do gasto energético de repouso pode ser estimada pelo aumento
de aproximadamente 100 a 150 kcal/dia no gasto energético diário. Há indícios
que o aumento de 6,8 a 7,7% no gasto energético de repouso após 12 a 16
semanas de treinamento com pesos em indivíduos adultos e idosos.
De acordo com Rojo-Tirado et al. (2015), quanto mais tecido adiposo a
pessoa tem, maior a quantidade de gordura o individuo perde com o
treinamento de força.
64
Marx et al. (2001) relataram que durante 24 semanas de reduz cerca de
3% de gordura corporal e aumentaram a sua massa muscular em cerca de 1
kg. O mesmo estudo também avaliou a força de resistência muscular de
membros inferiores e superiores, também no aparelho de supino e leg press e
a potência muscular, nos testes de Wingate e impulsão vertical, novamente
encontrando aumentos significativos, podendo verificar que o TF em forma de
circuito trabalha muito bem o sistema neuromuscular, importante parâmetro da
qualidade de vida.

CONCLUSÃO

Este trabalho nos leva a crer que o TF é um importante aliado para


portadores de SCS, em especial para combater os efeitos deletérios do
tratamento prolongado com GC. A perda de massa óssea e ganho de gordura
corporal são os efeitos colaterais mais comuns do tratamento prolongado,
assim com TF é possível minimizar esses problemas como na voluntária deste
estudo, apesar de 10 anos com o efeito do medicamento, possui DMO normal
para a idade, e o mesmo acontece com a composição corporal.

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67
CAPACIDADES FÍSICAS DE IDOSOS PRATICANTES DE MUSCULAÇÃO E
HIDROGINÁSTICA: Uma Revisão de Literatura

Carlos Eduardo Gonçalves Zerbini – zerbajc@hotmail.com


Vanessa de Aquino Sales - aquino_sales@hotmail.com
Graduando em Educação Física - UniSALESIANO Lins
Prof.ª Ma. Giseli de Barros Silva – gigi_barros@hotmail.com
Docente - UniSALESIANO Lins

RESUMO

Atualmente a população idosa vem crescendo gradativamente visto que


a expectativa de vida tem aumentado em todo o mundo. Estar atento às
alterações morfofisiológicas do idoso é essencial para trabalhar na redução dos
déficits das capacidades físicas. Dessa forma o exercício físico prescrito de
forma adequada para a população idosa traz benefícios comprovados a curto e
longo prazo. Dessa forma, esse estudo visa à abordagem literária, de duas
atividades físicas sugeridas para terceira idade. Trata-se da pratica de
musculação e/ou hidroginástica, visto que as mesmas oferecem grandes
resultados no desempenho das capacidades físicas funcionais como, por
exemplo: força, capacidade aeróbia, coordenação motora, flexibilidade entre
outras. As mesmas serão elucidadas a partir da metodologia de revisão
bibliográfica. Por fim, espera-se que a partir das informações coletadas seja
comprovado qual é a melhor atividade proposta para a terceira idade quando
as temáticas musculação e hidroginástica são abordadas.

Palavras-chave: População Idosa. Capacidade física. Exercício físico.


Musculação. Hidroginástica.

INTRODUÇÃO

O envelhecimento é um processo natural do organismo que acarreta


alterações fisiológicas que comprometem a funcionalidade física e orgânica do
indivíduo. (DAWALIB et al., 2013).
Esse período é marcado por uma limitação das capacidades físicas
ocasionada por diminuição da agilidade, flexibilidade e volume de oxigênio que
dificultam a realização de atividades de vida diária. (ARAÚJO; BERTOLINI;
MARTINS JÚNIOR, 2014).
A prática de exercício físico é primordial para minimizar os efeitos do
envelhecimento, visto que ela promove a melhoria da aptidão física e qualidade
68
de vida. (MACIEL, 2010).
Segundo Zawadski e Vegetti (2007), a musculação é a atividade mais
indicada para a terceira idade, visto que contribui para a manutenção e/ou
ganho de massa muscular.
Para Cerri e Simões (2007), a melhor atividade proposta para idosos é a
hidroginástica, pois os exercícios no meio aquático diminuem o impacto
ortopédico e trabalham capacidades físicas específicas, tais como
coordenação motora, flexibilidade, resistência aeróbia e muscular e auxiliam no
ganho de força.

OBJETIVO

Este estudo objetiva o levantamento de dados bibliográficos que possam


demonstrar qual das atividades comparadas apresentam melhores resultados
ao idoso em relação às capacidades físicas.

METODOLOGIA

Trata-se de uma revisão bibliográfica com dados coletados a partir das


bases científicas Scielo e Google Acadêmico, onde se buscou materiais acerca
do tema envelhecimento e exercício físico na terceira idade, optando-se por
autores conceituados e atuais que abordem essa temática.

1 ENVELHECIMENTO

O envelhecimento é um processo natural do organismo, progressivo e


irreversível, caracterizado por uma ação conjunta de fatores genéticos,
ambientais e psicossociais, que influenciam diretamente na qualidade de vida
do indivíduo idoso. É fato que, além dos fatores citados, os hábitos adquiridos
ao longo do tempo também são preponderantes para o aceleramento ou
desaceleramento desse processo, visto que, é possível envelhecer de forma
saudável, maximizando ainda mais a expectativa de vida. (RIBEIRO, 2012).
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) define-se como
69
indivíduo idoso, pessoas acima de 60 anos tratando-se da população de países
em desenvolvimento, já para países desenvolvidos a faixa etária sobe para 65
anos de idade (IBGE, 2016). A elevação nos índices da população idosa
relaciona-se diretamente com a longevidade, bem como a diminuição da
natalidade e da mortalidade, (TRIBESS; VIRTUOSO, 2005).
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)
estima-se que no Brasil o número de idosos seja de 21,2 para cada 100
pessoas em idade ativa em 2020, sendo que em 2050 a tendência seja de
aumento para 51,9 indivíduos. Esses números quando comparados com a
faixa etária de crianças até 14 anos totalizam para 2020 e 2050, 66,1 e 208,7
para cada 100 crianças, respectivamente, (IBGE, 2016).
As variações do envelhecimento dependem significativamente de fatores
acumulados ao longo de toda uma vida tais como estilo de vida, condições
socioeconômicas e doenças crônicas, (FECHINE; TROMPIERI, 2012).
Para Motta (2004), o envelhecimento cronológico é o processo que
acompanha a idade calendária do idoso, nem sempre condizente com suas
condições funcionais, pois essa é definida pela idade biológica. A idade
psicológica refere-se a maturação mental e as experiências, já a idade social
depende do núcleo ambiental no qual o indivíduo está inserido e integrado.
(PAPALÉO NETTO, 2002).
Através do envelhecimento biológico denotam-se as transformações
fisiológicas que acontecem de forma contínua no organismo humano e que
tornam o indivíduo mais vulnerável. Naturalmente, ao atingir a terceira idade, o
idoso é acometido por um declínio na sua aptidão funcional, resultante das
transformações de toda uma vida. Essas mudanças em suas capacidades são
graduais e multifatoriais acarretando um desequilíbrio homeostático
considerável que podem resultar em possíveis patologias e perda da qualidade
de vida. (MORAES; MORAES; LIMA, 2010).

2 CAPACIDADES FÍSICAS

Definem-se como capacidades físicas os atributos encontrados e


passíveis de treinamento no organismo humano com objetivos e funções
70
diferenciadas. (FITTIPALDI; DIAS; GUEDES, 2014).
Segundo Maciel (2010) trabalhar as capacidades físicas é aperfeiçoar os
aspectos de funcionalidade, que é entendida como a forma desenvolvida do
indivíduo realizar determinadas atividades ou funções comuns de sua
experiência diária e essenciais para a manutenção do cuidado global de si
mesmo.
Ainda para outros autores, o decréscimo das capacidades físicas
associado com a falta de atividade física e diminuição da taxa metabólica basal
dificulta a manutenção de um estilo de vida saudável, devido a redução da
força, flexibilidade, velocidade e níveis de VO2 máximo. (TRIBESS;
VIRTUOSO, 2005).
Acrescenta Rebelatto (2005), que durante a terceira idade ocorre uma
diminuição acentuada de massa muscular, redução da flexibilidade, força de
resistência, coordenação e equilíbrio dinâmico que podem prejudicar o
desenvolvimento das atividades diárias.
Diante das alterações que acontecem na terceira idade, Rocha (2013)
afirma que o sedentarismo é o estilo de vida que mais ocasiona patologias que
se tornam crônicas. Para Moreira e Borges (2009), os idosos necessitam
praticar atividades físicas para se manterem saudáveis, ativos e
independentes.

Desse modo, um programa de atividade física dirigido para atender a


população de idosos deve estar voltado para a melhoria da
capacidade física do individuo, diminuindo a deterioração das
variáveis antropométricas (estatura, peso e índice de massa corpórea
– IMC), das variáveis neuromusculares (sarcopenia, degeneração
muscular, perda da força muscular) e das alterações cardiovasculares
e respiratórias, como também estar voltando à maximização do
contato social e à redução dos problemas psicológicos, como
ansiedade e depressão. (VAISBERG; MELLO, 2010, p.340).

Visto que a diminuição da capacidade física funcional e as


características notáveis do envelhecimento são inevitáveis indica-se para o
idoso um programa de treinamento físico voltado especialmente para ampliar a
autonomia e independência para realização de atividades rotineiras. É
primordial que os exercícios apresentem amplitude de movimentos, estímulos à
coordenação e a atuação dos grandes grupamentos musculares. Os
71
movimentos devem primar pelo equilíbrio e facilidade na execução.

3 MUSCULAÇÃO

A musculação é a melhor atividade física a ser considerada para idosos,


pois além de ter como principal efeito o aumento da resistência e força
muscular, ainda promove melhora nos aspectos de equilíbrio, agilidade e
flexibilidade, maximizando a independência do indivíduo. (ESTORCK; ERBA;
CORREA, 2012).
Estudos realizados por Faria et al. (2003) comprovaram que o exercício
físico voltado para o fortalecimento muscular melhora as capacidades
funcionais do idoso, tornando-se mais autônomo e independente. Além disso,
para Guimarães et al. (2005), essa intervenção é importante para toda
população da terceira idade, pois o fortalecimento muscular diminui a
incidência de quedas.
O treino de musculação é variável de acordo com a capacidade de cada
individuo idoso e deve ser prescrito respeitando as condições físicas para
execução dos movimentos com peso. É importante lembrar que, o idoso ao
longo de sua jornada se preocupa com a sua capacidade funcional e não tanto
com a estética, muitos se preocupam com o envelhecimento saudável e
apresentam à necessidade de serem independentes ao exercerem suas
atividades. As atividades prescritas têm como objetivo melhorar a capacidade
do idoso e diminuir a deterioração fisiológica. (VAISBERG; MELLO, 2010).

O trabalho de força muscular é de fundamental importância na


medida em que proporciona o incremento da massa muscular e,
consequentemente, a força muscular evita quedas e preserva a
capacidade funcional e a independência. Os exercícios de força
muscular devem priorizar os principais grandes grupos musculares
(glúteos, quadríceps, posteriores da coxa, peitorais, dorsal, deltoides,
abdominais) que são importantes nas atividades do cotidiano.
(VAISBERG; MELLO, 2010, p.342).

O treinamento com peso idealizado para indivíduos idosos é essencial


para a promoção da saúde quando aplicado de maneira adequada, visto que
melhora a qualidade de vida dessa população promovendo autonomia e
72
independência a partir da prática de atividade física (DIAS; GURJÃO;
MARUCCI, 2006).

4 HIDROGINÁSTICA

De acordo com registros históricos de domínio público em datas


aproximadas de 460-375 a.C. a água já era utilizada por Hipócrates com fins
terapêuticos e medicinais. Também os romanos e gregos usavam largamente
atividades aquáticas com finalidades recreativas e curativas. Com o passar dos
anos e acompanhando a evolução mundial o uso a água para atividades
relacionadas ao bem estar tornou-se cada vez mais recorrente. (CUNHA et al.,
2001).
A hidroginástica consiste em sessões que propicia um aumento da
capacidade aeróbia, melhora de força muscular e flexibilidade, além de
promover resultados benéficos quanto ao equilíbrio e coordenação motora.
Além disso, a hidroginástica é capaz de melhorar a autoestima do indivíduo
idoso valorizando a autoimagem e interação social e proporcionando um
ambiente confortável e agradável para os mesmos. (MORAIS; ALVES
CLÁUDIO, 2011).
Para Raso, Greve e Polito (2013), o exercício realizado no meio líquido
propicia respostas lógicas e biomecânicas que podem ser observadas e
comprovadas no meio terrestre.
É importante que a piscina esteja adequada, principalmente quando se
trata de população idosa, com barras de apoio, piso emborrachado ou
antiderrapante, nível da água adequado, temperatura adequada de acordo com
o meio externo.

CONCLUSÃO

Apesar do crescimento da população idosa ter maior proporção


em relação aos anos anteriores, o envelhecimento não deve ser deixado de
lado ou tratado como doença pertencente a esta época, principalmente porque
falamos de seres humanos que tem uma história de vida e que querem
73
continuar a fazer parte de uma estrutura de sociedade, mantendo suas
atividades e rotinas da melhor forma possível. Muitas vezes aquele idoso que
aparentemente não tem condições físicas nenhuma, pode ter sido responsável
por um marco histórico em nossas vidas. Os estudos relacionados à qualidade
de vida são muito importantes, pois, a população idosa esta se tornando cada
vez mais independente e exigente com os serviços que contrata entre eles a
orientação para atividade física.
Podemos concluir que existem vários meios que ajudam a melhorar a
qualidade de vida do idoso, diminuindo os efeitos da degeneração fisiológica.
Foi citado nessa pesquisa o exercício físico como um dos principais meios,
envolvendo a musculação e hidroginástica adaptadas para o idoso e sendo
assim essenciais para acrescentar qualidade de vida e possivelmente
longevidade para a população idosa que aderem a essas atividades.

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77
CAPACIDADES FÍSICAS NO BASQUETEBOL

Elison Antônio Cavalcanti Rosa - eacr88@hotmail.com


Gledman Ferreira Lima - gledlima15@gmail.com
Maria Fernanda Mathias Gonçalves - maria.fmg@hotmail.com
Graduandos em Educação Física - UniSALESIANO Lins
Prof.ª Ma. Giseli de Barros Silva - gigi_barros@hotmail.com
Docente - UniSALESIANO Lins

RESUMO

O principal fator que leva um atleta a ter sucesso no basquetebol é o


desenvolvimento das capacidades físicas, fundamental para seus praticantes
principalmente no âmbito profissional. Atualmente o basquetebol tem se
tornado um esporte dinâmico por suas mudanças de regras e dimensões de
espaço, tais como: posse de bola rápida, tempo para transição, tempo de
manuseio, tempo para cobranças de lateral e fundo bola, tempo para
cobranças de lances livre, entre outros. O atleta tem que estar altamente
treinado para ser ágil, obter total controle dos fundamentos em questão, melhor
aproveitamento e porcentagens satisfatórias. Trata-se de uma revisão
bibliográfica, na base de dados de publicações científicas. Tem como objetivo
demonstrar a importância e a necessidade de um trabalho de força muscular
adequado para melhorias das capacidades físicas e técnicas no basquete. As
qualidades individuais e poder de recuperação do atleta são essenciais e de
suma importância para resultados satisfatórios.

Palavras-chave: Basquetebol. Capacidades físicas. Atleta.

INTRODUÇÃO

James Naismith criou o basquetebol no ano de 1891 em


Massachussets, nos Estados Unidos. O basquetebol é uma das modalidades
mais praticadas no mundo, inclusive no Brasil (DAIUTO, 1991), onde o esporte
se tornou muito popular e com grandes ídolos.
James resolveu criar algum jogo agradável e interessante, onde devido
ao rigoroso inverno, pudesse ser praticado em lugares fechados e que
atendesse um grande número de pessoas praticando ao mesmo tempo, sem
ter muito contato físico e com sentido coletivo. Sendo assim, Naismith criou o
jogo com uma bola maior do que as de outros jogos, e com cestos de
78
pêssegos colocados a uma altura de aproximadamente de 3 metros do solo.
(GUARIZI, 2007; FERREIRA; ROSE JÚNIOR, 1987; COUTINHO, 2003).
Com esse novo jogo os alunos ficaram tão empolgados, que ficou difícil
de tirá-los do ginásio após o término das aulas. Esse nome, Basketball, foi
batizado por um aluno chamado Frank Mahan, que em português quer dizer
bola no cesto. (GUARIZI, 2007).
Para Jobim, Pureza e Loureiro (2008), o basquetebol e suas funções
podem ser baseados especificamente nos aspectos físicos, técnicos, táticos e
psicológicos podendo influenciar totalmente em suas ações e rendimento
propriamente dito. É uma modalidade totalmente dependente de precisão, pois
é um esporte onde o uso desta qualidade é essencial para se obter sucesso.
Essa modalidade exige habilidade por ser um esporte com contato físico
(NUNES; FANTATO; MONTAGNER, 2006). Além da habilidade, é
imprescindível a força já que entre os movimentos executados estão:
arremesso, salto, deslocamentos laterais principalmente na defesa e além da
resistência física para as intensas corridas, basicamente em tiros curtos
constantes por ser um jogo dinâmico e de decisões rápidas.
No basquetebol moderno, os atletas que obtêm sucesso pleno são os
que têm alto nível de aproveitamento em seus fundamentos de arremate de
arremessos de 1, 2 e 3 pontos dentro de uma estrutura de jogo que é
necessário a precisão para sua execução. (BARBANTI, 2000).
Deste modo, para um bom arremesso é necessário precisão, o que
somente a prática constante é capaz de fornecer, mas sem a potência certa
nos membros superiores e inferiores o arremesso não chega à correta
precisão. Segundo Gorgatti e Böhme (2002), o sucesso competitivo do
indivíduo se dá quando ocorrem a associação entre potência e habilidade
aliada às demais capacidades físicas.
A capacidade aeróbia tem importância significativa para a realização de
todos os fundamentos, o treinamento desta capacidade em atletas de alto
rendimento tem como base do sucesso o poder de recuperação do organismo
e restauração da creatina fosfato (CP) que implicam diretamente na
intensidade e ganho da aptidão aeróbia. (HELGERUD et al., 2001).
O presente artigo visa apresentar o importante papel do trabalho de
79
força muscular adequado e suas melhorias nas capacidades físicas
(velocidade, agilidade, precisão, deslocamento lateral e saltos) e técnicas no
basquetebol.

1 CAPACIDADES FÍSICAS

Capacidades físicas são fatores que determinam a condição física do


indivíduo, orientando para uma boa execução de uma determinada atividade
física e mediante o treinamento, que o indivíduo desenvolva o máximo de seu
potencial físico.
A capacidade física é a resistência física bem desenvolvida,
possibilitando os atletas de basquetebol realizar a contração muscular por
tempo prolongado, suportando grandes esforços, que são exigidos no jogo,
retardando o aparecimento de fadiga muscular. (BARBANTI, 2000).
Segundo Barbanti (2000):
a) força: é a capacidade de exercer tensão contra uma resistência que
ocorre por meio de ações musculares. O treinamento da força visa um
aprimoramento por meio de exercícios gerais e específicos,
juntamente com determinados movimentos do basquetebol.
b) agilidade: capacidade de executar movimentos rápidos com
mudanças de direções. Para a agilidade, a flexibilidade é importante.
c) velocidade: capacidade de executar movimentos cíclicos na mais alta
velocidade individual, e no menor tempo possível. A velocidade bem
executada possibilita o jogador a reagir a estímulos do jogo. O
treinamento da velocidade no basquetebol depende da força,
estabilidade, técnica e tática do desportista.
d) resistência: capacidade de sustentar uma dada carga de atividade por
maior tempo possível sem fadiga ocasionada por condições de
grande esforço exigido nos jogos, retardando ao máximo o
aparecimento da fadiga muscular.
e) coordenação: direciona o movimento dos jogadores de basquetebol,
seu melhor momento acontece nas idades infantis e no início da
adolescência. O trabalho em atletas de basquete domina de forma
80
mais concreta suas capacidades motoras.
f) flexibilidade: permite ter uma extensão máxima de um determinado
movimento em alguma articulação, permitindo o jogador de basquete
ter o desenvolvimento de executar em uma grande amplitude seu
movimento. A ausência dessa capacidade aumentará a probabilidade
de lesões ao atleta, podendo atrapalhar o desenvolvimento da rapidez
e força, exigindo a realização de esforços desnecessários.
Aconselha-se o trabalho de exercícios no basquetebol, antes e depois
do treinamento, com movimentos amplos para ter uma boa qualidade na
realização do movimento, tendo também ganho de força e agilidade.

2 IMPORTÂNCIA DAS CAPACIDADES FÍSICAS

O basquetebol é uma modalidade que envolve diferentes capacidades


motoras, modalidade de alta intensidade, divididos em períodos curtos.

O basquetebol tem evoluído e se tornado cada vez mais rápido e


preciso, é necessário que a preparação de uma equipe torne-se mais
complexa e que sejam usadas novas técnicas e táticas, a fim de
tornar o treinamento cada vez mais detalhado e específico (DAIUTO,
1991, p.1).

Existem vários tipos de exercícios que podem contribuir ainda mais para
o desenvolvimento e aperfeiçoamento das capacidades físicas tornando-as
mais importantes como saltar, correr e ter força física para desempenhar bem
todos os fundamentos. Baseado nisso, Daiuto (1991), exemplifica alguns
exercícios: trabalho de força com bola medicine Ball utilizando saltos e também
deslocamento lateral para defesa; exercícios com elástico de tração para
melhoria de explosão física de membros inferiores melhorando a velocidade e
capacidades de bloqueio de rebote, para isso é essencial a dedicação e muito
treino para atletas, pois esses fatores contribuem para um bom desempenho
durante jogos de competições, quando se treina adequadamente suas
capacidades o atleta se torna completo por desempenhar bem suas funções se
tornando mais valioso.
Para se periodizar bem a preparação de treinamento de atletas
81
profissionais visando melhorias de capacidades físicas não se deve deixar de
citar alguns fatores como patologias e má formação estrutural do indivíduo,
sendo assim a anamnese que antecede uma boa preparação é fundamental,
não podendo passar detalhes como idade escolar que não permitiria o
processo adequado utilizando dois períodos de treinamento para atingir o
resultado com melhor qualidade (DAIUTO, 1991).
Na busca por atletas é necessário olhar com atenção sua desenvoltura
em todos os aspectos, visando a procura de capacidades que podem ser
trabalhadas.

3 INFLUÊNCIA DO TREINAMENTO DE FORÇA PARA A MELHORIA


DAS CAPACIDADES FÍSICAS

O salto vertical permite que o atleta execute arremessos ou marcações


que evitem o movimento de ataque adversário. De acordo com Jurado e Borin
(2006), o treinamento de força é capaz de melhorar o desempenho de
habilidade motora para o salto vertical, além dos movimentos de ataque e
defesa. O salto perfeito depende de força e velocidade dos membros inferiores
que representa a potência além de técnica.
Segundo Smith et al. (1992, apud MARQUES JUNIOR, 2005), para o
desenvolvimento desta potência é utilizado o treinamento de força e
coordenação motora para se obter o tempo certo de saltar e bloquear um
arremesso ou apanhar rebotes com melhor precisão e qualidade, apenas com
senso de posicionamento dentro de quadra.
A falta de flexibilidade aumenta a probabilidade de lesões musculares
podendo influenciar na força e na utilização adequada da musculatura.
Obtendo uma boa flexibilidade os ganhos em agilidade e força são notórios
elevando em muito o nível dos movimentos complexos que são exigidos do
atleta durante uma partida de basquetebol. (PEREIRA, 2011).
Para que o exercício de força seja eficiente e melhore a flexibilidade do
indivíduo é necessário que os músculos agonistas e antagonistas estejam em
equilíbrio e trabalhem sua máxima amplitude com a inclusão do alongamento
nos treinamentos de força. (ACHOUR JUNIOR, 1999).
82
Segundo Gomes Souza (2008), para coordenação motora pode-se citar
dois tipos de treinamento, o de precisão de movimentos e o de capacidade de
equilíbrio, sendo o primeiro expresso por um simples gesto motor como a
caminhada e por último, um trabalho que exige um equilíbrio estático e
dinâmico por um período prolongado como trabalho de equilíbrio sobre uma
perna na cama elástica ou no disco de equilíbrio.
A velocidade tem como objetivo principal dar dinamismo ao jogo quando
o treinamento é específico para velocidade é necessário uma boa preparação
muscular com exercícios que reúnam força, resistência física e velocidade ao
mesmo tempo.
De acordo com Simão (2004), o treinamento de força, a velocidade e o
número de repetições de um exercício vão depender da carga utilizada e do
número de repetições a serem executados onde para se adquirir uma maior
resistência muscular será necessário um número de repetições elevado para
uma baixa carga.

CONCLUSÃO

As capacidades físicas são fatores que podem contribuir para uma boa
execução de uma determinada atividade física e mediante o treinamento, que o
indivíduo desenvolva o máximo de seu potencial físico.
Várias pesquisas apontaram que existem diversos tipos de exercícios
que podem contribuir ainda mais para o desenvolvimento e aperfeiçoamento
das capacidades físicas, tornando-as mais importantes, para isso é essencial a
dedicação e muito treino para os atletas, pois esses fatores contribuem para
um bom desempenho durante jogos de competições. Quando se treina
adequadamente suas capacidades físicas, o atleta se torna completo por
desempenhar bem suas funções, tornando mais perfeito e frequente as suas
técnicas de jogo.
Pode-se concluir que as capacidades físicas têm extrema importância
para o desempenho dos atletas de basquetebol, desta forma os professores e
treinadores vem conquistando seu objetivo em jogo, e alcançando o
aperfeiçoamento técnico dos atletas, tornando assim de suma importância a
83
aplicação de treinamentos de força muscular voltada ao desenvolvimento das
capacidades físicas destes atletas.

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com a saúde e o desempenho atlético. 2.ed. Londrina: Phorte, 1999.

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Paulo: Edgard Blucher, 2000.

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Rio de Janeiro: Sprint, 2007.

DAIUTO, M. Basquetebol: metodologia do ensino. 6.ed. São Paulo: Hemus,


1991.

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abordagem didática pedagógica. São Paulo: E.P.U.,1987.

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http://web.unifoa.edu.br/portal_ensino/mestrado/mecsma/arquivos/12.pdf>
Acesso em: 15 de abril de 2017.

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Acadêmica da Unimep, Piracicaba, 2006.

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atleta de voleibol. Revista Digital. Buenos Aires, Año 10, n.81, Febrero de
2005.

NUNES, J.; FANTATO, E.; MONTAGNER, P. C. Velocidade no basquetebol.


Revista Conexões, v. 4, n. 2, 2006.

84
PEREIRA, A. D. Efeitos do treinamento de velocidade sobre a agilidade em
atletas de futebol da equipe universitária da UFRGS. Porto Alegre: Editora
da UFRGS, 2011.

SIMAO, R. Fisiologia e Prescrição de Exercícios para Grupos Especiais. 3.


ed. São Paulo: Phorte, 2004.

85
COMPARAÇÃO DAS CAPACIDADES FÍSICAS EM ATLETAS DE
DIFERENTES MODALIDADES NO PERÍODO PRÉ E PÓSTREINAMENTO
COMPETITIVO

Izabella de Mello Ferreira Carrareto - izabellacarrareto@hotmail.com


Matheus Schiavon Modesto Ferreira - schiavon.ferreira@bol.com.br
Graduandos em Educação Física - UniSALESIANO Lins
Prof.ª Ma. Giseli de Barros Silva - gigi_barros@hotmail.com
Docente - UniSALESIANO Lins

RESUMO

O objetivo deste estudo foi uma revisão literária para demonstrar a


importância das capacidades físicas e do VO2max em atletas de diferentes
modalidades esportivas. Foram pesquisados diversos referenciais em livros e
artigos como: o que é capacidade física e suas classificações, a importância do
VO2max para o desempenho de cada atleta, os benefícios que o esporte
oferece na vida das pessoas e os conceitos do treinamento competitivo. A
metodologia é exploratória experimental e abordagem qualitativa. Os jogos
esportivos coletivos são compostos por diversas modalidades, que evoluem e
mudam suas regras todos os anos. Possuem características comuns e
específicas que, ao serem trabalhadas de forma adequada, auxiliam no
desenvolvimento motor, cognitivo e social do indivíduo.

Palavras chave: Capacidades Físicas. VO2 máximo. Modalidades esportivas.


Período competitivo.

INTRODUÇÃO

As capacidades físicas são qualidades próprias de cada indivíduo,


correspondente à parte física corporal do movimento. Estas capacidades
podem ser aprimoradas com atividades físicas específicas e, juntamente com
as habilidades motoras, integram o desenvolvimento motor. Capacidades
físicas ou capacidades motoras podem ser compreendidas como componentes
do rendimento físico, são elas que nós utilizamos para realizar os mais diversos
movimentos durante a nossa vida. São em um total de cinco: Resistência,
Força, Flexibilidade, Agilidade e Velocidade. (MARQUES; OLIVEIRA, 2001).
O VO2max é um índice que pode refletir a perfeita integração que deve

86
existir entre os sistemas cardiovascular, respiratório e muscular, para fazer
frente ao aumento da demanda energética. (LAURENTINO; PELLEGRINOTI,
2003).
O VO2max no treinamento tem como principal objetivo a prescrição de
intensidade relativa do esforço, onde o VO2max é utilizado para tornar a
intensidade relativa à capacidade funcional aeróbia. Com base nisso, tem sido
proposto que o treinamento aeróbio seja realizado entre 50% e 80% do
VO2max para se alcançarem os objetivos desejados. Outro parâmetro para um
acompanhamento a longo prazo é a determinação dos efeitos do treinamento,
utilizando-se o VO2max para acompanhar esses efeitos e por ser um índice
que consegue detectar as modificações sistêmicas e enzimáticas que são
geradas pelo exercício. (DENADAI et al., 2002).
Para que o treinamento aeróbio possa promover alterações no VO 2max
em indivíduos não treinados, são necessárias sessões de treinamento de pelo
menos duas vezes por semana com intensidade entre 40% e 50% do VO2max.
(GRECO; DENADAI, 2006).
O objetivo do estudo foi levantar dados bibliográficos que comparam as
capacidades físicas e o VO2max em diversas modalidades esportivas. A
metodologia é descritiva e abordagem quantitativa.

1 CAPACIDADES FÍSICAS

Capacidades físicas são qualidades e características individuais de cada


indivíduo, que podem ser treináveis num organismo humano e aprimoradas
com atividades físicas específicas. São elas que nós utilizamos para realizar os
mais diversos movimentos durante nossa vida. São em um total de cinco:
Força, Resistência, Flexibilidade, Agilidade e Velocidade. (MARQUES;
OLIVEIRA, 2001).

1.1 Força

Capacidade física onde nascemos com ela e desenvolvemos ao longo


da vida.
87
A força é uma capacidade da ação muscular de suportar, vencer ou
mover uma resistência. (BARBANTI, 1996)
É a capacidade de vencer uma determinada resistência através de uma
contração muscular. Através dela é que conseguimos levantar, saltar, e outros.
(DANTAS, 2003; FERNANDES FILHO et. al., 2007; GALLAHUE; OZMON,
2005).
Barbanti (1997) define força como sendo a capacidade de superar ou
opor-se a uma resistência através de suas alavancas ósseas e musculaturas.
Sendo a força motora uma capacidade do sistema neuromuscular de vencer
resistências impostas contra ele por meio da contração do tecido muscular.
Onde o individuo é capaz de por o corpo em movimento quando parado, pará-
lo quando se encontra em movimento, desviar sua trajetória, mudar de direção,
saltar, e outros.

1.2 Resistência

É a capacidade de suportar e recuperar-se da fadiga, ou seja, a


capacidade de manter o esforço físico em um maior espaço de tempo.
(FERNANDES FILHO et. al., 2007)

1.2.1 Resistência Aeróbica

Mantém durante um período de tempo um esforço de fraca ou média


intensidade onde o consumo de O2 é igual sua absorção.

1.2.2 Resistência Anaeróbica

Mantém durante um período de tempo um esforço de grande


intensidade onde o consumo de O2 é maior que sua absorção.

1.2.3 Resistência Muscular Localizada

É a capacidade de repetir diversas vezes o mesmo movimento


88
utilizando-se baixos níveis de força.

1.3 Velocidade

É a capacidade de realizar as ações vigorosas em um curto espaço de


tempo.
Essa capacidade só é utilizada, em geral, em atividades intervaladas,
onde sempre há um intervalo entre cada ação. (DANTAS, 2003).
É a capacidade Física que permite ao indivíduo a realizar movimentos
rápidos em um menor tempo.

1.4 Flexibilidade

É a capacidade de realizar os movimentos articulares na maior


amplitude possível sem que ocorram danos às articulações. Ela é específica
para cada exercício, um exemplo são os movimentos das danças. (DANTAS,
2003).
“Qualidade física responsável pela execução voluntária de um
movimento de amplitude angular máxima, por uma articulação ou conjunto de
articulações, dentro dos limites morfológicos, sem risco de provocar lesões.”
(DANTAS, 2005, p. 57).
Segundo Araújo (2005), a flexibilidade desempenha grande papel em
diversas modalidades esportivas, como na ginástica, no futebol, no tênis, e em
outras como na dança, contribuído para a realização dos movimentos de forma
mais eficaz.

1.5 Agilidade

É a capacidade de mudar de direção rapidamente. Ela é dependente da


velocidade e da força. É muito utilizada nos esportes coletivos e nas
brincadeiras de “pira” onde as crianças têm de fugir do pegador. (GALLAHUE;
OZMON, 2005).
Alguns fatores que influenciam no desempenho da agilidade: Força,
89
velocidade, flexibilidade e coordenação.

2 BENEFÍCIOS DO ESPORTE

O esporte em geral traz benefícios para a saúde e contribui


positivamente para aspectos como: prevenir o desenvolvimento de doenças
crônicas degenerativas, melhora da autoestima, aumento da força muscular e
aumento do condicionamento físico, e corpo saudável, retardando também o
envelhecimento.
Como se sabe, a atividade física apresenta efeitos benéficos em relação
à saúde, retardando o envelhecimento e prevenindo o desenvolvimento de
doenças crônicas degenerativas, as quais são derivadas do sedentarismo.
(GUEDES et al., 2012).
Para que se tenha uma melhor qualidade de vida é importante conhecer
os benefícios da atividade física, tanto na prevenção quanto no retardo das
doenças crônicas, que são cada vez mais frequentes no individuo da
sociedade moderna. Desta forma é de suma importância o conhecimento da
população sobre os benefícios da atividade física na prevenção de saúde
especialmente contra a hipertensão arterial e a diabetes. O que poderiam ser
priorizado, em diversos setores da sociedade moderna, ainda é muito baixo.
(KNUTH et al., 2009).
Esportes coletivos e individuai facilitam o convívio social,
proporcionando novas amizades e espírito esportista.

3 CONSUMO MÁXIMO DE OXIGENIO ( VO2max)

O VO2 máximo é considerado um parâmetro importante para um bom


desempenho, uma medida dos fatores cardiorrespiratórios e metabólicos capaz
do organismo captar, transportar e utilizar o oxigênio. Através dele realizam-se
exercícios de longa e média duração.
O VO2max é definido como a mais alta captação de oxigênio que um
indivíduo consegue alcançar, respirando ar atmosférico ao nível do mar.
(DENADAI, 1999).
90
O VO2max é um índice que reflete a integração existente entre os
sistemas cardiovascular, respiratório e muscular, fazendo frente ao aumento da
demanda energética. (LAURENTINO; PELLEGRINOTI, 2003).
Denadai (1999) descreve que a capacidade que o ser humano tem para
realizar exercícios de média e longa duração depende especialmente do
sistema aeróbio. Desta forma, um dos principais índices utilizados na avaliação
da capacidade aeróbia é o VO2max.
Segundo Denadai (2002), o VO2max no treinamento tem por objetivo a
prescrição de intensidade relativa do esforço, para que o indivíduo alcance o
objetivo esperado é proposto que o treinamento aeróbio seja realizado entre
50% e 80% do VO2max.
Para que ocorra alterações no VO2max, são importantes treinamentos
aeróbicos com intensidade entre 40% e 50% do VO 2max no mínimo duas
vezes por semana em indivíduos não praticantes de atividades físicas.
(GRECO; DENADAI, 2006).

Como tal, um alto nível depende o adequado funcionamento de três


importantes sistemas dentro do corpo: o sistema respiratório de capta
o oxigênio do ar inspirado e o transporta para o sangue; o sistema
cardiovascular, que bombeia e distribui esse oxigênio carregado do
sangue aos tecidos corpóreos, e o sistema musculoesquelético que
utiliza este oxigênio para converter substratos armazenados em
trabalho e calor durante a atividade física (HOLLY,1994, apud
REIS,SOUZA,FERREIRA,2016, p24).

De certa forma, os resultados ganhos através do VO2máx nos trazem


dados referentes à saúde de um indivíduo normal, esses resultados são
utilizado no esporte, e na melhoria do desempenho do atleta. (GUS;
FISCHMANN; MEDINA, 2002).
Foi verificado que o VO2 aumenta à proporção que aumenta a
intensidade da atividade física, até atingir uma intensidade que o VO 2 não irá
mais aumentar, mesmo que o indivíduo aumente sua intensidade na atividade
física. Com isso é de suma importância à escolha do ergômetro ou protocolo a
ser utilizado na atividade que o atleta realiza, com isso poderá determinar o
VO2 atingido durante o esforço máximo em uma atividade. (DENADAI, 1999).
Durante a prática de atividade física, podemos notar que a demanda de
oxigênio para os músculos ativos aumenta em até 20 vezes em relação ao
91
repouso, enquanto para a musculatura que permanece inativa o consumo
continua sem alterações. (DENADAI, 1999).
Segundo Leite (2000), o VO2max é a maior quantidade de oxigênio que
o sistema cardiovascular entrega aos tecidos do organismo humano, durante
uma atividade física de alta intensidade quanto mais o indivíduo utilizar os
músculos maior será o VO2max.
Rocha (2004) descreve que para corpo o humano funcionar de maneira
adequada é preciso de energia, que são geradas pela utilização de moléculas
de oxigênio. Dessa forma, quando o músculo entra em atividade durante uma
corrida, surge um aumento da utilização de oxigênio, podendo ser avaliado por
meio do VO2.

4 TREINAMENTO COMPETITIVO

Período em que o atleta se prepara para alcançar níveis competitivos,


envolvendo duas etapas:
Básica: possui uma ênfase na preparação física e o componente geral
do treinamento, há predominância do volume sobre a intensidade.
Específica: A ênfase se caracteriza no treinamento técnico-tático, a
predominância de intensidade sobre o volume.
Metodologicamente, distinguimos três fases ou etapas que caracterizam
as histórias dos modelos de planejamento desportivo: (GOMES, 2002)
a) desde a sua origem até 1950, onde se inicia a sistematização do
treinamento;
b) de 1950 até 1970, onde aparecem novas propostas;
c) de 1970 até a atualidade, quando se vive uma grande evolução dos
conhecimentos.

CONCLUSÃO

A prática de modalidades esportivas contribui positivamente para a


qualidade de vida das pessoas, pois apresenta efeitos benéficos para
promoção e manutenção da saúde, prevenindo o desenvolvimento de doenças
92
crônicas degenerativas.
Podemos concluir que as capacidades físicas são aprimoradas com
atividades físicas específicas de cada modalidade, e a pratica deste
treinamento é de suma importância para que os atletas melhorem suas
capacidades. Concluí se também, que o VO2 máximo é considerado um dos
parâmetros mais importantes para o desempenho dos atletas, e através dele o
organismo capta, transporta e utiliza o oxigênio para assim realizamos
exercícios de longa e media duração.

REFERÊNCIAS

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Máximo de Jogadores de Futsal Sub 17. 2016. Monografia (Graduação em
Educação Física) Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium –
UniSALESIANO. Lins-SP.

94
CONTRIBUIÇÕES DO PROJETO DE EXTENSÃO CRIANÇA ATIVA, NA
FORMAÇÃO DOS ACADÊMICOS DO CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA

Luana Neves Da Silva - luananeves20@outlook.com


Graduanda de Educação Física – UCDB
Cláudia Diniz De Moraes - claudiadiniz@ucdb.br
Docente do curso de Educação Física – UCDB

RESUMO

Este artigo objetiva investigar as possíveis contribuições do projeto de


extensão Criança Ativa na formação dos acadêmicos do curso de Educação
Física. Trata-se de uma pesquisa qualitativa-descritiva que contou com a
participação de dez acadêmicos, bolsistas e voluntários do projeto de extensão
da Universidade Católica Dom Bosco, que participaram do projeto entre 2014 e
2015. Sendo o problema de pesquisa, investigar a possibilidade de
contribuição do projeto na formação dos acadêmicos do curso de Educação
Física. A análise e discussão de dados evidenciam impactos positivos nas
dimensões pessoais e profissionais referentes à experiência docente em
termos teóricos e metodológicos; no aprimoramento do conhecimento;
habilidades para lidar com as pessoas e realidades sociais; formação e
currículo diferenciado. Concluímos que, o Projeto é entendido como importante
veículo de transformação, possibilitando que o participante relacione a teoria
com a prática na vivência ao participar do projeto, para a ampliação de
conhecimentos e possibilitando uma troca de saberes entre os participantes.

Palavras-chave: Formação acadêmica. Extensão universitária. Educação


Física.

INTRODUÇÃO

Este artigo é um recorte do trabalho de conclusão de curso, se trata de


um artigo sobre a extensão universitária. Ao mencionarmos a extensão, é
imprescindível citar a universidade, pois foi por meio de um movimento
universitário que a extensão surgiu. A universidade fundamentou-se na
construção e na transmissão do conhecimento, visando o uso dos três pilares
que segundo a Constituição Federal de 1998, são: ensino, pesquisa e
extensão. E foi em uma Universidade na cidade de Córdoba na Argentina, que
os autores Gurgel (1986); Bemvenuti (2006); Sousa (2010) destacam o
95
surgimento da extensão universitária, sendo por meio de um manifesto no ano
de 1918, idealizado e realizado por estudantes, os quais reivindicavam a
abertura da universidade para a sociedade, sensibilizando para o seu
compromisso social.
Vale ressaltar que o interesse em se investigar especificamente sobre
esse projeto é decorrente de minha participação no projeto como aluna,
(adolescente) em 2008 e 2009, a passagem pelo projeto, influenciou
significativamente na minha decisão, de ingressar em uma universidade. E foi
justamente devido a esta contribuição significativa em minha formação
acadêmica, que me surgiu o interesse em realizar esta pesquisa, tendo como
objetivo investigar quais seriam as possíveis contribuições do projeto de
extensão criança ativa na formação de acadêmicos do curso de Educação
Física. O objetivo é identificar as possíveis contribuições do projeto de
extensão na formação dos acadêmicos do curso de Educação Física.

1 REVISÃO DE LITERATURA / FORMAÇÃO X EXTENSÃO

Formação e extensão estão diretamente ligadas no universo acadêmico,


pois como já mencionado, foi em uma universidade na cidade de Córdoba que
surgiu um movimento idealizado e realizado por estudantes da universidade,
que buscavam uma atenção da universidade para questões sociais da
população.
Conforme Oliveira (2001), a universidade explora conhecimentos
científicos que produz, e vem atuar em três pilares distintos, um deles é o
ensino que permite a formação acadêmica, técnica e científica às pessoas.
Outra é a base para a busca e descoberta do conhecimento científico,
realizada pela universidade que a ciência se desenvolve em busca do
conhecimento da realidade chamada de pesquisa, e finalmente, inserida neste
contexto, mas não necessariamente em último lugar, está a extensão
universitária, que oferece a diversidade conceitual e a prática que intervém
significativamente no “pensar” e no “fazer” no interior da universidade.
Esses três pilares são a expressão de compromisso educacional e social
que as universidades possuem, e que se apresentam, no âmbito das
96
universidades brasileiras, como uma de suas maiores virtudes. O exercício
dessas dimensões é requerido como dado de excelência no ensino superior,
essencialmente voltado para a formação acadêmica que é a luz da apropriação
e produção do conhecimento científico. Nessa perspectiva, Vasconcelos (1996,
p. 8) justifica que: “ensino, pesquisa e extensão representam, com igualdade de
importância, o tripé que dá sustentação a qualquer universidade que se
pretenda manter como tal”.
Segundo Fernandes (2012), a prática profissional pode iniciar a partir do
estágio ou de projetos de extensão, que propõem a aproximação entre o
acadêmico e a sociedade. Para os graduandos de licenciatura o estágio
curricular obrigatório é limitado tanto pelo tempo de realização quanto pela
pouca autonomia dos acadêmicos em realizar atividades e desenvolver
metodologias.
Segundo Sá (2013), as atividades da extensão permitem aos
acadêmicos vivenciar experiências diferenciadas ao ter a possibilidade de se
aproximar da sociedade, antes visto apenas como objeto de estudo. O papel
da extensão é de contribuir com o conhecimento acadêmico numa permanente
redefinição da inter-relação com o público atendido repensando nas
metodologias das ações.
Por isso, durante a graduação os acadêmicos que participam de projetos
de extensão possuem uma oportunidade a mais de inserção na realidade que
encontrará quando tornar-se um profissional. E é neste contexto que o projeto
de extensão, promove a inserção do acadêmico no seu ambiente de trabalho e
o conduz para a sua futura carreira de docência, sendo esse um campo rico
para a construção e reconstrução de conhecimentos.
Durante a prática docente não existe uma receita pronta para se aplicar,
mas com estrutura e metodologias constantes pautadas nas diferentes
realidades é possível planejar e desenvolver uma docência que contemple os
objetivos de educação. Conforme Freire (1996, p. 22), que compara a formação
docente como uma prática de cozinhar, em que: “a prática de cozinhar vai
preparando o novato, ratificando alguns daqueles saberes, retificando outros, e
vai possibilitando que ele vire um cozinheiro”.
Segundo Bittar (2003), as universidades comunitárias começaram a se
97
organizar na primeira metade da década de 80, e foi ganhando maior poder de
pressão na época da elaboração da Carta Constitucional Brasileira. Sem
condições de se instalar fora das capitais, começaram a surgir, por iniciativa da
sociedade civil, cursos superiores isolados, oportunizando a formação de
emprego e gerando desenvolvimento nas áreas de tecnologia e pesquisa,
nascendo, assim, as Universidades Comunitárias, comprometidas com a
sociedade, sem visar o lucro.
E dentre as universidades comunitárias, destaca-se a UCDB-
Universidade Católica Dom Bosco que é uma Instituição de Educação Superior
Privada, com caráter católico-salesiano, comunitário e filantrópico, sendo
mantenedora a Missão Salesiana de Mato Grosso – MSMT. A doutrina é o
exemplo do grande educador Dom Bosco norteia a ação educativa social da
UCDB, por meio da Pedagogia Salesiana caracterizada pelo Sistema
Preventivo Dom Bosco que tem por missão “formar competentes profissionais,
homens e cidadãos conscientes e comprometidos cristãos”.
A UCDB faz parte das Instituições de Ensino Superior Comunitárias,
segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Lei 9394/96), no artigo 43,
descreve que é dever do Ensino Superior, “VII - promover a extensão, aberta à
participação da população, visando à difusão das conquistas e benefícios
resultantes da criação cultural e da pesquisa científica e tecnológica geradas
na instituição.”
O Setor de Programas e Projetos Comunitários da UCDB oferece
serviços à comunidade interna e externa fazendo uso de projetos que tendem a
beneficiar não somente os participantes, mas também seus familiares. Os
Projetos de Extensão proporcionam aos seus acadêmicos, a oportunidade de
vivenciar a realidade da comunidade, interagindo com os cidadãos de forma a
realizar a troca de experiências, complementando, assim, o seu processo de
aprendizagem.
Os projetos desenvolvidos pela UCDB têm como finalidade principal,
atender a comunidade em situação de vulnerabilidade social, incentivando a
prática de esportes, os cuidados com a saúde, o interesse pela leitura, a
inclusão social, entre outros. Trataremos de enfatizar o Programa de
Fortalecimento e Vínculos: Projeto de extensão “Criança Ativa”, por constituir o
98
objeto de estudo desta pesquisa.
O projeto Criança Ativa é um projeto de extensão interdisciplinar entre
os cursos de Educação Física e Letras, as aulas ocorrem três vezes por
semana, nos períodos matutinos e vespertinos. As atividades são divididas em
dois momentos: atividades esportivas e de leitura com caráter educacional e
recreativo tudo realizado no ginásio de esportes da Universidade Católica Dom
Bosco proporcionando ocupar o tempo livre das crianças com atividades
evitando os perigos da ociosidade.
Segundo UCDB (2016), o Projeto Criança Ativa sofreu algumas
alterações no decorrer dos anos, inicialmente em homenagem à primeira turma
de Educação Física participante, recebeu o nome de Projeto 2000, com o
aumento da participação de crianças e adolescentes no projeto, e visto que o
projeto tinha o foco para a iniciação esportiva, o projeto então passou a se
chamar: Projeto de Iniciação Esportiva Comunitária tornando-se parte da
história do Curso de Educação Física da Universidade Católica Dom Bosco,
pois sendo pioneiro proporcionou a participação de acadêmicos de várias
turmas.
Atualmente possui o nome do Projeto de Extensão Criança Ativa, por
proporcionar atendimento de caráter educacional interdisciplinar, no qual se
trabalha os conteúdos relacionados á área da Educação Física que abrange a
prática a iniciação esportiva, danças, ginásticas e recreação, e a área de Letras
trabalha atividades voltadas para o incentivo à leitura e produção de texto.
Segundo UCDB (2016), a metodologia utilizada para o desenvolvimento
das atividades é o agrupamento de crianças de acordo com a idade, ou seja,
de 6 a 7 anos, de 8 a 9 anos e assim por adiante. O ensino das modalidades
esportivas como ginástica artística, judô, atletismo, basquete, handebol,
futebol, futsal e natação são realizados dentro da perspectiva de formação com
ênfase recreativa. As crianças que participam do projeto são moradoras das
regiões próximas á universidade, o projeto é desenvolvido as segundas,
quartas e sextas-feiras, no matutino e vespertino, as terças e quintas-feiras são
destinadas ao planejamento dos acadêmicos.
Os acadêmicos que possuem o interesse em participar do projeto
Criança Ativa passam por uma seletiva que é realizada pelo Setor de
99
Programas e Projetos Comunitários da universidade. Podendo ingressar como
bolsista ou voluntário, os acadêmicos que atuam no projeto participam como
estagiários e são orientados pela coordenadora e professoras colaboradoras.
Conforme Sá (2013), a comunicação entre a comunidade e a
universidade, convida todos envolvidos para uma reflexão mais crítica à
medida que as atividades proporcionam espaços para formas de participações
de todos.
Já para Castro (2004), a extensão produz conhecimento a partir da
experiência e, assim, ela tem uma capacidade de narrar sobre o seu fazer.
Permite que os alunos caminhem com as próprias pernas, questionem porque
conhecem ou desconhecem, saibam agir e intervir, sejam capazes de criticar e
de desenvolver projetos próprios, sendo o professor um orientador do processo
de questionamento.

2 METODOLOGIA

Este artigo trata-se de um estudo qualitativo descritivo e se caracteriza,


segundo André (2001), a pesquisa qualitativa não se preocupa com
representatividade numérica, mas, sim com o aprofundamento da
compreensão de um grupo social, de uma organização entre outros.
Nesta pesquisa os grupos sociais em evidência são os bolsistas e
voluntários do curso de Educação Física da UCDB, com o objetivo de apontar
quais são as possíveis contribuições do projeto Criança Ativa na formação
acadêmica. Inicialmente foi solicitado no Setor de Programas e Projetos
Comunitários da UCDB, o contato dos acadêmicos que participaram
especificamente do projeto Criança Ativa entre os anos de 2014 e 2015,
entramos em contato com todos e dentre estes apenas 10 se dispuseram a
participar desta pesquisa.
Utilizou-se como ferramenta para a coleta de dados que foi um
questionário, em que foram oferecidas duas opções para responder, sendo
uma por e-mail e a agendado um horário com a pesquisadora, facilitando assim
a participação dos pesquisados. Cada participante recebeu uma carta convite
com a apresentação e esclarecimentos dos objetivos e procedimentos
100
adotados. O questionário composto por quatro questões abertas, que solicitam,
solicitado: (I) Idade; (II) Ano atuação no projeto Criança Ativa/UCDB; (III)
Tempo de permanência no projeto; (IV) Tipo de participação como bolsista ou
voluntário. Para garantir o anonimato dos pesquisados, optamos por utilizar
uma numeração para a identificação dos participantes.
Buscou-se um olhar reflexivo, procurando revelar as opiniões a respeito
das possíveis contribuições da participação no projeto, bem como investigar os
motivos pelos quais os levaram a participar. Então, optamos por não pesquisar
os que estão atualmente no projeto, por considerar que, assim teríamos
elementos mais específicos para incrementar a discussão, contribuindo para a
problematização do tema e trazendo à luz elementos que a prática vivenciada
oferece. É importante ressaltar que a preocupação central deste estudo não foi
de estabelecer comparações, e sim, provocar reflexões acerca das possíveis
contribuições na formação acadêmica de quem participou do projeto de
extensão Criança Ativa.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Com os resultados em mãos, foram categorizadas as respostas sendo


apresentados da seguinte forma: com relação à idade dos acadêmicos
participantes desta pesquisa observou-se, que a idade dos participantes ficou
10% entre 36 a 44 anos e foi constatado que 90% a idade predominante ficou
entre 18 a 26 anos. Com relação ao sexo dos participantes do projeto temos
20% sendo do sexo feminino e 80% do sexo masculino, percebemos que a
representatividade masculina se sobressaiu com relação às participantes do
sexo feminino.
Este estudo contou com a participação de dez acadêmicos, dentre eles
oito bolsistas e dois voluntario. E com relação a situação do participante no
projeto, esta pesquisa nos mostra que o motivo maior para a inserção dos
acadêmicos no projeto é a bolsa, pois a situação em que se encontram os
acadêmicos é da seguinte forma; 80% bolsistas e 20% voluntários.
Segundo Fernandes (2012), a extensão possibilita ao acadêmico a
experiência do contato entre o aprendizado na universidade e a aplicabilidade
101
de sua profissão na sociedade, conhecendo a prática de sua profissão. Por
meio do relato de alguns acadêmicos percebemos que a participação de
alguns se deu por visar que, a extensão pode proporcionar um conhecimento,
a partir de experiências que podem ocorrer na prática proporcionada pela
extensão, tendo como objetivo tornar-se um acadêmico capacitado com
formação de qualidade realizado dentro da realidade em que se está inserido,
mas o fator financeiro é relevante. A extensão proporciona essa capacitação
quando perguntado aos acadêmicos quais foram os motivos que o levaram a
participar do projeto de extensão, alguns acadêmicos responderam:

Ter o primeiro contato na prática para poder desenvolver


a teoria adquirida em sala de aula, por ser dentro do
campus o que facilita a locomoção, e também pelos
professores serem os mesmo do curso (participante 1).

Tenho interesse na área que atuo no projeto, e tive mais


certeza ainda depois que tive a oportunidade de fazer
parte do mesmo [...] (participante 2).

Experiência de trabalhar com crianças mesmo não sendo


com o que eu quero atuar muito (participante 7)

Adquirir conhecimento para trabalhar com criança, e


aprender a ensinar de forma mais didática (participante 8).

Estava somente estudando e quando fiquei sabendo do


estágio e do que deveria fazer me encantei, pois amo dar
aula para crianças, amo preparar a aula de cada para
elas, aplicar e caso algo ocorra errado partir para o plano
B.(participante 9).

Para Jezine (2004), a extensão é uma nova visão, que permite o diálogo
entre professores e acadêmicos, oportunizando assim uma flexibilidade no
currículo, e a possibilidade ao acadêmico de obtenção de uma formação mais
crítica e construtiva. A extensão ao ser desenvolvida, não deve estar alheia aos
trabalhos de ensino e pesquisa, que fazem parte dos três pilares da
universidade. Pois a universidade utiliza a extensão como uma proposta de
proximidade da comunidade com a própria universidade, desenvolvendo
pesquisa e ensinando, numa troca dialógica e direcionada para a comunidade,
atendendo assim, suas demandas e diminuindo as desigualdades sociais.
102
Segundo Fernandes (2012), durante sua formação o acadêmico tem a
liberdade ampliar seus conhecimentos, complementando o que se aprende em
sala de aula, e vai construindo cotidianamente sua identidade pessoal e
profissional alicerçadas na busca do saber ser, saber fazer e saber aprender,
ou seja, na formação de suas competências.
E é o que se observou nas dissertações dos acadêmicos acima, o
interesse em ampliar os conhecimentos através da prática, por meio das
experiências vivenciadas no projeto de extensão Criança Ativa, visando o seu
crescimento pessoal e profissional. É importante destacar também, que para os
acadêmicos o diálogo entre acadêmico e professor se faz mais presente, nas
atividades cotidianas, quando este está envolvido no projeto extensão.
Durante a análise dos dados percebeu-se que há uma diferente
realidade, que motivou a participação do acadêmico no projeto e que não
poderia deixar de ser mencionada, na qual se assinala a existência de
acadêmicos, que vivenciam dificuldades financeiras para sua permanência no
ensino superior. Esta situação pode ser decisiva para a trajetória do acadêmico
durante a formação profissional, portanto, Oliveira (1999) destaca que fatores
socioeconômicos, podem prejudicar o desenvolvimento pessoal do acadêmico.
A bolsa extensão que serve como um auxílio financeiro e que colabora
com a permanência de acadêmicos no ensino superior, foi o apontada por
alguns dos participantes desta pesquisa quando perguntado sobre os motivos
para sua inserção no projeto de extensão, conforme as falas abaixo:

Tinha perdido minha bolsa atleta da UCDB e não tinha


condições de pagar a universidade com o preço integral,
então fui atrás de projetos que ofereciam bolsas com
descontos na mensalidade e encontrei o projeto criança
ativa. (participante 4).

O maior motivo é a bolsa que ajuda muito (participante 2).


Ganhar uma bolsa e experiência (participante 5).
[...] e o maior motivo é a bolsa que ajuda muito
(participante 6).

[...] a bolsa que me ajudou na mensalidade do curso


(participante 7).

Nota-se que o fator financeiro influencia na decisão de participar do


103
projeto de extensão, como relatam os acadêmicos como a vivência, a
experiência e o conhecimento. E sobre a participação no projeto de extensão
criança ativa, os acadêmicos descrevem algumas das aprendizagens mais
importantes que construíram ao participar do projeto de extensão:

Como elaborar um plano de aula e como fazer a


aplicação deste plano que na teoria é uma, mas na
execução é outra totalmente diferente, desenvolver as
habilidades de lidar com as crianças do projeto e com os
outros acadêmicos e a orientação dos professores em
determinadas situações que aparecem durante as
atividades (participante 1).

Entendi a importância de projetos assim para crianças


carentes, pois no projeto elas aprendem coisas novas
com os acadêmicos e não ficam na rua correndo risco de
seguir um mau caminho. (participante 4).

As falas acima demonstram algumas falas dos acadêmicos em relação à


aprendizagem quando estão atuando num projeto de extensão universitário e
destacam a importância e a oportunidade de vivenciar esta experiência. Esta
importância em vivenciar a experiência na prática, é uma oportunidade de se
usar a teoria aprendida em aula, para a aplicação das ações.
A vivência dos acadêmicos no projeto de extensão propicia a inovação
do conhecimento, pois o mundo atual exige que um profissional se torne capaz
de ser criativo e inovar, propicia também mudanças nos seus valores de vida
transformando-os em pessoas mais sensíveis as causas da realidade social.
As ações do projeto provocam uma inquietação nos acadêmicos com
relação á realidade social, na qual eles procuram respostas estimulando a
problematização de questões atuais. Perguntou-se se a participação no projeto
de extensão o motivou a buscar aprendizagens novas e mais integradas, e eles
disseram:
Buscar uma maior ludicidade para desenvolver as
atividades com as crianças e conhecer o processo
didático para aplicar em qualquer situação de aula
(participante 1).

Me fez ter mais interesse na área de licenciatura, irei me


104
dedicar a esta área (participante 2).

Sim, pois esse projeto tem o objetivo de se integrar com


um público alvo diferente, pois você deve fazer
adaptações pela faixa etária das crianças ,e isso faz com
que você tenha que buscar uma forma de unir todas com
um só objetivo , saúde e divertimento (participante 3).

Sim, se aprende a trabalhar com a persuasão e


compreensão de uma forma mais unida (participante 8).

Sim, para que todos possam se divertir de maneira igual


(participante 4).

Nota-se que os participantes conseguem identificar e articular suas


atividades extensionistas com relação ao ensino, a pesquisa e a própria
extensão, e que essa relação é indissociável, contribuindo para facilitar sua
compreensão pedagógica a respeito dos conteúdos aprendidos durante sua
formação profissional, os acadêmicos relacionam os conteúdos aprendidos em
sala com as atividades envolvidas no projeto de extensão. Os acadêmicos
também afirmaram que aprendem com mais facilidade o conteúdo em sala de
aula, pois já tiveram a experiência na prática no desenvolvimento do projeto de
extensão, conseguindo assim articular ensino, pesquisa e extensão,
compreendendo rapidamente os conteúdos em aula, adquirindo novos
conhecimentos e abrindo novas possibilidades para atuação.
Sendo possível relacionar com Delors (1999), que diz que a sala de aula
muitas vezes não possibilita ao acadêmico o aprendizado de novas
habilidades, as experiências extensionistas impulsionam os acadêmicos a
desenvolver outras experiências significativas vinculadas ao ensino e á
pesquisa, possibilitando aprendizagens novas e mais integradas. É
aconselhável que todos vivenciem a prática passando pelo projeto de
extensão, como relatam os acadêmicos abaixo:

Acredito que o projeto foi fundamental para continuidade


no curso, com toda a troca de conhecimento que vivenciei
no período em que participei bom seria que todos os
acadêmicos do curso pudessem vivenciar esses
momentos através de visitas ao projeto e não somente
como bolsista ou voluntário (participante 1).

105
Ter uma relação tanto pessoal como profissional com as
crianças (participante 3).

É perceptível que a extensão propicia aos acadêmicos, mudanças nos


seus valores de vida, transformando-os em pessoas mais sensíveis as causas
da realidade social. As ações da extensão provocam inquietação nos
participantes com relação à realidade social, na qual esses procuram respostas
estimulando a problematização de questões atuais através da reflexão.

Depois que sai desse projeto fui para uma obra social
maior buscando ajudar ao máximo as crianças que
precisam de ajuda, tanto para se divertir, brincar ou até
mesmo dar carinho (participante 4).

Trabalhar com criança requer uma responsabilidade


maior, então se aprende a impor isso em sua própria vida,
e sua total responsabilidade (participante 3).

Observou-se pelas respostas dos participantes a importância de


conciliar a relação entre teoria e prática e vice-versa. O que proporciona uma
troca dialógica, visando esta troca dialógica entre a universidade e sociedade.
Jezine (2004) diz que a extensão acadêmica tem uma função que se
pauta na relação teoria-prática, por meio de uma relação: processo de
formação e produção do conhecimento, envolvendo professores e alunos de
forma dialógica, promovendo a alteração da estrutura rígida dos cursos para
uma flexibilidade curricular possibilitando a formação crítica. E é possível esta
troca de saberes entre os acadêmicos e a sociedade, por meio da busca por
saberes.
É visível o grau de compromisso dos alunos com as ações
desenvolvidas no projeto e a capacidade em falar sobre elas. Segundo Castro
(2004), a extensão produz conhecimento a partir das experiências, e assim ela
tem uma capacidade de narrar o seu fazer, permitindo aos acadêmicos que
caminhem com as próprias pernas, que questionem, saibam agir e intervir.
Conforme Sá (2013), a extensão deve proporcionar além da socialização
de conhecimentos, a descoberta de habilidades dentro da própria comunidade.
Essa interlocução da universidade com a sociedade reflete a extensão como

106
expressão viva no fazer e no agir dos professores e acadêmicos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Observamos com essa pesquisa que existem poucos trabalhos que


investigam a prática da extensão, sua influência no processo de formação e
suas contribuições. Notamos nesta pesquisa, a importância da integração entre
teoria e prática sendo essencial no processo de formação e as contribuições da
extensão nesse processo de aprendizagem, na qualificação profissional, na
conduta ética, sendo apontada pelos acadêmicos como um diferencial na sua
formação pessoal e acadêmica.
De acordo com os resultados apresentados na pesquisa a produção de
conhecimentos foi destacada pelos participantes do projeto de extensão
Criança Ativa, apresentou resultados significativos como: a elaboração de
novos conhecimentos por meio da prática em um projeto de extensão, a
possibilidade de executar diversas atividades no decorrer do curso, o despertar
para questões sociais realizadas pela experiência na extensão, relacionar a
teoria com a prática e a convivência com o outro como uma aprendizagem
relevante. Nas falas dos acadêmicos o aprofundamento de novos saberes,
esse saber propicia uma prática que contribui na busca de conhecimentos mais
específicos. A relação teoria e pratica é muito presente na extensão, pois os
acadêmicos percebem em suas atividades extensionistas, os conteúdos
estudados em aula.
As aprendizagens adquiridas no projeto de extensão iniciam na
contextualização dos objetivos e nas ações a serem realizadas para
comunidade interna e externa a universidade. O projeto contribui na formação
integral da pessoa humana, pois tanto o acadêmico como o professor se
deparam com situações onde podem refletir sobre sua conduta, seu
comportamento em relação ao contexto social aos quais estão vivenciando.
A extensão universitária contribui na formação dos acadêmicos
proporcionando a qualificação profissional, o exercício da cidadania e a sua
autoria acadêmica. Portanto a participação no projeto de extensão oportunizou
grande aprendizado por meio do contato com a comunidade e das experiências
107
e vivenciadas de realidades distintas da sala de aula, obtendo um grande
diferencial em sua formação.
Percebemos através dos relatos dos acadêmicos a importância em
tornar a extensão universitária parte do processo de formação dos acadêmicos,
técnicos e professores, capaz de transformar a sociedade onde ela atua.

REFERÊNCIAS

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Pesquisa. 2001. n. 113. Julho, p. 51- 64.

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Carlos: UFSCar, 2003 (tese de Doutorado em educação).

CASTRO, L. M. C. A. A universidade, a extensão universitária e a produção


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DELORS, J. (Org.). Educação: um tesouro a descobrir: relatório para a


UNESCO da Comissão Internacional sobre Educação para o século XXI. 4. ed.
São Paulo: Cortez,1998.p.11,p.19-32.

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comunidades circunvizinhas. Educação em Revista, v.28, n.4., p.169-193, jun
2012. Disponivel em
:http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_artttext&pid=S010269820120004000
07&lang=pt.Acesso em: 05 setembro.2013.

FÓRUM NACIONAL DE EXTENSÃO E AÇÃO COMUNITÁRIA DAS


UNIVERSIDADES E INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR
COMUNITÁRIAS - FOREXT. A Extensão nas Universidades e Instituições
de Ensino Superior Comunitárias: Referenciais teóricos e metodológicos.
Ago. de 2005.

FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática


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GURGEL, R. M. Extensão Universitária: comunicação ou domesticação. São


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JEZINE. E. As práticas Curriculares e a Extensão Universitária. 2. Anais do

108
Congresso Brasileiro de Extensão Universitária. Belo Horizonte. 2004.
Disponível em: www.ufmg.br/congrext/Gestao/Gestao12.pdf. Acesso em: 16
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PROEX/UFMG; Fórum, 2000.

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SÁ, S. M. Experiências do Comitê de Extensão: contribuições à extensão


na Universidade Católica Dom Bosco. Artigo apresentado ao curso de
especialização em Extensão Universitária FORPROEX/ FOREXT/ FOREXP/
FAPEMIG/ UFMG/ UFSJ/ PUC Mninas / UniBH. p. 1-22, 2013.

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http://www.unibosco.br. Acesso em 10 de set. de 2008.

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Paulo: Pioneira, 1996.

VERGARA, S. C. Projetos e relatórios de pesquisa em Administração. 7.


ed. São Paulo: Atlas, 2006.

109
EDUCAÇÃO FÍSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL: Uma Experiência de
Estágio

Ivo Manuel Justino Vicente - ivovicente377@gmail.com


Luciana Gonçalves Monteiro - lgm_lu_89@hotmail.com
Michely Rita De Cássia Cavalari Prado - michelyprado@hotmail.com
Graduando em Educação Física – UCDB
Cláudia Diniz De Moraes - claudiadiniz@ucdb.br
Docente no curso de Educação Física – UCDB

RESUMO

Por meio deste relato de experiência, pretende-se elencar alguns dos


muitos aspectos sobre a disciplina de Estágio Supervisionado II, obrigatória do
Curso de Educação Física da Universidade Católica Dom Bosco, que foi
realizada no Centro de Educação Infantil. Este trabalho tem por objetivo
realizar reflexões sobre planejamento, regência e a importância do estágio
supervisionado na formação inicial do professor de Educação Física. No
decorrer do estágio tem-se a oportunidade de colocar em prática todo o
conteúdo oportunizado na graduação, aulas teóricas, as experiências em aulas
práticas e as pesquisas que realizadas desde o início do curso, podendo
vivenciar o dia a dia da profissão, compreendendo e aprendendo a lidar com as
dificuldades de maneiras diferentes.

Palavras-chave: Educação Física. Educação Infantil. Estágio Supervisionado.

INTRODUÇÃO

O curso de Educação Física da Universidade Católica Dom Bosco


(UCDB), possui em sua grade no 5º semestre em licenciatura a disciplina
denominada de Estágio Supervisionado II, com carga horária de 160 horas,
sendo que 80 horas podem ser compensadas por meio da entrega de
certificados para abatimentos de horas. O estágio II decorreu entre os meses
de fevereiro à junho de 2017, no Centro de Educação Infantil, localizado no
bairro Jardim Seminário, em Campo Grande/MS. O local de estágio apresenta
uma boa estrutura, composta por uma quadra de areia e uma quadra
semicoberta, um amplo gramado e duas varandas para a realização de
atividades, além de possuir uma boa quantidade de materiais disponíveis para
110
as aulas.
Esta disciplina pode ser vista como uma ferramenta na formação do
acadêmico que o fará vivenciar situações adversas e encontrar algumas
estratégias para solucioná-las, problemas estes que muitos nem imaginavam
que pudessem existir e que somente na prática é possível identificá-los.
Sendo assim, o estágio visa ser como um treinamento prático com a
finalidade de enriquecer a formação acadêmica, no qual o estagiário terá a
oportunidade de vivenciar toda a teoria aprendida e tentar aplicá-la na prática
ou até mesmo adaptá-la e melhorá-la diante das situações observadas. Se o
acadêmico souber aproveitar esse momento, conseguirá melhorar sua
capacidade de raciocínio, sua criatividade, personalidade e sua futura atuação
profissional.
Estagiar é uma atividade que pode trazer inúmeros benefícios, não só
na questão do ensino-aprendizagem, mas também no crescimento do que diz
respeito à formação do futuro profissional, pois proporciona experiências
enriquecedoras, fazendo assim que o estagiário tenha a percepção da sua
importância e de que a maior beneficiada será a sociedade e, em especial, a
comunidade a que se destinam os profissionais egressos da universidade
Por meio deste relato de experiência, pretende-se elencar alguns dos
muitos aspectos sobre a disciplina de Estágio Supervisionado II, obrigatória do
Curso de Educação Física da Universidade Católica Dom Bosco, realizada no
Centro de Educação Infantil.
Este trabalho tem por objetivo realizar reflexões sobre planejamento,
regência e a importância do estágio supervisionado na formação inicial do
professor de Educação Física.
A escolha do campo de estágio é definida por alguns requisitos,
como por exemplo, a ordem da efetivação da matrícula, a quantidade de vagas
disponíveis, área de interesse dos acadêmicos, disponibilidade de horários,
entre outros. Antes mesmo do início desse processo, este grupo almejava
estagiar na Educação Infantil, e por vários motivos: por ter afinidade com
crianças, por querer vivenciar na prática a teoria aprendida, por querer
descobrir e aprender mais sobre o mundo infantil, por considerar que a
Educação Infantil é a etapa base do aprendizado, sendo assim é uma fase
111
muito importante, e que deve ser muito bem construída e estruturada.
Tudo começou com uma reunião entre todos os estagiários e a
professora supervisora do campo, na qual foram discutidas e apresentadas
experiências anteriores, curiosidades sobre o mundo infantil, as expectativas e
medos dos estagiários, vídeos inspiradores, com os quais nos emocionamos, e
fomos convidados a entrar nesse mundo mágico, ao qual todos já pertencemos
um dia: O mundo mágico da imaginação, da alegria, das experiências e das
descobertas, o universo infantil!
A professora supervisora sugeriu prontamente e todos aceitaram o
desafio, de proporcionar nas aulas um ambiente de aventura, em que a
imaginação das crianças fosse a todo momento estimulada, e também utilizar a
sociologia da infância, que resumidamente pode-se dizer que seria colocar a
criança como protagonista, ouvindo-as e considerando as opiniões na
realização das atividades e até na adaptação das mesmas para ir de encontro
ao que as crianças almejam em cada momento.
Toda prática deve ser e nesse campo foi, baseada em achados
relatados na literatura, e dentre os conteúdos contemplados nos
planejamentos, um deles foi o jogo, que para FREIRE; SCAGLIA (2009)
encarrega-se de garantir o exercício de funções vitais para todos nós,
lembrando também que as representações mentais são a principal habilidade
da espécie humana, distinguindo-se das outras espécies animais e nos
garantindo a constituição da cultura humana.
De acordo com Freire e Scaglia (2009, p. 16),

[...] se a habilidade de representação mental é tão importante e se ela


é construída no período correspondente à educação infantil, a escola
deve investir no exercício dessas habilidades por meio de uma
atividade simbólica por excelência: o jogo. Quem, quando criança,
nunca brincou de faz de conta?

As orientação em relação a organização dos temas e objetivos das aulas


foram baseadas na obra dos autores Palma, Oliveira e Palma (2010), que os
divide em eixos, sendo: O movimento e a corporeidade; O movimento e o jogo;
O movimento em expressão e ritmo e o movimento e a saúde, apresentando
possibilidades de estruturação da Educação Física Escolar, propiciando um
sentido e um processo de sistematização dos conteúdos da área, visando
112
subsidiar as intervenções pedagógicas.
Todo esse aporte teórico acumulado desde o primeiro semestre,
juntamente com o proporcionado pela supervisora, permitiu relativa
tranquilidade, porém não privou os anseios, medos, insegurança e muita
expectativa em relação a prática que estava por vir no decorrer do semestre,
pois como já foi citado, é uma fase importantíssima na construção do ser, e de
grande responsabilidade para os profissionais envolvidos nesse processo, que
devem estar sempre em constante interação com a família e os envolvidos no
universo da criança.
De acordo com o Ministério da Educação (Brasil, Lei 9.394, 1996, art.
29):

A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como


finalidade o desenvolvimento integral da criança até seis anos de
idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social,
completando a ação da família e da comunidade.

Para que todo conteúdo seja posto em prática é necessário um bom


planejamento, este que é reconhecido por diversos autores como sendo uma
etapa imprescindível à estruturação e desenvolvimento de um componente
curricular, o ponto central da inserção pedagógica, considerado um dos itens
mais importantes nesse processo, e baseado nisso os planejamentos foram
sempre produzidos antecipadamente, analisando as possibilidades, fazendo
alterações e adaptações consideradas necessárias em algumas atividades
encontradas na literatura, para tentar minimizar possibilidades de não dar certo,
o que é impossível de se prever, principalmente quando se trata de criança, um
ser autêntico, que não finge, mas sim se entrega às situações ofertadas e
reage conforme os estímulos, participando ou não.
De acordo com Resende e Lôbo (2016, p. 7), que mencionam Scarpato
(2007),

[...] é por meio do planejamento que o professor organiza sua ação


didática e estabelece os objetivos que deseja alcançar para os alunos
daquele determinado ano, e, através desse planejamento aprende a
superar as dificuldades encontradas e revisar o processo ensino-
aprendizagem. Antes de elaborar o planejamento das aulas é
necessário, portanto, estabelecer os objetivos que deseja com a
113
prática, os quais devem promover o desenvolvimento integral do
aluno.

O estágio supervisionado II proporciona aos estagiários a regência, que


segundo Daniel (2009, p. 40), “pressupõe a iniciação profissional como um
saber que busca orientar-se por teorias de ensino-aprendizagem para
responder às demandas colocadas pela prática pedagógica à qual se dirige”.
Nestes momentos consegue-se sentir realmente o que é ser professor,
através de situações nas quais não se pode buscar apoio ou informações
momentâneas em livros ou artigos, mas sim tomar decisões baseadas em todo
conhecimento adquirido, mas que nem sempre é o que basta, e ai é que se
nota que falta algo mais, aquilo que nem sempre os professores dizem, mas
nesses momentos consegue-se enxergar, a experiência, aquela que o
estagiário ainda não possui, mas que um dia será um mérito, como já o é para
os professores, a experiência com certeza proporciona outra visão, outra forma
de trabalhar, de agir, e resolver situações-problemas que inevitavelmente
surgem no dia a dia docente.
No decorrer do semestre foram propostas diversas atividades, sempre
baseadas na teoria já citada. Buscou-se nas atividades trabalhar através do
movimento, as habilidades manipulativas, motoras, interação, brincadeiras
cantadas, jogos, danças, hábitos de higiene e alimentares, entre outros, enfim
proporcionou-se um ambiente amplo de experiências, com intuito de
desenvolvimento global das crianças. Foi possível identificar durante as aulas,
déficit de coordenação, equilíbrio, lateralidade, e também algumas crianças
que não queriam participar no início do semestre, mas que no decorrer
observou-se interesse e participação delas.
O que reforça a hipótese da necessidade da intervenção do professor de
educação física no ensino infantil enquanto promotor do desenvolvimento
integral da criança através de atividades lúdicas recreativas que integram
corpo, cultura e linguagem corporal.
A aula de Educação Física proporciona para a criança um lugar para
brincar, usando sua criatividade e imaginação, trabalhando também a
linguagem corporal. Durante as aulas buscamos sempre inserir as brincadeiras
cantadas, que interessa e desperta a atenção da maioria das crianças, uma
114
delas é a “Borboleta Eufrida”, que trabalha com a diversidade, mostrando que
as pessoas não são iguais, porém todas devem ser respeitadas e amadas.
Um dos componentes, que juntamente com a professora supervisora foi
considerado importante incluir no cronograma do estágio, foi à avaliação física,
que por meio dos resultados forneceram informações importantes para o
direcionamento das aulas, isto é, os dados colhidos, como por exemplo,
estatura, peso, flexibilidade, força de membros superiores, após serem
analisados serviram como norteador para a elaboração dos planejamentos, e
também como estimativa de fatores de risco associados a doenças
(prevenção), e seria essencial, era que a avaliação fosse realizada
periodicamente, podendo trazer ainda mais benefícios para as crianças.
Foram proporcionados quatro momentos diferentes, nos quais todos os
estagiários ajudavam-se e assim interagiam com todas as turmas.
Sendo:
1) Avaliação física: na qual foram coletados dados antropométricos e
realizados alguns testes físicos (teste flexibilidade, teste de força de membros
superiores, medida da envergadura, e teste de velocidade);
2) Festival Radical: que possibilitou as experiências em atividades como
a: Falsa Baiana, Slackline e o Skate, no qual as crianças aprenderam e
conheceram os movimentos básicos de cada uma das atividades;
3) Corrida Orientada: em que as crianças vivenciaram o boliche
adaptado com garrafas pet, tiro ao alvo suspenso com arcos e tiro ao alvo no
chão com alvo em TNT e peças feitas de tecido e areia para acertar o alvo,
corrida do saco, falsa baiana, e transporte o animal feito com cabos de
vassoura e uma bola representando o animal;
4) Aventura no Pantanal: atividade que foi realizada no ginásio da
Universidade Católica Dom Bosco, em que as crianças foram levadas até o
local pelos estagiários e as professoras de sala de aula, que os acompanharam
e também participaram, as crianças foram levadas a participar de atividades
que mesmos realizados com materiais de ginástica artística como, trava de
equilíbrio, corda suspensa, plintos, conseguimos que eles se sentissem em um
ambiente de aventura, em que diversão e aprendizado andaram juntos, as
atividades foram as seguintes: Corrida do papelão, feita com dois quadrados
115
de papelão decorados, em que as crianças tinham que caminhar sobre estes,
mudando-os a cada passo; Passando pela ponte baixa: no qual a ponte era
uma trava de equilíbrio de pés baixos; Nadando no rio: realizada com colchões
gigantes azuis, que representaram um rio; Tarzan: na qual as crianças eram
auxiliadas a subir em uma corda suspensa, se jogando nos colchonetes;
Caminho de equilíbrio direita e esquerda: no qual as crianças caminharam
sobre uma estrutura feita em madeira, posicionadas na vertical, sempre
auxiliadas pelos estagiários; Passagem pela ponte alta: realizada em uma trava
de equilíbrio de pés altos; Subindo a montanha: feita com plintos colocados em
formato de escada, sendo um mais alto ao meio; e Cantinho das cantigas:
espaço reservado para cantar, interpretar e aprender várias cantigas,
estimulando a imaginação e a criatividade, esta foi a última aula do estágio.
Não é tarefa fácil transpor em poucas palavras tudo que foi realizado
durante este semestre, foram diversas atividades, nas quais foram utilizados
materiais diversos, como copos descartáveis, garrafas pet, TNT, balões, arcos,
frutas e legumes (atividade Descobrindo sabores), algodão, gelatina, folhas
secas, polvilho, milho, gelo (atividade Caminho das sensações), buscando
proporcionar o máximo de experiências, com a maior diversidade possível de
materiais, e pontualmente nos quatro momentos citados no parágrafo acima, as
crianças tiveram a liberdade escolher e fazer o que mais lhes desse prazer ou
aquilo que mais lhes chamasse atenção, e deu certo, pois assim elas se
sentiram com liberdade e autonomia vivenciando tudo com alegria.
Em relação ao material pedagógico Freire (2009, p. 48) cita Benjamim
(1984), “A criança faz a história do lixo da história”. Lixo esse que na sociedade
é composto de resíduos da nossa cultura, de objetos que os adultos não
utilizam e que readquirem vida nas mãos das crianças, a qual a partir deles,
reconstrói a história, lembrando ainda que qualquer material pedagógico será
mais rico se for variado. (FREIRE, 2009).
A experiência desse estágio tem despertado um maior interesse pela
área da educação infantil, principalmente em relação ao lúdico, a aventura, a
sociologia da infância, que foram norteadores dos planejamentos e prática
neste campo de estágio.

116
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao final deste estágio foi possível observar a importância da regência


dos estagiários, tanto para o campo de estágio como para a vida profissional
dos mesmos, pois é o momento que é ofertada a oportunidade de colocar em
prática o que se aprende na graduação, podendo vivenciar as reais
dificuldades e os desafios, que serão impostos durante a caminhada
profissional. Durante as aulas foi possível identificar como e difícil e importante
planejar e colocar em prática as aulas de Educação Física para a faixa etária
proposta, porém foi gratificante, pois no final de cada aula poder ouvir das
crianças o quanto gostaram, é o que nos motiva a continuar a realizar este
trabalho.
Ao final de mais um semestre de estágio, é reforçada a ideia de quão
importante é, o papel do professor de Educação Física na Educação Infantil,
pois é a fase em que a criança brinca, se movimenta e se descobre.
Todos os itens no contexto do estágio são relevantes, porém vale
ressaltar que o planejamento é um dos, se não for o principal, e este deve ser
muito bem elaborado, levando sempre em conta o objetivo na hora de escolher
e organizar as atividades que serão propostas.
Na prática do estágio, nas aulas ministradas, é que tudo começa a
fazer mais sentido, é onde depara-se com situações que requerem iniciativa,
imaginação, doação, dedicação, por isso a importância de um planejamento
além daquilo que se pretende realizar no dia, pois muitas vezes as adaptações
têm que ser feitas no momento, porque criança não espera, e quando não
gosta, não finge, mas também quando gosta, faz UAU!!
Como é gratificante sentir a alegria delas, sentir que são despertadas
emoções e por vezes a vontade de participar que não demonstravam antes. É
inquestionável, portanto, a importância de uma ampla base teórica, que
justifique a prática docente.
“[...] ensinar não é transferir conhecimento, mas criar possibilidades para
a sua própria produção ou a sua construção.” (FREIRE, 2015, p. 47)

117
REFERÊNCIAS

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dezembro de 1996. Art. 29. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
Leis/L9394.htm. Acesso em: 06 de junho de 2017.

DANIEL, L. A. O professor regente, o professor orientador e os estágios


supervisionados na formação inicial de futuros professores de letras.
2009. 152 f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Universidade Metodista de
Piracicaba, Faculdade de Ciências Humanas, Piracicaba, 2009.

FREIRE, J. B. Pedagogia do movimento na escola de primeira infância.


In:______. Educação de corpo inteiro: teoria e prática da educação física. 5
ed. São Paulo: Scipione, 2009. p. 14-69. Disponível em:
<http://ucdb.bv3.digitalpages.com.br>. Acesso em: 15 de junho de 2017.

FREIRE, J. B.; SCAGLIA, A. J. Aprendizagem e desenvolvimento. In:______.


Educação como prática corporal. São Paulo: Scipione, 2009. p. 12-26.
Disponível em: <https://ucdb.bv3.digitalpages.com.br>. Acesso em: 15 de junho
de 2017.

FREIRE, P. Ensinar não é transferir conhecimento. In:______. Pedagogia da


autonomia: saberes necessários à prática educativa. 51. ed. Rio de Janeiro:
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PALMA, Â. P. T. V.; OLIVEIRA, A. A. B.; PALMA, J. A. V. Educação física e


organização curricular: educação infantil e ensino fundamental. Londrina, PR:
Editora UEL, 2010.

RESENDE, J. C.; LÔBO, I. L. B. A Educação Física Escolar como


componente curricular através do planejamento: Análise da obra
“Educação Física - Como planejar as aulas na educação básica”. Revista
INSEPE, Belo Horizonte, v. 1, n. 1, p. 7-16, 2016.

118
EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO MÉDIO: Relato de Estágio

Augusto Candido da Silva Junior - augusto-junior2011@hotmil.com


Bruna Pelk Moraes - brunapelk@gmail.com
Yan Richel de Araujo Penha - yanrichel18@outlook.com
Graduandos em Educação Física – UCDB
Cláudia Diniz de Moraes - claudiadiniz@ucdb.br
Docente no curso de Educação Física – UCDB

RESUMO

Independente da área que se cursa a prática é fundamental, pois nela


tem-se a oportunidade de vivenciar e executar tudo que foi aprendido,
aprimorando nossos conhecimentos. O estágio está na grade curricular com
essa função, no qual se tem o primeiro contato com o campo de atuação que
passa necessariamente pelo cumprimento de atividades práticas vinculadas às
disciplina de estágio supervisionado enfatizados como um momento culminante
nesse processo de formação profissional. No presente estudo são relatadas as
próprias experiências, demonstrando as diferentes realidades de nossa
profissão, buscando assim ter um conhecimento maior, pela oportunidade de
ministrar aulas assim contribuindo para a formação acadêmica, apontando
também pontos positivos e negativos através de relatórios elaborados ao
término de cada dia de estágio, assim aprimorando os planejamentos diários. O
trabalho foi elaborado pelos acadêmicos da Universidade Católica Dom Bosco
(UCDB), do curso de Educação Física licenciatura do 6° semestre, o local
escolhido para o estágio no Ensino Médio, foi uma Escola Estadual, na cidade
de Campo Grande/MS. Em consequência disto, é relatado que o estágio tem
grande importância na formação, trazendo experiências nas quais observa-se
como realizar um planejamento nas aulas, podendo-se aplicar várias
alternativas de metodologias para as v´srias formas de aprendizado entre os
alunos.

Palavras-chave: Estágio. Relato de Estágio. Educação Física.

INTRODUÇÃO

Estágio supervisionado II é uma das disciplinas na grade do curso de


Educação Física que permite ter um período preparatório proporcionado por
muitas experiências. O estágio é o primeiro contato dos acadêmicos com seu
campo de atuação, onde se coloca em prática os conhecimentos adquiridos no
decorrer da formação. No presente estudo relataremos nossas experiências
119
nesta oportunidade de ministrar aulas e suas contribuições para nossa
formação acadêmica. O trabalho foi elaborado pelos acadêmicos da
Universidade Católica Dom Bosco (UCDB), do 5º semestre do curso de
Licenciatura em Educação Física, o local escolhido para o estágio no Ensino
Médio, foi uma Escola Estadual na cidade de Campo Grande/MS.
O estágio teve início em março desse ano, encerrando-se em junho. O
estágio é supervisionado por uma professora do curso que acompanha e
orienta os acadêmicos nos procedimentos didáticos, as aulas são planejadas,
discutidas e repensadas com a professora de Educação Física da escola que
passa o direcionamento dos conteúdos bimestrais.
Percebemos, a partir das diferentes experiências vividas nestes
estágios, que a orientação recebida sobre o seu processo de desenvolvimento
foi diferenciada tanto por parte dos professores responsáveis pela disciplina,
como por parte dos professores das instituições na qual o mesmo foi
desenvolvido. Nosso entendimento é de que esses dois contextos deveriam
manter um constante diálogo em via de mão dupla para um melhor
aproveitamento em nosso processo de formação. Neste sentido, nossa
intenção é apresentar relatos de experiências vivenciadas no campo de
estágio. (OLIVEIRA et al., 2005).

1 CARACTERIZAÇÃO DO CAMPO DE ESTÁGIO

O campo de estágio supervisionado II escolhido foi uma Escola


Estadual, localizada na região Oeste de Campo Grande – MS, na Av. Júlio de
Castilho no Bairro Lar do trabalhador.
A escola é composta por 20 salas de aulas e algumas salas de apoio,
com funcionamento nos períodos matutino, vespertino e noturno, quadra
poliesportiva coberta, refeitório e um pátio amplo para a realização de
conteúdos extracurriculares. Para as aulas de educação física utilizávamos
materiais pedagógicos e locais para a realização de aulas agradáveis e
produtivas, ou seja, o pátio, quadra de esportes, sala de tecnologia, entre
outros.

120
2 DESENVOLVIMENTO DAS ATIVIDADES

O estágio supervisionado II iniciou no mês de março com a


apresentação à professora responsável pela disciplina, onde ela nos orientou a
respeito dos conteúdos e seus métodos de ensino. De acordo com o PCNs
(PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS), o primeiro bimestre tem como
conteúdo proposto a modalidade de Handebol. Ela nos passou o cronograma
que deveria ser seguido onde deveriam ser ministradas aulas práticas, teóricas
e livres. Após a reunião com a professora fomos encaminhados para a primeira
turma, alunos do 2° ano do ensino médio. A professora nos apresentou e
informou que estaríamos com eles nesses dois bimestres. Após a
apresentação nos dirigimos à quadra para iniciarmos as atividades com intuito
de conhecer e interagir com os alunos.
Foram preparadas três atividades lúdicas, mas devido ao pouco tempo
foram realizadas somente duas, sendo as brincadeiras: bandeirinha e corrida
jockey pow. A primeira atividade foi à corrida jockey pow, foi explicado à
realização desta e para dar início a mesma dividiu a turma em duas equipes,
sendo escolhidos dois alunos da turma onde cada um deveria escolher o time
do outro. Após a divisão de grupo cada equipe foi devidamente posicionada ao
fundo da quadra, ao sinal a atividade teve início.
Houve vários momentos em que ambas as equipes quase conseguiram
alcançar a vitória, mas ao fim do tempo preparado para a atividade nenhuma
equipe conseguiu chegar do outro lado da quadra conseguindo assim vencer.
Em seguida foi realizada a segunda atividade, a bandeirinha, as equipes
continuaram praticamente as mesmas apenas com algumas trocas para
equilibrar e não ter desvantagem para nenhum dos lados. A atividade foi
explicada e após isso iniciada, ainda com um pouco de dificuldade houve mais
uma explicação para esclarecer as dúvidas.
Com a segunda e terceira turma que são do 3° ano do ensino médio, foi
realizado apenas a bandeirinha por ter o tempo reduzido, com a segunda turma
durante a atividade foi dada liberdade para que eles escolhessem alguma regra
para ser acrescentada. E então foi definido que apenas as meninas poderiam
pegar a bandeirinha e os meninos só poderiam colar os adversários, com a
121
terceira equipe foi passada normalmente sem nenhuma alteração, ao final da
atividade com a terceira turma foi liberado para que eles pudessem jogar de
forma livre a atividade que escolhessem por terem colaborado com o decorrer
da aula.
Após o término das aulas nos reunimos com a professora responsável
pelo estágio, nos dividimos em grupos de quatro e três onde cada grupo ficaria
responsável por uma turma. Nossa turma ficou com o 3° do ensino médio, as
aulas aconteciam no último tempo.
No decorrer do estágio cada grupo com sua turma, a modalidade a ser
ministrada foram os fundamentos do handebol, a aula foi iniciada com os
fundamentos de empunhadura e drible. Foram passadas as formas corretas de
segurar e conduzir a bola, após a explicação foi passado exercícios para que
os alunos tivessem a prática dos fundamentos e o aperfeiçoamento, sempre
com os acadêmicos corrigindo os movimentos.
Em seguida foi passado o arremesso e recepção com suas variações,
no arremesso na altura do ombro e na altura do quadril, recepção alta, média e
baixa, passando para que eles fizessem várias repetições para conhecer
melhor o movimento e treinar de forma correta. Por último foi passado o
fundamento de progressão com atividades de fácil compreensão. Após isso,
houve a junção às várias possibilidades usando os fundamentos aprendidos.
Como proposto pela professora responsável haveria uma aula teórica
com os fundamentos do handebol e qualidade de vida. A aula foi iniciada com
uma conversa e introdução sobre o tema qualidade de vida, em seguida foi
passado um vídeo de 17 minutos para a turma com o título de “Além do Peso”
com o intuito de transmitir os problemas gerados pela má alimentação e
informar a quantidade de açúcar em determinados alimentos, após o vídeo foi
discutido com a turma sobre o que eles haviam entendido do vídeo.
Posteriormente, iniciamos uma apresentação de Power Point com
gráficos referentes às doenças causadas pela má alimentação, citando quais
as principais e o que elas podem causar. Falamos sobre o aumento e a queda
de pessoas que adquirem as doenças comparando homens e mulheres devido
à relação com os esportes praticados e devido à mulher ter uma maior
concentração de gordura. Como o tempo de aula é curto, não entramos nos
122
fundamentos do handebol como havia sido programado.
Como na aula passada não houve tempo de encerrar sobre o tema
qualidade de vida, demos continuidade a aula na sala onde foi encerrado esse
assunto. Após isso os alunos foram direcionados para quadra.
A aula teve início com base nos fundamentos, inicialmente foram
explicados dois tipos de passes, o passe de peito e o lateral que são variações
dos passes básicos, após a explicação foi dado início a execução, formando
duplas e se posicionando ao fim da quadra usando como referência as linhas
laterais da quadra de vôlei um de frente para o outro, foram executados os
passes de peito até chegar á outra extremidade da quadra, assim retornando
ao fim da fila, primeiramente caminhando e depois correndo. Iniciando o passe
lateral foi explicado novamente como seria a execução devido a algumas
dúvidas entre os alunos, dando início a atividade na mesma posição em que já
estavam com o corpo virado para o fim da quadra e o passe feito lateralmente
para o seu colega, trocando de fila ao chegar ao final para que possam ser
trabalhados ambos os braços.
Ao fim da parte dos fundamentos foi dado um jogo com regras
adaptadas pelas quais os alunos só poderiam jogar utilizando os tipos de
passes pelo qual haviam acabado de vivenciar, posteriormente liberando para
que eles pudessem jogar normalmente até o fim da aula. Todos os alunos
participaram.
Em continuidade do estágio, como programado foi aplicada a prova
bimestral onde alguns acadêmicos deram assistência à aplicação, enquanto
um dos grupos aplicou a prova, os outros grupos permaneceram junto à
orientadora que conversou sobre qual tema seria abordada na próxima aula e
quais os materiais seriam necessários para que tudo fosse realizado de forma
correta.
Como programado nesta aula foram realizados vários testes a fim de
avaliar fisicamente os alunos, os testes realizados foram peso, altura,
flexibilidade, impulsão horizontal e agilidade nessa respectiva ordem, a turma
se comportou bem com algumas exceções que de início não queriam realizar
os testes, mas acabaram realizando devido ao interesse da maioria da turma.
Após o término dos testes houve uma conversa com os alunos para explicar
123
que com todos os dados coletados, seria feito um quadro com os resultados e
a situação que eles se encontram. Após foram liberados para que pudessem
praticar qual atividade desejasse.
Como a professora responsável pela disciplina tinha como programação
uma aula livre, planejamos a aula como proposta principal uma competição de
tênis de mesa, os alunos seriam divididos por chaves enfrentando assim uns
aos outros de acordo com as vitórias e derrotas durante as partidas ate que se
chegasse a um vencedor. Com o andamento das aulas das turmas anteriores
pode se perceber que não teve um bom aproveitamento da aula nesse formato,
muitos alunos ficaram parados e outros não mostraram interesse em participar,
então foram feitas adaptações para a nossa aula de forma que foram
disponibilizados bola de futsal, vôlei e a mesa de tênis de mesa e também
jogos de mesa para que cada aluno pudesse praticar o que fosse de sua
preferência, ficando assim os professores divididos para ficar responsável um
para cada esporte.
A aula teve um bom andamento com boa colaboração de todos os
alunos e uma boa dinâmica podendo assim fazer com que todos os alunos
mostrassem interesse em participar da aula.
De acordo com a programação da escola teve a realização da
interclasse onde foram montados times onde jogaram futsal com duração de 10
minutos divididos em dois tempos cada. Os acadêmicos ficaram dispostos em
várias funções. Teve um bom aproveitamento das turmas, pois todos
participaram.
Com o início do 2° bimestre o conteúdo proposto passou a ser Voleibol
onde iniciamos com a modalidade. A turma foi reunida no centro da quadra
para que fossem passadas algumas das informações sobre o voleibol e logo
após foram divididos em pares. Após foi feita uma pequena explicação, onde
eles efetuaram os fundamentos aprendidos. Depois de praticarem os
fundamentos os alunos foram colocados em situação de jogo para que
aperfeiçoassem os movimentos e para que pudessem entender melhor a
utilização desses fundamentos na hora do jogo.
No final do estagio nos reunimos para verificar a organização do
caderno e discutir sobre as experiências vividas durante o decorrer do
124
semestre e o aproveitamento que tivemos com os alunos. Com tudo vimos que
trabalhamos a melhor forma de interagir com os alunos, trabalhamos nossa
dicção, vimos que planejar é algo essencial e que sempre tem que haver um
planejamento reserva. Nossa turma teve um ótimo aproveitamento dos alunos,
pois todos participaram de todas as aulas sem nenhum problema evidente, e o
final já conseguiam executar os fundamentos das modalidades com sucesso.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Posto isto, consideramos que a importância no campo de estágio e


imprescindível na formação profissional do acadêmico e o ato de planejar as
aulas que serão ministradas com o apoio do professor nos norteiam com
relação tempo, espaço e ambiente em que as mesmas são ministradas.
Consideramos que como profissional esse contato com o campo de estagio
nos faz evoluir na profissão, visto que, com base em referências teóricas
conseguimos montar nossos planos de aulas adequados, aulas atrativas e
agradáveis tanto para os alunos quanto a nós professores. Consideramos
também que os relatórios feitos ao término de cada aula têm extrema
importância, pois, é com os eles que conseguimos expor os pontos negativos e
positivos da aula, sendo assim, fazemos uma reflexão nos planos de aula para
que tais erros não se repitam.

REFERÊNCIAS

OLIVEIRA, A. L. et al. A Importância do estágio supervisionado na a formação


inicial em educação física. Jandim: Revista Especial de Educação Física,
2004. Disponível em:
<http://www.nepecc.faefi.ufu.br/arquivos/simp_2004/6.cultura_cotidiano/6.5_Im
portancia_estagio.pdf>. Acesso em 18 jun. 2017.

125
EFEITOS DA ATIVIDADE FÍSICA EM PORTADORES DE DIABETES
MELLITUS

Edson Pereira Moraes Junior - edsonn.moraess@hotmail.com


Graduado em Educação Física – UniSALESIANO Lins
Prof. Esp. Dagnou Pessoa de Moura - dagnou@hotmail.com
Docente – UniSALESIANO Lins
Prof. Dr. Julio Wilson dos Santos – Ciências da Motricidade – UNESP
Bauru – santos.fc@unesp.br

RESUMO

Diabetes mellitus (DM) é uma doença caracterizada pela insuficiência de


insulina, responsável pelo transporte de glicose para as células, levando a
distúrbios no metabolismo de carboidratos, proteínas e gorduras. O diabético
tipo II, neste caso o pâncreas produz insulina, porém a célula não é sensível a
ele. O presente estudo tem como objetivo revisar a literatura e descrever o
mecanismo fisiológico da patologia, suas complicações e como a atividade
física pode beneficiar o diabético tipo I e tipo II. São várias as complicações da
patologia em questão, hiperglicemia, hipoglicemia, nefropatia, neuropatia,
cetoacidose, retinopatia, e em casos mais extremos amputação de membros. O
exercício estimula os carreadores de glicose intracelular, principalmente o
GLUT 4, aumentando a sensibilidade à insulina, sendo muito importante para o
diabético do tipo II, seguido de redução de peso, mecanismo esse que também
aumenta a sensibilidade ao referido hormônio. Durante o exercício, a glicose
circulante é usada como substrato energético, reduzindo a necessidade de
insulina exógena, além de melhorar pressão arterial e circulação. Conclui-se
que a atividade física de forma planejada pode trazer benefícios como redução
dos valores glicêmicos e aumentando a captação de glicose pelas células,
ajudando no controle da doença.

Palavras-chave: Atividade Física. Diabetes Mellitus. Glicemia.

INTRODUÇÃO

Existem três formas de DM: O diabetes mellitus insulinos-dependente é


conhecido como tipo I ou DMID, é uma forma em que geralmente é
diagnosticada com menos de 30 anos de idade, e sabe-se que esse tipo de
diabetes pode desenvolver-se em qualquer idade. Neste tipo de disfunção, o
corpo é totalmente incapaz de produzir insulina, que controla o nível de glicose

126
sanguínea, ou é capaz de produzir quantidades tão pequenas, que é
necessária administração via exógena de insulina para a sua complementação.
(CHIAPPA et al., 2002).
O diabetes mellitus não insulino-dependente ou tipo II (DMNID) é outro
tipo de diabetes em que é diagnosticado geralmente após os 30 anos de idade,
esse é bastante comum, corresponde cerca de 90% dos diabéticos
encontrados. Neste tipo de diabetes, o pâncreas secreta insulina; na verdade,
o nível de insulina no sangue pode ser normal ou até excessivo, mas o corpo
não responde adequadamente à ação da insulina, uma anormalidade
frequentemente chamada de resistência à insulina ou sensibilidade reduzida à
insulina. (CHIAPPA et al., 2002).
O outro tipo de diabetes, e menos comum, é o diabetes gestacional, que
pode persistir ou não após a gravidez.
A inatividade física e baixo nível de condicionamento físico têm sido
considerados fatores de risco para mortalidade prematura tão importante
quanto fumo, dislipidemia e hipertensão arterial. (BLAIR et al., 1996). Estudos
epidemiológicos têm demonstrado forte relação entre inatividade física e
presença de fatores de risco cardiovascular como hipertensão arterial,
resistência à insulina, diabetes, dislipidemia e obesidade. (RENNIE et al., 2003;
LAKKA et al., 2003).
A prática regular de atividade física tem demonstrado diminuir o risco de
desenvolver diabetes do tipo II, tanto em homens como em mulheres,
independente da história familiar, do peso e de outros fatores de risco
cardiovascular como o fumo e a hipertensão (MANSON et al., 1992; MANSON
et al., 1991). Estudos de intervenção têm demonstrado que mudanças no estilo
de vida, adotando - se novos hábitos alimentares e prática regular de atividade
física, diminuem a incidência de diabetes do tipo II em indivíduos com
intolerância à glicose. (TUOMILEHTO et al., 2001; ERIKSSON; LINDGÄRDE,
1991).
O objetivo do presente estudo é fazer uma revisão de literatura
abordando a patologia do DM e como o exercício físico atua como mecanismo
para controle da mesma.

127
1 FISIOPATOLOGIA DO DIABETES MELLITUS

As estreitas inter-relações entre esses tipos celulares nas ilhotas de


Langerhans permitem comunicação intercelular e controle direto na secreção
de alguns dos hormônios pelos outros hormônios. Assim, por exemplo, a
insulina inibe a secreção do glucagon, a amilina inibe a secreção de insulina, e
a somastotatina inibe a secreção tanto da insulina quanto do glucagon.
(GUYTON; HALL, 2002).
A insulina é o hormônio anabólico mais conhecido e é essencial para a
manutenção da homeostase de glicose e do crescimento e diferenciação
celular. Essa manutenção ocorre em vários níveis, reduzindo a produção
hepática de glicose (via diminuição da gliconeogênese e glicogenólise) e
aumentando a captação periférica de glicose, principalmente nos tecidos
muscular e adiposo. A insulina também estimula a lipogênese no fígado e nos
adipócitos e da reduz a lipólise, bem como aumenta a síntese e inibe a
degradação proteica. (CARVALHEIRA; ZECCHIN; SAAD, 2002).
O DM é considerado um problema de saúde pública prevalente, em
ascendência, oneroso do ponto de vista social e econômico e com potencial
reconhecido para prevenção (GEORG et al. 2005). É uma doença crônica
causada por uma deficiência do pâncreas na produção de insulina, ou por
incapacidade da insulina exercer adequadamente suas funções. (OPAS, 2003)
Com a progressão da doença, o indivíduo desenvolve complicações
sistêmicas como: alteração no metabolismo de proteínas, baixos níveis de
colesterol HDL, altos níveis de triglicérides, microangiopatia, neuropatia,
nefropatia, doenças macrovasculares, aumento do tempo de cicatrização de
feridas e risco de infecção. (TAYLOR et al., 1998; JENSEN; DECKERT, 1992;
LIBMAN et al.,1993).
São 3 as formas mais comuns de diabetes mellitus, a do tipo I, tipo II e a
diabetes gestacional. No diabetes tipo I ocorre destruição das células beta do
pâncreas, usualmente por processo autoimune (forma autoimune; tipo 1A) ou
menos comumente de causa desconhecida (forma idiopática; tipo 1B).
(ATKINSON; MACLAREN, 1994; IMAGAWA et al., 2000).
O pico de incidência do diabetes tipo I ocorre dos 10 aos 14 anos de
128
idade, havendo a seguir uma diminuição progressiva da incidência até os 35
anos, de tal maneira que casos de diabetes tipo I de início após esta idade são
pouco frequentes. No entanto, indivíduos de qualquer idade podem
desenvolver diabetes tipo I.
O diabetes tipo II é mais comum do que o tipo I, perfazendo cerca de
90% dos casos de diabetes. É uma entidade heterogênea, caracterizada por
distúrbios da ação e secreção da insulina, com predomínio de um ou outro
componente, na maioria dos pacientes apresenta obesidade.
A idade de início do diabetes tipo 2 é variável, embora seja mais
frequente após os 40 anos de idade, com pico de incidência ao redor dos 60
anos. Em finlandeses, 97% dos pacientes tipo 2 iniciam o diabetes após os 40
anos de idade (ERIKSSON et al., 1992). Estudos que aliam a obesidade à
idade superior a 40 anos indicam este ponto de corte da idade como
discriminatório entre os dois tipos de diabetes. (HOTHER-NIELSEN et al.,
1988).
Por outro lado, outros autores associam a ausência de episódio agudo
de cetoacidose e idade superior a 20 anos como indicadores da presença de
diabetes do tipo 2 (SERVICE et al., 1997). Portanto, a idade de forma isolada
parece não definir a classificação, mas se aliada a outras variáveis como
obesidade e ausência de cetoacidose podem sugerir o tipo de diabetes. Deve
ser levado em conta que, embora a ocorrência de cetoacidose seja
característica do estado de deficiência insulínica do tipo 1, o paciente tipo 2
pode apresentar este quadro na vigência de intercorrências graves como
infecções ou episódios agudos de doença cerebrovascular (KITABCHI et al.,
2001).
O diabetes mellitus gestacional é definido como a tolerância diminuída
aos carboidratos, de graus variados de intensidade, no qual é diagnosticado
pela primeira vez durante a gestação, podendo ou não persistir após o parto
(GROSS et al., 2002).

1.1 Diagnóstico

O nível de glicemia em jejum, pela manhã, é normalmente de 80 a 90


129
mg/dl, sendo o valor de 110mg/dl considerado o limite superior da normalidade.
Nível de glicemia, em jejum, acima desse valor indica frequentemente, a
presença de diabetes mellitus. (GUYTON; HALL, 2002).
Outros critérios de diagnóstico são: uma glicemia duas horas após
sobrecarga de glicose superior a 200 mg/dl, ou valor superior a 200mg/dl em
amostra colhida a qualquer hora do dia e em qualquer condição, desde que
acompanhada de sintomas e sinais característicos. Amostra colhida a qualquer
hora implica em não haver nenhuma relação com jejum e entende-se por
sintomas característicos a poliúria, a polidipsia e perda de peso sem causa
aparente. (VIEIRA, 2000).
A chamada curva de tolerância à glicose ocorre quando uma pessoa
normal em jejum ingere 1g de glicose por quilograma de peso corporal, o nível
de glicose sanguínea sobe cerca de 90 mg/dl a 120-140 mg/dl e em seguida
cai para valores abaixo do normal em cerca de 2 horas. (GUYTON; HALL,
2002).
O diabetes mellitus gestacional (DMG) envolvendo qualquer grau de
intolerância à glicose precisa ser detectado porque é causa de morbidades
para mãe e filho durante e após a gravidez. (KJOS; BUCHANAN, 1999).
No Brasil adotou-se como critério diagnóstico de DMG o teste oral de
tolerância à glicose (TOTG) – 100 g, de acordo com o National Diabetes Data
Group (1979), como hiperglicemia na gestação (HGG) o perfil glicêmico (PG),
(RUDGE, et al., 1988), que envolvia determinação glicêmica das 8 (basal) às
18h a cada duas horas, mantendo-se ingestão de uma dieta geral com 2.840
kcal, fracionada em desjejum, almoço e lanche. Foram considerados valores
normais os menores que 90 mg/dL e 130 mg/dL para as condições de jejum e
pós-prandiais, respectivamente. Para o diagnóstico de HGG bastava um
resultado alterado.

1.2 Complicações

As manifestações clínicas do diabetes incluem os “três Ps”: poliúria


(micção aumentada), polidipsia (sede aumentada) e polifagia (apetite
aumentado). Os dois primeiros ocorrem em conseqüência da perda excessiva
130
de líquido associada à diurese osmótica. O paciente também experimenta
polifagia, decorrente do estado catabólico induzido pela deficiência de insulina
e pela clivagem de proteínas e lipídios. Os outros sintomas englobam a fadiga
e a fraqueza, alterações súbitas da visão, formigamento ou dormência nas
mãos ou pés, pele seca, lesões que curam de forma lenta e infecções
recorrentes. O início do diabetes do tipo I também pode estar associado a
náuseas, vômitos ou dores abdominais. (BARE; SMELTIZER, 2002).
As complicações crônicas do DM são as principais responsáveis pela
morbidade e mortalidade dos pacientes diabéticos.
Pacientes com DM tipo 2 são frequentemente acometidos com hipertensão
arterial e problemas cardiovasculares e nefropatia diabética, o que aumenta a
mortalidade entre esses doentes.
Outra complicação é a cetoacidose diabética,que é a responsável pela
maior parte dos óbitos por DM, (CAD), que é um distúrbio do metabolismo de
proteínas, lipídios, carboidratos, água e eletrólitos, consequente à menor
atividade da insulina diante da maior atividade dos hormônios.
A Retinopatia Diabética (RD) acomete cerca de 40% dos pacientes
diabéticos e é a principal causa de cegueira em pacientes entre 25 e 74 anos
(AIELLO et al., 1998).
A maioria dos casos de cegueira (90%) é relacionada à RD e pode ser
evitada através de medidas adequadas, que incluem, além do controle da
glicemia e da pressão arterial, a realização do diagnóstico em uma fase inicial e
passível de intervenção. Essas medidas diminuem a progressão da doença.
Também é importante o cuidado com os pés e pernas pois podem
aparecer feridas devido a fragilidade dos vasos sanguíneos e a neuropatia
diabética ou seja falta de sensibilidade, podendo levar a amputação.
A hiperglicemia crônica tem sido correlacionada com o desenvolvimento
de complicações crônicas do DM. Isso pode contribuir para o aparecimento e
agravamento da retinopatia e nefropatia diabética.
Na outra extremidade, há o risco de do diabético apresentar
hipoglicemia, que é a taxa glicêmica baixa, menor que 50 mg/dl causada por
excesso da insulina de atividade física em excesso sem recomposição de
nutrientes e alimentação reduzida, que pode ser atenuada pela ingestão de
131
carboidratos de ação rápida seguida por um lanche ou refeição substancial.
Dentre vários fatores que aumentam as chances de um diabético
apresentar doenças cardiovasculares, podemos citar o próprio aumento da
glicemia e o seu não controle, dislipidemia, hipertensão arterial, obesidade,
estresse, cigarro entre outros. (SANCHO; SANTOS, 2004).

2 ATIVIDADE FÍSICA E DIABETES MELLITUS

A crescente substituição dos alimentos in natura ricos em fibras,


vitaminas e minerais, por produtos industrializados (BARRETO; CYRILLO,
2001), associada a um estilo de vida sedentário, favorecido por mudanças na
estrutura de trabalho e avanços tecnológicos, compõem um dos os principais
fatores etiológicos da obesidade. (POPKIN, 1999).
Algumas evidências sugerem que o sedentarismo, favorecido pela vida
moderna, é um fator de risco tão importante quanto a dieta inadequada na
etiologia da obesidade (PRENTICE; JEBB, 1995), e possui uma relação direta
e positiva com o aumento da incidência do diabetes tipo 2 em adultos,
independentemente do índice de massa corporal (MANSON et al., 1991), ou de
história familiar de diabetes. (ZIMMET; McCARTY; COURTEN, 1997).
A deposição de gordura na região abdominal caracteriza a obesidade
abdominal visceral, que é mais grave fator de risco cardiovascular e de
distúrbio na homeostase glicose-insulina do que a obesidade generalizada. É
associada, também, à hipertensão, dislipidemias, fibrinólise, aceleração da
progressão da aterosclerose e fatores psicossociais. A presença concomitante
de obesidade centralizada a um ou mais dos distúrbios metabólicos apontados
caracterizam a síndrome metabólica. (BJÖRNTORP, 1997; LAKKA et al.,
2001).
Alguns indivíduos obesos apesar da acentuada resistência à insulina e
de aumento de níveis da glicemia maiores do que o normal após a ingestão de
uma refeição, nunca desenvolvem diabetes mellitus clinicamente significativo;
aparentemente, o pâncreas, nesses indivíduos, produzem insulina em
quantidade suficiente para impedir o aparecimento de graves anormalidades do
metabolismo da glicose. Em outros, entretanto, o pâncreas torna-se
132
gradualmente exausto em consequência da secreção de grande quantidade de
insulina, e verifica-se o desenvolvimento de diabetes mellitus.
Alguns estudos sugerem que fatores genéticos desempenham papel
importante, determinando se o pâncreas do indivíduo é capaz de sustentar
durante muitos anos o elevado débito de insulina, necessário para evitar a
ocorrência das graves anormalidades do metabolismo da glicose no diabetes
tipo Li. (GUYTON; HALL, 2002).

2.1 Benefício da Atividade Física para o Diabético

Ao longo dos anos houve um acúmulo de investigações científicas


relatando o potencial da atividade física em melhorar o estado de saúde dos
indivíduos, e o mecanismo de determinação deste quadro poderia ser por meio
da prevenção ou tratamento de enfermidades. Entretanto, parece bastante
questionável o quanto as informações sobre saúde e seus determinantes, cada
vez mais destacadas no meio acadêmico, estão alcançando a população geral.
Há ainda a se compreender que o conhecimento acerca de um fator não
garantirá automaticamente a mudança de comportamento no indivíduos,
muitas vezes o conhecimento, por exemplo, dos benefícios da atividade física
para a saúde, não implica um comportamento ativo, ou seja, conhecimento e
mudança de comportamento são esferas diferentes de um conteúdo
semelhante.
O exercício aumenta a velocidade com que a glicose deixa o sangue.
Dessa maneira, o exercício tem sido visto como uma parte útil do tratamento
para manter o controle da glicemia no diabético. No entanto, esse efeito
benéfico do exercício depende do fato de o diabético estar ou não
razoavelmente controlado antes do inicio da atividade. Controle significa que a
glicemia encontra-se próximo ao normal. (POWERS; HOWLEY, 2000).
O exercício, juntamente com a dieta e o tratamento farmacológico, tem
sido considerado como uma das três principais abordagens no tratamento do
DM. A atividade física regular é recomendada para pacientes com DM e HAS,
em razão de seus vários efeitos benéficos sobre o risco cardiovascular,
controle metabólico e prevenção as complicações crônicas das doenças (ADA).
133
Durante o exercício o transporte de glicose na célula muscular aumenta,
bem como a sensibilidade da célula à ação da insulina. Muitos fatores
determinam a maior taxa de captação da glicose durante e após o exercício,
mas, sem dúvida, o aumento do aporte sanguíneo é um importante fator
regulador, permitindo a disponibilização deste substrato para a musculatura. O
transporte de glicose no músculo esquelético ocorre primariamente por difusão
facilitada, através de proteínas transportadoras (GLUTs) cujos principais
mediadores de ativação são a insulina e o exercício.
Existem evidências de que o principal mecanismo pelo qual o exercício
aumenta o transporte de glicose para o músculo é através da translocação dos
GLUTs de compartimentos intracelulares para a membrana (HIRSHMAN et al.,
1988; ROY; MARETTE, 1996).
Este aumento na translocação de transportadores de glicose pode ser
dependente ou não de insulina. É possível haver translocação de GLUT4 para
a membrana muscular durante o exercício mesmo em ausência de insulina
(GOODYEAR et al., 1995). Observa-se, portanto, que indivíduos diabéticos
com ausência de insulina ou deficiência na ação deste hormônio conseguem
utilizar glicose para contração muscular durante o exercício, podendo esta
utilização contribuir para a redução da hiperglicemia.
A combinação de insulina e exercício resulta em efeitos aditivos em
relação ao transporte de glicose associado ao recrutamento do transportador
GLUT4 para a membrana plasmática, o que confirma as hipóteses sugeridas
sobre a estimulação de dois mecanismos diferentes nos quais haveria duas
localizações de pools intracelulares distintos de transportadores de glicose, ou
seja, um que responde ao exercício e outro que responde à insulina.
(GOODYEAR; KAHN, 1998).
Uma das justificativas para essa hipótese refere-se à capacidade da
insulina – e não do exercício – em provocar uma redistribuição de Rab4, uma
proteína transportadora de GTP (GTP-binding protein), que está implicada na
regulação da translocação de GLUT4 em células adiposas. (SHERMAN, 1996).
Uma única sessão de exercício físico aumenta a disposição de glicose
mediada pela insulina em sujeitos normais, em indivíduos com resistência à
insulina parentes de primeiro grau de diabéticos do tipo 2, em obesos com
134
resistência à insulina, bem como em diabéticos do tipo 2, e o exercício físico
crônico melhora a sensibilidade à insulina em indivíduos saudáveis, em obesos
não-diabéticos e em diabéticos dos tipos 1 e 2. (ERIKSSON; TAIMELA;
KOIVISTO, 1997).
Segundo Campos (2001), a contração muscular tem um efeito análogo à
insulina, pois aumenta a permeabilidade da membrana celular, de modo que o
exercício diminui a resistência e aumenta a sensibilidade à insulina e,
consequentemente, das dosagens exógenas via injeções ou medicamentos por
via oral. A redução de peso gordura corpórea é importante para diabéticos tipo
1 e 2.
O gasto energético diário é composto de três grandes componentes:
taxa metabólica de repouso (TMR), efeito térmico da atividade física e efeito
térmico da comida (ETC). A TMR, que é o custo energético para manter os
sistemas funcionando no repouso, é o maior componente do gasto energético
diário (60 a 80% do total).
O tratamento da obesidade apenas através de restrição calórica pela
dieta leva a uma diminuição da TMR (através de diminuição de massa
muscular) e do ETC, o que leva à redução ou manutenção na perda de peso e
tendência de retorno ao peso inicial, apesar da restrição calórica contínua,
contribuindo para uma pobre eficácia de longo período dessa intervenção.
(ERIKSSON; TAIMELA; KOIVISTO, 1997).
No entanto, a combinação de restrição calórica com exercício físico
ajuda a manter a TMR, melhorando os resultados de programas de redução de
peso de longo período. Isso ocorre porque o exercício físico eleva a TMR após
a sua realização, pelo aumento da oxidação de substratos, níveis de
catecolaminas e estimulação de síntese proteica (BIELINSKI; SCHUTZ;
JÉQUIER, 1985; HORTON, 1985). Esse efeito do exercício na TMR pode durar
de três horas a três dias, dependendo do tipo, intensidade e duração do
exercício. (McARDLE; KATCH; KATCH, 1998; TREMBLAY et al., 1988).

CONCLUSÃO

A combinação da dieta e do exercício físico é crucial para a melhora da


135
qualidade de vida do individuo acometido pelo DM. O trabalho voltado para o
tratamento do DM deve apresentar um controle alimentar em conjunto com um
programa de treinamento físico, para a diminuição da adiposidade viceral,
causando assim um aumento a permeabilidade da insulina sobre a membrana
celular, assim metabolizando melhor a glicose excedente e diminuindo a
dependência da insulina medicamentosa, mantendo assim o DM controlado.

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138
EFEITOS DO PROGRAMA DE TREINAMENTO FUNCIONAL NAS
CAPACIDADES FISICAS DO FUTSAL

Simone Januário Sant´ana Marcon - sijsantana@hotmail.com


Tiago Aparecido Oliveira da Silva - tiagoaparecido1992@hotmail.com
Vinicius Brancaglion Garcia - vinicius_bakura@hotmail.com
Graduandos em Educação Física – UniSALESIANO Lins
Prof. Esp. Dagnou Pessoa de Mour a – dagnou@hotmail.com
Mestrando em Ciências da Motricidade - UniSALESIANO Lins
Prof. Dr. Julio Wilson dos Santos – santos.fc@unesp.br
Ciências da Motricidade - Universidade Estadual Paulista - UNESP - Bauru

RESUMO

O futsal é um esporte que apresenta característica de esforços físicos de


alta intensidade e de curta duração. As principais capacidades físicas (CF) são
agilidade, velocidade, flexibilidade, potência de membros inferiores e
resistência abdominal. O objetivo do estudo foi verificar a influencia do
treinamento funcional (TF) nas CF de atletas de futsal com idade entre 15 a 17
anos. Para isso foram utilizados os seguintes protocolos: tiro de 20 metros para
velocidade; teste de impulsão horizontal para a potência de membros
inferiores; banco de Wells para a flexibilidade; teste de Semo para a agilidade;
teste de resistência muscular abdominal. Foi utilizado o teste T student para
análise dos dados, onde foi adotado um nível de significância p ≤0,05. 10
voluntários foram selecionados com idade de 15,33 ± 0,5 anos, a pesquisa teve
a duração de 3 meses, sendo realizado TF duas vezes por semana. Os
resultados encontrados foram melhora nas CF de resistência abdominal,
flexibilidade, agilidade, velocidade e potencia de membros inferiores. Conclui-
se que um programa de TF influencia na melhora das CF do futsal.

Palavras-chave: Treinamento funcional. Futsal. Capacidades Físicas.

INTRODUÇÃO

O Treinamento Funcional - TF foi criado nos Estados Unidos por alguns


autores desconhecidos e vem sendo disseminado no Brasil, ganhando muitos
praticantes, sua função é preparar o organismo de modo integro e eficiente,
através do centro corporal, chamado de Core. (MONTEIRO; CARNEIRO,
2010).
Para Campos; Coraucci Neto (2004), o treinamento tem como base uma
prescrição coerente e segura de exercícios que permitam a estimulação do

139
corpo humano de uma maneira capaz de evoluir todas as qualidades do
sistema musculoesquelético, como velocidade, força, equilíbrio, coordenação,
flexibilidade, lateralidade, resistência cárdio e neuromuscular e também
motivação através da manutenção do centro de gravidade do corpo.
De acordo com Gelatti (2009), o TF ajuda o corpo a se movimentar de
forma integrada e eficiente, ganhando fortalecimento muscular, melhorando as
funções do cérebro responsáveis por tudo que nosso corpo faz e cria.
O futsal é um dos esportes que mais tem crescido nos últimos anos, no
qual antigamente era chamado de futebol de salão, uma adaptação do futebol
de campo para as quadras que conseguiu se tornar mais dinâmico que o
futebol de campo, levando esse esporte a ser muito praticado mundialmente.
(VOSER,1999).
Segundo Voser (1999, p. 13), “o futebol de salão nasceu nos anos 30 e
foi criado na Associação Cristã de Moços de Montevidéu, no Uruguai, pelo
então diretor de seu departamento de menores, professor Juan Carlos Ceriani”.
O condicionamento físico de jogadores de futsal está sendo investigado,
no qual o esporte apresenta características de esforços físicos de alta
intensidade e de curta duração dando maior enfoque na CF de velocidade e
força. (BARBERO, 2006).
O presente estudo tem como objetivo verificar a influência do TF na CF
dos atletas de futsal com idade entre 15 a 17 anos. Foram analisados os
efeitos do TF na CF de resistência abdominal, flexibilidade, velocidade,
agilidade e potencia de membros inferiores.

1 TREINAMENTO FUNCIONAL

O TF busca melhorar a capacidade funcional do indivíduo, ou seja,


melhorar a habilidade de realizar atividades normais do a dia a dia, com
independência, autonomia e eficiência. Nele apresenta uma melhoria nos
aspectos neurológicos que melhoram a capacidade funcional, através de
exercícios que estimulam os componentes do sistema nervoso e com isso
evolui sua adaptação. (CAMPOS; CORUUCCI NETO, 2004).
D´Elia (2005) diz ser possível realizar um TF com bons resultados
140
usando apenas o peso corporal da pessoa e a gravidade, porém a utilização de
acessórios e equipamentos melhoram ainda mais as possibilidades do
treinamento onde a característica básica é a fácil adaptabilidade, podendo-se
criar inúmeros exercícios em função das necessidades de cada um.

1.1 O Futsal

Segundo Tolussi (1982), no Brasil o Futebol de Salão começou na


década de 1930 com as ACMs do Rio do Janeiro e de São Paulo.
Na década de 1990, foram feitas modificações no Futebol de Salão e
esse passou a se chamar Futsal. Essa modalidade agora passa a ser
responsabilidade da FI F A. Essa vinculação a uma federação tão forte
internacionalmente fez com que o Futsal desse um grande salto para sua
consagração. (TOLUSSI, 1982).
Os principais fundamentos do futsal são divididos em passe, chute,
domínio, condução, drible, finta, marcação e cabeceio. (SANTINI; VOSER,
2008).
As posições existentes no futsal são: goleiro, fixo, ala direito e esquerdo
e pivô. Com as várias mudanças táticas e dinâmicas que ocorreram no futsal
nos últimos 20 anos, os jogadores passaram a executar praticamente todas as
funções dentro do jogo para que fossem confundir a marcação adversária, não
existindo as posições fixas que antes existiam. (FERREIRA, 2002).

2 MATERIAIS E MÉTODOS

O trabalho foi aprovado pelo comitê de ética do UniSALESIANO de


Araçatuba (59078016.3.0000.8053). O local de realização do estudo foi a
quadra do Complexo Esportivo Natal Alves situado na cidade de Guaiçara-SP.
Após assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e
Termo de Assentimento, os participantes da pesquisa passaram por uma
avaliação física na quadra do Complexo Esportivo Natal Alves de Guaiçara, na
qual foram coletadas as seguintes variáveis: altura, peso, além das avaliações
da CF analisadas no estudo (velocidade, agilidade, flexibilidade, potencia de
141
membros inferiores e resistência abdominal).
Os protocolos de avaliação adotados foram: para determinar agilidade
foi utilizado o teste de Semo (SAFRIT, 1995); para velocidade foi usado o teste
de corrida de 20 metros (GAYA; SILVA, 2007); para flexibilidade o teste de
sentar e alcançar (BARROS; GUERRA, 2004) no Banco de Wells; para
potência de membros inferiores foi usado o teste de impulsão horizontal.
(SANTOS FILHO, 1998).
Os participantes da pesquisa fizeram parte de um grupo único, grupo
esse que realizou o TF. O período de total de treinamento foi de 12 semanas,
com frequência semanal de duas sessões de treinamento. Após o período de
treinamento citado, os participantes foram reavaliados em todos os itens da
primeira avaliação, sendo que a avaliação e a reavaliação ocorreram nos dias
em que os atletas não realizaram o TF.

2.1. Amostra

Os participantes da pesquisa foram 10 atletas de futsal, nascidos entre


os anos de 2000 e 2001, que fazem parte da equipe de futsal masculino da
Prefeitura Municipal de Guaiçara-SP.
Os critérios de inclusão adotados foram os seguintes: praticar o esporte
do futsal por pelo menos um ano, ser frequente nos treinos de futsal, ter
nascido entre os anos 2000 e 2001. Já os critérios de exclusão foram: ter
alguma lesão, possuir mais de duas faltas consecutivas nos treinos, terem uma
frequência menor que 75 % nos treinamentos.
Com a intenção de evitar os riscos de lesões nos atletas, nos dias que
foram usadas as sessões de treinamentos, não ocorreu jogo coletivo, e nem
um outro tipo de treino. Também foi explicada aos atletas a importância de um
bom descanso e uma boa alimentação para a recuperação física para os
demais dias de treinamento.
Os benefícios para os participantes da pesquisa foram o
desenvolvimento da CF de velocidade, agilidade, potência e flexibilidade de
membros inferiores, além de ser complementado com o treinamento de futsal,
já que foram utilizados em dias diferentes, melhorando o atleta fisicamente
142
diminuindo os riscos de lesões. Os participantes da pesquisa frequentavam os
treinos de futsal durante a semana nos dias de segunda, quarta e sexta feira.
Dessa forma, os experimentos com o TF do presente estudo eram realizados
nas terças e quintas feira.
O TF foi utilizado com duração de 50 minutos, sendo cinco minutos
deles utilizados para aquecimento muscular sem bola, com exercícios de
acordo com os que seriam utilizados nas atividades funcionais.
Depois que o aquecimento foi utilizado, foi explicado aos atletas a importância
dos exercícios para o futsal e qual os seus benefícios.
Foram utilizados circuitos em oito etapas, quando foram trabalhadas a
CF desejada no tempo de trinta a cinquenta segundos, de acordo com a
intensidade do exercício praticado, tendo como objetivo melhorar a maior
intensidade possível sem falhas para que ocorram melhoras no
condicionamento físico dos jogadores. Estas estações tinham o tempo entre 7
a 9 minutos, com um pequeno intervalo entre os exercícios.
Foram utilizados exercícios para o fortalecimento do core como a
prancha em decúbito ventral, com cinquenta e cinco segundos de duração e ao
término era respeitado um tempo de dois minutos passivamente.
Depois da sessão de core, foi repetido novamente o circuito de oito
etapas para que eles melhorem o desempenho nos exercícios e junto a
resistência muscular, e para finalizar, eram utilizados exercícios funcionais para
potencia de membros inferiores com métodos pliométricos, de velocidade e
estabilização de core.
O período de treinamento durou doze semanas, sendo no meio deste
período, a partir da oitava semana, modificada sua estrutura para que
melhorasse ainda mais sua eficiência nas capacidades motoras exigidas.

2.2 Resultados

Os resultados obtidos na pesquisa estão apresentados na tabela 2,


sendo que Pré (avaliação dos testes realizada antes do TF), Pós (avaliação
dos testes realizada após 12 semanas de TF) e P (análise estatística). Como
forma simplificada, os resultados mostram a média geral dos participantes da
143
pesquisa.
Como pode ser observado, na presente pesquisa, tivemos resultados
estaticamente significativos na CF de resistência abdominal, flexibilidade,
agilidade, velocidade e potência de membros inferiores.
As características dos participantes da pesquisa seguem na tabela 1.

Tabela 1 – Características dos participantes

Idade (anos) Peso (Kg) Altura (metros) IMC (Kg/m)

Média 15,33 55,98 1,67 19,5

DP 0,50 10,16 0,09 2,76


Fonte: Elaborada pelos autores, 2016.

Tabela 2 – Resultados dos protocolos aplicados


Testes Pré Pós P
Resistência abdominal
(repetições) 34,55 36,33 0,001*

Flexibilidade
(cm) 25,33 27,11 0,005*

Velocidade
(segundos) 3,09 2,87 0,00029*

Potência de membros inferiores


(metros) 1,73 2,02 0.004*

Agilidade
12,02 11,36 0,0001*
(segundos)
Fonte: Elaborada pelos autores, 2016. *P≤0,05

2.3 Discussão

O presente trabalho mostrou uma melhora significativa de todas as


capacidades físicas avaliadas. Houve uma melhora estatística na flexibilidade,
potência de membros inferiores, agilidade e velocidade e resistência
abdominal.
Oliveira (2013) confirma que o treinamento de força pode influenciar na
144
melhora da potência dos indivíduos, no caso do presente trabalho as crianças
foram trabalhadas com alguns exercícios de força como o stiff e o
agachamento que ajuda no fortalecimento da musculatura dos membros
inferiores, fator que contribuiu para a melhora considerável da potência dos
atletas.
Em seu estudo, Oliveira (2013) chega à conclusão que os efeitos do
treinamento de força sobre as capacidades velocidade e potência em atletas
de futsal, que foi realizado 2 vezes por semana com séries de 2 a 4 com
repetições de 6 a 12, usado dos testes de velocidade de 10 metros e salto
horizontal durante 5 meses, pode ter sido positivo no ganho de força e
potência.
Confirma que o treinamento de força pode influenciar na melhora da
potência dos indivíduos, isso pode ser usado como um complemento, assim
como foi supracitado, juntamente com um treinamento integrado para que sua
melhora seja o mais exponencial possível, influenciando no aperfeiçoamento
da agilidade como também foi citado em outros estudos. O que justifica a
melhora da potencia e agilidade da atual pesquisa, que com exercícios
funcionais em circuitos, e duração de 3 meses conseguiram resultados
excelentes em relação a potência e agilidade dos atletas.
Melo (2013) mostrou que os alunos, em sua maioria, tanto meninos
quanto meninas, concordam que a prática do futsal pode melhorar o
desenvolvimento de suas capacidades de flexibilidade, velocidade, força, entre
outros. Fator que justifica a vantagem que tivemos no apoio psicológico dos
avaliados, pois por acreditarem na evolução de suas CF deram seu melhor a
cada dia de treinamento, conseguindo uma evolução notável em cada
capacidade física.
Para Novaes; Gil; Rodrigues (2014), o TF aperfeiçoa todas as aptidões
do sistema musculoesquelético, um fator que contribui para melhora de cada
capacidade de um atleta de futsal, ajudando a conseguir um melhor preparo
físico para as situações de jogo. Pois através do treinamento funcional o atleta
pode melhorar sua flexibilidade, agilidade e potência de membros inferiores,
velocidade, e resistência abdominal.
Cyrino et al. (2002) mostrou em seu estudo de 24 semanas que no
145
grupo treinamento (com treinamento específico de futsal), composto por 8
atletas (16,87 ± 0,83 anos), os atletas foram avaliados pré e pós experimento,
houve melhora nos testes de impulsão horizontal, abdominal modificado e
sentar-se alcançar, porém não foram significativos. Diferente da presente
pesquisa, para qual foi utilizada uma quantidade inferior de semanas, sendo 14
semanas, que incrivelmente conseguiram bons resultados, um dos motivos
pode ser que os oito atletas utilizados na pesquisa de Cyrino podem já ter um
preparo físico superior ao da nossa pesquisa, que não são atletas e tiveram
dificuldades para executar os exercícios no inicio do trabalho.
Em relação à CF de agilidade dos atletas, foi encontrado uma melhora
significativa, indo ao encontro aos resultados de Alves et al., (2010), avaliaram
10 atletas com idades de 14 a 16 anos, pré e pós duas partidas de futsal. Já a
avaliação do nosso trabalho apesar de ter sido diferente da do autor citado,
pois utilizamos o teste de Semo que também ocorreu melhora na agilidade do
atleta, assim comprova que o treinamento funcional pode melhorar essa
capacidade física.
Já a flexibilidade em estudos realizados por Cattelan; Mota (2010), um
dos grupos de atletas realizou uma série de alongamentos estáticos por 25
minutos, durante seis semanas, não encontrando resultados estaticamente
significativos em avaliação utilizando o Banco de Wells, diferente do presente
estudo em que houve uma pequena melhora na flexibilidade, um dos fatores
que pode ter contribuído para essa pequena melhora pode ter sido o circuito
pelo fato de os atletas terem que fazer diversos exercícios funcionais, que
podem ter contribuído em sua flexibilidade, pois a presente pesquisa durou
cerca de 14 semanas, mais que o dobro do estudo realizado por Cattelan e
Mota.
A limitação do presente trabalho foi não ter grupo controle, assim não
podemos afirmar que foi o TF que melhorou as capacidades físicas dos atletas,
pois eles estavam em fase de desenvolvimento, logo ganhariam mais CF
apenas com treinamento de futsal que ja era realizado. Porém acreditamos
que o treinamento funcional possa ter contribuído para a melhora das CF além
dos treinamentos de futsal apenas.

146
CONCLUSÃO

Conclui-se que o TF pode ser inserido para a evolução dos atletas no


esporte do futsal, pois com a melhora das CF, o jogador se torna mais
preparado para participar de competições, tendo menos lesões e suportando
mais tempo sem se desgastar fisicamente durante a partida.

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DAS MULHERES

Beatriz da Silva Ribeiro – bia_silva1996@hotmail.com


Eliane de Almeida Travalon - liah_bella@live.com
Natali Anastácio Ribeiro - na-ty-ribeiro@hotmail.com
Graduandas em Educação Física Bacharelado – UniSALESIANO Lins
Prof. Esp. Dagnou Pessoa de Moura – dagnou@hotmail.com
Docente - UniSALESIANO Lins

RESUMO

O treinamento funcional tem como objetivo fornecer uma qualidade de


vida melhor, melhora na execução dos movimentos corpóreos, tendo em vista
evolução das capacidades físicas como velocidade, resistência, flexibilidade,
potencia, além de uma saúde melhor por praticar exercícios físicos. O
treinamento funcional vem crescendo muito nos últimos anos, sua procura esta
cada vez maior, mulheres de todas as idades estão à procura desse tipo de
treinamento por conter exercícios de alta intensidade e de curta duração a
cada sessão. As capacidades fisicas são qualidades físicas motoras que
podem se aperfeiçoar com treinamento. É através das capacidades físicas que
se podem executar ações motoras, desde as mais facéis às de maior
dificuldade como andar, correr, saltar, nadar entre outras. As capacidades
físicas são elementos essenciais para o rendimento e desenvolvimento motor,
sendo determinadas geneticamente, entretanto podem se desenvolver e ser
melhoradas através de um programa de treinamento específico para a
capacidade na qual o sujeito apresenta um defict ou uma dificuldade.O objetivo
do presente estudo foi realizar uma análise crítica dos resultados sobre a
influência do treinamento funcional sobre as capacidades físicas. Para tanto,
foram feitas buscas pelo pubmed, scielo, google acadêmico, lilacs e biblioteca
do Unisalesiano, abordando o treinamento funcional voltado para o
desenvolvimento das capacidades físicas. Com base nos trabalhos citados
nessa revisão, conclui-se que o treinamento funcional pode sim trazer
benefícios para os praticantes e que tambem há melhora nas capacidades
fisicas, já que estimula todo o corpo humano e evoluem as qualidades fisicas.

Palavras-chave: Treinamento Funcional. Capacidades Físicas. Mulheres de 20


a 30 anos.

INTRODUÇÃO

O principal objetivo do treinamento funcional (TF) é promover um


resgate da aptidão pessoal do indivíduo utilizando-se de um planejamento
149
individualizado e personalizado, independente do seu grau de condição física e
das atividades que ele desenvolva, usando exercícios que incluem atividades
específicas do indivíduo e que transferem seus ganhos de forma eficaz para o
seu cotidiano. Portanto, o trabalho com o TF propõe utilizar-se de todas as
capacidades físicas do indivíduo e aprimorá-las, sendo que este treinamento
ocorre de forma integrada, pois o treinamento funcional vê o corpo humano de
forma complexa. (SILVA, 2011; D’ELIA; D’ELIA, 2005 apud RIBEIRO, 2006, p.
17).
O TF foi criado nos Estados Unidos por alguns autores desconhecidos e
vem sendo disseminado no Brasil, ganhando muitos praticantes, sua função é
preparar o organismo de modo integro e eficiente, através do centro corporal,
chamado de Core. (MONTEIRO; CARNEIRO, 2010).
Para Campos; Coraucci Neto (2008), o treinamento tem como base uma
prescrição coerente e segura de exercícios que permitam a estimulação do
corpo humano de uma maneira capaz de evoluir todas as qualidades do
sistema musculoesquelético, como velocidade, força, equilíbrio, coordenação,
flexibilidade, lateralidade, resistência cárdio e neuromuscular e também
motivação através da manutenção do centro de gravidade do corpo.
Segundo Matsudo (2001), a alteração muscular ocorre entre os 25 aos
65 anos com a diminuição gradativa de massa magra (toda composição
corporal, exceto gordura) por conta das perdas de massa óssea, o músculo é
quem sofre a maior perda no processo de envelhecimento (aproximadamente
40%). As principais causas para essa perda muscular são apontadas com a
diminuição nos níveis de hormônios de crescimento induzidas pelo processo de
envelhecimento e a diminuição no nível de atividade física. Porém, não
podemos deixar de citar outros fatores, como: nutricionistas, hormonais,
endócrinos, neurológicos, entre outros.
O presente estudo tem como objetivo realizar uma análise crítica dos
resultados sobre a influência do treinamento funcional sobre as capacidades
físicas. Para tanto, foram feitas buscas pelo pubmed, scielo, google acadêmico,
lilacs e biblioteca do Unisalesiano, abordando o treinamento funcional voltado
para o desenvolvimento das capacidades físicas.

150
1 MULHERES E ATIVIDADE FÍSICA

As mulheres buscam cada vez mais corpos magros e definidos. As


mulheres com o percentual de gordura e índice de massa corporal (IMC) mais
elevado que tendem a apresentar maior insatisfação com a imagem corporal.
(FERMINO, PEZZINI; REIS, 2010; COELHO et al., 2010).
Conforme Damasceno et al. (2005) e Araújo (2003) é possível que o
grau de insatisfação com a imagem corporal sofra influências de como os
adultos jovens se veem em relação ao percentual de gordura, estatura e massa
corporal. Segundo os autores, existe uma relação entre IMC e imagem
corporal. Além disso, segundo Kakeshita; Almeida (2006), mesmo as mulheres
que estão com peso adequado para a estatura almejam ter pesos menores.
As mulheres consideram um corpo magro e menos volumoso como tipo
físico ideal (DAMASCENO et al. 2005). A partir da década de 80, surgiu uma
imagem ideal de mulheres com a musculatura mais definida, a partir disso,
ocorreu uma maior aceitação e procura pela prática de musculação.
(MARTINS, 2010).
Um dos principais motivos do início de um programa de exercício físico
tem sido a insatisfação com a própria imagem (DAMASCENO et al, 2005;
KAKESHITA; ALMEIDA, 2006). De modo geral, as pessoas insatisfeitas com a
imagem corporal buscam as atividades físicas para o controle de peso e
harmonia do corpo. (FERMINO, PEZZINI; REIS, 2010).
Silva, Brunetto e Reichert (2010) revelaram em um estudo feito com
homens e mulheres, que a insatisfação corporal era mais prevalente no sexo
feminino, mesmo elas apresentando valores adequados de IMC, até mesmo
populações mais jovens desejavam ter um corpo mais magro.
Strelan, Mehaffey e Tiggemann (2003) realizaram um estudo com 104
mulheres que frequentavam a academia de musculação regularmente,
indicando que elas frequentavam a academia primeiramente para melhorar a
aparência e que só depois as razões eram saúde, aptidão física, divertimento e
prazer.
Vidal (2006) afirmou que em mulheres que praticam pelo menos uma
vez por semana musculação há um ganho significativo nos níveis de imagem
151
corporal, quando comparadas as mulheres que não praticam.

1.1 Treinamento Funcional

O TF busca melhorar a capacidade funcional do individuo, ou seja,


melhorar a habilidade de realizar atividades normais do a dia a dia, com
independência, autonomia e eficiência. Nele apresenta uma melhoria nos
aspectos neurológicos que melhoram a capacidade funcional, através de
exercícios que estimulam os componentes do sistema nervoso e com isso
evolui sua adaptação. (CAMPOS; CORUUCCI NETO, 2004).
D´Elia (2005) diz ser possível realizar um treinamento funcional com
bons resultados usando apenas o peso corporal da pessoa e a gravidade,
porém a utilização de acessórios e equipamentos melhora ainda mais as
possibilidades do treinamento onde a característica básica é a fácil
adaptabilidade, podendo-se criar inúmeros exercícios em função das
necessidades de cada um.
Para uma prescrição de treinamento funcional é importante se certificar
de que o individuo pode praticar, e é primordial fazer o uso de uma dosagem
certa, tomar cuidado com a intensidade do exercício respeitando sempre a
individualidade biológica de cada pessoa. Ele também é utilizado de acordo
com o objetivo de cada um, seja ela uma melhor qualidade de vida, saúde,
aperfeiçoamento de alguma capacidade ou mesmo por estética devida essa
grande procura pelas mulheres que hoje em dia é muito comum procurar esse
tipo de treinamento para poder perder peso.
O TF pode ser definido como um meio de treinamento dinâmico que visa
trabalhar os padrões básicos de movimentos presentes em diferentes tarefas
do cotidiano, laborais e da atividade esportiva. Neste sentido, a busca por
padrões de movimento efetivos envolveria: a transferência de treino,
estabilização, padrões de movimentos primários, fundamentos de movimentos
básicos, consciência corporal, habilidades biomotoras fundamentais, controle
postural, movimentos de cadeia cinética fechada, exercícios multiarticulares,
exercícios multiplanares e desenvolvimento da sinergia muscular. (ZANELLA;
AGUIAR, 2015).
152
Cabe ressaltar que as vantagens para o praticantes são inúmeras, onde
se destaca a possibilidade de ser realizado por pessoas de todas as idades,
melhorando a postura, desenvolvendo as capacidades físicas e podendo ser
aplicado em pacientes de reabilitação (KREBS; SCARBOROUGH;
MCGIBBON, 2007) a atletas (BOYLE, 2004), além da grande variedade de
exercícios o que permite que a aula não se torne monótona. (PEREIRA et al.
2012).
Esse programa de treinamento estimula o corpo humano de maneira a
adaptá-lo para as atividades normais da vida cotidiana, sendo que um aspecto
essencial neste tipo de treinamento a ser bem explorado são os exercícios que
estimulem a propriocepção, a força, a resistência muscular, a flexibilidade, a
coordenação motora, o equilíbrio e o condicionamento físico. (CAMPOS;
CORAUCCI, 2008).
O TF consiste em reproduzir de forma mais eficiente possível os gestos
motores e sistemas energéticos específicos do esporte praticado e também na
vida diária, adaptando o organismo para a prática do esporte, isto é, um tipo de
treinamento para trabalhar o corpo de forma integrada desenvolvendo as
capacidades físicas envolvidas na atividade e componentes neurológicos,
como equilíbrio e propriocepção que são importantíssimos na vida humana de
forma geral, não só no meio esportivo. Além de ser mais dinâmico prazeroso e
menos monótono para quem o realiza. (CALOMENI; ALMEIDA, 2008).
De acordo do Normman (2009) o TF não é caracterizado único e
exclusivamente por um método de treino, o ideal é que se combinem vários
movimentos, estimulando, assim, não só um único grupo muscular.

1.2 Metodologia do Treinamento Funcional

Os exercícios funcionais referem-se a movimentos que utilizam mais


de um segmento corporal ao mesmo tempo e que possuem diferentes
ações musculares (excêntrica concêntrica e isométrica). As atividades
funcionais ocorrem nos três planos anatômicos. Apesar dos
movimentos parecerem predominantes em um plano específico, os
outros dois planos precisam ser estabilizados dinamicamente para
permitir uma boa eficiência neuromuscular. (MONTEIRO;
EVANGELISTA, 2010 apud PRANDI, 2011, p.8).

153
O core como uma unidade funcional integrada, por meio do qual toda
cadeia cinética trabalha sinergicamente para produzir força, reduzir e
estabilizar dinamicamente contra uma força anormal. Em um estado eficiente,
cada componente estrutural, distribui o peso, absorve forças e transfere forças
de reação do solo. Esse sistema integrado e interdependente necessita ser
treinado de forma apropriada para permitir seu funcionamento eficiente durante
atividades funcionais. (MONTEIRO; EVANGELISTA 2010).
De acordo Monteiro; Evangelista (2010), o treinamento do Core pode ser
descrito por quatro etapas: nível 1 – estabilização neuromuscular; nível 2 –
força de estabilização; nível 3 – força dinâmica; nível 4 – força de reação.
Portanto, são etapas progressivas, e devem ser respeitadas, para que o aluno
consiga desenvolver aos poucos sua capacidade de controle neuromuscular
para a realização de todos os exercícios com segurança e eficiência.
Os exercícios realizados no treinamento funcional são caracterizados
por estimular todo o corpo humano do praticante, possibilitando dessa forma
uma melhora na qualidade do sistema muscular e esquelético, além de gerar
um elevado gasto energético durante a prática, o que pode aumentar o fator
motivacional dos praticantes. (PEREIRA et al., 2012).

1.3 Força

O TF específico o um meio eficaz na melhora da performance motora e


promoção da independência. Para que uma pessoa se movimente de maneira
eficiente contra a ação da gravidade, ela deve possuir amplitude de
movimento, mobilidade articular, força, e resistência muscular bem como a
habilidade de coordenar os movimentos. (CAMPOS; CORAUCCI NETO, 2004).
Para D´Elia; D´Elia (2005), o TF possuem seis tipos de força a serem
desenvolvidos: força rápida, força máxima, resistência de força, força de
estabilização, força funcional e força relativa.
No entanto, alguns autores relatam que a força muscular parece ser a
principal capacidade física relacionada à manutenção da capacidade funcional
e, consequentemente, da independência funcional no envelhecimento
(MATSUDO et al., 2000). Consequentemente, o treinamento de força deveria
154
ser parte integrante e fundamental nos programas de treinamento funcional.

1.4 Potência

O treinamento de potência muscular é o tipo de treinamento que tem


como objetivo aumentar a velocidade de contração muscular. Utiliza máquinas
e pesos livres e têm como característica principal a execução da fase
concêntrica do exercício da maior velocidade possível. (RICE; KEOGH, 2009).
A pliometria é um tipo de treinamento eficaz que otimiza a força
muscular. O treinamento pliométrico (TP) baseia-se em um conjunto de
exercícios que favorecem o músculo a atingir um nível mais elevado de força
explosiva fundamentado no CAE. (BOCALINI et al., 2007).
Essa ação gera um armazenamento de energia elástica no músculo
tendinoso, que é liberada durante a contração concêntrica na forma de energia
cinética, transformando assim a força pura em força rápida. (BOCALINI et al.,
2007).
A pliometria beneficia desportos que necessitam desenvolver força
explosiva e reações mais rápidas baseadas na melhora da reatividade do
Sistema Nervoso Central (SNC) e força para absorver impacto de uma
equilibrada aterrissagem após um salto, além de atletas de desportos que
envolvem atividades explosivo-reativas ou uma alta velocidade de seu próprio
corpo semelhante aos que envolvem atividades explosivo-reativas de alta
velocidade de um objeto ou instrumento. Entre estes estão: basquete, vôlei,
salto a distância, futebol, corrida de curta distância, patinação artística, salto
com esqui, hóquei, golfe, eventos de lançamento, etc. (BOMPA, 2004).

1.5 Resistência Aeróbia

Leveritt et al. (1999) fala de três possíveis mecanismos relacionados ao


efeito da concorrência, que foram à hipótese crônica, na qual se propõe a ideia
que algumas adaptações morfofuncionais ocasionadas pelo treinamento
exclusivo da resistência aeróbia são distintas quando comparadas ao
treinamento de força, over training, isto é, o organismo não assimilaria um
155
grande volume de treinamento para as duas capacidades motoras, hipótese
aguda, na qual após uma sessão de treinamento de resistência aeróbia haveria
uma fadiga residual que comprometeria o treino de força na sessão
subsequente.
A resistência aeróbia é a capacidade de manter um equilíbrio funcional
perante uma carga que desencadeie perda de rendimento, assegurando,
simultaneamente, uma recuperação rápida após esforço. (ZINTL, 1991).

1.6 Composição corporal

A composição corporal é de grande importância para nossa condição


física, pois são primordiais para realizar as tarefas do dia-a-dia, pois caso a
massa corpórea estiver elevada, ocasiona alguns problemas ao desenvolver
algumas atividades e até mesmo podendo nos causar problemas de saúde,
possivelmente à primeira delas caso não venha se prevenir é se tornar obeso.
Na avaliação de composição corporal vai-se verificar qual a quantidade
de gordura no corpo humano e também a quantidade de massa magra, para
verificar essa capacidade física será coletado dado com teste de dobras
cutâneas.
Segundo Heyward e Stolarczyk (2000) pode-se utilizar a composição
corporal para:
a) Identificar riscos de saúde associados a níveis excessivamente altos
ou baixos de gordura corporal total;
b) identificar riscos de saúde associados ao acumulo excessivo de
gordura intra-abdominal;
c) proporcionar a percepção sobre os riscos de saúde associados à falta
ou ao excesso de gordura corporal;
d) monitorizar mudanças na composição corporal associadas a certas
doenças;
e) avaliar a eficiência das intervenções nutricionais e de exercícios
físicos na alteração da composição corporal;
f) estimar o peso corporal ideal de atletas e não atletas;
g) formular recomendações dietéticas e prescrições de exercícios
156
físicos;
h) monitorizar mudanças na composição corporal associadas ao
crescimento, desenvolvimento, maturação e idade.
Para Heyward; Stolarczyk (2000), a antropometria tem sido utilizada
para avaliar o tamanho e as proporções dos segmentos corporais, através da
medição de circunferências e comprimento dos segmentos corporais, assim, a
composição corporal é a proporção entre os diferentes componentes corporais
e a massa corporal total, sendo normalmente expressa pelas percentagens de
gordura e de massa magra.
Para Fragoso; Vieira (2000), composição corporal se refere ao estudo de
diferentes componentes químicos do corpo humano.
Segundo os autores citados acima, pode-se verificar o quanto a
composição corporal pode influenciar nas mudanças do corpo humano e
comprometer até a saúde além de ter dificuldades em realizar tarefas do dia-a-
dia. Em alguns casos o acompanhamento de verificação de dobras cutâneas
pode ajudar a prevenir os riscos de doenças.
Por isso é importante que às vezes se faça a medição de dobras
cutâneas para ficar ciente sobre o estado de peso verificando o que dessa
massa corpórea é de gordura e o que se refere à massa magra, podendo
assim ter o acompanhamento e ter uma distribuição adequada de massa
magra e de gordura que não seja prejudicial a saúde evitando adquirir alguma
doença crônica.

CONCLUSÃO

O presente estudo teve como objetivo realizar uma análise crítica dos
resultados referentes à influência do treinamento funcional sobre as
capacidades físicas. O TF é utilizado de acordo com o objetivo de cada um,
seja ela uma melhor qualidade de vida, saúde, aperfeiçoamento de alguma
capacidade ou mesmo por estética.
Hoje em dia é muito comum procurar esse tipo de treinamento para
poder perder peso, vendo esses fatores podemos concluir que o TF pode ser
eficaz para melhorar as capacidades físicas e a composição corporal das
157
mulheres.
De acordo com a revisão bibliográfica o TF contribui na melhora das
capacidades físicas que facilita o dia a dia das mulheres, melhorando a
qualidade de vida.

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EFEITOS DO TREINAMENTO SENSÓRIO MOTOR E DO SISTEMA
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Leandro Luiz Barbosa - leandro.luiz.barbosa@hotmail.com


Matheus Rodrigues de Paula - matheus_rpaula@outlook.com
Rafael Gallinari Tolentino - rgtole@hotmail.com
Graduandos em Educação Física - UniSALESIANO Lins
Prof. Esp. Jonathan Daniel Telles - fisiojonathantelles@gmail.com
Docente - UniSALESIANO Lins

RESUMO

O envelhecimento é um processo vivenciado por todos os seres


humanos por ser progressivo, é algo que passa no decorrer dos anos.
Biologicamente falando, o envelhecimento pode ser associado a danos
moleculares e celulares. Nosso corpo possui diversos sistemas responsáveis
por auxiliar no pleno funcionamento e evitar possíveis problemas futuros para
que o organismo não chegue a entrar em um possível colapso. Ressaltando os
déficits do equilíbrio, a realização de atividades físicas é uma ação profilática e
terapêutica para amenizar as consequências negativas do envelhecimento no
equilíbrio corporal. Essa revisão bibliográfica tem por objetivo demonstrar que o
treinamento do sistema vestibular e o treinamento funcional apresentam
resultados positivos para a melhora da estabilidade corporal e a redução da
incidência de quedas e a elevação da qualidade de vida dos idosos.

Palavras-chave: Envelhecimento. Sistema Vestibular. Treinamento Funcional.


Equilíbrio. Quedas

INTRODUÇÃO

No âmbito biológico, o envelhecimento é compreendido como o conjunto


de danos moleculares e celulares que com o passar dos anos resultam em
declínio nas reservas fisiológicas, vulnerabilidade elevada a doenças, redução
significativa das capacidades internas, déficits de audição, déficits de visão,
problemas de mobilidade, doenças cardíacas, complicações do sistema
respiratório, câncer, demência, acidente vascular cerebral e morte do ser
humano. (OMS, 2015).
O envelhecimento reflete em modificações nas relações sociais do

161
indivíduo, pois os idosos tendem a selecionar uma quantidade reduzida de
atividades de vida diárias. As mentalidades das pessoas com idade mais
avançada passam por alterações que resultam no desenvolvimento de novos
papéis sociais, ponto de vista e relações pessoais. (OMS, 2015).
Nas faixas etárias de pessoas, sejam homens ou mulheres, acima de 60
anos, as capacidades físicas funcionais presentes, diminuem ao longo de suas
vidas, a destreza manual, atividades sensório-motoras. E principalmente, os
fatores extrínsecos, auxiliam na questão de uma das capacidades físicas mais
afetadas o equilíbrio que por consequência, gera um risco maior do fator
queda.

As alterações do equilíbrio na população idosa são problemas


relativamente comuns e levam a importantes limitações na realização
das atividades da vida diária e é a principal causa de queda nestes
indivíduos. Por terem origem multifatorial é fundamental conhecer os
idosos que são mais vulneráveis e quais os fatores que estão
associados àquelas alterações. (MACIEL; GUERRA, 2005, p. 37).

Treinamento Funcional é um tipo de treinamento que visa melhorar a


capacidade funcional através de exercícios que estimulam os receptores
proprioceptivos presentes no corpo os quais proporcionam melhora no
desenvolvimento da consciência sinestésica e do controle corporal, o equilíbrio
muscular estático e dinâmico, além de melhorar muito capacidades como força
potência, flexibilidade e equilíbrio que no caso é o que será estudado. (LEAL et
al., 2010)
Esta revisão bibliográfica tem por objetivos: Verificar o efeito de dois
protocolos de treinamento sensório motor sobre a funcionalidade e equilíbrio de
idosos.
De início, será abordado um assunto voltado para um dos sistemas
mais importantes e que determinam o equilíbrio de todos os indivíduos no
planeta: O Sistema Vestibular.
Abordar este sistema é de caráter extremamente complexo, pois é um
sistema que, se não obtiver cuidado extremo nós enquanto cidadãos iríamos
constantemente sofrer problemas relacionados às quedas. Para isso é
necessário entender um pouco mais esse sistema e sua relação com a
capacidade de equilíbrio.
162
1 SISTEMA VESTIBULAR E QUEDAS

O corpo possui diversos sistemas responsáveis por auxiliar no pleno


funcionamento e evitar possíveis problemas futuros para que o organismo não
chegue a entrar em um possível colapso.
No caso do equilíbrio corporal do indivíduo o Sistema Vestibular (SV) é o
principal sistema do corpo humano que atua de forma significativa no equilíbrio,
por ser responsável pela informação sensorial referente à posição e
movimentação da cabeça em relação à gravidade, estabilização da visão,
ajustes da postura corporal, efeitos sobre o sistema autonômico e pela
consciência este sistema é capaz de conduzir e fazer com que a capacidade
de equilíbrio se mantenha estável. (EKMAN, 1998)
Anatomicamente falando, o SV, é composto por ouvindo interno e
externo, no caso deste artigo iremos trabalhar com o ouvido interno que é
composto pelo labirinto. O labirinto ósseo é formado pela cóclea, pelo vestíbulo
e pelos canais semicirculares (DANGELO; FATTINI, 2002 apud BANKOFF;
BEKEDORFF, 2007). Suas paredes são constituídas de osso,
consideravelmente mais espesso que as outras regiões da parte petrosa do
osso temporal e contém um líquido claro denominado perlinfa que lubrifica
essa região que é envolvida pela cápsula ótica. Já o labirinto membranáceo se
encontra suspenso no labirinto ósseo e possui um líquido denominado
endolinfa, tais líquidos possuem a importantíssima função de transportar ondas
sonoras para órgãos viabilizadores da audição e do equilíbrio. (MOORE;
DALLEY, 1999 apud BANKOFF; BEKEDORFF, 2007).
Outro órgão importante é o vestíbulo que é uma câmara oval
representando a estrutura de volume mais abundante do labirinto ósseo
(COSTA, CRUZ, OLIVEIRA 1994 apud BANKOFF; BEKEDORFF, 2007). Este
órgão encontra-se entre a cóclea e os canais semicirculares e possuem duas
vesículas membranosas o sáculo e o utrículo, componentes do labirinto
membranáceo (DANGELO; FATTINI, 2002 apud BANKOFF; BEKEDORFF,
2007).
A cóclea possui um formato similar a uma concha de caracol (COSTA,
1994 apud BANKOFF; BEKEDORFF, 2007), com uma gama de aberturas para
163
fibras da porção coclear do nervo vestibular coclear. (GRAY, 1988 apud
BANKOFF; BEKEDORFF, 2007).
Os três canais semicirculares ósseos possuem três ductos
semicirculares membranáceos. Os canais orientam-se em ângulos retos,
originando um canal semicircular anterior e um posterior (Verticais/ e um lateral
(horizontal)), os ductos semicirculares membranáceos contém uma ampola
repleta de células receptoras capazes de captar os movimentos realizados pela
cabeça originando informações norteadoras para equilíbrio. (SPECE, 1991
apud BANKOFF; BEKEDORFF, 2007).
Outros órgãos importantes para o Sistema Vestibular (SV) são os órgãos
otolíticos cujos receptores são denominados máculas e apresentam feixes de
células pilosas banhadas por uma substância de textura gelatinosa no qual
partículas de carbonato de sódio (otólitos) tornaram tal substância mais densa
que o endolinfa, permitindo a mobilidade dos pelos e consequentemente a
eficácia para captar informações referentes ao real posicionamento da cabeça.
(SPENCE, 1991 apud BANKOFF;BEKEDORFF, 2007).
Dentre os órgãos otolíticos, o utrículo é o receptor principal. O sáculo
auxilia no equilíbrio onde não há força da gravidade. (DOUGLAS, 2002 apud
BANKOFF; BEKEDORFF, 2007).

1.1 Fisiologia Vestibular

O SV é a região não acústica componente do ouvido interno, auxiliando


nos reflexos referentes à orientação corporal no espaço. (FRIEDMAN, 1986
apud BANKOFF; BEKEDORFF, 2007).
Células receptoras no sáculo, no utrículo e nas ampolas dos ductos
semicirculares são fundamentais para captar o posicionamento da cabeça que
refletem na performance do equilíbrio estático e as oscilações nas mudanças
do equilíbrio dinâmico. (SPENCE, 1991 apud BANKOFF; BEKEDORFF, 2007).

1.2 Influência da visão

Outro fator de influência no equilíbrio é a visão por haver um equilíbrio


164
eficiente. Quando não há interferência na informação visual, o equilíbrio
corporal é eficaz, porém, oscilações do campo visual resultam em instabilidade
corporal. (BARELA, 2000 apud BANKOFF; BEKEDORFF, 2007).
Há indivíduos que mesmo após uma deterioração total dos sistemas
Vestibulares apresentam um equilíbrio praticamente normal, quando estavam
com os olhos abertos e também durante a realização de movimentos lentos.
Tal fato foi orientado por intermédio da detecção visual do ambiente. Porém,
com os olhos fechados ou na realização de movimentos rápidos, houve
ausência do equilíbrio corporal. (GUYTON, 1986 apud BANKOFF;
BEKEDORFF, 2007).

1.3 Cerebelo

O cerebelo divide-se em cerebelo vestibular, cerebelo espinhal e o


cerebelo cerebral. (ESBERARD, 1991 apud BANKOFF; BEKEDORFF, 2007).
A região vestibular auxilia na manutenção do equilíbrio e na postura
através do arquicerebelo e da zona medial (Vérmis), realizando a contração
dos músculos axiais e proximais dos membros, fundamentais para o equilíbrio
e a postura adequada. (MACHADO, 2003 apud BANKOFF; BEKEDORFF,
2007).
Lesões e deficiências cerebelares desencadeiam em déficits de
equilíbrio e desordem nos movimentos de marcha. (VANDER; SHERMAN;
LUCIANO, 1981 apud BANKOFF; BEKEDORFF, 2007).
Os reflexos do equilíbrio iniciam nos nervos vestibulares, posteriormente
passam por vias de impulso dos núcleos vestibulares e do cerebelo, chegando
aos núcleos reticulares do tronco cerebral e medula espinhal onde são
controladas a excitação e inibição dos músculos do equilíbrio pela ação da
medula. (GUYTON, 1986 apud BANKOFF; BEKEDORFF, 2007).

1.4 Quedas

As quedas são um fator que ocorre frequentemente na vida de idosos e


suas causas não devem ser relacionadas somente a fatores físicos e sim a
165
uma demanda multifatorial, como por exemplo, aspectos psicológicos como o
medo de cair. (LOPES et al., 2009).
A constituição do medo de cair ocorre principalmente devido a um
sentimento de inquietação perante a uma situação que ofereça instabilidade
corporal aparente ou fidedigna. Indivíduos com autoconfiança são vulneráveis
a situações ameaçadoras, tendo uma elevada dificuldade em realizar tais
tarefas e posteriormente conseguirem superar o medo de cair. (LOPES et al.,
2009).
Pode-se enfatizar alguns fatores relacionados ao receio de cair dos
idosos tais como: redução na qualidade de vida, déficits de mobilidade,
aumento da fragilidade e alterações funcionais que resultam em mudanças no
equilíbrio e controle postural e por fim o histórico de quedas. (LOPES et al.,
2009).
O reflexo do medo de cair no cotidiano dos idosos é significativamente
negativo, pois eleva a sua dependência de ajuda para realizar atividades de
vida diária, redução na realização de atividades físicas e consequentemente
aumento no índice de sedentarismo de idosos. (LOPES et al., 2009).
Deve-se ressaltar que as quedas sofridas por idosos resultam em lesões
leves, graves e em alguns casos são a causa de mortes. As lesões em idosos
são muito mais preocupantes do que as ocorridas em jovens. Tal situação
justifica-se pelo fato dos indivíduos da terceira idade necessitarem de um
tempo maior de internação, períodos longos de reabilitação e elevado risco de
ficarem dependentes do auxílio de outras pessoas para realizarem atividades
do dia a dia. (LOPES et al., 2009).
A atividade física é uma via profilática para a ocorrência de quedas, pois
aumentam a força muscular, flexibilidade e controle motor, proporcionando
maior estabilidade corporal e elevação da autoconfiança dos idosos. (MAZO et
al., 2007).

2 ENVELHECIMENTO

No âmbito biológico, o envelhecimento é compreendido como o conjunto


de danos moleculares e celulares que com o passar dos anos resultam em
166
declínio nas reservas fisiológicas, vulnerabilidade elevada a doenças, redução
significativa das capacidades internas, déficits de audição, déficits de visão,
problemas de mobilidade, doenças cardíacas, complicações do sistema
respiratório, câncer, demência, acidente vascular cerebral e morte do ser
humano. (OMS, 2015).
O envelhecimento reflete em modificações nas relações sociais do
indivíduo, pois os idosos tendem a selecionar uma quantidade reduzida de
atividades de vida diárias. As mentalidades das pessoas com idade mais
avançada passam por alterações que resultam no desenvolvimento de novos
papéis sociais, ponto de vista e relações pessoais. (OMS, 2015).
Já se sabe que o equilíbrio necessita do centro de gravidade em
condições estáticas e dinâmicas para ter boa performance. A ação dos
sistemas visual, vestibular e somatossesorial de forma voluntária ou
involuntária são os motores primários para a permanência da homeostase do
equilíbrio. O envelhecimento reduz consideravelmente a ação compensatória
dos sistemas citados antecipadamente e aumenta a instabilidade corporal.
(MACIEL; GUERRA, 2005).

3 TREINAMENTO FUNCIONAL

Treinamento Funcional é um tipo de treinamento que visa melhorar a


capacidade funcional através de exercícios que estimulam os receptores
proprioceptivos presentes no corpo os quais proporcionam melhora no
desenvolvimento da consciência sinestésica e do controle corporal, o equilíbrio
muscular estático e dinâmico, além de melhorar muito capacidades como força
potência, flexibilidade e equilíbrio que no caso é o que será estudado. (LEAL et
al., 2010).
Desta forma, serão visadas as condições do dia a dia do indivíduo e de
que forma o treinamento funcional possa auxiliar de forma significativa para
que as questões proprioceptivas melhorem. (LEAL et al., 2010).
Segundo Thompsom (2012 apud RICCI; BEZERRA; STANCIA, 2015), o
TF pode ganhar a definição de um treinamento que visa utilizar da força para
melhorar o equilíbrio, coordenação, potência e resistência, sendo muito
167
utilizado para programas clínicos que durante sua execução imitam atividades
do dia a dia. Assim subentende-se que o conceito de TF associa-se com o que
foi dito anteriormente.
Ainda segundo Thompsom (2012 apud RICCI; BEZERRA; STANCIA,
2015), os movimentos funcionais relacionam-se a movimentos que envolvem
vários segmentos ao mesmo tempo podendo ser realizados nos diferentes
planos.
Basicamente o TF, possui exercícios considerados motivadores e
desafiadores, nos quais podem ser realizados utilizando o peso do próprio
corpo sem a necessidade de aparelhos de musculação (RICCI; BEZERRA;
STANCIA, 2015).
No caso das questões envolvendo idosos e equilíbrio subentende-se de
que a depreciação física na realização das atividades de vida diária (AVD)
refletem de certa forma, numa incapacidade que o próprio possui para
atividades tanto básicas como complexas, desta forma limita-se a autonomia
funcional devido a diminuição das funções dos sistemas nervoso e
somatossensorial. (CINEL; ALVES, 2015).
As alterações deste sistema do visual e do sistema vestibular durante o
processo de envelhecimento dificultam o feedback nas vias ascendentes e
descendentes com redução nas informações passadas aos cetros de controle
postural, ocasionando assim o desequilíbrio. (LEAL et al., 2010).

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Um estudo realizado por Santos et. al. (2008), com 40 idosas constatou
melhoras significativas no equilíbrio das participantes que realizaram os
exercícios do protocolo de Cawthorne e Cooksey que são embasados em
excitar o sistema vestibular. Para coletar os dados foi utilizada a Escala de
Equilíbrio de Berg.
Já o estudo realizado por Ribeiro e Pereira (2005), com 30 idosas,
apresentou melhoras no equilíbrio do grupo que sofria intervenção a exercícios
do mesmo protocolo citado anteriormente, com relação ao grupo controle do
estudo (p<0,005), com elevação no equilíbrio do grupo experimental de
168
(p<0,05): Houve também a diminuição no risco de quedas no grupo
experimental de 30,4%. A avaliação utilizada foi a Escala de Equilíbrio de Berg.
Já no treinamento funcional, foi comprovado em um estudo realizado por
Costa (2010), que contou com 57 idosas, que houve uma melhora no que
tangeu o equilíbrio funcional das participantes que foram submetidas a
exercícios funcionais prolongados de 3 meses de intervenção. (u=215,00:
p=0,001; r=0,43). Em relação aos não praticantes (mediana EEB=55) nos pós-
testes comparados no teste de Mamn Whitney.
Já no estudo de Leal (2010), a partir dos critérios de inclusão exclusão
oferecidos participaram 70 pessoas sendo 42 no Gruo de Treinamento
Funcional (GTF) e 28 no Grupo Controle (GC).
No GTF, a aderência foi alta contendo seis perdas apenas, e no GC 20
idosas apresentaram desistência.
Na comparação entre os grupos após a intervenção realizada no período
do estudo, se observou melhoras no desempenho nos testes de equilíbrio
estático e dinâmico do GTF com diferenças satisfatórias em relação ao GC.
Nota- se então, que após apresentados estudos realizados tanto no
sistema vestibular como o treinamento funcional, que ambos obtiveram
melhoras importantes, porém no treinamento voltado para o sistema vestibular
a melhora foi um pouco além mostrando-nos que nem sempre o treinamento
físico um pouco mais puxado às vezes dará conta de sanar todos os
problemas.

CONCLUSÃO

O envelhecimento é um processo natural e inevitável na vida de todos


os seres humanos, desencadeando uma gama de alterações morfológicas,
psicológicas, bioquímicas e físicas, comprometendo o desempenho de todos
os sistemas corporais.
Enfatiza a questão motora, o idoso fica vulnerável em situações que
exijam um bom equilíbrio corporal ocorrendo um número elevado de quedas e
consequentes lesões.
A realização de atividades físicas é uma ação profilática e terapêutica
169
para amenizar as consequências negativas do envelhecimento no equilíbrio
corporal.
O treinamento do sistema vestibular e o treinamento funcional
demonstram resultados positivos para a melhora da estabilidade corporal e a
redução da incidência de quedas e a elevação da qualidade de vida dos
idosos.
Deve se ressaltar a importância de haver a realização de mais estudos a
cerca do equilíbrio na terceira idade devido ao fato de ser uma faixa etária que
necessita de cuidados específicos e intervenções cada vez mais eficazes para
melhorar a qualidade de vida dos indivíduos da melhor idade.

REFERÊNCIAS

BANKOFF, A. D. P.; BEKEDORFF, R. Bases Neurofisiológicas do Equilíbrio


Corporal. Revista Digital Buenos Aires ano 11 n° 106, 2007.

CINEL, A. L. B. G.; ALVES J. R. A Importância dos Exercícios Físicos na


Terceira Idade para Manutenção das Atividades de Vida Diária. Monografia
(Graduação em Educação Física) - Faculdade de Educação Física de Lins,
Lins SP; p13-15, 2015.

COSTA, J. N. A. Efeitos de um circuito de exercícios funcionais sobre o


equilíbrio funcional e a possibilidade de quedas em mulheres idosas.
Dissertação (Mestrado em Educação Física). Faculdade de Educação Física da
Universidade de Brasília, Brasília, DF, 2010.

EKMAN, L.L. Neurociência: fundamentos para a reabilitação, Rio de Janeiro:


Guanabara/Koogan, 1998.

LEAL, S. M. O. et al. Efeitos do treinamento funcional na autonomia funcional,


equilíbrio e qualidade de vida de idosas. Revista Brasileira de Ciência e
Movimento. 2009 n°17 Janeiro de 2010. P.62

LOPES, K. T. et.al. Prevalência do medo de cair em uma população de idosos


da comunidade e sua correlação com mobilidade, equilíbrio dinâmico, risco e
histórico de quedas. Revista Brasileira de Fisioterapia, p2, 2009.

MACIEL, A. C. C. GUERRA. R. O. Prevalência e Fatores associados ao déficit


de equilíbrio em idosos. Revista Brasileira de Ciência e Movimento, n°13,
p37, 2005.

MAZO, G. Z. et.al. Condições de saúde, incidência de quedas e nível de


atividade física de idosos. Revista Brasileira de Fisioterapia. Vol. 11 n°6
170
Nov/Dez 2007, p. 438.

OMS. Relatório Mundial de Envelhecimento e Saúde, 2015, p.12.

RICCI, B. T.; BEZERRA, L. V.; STANCIA, R. L. C. Treinamento Funcional


para atletas de futsal entre 14 e 16 anos. 2015. Monografia (Graduação em
Educação Física)- Faculdade de Educação Física de Lins. , Lins SP; p16; 18.

RIBEIRO, A. S. B.; PEREIRA, J. S. Melhora do equilíbrio e redução da


possibilidade de queda em idosas após os exercícios de Cawthone & Cooksey.
Revista Brasileira de Otorrinolaringologia. Vol. 71, nº 1, Janeiro/ Fevereiro
de 2005. P.42 e 43

SANTOS, A. C. et. al. Exercícios de Cwthone & Cooksey em idosas.


Fisioterapia e movimento. Divinópolis-MG, Vol. 21, nº 4. P. 133 e 134

171
EXERCÍCIO FÍSICO E OBESIDADE: Papel do Exercício na Melhora da
Ação da Insulina

Alessandro Leopoldino Martins - sl.martins@bol.com.br


Gustavo Marinho do Nascimento - gumpedroso@outlook.com
Pedro Henrique Ferreira - pedrophf582@gmail.com
Graduandos em Educação Física - UniSALESIANO Lins
Prof.ª Ma. Silvia Cristina Beozzo Junqueira - silvianut@yahoo.com.br
Prof. Dr. José Alexandre Curiacos de Almeida Leme - zecuriacos@terra.com.br
Docentes - UniSALESIANO Lins

RESUMO

O presente estudo é uma revisão da literatura científica baseada em


livros e periódicos da área com o objetivo de apresentar as relações entre a
obesidade e o exercício físico com ênfase na resistência à insulina. Pode ser
encontrado que a obesidade tem sido vista como um problema de saúde
pública pelo crescimento assustador da prevalência nas ultimas décadas. Além
disso, sua associação com co-morbidades como resistência à insulina,
diabetes, dislipidemias, hipertensão, doença arterial coronariana, artrose,
câncer entre outros, torna crescente a busca pela comunidade científica de
meios que contribuam na prevenção e tratamento. O exercício físico aeróbio e
resistido tem sido proposto, junto à dieta, terapia psicológica e fármacos como
um interessante meio profilático e terapêutico. Dentre as contribuições, o
exercício físico melhora a ação da insulina, ponto chave para diversos
prejuízos da obesidade, bem com, a síndrome metabólica. De forma aguda, o
exercício físico possui efeito símile à insulina, pois a contração muscular
promove captação de glicose independente da insulina. De forma crônica, o
treinamento físico melhora a resposta à insulina por alterações na via de
sinalização. Pode ser concluído que o exercício físico é uma ferramenta muito
útil para prevenção e tratamento da obesidade e da resistência à insulina
associada à obesidade.

Palavras-chave: Obesidade. Exercício Físico. Insulina.

INTRODUÇÃO

O exercício físico pode contribuir para melhoria da qualidade de vida e


promoção de saúde. Por outro lado, o sedentarismo tem sido apontado como
um dos fatores mais prejudiciais para a saúde no atual século. (MCARDLE;
KATCH; KATCH, 2003). A resistência à insulina é uma das complicações mais
prejudiciais da obesidade e o exercício é apontado como fator primordial para

172
amenizar os prejuízos. (PAULI et al., 2009).
O presente estudo é uma revisão da literatura científica baseada em
livros e artigos publicados em periódicos da área com o objetivo de apresentar
as relações entre a obesidade e o exercício físico com ênfase na resistência á
insulina.

1 OBESIDADE

A obesidade é, desde as últimas décadas, um dos mais importantes


problemas de saúde publica tanto em países desenvolvidos como em
desenvolvimento, podendo ser considerada como uma desordem
primariamente nutricional, causada pela alta ingestão energética de alimentos
mais ricos em calorias e gorduras saturadas e ao estilo de vida sedentário,
aliados a determinantes genéticos ainda não esclarecidos, que desempenham
papel relevante no aumento da adiposidade e da prevalência desta doença.
(CINTRA; ROPELLE; PAULI, 2011).
O termo obesidade refere-se à condição do individuo que possui grande
quantidade ou que sofreu aumento na quantidade de gordura localizada ou
generalizada em relação à massa muscular magra. Esta condição comumente
ocorre associada a diversas co-morbidades trazendo um conjunto de prejuízos
para o individuo. Outro termo utilizado nesta temática é sobrepeso que diz
respeito ao acúmulo de massa corporal na forma de tecido adiposo maior que
o considerado normal ou saudável para idade ou altura, com base em
estimativas da quantidade de gordura e da massa isenta de gordura. Portanto,
obesidade e sobrepeso, embora relacionados, são termos distintos, sendo a
obesidade condição onde o acumulo de gordura ainda maior que o sobrepeso.
(GUEDES; GUEDES, 1998).
Baseados nesses pressupostos, para avaliar a composição corporal,
podem ser utilizados diversos métodos ou técnicas como a mensuração direta
química ou dissecação física da gordura, do tecido adiposo isento de gordura,
do músculo e do osso. Todavia, são usuais no cotidiano as estimativas
indiretas, como pesagem hidrostática, mensuração das pregas cutâneas e das
circunferências, analise da impedância bioelétrica, avaliação ultra-sônica da
173
gordura, índice de massa corporal (IMC), este ultimo obtido da massa corporal
expressa em quilogramas (kg) dividido pela estatura em metros quadrados
(m²). O IMC se relaciona bem com a gordura corporal e tem sido amplamente
utilizado independente do sexo e idade, apresentando que adultos com IMC
igual ou superior a 25 kg/m² devem ser classificados como sobrepeso,
enquanto com IMC igual ou superior a 30 kg/m² como obesos. (MCARDLE;
KATCH; KATCH, 2001).
Segundo Pinheiro, Freitas e Corso (2004) identificar a etiologia da
obesidade não parece ser simples e objetivo por ser uma doença considerada
multifatorial, que envolve em sua gênese fatores sociais, comportamentais,
psicológicos, culturais, metabólicos e genéticos. Este último fator apresenta
que alguns indivíduos são mais suscetíveis à obesidade por determinantes
genéticos, o que reforça ao serem submetidos ao desequilíbrio energético
positivo prolongado, favorecendo o surgimento da obesidade.
A obesidade é considerada uma doença do grupo de Doenças Crônicas
Não–Transmissíveis (DCNT), gerando aspectos polêmicos quanto a sua
própria designação, seja como doenças crônicas – degenerativas, doenças
crônicas não infecciosas ou não transmissíveis. (FRANCISCHI et. al., 2000).
Guedes e Guedes (1998) dividiram a obesidade em dois grupos sendo
primeiro a obesidade exógena, que reflete o excesso de gordura corporal
decorrente do equilíbrio energético positivo entre o consumo de calorias e o
gasto calórico com influencia de fatores sociais, psicológicos e fármacos
ingeridos, sendo este tipo de obesidade responsável por mais de 95% dos
casos dos obesos e a obesidade endógena, responsável por menos 5% das
causas, devido a alterações hormonais oriundo de alterações no metabolismo
tireoidiano, disfunções neurológicas, e as síndromes genéticas como, a
síndrome de PraderWilli (SPW) e Lawrence MoonBiedl.
Para Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome
Metabólica (ABESO, 2016), a influência mais comumente genética manifestada
para a obesidade é a poligênica, conferindo a alguns indivíduos uma
vulnerabilidade resultante de fatores genéticos que podem ter uma relação
mútua de forma bastante complexa, o que torna difícil a diferenciação destes
genes em estudos.
174
Este fator genético da obesidade foi investigado em um estudo realizado
na Universidade de Laval, no Quebec. Neste estudo, doze pares de gêmeos
monozigotos (idênticos) adultos do sexo masculino foram submetidos a uma
dieta hipercalórica (acréscimo de 1.000 kcal/dia), em 84 dias de um período de
100 dias do estudo, sendo que nos 14 dias iniciais eles foram monitorados a
fim de determinar a ingestão calórica básica. O estudo concluiu que houve uma
variação de três vezes no ganho de massa, porém os membros de um
determinado par ganharam peso de forma bem similar. (WILMORE; COSTILL,
2001).
Outra forma de estudar a predisposição genética á obesidade, é
comparando pares de gêmeos idênticos que foram criados separados, um
criado com seus pais biológicos e o outro em ambiente distinto, com pais
adotivos. Nestas circunstâncias, houve uma associação favorável entre o IMC
dos separados com o índice dos seus pais biológicos, pesquisa que confirma
que a genética é um fator importante na etiologia da obesidade. (ABESO,
2016).
Santos e seus colaboradores (2012), ao verificar a associação entre
atividade física e ocorrência da síndrome metabólica estudaram 170 indivíduos
indígenas Khisêdjê do Parque Indígena do Xingu. Os autores concluíram o
artigo apresentando uma alta na prevalência da síndrome metabólica nas
populações indígenas, resultados associados ao processo de ocidentalização,
maior proximidade desses povos com as populações urbanas, associados às
modificações de suas relações com a terra, alimentação e trabalho. Estas
mudanças ocasionaram uma alteração no perfil epidemiológico desses
indivíduos, contribuindo para a maior incidência de DCNT, tais como
obesidade, hipertensão arterial, resistência a insulina e síndrome metabólica.
Embora a associação entre atividade física e ocorrência da obesidade
em populações urbanas, já vem sendo identificadas em diversas pesquisas,
estes estudos demonstram que o fator ambiente e as modificações impostas
pela sociedade moderna têm provocado uma elevada proporção de indivíduos
com sobrepeso e obesidade. (GUEDES; GUEDES, 1998).
O efeito do ambiente no ganho de peso dos indivíduos é predominante
em todos os países ocidentais ou com hábitos de vida semelhantes,
175
caracteriza-se por oferta de alimentos industrializados, acessíveis, palatáveis e
de alta concentração de gordura, aliado ao sedentarismo, estes fatores vêm
sendo estudados e apontado como prognóstico mais aceito no agravamento
progressivo do aumento da obesidade no planeta. (ABESO, 2016).
O enfrentamento epidêmico crescente e global da obesidade vem
chamando a atenção dos órgãos da saúde, para diversas co-morbidades,
principalmente a epidemia da diabetes mellitus tipo 2 (DM tipo 2) e um
fenômeno chamado de “diabesidade,” termo utilizado para descrever a intima
associação entre esta duas doenças. (CINTRA; ROPELLE; PAULI, 2011). A
obesidade é um dos principais causas relacionados à incidência de DM tipo 2,
sendo que em indivíduos com excesso de gordura corporal , o risco de
desenvolver esta doença aumenta de 2,9 a 10 vezes, risco relativo ao IMC.
(BOUCHARD, 2003).

2 OBESIDADE E ATIVIDADE FÍSICA

A inatividade física é uma causa importante para o desenvolvimento da


obesidade (WILMORE; COSTILL, 2001). Devido o enorme impacto da
obesidade sobre a saúde pública, nos últimos anos vários estudos têm
demonstrado o papel do exercício físico por ser extremamente eficaz e uma
função importantíssima na redução de peso, prevenção de doenças e
preservação da massa magra (CAZZADORE; PORTO, 2015). A alimentação
balanceada aliada aos exercícios físicos específicos para a perda de gordura
tais como, exercícios aeróbios e resistidos, têm sido indicados como meios
para redução da obesidade e sobrepeso. (SOUZA; VIRTUOSO JUNIOR, 2005)
Segundo Cazzadore e Porto (2015), quando se fala em diminuição de
peso corporal, o exercício físico e uma alimentação correta estão relacionados
a um dos principais tratamentos, pois a sua prática regular estimula o sistema
nervoso parassimpático, que por sua vez, tem relação direta na redução do
apetite e aumento do metabolismo basal e/ou taxa metabólica de repouso
(TMR).
A maioria dos estudos utiliza a TMR que é a taxa metabólica corporal no
inicio da manha, após um jejum noturno de 8 horas de sono e representa o
176
gasto energético necessário para manter as funções vitais durante o durante o
repouso. A TMR caracteriza-se responsável por 60% a 75% da energia total
gasta diariamente. A taxa metabólica basal (TMB) também tem sido utilizado,
entretanto é uma medida de difícil mensuração, pois deverá ser realizada
durante o sono ou em ambiente completamente sem estímulos, para que não
haja alterações nos parâmetros fisiológicos. (WILMORE; COSTILL, 2001).
O exercício físico, portanto eleva a TMR e o efeito térmico da atividade
(ETA), que representa a energia consumida acima da TMR que são
componentes essências para as modificações no peso corporal (CINTRA;
ROPELLE; PAULI, 2011). Outro fator importante que tem sido escopo de varias
pesquisas é o consumo excessivo de oxigênio pós-exercício – EPOC (excess
post-exerciseoxygenconsumption) ou quantidade de oxigênio exigido na
recuperação de um exercício, que dependendo do volume e intensidade do
exercício, o consumo de oxigênio pode durar até horas após o término da
sessão. (CAZZADORE; PORTO, 2015).
Estudos apontam que tanto exercícios aeróbios como anaeróbios
promovem alterações fisiológicas no EPOC, porém em sessões de
treinamentos resistidos o gasto energético é aumentado, além de promoverem
redução gordura corporal e elevação da TMR (CAZZADORE; PORTO, 2015).
Fernandez e colaboradores (2004) ao verificarem as influências do
exercício aeróbio e anaeróbio na composição corporal de adolescentes obesos
do sexo masculino, pesquisaram durante 3 meses adolescentes que
apresentavam obesidade severa concluindo que tanto exercício anaeróbio
como aeróbio, aliados a dieta balanceada, promovem redução ponderal.
Todavia, o exercício anaeróbio foi mais eficiente por promover redução da
gordura corporal.
Outro estudo comparativo entre o treinamento aeróbio e o anaeróbio foi
realizado por Marson et al. (2008), que compararam os efeitos de protocolo de
exercícios aeróbico e anaeróbico na modificação da composição corporal,
durante 8 semanas. O estudo foi realizado com mulheres jovens com IMC
acima de 29 kg/m².
Ao final da pesquisa os autores constataram que o grupo que treinou
exercícios aeróbios teve reduções de percentuais de massa gorda, % de
177
gordura corporal e IMC. O grupo que realizou treinamento de força apresentou
aumento nos valores de massa magra, sugerindo que ambos são eficazes para
reduzir o peso corporal.
O papel do exercício físico e do treinamento físico no controle do peso
corporal seja por meio de exercícios aeróbio ou anaeróbio promove várias
alterações metabólicas, de forma aguda e crônica, tais como diminuição da
pressão arterial (PA), controle de concentrações plasmáticas de lipoproteínas e
de triglicerídeos, redução dos níveis elevados de glicose na corrente sanguínea
mais próxima dos níveis séricos normais, associado ao diabetes, entre outros
benefícios (GUEDES; GUEDES, 1998). É importante ressaltar que estas
alterações fisiológicas podem ser influenciadas através das variáveis do
treinamento, como intensidade; volume e frequência, além do programa de
treinamento realizado e características genéticas de cada indivíduo.
(CAZZADORE; PORTO, 2015).
Segundo os estudos analisados atualmente, apontam a combinação de
exercícios aeróbicos e resistidos para resultados mais satisfatórios em redução
e manutenção do peso corporal comparados a programa de exercícios
praticados de maneira isolada.

3 INSULINA E OBESIDADE

A insulina é um hormônio polipeptídico anabólico com efeitos


metabólicos múltiplos, produzido por células beta do pâncreas, aumentando
sua síntese em resposta a maior a quantidade de glicose e aminoácidos
circulantes após ingestão alimentar. Atua por meio de um receptor
próprio(receptor de insulina-IR) em vários tecidos como músculos, fígado e
tecido adiposo, além do sistema nervoso central. (CINTRA; ROPELLE; PAULI,
2011).
Seus efeitos metabólicos imediatos incluem: aumento da captação de
glicose, principalmente no tecido muscular e adiposo, aumento da síntese de
proteínas, ácidos graxos e glicogênio, inibição da produção hepática de glicose
(redução da neoglicogênese e glicogenólise), da lipólise e da proteólise. Além
disso, a insulina tem efeitos na expressão de genes e síntese proteica (via
178
mTOR), assim como na proliferação e diferenciação celulares. Outras funções
da insulina incluem aumento da produção de óxido nítrico no endotélio,
prevenção do apoptose, promoção da sobrevida celular e controle da ingestão
alimentar no hipotálamo. (CINTRA; ROPELLE; PAULI, 2011).
A sinalização intracelular da insulina começa com sua ligação ao IR, um
receptor específico de membrana, uma proteína com atividade quinase
intrínseca, composta por duas subunidades alfa e duas subunidades beta,. A
ativação do IR resulta em auto fosforilação em tirosina, e seguido da
fosforilação dos substratos do receptor de insulina 1 e 2 (IRS-1 e IRS-2).
(PAULI et al.,2009).
A fosforilação das proteínas IRS cria sítios de ligação para outra
proteína citosólica, denominada fosfatidilinositol 3-quinase (PI3k), promovendo
sua ativação. A PI3k é importante na regulação da mitogênese, na
diferenciação celular e no transporte de glicose estimulada pela insulina. A
ativação da PI3k aumenta a fosforilação em serina da proteína quinase B (Akt)
e isso permite o transporte de glicose no músculo e no tecido adiposo, através
da translocação da proteína Glut-4 para a membrana celular. A ativação da
Akt resulta na translocação do Glut-4 para a membrana, permitindo a entrada
de glicose por difusão facilitada. Os Glut-4 são os principais responsáveis pela
captação da glicose circulante nos humanos. (PAULI et al.,2009).

3.1 Resistência a insulina: obesidade e sua influência

Devido à grande quantidade de alimentos de fácil acesso, e com isso a


gigantesca quantidade de gorduras e açúcares embutidos nesses alimentos,
vem acarretando um crescimento exponencial no número de obesos em todo o
planeta trazendo consigo diversas doenças e entre elas a diabetes mellitus tipo
2 (DM tipo2). (CINTRA; ROPELLE; PAULI, 2011).
O hipotálamo é uma região do cérebro responsável pelo controle da
fome e gasto energético. O hipotálamo detecta as altas taxas de insulina
circulante e com isso reduz a produção de dois hormônios: a orexina
responsável pela sensação de fome e o hormônio MCH (Hormônio
concentrador de insulina), que controlam a fome e o metabolismo. (CINTRA;
179
ROPELLE; PAULI, 2011).
O aumento da resistência à insulina interfere na captação de glicose
pelas células, levando ao quadro de hiperglicemia. Com o aumento dos níveis
de glicose na corrente sanguínea as células betas do pâncreas aumentam a
secreção de insulina, mesmo em altas doses não são identificadas pelo
hipotálamo, que começa a liberar mais orexina e MCH, ampliando a fome e
diminuindo o gasto energético. Essa condição de hiperglicemia e
hiperinsulinemia pode levar ao estresse das células beta pancreáticas, a
esteatose hepática, formação de placas ateroscleróticas nos vasos sanguíneos
(aterosclerose), prejuízos na retina (retinopatia) e dos nervos (neuropatia
periférica e autonômica). O pâncreas, na tentativa de manter a homeostase
metabólica, começa a sobrecarregar levando a apoptose das células beta,
acarretando o diabetes. (CINTRA; ROPELLE; PAULI, 2011).
O aumento da gordura corpórea tem papel crucial nas disfunções
metabólicas, pois o potencial inflamatório das gorduras é um conceito novo no
quadro da obesidade. Os elevados níveis de AGLs circulantes estão
associados a menor taxa de fosforilação e consequentemente menor ativação
das proteínas-chave da via de sinalização da insulina (IRSs/PI3q). Evidências
apontam relação direta entre AGLs e resistência à insulina, decorrente do
acúmulo de triglicerídeos e metabolitos derivados de ácidos graxos
(diacliglicerol, acetil-CoA e ceramidas) no músculo e fígado.
O aumento desses metabolitos provenientes da oxidação da gordura no
músculo provoca a ativação da PKC e/ou IKKβ (IkappaKinase beta)e JNK (c-
jun N-terminal quinase),que também causam fosforilação no IR e nos IRSs,
mas em serina, resultando em menor ativação das vias subsequentes da
insulina, reduzindo a entrada de glicose para dentro da célula. (CINTRA;
ROPELLE; PAULI, 2011).
O tecido adiposo é capaz de produzir TNF-a, uma citocina pró-
inflamatória que prejudica a via de sinalização da insulina, por meio da
fosforilação do IRS-1 em serina, interrompendo a via de sinalização da insulina.
A IKKβpromove a dissociação do complexo Ikβ/NF-KBno citoplasma,
permitindo a transcrição de diversas proteínas, pró-inflamatórias, como as
interleucinas-1B e 6 (IL-1B e IL-6) e o TNF-a provocando efeitos negativos na
180
via de sinalização da insulina (CINTRA; ROPELLE; PAULI, 2011).
A relação entre o sistema imune e o sistema metabólico vem sendo
amplamente estudado, principalmente o a atuação do Tolllike receptor-4 (TLR-
4), esses receptores sensíveis a patógenos e também a ácidos graxos,
ativando resposta inflamatória, IKK e JNK, como já entendido bloqueia a via de
sinalização da insulina. (CINTRA; ROPELLE; PAULI, 2011).

3.2 Exercício e resistência à insulina

Durante o exercício físico, o músculo consegue captar glicose de forma


independente da insulina. Diversos estudos têm buscado compreender as vias
que permitem esta captação da glicose. (PAULI et al.,2009).
Dentre essas vias, a via da AMPK (proteína quinase ativada por AMP) é
resultado do decréscimo do estado energético da célula, quando a relação
AMP: ATP aumenta, há uma mudança conformacional na molécula, o que
propicia a fosforilação e ativação da AMPK que ativa a translocação do GLUT-4
para a membrana por um mecanismo que não precisa da insulina. A AMPK
ativa vias que geram o aumento de ATP, como a oxidação de ácidos graxos e
desativando vias que diminuem numerosa concentração de ATP.
A captação de glicose na contração ocorre de maneira semelhante à
insulina, embora por vias independentes. Nesse sentido, ainda, ocorre redução
da malonil-CoA permite o aumento da ação da carnitinaaciltransferase1,
aumentando o transporte de ácidos graxos para as mitocôndrias, aumentando
a oxidação. (PAULI et al.,2009).
Outras vias para captação de glicose são explicadas pois, por conta da
contração muscular, ocorre um aumento do influxo dos íons de cálcio para
interior das células, bem como aumento da ação do oxido nítrico sintase (NOS)
e consequentemente da síntese do oxido nítrico (NO), aumento na
concentração de brandicilina ou, até mesmo, a hipóxia. Todos esses fatores
conseguem aumentar a capitação de glicose através da translocação da
GLUT-4, diminuindo assim os níveis de glicose circulante. (PAULI et al.,2009).
Estudos demonstraram que o exercício físico crônico melhora a
sensibilidade do receptor de insulina (IR) em tirosina, melhora a fosforilação da
181
AKT, IRS e aumento no número de GLUTs. Isso ocorre de forma independente
da redução de peso e de mudanças na composição corporal, permitindo assim
maior captação de glicose. (ROPELLE; PAULI; CAVALHEIRA, 2005).

CONCLUSÃO

O exercício físico pode ser promotor de diversos benefícios ao


organismo do individuo obeso, dentre os quais está a redução da massa
adiposa e aumento da massa magra.
O exercício físico melhora a ação da insulina, amenizando a resistência
à insulina, um dos maiores prejuízos da obesidade, pois pode estar associada
à inflamação e síndrome metabólica.
Esta melhora ocorre de forma aguda por ativação da AMPK, influxo de
cálcio e ON e de forma crônica através da melhora na sensibilidade à insulina,
por aumento da fosforilação do receptor e das proteínas-chave da via de
sinalização como AKT, bem como por aumento da concentração dos GLUTs.

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WILMORE, J. H; COSTILL, D. L. Fisiologia do esporte e do exercício.


Tradução Marcos Ikeda. São Paulo: Manole, 2001.

184
EXPERIÊNCIA DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM UMA ESCOLA
PÚBLICA DE CAMPO GRANDE/MS

Kalebe Augusto de Albuquerque Souza


Talys Barreto de Souza - talys_barreto@hotmail.com
Graduandos em Educação Física – UCDB
Cláudia Diniz de Moraes - claudiadiniz@ucdb.br
Docente do curso de Educação Física – UCDB

RESUMO

O estágio supervisionado antecede a prática docente, conectando o


conteúdo visto em sala de aula e a prática, por tanto é importante fomentar
constantemente discussões relacionadas a realidade cotidiana, diante do
mundo globalizado que vivemos. O objetivo deste trabalho é proporcionar
reflexões acerca do estágio supervisionado da Educação Física no Ensino
Médio. Procurou-se ministrar as aulas com cunho construtivista, permitindo a
todo momento relacionar os temas abordado com o cotidiano discutindo e
tentando redimensionar a práxis educativa, embasando-se nos temas
transversais, aliando a teoria a prática. Dentro da Educação Física existem
diversas modalidades que podem ser trabalhadas no contexto escolar,
tornando-se muitas vezes engessadas pelo Projeto Político Pedagógico.

Palavras-chave: Educação Física. Prática Docente. Pedagogia Crítica.

INTRODUÇÃO

A disciplina do Estágio Supervisionado antecede a prática docente,


relacionando o conteúdo estudado na Universidade e a prática realizada na
escola sofrendo influências de diversos fatores com as experiências.
Tanto a escola quanto a universidade proporcionam conteúdos e
experiências para a formação dos futuros professores e entre eles está o
estágio, que busca cumprir as atividades propostas pelos professores regente
da escola e a supervisora da universidade, de modo a estimular o
conhecimento aos alunos e aprimorar a bagagem para a profissão. (LIMA,
2008).
Nesse sentido é importante fomentar constantemente discussões
relacionadas a realidade cotidiana, diante do mundo globalizado que vivemos,
185
atualmente é de grande significância formar cidadãos que possam estabelecer
concepções de ser humano e de mundo. No Brasil, torna- se oportuno sempre
retomar a obra de Paulo Freire, sendo notáveis suas contribuições para a
reflexão educacional, discutindo e tentando redimensionar a práxis educativa,
sempre levando em consideração a relação ser humano-mundo, justamente o
que permite conectar a Educação Ambiental a sustentabilidade da vida no
mundo. (DICKMANN; CARNEIRO, 2012).
De acordo com Freire (1979), o objetivo da Pedagogia Crítica é incitar
ideias e ideais livres e conscientes, rompendo o ciclo vicioso para formar
cidadãos autônomos, críticos e solidários com ajuda da experiência particular
do outro, deixando-se de conduzir por obediência cega, recusando que tanto o
conhecimento quanto a escola devam ser neutros.
Diante do exposto este trabalho se propõe a relatar a experiência
proporcionada pela disciplina Estágio Supervisionado, o exercício da
participação as conquistas e aprendizagens proporcionadas pela escola.

1 A EXPERIÊNCIA COM O ESTÁGIO

As experiências vivenciadas com os alunos do 2º ano do Ensino Médio


da Escola Estadual Arlindo de Andrade Gomes, no turno noturno foram
bastante enriquecedoras, pois são típicos adolescentes, cheios de dúvidas,
indagações e dotados de grande entusiasmo.
Os alunos para qual ministramos as aulas eram extremamente
participativos porém, sempre existem os que não se interessam pela disciplina
por motivos particulares, trabalhamos em cima desse aspecto para que o
máximo de alunos pudessem se sentissem estimulados a aproveitar a aula,
mesmo que fosse da maneira que conseguiam, com pouca força, habilidade e
coordenação motora, mas que participassem das aulas.
A escola possui sete salas, uma sala de vídeo com projetor, dois
banheiros, feminino e masculino, salas para a administração, sala dos
professores, uma cozinha onde eram feitos os alimentos que disponibilizavam
durante o intervalo e um refeitório coberto no pátio. Para a realização das aulas
dispõe-se de uma quadra ampla coberta com as demarcações de várias
186
modalidades esportivas como: futsal, voleibol, handebol e basquete, com
grades e redes para que a bola não passasse para o outro lado do muro, no
entanto, apesar de o espaço ser consideravelmente bom e a quantidade de
materiais era razoáveis e apenas alguns estavam em bom estado de
conservação, sendo assim para fazer algumas atividades tivemos certa
dificuldade, que foi resolvida utilizando a metodologia que estudamos durante
as aulas na Universidade.
Durante o estágio, aplicamos uma aula teórica, na qual abordamos
sobre o tema “O corpo do trabalho e o corpo trabalhado”, com o intuito de fazer
com que os alunos refletissem sobre o corpo do trabalho que seria formado
(esculpido) pelo trabalho que exige funções braçais e por isso tem um corpo
definido, apontando que em muitos casos não possui o descanso correto,
orientação médica e nem o acompanhamento de nutricionistas já o corpo
trabalhado seria o indivíduo que realiza treinamentos com objetivo de melhorar
o aspecto visual (estética) do corpo, procurando sempre ter o descanso correto
e profissionais da saúde que monitoram frequentemente os cuidados com a
alimentação ideal e a prática regular de atividade física.
O tema causou a inquietação dos alunos levando-os a um debate em
sala sobre a diferença entre os dois corpos, utilizamos a pedagogia critica e
logo começaram a relacionar o tema com a vida pessoal de cada um ou de
conhecidos.
De acordo com Mclaren (1997, p. 184), a Pedagogia Crítica é por tanto,
engajada e responsável diante da sociedade, tendo a escola como parte do
tecido social e político, mas que deve incorporar as experiências de vida,
histórias e valores dos indivíduos.
Para Jacobi (2004) ressalta que a participação é o cerne da
aprendizagem política e de uma gestão democrática, é por meio dela que
articulamos a educação a cidadania numa perspectiva que privilegia o diálogo
entre os saberes, para formação de sujeitos que construam um futuro
sustentável.
Foi com esse olhar que desenvolvemos a presente pesquisa, na busca
de alcançar o objetivo proposto, apontando alguns pontos de análise em
documentos curriculares nacionais, sem a pretensão de esgotar tais
187
discussões.
Seguimos o projeto político pedagógico da escola nas aulas práticas,
ministramos as modalidades handebol e voleibol, transmitindo os conceitos,
regras e fundamentos teóricos, sempre embasado nos temas transversais,
Saúde, Ética, Pluralidade Cultural, Orientação Sexual.

Eleger a cidadania como eixo norteador significa entender que a


Educação Física na escola é responsável pela formação de alunos
que sejam capazes de: a) participar de atividades corporais adotando
atitudes de respeito mútuo, dignidade e solidariedade; b) conhecer,
valorizar, respeitar e desfrutar da pluralidade de manifestações da
cultura corporal; c) reconhecer-se como elemento integrante do
ambiente, adotando hábitos saudáveis relacionando-os com os
efeitos sobre a própria saúde e de melhoria da saúde coletiva; d)
conhecer a diversidade de padrões de saúde, beleza e desempenho
que existem nos diferentes grupos sociais, compreendendo sua
inserção dentro da cultura em que são produzidos, analisando
criticamente os padrões divulgados pela mídia; e) reivindicar,
organizar e interferir no espaço de forma autônoma, bem como
reivindicar locais adequados para promover atividades corporais de
lazer (BRASIL, 1998a).”

Fazendo com que os alunos interagissem durante as atividades sem


distinção de idade, sexo e raça. Deixando esclarecido nas modalidades
aplicadas a diferença de forças entre homens e mulheres e a importância do
respeito.
Hoje a reforma educacional anda a passos lentos, mas o importante é
não manter-se estático. Abrir-se a novas ideias e ideais pode e deve ser
praticado, de mesmo modo que impor opõe-se a construir, não se deve cegar-
se a prática e acreditar ferozmente que isto ou aquilo é o único e excepcional
método dentre os tantos possíveis, acredito eu, que nesse momento devemos
empregar a parcimônia, e recordar que os interesses não são exclusivos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Concluímos então que a área da Educação Física é muito extensa e há


diversas modalidades para serem trabalhadas no contexto escolar, seguimos
os conteúdos programados pelo Projeto Político Pedagógico da escola, e
encontrarmos a dificuldade para variar e inserir novos esportes para os alunos,

188
nos limitando ao handebol, voleibol, futsal e basquete.
Podemos concluir que o estágio proporciona a aproximação com a
realidade e que somente na prática do chamado chão da escola é que nos
deparamos com os desafios e possibilidades da prática docente.

REFERÊNCIAS

DICKMANN, I; CARNEIRO, S. M. M. Paulo Freire e educação ambiental:


contribuições a partir da obra pedagogia da autonomia. R. Educ. Públ. Cuiabá,
v. 21, n. 45, p. 87-102, jan./abr. 2012.

FREIRE, P. Pedagogia da esperança: um reencontro com a pedagogia do


oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1997.

JACOBI, P. R. Educação ambiental, cidadania e sustentabilidade. Cadernos


de Pesquisa, São Paulo, n. 118, p. 189-205, mar. 2003.

LIMA, M. S. L. Reflexões sobre o estágio/prática de ensino na formação de


professores. Rev. Diálogo Educ, v. 8, p. 195-205, 2008.

MCLAREN, P. A vida nas escolas: uma introdução à pedagogia crítica nos


fundamentos da educação. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997.

PCNs - Parâmetros Curriculares Nacionais: terceiro e quarto ciclos:


educação física / Secretaria de Ensino Fundamental. Brasília, MEC/SEF,
1998a.

PICONEZ, S. C. B. A prática de ensino e o estágio supervisionado. Papirus


Editora, 1991.

189
GINÁSTICA RÍTMICA E AS ARTES CIRCENSES NA EDUCAÇÃO FÍSICA

Ana Salene Santos Silva - salene_bdq@hotmail.com


André Silveira Insfran - andresilveira23@gmail.com
Melvinda Honorina Da Silva Silvério - netinha2018@gmail.com
Graduandos em Educação Física – UCDB
Cláudia Diniz De Moraes - claudiadiniz@ucdb.br
Docente no curso de Educação Física – UCDB

RESUMO

Trabalhar com a Ginástica Rítmica e as atividades circenses no contexto


educacional é, sem dúvida, um dos grandes desafios dos professores de
Educação Física. Com este relato, busca-se refletir sobre a prática pedagógica,
especificadamente, o processo de inclusão dessas atividades nas aulas de
Educação Física Escolar. A metodologia utilizada foi a pesquisa bibliográfica,
que foi atrelada com a disciplina de Ginástica Rítmica vivenciada durante a
graduação no curso de Educação Física. Com a finalidade de ressaltar a
necessidade de agregar as atividades de Ginástica Rítmicas e atividades
circenses no âmbito escolar possibilitando uma ação positiva quanto à
proposta educacional. Portanto o objetivo desse trabalho é provocar uma
reflexão sobre as atividades “Ginástica Rítmica” de forma interdisciplinar com
as atividades “Circense” no ambiente escolar, por meio das aulas de Educação
Física, podendo assim obter ótimos resultados para o desenvolvimento dos
alunos.

Palavras-chaves: Ginástica Rítmica. Atividades Circenses. Escola.

INTRODUÇÃO

De acordo com Gaio (2007), a modalidade de GR(Ginástica Rítmica)


nasceu em meados do século XX na Europa central, e recebeu contribuições
de quatro correntes: Dança, Arte Cênica, música e pedagogia. A Ginástica
Rítmica surge por meio dessas diferentes correntes, que auxiliam para que as
ginásticas em geral passem a ser reconhecida em suas características próprias
e realçada sua posição como modalidade esportiva mundial. Sendo assim a
Ginástica Rítmica nasce vinculada a estética e á beleza, se estruturando como
prática gímnicas a serviço da arte, da expressão e da influência dos
movimentos.

190
Segundo Paoliello e Toledo (2010), a Ginástica Rítmica não tinha um
caráter competitivo, assim como outras ginásticas. Visavam mais o
condicionamento, á disciplina e á estética do corpo, a ginástica rítmica só
começou a ater caráter competitivo quando as apresentações com maças se
tornaram umas das provas masculinas nos jogos olímpicos de Saints-Louis em
1904.
De acordo Bortoleto e Machado (2003, apud SIMÕES; GOMES;
OLIVEIRA, 2008), historicamente diversas manifestações circenses surgiram
em diferentes sociedades e culturas ligadas a manifestações religiosas,
festivas ou de treinamento para guerra. Essas atividades promoviam
possibilidades diversas desde os desafios dos próprios limites corporais até a
forma de encontro e lazer da comunidade.
Segundo Simões, Gomes e Oliveira (2008), as artes circenses desde o
início historicamente sempre foram ligadas ao entretenimento, sendo sua
característica influenciada pela cultura popular. No entanto, na Europa os
imigrantes exibiam suas habilidades como artistas de rua entre outros como
forma de espetáculo para diferentes classes sociais, na maioria das vezes
praticavam as habilidades como forma de sustento.
Duprat (2007) ressalta que as artes circenses tornaram-se conhecimento
emergente em nossa sociedade, na qual as atividades ligadas ao circo surgem
em diferentes ambientes como: festas, parques, festas infantis, hospitais e
clínicas, como prática esportiva em academias, educativas em escolas etc.,
sendo que estas tradições foram aos poucos se desenvolvendo e se
organizando.
Para Gaio (2007), a ausência de atividades motoras tem grande impacto
nas escolas para a educação que está com a formação do ser humano. Por
esse motivo a Ginástica Rítmica com as atividades circenses podem
proporcionar um novo olhar para as aulas de Educação Física.
Para Costa, Tiaen e Sambugari (2008), a Ginástica Rítmica é uma
modalidade exclusivamente feminina, porém no âmbito escolar deve ser
trabalhada com ambos os gêneros. Uma de suas características são os
manejos dos aparelhos manuais como corda, bola, arco, maças e fitas, que são
combinados com movimentos corporais e com uma harmonia musical. E por
191
sua vez as atividades circenses como o nome já diz vem do circo, mais
precisamente de suas artes por meio dos malabares, dos equilíbrios, das
acrobacias, do trapézio e da alegria dos palhaços que se apresentam em
praças e teatros pulares.
A Ginástica Rítmica e as atividades circenses são atividades capazes de
estimular o desenvolvimento dos alunos com a escola, facilitando a
aprendizagem, tornando práticas estimulantes e motivadoras, que engloba
diversos campos do conhecimento, não ficando somente restrito ao controle do
corpo, podendo desenvolver diferentes aspectos pessoais, a sensibilidade na
expressão corporal, à cooperação e a criatividade.
De acordo com Prado e Silva (2009), na Ginástica Rítmica as ginastas
com o uso dos aparelhos utilizam os movimentos de molejar, balancear,
saltitar, circundar, saltar, ondular e entre outros, elaborando assim através da
criatividade das mesmas variadas e belas formas de movimentos trabalhando
junto às valências físicas como a agilidade equilíbrio, força resistência muscular
localizada, flexibilidade, ritmo e coordenação.
Já Simões, Gomes e Oliveira (2008) acreditam que a prática da
ginástica rítmica escolar utilizando aparelhos alternativos como lenços,
bastões, arcos, pandeiros, balões entre outros, é de grande importância, pois
trabalha com a criatividade da criança favorecendo o aprendizado de certa
forma diversificado e interessante para elas.
Os aparelhos da Ginástica Rítmica têm como objetivo de desinibir,
facilitar a realização dos movimentos e favorecer a educação rítmica dos
alunos. Sendo de grande valor educativo a GR promove por meio da inter-
relação entre as pessoas e consigo mesmo, melhor qualidade de vida, como o
prazer pessoal e com o meio de relação com os outros. Ainda os movimentos
variáveis apresentados pelas crianças executadas por elas naturalmente sem
regras levam a resultados relevantes. Quando o professor de Educação Física
utiliza os fundamentos da GR, sem o objetivo de atingir a perfeição, possibilita
uma aula rica, proveitosa e agradável a criança.
Com relação às atividades circenses, Bortoleto e Duprat (2007)
acreditam que a cultura circense sofreu modificações ao longo dos anos,
dando espaço às outras expressões artísticas que foram: a música, danças,
192
teatro, mímica etc., favorecendo a inserção do ensino do circo em escolas
especializadas, possibilitando a consideração do circo como um conteúdo
possível de ser trabalhado no contexto educacional.
Entretanto, todas essas artes fazem parte da cultura corporal, as artes
circenses, também faz parte desse patrimônio, na qual a escola que é um lugar
de transmissão, reprodução e produção de saberes, conhecimento e cultura,
favorece a esta área de conhecimento que é a artes circenses, as varias
concepções e praticas pedagógicas que estão relacionadas e os conteúdos
possíveis de ser trabalhados na escola que foram sendo construído
historicamente.
Simões, Gomes e Oliveira (2008), ressaltam que, sendo necessário
considerar a escola como um ambiente principal, onde o aluno deve e tem
possibilidade de aprender, vivenciar as experiências cognitivas e motoras que
são uma base para sua formação que possibilitam a diversificação e a
significação do conhecimento.
Segundo Soares, Taffarel, Varjal et al (1992), as artes circenses dentro
da cultura corporal, expressa um significado, na qual interpreta os objetivos do
homem e da sociedade visando aprender a expressão corporal como
linguagem. As artes circenses nas escolas, desperta a atenção e o interesse
do aluno para as aulas de educação física. Sendo assim cabe ao professor
promover vivências, despertando a ludicidade, a coletividade, aprimorando
movimentos técnicos específicos, proporcionando também valores e atitudes
como o respeito, a solidariedade, companheirismo, criatividade, cooperação,
alegria e cuidado.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante do que foi exposto, torna-se possível observar que a junção


dessas duas modalidades para o ensino nas aulas de Educação Física,
proporciona um novo olhar com relação às práticas escolares, uma ação
pedagógica de ensino - aprendizagem com bases em questões socioculturais
da sociedade.
Todo processo de ensino-aprendizagem da Ginástica Rítmica e as
193
atividades circenses devem ser trabalhadas de formas lúdicas, com meninos e
meninas, com deficientes e até mesmo com a terceira idade, ou seja, essas
atividades são para todos, sem objetivo de rendimento, para todos que querem
movimentar e aprender, claro que existe a necessidade de adaptações
necessárias para cada grupo específico.
Assim essa pesquisa teve a finalidade de ressaltar a importância de se
trabalhar a ginástica rítmica e as atividades circenses nas aulas de Educação
Física, favorecendo o aprendizado e o conhecimento.
Durante um semestre na graduação no curso de Educação Física, a
disciplina de Ginástica Rítmica, foi desenvolvida, no qual tivemos a
oportunidade de vivenciar de forma bem divertida e emocionante, aprendemos
a incentivar as crianças a vivenciarem a GR, ensinando e as motivando a
praticar, proporcionando alegria e satisfação na criança. No entanto no final de
cada aula tínhamos que elaborar coreografias com movimentos da GR
utilizando os aparelhos. Percebendo com isso o quanto os ensinos da GR nas
aulas de Educação Física podendo contribuir para o aprendizado de crianças,
adolescentes e até mesmo adultos. E aliada as atividades circenses podem
transformar as aulas de Educação Física em aulas mais divertidas e
prazerosas.

REFERÊNCIAS

ALONSO, Heloisa de Araujo Gonzalez. Pedagogia da Ginástica Rítmica:


Teoria e Prática. São Paulo: Phorte, 2011.

BORTOLETO, Marco Antônio Coelho; DUPRAT, Rodrigo Mallet. Educação


física escolar: pedagogia e didática das atividades circenses. Revista
Brasileira de Ciências do Esporte, Campinas, v. 28, n. 2, p. 171-189, jan.
2007. Disponível em:<http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=401338529012>.
Acessado em: 22 jun. 2017.

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Reflexões sobre o circo e a educação física. Revista Corpo consciência.
Santo André, n. 12, p. 41-69, 2003.

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Regina do Nascimento. Arte Circense na Escola: Possibilidade de um
Enfoque Curricular Interdisciplinar. Ponta Grossa: Olhar de Professor, 2008.

194
DUPRAT, Rodrigo Mallet. Atividades circenses: possibilidades e perspectivas
para a educação física escolar. 2007. Dissertação (Mestrado em Educação
Física) – Programa de Pós-Graduação em Educação Física, Universidade
Estadual de Campinas, Campinas, 2007. Disponível
em:<http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/2010/artigos_teses/
EDUCACAO_FISICA/dissertacao/Duprat.pdf>. Acessado em: 22 Jun. 2017.

GAIO, Roberta. Ginástica Rítmica ''popular'': Uma Proposta Educacional. 2.


ed. São Paulo: Fontoura, 2007.

INSFRAN, André Silveira; DIAS, Jainara Silveira; FLORES, Marcelo Galeano;


SILVA, Neilson Carvalho da. Atividades Circenses na Educação Física.
Universidade Anhanguera Uniderp. Campo Grande - MS, 2015.

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São Paulo: Phorte, 2010.

PRADO, Núbia da Silveira; SILVA, Suhellen Lee Porto Orsoli. A ginástica


rítmica como proposta pedagógica nas aulas de Educação Física escolar: uma
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SOARES, Carmen Lúcia;TAFFAREL, Celi NelzaZülke; VARJAL, Maria


Elizabeth Medicis Pinto; FILHO, Lino Castellani; ESCOBAR, Micheli Ortega;
BRACHT, Valter. Metodologia do ensino de Educação Física. São Paulo:
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SIMÕES, Marilson da Costa; GOMES, Rafael Freislebem; OLIVEIRA, Ronaldo


Cesar Santos de. Atividades circenses: limites e possibilidades nas aulas de
educação física escolar. 2008. Monografia – Escola Superior São Francisco de
Assis. Santa Teresa.

195
IMPORTÂNCIA DE JOGOS ESPORTIVOS COLETIVOS PARA IDOSOS:
Enfoque nas Inteligências Múltiplas

Gabriel Hiibner Nunes - ghiibner@gmail.com


Juliane de Oliveira - jujuliveira75@gmail.com
Graduandos em Fisioterapia - UniSALESIANO Lins
Prof. Dr. José Alexandre Curiacos de Almeida Leme - zecuriacos@terra.com.br
Prof. Me. Leandro Paschoali Rodrigues Gomes - hilinho@unisalesiano.edu.br
Prof. Me. João Rufino da Silva Jr - joaorufinovarandas@hotmail.com
Docentes - UniSALESIANO Lins

RESUMO

O processo de envelhecimento do ser humano tem sido um foco de


atenção crescente por parte de cientistas em todo o mundo, pois na medida em
que a quantidade de indivíduos que chegam na “terceira idade” aumenta, traz
por consequência inúmeros problemas de saúde característicos desta
população, tornando-os objeto de preocupações e de estudos. Portanto, torna-
se importante o foco sobre atividades que possam prevenir possíveis
patologias advindas do avanço da idade, que são piores em conjunto ao
sedentarismo. Através de atividades físicas, as ações motoras e cognitivas são
estimuladas, prevenindo possíveis patologias e mantendo a qualidade de vida
dos idosos. Diante disso, o objetivo deste estudo é oferecer reflexões sobre a
importância da prática de atividades físicas para idosos por meio de jogos
esportivos coletivos, tendo como ênfase a teoria das inteligências múltiplas.

Palavras-chave. Jogos Esportivos Coletivos. Inteligências Múltiplas. Terceira


idade.

INTRODUÇÃO

De acordo com Bittar et al. (2013), com o aumento da expectativa de


vida e diminuição da mortalidade e natalidade, ocorre uma elevação
demográfica populacional de idosos, principalmente nos países em
desenvolvimento. Com o passar dos anos, as pessoas sofrem mudanças
perceptíveis e não perceptíveis que resultam na perda de independência,
diminuição das ações motoras e cognitivas, aumento das incapacidades e
diminuição dos reflexos do organismo.
Segundo Kuwano e Silveira (2002), o ser humano no processo de
senescência sofre alterações gradativas como funcionais, motoras e sociais.
196
Gomes e Ferreira (1987) afirmam que o envelhecimento é um fenômeno
biopsicossocial que se manifesta no homem de forma diversificada, começando
pelas células, passando pelos tecidos e órgãos. Este processo vai interferir no
funcionamento orgânico dos indivíduos de maneira significativa, influenciando
as atividades de vida diária. (GOMES; FERREIRA,1987).
As realizações das atividades de vida diárias levam a um aumento da
autoestima e independência, por isso o cuidado com o idoso, que muitas vezes
perdem essa capacidade, levando a perda da autoestima e muitas vezes
conduzindo à depressão. Desta forma, para o idoso, é necessário o
atendimento multidisciplinar como um meio eficaz e eficiente para promoção da
saúde, amenizando os diversos prejuízos causados por esse processo, que
são naturais, porém podem ser prevenidos através de atividades físicas que
consigam estimular e desenvolver aspectos essenciais para qualidade de vida.
Portanto, o envelhecimento deve ser ativo dentro das limitações do
idoso, buscando sempre o bem-estar físico, social e mental. Para Berleze
(2002), o idoso que teve um estilo de vida ativo ao longo da vida terá melhor
qualidade de vida na velhice. Além disso, terá maiores chances de continuar
buscando uma vida mais ativa, fator que pode retardar possíveis patologias às
quais é suscetível.
Dentre as inúmeras possibilidades de patologias proporcionadas pelo
avanço da idade, observa-se um declínio motor e cognitivo, impossibilitando o
idoso de responder satisfatoriamente algumas ações, por tomar a decisão
incorreta, ou por não realizar o movimento necessário.
As atividades físicas através de jogos esportivos coletivos (JEC)
diminuem ou desaceleram o progresso do declínio motor, cognitivo e social.
Esses jogos conceituam-no como uma atividade social organizada, na qual os
participantes estão agrupados em duas equipes numa relação de adversidade
típica não hostil (rivalidade esportiva), sendo determinada pela disputa através
de luta visando à obtenção da vitória; com a ajuda da bola (ou outro
implemento do jogo).
Os JEC são constituídos por várias modalidades esportivas: voleibol,
futsal, futebol, handebol, polo aquático, basquetebol - entre outros (OLIVEIRA;
1998). Estes jogos conseguem, em sua pluralidade e complexidade, estimular
197
aspectos motores, cognitivos e sociais, pois acontecem através de integração
entre indivíduos e sua prática pede domínio de gestos técnicos motores, os
denominados fundamentos de jogo, que podem ser executados de forma
correta através de ações prévias cognitivas para melhor tomada de decisão.
Desta forma, proporcionar atividades físicas, respeitando a
individualidade de cada idoso, através de jogos esportivos, possibilita o
desenvolvimento motor e cognitivo, sendo fatores importantes para a idade.
Diante disso, a presente pesquisa tem como objetivo oferecer reflexões sobre a
importância da pratica de atividades físicas por meio de jogos esportivos
coletivos para estimulação e desenvolvimento de aspectos sociais, motores e
cognitivos aos idosos.

1 TERCEIRA IDADE E INTELIGÊNCIA

O envelhecimento não é apenas um processo fisiológico, também é um


processo gradual, universal e irreversível, pois ocasiona perda funcional
progressiva no organismo como a redução do equilíbrio, da mobilidade e causa
modificações psicológicas, deixando o indivíduo mais vulnerável à depressão.
(MACIEL, 2010).
As modificações morfológicas e funcionais que se relacionam com o
envelhecimento, geram uma das maiores preocupações para os profissionais
da área da saúde, principalmente quando se refere à prevenção de doenças e
melhora da qualidade de vida.
Portanto torna-se fundamental buscar ferramentas que possibilitem uma
melhor qualidade de vida, desta forma, as atividades físicas regulares e
sistematizadas têm demonstrado sua capacidade em diminuir os efeitos
deletérios do envelhecimento. (MACIEL, 2010).
Dentre as perdas ocasionadas pelo avanço da idade, têm-se as
relacionadas ao fator cognitivo e, de acordo com Bittar et al. (2013), os idosos
mostram considerável plasticidade no desempenho cognitivo e podem ser
beneficiados com atividades físicas. Desta forma, pode-se afirmar que mesmo
com perdas naturais ocorrendo ao longo da vida, atividades físicas, podem
influenciar no processo de prevenção e manutenção sobre o desempenho
198
motor, como também cognitivo. Há uma grande quantidade de diferenças
individuais quanto ao momento certo e o ritmo de todas as mudanças físicas e
mentais descritas. No caso de alguns tipos de habilidades, algumas podem ser
mantidas em seu maior pico até bem poucos anos antes da morte. No caso de
outras, o declínio é mais gradativo. (BEE, 1997).
De acordo com Travassos (2001), alguns aspectos sobre as
inteligências parecem quase tão eficientes nos adultos mais velhos quanto nos
mais jovens, mas outros aspectos (principalmente a capacidade da memória de
operação e a capacidade de recordar eventos específicos ou informações
recém-adquiridas) são muitas vezes menos eficientes, possivelmente em
função de problemas com a codificação, armazenamento e recuperação.
O momento certo e o ritmo do declínio são afetados pela
hereditariedade, pela saúde geral, pelos hábitos de saúde anteriores e atuais,
especialmente o exercício físico e mental, e pela disponibilidade de apoio
social adequado. Sendo que inteligências não utilizadas com regularidade
evidenciam declínio mais rápido. Já com a continuidade da atividade mental,
como nos programas de educação adulta, pode manter as pessoas mais
velhas mentalmente alertas. (BEE, 1997).
Neste contexto, a prática regular de exercício físico que consiga
estimular as inteligências, é uma das principais bases para a manutenção da
saúde e qualidade de vida, podendo combater esses efeitos do envelhecimento
e, auxiliando o idoso a manter em bom estado sua aptidão física e capacidade
funcional.
Portanto, o exercício físico é um dos fatores que proporcionam ao idoso
uma melhor qualidade de vida e o possibilitam realizar todas as suas atividades
de vida diária de maneira mais autônoma e independente. Pessoas sedentárias
apresentam uma série de problemas, não só pela idade, mas sim pelo desuso
de suas funções, como as inteligências. A manutenção do corpo humano é
fundamental para uma maior expectativa de vida. Pois, segundo Silva (2003), o
exercício físico tem como objetivo desenvolver estratégias para permitir um
envelhecimento saudável, produtivo, ativo e bem-sucedido. O foco principal é
associar a qualidade de vida com a independência do indivíduo idoso na
realização das suas atividades diárias.
199
Neste sentido, torna-se importante a prática de atividades físicas que
possibilitam o estímulo de ações motoras e cognitivas, na qual conseguirão
prevenir e manter de forma positiva aspectos sobre movimento e inteligências,
fundamentais para ótima qualidade de vida do idoso.

2 TEORIA DAS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS

Vindo ao encontro da importância de produzir aos idosos, atividades


físicas que estimulem ações motoras e cognitivas, na busca pela qualidade de
vida, tem-se a teoria das inteligências múltiplas de Howard Gardner, na qual se
refere sobre inúmeras inteligências que o ser humano possui e pode
desenvolver ao longo da vida, podendo ser estimulada através de atividades
físicas.
De acordo com Travassos (2001), essa teoria originou-se através da
insatisfação de alguns autores pela forma em que se quantificava a
inteligência, na qual era através do teste de inteligência Q.I. Todavia, Howard
Gardner, acreditava que os testes de QI deveriam ser modificados no sentido
do respeito de como as pessoas, em suas diversas realidades, desenvolvem
suas capacidades necessárias para suas vidas.
Gardner propôs, ainda, que existem blocos construtores das
inteligências utilizadas por marinheiros, cirurgiões, feiticeiros, prodígios, sábios,
crianças e artistas e que estes apresentam perfis cognitivos regulares ou
circuitos irregulares em diferentes culturas e espécies. (TRAVASSOS, 2001).
Para organizar seus levantamentos, Gardner teorizou as oito
inteligências, segundo Balbino (2007):
a) Inteligências Linguísticas: característica, por exemplo, dos escritores;
b) Inteligência Lógico-Matemática: capacidade lógica e do raciocínio
utilizado, por exemplo, na Matemática;
c) Inteligência Espacial: capacidade utilizada para formar um mundo
espacial e de manobrar e operar utilizando esse modelo. Esta
inteligência é muito utilizada por marinheiros, engenheiros, cirurgiões,
entre outros;
d) Inteligência Musical: relacionada às capacidades musicais;
200
e) Inteligência Corporal-Cinestésica: capacidade de resolver problemas
e/ou elaborar produtos utilizando o corpo. Bastante observada em
atletas, dançarinos e outros;
f) Inteligência Interpessoal: capacidade de compreender e interagir com
outras pessoas;
g) Inteligência Intrapessoal: capacidade de formar um modelo acurado e
verídico de si mesmo, utilizando esse modelo em seu cotidiano;
h) Inteligência naturalista.
A teoria das inteligências múltiplas foi elaborada à luz das origens
biológicas de cada capacidade de resolver problemas. A tendência biológica
deve ser vinculada aos estímulos culturais. A linguagem, por exemplo, que é
uma capacidade universal, ora pode apresentar-se como oratória, ora como
escrita, ou secreta, etc. (TRAVASSOS, 2001).

2.1 Inteligências múltiplas e jogos esportivos coletivos

Em uma definição de jogos esportivos coletivos (JEC), Teodorescu


(1984), conceitua-o como uma atividade social organizada, na qual os
participantes estão agrupados em duas equipes numa relação de adversidade
típica não hostil (rivalidade esportiva) sendo determinada pela disputa através
de luta visando à obtenção da vitória; com a ajuda da bola (ou outro
implemento do jogo).
Os JEC são constituídos por várias modalidades esportivas: voleibol,
futsal, futebol, handebol, polo aquático, basquetebol - entre outros (OLIVEIRA;
1998). Estes jogos possuem como essência a imprevisibilidade, aleatoriedade
e variabilidade, tornando-o extremamente complexo. Desta forma, sua
especificidade pede dos praticantes, domínio motor (fundamentos de jogo) e
cognitivos (inteligências), obtendo competência para atender toda
imprevisibilidade no contexto de jogo e responder da melhor forma as
problematizações encontradas. Portanto, as inteligências destacam-se como
um dos fatores primordiais para que se jogue com qualidade.
Sendo assim, os JEC podem oferecer aos praticantes idosos a
possibilidade de estímulos motores e cognitivos, sendo uma ferramenta
201
facilitadora na integração de movimentos e inteligências (SANTANA, 2015).
Desta forma, é possível afirmar que os JEC oferecem estímulos em múltiplas
inteligências, vindo ao encontro da teoria de Howard Gardner.
Portanto, é interessante entender inteligência que, segundo Balbino
(2007), é um potencial que acompanham todos desde seu nascimento,
juntamente com suas diversas facetas, porém é importante ressaltar que essa
inteligência precisa ser ativada e desenvolvida ao longo da vida, através do
ambiente em que essa pessoa vive. Este potencial de inteligência ativado
conseguirá em um indivíduo na terceira idade, proporcionar uma melhoria em
suas respostas às ações diárias. Os jogos esportivos coletivos adaptados para
a terceira idade têm sido muito apreciados por diversos aspectos. Comumente,
reivindica-se a esta prática benefícios como melhora no sistema
cardiovascular, respiratório, ósseo, articular e muscular. (OLIVEIRA, 1998).
Recentemente, as práticas esportivas têm vivido a releitura a partir da
perspectiva das inteligências múltiplas (IM). Pois, o aprendizado de novas
práticas físicas e fundamentos dentro do esporte já conhecidos pode contribuir
como forma de promover estímulos referentes às inteligências. Isto ocorre,
pois, previamente ao gesto motor do fundamento, um conjunto de capacidades
e ações relacionadas com as inteligências é realizado. A saber:
a) Percepção: filtra e decodifica as informações visuais, auditivas,
proprioceptivas e somatossensoriais; exige a concentração através da
seleção da atenção e autocontrole do praticante (BALBINO, 2007);
b) Recordação: o praticante deve evocar memórias para compreender
os comandos e recordar o gesto motor realizado anteriormente
(BALBINO, 2007);
c) Antecipação: é a construção mental do gesto motor que antecipa a
tomada de decisão e ação motora (BALBINO, 2007);
d) Tomada de decisão.
Somente após estas ações cognitivas é realizado o gesto motor.
Por exemplo, num arremesso à cesta (fundamento do basquete) feito
após o comando do técnico, o praticante deve ouvir o comando, encontrar a
cesta, interpretar este comando, avaliar sua distância do alvo, selecionar a
atenção dos estímulos, planejar o movimento, recordar gestos motores
202
semelhantes previamente realizados e tomar a decisão do arremesso. As
atividades esportivas (ensino de fundamentos, brincadeiras e jogos pré-
desportivos), mesmo sendo atividades predominantemente motoras (físicas)
sofrem a releitura à luz da teoria das inteligências múltiplas. Seguindo o mesmo
exemplo do arremesso são contempladas as seguintes inteligências:
a) Visual espacial: visualização da bola, da cesta e localização espacial
da distância entre o arremessador e a cesta (BALBINO, 2007);
b) Naturalística: a atividade pode ser desenvolvida ao ar livre ou na
grama;
c) Lógico matemático: contagem do número de arremessos e pontos
realizado pelo participante (BALBINO, 2007);
d) Rítmica/musical: antes do arremesso, o quicar da bola pode ser
realizado ao som de palmas do técnico (estagiário ou profissional de
Educação Física) ou de uma música (BALBINO, 2007);
e) Verbal/linguístico: o comando do técnico em sim ou não irá promover
recordação do sentido da palavra e interpretação; o passe a um
colega após o arremesso, antecipado pela pronuncia do nome do
colega, exigirá recordação do nome e sua pronuncia correta
(BALBINO, 2007);
f) Interpessoal: o passe entre participantes antes ou após o arremesso
e a percepção de colaboração/competição permite o trabalho desta
inteligência (BALBINO, 2007);
g) Intrapessoal: após o arremesso, o reforço pelo acerto ou consolo
após o erro contribuem no processo de lidar com isto (BALBINO,
2007).
Desta forma, os JEC passam a ser vistas de uma perspectiva diferente,
sendo uma ferramenta interessante para manutenção e melhora de aspectos
físicos e sobre as inteligências dos idosos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Na terceira idade ocorrem gradativas perdas com o decorrer dos anos,


através de um processo conhecido como envelhecimento. Com isso, muitos
203
idosos se isolam ou perdem a vontade de viver.
Para diminuir as consequências que o passar dos anos trazem ao idoso,
os jogos esportivos coletivos vêm sendo um dos meios para melhorar a
qualidade de vida e autoestima, diminuir as incapacidades, reduzir as perdas
cognitivas e motoras e melhorar a independência. Além disso, os jogos pré-
desportivos estimulam as Inteligências Múltiplas, propostas por Howard
Gardner, muito importante para melhorar a capacidade do indivíduo idoso de
forma global.

REFERÊNCIAS

BALBINO, H.F. Jogos desportivos coletivos e as inteligências múltiplas:


bases para uma proposta em pedagogia do esporte. Hortolândia: UNASP,
2007.

BEE, H. Desenvolvimento social e da personalidade no início da vida adulta. In:


BEE, H. O ciclo vital. São Paulo: Artmed, 1997, pp.412-452.

BERLEZE, G. Envelhecer com qualidade de vida. [artigo científico]. 2002.


Disponível em: <http://www.gnu.com.br/interna.asp?cod+176&secao=espe
cialc.dof.com.br/idosos.htm>. Acesso em: 20 dezembro. 2016.

BITTAR, I.G.L; GUERRA, R.L.F; LOPES, F.C; MELLO, M.T; ANTUNES, H.K.M.
Efeitos de um programa de jogos pré-desportivos nos aspectos
psicobiológicos de idosas. Rio de Janeiro, 2013.

MACIEL, M.G. Atividade física e funcionalidade do idoso. Motriz: rev. educ.


fis. (Online), Rio Claro, v. 16, n. 4, p. 1024-1032, Dec. 201.0

OLIVEIRA, M. Desporto de base. São Paulo, 1998.

GARDNER, H. Inteligências Múltiplas: a Teoria na Prática. Porto Alegre:


Artes Médicas, 1995.

GOMES, F. A de A.; FERREIRA, P. C. A. Manual de geriatria e gerontologia.


Rio de Janeiro: Ed. Brasileira de Medicina, 1987.

KUWANO, V.G; DA SILVEIRA, A.M. A influência da atividade física


sistematizada na auto percepção do idoso em relação às atividades da
vida diária. Maringá, 2002.

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204
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vida de idosas sedentárias e fisicamente ativa. 2003.

TRAVASSOS, L.C.P. Inteligências múltiplas. [artigo científico] 2001.


Disponível em
<http://files.posaventura.com/200000106572f258295/AS%20INTELIG%C3%8A
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TEODORESCU, L. Problemas de teoria e metodologia nos jogos


desportivos coletivos. VLisboa: Livros Horizontes, 1984.

205
INFLUÊNCIA DO TREINAMENTO PLIOMÉTRICO EM JOGADORES
AMADORES DE FUTSAL DURANTE O SPRINT: Uma Revisão de Literatura

José Guilherme Camargo - guilherme013@outlook.com


Vanessa de Aquino Sales - aquino_sales@hotmail.com
Graduando em Educação Física – UniSALESIANO Lins
Prof. Me. Leandro Paschoali Rodrigues Gomes – hilinho@unisalesiano.edu.br
Docente – UniSALESIANO Lins

RESUMO

O futsal é uma atividade física coletiva que potencializa ações


musculares específicas que maximizam a habilidade motora pela repetição da
prática. É um esporte que exige alta demanda de condicionamento físico e
potência muscular, principalmente para a realização dos Sprints. Visando
aumentar a força explosiva durante os Sprints, sugere-se o treinamento
pliométrico, caracterizado por um Ciclo de alongamento-encurtamento (CAE)
de forma intervalada. Desta forma o estudo tem o objetivo relatar sobre a
Influência do treinamento pliométrico em jogadores de futsal na capacidade de
realizar o Sprint, através da metodologia de revisão bibliográfica. Por fim,
espera-se que as informações coletadas comprovem a eficácia do treinamento
pliométrico nos Sprints.

Palavras-chave: Treinamento Pliométrico. Futsal. Sprint.

INTRODUÇÃO

O futsal é um esporte coletivo que além de trabalhar uma gama de


capacidades motoras e auxiliar em funções biológicas do organismo também é
uma atividade física que potencializa ações musculares específicas que
maximizam a habilidade motora pela repetição da prática. (BRONSATO;
ROMERO, 2001).
Considerando o futsal um esporte dinâmico e caracterizado por alta
exigência de condicionamento físico, destaca-se entre as principais
capacidades físicas a potência muscular utilizada para realizar diversas ações
práticas na execução de fundamentos técnicos e táticos, tais como o Sprint.
(RODRIGUES; NAVARRO, 2009).
Os Sprint são corridas curtas realizadas em máxima velocidade,
206
caracterizados por aceleração e desaceleração, bem como mudanças de
direção e recuperação rápida, exigindo altos níveis de força e potência
muscular (OKUNO, 2011).
Visando ampliar a potência durante os Sprint, sugere-se como enfoque o
treinamento pliométrico. A pliometria baseia-se em saltos verticais que
aumentam a força explosiva a partir de um processo que consiste em uma fase
de rápido alongamento (excêntrica) seguido por um encurtamento muscular
(fase concêntrica) - Ciclo de Encurtamento-Alongamento (CAE). (ALMEIDA;
ROGATTO, 2007).
No futsal, o treinamento específico e direcionado é indispensável para
obtenção de resultados positivos. Dessa forma, orienta-se o treinamento
pliométrico como parte da periodização dos treinos, pois o mesmo reproduz
movimentos naturais semelhantes aos do esporte em questão, além de
contribuir para os ganhos de força explosiva. (ZWARG, 2013).

1 OBJETIVO

Pretendeu-se com esse estudo relatar a influência do treinamento


pliométrico na capacidade de realização de Sprints em jogadores amadores de
futsal.

2 METODOLOGIA

Este estudo trata-se de uma revisão bibliográfica realizada por meio das
bases de dados PubMed, Scielo, Google Acadêmico e literaturas. Nestes locais
de pesquisa foram buscados materiais de aporte para uma melhor explicação
sobre o tema referido, cujos autores discutem diferentes assuntos ligados
diretamente ao foco principal, que é a influência do treinamento pliométrico na
capacidade de realização de Sprints em jogadores amadores de futsal.

3 FUTSAL E SUAS CAPACIDADES FÍSICAS

O futsal pode ser considerado, popularmente similar ao futebol com as


207
dimensões reduzidas, seguindo os mesmos princípios das regras, entretanto o
futsal adota algumas particularidades como uma bola menor, diminuição do
número de atletas (cinco), substituições ilimitadas, laterais cobrados com os
pés, ausência de impedimento, gol menor e piso rígido. (SANTOS; RÉ, 2014).
É um esporte que vem ganhando maior cenário de adeptos no Brasil e
no Mundo, milhões de praticantes em centenas de países aderiram essa
modalidade (GOROSTIAGA, et. al., 2009). Segundo Oliveira; Tavares (1996),
esse fato se apresenta pela facilidade da forma do jogo, logo que não
necessita de um grande espaço para pratica-lo, na maioria dos bairros, escolas
e praças é possível encontrar uma quadra ou montar uma para realizar um
jogo, também é simples, pois precisa de poucas pessoas para compor o time e
joga-lo.
Os jogadores de futsal precisam ter elevada capacidade de velocidade e
agilidade dos movimentos, além de um excelente domínio espaço-temporal,
pois em muitos momentos do jogo precisam de uma rápida aceleração e
mudanças de direção, em uma quadra com curto espaço que é dividido por
adversários e companheiros de equipe. (SANTOS; RÉ, 2014).

4 PLIOMETRIA

O treinamento pliométrico começou com o treinador russo Yuri


Verkhoshansk, que se interessou em aproveitar a energia elástica que estava
acumulada em um musculo que traz seu encurtamento. (JASCHKE;
NAVARRO, 2008).
Este treinamento segundo Moura (2005) é um conjunto de exercícios
que tem como objetivo aumento da capacidade de armazenamento e
reutilização de energia elástica do músculo, e também aumentar sua
potencialização reflexa e mecânica, que é denominado pelo ciclo de
alongamento-encurtamento (CAE).
O treino pliométrico mostra-se imprescindível e integrante ao regime de
treino normal para se atingir maiores níveis de força explosiva, quando
baseado no ciclo de alongamento encurtamento (CAE). (KOMI, 1984).
Segundo Verkhoshanski (1996), uma forma simples, acessível, comum e
208
eficiente de utilizar o método de choque (treinamento pliométrico), é o impulso
vertical, este método apresenta-se como um meio de desenvolver capacidade
de saltar.
Pelo fato das sessões de saltos em profundidades serem benéficas, de
fácil aplicabilidade e baixo custo, a pliometria tem se tornado atraente para a
utilização de preparadores físicos em geral. (SANTO, 1997).
Além disso, em um contexto preventivo, contando com a participação do
programa de treinos pliométricos, durante uma fase de pré-temporada, os
riscos de uma possível lesão serão menores em um atleta durante toda
temporada. (FALGENBAUM; CHU, 2001).

5 SPRINT

O futsal é uma modalidade complexa que apesar de ser similar ao


futebol exige uma maior capacidade de resistência aeróbia, bem como, a
implementação de força explosiva para a reprodução dos movimentos técnicos
e táticos do esporte. (NUNES et al., 2012).
Os Sprints são frequentes e essenciais no futsal para definição de
jogadas de sucesso tanto na defesa quanto no ataque. Define-se como Sprints
as corridas de curta duração e alta aceleração com breves períodos de
recuperação que exigem capacidade aeróbia máxima ou submáxima. (AGUIAR
et al., 2016).
Considerando a alta demanda energética de uma partida de futsal,
estudos comprovam que 20% do tempo de jogo são gastos em Sprints (DAL
PUPO et al., 2016). Verificou-se também que a maioria das jogadas decisivas
no futsal são precedidas de corridas de alta intensidade, portanto, torna-se
relevante a capacidade de realizar Sprints repetidos nessa modalidade.
(BÁRBERO-ALVAREZ et al., 2008).
A realização de vários Sprints consecutivos ainda tornam-se importantes
para o melhor condicionamento físico geral do atleta, além de contribuir com a
diminuição dos índices de lesões e melhorar a performance dos fundamentos
técnicos do futsal. Além do dinamismo produzido pelos Sprints, quando há uma
boa recuperação entre eles o atleta é capaz de aumentar seu desempenho de
209
velocidade. (LOPES, 2005).

6 SPRINT X PLIOMETRIA NO FUTSAL

No futsal o treinamento pliométrico tem se mostrado essencial para


atingir um nível elevado de força explosiva, dessa forma torna-se parte
importante na integração do treino normal diário. (GIMENES et al., 2014).
Segundo Verkhoshansky et al. (2000), a performance de velocidade de
um atleta depende de vários fatores, tais como tipo de fibras, número de
miofibrilas recrutadas, capacidade muscular de produzir e reutilizar força
elástica, impulsão de força explosiva, além de aspectos fisiológicos e
motivacionais.
Autores afirmam que a relação entre velocidade de corridas intensas de
curta duração (Sprints) corresponde respectivamente à força de impulsão
durante as passadas. (UTSCH; GUERRA; PORCARO, 2009).
Rimmer; Sleivert (2000), em estudos realizados objetivando verificar a
diferença na velocidade de Sprint a partir de dois treinamentos diferentes
(pliometria x aceleração), comprovaram que o treinamento pliométrico quando
específico foi eficaz para maximizar a velocidade de deslocamento, enquanto
que o treinamento de aceleração manteve os índices iniciais de velocidade.
Já em estudo realizado por Zwarg et al. (2013), os resultados mostraram
que o treinamento pliométrico melhora a velocidade de Sprints tanto quanto o
treinamento de velocidade, pois as características finais demonstraram
desempenho positivo para ambos os testes.
Bechara (2010) afirma que o treinamento pliométrico é indispensável no
futsal, pois amplia e aperfeiçoa a força explosiva direcionada especialmente
nos Sprints por meio dos ciclos de encurtamento-alongamento. O mesmo
autor, ainda explana sobre as capacidades desenvolvidas a partir da pliometria,
enfatizando a potência muscular, agilidade, velocidade, flexibilidade e
coordenação.
Markovic (2007) afirma que para maximização dos efeitos do
treinamento pliométrico é necessária a compreensão dos mecanismos de
desenvolvimento do treinamento, bem como, o controle das variáveis que
210
interferem no mesmo: intensidade, volume e recuperação. Além disso,
enfatizam-se também os benefícios como a economia do movimento e o
aumento da força explosiva. (ZWARG, 2013).

CONCLUSÃO

Essa revisão de literatura mostrara que o treinamento pliométrico é um


assunto pouco pautado pelos pesquisadores e que merece maior atenção, pois
é capaz de melhorar o desempenho dos atletas dentro da quadra.
Ainda foi possível observar que a maximização do condicionamento
físico é uma variável que tornam a pliometria uma sugestão relevante, além de
proporcionar resultados em aspectos técnicos do futsal, como por exemplo, nos
Sprints.
Além disso, enfatiza-se um resultado ainda maior quando se trata de
saltos em profundidade (horizontal) que além de condicionar o atleta reproduz
a sua capacidade de aumentar a velocidade durante o jogo.
Diante do tema apresentado e da revisão da literatura foi possível
concluir que o treinamento pliométrico influência positivamente nas
capacidades e aptidão física do atleta de futsal, especificamente em sua força
explosiva e desempenho nos Sprints, melhorando a sua performance no
esporte.
Considerando a escassez de estudos nessa linha de pesquisa ainda se
fazem necessárias mais abordagens sobre esse tema, visando ampliar o
campo de visão e adoção dessa prática no regime de treino normal.

REFERÊNCIAS

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12/06/2017.

214
O CONHECIMENTO E USO DE ESTERÓIDES ANABOLIZANTES POR
ACADÊMICOS DO CURSO DE BACHAREL EM EDUCAÇÃO FÍSICIA DE
UMA UNIVERSIDADE DO INTERIOR PAULISTA

Alessandro Leopoldino Martins – sandroleop@gmail.com


Raíssa Bueno de Almeida – raissaalmeida09@hotmail.com
Graduandos em Educação Física UniSALESIANO
Prof.ª Ma. Luciana Marcatto Fernandes Lhamas
lucianamarcatto@hotmail.com
Docente - UniSALESIANO Lins

RESUMO

Os esteroides androgênicos anabolizantes (EAA), são substâncias


quimicamente semelhantes a testosterona, sendo responsáveis pela harmonia
das funções primordiais do organismo, de maneira concisa são substâncias
produzidas em laboratório, derivadas dos hormônios masculinos
(androgênicos). Apesar do uso terapêutico, essas substâncias têm sido
utilizadas de forma não terapêutica e indiscriminada com a finalidade de
melhorar a performance e principalmente a estética, uma vez que essas
substâncias causam vários efeitos colaterais no decorrer de sua utilização.
Trata-se de um projeto a ser desenvolvido por meio de uma pesquisa
exploratória e descritiva, com abordagem quantitativa, cujo objetivo principal
será identificar o grau de conhecimento e uso de esteroides anabolizantes
pelos acadêmicos do curso de Bacharel em Educação Física do Centro
Universitário Católico Salesiano Auxilium de Lins (UniSALESIANO). A coleta de
dados será feita através de um questionário composto por questões objetivas e
estruturadas, contendo perguntas informativas e opinativas sobre o respectivo
tema. Os dados serão analisados através de análise estatística descritiva
encontrados a fim de representar os resultados em forma de tabelas e gráficos.

Palavras-chave: Esteróides Anabolizantes. Hormônios. Estética. Efeitos


Colaterais. Educação Física.

INTRODUÇÃO

A busca por melhores condições físicas, bom desempenho e estética


vem se multiplicando ao longo dos tempos. Atualmente, o corpo tornou-se alvo
de uma atenção redobrada, para muitos rompe a barreira do exercício físico, e

215
a insatisfação das pessoas com seus resultados tem aumentado.
Recentemente a utilização de esteroides anabolizantes tem sido ampliada por
praticantes de exercícios físicos, com o intuito de modificarem
farmacologicamente seus corpos, visando repercussões de performance e
estética, sem necessariamente terem uma orientação médica.
Os esteroides são hormônios naturais produzidos pelo corpo ou
sinteticamente produzidos em laboratórios, responsáveis pela harmonia das
funções primordiais no organismo. Os hormônios sexuais femininos são
coletivamente chamados de estrógenos, produzidos no ovário e encarregados
de produzir os caracteres sexuais secundários femininos. No homem, os
andrógenos são hormônios produzidos principalmente nos testículos e
responsáveis pelas características sexuais masculinas. Ambos os hormônios
são produzidos nos dois sexos, havendo apenas predominância de um ou
outro na mulher ou no homem. (GUIMARÃES NETO, 1997).
Nos homens o principal hormônio androgênio circulante secretado é a
testosterona, produzido pelos testículos, mais precisamente nas células de
Leydig e são estimuladas pelo hormônio luteinizante (LH) hipofisário que
sintetizam a maior parte da testosterona, sendo responsável pelo
engrossamento da voz, ganho de massa muscular, força, nível de gordura
corporal entre outras funções. Nas mulheres este hormônio também é
sintetizado, entretanto em pequenas quantidades pelas glândulas supra-renais,
sendo provavelmente o principal androgênio sintetizado em ambos os sexos
por vias similares no córtex suprarrenal e no corpo lúteo. No organismo
masculino a testosterona é considerada o hormônio testicular fundamental.
Aproximadamente 95% da testosterona é secretada pelos testículos e 5%
apenas pelas glândulas supra-renais. (REVISTA BRASILEIRA DE CIÊNCIAS
FARMACÊUTICAS, 2004).
Os androgênios são altamente eficazes no uso terapêutico, para
tratamento do hipogonadismo masculino, que é a deficiência de testosterona
em homens. O tratamento dessa deficiência deve ser monitorado quanto á sua
eficácia através da determinação da concentração sérica de testosterona,
tendo como objetivo da administração desses agentes, simular o mais
rigorosamente possível as concentrações séricas normais (GOODMAN;
216
GILMAN, 2012).
Segundo Drinka e Cols (apud GOODAN; GILMAN, 2012), muitos efeitos
colaterais de longo e curto prazo estão relacionados com o uso de hormônios
androgênios, todos suprimem a secreção de gonadotropina quando em altas
doses, ou seja, suprimem a função testicular endógena diminuindo a
testosterona e a produção de espermatozoide, causando redução da
fertilidade. Outros efeitos adversos incluem transtornos psicológicos, calvície,
acne, hipertensão, aumento do colesterol, impotência sexual, ginecomastia
(teta de cadela), virilização em mulheres (pelos na face, engrossamento da voz
e hipertrofia do clitóris) e fechamento prematuro e supressão das epífises.
(GUIMARÃES NETO, 1997).
Diante das citações acima, este trabalho tem como objetivo realizar um
diagnóstico situacional do conhecimento e do uso de anabolizantes pelos
alunos do curso de Educação Física do Centro Universitário Católico Salesiano
Auxilium de Lins (UNISALESIANO), a partir do entendimento de que eles
necessitam de um elevado nível de informação sobre essas substâncias, visto
que serão disseminadores de informações em locais de prática profissional.

OBJETIVOS

O presente trabalho tem como objetivo principal realizar um diagnóstico


situacional sobre o conhecimento e o uso de esteróides anabolizantes pelos
graduandos do curso de Educação Física do Centro Universitário Católico
Salesiano Auxilium de Lins (UNISALESIANO).
Pretendeu ainda:
Analisar o conhecimento geral dos acadêmicos sobre o uso de
esteróides anabolizantes.
Identificar o uso e os efeitos colaterais de esteróides anabolizantes em
acadêmicos do Curso de Educação Física
Contribuir efetivamente para a conscientização de Futuros Educadores
Físicos sobre os riscos efetivos á saúde a partir do uso inadequado dessa
classe de medicamentos.

217
METODOLOGIA

O presente estudo trata se de uma pesquisa de caráter exploratória e


descritiva, com abordagem quantitativa, cujo objetivo principal será identificar o
grau de conhecimento e uso de Esteróides Anabolizantes pelos acadêmicos do
curso de Bacharel em Educação Física, além disso, possui também como
propósito observar, descrever e desbravar novos conhecimentos sobre o
respectivo tema (GIL, 2007, p.41).
Tal pesquisa será realizada nas dependências do UNISALESIANO de
Lins, no presente curso de Educação Física, tendo como critério de inclusão
acadêmicos devidamente matriculados (em torno de 195 alunos) do 1º ao 4º
Ano do respectivo curso e idade mínima de 18 anos. Portanto, considera-se
como critério de exclusão para o estudo, idade inferior a 18 anos, tendo em
vista a impossibilidade de assinar o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido (TCLE).
A pesquisa será realizada através de questionários após aprovação do
comitê de ética e a coleta de dados será realizada em sala de aula. Os
estudantes deverão responder um questionário composto por questões
objetivas e estruturadas, contendo perguntas informativas e opinativas,
elaboradas pelos autores. Os questionários serão distribuídos por meio dos
autores responsáveis pelo trabalho. Inicialmente será realizada uma breve
explicação do estudo e a importância de responder as questões com seriedade
e sobre a participação de forma voluntária na pesquisa, assim, será assinando
o termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE), conforme Resolução
CNS 466/12 (BRASIL, 2012).
Após a coleta dos dados, os resultados serão verificados através de
análise estatística descritiva, onde será construído um banco de dados em
planilha do programa Excel 2010 e os mesmos serão quantificados, para então
serem posteriormente demonstrados em forma de tabelas e gráficos.
Vale ressaltar que após a aprovação deste projeto pela comissão do
PIBIC, o mesmo será submetido para apreciação do Comitê de Ética em
Pesquisa (CEP) com Seres Humanos do Centro Universitário Católico
Salesiano Auxilium (UniSALESIANO), tendo o seu início somente após a
218
aprovação pelo mesmo.

RESULTADOS PRELIMINARES

A atual pesquisa ainda não foi iniciada, portanto não há resultados.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Saúde. Resolução nº


466, de 12 de dezembro de 2012: Diretrizes e normas regulamentadoras de
pesquisa em seres humanos. Brasília: Ministério da Saúde. 2012.

BRUNTON, L.L. (Org). As bases farmacológicas da de terapêutica de


Goodman e Gilman. Tradução Augusto Langeloh et al. 12. ed. Porto Alegre:
AMGH, 2012.

CUNHA. T. S. et al. Esteróides anabólicos androgênicos e sua relação com a


prática desportiva. Revista Brasileira de Ciências Farmacêuticas. Vol. 40,
n.2. abr./jun, 2004. Disponível em: <
http://www.scielo.br/pdf/rbcf/v40n2/05.pdf.> Acesso em: 27 fev. 2017.

GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas,


2007.

GUIMARÃES NETO, W. M. Musculação anabolismo total. Guarulhos: Phorte,


1997.

MATTOS, M.G; ROSSETO JUNIOR, A. J; BLECHER, S. Metodologia da


pesquisa em educação física: construindo sua monografia, artigos e projetos.
3. ed. São Paulo: Phorte, 2008.

MIRANDA, L. S. M; LEAL, I. C. R; BARROS, J. C. A química do amor. São


Paulo: Sociedade Brasileira de Química, 2010. (Coleção Química no Cotidiano,
v.1).

219
OBESIDADE INFANTIL E ATIVIDADE FÍSICA: Artigo de Revisão

Helder Luis de Freitas – helderluisfreitas@gmail.com


Simone Januário Sant'Ana Marcon - sijsantana@hotmail.com
Liana Paula Garcia Scrocchio – liana_paula@hotmail.com
José Maria de Omena – novoze2009@hotmail.com
Graduandos em Educação Física – UniSALESIANO Lins
Prof. Esp. Osvaldo Tadeu Silva Junior – osvaldo.tadeu@gmail.com
Docente - UniSALESIANO Lins

RESUMO

Estudos recentes evidenciam o rápido e preocupante avanço da


obesidade e suas consequências negativas na saúde de crianças e
adolescentes. O objetivo deste trabalho foi investigar na literatura o tema:
obesidade infantil, contemplando sua etiologia, diagnóstico e o efeito da
atividade física como estratégia no combate e controle de peso corporal na
obesidade infantil. Método: Foi realizada uma revisão narrativa da literatura,
utilizando os descritores: obesidade Infantil, diagnóstico, etiologia e atividade
física totalizando 22 artigos. Os bancos de dados científicos eletrônicos
utilizados foram: Portal Caps, Pubmed, Scielo, Bireme, Cochrane e Lilacs, no
período entre os anos de 1997 a 2017. Resultado: Foram encontrados vários
trabalhos dentro do tema, que trazem resultados de programas de atividade
física e diretrizes aplicáveis em nosso meio. Conclusão: as evidências apontam
a atividade física como uma poderosa ferramenta contribuindo na prevenção e
combate a obesidade infantil.

Palavras-chave: Obesidade Infantil. Diagnóstico. Etiologia. Atividade física.

INTRODUÇÃO

Ao longo da história da humanidade, o excesso de peso era considerado


como sinal de fartura e sáude. Durante um período histórico de nossa
evolução, estocar energia em demasia era vantajoso e necessário. A partir da
década de 70, verificou-se um crescimento na industrialização, na produção e
conservação agropecuária de bens não duráveis, tornando o alimento mais
acessível aos menos favorecidos socialmente. Esta evolução foi acompanhada
de uma forte mudança sócio demográfica impactando diretamente de forma
significativa no estilo de vida das pessoas. (CINTRA; PAULI, 2011).
Devido ao negativo desfecho na saúde das pessoas, bem como o
aumento no cenário global e brasileiro durante os últimos 30 anos, a obesidade
220
tem sido alvo de pesquisas por especialistas de diversas áreas da saúde, na
busca da compreensão da etiologia, consequencias e prevenção do problema.
(MASSABKI et al., 2016).
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o excesso de peso
na infância é motivo de grande preocupação, pois pode resultar em uma série
de agravos à saúde física comprometendo a qualidade de vida a longo prazo.
O presente estudo tem como objetivo realizar uma revisão bibliográfica
abordando o tema da obesidade infantil, verificar a etiologia de obesidade
infantil descrita pela literatura, bem como as estratégias da atividade física para
a manutenção de um peso saudável. Desta forma, fornecer subsídios teóricos
para estudantes, profissionais, poder público e leigos, visando abordar o
problema da obesidade e por outro lado apresentar a atividade física como
uma opção de ferramenta para seu controle e prevenção.

METODOLOGIA

Trata-se de um estudo de revisão narrativa da literatura, cujo conteúdo


tem papel relevante para a educação, fornecendo ao leitor informações sobre a
temática de forma específica em um curto período de tempo, que permitam a
reprodução dos dados de forma qualitativa. Este trabalho foi realizado pelos
alunos do grupo de estudo "Obesidade e Diabetes" do Centro Universitário
Católico Salesiano Auxilium de Lins. As perguntas da pesquisa foram: Qual a
etiologia, diagnóstico e como controlar o peso na infância? Qual o efeito da
atividade física no combate e controle de peso na obesidade infantil?
A busca de artigos foi desenvolvida com produção científica indexada
nas seguintes bases eletrônicas de dados: Portal Caps, Pubmed, Scielo,
Bireme, Cochrane e Lilacs, utilizando os descritores: Obesidade Infantil,
diagnóstico, etiologia e atividade física.
O foco de abrangência temporal compreende ao período entre os anos
1997 a 2017. Os critérios de inclusão foram focados em: revisões sistemáticas,
artigos de pesquisa e estudos de caso em periódicos relacionados a educação
física. Inicialmente foram encontrados 1700 artigos científicos em língua
portuguesa, inglesa e espanhola relacionados ao tema, sendo selecionados 22
221
artigos com publicações entre os anos de 1992 a 2016. Os artigos foram
analisados com o objetivo de se obter uma melhor compreensão sobre o tema
de forma cientifica

1 OBESIDADE INFANTIL

A obesidade infantil é um problema que assusta cada vez mais pelos


seus elevados índices no mundo e principalmente no Brasil. De acordo com o
levantamento realizado pela da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e
Metabologia (SBEM), os dados são alarmantes nas últimas três décadas
evidenciando que, entre 1975 e 1997, o quadro de obesidade no Brasil
aumentou de 8 para 13% em mulheres, 3 para 7% em homens e de 3 para
15% em crianças. (FLORES et al., 2013).
A população brasileira está passando por uma transição nutricional,
como resultado o quadro de subnutrição está diminuindo e por outro lado o
sobrepeso e a obesidade infantil estão aumentando conforme a figura 1.

Figura 1: Prevalência de Baixo Peso, obesidade e sobrepeso no Brasil

50 Prevalência de Baixo Peso, Sobrepeso e Obesidade no Brasil 2009


- 2011
40
PREVALÊNCIA %

12,2
30
5,6
20
22,4
21,1
10

1,7 4
0
Meninos 7 a 10 Meninas 7 a 10

Baixo Peso Sobrepeso Obesidade

Fonte: Flores et al., 2013

Segundo estudos de grande relevância para a compreensão do impacto


da obesidade no organismo humano conduzidos por Kopelman (2000) e Bray
(2004), a obesidade influência de forma negativa diversos fatores fisiológicos
que frequentemente são encontrados associados na base de problemas como
222
diabetes mellitus do tipo II, doenças coronarianas, aumento da incidência de
determinados tipos de câncer, problemas respiratórias, osteoartrite, além de
problemas biomecânicos. (GOULDING et al., 2000).
Diante deste cenário preocupante, levando a enfermidade de uma
grande parcela de crianças e adolescentes no Brasil e no mundo, ações de
combate a obesidade infantil tem sido realizadas com o objetivo de frear o
avanço desta epidemia. Um bom exemplo é o "Plano de ação para a
prevenção de obesidade em crianças e adolescentes", criado pela Organização
Pan-americana de Saúde (OPAS), uma organização internacional
especializada em saúde da qual faz parte o Brasil. Outra ação política
importante é realizada pelo Ministério da Saúde denominada "Política Nacional
de Alimentação e Nutrição (PNAN)", composta por nove diretrizes que
atualmente servem de referência para as ações do Sistema único de Saúde
(SUS). (YAMAGUCHI et al., 2016).
Porém, somente ações de Política não implicam diretamente na saúde
da população, é necessário também o desenvolvimento de mecanismos de
incentivo a prática de atividade física e de pesquisas na área para a
contribuição na saúde da população infantil, assim abranger o conhecimento
sobre a produção científica da obesidade infantil e atividade física se torna
importante.

2 ETIOLOGIA

Diante do cenário atual de obesidade infantil, torna-se essencial


compreender os fatores no cerne deste problema, afim de melhor compreender
suas origens, bem como desenvolver estratégias de prevenção e combate. O
sedentarismo infanto-juvenil é muito mais notado no contexto social atual, já
que são raros os lares em que a tecnologia não faça parte do cotidiano, e
relacionado a esse fator observa-se a insegurança dos pais em proporcionar
ambientes externos aos filhos devido ao aumento crescente da criminalidade.
Em grandes centros urbanos somando-se a isso, as horas que as
crianças e adolescentes passam em frente à TV, jogos eletrônicos e
computadores, diminui consideravelmente a prática de atividade física ao
223
mesmo tempo em que se proporciona um ambiente monótono que acomoda.
A obesidade é definida como uma patologia crônica que se caracteriza
pelo acúmulo e aumento de gordura corporal, sua causa está relacionada a
vários fatores, como hábitos alimentares, herança genética, estilo de vida
familiar, sedentarismo e fatores psicológicos. (SOARES et al., 2012). Ainda
segundo o autor, sobre o processo de obesidade infantil, o consumo excessivo
de alimentos industrializados que são ricos em gorduras saturadas, calorias,
açúcares e colesterol, se torna muito presente no dia-a-dia de crianças e
adolescentes, por serem de fácil acesso e manipulação, embalagens
chamativas e sabores agradáveis.
Outro fator determinante é apontado por Hernandes; Valentini (2010)
relacionando o ambiente familiar, incluindo os hábitos do comportamento dos
membros da família, a hereditariedade, gestação e fatores pós-natais, fatores
que estão ligados diretamente às características morfológicas do
desenvolvimento, onde a probabilidade de uma criança obesa se tornar um
adulto obeso é grande, ou seja, filhos de pais obesos, as chances são de até
90% e filhos de pais magros as chances de obesidade da criança caem para
10%.
Para Bravin et al. (2015), fortes fatores genéticos e hormonais são
apontados como causadores de desequilíbrios celulares, disfunções das
atividades cerebrais diretamente ligados à fome, saciedade, apetite e balanço
energético corporal.
Apresenta-se um gene CLOCK (Circadian Locomotor Output Cycles
Kaput) responsável por parte das causas da obesidade pediátrica, porém,
interações genéticas dificultam o trabalho, nesse sentido, os estudos não
obtiveram resultados significativos, que motivam a comunidade científica
recrutar esforços para relacionar atividade genética com obesidade. Apesar
destas afirmações, destaca-se a relação entre atividade física e obesidade,
sendo estes os fatores responsáveis pelo desequilíbrio no balanço energético,
em que a obesidade infantil não compromete diretamente a prática de esportes
em si, mas interfere nos aspectos como flexibilidade, velocidade e equilíbrio.
Um estudo realizado por Hernandes; Valentini (2010), através de fontes
impressas e eletrônicas da literatura informações com o objetivo de investigar a
224
prevalência de sobrepeso e obesidade em crianças e adolescentes, a atividade
física apresenta-se como uma ferramenta eficiente na redução e combate do
excesso de peso corporal. Apesar de varias causas terem sido identificadas, a
elevada ingestão alimentar e os baixos níveis de atividade física são
consideradas como as mais impactantes alterando diretamente o balanço
energético, resultando no fenótipo de sobrepeso e obesidade em crianças e
adolescentes.
Em outro estudo de revisão bibliográfica cujo objetivo foi analisar a
obesidade infantil e suas consequências, foram encontrados e analisados dez
artigos utilizando os descritores: enfermagem, obesidade, criança e fatores de
risco. Os resultados encontrados apontam uma ingestão alta em alimentos
ricos em carboidratos e gordura, pouco tempo despendido em atividade física
associado ao alto tempo de atividade que proporcionam inatividade física
caracterizada pelo uso excessivo de vídeo game e televisão, conduzindo
inevitavelmente ao quadro de sedentarismo. (SOARES et al., 2012).
As pesquisas etiológicas da obesidade infantil seguem as perspectivas
de comportamento social, biológico, estrutural e nutricional dos indivíduos,
sendo que, são notórias as relações diretas ou indiretas desses fatores. Vários
fatores podem ser considerados relevantes como causa da obesidade e
sobrepeso infantil, como por exemplo, fatores de comportamento, quantidade
de calorias ingeridas, a falta de atividade física suficiente ao balanço
energético, a industrialização alimentícia rico em gorduras e os ambiente
tecnológico que acomoda.

3 DIAGNÓSTICO

Compreender o perfil nutricional de crianças e adolescentes pode ser


estratégia importante para nortear o desenvolvimento de ações na saúde
pública. Estudos da população através de acompanhamento do índice de
massa corporal (IMC) tem se estabelecido como um importante método
diagnóstico para avaliação do perfil nutricional, atualmente reconhecido pelos
nos principais órgãos de saúde mundiais, como a Organização Mundial da
Saúde (OMS) e o Center for Disease Control and Prevention (CDC). (FLORES
225
et al., 2013).
O Índice de Massa Corpórea (IMC) é o meio clássico utilizado para a
classificação da obesidade em adultos, porém utilizar o mesmo método em
crianças e adolescentes é equivocado. Durante a infância a obesidade é
diagnosticada através da avaliação do peso atual observado em relação ao
peso esperado para altura, o critério de diagnóstico para obesidade é
encontrado quando o peso é maior que 120% do peso esperado. Como
exemplo, no ano de 2009 o Ministério da Saúde do Brasil adota as curvas
desenvolvidas pela OMS no ano de 2007 (Figuras 2 e 3), que incluem curvas
de IMC de crianças entre 5 e 19 anos de idade e consideram os pontos de
corte os percentis acima de 85 para sobrepeso e 97 para obesidade (Tabela 1).
(CALLIARI, 2010).

Figura 2: Gráfico do percentil do IMC para meninas com idade entre 5 e 19


anos. (OMS, 2007)

Fonte: Ministério da Saúde, 2009

226
Figura 3: Gráfico do percentil do IMC para meninos com idade entre 5 e 19
anos. (OMS, 2007)

Fonte: Ministério da Saúde, 2009

Tabela 1: Valores de referência para diagnóstico do estado nutricional


utilizando as curvas de IMC para idade da Organização Mundial da Saúde.
VALOR ENCONTRADO NA CRIANÇA DIAGNÓSTICO NUTRICIONAL
< Percentil 0,1 Magreza acentuada
≥ Percentil 0,1 e < Percentil 3 Magreza
≥ Percentil 3 e < Percentil 85 Eutrofia
≥ Percentil 85 e < Percentil 97 Sobrepeso
≥ Percentil 97 e ≤ Percentil 99,9 Obesidade
> Percentil 99,9 Obesidade Grave
Fonte: Calliari, 2010

4 ESTRATÉGIA DA ATIVIDADE FÍSICA PARA MANUTENÇÃO DO


PESO SAUDÁVEL

A atividade física de intensidade moderada e vigorosa composta por


exercícios do sistema energético aeróbio e anaeróbio principalmente de caráter
lúdico aliada a uma dieta saudável, é uma das estratégias para manutenção do
peso saudável em crianças e adolescentes obesos, proporcionando assim
melhoria na qualidade de vida nas esferas física, social e psicológica.
227
Poeta et al. (2012) realizaram um estudo para analisar os efeitos de um
programa de exercício físico predominantemente composto por atividades
lúdicas de intensidade moderada a vigorosa e acompanhamento nutricional
sobre a composição corporal e aptidão física de crianças obesas em crianças
com idades entre 8 e 11 anos. Nos resultados dos testes, verificou-se que o
grupo que se exercitou apresentou melhora significativa no índice de massa
corporal, nas dobras cutâneas, no perímetro do braço e aumento na estatura.
Porém, o grupo controle apresentou aumento da massa corporal, da
estatura, do perímetro abdominal, das dobras cutâneas e no perímetro do
braço. Assim, os autores concluíram que os efeitos positivos na composição
corporal e no desempenho em testes de aptidão física foram melhores nas
crianças que realizaram o programa de exercício.
Baruki et al. (2006) realizaram um estudo com 403 escolares de sete a
10 anos de idade, de ambos os sexos da Rede Municipal de Ensino de
Corumbá (MS), com objetivo de verificar a associação entre o estado
nutricional e o padrão de atividade física. O estudo considerou com risco de
sobrepeso e sobrepeso as crianças com percentiis de IMC < 85 para
sobrepeso e < 90Kg/m 2 para obesos, respectivamente. O índice de atividade
física foi determinado por meio de questionário elaborado pelos autores do
estudo, através de dados sobre a duração (minutos), intensidade (equivalente
metabólico) e gasto calórico (kcalorias) das atividades físicas ativas e
sedentárias.
Foi encontrado prevalência de 6,2% e 6,5% para risco de sobrepeso e
sobrepeso, respectivamente, com predominância para meninas. A
predominância das atividades físicas realizadas pelas crianças foi leve (< 3
METs) seguida pela moderada (3 a 6 METs) e nenhuma atividade física
vigorosa (> 6 METs). Observou-se que quanto maior a idade, menor o tempo
despendido nas atividades físicas ativas, e que crianças eutróficas são mais
ativas, praticam atividades físicas mais intensas e gastam menos tempo
assistindo televisão e jogando videogames do que as crianças com sobrepeso.
Os dados mostram a importância em promover mudanças no estilo de vida
contribuindo para a diminuição do risco de sobrepeso e obesidade através da
atividade física.
228
Quanto ao tipo de exercício, foram verificados os efeitos do exercício
físico aeróbio contínuo e anaeróbio intermitente associado à orientação
alimentar sobre a composição corporal, as medidas bioquímicas e a
capacidade física de adolescentes obesos. Para a pesquisa foram recrutados
28 adolescentes divididos em dois grupos: exercício de caminhada contínua
(GEC; n = 13) e exercício de corrida intermitente (GEI; n = 15) e submetidos a
uma intervenção através de treinamento físico três vezes por semana durante
16 semanas com duração entre 20 e 40 minutos.
A orientação nutricional aconteceu uma vez por semana durante todo o
tempo de intervenção. Foram realizadas, coletas pré e pós, medidas de peso e
altura, pregas subcutâneas, circunferências do braço (CB) e muscular do braço
(CMB), composição corporal por bioimpedância elétrica, análises bioquímicas
séricas (glicemia e lipídios) e determinação direta de consumo máximo de
oxigênio (VO2max) e limiar anaeróbio (LAn). Como resultados antropométricos,
foram observados diminuição do IMC e das pregas cutâneas com diferença
significativa nos dois grupos (GEC e GEI). Na avaliação bioquímica, houve
diminuição significativa nos níveis séricos de HDL e LDL, colesterol total, e
aumento do triglicérides e glicemia no GEC, embora mantendo-se dentro dos
valores de normalidade.
No GEI, o HDL e triglicérides tiveram diminuição significativa. O VO2max
aumentou estatisticamente nos dois grupos. Concluiu-se que a atividade física
proposta e a orientação alimentar, tanto para o GEC quanto para GEI, foram
suficientes e satisfatórias, promovendo diminuição ponderal, melhora da
composição corporal, dos níveis lipídicos e aumento na capacidade aeróbia
dos adolescentes. (SABIA et al., 2004).
Em outro estudo Souza et al. (2016) avaliaram 91 estudantes de ambos
sexos com idade 9,6±1,4 anos, peso 38,9±9,7Kg e estatura 1,4±01m. Foram
realizadas avaliações de peso corporal, índice de massa corporal (IMC),
percentual de gordura (%G), relação cintura/altura (RCA) e aplicação de
questionário sobre atividades diárias. Os resultados para meninos e meninas
foram: IMC peso ideal (70% e 56%), sobre peso (25% e 35%) e obesidade (5%
e 9%); %G ótimo (87% e 46%), moderadamente alto (10% e 24%), alto (3% e
21%) e muito alto (0% e 9%); RCA normal (90% e 85%) e risco (10% e 145%).
229
Em relação aos níveis de atividade diária, os valores apresentados em valores
médios ± (DP) de atividades de repouso e físicas em horas/semana: TV
(18,2±10,5 e 17,8±9,2), internet (12,2±11,8 e 11,8±10,5), estudo (18,5±10,2 e
17,8±12,1) e total (48,9±18,2 e 47,4±18,2). Atividades físicas lazer 20,6±11,9 e
18,5±11,4); esportes (1,6±1,5 e 1,5±1,4), Educação física (1,9±0,4 e 1,8±0,4) e
total (24,1±12,0 e 21,8±11,6).
Foi possível concluir uma relação positiva entre sedentarismo com %G e
RCA e que os voluntários neste estudo apresentavam uma elevada incidência
de tempo despendido em atividades de repouso, representando um estilo de
vida sedentário contribuindo para o sobrepeso e obesidade.
Em uma revisão de literatura Pedrett et al. (2016) realizaram uma
extensa pesquisa em bases de dados eletrônicas online foi realizada na
Medline, Science Direct, LILACS, Scholar Google, Scopus e SPORTDiscus.
Nove estudos foram incluídos, com um total de 214 participantes praticantes de
futebol recreativo foram considerados. O objetivo foi revisar o efeito dos
programas de futebol recreativo (PFR) na prevenção e tratamento da
obesidade e suas comorbidades em crianças e adolescentes. Os resultados
apontam que o PFR estudado foi capaz de melhorar a porcentagem de gordura
corporal, fatores de risco metabólicos e aspectos relacionados do bem-estar
psicológico de crianças com sobrepeso e obesidade.
Foram encontradas evidências de que a pratica do futebol recreativo
pode representar uma opção eficaz e acessível para a prevenção e tratamento
da obesidade e suas comorbidades associadas em crianças e adolescentes.
Em um estudo de revisão da literatura realizado por Paes e
colaboradores (2015), a respeito dos efeitos do exercício físico sobre diferentes
variáveis metabólicas da obesidade infantil, foram utilizadas pesquisas das
bases de dados Pubmed e Web of Science com descritores: obesidade,
criança obesa, obesidade infantil, exercício e atividade física de estudos
publicados entre 2010 e 2013. Os autores concluíram que a prática de
exercícios físicos se mostra capaz de promover adaptações positivas sobre a
obesidade infantil e atuar como coadjuvante na sua prevenção e tratamento, e
seu benefício varia de acordo com o exercício utilizado. Os principais efeitos
proporcionados pelos exercícios estão ligados principalmente à melhora do
230
perfil lipídico, hemodinâmica, autonômica, melhoria da composição corporal,
mobilização dos substratos energéticos e a ativação metabólica.
Segundo Schubert et al. (2016), estudos apontam um parâmetro para a
pratica de atividade física na infância e adolescência de 60 minutos de
atividade física de forma moderada 5 vezes na semana, capaz de totalizar no
mínimo 300 minutos de atividade física na semana. No estudo conduzido pelos
autores, os dados encontrados de baixos níveis de atividade física em crianças
e adolescentes, corroboram com outras pesquisas mostrando que o
sobrepeso e obesidade em adolescentes é resultado do desequilíbrio entre os
baixos níveis de atividade física e excesso de consumo de alimentos
excessivamente calóricos.
Diante das evidências observadas, fica clara a importância da atuação
do profissional de educação física neste contexto, desenvolvendo um trabalho
de conscientização e utilizando estratégias práticas de atividade física para o
combate e prevenção do sobrepeso e obesidade.

CONCLUSÃO

O objetivo desse artigo foi realizar uma revisão narrativa sobre o tema
obesidade infantil, diagnóstico e fatores que a influenciam, chamando atenção
para a atividade física como ferramenta para manutenção do peso saudável,
trazendo para um âmbito da didática os benefícios do exercício no contexto da
prevenção ao sobrepeso e obesidade infantil.
No contexto da saúde, se torna relevante identificar os efeitos da
atividade física, a fim de evidenciar seus desfechos, minimizando possíveis
prejuízos na saúde de crianças e adolescentes. Contribuir com base para
novas estratégias do poder público do município de Lins, através do fomento à
atividade física através de projetos esportivos em diversos bairros da cidade
por exemplo.
Conclui-se que as evidências apontam a atividade física como uma
poderosa ferramenta, capaz de contribuir na prevenção e combate a obesidade
infantil.

231
REFERÊNCIAS

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YAMAGUCHI, M.U.; BERNUCI, M.P.; PAVANELLI, G.C. Produção científica


sobre a Política Nacional de Promoção da Saúde. Ciênc. saúde coletiva, Rio
de Janeiro, v. 21, n. 6, p. 1727-1736, June 2016.

233
OBESIDADE, EXERCÍCIO FÍSICO, ALIMENTAÇÃO E QUALIDADE DE VIDA

Michelle Saucedo Tessarolli - michellestessarolli@gmail.com


Gabriela da Silva Ferraz - biih_ferraz@hotmail.com
Danilo Rodrigo Dezotti - drd013@gmail.com
Graduandos em Educação Física – UniSALESIANO Lins
Prof. Me. Leandro Paschoali Rodrigues Gomes - hilinho@unisalesiano.edu.br
Docente UniSALESIANO Lins

RESUMO

No Brasil a obesidade é um dos maiores problemas da população. Sua


principal característica é o excesso de gordura corporal, causado na maior
parte por um grande consumo calórico sendo superior a seu gasto energético,
tendo o individuo obeso com o maior índice de problemas de saúde. Os
pacientes obesos apresentam déficit de movimento, estão sujeitos a infecções,
além de doença como diabetes, hipertensão arterial sistêmica, câncer e
doenças cardíacas e vasculares. Isso tudo mostra que a obesidade é um fator
de risco para uma série de doenças ou distúrbios. Para o diagnóstico em
adultos, o parâmetro utilizado mais frequente é o do índice de massa corporal
(IMC). A base do tratamento para a obesidade são mudanças no estilo de vida,
como reeducação alimentar, exercícios físicos e Objetivo desse artigo busca
avaliar a viabilidade do exercício físico como ferramenta para amenizar as
consequências da obesidade e melhorar a qualidade de vida do paciente
obeso através de uma revisão bibliográfica.

Palavras-chave: Obesidade. Saúde. Exercício físico.

INTRODUÇÃO

A obesidade vem sendo uma epidemia mundial em todo mundo, é


caracterizada um distúrbio que envolve excesso de gordura corporal,
aumentando o risco de problemas de saúde no indivíduo (POPKIN; DOAK,
1998). Para o diagnóstico em adultos, o parâmetro utilizado mais comumente é
o do (IMC) índice de massa corporal. (BLUMENKRANTZ, 1997).
A obesidade é uma doença crônica, sendo provavelmente o mais antigo
distúrbio metabólico que afeta um número elevado de pessoas por todo o
mundo (BLUMENKRANTZ, 1997), é causada quase sempre por um consumo
excessivo de calorias na alimentação, superior ao valor usado pelo organismo
para sua manutenção e realização das atividades do dia a dia, ou seja, a
obesidade acontece quando a ingestão alimentar é maior que o gasto
234
energético correspondente, podendo destacar o excesso de energia e
principalmente de lipídios favorecendo o aumento da adiposidade. (BRAY,
2017; ROLLS; SHIDE, 1992).
Quando você ingere mais calorias do que gasta, você ganha peso, e
estar acima do peso tornou-se uma condição depreciativa em nosso meio,
sendo sinônimo de ociosidade, excesso alimentar e até de descaso com a
saúde, muitas são as causas da obesidade, ela pode estar associada a
predisposição genética, hábitos alimentares, disfunções endócrinas entre
outras doenças. (NIEMAN, 1999).
Os pacientes obesos apresentam limitações de movimento, tendem a
ser contaminados com fungos e outras infecções de pele em suas dobras de
gordura, com diversas complicações, podendo ser algumas vezes graves. Além
disso, sobrecarregam a coluna e membros inferiores, apresentando, em longo
prazo, degenerações (artroses) de articulações da coluna, quadril, joelhos e
tornozelos, além de doença varicosa superficial e profunda (varizes) com
úlceras de repetição e erisipela, isso tudo mostra que a obesidade é um fator
de risco para uma série de doenças ou distúrbios. (NIEMAN, 1999).
A base do tratamento para a obesidade são mudanças no estilo de vida,
como dieta e exercícios físicos, mas os exercícios para os obesos só geram
resultados se praticados da forma correta. (AMATO, 1997).
Segundo Forbes (1992), o primeiro passo antes de começar a praticar
atividades físicas é entender que o emagrecimento deve ser gradual e
saudável. Seguir dicas de dietas por internet ou exercícios radicais e intensos
não é o caminho certo. Para perder peso com saúde, é preciso te
uma alimentação equilibrada e realizar os exercícios indicados para cada caso.
Em geral, os exercícios mais recomendados para obesos são os aeróbios,
como caminhar, correr, andar de bicicleta, nadar e dançar, pois apresentam
um gasto calórico mais elevado. Como eles provocam uma queima maior de
gordura corporal, esses exercícios acabam tendo um resultado mais eficiente e
rápido na perda de peso. (ARENA, 2009; CYRINO; NARDO, 1996).
Objetivo desse artigo busca avaliar a viabilidade do exercício físico como
ferramenta para amenizar as consequências da obesidade e melhorar a
qualidade de vida do paciente obeso através de uma revisão bibliográfica.
235
1 OBESIDADE

O peso do corpo humano é a somatória de ossos, músculos e gorduras,


ocorrendo variações de um individuo para o outro, causado pelos
comportamentos dos mesmos, através do crescimento, envelhecimento,
alimentação, exercício físico e doenças. (BOUCHARD, 1991).
Há uma diferença que deve ser alertada entre excesso de peso e
obesidade. No diagnostico de excesso de peso, existe casos que são
considerados pesados por conta da quantidade muscular e o peso dos seus
ossos, denominado como massa magra corporal e não por excesso de camada
adiposa em seu corpo, não comprometendo a sua saúde. Em casos de
confirmação de obesidade encontra-se alto grau de gordura corporal, sendo
prejudicial à saúde do individuo. (GUEDES; GUEDES, 1995).
A falta de tempo para realização da pratica de exercícios físicos, gera
agravantes ao individuo causado pela má alimentação e pelo estresse de sua
rotina, o longo período da jornada de trabalho diária desproporciona horas
vagas para cuidar de sua saúde o que acarretara doenças crônicas
degenerativas e também obesidade. (KRAVCHYCHYN et al., 2007).
Segundo Barbosa (2012), acúmulo de gordura corporal causa a
obesidade, podendo assim através do Índice de Massa Corporal (IMC) causar
risco a saúde, levantando informações quando os níveis de obesidade na qual
a pessoa se encontre. O IMC é divisão do peso em quilogramas por altura ao
quadrado. O Quadro 1, a seguir, orienta com base no IMC a classificação do
tipo de obesidade e o risco que pode causar na saúde dos indivíduos.

Quadro 1: Classificação do Tipo de Obesidade quanto ao IMC


IMC (Kgm) Classificação Risco para a saúde
Menos que 18,5 Baixo peso Baixo a moderado
18,5 – 24,9 Faixa recomendada Muito baixo
25,0 – 29,9 Sobrepeso Baixo
30,0 – 34,9 Obesidade I Moderado
35,0 – 34,9 Obesidade II Alto
40,0 ou mais Obesidade III Muito alto
Fonte: NAHÁS, 1999.
236
1.1 Tipos de obesidade

A obesidade vem sendo considerada uma epidemia mundial, tanto nos


países mais desenvolvidos como nos menos desenvolvidos ela é
provavelmente o mais antigo distúrbio metabólico, sendo recentemente
considerada a desordem nutricional mais importante nos países desenvolvidos,
o aumento da mesma está sendo distribuídas em quase todas as raças e
sexos, atingindo crianças, adolescentes e principalmente a população de 25 a
44 anos. (FRANCISCHI et al., 1999).
O problema importante para a saúde pública está sendo representado
principalmente pela obesidade, por conta do aumento acelerado em suas
associações e prevalências, sendo afetados adversos á saúde cardiovascular e
metabólica, em idades e quantidades cada vez mais precoces. (COSTA;
VASCONCELOS; FONSECA, 2014).
O excesso de gordura está sendo um dos maiores problemas de saúde
em diversos países. A obesidade é um problema de abrangência pela
Organização Mundial da Saúde pelo fato de atingir diversas pessoas, e ser a
causa de vários tipos de doenças, fazendo com que haja morte prematura e
desvantagens aos indivíduos com obesidade. (BARBOSA, 2006).

1.2 Causas da obesidade

As condições de vida dos indivíduos variam de acordo com as escolhas


determinadas por si a serem seguidas, podendo optar em terem hábitos
saudáveis ou não. Os componentes ditos como saudáveis por Gonçalves
(2004) são hábitos alimentares que respeitam necessidades biológicas
distribuídos em alimentos nutritivos (vitaminas, minerais, água, carboidratos,
proteínas e lipídeos) dividido em refeições durante o dia e realizações de
atividades físicas dedicadas ao lazer não sedentário.
A obesidade é um grupo heterogêneo de condições com múltiplas
causas que em última análise resultam no fenótipo de obesidade. Os princípios
mendelianos e a influência do genótipo na etiologia desta desordem podem ser
atenuados ou exacerbados por fatores não-genéticos, como o ambiente
237
externo e interações psicossociais que atuam sobre mediadores fisiológicos de
gasto e consumo energético. (JEBB, 1997).
Por critérios da Organização Mundial da Saúde (OMS) a ocorrência da
obesidade nos indivíduos pode ser refletida a interação entre fatores dietéticos
e ambientais com uma predisposição genética. Portanto, existem poucas
evidências de que algumas populações são mais suscetíveis à obesidade por
motivos genéticos, fazendo com que sejam reforçados os fatores
alimentares em especial a dieta e a atividade física responsáveis pela diferença
na prevalência da obesidade em diferentes grupos populacionais.
(FRANCISCHI et. al., 1999).
Dentre todos os fatores alimentares, pode-se destacar o excesso de
energia e de lipídeos, favorecendo o aumento da adiposidade (ROLLS;
SHIDE,1992). Outro aspecto alimentar é a frequência alimentar, já que os
indivíduos que consomem maior número de pequenas refeições ao longo do
dia apresentam peso relativamente menor do que aqueles que consomem
número menor de grandes refeições (JEBB, 1997). Há também evidências
sugerindo forte influência genética no desenvolvimento da obesidade, acredita-
se que esses fatores possam estar relacionados ao consumo e gasto
energético, o controle do apetite e o comportamento alimentar também sofrem
influência genética. (FRANCISCHI, et. al., 1999).
Um certo número de desordens endócrinas também podem conduzir à
obesidade, como por exemplo o hipotireoidismo e problemas no hipotálamo,
hipogonadismo em homens e ovariectomia em mulheres, Hipertensão, doenças
cardiovasculares, neoplasias problemas pulmonares, artrites, disfunções
endócrinas e disfunção da vesícula biliar. (FRANCISCHI, 2000).
Problemas psicológicos também estão associados ao ganho de peso,
como por exemplo, estresse, ansiedade e depressão (JEBB, 1997),
influenciando principalmente o comportamento alimentar (STUNKARD;
WADDEN, 1992).
A distribuição de gordura pelo corpo vem representando um papel
importante como fator de risco. A concentração de gordura no abdômen pode
elevar o risco de doenças isquêmicas cardíacas e diabetes do que a
concentração elevada nas regiões periféricas, atualmente a alimentação do
238
mundo modificou de alimentos frescos para uma dieta rica em alimentos
frescos, vegetarianos, para uma dieta farta de alimentos processados,
refinados e de origem animal, fazendo com que as calorias e gorduras em
excesso, muito açúcar e sal refinados e pouco amido e fibras seja ingerida
cada vez mais. (BARBOSA, 2012).
Existe oito problemas importantes associados a obesidade: dificuldade
emocional, aumento da osteoartrite, aumento da incidência de hipertensão,
aumento dos níveis de colesterol e de outras gorduras do sangue, aumento do
diabete, aumento de doenças cardíacas, aumento do câncer e aumento de
morte prematura. (NIEMAN, 1999).
Os agentes promotores da obesidade são hormonais, hereditários,
ingestão excessiva de alimentos e os baixos níveis de atividade física. Destes,
na maioria dos casos, os fatores de estilo de vida (alimentação e atividade
física) representam a combinação mais efetiva para o controle de peso e o
desequilíbrio é a principal causa do crescente índice de sobrepeso (IMC>25)
observado em nossa população. (BARBOSA, 2012).
Os fatores são: genéticos, nutricionais, endócrinos, hipotalâmicos,
farmacológicos, a administração de insulina, glicocorticoides e castração e o
sedentarismo, isso pode afirmar que o excesso de peso são problemas
interdependentes e que podem ser combatidos através de um estilo de vida
ativo fisicamente. (POLLOCK; WILMORE, 1993).
O excesso de gordura corporal está sendo relacionada ao aparecimento
de inúmeras disfunções metabólicas e funcionais, tornando-se um problema
atual de saúde pública (McARDLE, 2011).
Para Hauner (1990), indivíduos com excesso de gorduras, geralmente
apresentam elevados níveis de pressão sanguínea e lipídeos sérios, existindo
várias consequências da obesidade: insuficiência cardíaca, diabetes,
arteriosclerose, hipertensão cardíaca e aumento da mortalidade, assim um
excesso de peso de 4.5 Kg aumenta a porcentagem de mortalidade em torno
de 8; um excesso de peso de 9 Kg aumenta a porcentagem de mortalidade em
18 e assim por diante.

2 EXERCÍCIO FÍSICO E ALIMENTAÇÃO X OBESIDADE


239
As condições de vida dos indivíduos variam de acordo com as escolhas
determinadas por si a serem seguidas, podendo optar em terem hábitos
saudáveis ou não. Os componentes ditos como saudáveis por Gonçalves
(2004) são: hábitos alimentares que respeitam necessidades biológicas
distribuídos em alimentos nutritivos (vitaminas, minerais, água, carboidratos,
proteínas e lipídeos) dividido em refeições durante o dia e realizações de
atividades físicas dedicadas ao lazer não sedentário.

2.1 Dieta

Muitos tratamentos para a obesidade envolvem a restrição da ingestão


energética total, uma das formas de alcançar o déficit energético e reduzir o
peso corporal. A dieta para redução de peso deve limitar a ingestão total
energética. Dietas que restringem severamente o consumo energético, bem
como jejuns prolongados, são cientificamente indesejáveis e perigosos para a
saúde, resultando em perdas de grandes quantidades de água, eletrólitos,
minerais, glicogênio e outros tecidos isentos de gordura, com mínima redução
de massa adiposa. (FRANCISCHI, et al., 1999).
A quantidade adequada de fibras alimentares tem importante função na
dieta para redução de obesidade, tais como: redução na ingestão energética;
aumento no tempo de esvaziamento gástrico; diminuição na secreção de
insulina; aumento na sensação de saciedade; redução na digestibilidade;
redução no gasto energético e aumento na excreção fecal de energia
(RÖSSNER, 1992).
Dietas ricas em fibras podem contribuir também para a minimização dos
problemas de doenças cardiovasculares, devido à redução do colesterol
plasmáticos e da LDL, provavelmente há interferência dessas fibras no
metabolismo dos esteroides, que começa no trato gastrintestinal, essa
interferência pode ser ocorrida por serem as fibras pouca digeridas e
absorvidas pelo organismo humano, aumentando a excreção fecal de
colesterol presente nos ácidos biliares. (TRUSWELL; BEYNEN, 1992).
Os indivíduos submetidos a essas dietas hipocalóricas sofrem
mudanças adaptativas que ocorrem em resposta à limitação no consumo
240
energético para permitir o prolongamento da vida do indivíduo. À medida que o
consumo energético é restrito, o gasto energético diminui, levando à redução
da perda de peso com o tempo, em consequência de mudanças na
composição corporal. (SHETTY, 1990).
Recomenda-se que a perda de peso deve ser resultado da máxima
redução de gordura corporal e de mínima perda de massa magra,
representando sucesso na manutenção do peso perdido, tendo poucos riscos
de desnutrição e de complicações médicas. (FRANCISCHI et. al., 1999).
Apenas com dieta hipocalórica, isso é pouco provável: o estudo realizado por
Hill (1987) demonstrou que indivíduos sedentários consumindo 800 kcal/dia
durante 5 semanas perderam 8,2 ± 0,5% de seu peso corporal inicial, sendo
que 57 ± 4% desse total perdido foi de gordura e 43 ± 4% foi de massa magra.
Mostrando que um tratamento que previna ou mesmo que diminua esse efeito
oferece vantagem frente aos demais, a inclusão de exercícios físicos pode ser
favorável nesse sentido. (RACETTE, 1995).

2.2 Exercícios físicos

O exercício físico resulta em benefícios para o organismo, realizando


uma melhora na capacidade cardiovascular e respiratória, diminuindo a
pressão arterial em hipertensos, melhorando na tolerância à glicose e na ação
da insulina (DENGEL et al., 1998). Indivíduos que praticam atividades físicas e
com peso o peso acima do normal apresentam uma probabilidade menor de
riscos a patologias decorrentes a obesidade e morte que os sedentários, por
maior sensibilidade à insulina e melhora na utilização da glicose, e no
metabolismo da gordura. (OSHIDA et al., 1989).
O exercício contribui para a diminuição de peso através do balanço
energético negativo. (MELBY, COMMERFORD, HILL, 1993).
Entretanto, atingir níveis superiores de gasto de energia durante a
pratica de atividade física recomenda-se para pessoas treinadas, devido a alta
intensidade e grande volume. Por isso, a alimentação correta é mais eficiente
para produzir déficit energético do que o exercício físico (SARIS, 1995), mas
não se deve solicitar para uma pessoa que não pratica atividade física, no
241
início de um programa de atividade física alcançar o mesmo gasto energético
induzido pela dieta hipocalórica é irreal, mas não significa que o exercício
desempenhe apenas um impacto marginal na perda de peso a longo prazo.
(MELBY, 1998).
O treinamento provoca mudanças adaptativas: aumento da capacidade
em se exercitar em intensidades mais altas por tempo superiores, e o aumento
da utilização das gorduras, aumentando a perda gradual, ocorrendo uma
manutenção do peso perdido alcançado no início com a dieta hipocalórica.
De fato, isso demonstra que o exercício aeróbio em conjunto com à
alimentação correta evita o declínio na resposta lipolítica e na utilização de
gorduras que ocorre em obesos submetidos apenas à dieta. (NICKLAS, 1997).
O exercício físico é uma forma de tratamento de obesidade que aumenta
o gasto energético, diminuindo os efeitos negativos da restrição energética,
tendo a capacidade de reverter a queda na TMB. (MOLÉ et al., 1989).
O exercício aeróbio ajuda a preservar a massa magra, e a manter a
TMB durante um programa de redução de peso, desde que não haja um déficit
energético muito grande. Além disso, deve-se ter combinação de dieta e de
exercício de intensidade moderada, pois geralmente promove uma maior perda
de peso do que a dieta isolada. (CLAYTON et al., 2017).

2.3 Lazer

O lazer deve ser levado em conta para a satisfação do praticante, não


apenas como um divertimento social, promovendo descanso, divertimento,
socialização, fornecendo melhorias mentais e pessoais para o praticante da
atividade. (DUMAZEDIER, 2004).
Com o acúmulo de tarefas pessoais, geram transtornos e a falta de
pratica de atividades voltado para o seu bem estar e qualidade de vida.
Segundo Stadnik (2002) é necessário o equilíbrio entre o tempo de trabalho e o
tempo de descanso e socialização, sendo o lazer aplicado em sua rotina.
Silverio et al. (2003) informam que em seu momento de lazer, realizar
atividades corporais, fornece ao praticante sensações de bem estar físico e
mental causando melhores qualidade de vida. Onde a qualidade de vida é
242
levada em consideração a satisfação do mesmo em realizar a seguinte tarefa,
proporcionando atividades cognitivas, familiares e entre amigos.
Podendo assim ser afirmado que quando o paciente tem bons hábitos,
relacionamentos e faz o que lhe dar prazer proporciona melhor qualidade de
vida. (NERI, 2008).

CONCLUSÃO

Podemos concluir apontando a obesidade como uma doença crônica, de


extrema complexidade, sobretudo com caráter multifatorial, considerando como
uma epidemia global. Deixou evidentemente de ser uma preocupação estética
para se tornar num problema de saúde pública, levando em consideração a
profundidade do problema e as diversas causas, implicações, formas de
intervenção e tratamento. Assim, numa primeira análise, conclui-se a
importância da pratica de atividade física. Salientando a importância das
inúmeras implicações da obesidade, que ocorrem a nível psicológico, social,
físico e económico. Apesar de estas implicações poderem ser abordadas de
forma separada, sempre estão relacionadas, e o exercício físico aliado com
uma boa alimentação estabelece relações importantes para o equilíbrio e bem-
estar do indivíduo obeso.

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246
RELAÇÃO ENTRE ATIVIDADE FÍSICA AQUÁTICA E SISTEMA
RESPIRATÓRIO

Anderson Júnior Monteiro – andersonjrmonteiro@outlook.com


Michele Lousado da Silva – micheli_lousado@hotmail.com
Graduandos de Educação Física – UniSALESIANO Lins
Profª Ma. Ana Cláudia de Souza Costa – anaclaudia@unisalesiano.edu.br
Docente - UniSALESIANO Lins

RESUMO

O estudo tem como objetivo verificar os efeitos que a atividade física


aquática pode trazer para o sistema respiratório, especificamente na
inspiração, expiração e nos músculos que os envolve. Foi realizada uma
pesquisa do tipo revisão bibliográfica, onde inicialmente foram selecionadas as
palavras chaves, atividade física, sistema respiratório e pressão hidrostática,
sendo a Internet, Scielo, livros e artigos publicados nos últimos 16 anos que
nortearam o estudo, comprovando e respondendo os efeitos em questão. A
busca foi realizada de janeiro a junho de 2017. A atividade física aquática
proporciona efeitos benéficos nos itens estudados devido a influência da
pressão hidrostática que força um funcionamento melhor da inspiração,
fazendo seus músculos realizarem sua função de forma correta e um pouco
acentuada para que possa vencer a pressão externa. Além, de ressaltar a
importância do profissional de educação física nessa vertente, acompanhando
e monitorando a atividade aquática realizada.

Palavras-chave: Atividade Física. Sistema Respiratório. Pressão Hidrostática.

INTRODUÇÃO

A importância do tema abordado se dá pela grande indicação de


pessoas com alterações respiratórias para o tratamento na água. Ao se inserir
no meio aquático, o organismo é submetido a diferentes forças físicas, o que
gera uma série de adaptações fisiológicas. As forças físicas da água atuam
sobre o organismo imerso, provocando alterações fisiológicas extensas que
afetam quase todos os sistemas.
A respiração é uma das caraterísticas básicas do ser humano, realizada
muitas vezes de forma involuntária, porém pode ser realizada de forma
voluntária em atividades especificas no cotidiano. Ela consiste basicamente em
absorver oxigênio (O2) e eliminar gás carbônico (CO2) do organismo. Segundo

247
Hoehn e Marieb (2009), o corpo é composto de diversas células que
necessitam de oxigênio para que possa realizar seu funcionamento.
Funcionalmente, o sistema respiratório consiste em duas zonas: Zona
condutora formada por nariz, cavidade nasal, faringe, laringe, traqueia e
brônquios que tem a função de conduzir, aquecer e umidificar o ar que entra,
até chegar aos locais de trocas gasosas, diminuindo a quantidade de partículas
que podem irritar os pulmões; e Zona respiratória onde ocorrem as trocas
gasosas, é composta por bronquíolos respiratórios, ductos alveolares e
alvéolos. (HOEHN; MARIEB, 2009).
Segundo West (2002, p. 01), "o pulmão existe para a troca gasosa. Sua
função primordial é permitir ao oxigênio passar o ar ao sangue venoso e
permitir ao dióxido de carbono sair". Além de realizar a troca gasosa realiza
também outras ações como: metabolizar compostos, retirar materiais que não
são desejáveis da circulação e atua como reserva de sangue, porém, a troca
de gases (O2 por CO2) é sua fundamental função. (WEST, 2002).
Segundo Hoehn e Marieb (2009), a principal função do sistema
respiratório é fornecer oxigênio ao corpo e eliminar o dióxido de carbono.
O bom funcionamento do sistema respiratório é fundamental para que os
demais órgãos e sistemas do corpo funcionem adequadamente, sendo
essencial a vida, porém algumas interferências nesse processo pode acarretar
uma série de alterações do organismo. (OTSUKA; BOFFA; VIEIRA, 2005).
A respiração é um dos diversos ritmos orgânicos de todos os gêneros
que percorrem nosso corpo, mais frequentemente sem percebermos. Ao
contrário de outros, a respiração ocorre nas vísceras, mas também envolve
músculos, ossos e articulações. Por ser indissociável, o ato respiratório é uma
interação entre o domínio visceral e o locomotor, podendo ser gerado pelo
sistema nervoso próprio aos dois domínios mesmo com limitações. (GERMAIN,
2005).
Segundo Germain (2005), a respiração é frequentemente inconsciente e
automática, influenciando as ações e emoções e sendo influenciada por elas,
porém, ela pode ser também de modo consciente e voluntário, variando de
várias formas e níveis.
Dentro do Sistema Respiratório podem-se destacar inúmeros pontos
248
fundamentais e importantes em sua atuação, analisaremos três pontos em
questão: inspiração, expiração e os músculos responsáveis pela respiração,
buscando identificar possíveis benefícios da atividade física aquática no
sistema respiratório, especificamente nos pontos citados acima. Sendo assim,
o objetivo do estudo é verificar, através de uma revisão bibliográfica, os efeitos
que a atividade física aquática pode trazer para o sistema respiratório.

1 SISTEMA RESPIRATÓRIO

Segundo Levitzky (2004) existem duas entradas para o ar no sistema


respiratório, compostos por nariz e boca. O ar inspirado pelo nariz é aquecido
até a temperatura corpórea e umidificado à medida que passa pelos cornetos
nasais, esse ar entra nas vias aéreas através da nasofaringe, o responsável
pela inspiração do ar pela boca é denominada orofaringe. As estruturas
responsáveis pelo caminho do ar são glote, laringe, árvore traqueobrônquica,
onde a partir desse momento entra em contato com o sangue venoso misto
dos capilares pulmonares.
A respiração pode ocorrer em diferentes zonas do tronco podendo ser
mínima, quase imperceptível ou ter uma força e amplitude considerável,
podendo mudar de ritmo e velocidade, ser mais ou menos voluntária podendo-
se tornar ativa ou passiva. Todas as respirações são compostas por alternância
dos movimentos denominadas inspirações e expirações, ritmadas por tempo de
pausas determinadas apneias fisiológicas. A apneia fisiológica é um tempo
manifestado frequentemente no tronco por uma suspensão de movimento,
possuindo uma duração regrada, de modo automático de acordo com as
necessidades de oxigênio e eliminação de gás carbônico de cada organismo.
Essa suspensão ocorre naturalmente, para passar da fase de inspiração para a
fase de expiração. (GERMAIN, 2005).

1.1 Inspiração

A inspiração é a capacidade de captar ar do exterior do corpo para o


interior dos pulmões, sendo que a captação de ar é de aproximadamente doze
249
vezes por minuto no dia-a-dia. Durante a inspiração ocorre a expansão de
abdome e costelas.
A inspiração apresenta amplitudes podendo variar de 2 a 3,5 litros de
acordo com a pessoa, sendo assim quando é realizada uma amplitude maior é
denominado Volume Reserva Inspiratório (VRI). (GERMAIN, 2005).

1.2 Expiração

A expiração é caracterizada pelo tempo de envio do ar dos pulmões em


direção ao exterior do corpo, manifestada pelo fechamento de costelas, ventre
e coluna vertebral. O Volume de Reserva Expiratório (VRE), ocorre no
momento em que a expiração possui uma amplitude mais importante que a
expiração de repouso, podendo variar de 1 a 1,2 litros de ar de acordo com
cada individuo, em relação ao seu tamanho, aptidão corporal, treinamento e
patologias. Ao se realizar a expiração ocorrem movimentos predominantes na
costela abaixando-as ou no abdome retraindo o ventre, podendo ocorrer
movimentos predominantes em direção à região anterior ou posterior do tronco.
(GERMAIN, 2005).

1.3 Músculos responsáveis pela respiração

Os músculos respiratórios são responsáveis por exercer a insuflação,


onde os pulmões são incapazes de insuflar por si próprios. Os músculos
respiratórios e parede torácica são componentes essenciais do sistema
respiratório. (LEVITZKY, 2004).

Alguns músculos intervêm tanto na respiração quanto na expiração,


de acordo com a maneira com que eles combinam sua ação com
outros músculos. No entanto, todos esses músculos frequentemente
não intervêm de modo direto. Eles podem assim, por exemplo, frear
ou interromper movimentos respiratórios. Por outro lado eles podem
permiti-los pela simples descontração. (GERMAIN, 2005 p. 79).

Os músculos inspiratórios ao exercerem sua ação acarretam um


aumento do volume dos pulmões através de dois grandes mecanismos,
250
podendo aumentar os pulmões tracionando-os pela base ou tracionando-os
sobre a face anterior, lateral e posterior. O principal músculo inspiratório é o
diafragma onde ocorre a maioria das respirações habituais, atuando como uma
espécie de bomba situada na base dos pulmões. (GERMAIN, 2005).
O Diafragma é o principal músculo respiratório, quando se contrai
sozinho ocorre uma retração dos músculos da caixa torácica, sendo assim
quando os músculos inspiratórios da caixa torácica se contraem sozinho ocorre
o inverso, puxando o diafragma para o interior da caixa torácica. Os músculos
Intercostais Externos e Inspiratórios Acessórios, assim como o Diafragma
também são responsáveis pela inspiração. Os músculos Intercostais Externos
quando estimulados a se contrair sobem juntamente com os Intercostais
Paraesternais e os Escalenos aumentando a caixa torácica. (LEVITZKY, 2004).
Os músculos inspiratórios acessórios são solicitados durante o exercício,
fase inspiratória de tosse ou espirro, diferentemente do Diafragma e os
músculos Intercostais Externos que são utilizados durante a inspiração normal
tranquila. (LEVITZKY, 2004).
Os principais músculos expiratórios são os músculos abdominais e
músculos intercostais internos. Após os músculos abdominais se contraírem
ocorre uma pressão abdominal, ao realizar esses movimentos o conteúdo
abdominal é empurrado contra o diafragma relaxado, forçando-o para cima e
para o interior da cavidade torácica. Já com os músculos Intercostais internos
ocorre o contrário, a sua contração deprime a caixa torácica para baixo, de
maneira oposta às ações dos intercostais externos. (LEVITZKY, 2004).
Segundo West (2002), a expiração é passiva durante a respiração
tranquila, ou seja, a respiração que não exige esforços. O Pulmão e a parede
torácica são elásticos, pois após serem ativamente expandidos durante a
inspiração retornam a sua posição inicial, a expiração torna-se ativa durante
exercícios e hiperventilação voluntária.

2 CAPACIDADE RESPIRATÓRIA E ATIVIDADE FÍSICA AQUÁTICA

A imersão de um indivíduo em água provoca profundas alterações no


sistema pulmonar, tendo como efeitos principalmente um aumento da pressão
251
exterior sobre o tórax, o abdome e os membros. (LEVITZKY, 2004).
Segundo Banzato (2010), essa alteração ocorre por conta do
deslocamento sanguíneo das regiões periféricas em direção à região central do
tórax, sofre ação direta da pressão hidrostática, aumentando o trabalhado
respiratório em cerca de 60%.
O empuxo, pressão hidrostática, densidade, são propriedades físicas da
água caracterizadas como benéficas na obtenção de objetivos terapêuticos,
sendo indicada como meio de tratamento em diversas patologias. (OTSUKA;
BOFFA; VIEIRA, 2005).
O ambiente aquático gera uma série de adaptações fisiológicas, pois o
organismo é submetido a diferentes forças físicas, onde provocam alterações
fisiológicas extensas afetando quase todos os sistemas. Sendo assim, as
propriedades físicas da água são de extrema importância na capacidade
respiratória. (FERNANDES, 2012).
Ao ser imerso em água até o pescoço, a pressão exterior sobre a parede
torácica é maior que a pressão atmosférica, em média de 20 cm/H 2O. Sendo
assim é necessário um trabalho inspiratório maior para que o ar seja levado até
os pulmões, superando a pressão positiva externa sobre o tórax. As
capacidades vitais e pulmonares total diminuem discretamente. O volume de
reserva expiratório diminui, por outro lado o volume de reserva inspiratório
aumenta. (LEVITZKY, 2004).

As alterações na função respiratória são desencadeadas pela ação


da pressão hidrostática, que contrabalança a força dos músculos
inspiratórios e deforma a parede torácica quando os músculos estão
relaxados. Além disso, a pressão hidrostática promove um
deslocamento sanguíneo para o tórax devido ao efeito compressivo
da água nos vasos periféricos, aumentando as pressões
intratorácicas e transmural nos grandes vasos, e acarretando
aumento do trabalho respiratório em 65%. (FERNANDES, 2012).

A pressão hidrostática provoca um estímulo proprioceptivo, pois, auxilia


na distribuição do fluxo aéreo intratorácico durante a respiração, exercendo
resistência à inspiração sobre a parede torácica. Além de proporcionar a
realização de alongamento de tronco, melhorando a amplitude de flexão e
extensão, flexão lateral. (BOFFA; OTSUKA; VIEIRA, 2005).

252
O organismo também é submetido a diferentes forças físicas, gerando
adaptações fisiológicas. A pressão hidrostática caracteriza-se por uma força
física da água atuando sobre o organismo imerso provocando alterações
fisiológicas que afetam os sistemas do organismo. (BANZATO, 2010).
Um exercício extenuante aumenta o consumo de oxigênio e a formação
de dióxido de carbono em até duas vezes, a ventilação alveolar aumenta na
mesma proporção que o nível do metabolismo. (GUYTON; HALL, 2008).
Segundo Guyton e Hall (2008), os fatores que provocam a ventilação
intensa estão relacionados com o cérebro, que ao transmitir impulsos para os
músculos, envia impulsos colaterais que excita o centro respiratório, esse é um
efeito que estimula os centros superiores cerebrais sobre o vasomotor durante
o exercício, causando a elevação da pressão arterial e o aumento da
ventilação. Acredita-se também que durante o exercício, os movimentos
corporais podem aumenta a ventilação pulmonar através de proprioceptores
presentes nas articulações, que tem função de transmitir os impulsos
excitatórios para o centro respiratório.
Segundo Guyton e Hall (2008) é possível que outros fatores também
sejam importantes no aumento da ventilação pulmonar durante o exercício,
sendo que uma grande parte desse aumento ocorre no início do exercício,
resultante dos impulsos estimulatórios oriundos dos centros superiores e
reflexos estimulatórios proprioceptivos.

3 METODOLOGIA

Para tal contribuição foi realizada uma pesquisa do tipo revisão


bibliográfica, onde inicialmente foram selecionadas as palavras chaves,
Atividade Física. Sistema Respiratório. Pressão Hidrostática; sendo a Internet,
livros e periódicos os descritores usados na busca. Através deste levantamento
foram selecionados vinte textos vinculados ao assunto desejado.
Os critérios de inclusão para os estudos encontrados foram à correlação
entre a atividade física aquática e sua influência no sistema respiratório. Foram
excluídos estudos que relatavam o emprego de outras modalidades associadas
a alterações respiratórias.
253
CONCLUSÃO

A prática de atividade física no ambiente aquático traz efeitos positivos


para diversas áreas do ser humano, incluindo o sistema respiratório, pois, as
propriedades físicas da água causam uma pressão na caixa torácica e quando
isso é associado a uma atividade física adequada pode-se notar os benefícios
gerados. Quando é realizada no ambiente aquático a pressão atmosférica se
torna maior que a pressão alveolar, forçando a inspiração para que o ar possa
alcançar os pulmões e superar a pressão positiva externa.
Tendo sido observado os benefícios da atividade física aquática no
sistema respiratório em diversos livros e artigos publicados, pode-se destacar a
importância ao se trabalhar nesse ambiente, objetivando alcançar melhores
níveis na capacidade respiratória de indivíduos normais ou com algum tipo de
limitação.

REFERÊNCIAS

BANZATO, T. C. Análise comparativa da função respiratória de indivíduos


hígidos em solo e na água. Fisioter. Pesqui. vol.17 no.4 São Paulo Oct./Dec.
2010.

FERNANDES. A. B. S; A Imersão Altera os Parâmetros Ventilatórios de


Indivíduos com Distrofia Muscular de Duchenne?. Rev. Neurocienc. São
Paulo, p. 7-8, 2012.

GERMAIN, B. C. Respiração: Anatomia - Ato respiratório. Barueri: Manole,


2005.

GUITON, A. C.; HALL, J. E. Fisiologia humana e mecanismos das doenças.


6. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008.

HOEHN, K.; MARIEB, E. N. Anatomia e Fisiologia. 3. ed. Porto Alegre:


Artmed, 2009.

LEVITZKY, M.G. Fisiologia Pulmonar. 6. ed. Barueri: Manole, 2004.

OTSUKA, M. A.; BOFFA, C. F. B.; VIEIRA, A. B. A. M. Distrofias musculares:


Fisioterapia aplicada. Rio de Janeiro: Revinter, 2005.

ROCCO, P. R. M.; ZIN, W. A. Fisiologia respiratória aplicada. Rio de Janeiro:


Guanabara Koogan, 2009.
254
WEST, J. B. Fisiologia Respiratória. 6. ed. Barueri: Manole, 2002.

255
RELATO DAS VIVÊNCIAS OBTIDAS DENTRO DO CAMPO DE ESTÁGIO
SUPERVISIONADO II

Gianluca Nascimento Frison – gianlukkafrisio@gmail.com


Ismael Albino - consultoria.ismael@gmail.com
Samira Campos Jordão – samiracampos1808@gmail.com
Graduandos em Educação Física – UCDB
Cláudia Diniz de Moraes - claudiadiniz@ucdb.br
Docente no curso de Educação Física – UCDB

RESUMO

No curso de Educação Física da Universidade Católica Dom Bosco,


vivenciamos na grade no 5º semestre em licenciatura, a disciplina de Estágio
Supervisionado II, durante os meses de março a junho de 2017, totalizando 80
horas de estágio, correspondente à 14 semanas. Na experiência que tivemos
no estágio, compreendemos que profissional de Educação Física, assim como
qualquer outro, deve sempre buscar o aprimoramento de seus conhecimentos,
tendo em vista sempre a inovação, ampliando seus horizontes a novas
possibilidades de áreas de trabalho dentro de seu curso.

Palavras-chave: Estágio supervisionado. Ensino médio. Educação Física

INTRODUÇÃO

O estágio foi realizado em uma escola da rede estadual de ensino, o


prédio onde funciona a unidade escolar é próprio, está localizado à Avenida
Júlio de Castilho. O local apresenta uma estrutura composta por uma quadra
coberta e uma área ao lado da quadra que é disponível para realização de
algumas atividades não esportivas, além de possuir uma boa quantidade de
materiais, apesar da qualidade de alguns não ser tão boa, foram de total ajuda
para o desenvolvimento da aula.
O presente artigo tem como objetivo relatar as experiências obtidas
dentro do campo de estágio e as atividades desenvolvidas no meio escolar,
proporcionado pela disciplina de estágio supervisionado II, da Universidade
Católica Dom Bosco.

256
Inicialmente, os acadêmicos foram divididos em grupos, no qual cada
grupo ficou com uma sala, todas do ensino médio. Nosso grupo é composto
por três acadêmicos que ficaram responsáveis pela turma do segundo ano do
ensino médio.
Com relação às atividades realizadas, optamos por atividades de cunho
esportivo, já que os alunos se encontram no ensino médio, e suas faixas
etárias correspondem à última etapa de desenvolvimento motor, a fase de
aperfeiçoamento de movimentos fundamentais, segundo a ampulheta de
Gallahue (LEITE, 2014), em que esses movimentos são refinados,
combinados, elaborados e dependentes de uma vivência, por isso nessa etapa
é de suma importância o estímulo de esportes nas aulas de Educação Física.
Como dito anteriormente, o estágio foi desenvolvido com os alunos do
segundo ano do ensino médio, com a faixa etária entre os 16 e 20 anos.
Dentro dessa experiência observamos diferentes realidades dos alunos,
havia alguns que trabalham o dia todo, outros que vieram de outros países, e
muitos de culturas e classes sociais diferentes, e por conta disso encontramos
dificuldades em desenvolver atividades que fossem do agrado de todos e que
suprissem suas expectativas, pois os PCN (Parâmetros Curriculares Nacionais:
Educação Física) ressaltam que é de suma importância que o profissional de
Educação Física considere a qualidade e a quantidade de experiências de
aprendizagem que ele deve oferecer, em relação com o meio sociocultural
vivido pelo aluno fora da escola.
E como maior exemplo de dificuldade encontrada, tivemos uma aluna da
Coréia, país que, de acordo com ela, pelo menos em sua escola antiga, não
oferecia aulas de Educação Física, e ela não conseguia nem ao menos
manusear a bola. Necessitando uma atenção particular nas atividades
desenvolvidas, e também contamos com a colaboração de seus colegas de
sala para lhe auxiliar.
Podemos considerar também que muitos dos alunos que estudam à
noite, trabalham o dia todo, sendo assim o cansaço foi um dos impedimentos
para que eles tivessem disposição o suficiente para participar das aulas, por
isso, optou-se por aulas que fossem mais lúdicas principalmente na parte do
aquecimento, e que não exigissem muito de suas capacidades físicas.
257
Vale ressaltar uma das atividades realizadas que promoveu uma maior
interação e participação entre os alunos, que foi a “corrida jokem po”, com
certeza a preferida pela maioria, com ela os alunos corriam e obrigatoriamente
fazia com que todos interagissem entre si, a atividade também lhes ensinou as
diferentes linhas de demarcação da quadra de esportes já que muitos não
conheciam.
Dentro as experiências obtidas, podemos relatar alguns erros
cometidos, como por exemplo, ao realizar uma aula livre, não tivemos o
cuidado de separar o material antes da aula para deixar disponível para os
alunos, e durante a realização da aula nos distraímos e não nos posicionamos
de uma maneira estratégica para ter uma visão ampla do que estava
acontecendo com a turma toda, fato observado pela professora supervisora
que acompanhava o caminhar do estágio.

1 JOGOS DE INTERCLASSE

Os jogos de interclasse, basicamente são uma competição de futsal


onde os alunos jogam entre as salas. Na aula em questão os acadêmicos
realizaram a arbitragem e a marcação de pontos. Os alunos em geral foram
muito participativos, parte deles foram embora da escola quando tiveram a
oportunidade, outra parte que não participou dos jogos ficou ao redor da
quadra para torcer por sua classe.
As aulas de Educação Física são importantes no desenvolvimento das
capacidades e habilidades motoras dos alunos, de acordo com Gallahue
(LEITE, 2014). Com isso entendemos que o estímulo e o incentivo devem partir
do professor onde o mesmo deve orientar tal formação. Assim o aprendizado
do aluno é realizado de forma prática.

2 APLICAÇÃO DO PROESP- BR (PROJETO ESPORTE BRASIL)

Uma das atividades elaboradas foi à avaliação física, segundo os


parâmetros do PROESP-BR (Projeto esporte Brasil), no qual avaliamos: O
índice de massa corporal (IMC) por meio da medição de altura, peso e idade;
258
Flexibilidade (sentar-e-alcançar) utilizando o banco de Wells; Força explosiva
de membros inferiores (salto horizontal) e agilidade (teste do quadrado).
Nessa experiência tivemos a oportunidade de aplicar uma bateria de
testes, obtendo um conjunto de informações sobre parâmetros ligados à saúde
dos alunos, e possivelmente pode-se ter um acompanhamento da evolução
dos mesmos no decorrer do processo, estimulando uma forma de vida
saudável e os alertando da importância da atividade física.
Os alunos, em sua maioria, não alcançaram os parâmetros que são
considerados como níveis desejados de aptidão física relacionada à saúde e
ao desempenho motor, de acordo com o PROESP-BR. Ao invés disso os
alunos tiveram resultados que são considerados valores abaixo dos pontos de
corte como indicadores de risco à ocorrência de desvios posturais e queixa de
dores nas costas, presença de níveis elevados de colesterol e pressão arterial,
além da provável ocorrência de obesidade.
Abaixo temos um gráfico com os índices dos resultados encontrados a a
partir dos testes realizados, classificados com fraco, razoável, muito bom e
bom, tendo com fraco e razoável, níveis que são considerados valores abaixo
dos pontos de corte, de acordo com os parâmetros do PROESP-BR:

Como se pode observar os alunos não obtiveram, em sua maioria, bons


resultados. Segunde eles, tal resultado foi obtivo deveras ao tempo disponível
deles para a realização de atividades físicas. Com isso posso citar as
experiências que tivemos com a aula teórica onde explicamos para os alunos a
importância de levar uma vida saudável, e abordamos o tema qualidade de
vida.
Nesta aula os alunos foram bem participativos, e puderam tirar muitas
dúvidas que tinham, formulando várias perguntas a respeito da situação da
259
qualidade de vida em que eles se encontravam. Acredito que foi uma aula bem
descontraída e animada. Tentamos com os vídeos confeccionados pelo canal
“revisão” do YouTube, trazer o tema para a realidade deles, em uma linguagem
fácil e acessível.
Em relação a essas atividades de avaliação física, os alunos tiveram
grande participação, e mesmo aqueles que se mostraram tímidos ou
desanimados, foram encorajados pelos acadêmicos e pelos próprios colegas.
A aula foi produtiva e de grande contribuição, não só para as vivências dos
alunos, mas também para aprendizagem dos acadêmicos, com relação à forma
de aplicação de testes e relacionamento com os alunos de forma didática
produtiva.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Acredito que com relação às atividades, os alunos responderam de


forma positiva, e mesmo que inicialmente eles reclamassem muito, pois não
gostavam de correr, ou afirmarem ter problemas físicos que os impediam de
realizar as tarefas solicitadas, a maioria dos alunos mostrava-se
entusiasmados de forma competitiva. Apesar de muitas vezes as atividades
lúdicas não serem realizadas de forma competitiva para que não haja exclusão
dos menos habilidosos, optamos por atividades que não necessitassem
particularmente de tais habilidades, o que facilitou a participação e o
envolvimento da maioria, tornando as atividades agradáveis.
As aulas desenvolvidas foram produtivas e de grande contribuição, não
só para as vivências dos alunos, mas principalmente para a aquisição do
conhecimento em relação ao funcionamento de uma aula em escola.
Foram nessas experiências que tivemos a oportunidade de colocar em
prática os conteúdos desenvolvidos em sala de aula. As dificuldades
encontradas, as atividades que não ocorreram conforme o previsto no plano de
aula, a convivência com alunos de diversas culturas e classes sociais, foram
experiências que não teriam como ser experimentadas de outra forma se não
no “chão da sala” por acreditar que não existe teoria sem prática.

260
REFERÊNCIAS

LEITE, P. D. Ampulheta de Desenvolvimento Motor segundo Gallahue.


Maio, 2014. Disponível em:
https://danielpinheirodotorg.wordpress.com/2014/05/21.

OLIVEIRA, A. PCN - Parâmetros Curriculares Nacionais: Educação Física.


2000 – 2017. Disponível em: https://www.cpt.com.br/pcn/parametros-
curriculares-nacionais-educacao-fisica.

261
RELATOS SOBRE O ESTÁGIO SUPERVISIONADO: Educação Física
Escolar

Alex Nogueira Rodrigues


Pamella Strogueia da Costa de Souza
João Victor Boiarenco Jordão
Graduandos em Educação Física - UCDB
Cláudia Diniz De Moraes - claudiadiniz@ucdb.br
Docente no curso de Educação Física – UCDB

RESUMO

Este trabalho tem por objetivo promover reflexões sobre o campo de


estágio supervisionado II, no qual é direcionado para formação de professores
de Educação Física na área escolar, sendo assim consiste em proporcionar um
trabalho para o exercício da docência em licenciatura, no qual as atividades
práticas são exercidas de forma supervisionada e orientada. Esta vivência
torna-se um momento de aprendizagem e aprimoramento para o
desenvolvimento do profissional do futuro licenciado, sob a responsabilidade
de um professor regente e o professor orientador. No começo notamos muita
diferença entre a teoria aprendida na universidade e as aulas práticas na
escola, por isso a importância do período de estágio pois nos proporcionou
impactos e experiências sobre a realidade do professor/aluno na escola. No
final serão expostas algumas questões e experiências consideradas relevantes
e importantes, para a área da Educação Física Escolar.

Palavras-chave: Estágio Supervisionado. Educação Física Escolar.

INTRODUÇÃO

Durante o processo de formação do curso de Educação Física na


Universidade Católica Dom Bosco (UCDB), temos vivenciado a partir do 4°
semestre, vários campos de estágios, a visita aos campos proporcionou
experiências e diferentes impactos na realidade escolar Em qualquer profissão,
o estágio significa um meio preparo para o trabalho a ser exercido.
O estágio foi realizado em uma Escola da rede estadual de ensino em
Campo Grande - MS, entre os dias 03 de março a 02 de junho de 2017, com

262
carga horária de 160 horas.
O local do estágio apresenta uma estrutura boa com três quadras,
campo de futebol e um espaço todo gramado.
O presente relato tem por objetivo descrever alguns procedimentos
metodológicos que foram realizados no decorrer do estágio supervisionado II,
voltado para o ensino fundamental na escola estadual.
Os objetivos alcançados durante o estágio curricular supervisionado II,
que concluímos podem considerar os seguintes:
a) montar um plano de aula e pôr em prática os conhecimentos teóricos
que adquirimos na Universidade;
b) gerar reflexões sobre o professor(estagiários), sobre seu contato
direto com os alunos e a melhor forma desenvolver suas
necessidades como futuras na educação;
c) observar e tentar aplicar o ensino aprendizagem através do
movimento, assim sempre tornando os alunos sujeitos ativos no
processo educacional.

1 DESENVOLVIMENTO DAS ATIVIDADES

As aulas foram planejadas com base em um cronograma de temas de


acordo com o planejamento dos professores regentes da instituição escolar
A principal fonte de Orientação foram os livros e sites, em relação às
atividades e ao comportamento. Entretanto, os professores da escola davam
dicas de como agir no controle da turma e de algumas variações nas
atividades, quando as mesmas não estavam alcançando os objetivos ou não
estavam atrativas para os alunos.

2 METODOLOGIA

O estágio supervisionado II ocorreu de março a junho de 2017, no


horário vespertino (das 13 horas ás 17h30min), totalizando 80 horas,
correspondente as 13 semanas de estágio. No primeiro dia antes de
começarmos o estágio, tivemos uma reunião com a professora supervisora e
263
os demais estagiários, com o objetivo de, distribuir os cronogramas de horas e
as salas de aulas para cada estagiário. Aproveitamos o primeiro dia para
conhecermos os professores e ver os materiais e o espaço que poderíamos
utilizar para as aulas.
Como ficamos várias salas tivemos dois métodos de trabalho bem
diferentes, um no ensino fundamental I teríamos que desenvolver atividades
mais voltadas para área da psicomotricidade, assim desenvolvendo aspectos
sociais, afetivos, cognitivos e principalmente motor. Sendo assim contribui de
maneira expressiva para a formação e estruturação do esquema corporal,
assim incentivando a prática do movimento em todas as etapas da vida de uma
criança.
Por meio de atividades variadas às crianças, além de se divertirem,
criam, interpretam e se relacionam com o mundo em que vivem.

É pela psicomotricidade e pela visão que a criança descobre o


mundo dos objetos, e é manipulando-os que ela redescobre o
mundo: porém esta descoberta a partir dos objetos só será
verdadeiramente frutífera quando a criança for capaz de
segurar e de largar, quando ela tiver adquirido a noção de
distância entre ela e o objeto que ela manipula, quando o
objeto não fizer mais parte de sua simples atividade corporal
indiferenciada (OLIVEIRA, 2000, p.34).

Já com a turma do 9º ano, o plano bimestral que nos foi apresentado foi
sobre a modalidade de Handebol para o primeiro bimestre e Basquetebol para
o segundo bimestre, o professor nos propôs, montar planos de aula que tivesse
uma parte de desporto com fundamentos e também uma parte lúdica. No
desporto moderno é fácil constatar o enfraquecimento ou a perda do lúdico, o
que corrompe progressivamente o jogo (MATTOS, 2002). É necessário o
resgate dos valores que privilegiam o coletivo e a solidariedade, lembrando que
o jogo na escola deve prever não ser individualizado e jogar “com” e não contra
(COLETIVO DE AUTORES, 1992).
As aulas (2°- 3°- 4° ano) tinham a seguinte dinâmica:
a) Alongamento/Aquecimento: cada dia um Aluno puxava o
alongamento, Imitação de Gestos, Corridas, Cantigas de Roda;
b) Desenvolvimento: Atividades para desenvolver aspectos cognitivos,

264
afetivos, sociais e motores.
c) Volta à Calma: Rodas de Conversas, filas para ir tomar agua e ir ao
banheiro e retornar a sala.
As aulas do 9°ano Tinha a seguinte dinâmica:
a) Alongamento/Aquecimento: O alongamento era passado pelo
professor, o aquecimento era feito com movimentos desportivos
(passes, recepções, arremessos, dribles, estafetas);
b) Desenvolvimento: Atividades para desenvolver aspectos motores
finos, e também afetivos e sociais (lúdicos).
c) Volta à Calma: atividades lúdicas, Rodas de Conversas e perguntas
sobre o que foi visto na aula.
No início no ensino fundamental I os objetivos dos planos não estavam
sendo alcançados, pois como era o nosso primeiro contato com crianças, não
tínhamos domínio sobre a turma na hora das atividades, por esse motivo
algumas vezes o professor da escola teve que entrar nas atividades e chamar
a atenção de alguns alunos. Porém a partir do 3° plano, o com um pouco mais
de experiência, as aulas começaram a sair como planejadas, alcançando
nossos objetivos. Notamos que as aulas com brincadeiras e jogos mais
coletivos, tornavam alguns alunos mais hiperativos que outros, porém as aulas
tinham muito mais resultados produtivos.
Com o 9° ano o plano deste o começo atingiu o objetivo, nota-se que é
uma sala muito participativa e gostam de competição, mais também tem a
turma que nunca se interessa pela aula e prefere ficar sentado assistindo as
aulas e fazendo relatórios. A sala absorveu bem o conteúdo de handebol e
basquetebol visando que interagiam muito nas partes mais lúdicas, mais
sempre pediam logo pelo jogo livre (competição entre eles) nos 10 minutos
finais das aulas.
O Quadro 1 mostra os principais resultados obtidos nas escolas, e uma
comparação entre a sala do ensino Infantil e a do Fundamental, em relação a,
Reação dos alunos, Materiais disponíveis, Espaço disponível e Dificuldade dos
alunos. Tais resultados são explicados em detalhes ao longo do texto.

265
Quadro 1: Comparação das duas escolas durante o estágio.
Pontos 3°- 4°- 5° Ano 9° Ano

Reação dos Alunos Receio e Hiperativos Receptividade e


com o Professor - animação para com o
Estagiário novo. Professor-Estagiário.
Materiais Havia alguns materiais, Para parte do desporto
mais não estavam em havia os materiais
bons estados. necessários.
Havia espaço (quase Havia espaço, porém não
Espaço todas as aulas na era coberta a quadra
grama) tendo algumas
dificuldades por conta do
sol.
Muita hiperatividade por Alguns alunos (meninas)
conta de alguns, e outros nem se interessavam
Dificuldade Alunos
não compreendiam as pelas aulas, e tinham
brincadeiras. também a parte
coordenação motora.

Tivemos a vivência das nossas teorias estudadas na prática, a forma


que os alunos adquirem e estão dispostos ao aprendizado. Vemos que o
profissional tem que se adaptar ao ambiente que trabalha, muitas vezes sem
recursos, ou tendo que achar meios ou até mesmo tirar do próprio bolso para
assim poder aplicar a aula desejada.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Sendo o estágio de grande importância para nos futuros profissionais da


área, e fechamos com as considerações do que aprendemos, do que foi
observado sendo relevante para nós e para nossos futuros alunos,
especialmente nesta aventura humana de estarmos constantemente
aprendendo com os outros. (PAULO FREIRE, 1996).
As nossas aulas de Educação Física, nas respectivas Salas foram bem
aceitas pelos alunos. Estagiar em duas salas diferentes foi bem interessante,
pois foram confrontadas duas faixas etárias e assim estágios de
desenvolvimentos diferentes, nos levando a estudar e planejar muito o que
seria aplicado nas aulas.
266
Pode-se perceber que algumas coisas da teoria não funcionaram muito
bem no dia a dia da escola, entretanto, tudo que foi aprendido nos livros, aulas,
artigos, foram de extrema importância para o sucesso das aulas de estágio.
A prática do estágio é importante porque dá ao acadêmico a
oportunidade de ir a campo, de ver se a teoria realmente funciona na realidade
do dia a dia da escola. Também é uma oportunidade para o aluno ver qual
faixa etária mais lhe interessa, para no futuro poder escolher em quais séries
ensinar.
Para Daniela Silva dos Santos, para o estudante, a prática, a dedicação
e a disciplina adquiridas durante o período de estágio agregam valor e
conhecimento a sua carreira. Sob este viés, é crucial aproveitar as
oportunidades de crescimento e desenvolvimento oferecidas durante este
programa, que oferece um novo olhar para o futuro, através da construção de
um novo projeto de vida e carreira profissional.

REFERÊNCIAS

BIANCHI, A. C. M.; ALVARENGA, M.; BIANCHI, R. Manual de orientação:


estágio supervisionado. São Paulo: Thomson Learning, 2003.

COLETIVO DE AUTORES. Metodologia do Ensino de Educação Física. 12.


ed. São Paulo: Cortez, 1992.

CUNHA. M. I. O bom professor e sua prática. 6. ed. Campinas: Papirus,


1996.

GONÇALVEZ, Maria Cristina et al. Repensando a Educação Física:


Educação Infantil ao Ensino Fundamental. Módulo 3. Curitiba: Equipe BNL,
2008.

KISHIMOTO, Tizuko Morchida. Jogo, brinquedo, brincadeira e a educação.


(Org.); - 14. ed. – São Paulo: Cortez, 2011

MATTOS, M.G. Educação Física na adolescência: construindo o


conhecimento na escola. 4. ed. São Paulo: Phorte, 2002.

MAZINI F, Mauro Lucio, et al. A Importância da Educação Física no


Contexto Escolar. Buenos Aires: Revista Digital. V15, P147, Agosto 2010.

MENDONÇA, Raquel Marins de. Criando o ambiente da criança: a


psicomotricidade na educação infantil. In: ALVES, Fátima. Como aplicar a
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psicomotricidade: uma atividade multidisciplinar com amor e união. Rio de
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PINHEIRO, Marianna da Luz. PEREIRA, Déborah Santana. GUERRA, Ialuska.


CARVALHO, Luciano das Neves. LUCENA, Sávia Maria da Paz Oliveira. O
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OLIVEIRA, Gisele de Campos. Psicomotricidade: educação e reeducação


num enfoque psicopedagógico. 4. ed. Petrópolis/RJ: Vozes, 2000.

268
TREINAMENTO DE FORÇA E SUAS APLICABILIDADES 

César Augusto Lima dos Santos - h2000g@hotmail.com


Weslley Henrique Bronzoli  - rick_cb_@hotmail.com
Graduandos em Educação Física – UniSALESIANO Lins
Prof. Esp. Dagnou Pessoa de Moura - dagnou@hotmail.com
Docente – UniSALESIANO Lins

RESUMO  

O objetivo dessa revisão é mostrar alguns dos benefícios e aplicabilidade


do treinamento de força, como na melhora da saúde e no rendimento entre
tantos outros benefícios inerentes ao treinamento de força, este se mostra
muito eficaz no aumento da massa magra e aliado a uma alimentação
adequada se torna mais eficiente na redução do percentual de gordura e da
gordura corporal, além da melhora no consumo máximo de oxigênio, que nos
estudos inclusos na pesquisa, apresentou melhora na maior parte deles.
Também foi apresentado melhora nos estudos que analisaram a potência
muscular com o treinamento de força em pessoa com deficiência do hormônio
do crescimento.

Palavras-chave: Treinamento de força. Composição corporal. Consumo de


oxigênio. Potência muscular.  
   
INTRODUÇÃO 

Segundo Barbanti, Tricole e Ugrinowitsch (2004), a força motora é a


capacidade que um músculo ou um grupo muscular tem de produzir tensão e
se opor a uma resistência externa num determinado tempo ou velocidade. O
treinamento de força proporciona vários benefícios a saúde, prevenindo e
combatendo doenças e complicações como obesidade, diabetes mellitus tipo II,
dislipidemia, melhora da hipertensão arterial entre outros como vem sendo
demonstrado pelos estudos.   
Badaro, Da Silva e Beche  (2007) apresentam a flexibilidade e o
alongamento como qualidades essenciais para um bom desempenho físico,
tanto para a realização de atividades da vida diária, como para melhorar a
performance no meio desportivo. Segundo Hollman e Hettinger (apud DANTAS,
1999, p. 57) é a “qualidade física responsável pela execução voluntária de um
movimento de amplitude angular máxima, por uma articulação ou conjunto de
articulações dentro de limites morfológicos, sem risco de provocar lesão” 
269
O consumo máximo de oxigênio (VO2máx) é defino por  Oliveira (2002),
como  máximo de ar que o organismo do indivíduo consegue captar e utilizar
para gerar trabalho. O VO2máx é um bom índice para predizer o nível de
aptidão física de um indivíduo. Grande parte das tabelas que classificam o nível
de aptidão física são expressas em VO2máx. Esta capacidade pode ser
melhorada com o treinamento, mas quanto maior o nível de treinamento do
indivíduo menor será o aumento dessa capacidade.  
A literatura especializada tem mostrado o quanto o treinamento de força
pode ser eficiente no controle da composição corporal, no aumento
do consumo máximo de oxigênio, ganho de amplitude articular, melhora da
pressão arterial e entre outros aspectos.  O objetivo do estudo é mostrar alguns
dos inúmeros benefícios e aplicabilidade do treinamento de força. Para isto foi
realizado uma busca em base de dados do Google Acadêmico e Scielo sobre
treinamento de força relacionados a flexibilidade, composição corporal,
consumo máximo de oxigênio e potência muscular. Entre tantos outros
benefícios inerentes ao treinamento de força, este se mostra muito eficaz na
melhora da qualidade de vida e performance.  

 1 TREINAMENTO DE FORÇA E COMPOSIÇÃO CORPORAL 

Segundo a Pesquisa Nacional de Saúde realizada em 2013 (apud


ROCHA, 2017), mais da metade da população brasileira esta acima do peso.
Sendo as mulheres com maior índice (59,8%) e os homens com 57,3%.
Observando esses dados notasse a importância do controle da massa
corporal, pois como foi apresentado por Maia; Veras e De Souza Filho (2010),
o excesso de massa corporal é um fator predisponente para a hipertensão
arterial, que por sua vez pode causar várias outras doenças cardiovasculares
graves. Isto acontece pelo acúmulo de gordura nos vasos sanguíneos
dificultando a passagem do sangue.
Com o passar do tempo possa ser que um pequeno vaso sanguíneo se
entupa e cause um infarto. Pensando nisso Dos Santos et al. (2002) realizaram
um estudo com dezesseis homens sedentários com idade entre 21 e 25 anos.
Durante dez semanas o grupo treinamento (oito pessoas) realizaram três
270
sessões de treinamento por semana com 8 á 12 repetições máximas, enquanto
um outro grupo (controle) não se envolveu com nenhum tipo de atividade
sistematizada. Os resultados mostraram aumento da massa magra de 3,8% no
grupo treinamento.
Apesar do aumento da massa magra para as pessoas que treinaram,
não houve mudança no tecido adiposo em nenhum dos grupos.  Concluíram
que o treinamento de força  contribui para  o  aumento  da  massa  magra,  mas
o período  de  dez  semanas  se  mostrou  curto  para  que  houvesse  alguma
 alteração no tecido adiposo.
Fernandes et al. (2004) selecionaram 28 adolescentes de 15 a 19 anos
obesos. Depois de formar três grupos, onde o grupo 1 (treino anaeróbico) iria
fazer 12 tiros com duração de 30 segundos e descanso ativo de 3 minutos em 
cicloergômetro. O grupo 2 (treino aeróbico) pedalou durante 50 minutos com
carga relativa ao limiar ventilatório. Enquanto o grupo 3 foi o grupo controle. Os
três grupos receberam orientação nutricional.
Depois de 12 semanas de intervenção verificou-se reduções nas
variáveis, massa corporal, Índice de Massa Corporal (IMC), massa de gordura
corporal total e de membros inferiores e na percentagem de gordura corporal
de tronco nos grupos que realizaram exercícios. Os resultados sugerem que
exercícios físicos, tanto aeróbico quanto anaeróbico junto com uma dieta
promoveu maior redução ponderal do que somente com dieta. Sendo que neste
estudo o exercício anaeróbico se mostrou mais eficiente na redução de gordura
corporal e percentual de gordura, enquanto que o exercício aeróbico preservou
e/ou manteve o nível de massa magra.   
No estudo realizado por  Okada  et al. (2008), no qual avaliaram a
composição corporal (massa magra e tecido adiposo), índice de massa
corporal, flexibilidade, resistência muscular localizada de membros superiores e
de abdominal e o consumo máximo de oxigênio de mulheres  pré
 menopáusicas entre 30 e 50 anos.  Foram divididos dois grupos, onde um
grupo treinaria três vezes por semana, tendo a sessão de treino de 60 minutos.
Enquanto o outro grupo treinaria apenas duas vezes por semana com duração
das sessões de treino de 90 minutos. Os resultados da pesquisa
são surpreendentes, pois o grupo que treinou apenas duas vezes por semana
271
obteve melhores resultados na resistência muscular localizada do abdômen e
de membros superiores e melhora no consumo máximo de oxigênio. 

1.1 Treinamento de força e  consumo máximo de oxigênio 

Consumo máximo de oxigênio é o máximo (vo2máx) de ar que o


organismo do indivíduo consegue captar e utilizar para gerar trabalho Oliveira
(2002). O Vo2máx nos dá um parâmetro do quanto uma pessoa esta
fisicamente ativa, quer dizer que quanto maior for o vo2máx de uma pessoa,
melhor será sua capacita cardiorrespiratória. O consumo máximo de oxigênio
pode ser utilizado na prescrição de exercícios para se possa trabalhar de forma
segura.
Em Souza et al. (2008)  fizeram uma pesquisa onde avaliavam o
treinamento de força com altas repetições (25 repetições) sobre o consumo
máximo de oxigênio e limiar ventilatório de mulheres. Foram separados dois
grupos, sendo um grupo que realizaria o treinamento e outro grupo controle,
não faria exercícios. O Protocolo de treinamento consistia em três séries com
25 repetições, durante 12 semanas. Os resultados encontrados foram
satisfatórios, pois no grupo  treinamento houve aumento da massa magra,
diminuição do percentual de gordura e da gordura corporal. Além de ter
aumentado as cargas nos teste de 1RM e melhora no consumo máximo de
oxigênio, mas não houve alterações no limiar ventilatório.
Corroborando com os achados de Souza e Brentano (2004) também
obtiveram resultados semelhantes. Em sua pesquisa onde avaliariam mulheres
pós menopáusicas com perda óssea, obtiveram bons resultados. Neste estudo
foi avaliado os efeitos do treinamento de força e os efeitos do treinamento de
força em circuito durante 24 semanas. Os resultados mostram que o
treinamento de força provocou alterações positivas na força isométrica, força
muscular de membros superiores, força muscular de membros inferiores,
ativação muscular do quadríceps, consumo máximo de oxigênio e melhora no
tempo de exaustão em esteira. Enquanto o grupo que treinou em circuito só
não obteve melhora na variável ativação muscular do quadríceps e aumento na
densidade mineral óssea, onde nenhum dos três grupos apresentou melhoras.  
272
Concluíram que tanto o treinamento de força e o treinamento de força
em circuito promovem melhora da força, ativação muscular e
condicionamento cardiorrespiratório de mulheres pós menopáusicas. Mas o
período de intervenção com 24 semanas não foram suficientes para causar
alterações positivas na densidade mineral óssea.   
Na pesquisa realizada por  Abrahin (2015),  onde ele compara
diferentes volumes de treinamento resistido sobre a pressão muscular
inspiratória, pressão muscular expiratória, desempenho funcional e força
muscular de idosas, os resultados mostram que o treinamento resistido com
séries simples ou múltiplas foram suficientes para causar alterações positivas
em todas as variáveis analisadas. O estudo teve duração de 12 semanas,
foram realizadas duas sessões por semana.  

1.2 Treinamento de força e potência  

Com o avanço do conhecimento científico e visando melhores resultados


em competições, os treinos se tornaram cada vez mais específicos para cada
modalidade. Assim os treinadores passaram a dar mais ênfase na capacidade
física mais exigida pelo desporto.
Para auxiliar na montagem de um treinamento visando o melhor proveito
do tempo de treino para atingir o máximo de desempenho, estudos vêm
comparando a eficiência do treinamento de força com o treinamento de
potência, por exemplo, que é a velocidade de contração de um musculo no
menor tempo possível. Além dos esportes, não vemos ações de potência no
dia a dia, exceto em momentos que exijam um tempo de reação mais rápida.
Segundo Lamas et al. (2008), que compararam o efeito do treinamento
de força e de potência sobre o aumento da força e potência de membros
inferiores. O estudo consistiu de oito semanas de treinamento com três
sessões de treino por semana, um grupo treinou força realizando agachamento
com 60 e 95% de 1RM e outro potência com 30 a 60% de 1RM no meio
agachamento o mais rápido que conseguisse. Os resultados mostram que
tanto o treino de força quanto de potência apresentaram melhoras nas
variáveis analisadas de forma semelhante no período de oito semanas.  
273
Em um estudo feito por Brasil et al. (2001) com pessoas deficientes do
hormônio do crescimento (GH), onde eles avaliaram o efeito do treinamento
resistido sobre o composição corporal e potência  muscular desses pessoas.
Durante 12 semanas os sujeitos realizaram treinamento resistido sem fazer
reposição hormonal. Os resultados não apresentaram melhora na composição
corporal, mas houve uma diminuição na soma das dobras cutâneas centrais. A
potência muscular teve uma melhora expressiva e concluíram que este tipo de
atividade é uma alternativa para que pessoas com deficiência de GH possam
ter uma melhor qualidade de vida.
Corea e Pinto (2011), na pesquisa bibliográfica que fizeram, avaliaram
diferentes tipos de treinamento para melhora da potência muscular em
mulheres, sendo estas um público que mais perde força e potência muscular
ao longo dos anos. Eles compraram três tipos de treinamento sob o
desempenho funcional de mulheres idosas, sendo treinamento de força
tradicional (TFT); treinamento de potência (TP) e treinamento de força reativa
(TR). Nas pesquisas consultadas houve um consenso de que o treinamento TP 
e TR são mais eficazes no desenvolvimento das capacidades funcionais de
mulheres idosas e que o TR é mais eficiente no desenvolvimento da força
reativa muscular que o TP.  Concluísse, portanto  que o treinamento de FR é
mais efetivo para a produção de força rápida do músculo que os outros tipos de
treinamentos estudados,   consequentemente  melhor desenvolvem as
capacidades funcionais de mulheres idosas.   

1.3   Treinamento de força e flexibilidade

Segundo Almeida (2007) utilizando o treinamento de flexibilidade com


acompanhamento e a realização de avaliações depois do período submetido
obtiveram ajuda na manutenção e evita o encurtamento muscular, melhorando
o tratamento de tecidos conjuntivos e recuperação do comprimento do tecido.
Em outro estudo de Coelho (2000) relacionaram o ganho de flexibilidade
com um programa de treinamento supervisionado utilizando como método de
comparação o flexiteste. Concluiu-se que após um período de realizações
desse programa de treinamento uma relação inversa de aumento de amplitude
274
de movimento com a composição corporal e que o ganho de flexibilidade
associa-se a uma redução do peso corporal.
Segundo Cyrino (2004), após 10 semanas de intervenção com
treinamento com pesos foi constatado que os níveis de flexibilidade não
diminuem e até mesmo contribuir para a preservação e até mesmo o aumento
dos níveis de flexibilidade em várias articulações.

CONCLUSÃO 

Fazendo a análise de algumas das inúmeras pesquisas que envolvam o


treinamento de força, temos respaldo científico para trabalharmos com este tipo
de treinamento visando desde uma qualidade de vida melhor ou mesmo atletas
que procuram melhoras no desempenho.

REFERÊNCIAS 
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sobre as forças muscular e respiratória de idosa. 2015. Dissertação
(Mestrado em Educação Física) - Universidade Federal de Sergipe, São
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sobre o treinamento de flexibilidade na saúde dos seres humanos. Motriz. v.3,
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BADARO, A. F. V.; DA SILVA, A. H.;  BECHE, D. Flexibilidade versus


alongamento: esclarecendo as diferenças. Saúde.v. 33, n.1, p. 32-36, 2007.

BARBANTI, V. J.; TRICOLI, V.;UGRINOWITSCH, C. Relevância do


conhecimento científico na prática do treinamento físico. Revista Paulista de
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composição corporal e a potência muscular em adultos deficientes de hormônio
do crescimento. Arquivos Brasileiros de Endocrinologia &
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BRENTANO, M. A. Os efeitos do treinamento de força e do treinamento em


circuito na ativação e na força muscular, no consumo máximo de
oxigênio e na densidade mineral óssea de mulheres pós-menopáusicas
com perda óssea.  2004.Dissertação (Mestrado em Ciências do Movimento
Humano) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2015.

275
COELHO, C. W.; ARAÚJO, C.G.S. Relação entre aumento da flexibilidade e
facilitações na execução de ações cotidianas em adultos participantes de
programa de exercício supervisionado. Revista Brasileira
de Cineantropometria & Desempenho Humano, v. 2, n. 1, p. 31-41, 2000.

COREA, C. S.; PINTO, R. S. Efeitos de diferentes tipos de treinamento de força


no desempenho de capacidades funcionais em mulheres idosas. Estudos
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CYRINO, E.S. et al. Comportamento da flexibilidade após 10 semanas de


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DANTAS, E. H. M. Flexibilidade: alongamento e flexionamento. 4.ed.. Rio de


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LAMAS, L. et al. Efeito de dois métodos de treinamento no desenvolvimento da


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mulheres. Rev. bras. med. esporte, p. 513-517, 2008.

276
TREINAMENTO DE FORÇA VERSUS FLEXIBILIDADE

Natália Spin - natalia.spin@outlook.com-


Lucas Gouvea de Oliveira - lukas-oliveira01@live.com
Paulo Rodrigo dos Santos Tejo - paulo.tejo@hotmail.com
Graduandos em Educação Física - UniSALESIANO Lins
Prof. Me. Leandro Paschoali Rodrigues Gomes - hilinho@unisalesiano.edu.br
Docente - UniSALESIANO Lins

RESUMO

O treinamento de força proporciona diversos benefícios na vida dos


praticantes, dentre eles podemos citar a melhoria da força muscular, aumento
de massa magra, melhoria da aptidão física, condicionamento físico, entre
outros. Diversos são os estudos que comprovam tais melhorias, inclusive
efetiva melhoria da flexibilidade. A flexibilidade é uma das aptidões físicas que
mais sofrem declínio com o processo de envelhecimento, e por isso se
trabalhada de maneira adequada pode se obter ganhos da amplitude de
movimento das articulações, prevenção de lesões, menores riscos de quedas
por falta de equilíbrio, entre outros. O objetivo deste trabalho foi analisar de
acordo com as referências atuais a participação do treinamento de força para a
melhoria da flexibilidade. Com isto, foi analisado que o treinamento de força
produz resultados positivos em relação à melhoria da flexibilidade.

Palavras-chave: Treinamento. Força. Flexibilidade.

INTRODUÇÃO

O treinamento de força também chamado como treinamento resistido ou


de peso trabalha de maneira efetiva os músculos, principalmente no aumento
de força (FLECK; KRAEMER, 2017). Neste treinamento o músculo necessita
vencer uma força externa, desta maneira há uma exposição do músculo a
cargas altas que farão com que os mesmos sofram micro lesões garantindo
seu crescimento.
Todo este processo de micro lesões contribui para a hipertrofia e
hiperplasia do músculo. Desta forma o treinamento de força não só contribui
para a estética, para a saúde ou para o ganho de força. Diversos são os
fatores que tornam o treinamento de força tão aconselhado em diversas
situações. Garante segurança ao praticante, chance de lesões muito pequena,
aumento do trabalho neural, melhoria da aptidão física e condicionamento
277
físico, ganho de força e flexibilidade dentre tantos outros.
A flexibilidade é uma capacidade física que contribui na mobilidade das
articulações e promove um alongamento muscular que auxilia na amplitude de
movimento. No processo de envelhecimento ocorre um declínio desta
capacidade devido basicamente à perda de colágeno nas fibras musculares.
Na flexibilidade existem alguns fatores importantes como, por exemplo,
elasticidade, maleabilidade, plasticidade e mobilidade. O objetivo deste
trabalho foi analisar de acordo com as referências atuais a participação do
treinamento de força para a melhoria da flexibilidade.

1 TREINAMENTO DE FORÇA

O treinamento de força, treinamento de peso ou treinamento resistido é


o tipo de treinamento que utiliza exercícios resistidos e cargas especificas para
trabalhar de maneira eficiente os músculos com o principal objetivo de ganho
de força muscular, ou seja, tem como objetivo trabalhar os músculos, de forma
que estes realizem contração afim de vencer uma força oposta, também
chamada como resistência, podendo ser um peso, um elástico ou qualquer
equipamento que gere um estimulo oposto à ação do músculo ou grupamento
muscular que será trabalhado. (FLECK; KRAEMER, 2017).
Todo este estimulo que é dado ao músculo, a partir de um peso ou
resistência a ser vencida, garante que ocorra o processo de hipertrofia do
mesmo. O processo de hipertrofia é a resposta fisiológica às sobrecargas
musculares geradas por fatores externos (resistências), gerando tensão no
músculo para que haja um crescimento deste. Para Santarem (2013), a
hipertrofia também é o processo de catabolismo das fibras musculares durante
a atividade, levando ao aumento de proteínas contráteis encontradas no
sarcoplasma, durante o período de recuperação.
A hipertrofia pode ser considerada um aumento do número de miofibrilas
que compõem a fibra muscular, aumentando assim o diâmetro gerando seu
crescimento (MINAMOTO; SALVINI, 2001). Para Ide, Lazarim e Macedo (2011)
o processo de hipertrofia é a adaptação morfológica, caracterizada pelo
aumento da área de secção transversa das fibras, decorrente do balanço
278
positivo na razão síntese/degradação proteica.
Segundo Santarem (2013), a contração habitual dos músculos contra
resistências acarreta o processo de hipertrofia, juntamente com o
aprimoramento da coordenação motora no sentido de utilização de unidades
motoras para efetuar o movimento. Ressalta ainda que a hipertrofia e a
melhora da coordenação motora resultam no aumento de força muscular.
Desta forma para Ide, Lazarim e Macedo (2011), os eventos decorrentes do
treinamento resistido ocorrem tanto em nível estrutural (hipertrofia), como ao
nível neural (motoneurônios).
Ocorrem adaptações neurais decorrentes do treinamento resistido, que
devido aos estímulos que são dados de acordo com o treinamento há o
aprimoramento do recrutamento de unidades motoras para a realização do
mesmo (SANTAREM, 2013). Diante disso, pode-se perceber que outros fatores
estão ligados à hipertrofia, ao ganho de força e crescimento muscular. De
acordo com Minamoto e Salvini (2001) a hiperplasia, é o aumento do número
de fibras musculares, que está diretamente relacionada ao processo de
hipertrofia, pois devido a este processo é pressuposto que as fibras se dividam
formando novos fragmentos podendo se desenvolverem e formar novas fibras.
Para Meloni (2005) ocorrem dois processos prováveis que sugerem que
estímulos como sobrecargas crônicas ativam a proliferação do número de
células para constituir o músculo, seja por ativação das células satélites ou por
meio da cisão longitudinal da fibra muscular. As células satélites são células
miogênicas quiescentes localizadas entre a lâmina basal e o sarcolema,
apresentando característica de diferenciação em mioblastos, que sofre uma
ativação na reparação de fibras que sofrem microtraumatismo devido ao
exercício físico, ou seja, regenera a fibra muscular após uma lesão.
(MINAMOTO; SALVINI, 2001).
Em seu estudo Meloni (2005) conclui que a hiperplasia pode ocorrer em
ocasiões especiais e não só devido ao treino de força, pois em diversos
estudos analisados houve aumento da massa muscular sem aumento de fibras
musculares. Desta forma, foi analisado que treinamentos constituídos por
volume e intensidade muito alta gerando hipertrofia surpreendente, assim como
no fisiculturismo, pode ser um fator relevante para a hiperplasia.
279
Com isto pode-se ver o quão complexo são os efeitos de um
treinamento de força na melhoria da saúde dos praticantes, melhorias estas
que incluem diversas alterações corporais, assim como: hipertrofia e
hiperplasia (MINAMOTO; SALVINI, 2001), potência muscular e aumento da
taxa metabólica basal (SANTAREM, 2013), diminuição do percentual de
gordura e aumento de força (BUENO et al., 2012), melhoria no desempenho
motor, da aptidão e condicionamento físico em atividades diárias e esportes
(GUEDES; GUEDES, 1995); possível diminuição da pressão arterial de
repouso (VELOSO et al., 2009), além da redução de doenças
cardiovasculares, por exemplo, dentre tantos outros benefícios que este tipo de
treinamento oferece ao praticante.
Segundo Fleck e Kraemer (2017) pode-se notar aumento da potência
muscular em função do uso de sobrecargas, juntamente com a velocidade do
movimento que é efetuado pelo indivíduo, no entanto para Santarem (2013), a
velocidade dos movimentos deve ser padronizada visando uma melhor ou ideal
ativação muscular, com isto a potência é dada pela carga utilizada, segundo o
autor. Na perda de percentual de gordura, para o tratamento da obesidade, por
exemplo, é preciso que o gasto energético seja maior que o consumo diário
(CIOLAC; GUIMARÃES, 2004).
Além de aumentar o gasto calórico, os exercícios resistidos estimulam o
aumento do metabolismo basal dos praticantes decorrente do aumento da
massa magra. Isto diminui os riscos de algumas patologias como as doenças
cardiovasculares, de infartos cardíacos e acidentes vasculares encefálicos,
além de outras doenças relacionadas a obesidade como diabetes e
hipertensão. (SANTAREM, 2013).
Os principais fatores que contribuem para a redução de peso seriam:
manutenção da taxa de metabolismo de repouso, manutenção da massa
muscular e aumento do gasto energético pós-exercício EPOC (GUILHERME;
JUNIOR, 2006). O exercício resistido preserva a musculatura que tende a
diminuir com a redução de ingestão de alimentos e facilita que pessoas com
sobrepeso tornem-se mais ativas devido a melhoria de atividades cotidianas
decorrentes deste treinamento (CIOLAC; GUIMARÃES, 2004).
Em relação às melhorias decorrentes da pratica deste treinamento, em
280
um estudo de Silva et. al. (2011) a maioria dos praticantes buscam não só a
melhoria da saúde e alto rendimento em esportes, mas também visam a
estética e por isto fazem uso de suplementos para que a busca por um corpo
escultural seja mais rápida. Por isto existem variáveis para trabalhar cada
objetivo de maneira mais especifica, assim como o treinamento isométrico
(quando ocorre a força estática, sem movimentação das articulações e sem
alteração no comprimento do músculo), isocinético (com velocidade angular
constante), dinâmico ou isotônico (de carga constante).
Para um resultado efetivo deste treinamento, diversos fatores estão
diretamente relacionados e são responsáveis por alterações nos dados finais
de uma análise. O gênero Fonceca (2010), idade, a genética, o nível de
treinamento, e alimentação (GUILHERME; JUNIOR, 2006), além do nível
hormonal, a qualidade de vida, são alguns dos fatores que influenciam nos
resultados de um treinamento. Assim como estes fatores os fundamentos do
treinamento resistido: a intensidade (carga e intervalo) e o volume (series e
número de repetições) são de extrema importância na análise dos resultados.
(FLECK; KRAEMER, 2017).
A intensidade pode ser conceituada como o nível de repercussão
fisiológica gerada pelo exercício (SANTAREM, 2013). De acordo com Fleck;
Kraemer (2017), a intensidade de um exercício resistido é estimada a partir de
uma porcentagem de 1RM ou qualquer carga de RM para o exercício. A
intensidade mínima para gerar força muscular com séries que cheguem até a
contração voluntária máxima é de 60 a 65% de 1RM, contudo a utilização de
80% de 1RM garante ganhos máximos de força. (BUENO et al., 2012).
O teste de uma repetição máxima ou também chamado de 1RM é
utilizado para determinar limiares de carga que serão utilizados no treinamento.
Baseia-se em um movimento ou repetição completa (fase concêntrica e
excêntrica) de determinado exercício com a carga máxima. A parir deste teste
determina-se a carga que será utilizada no treinamento. A carga utilizada no
treinamento de força é inversamente proporcional ao número de repetições, ou
seja, quanto maior a carga menor o número de repetições que será efetuado
(SANTAREM, 2013).
Um princípio muito utilizado no treinamento resistido é o da sobrecarga
281
progressiva, que refere-se a prática de aumentar gradualmente ou
progressivamente a carga de treinamento a medida que os níveis de força,
potência ou resistência aumentam de acordo com o treinamento (FLECK;
KRAEMER, 2017). Este princípio tem efetiva participação no processo de
hipertrofia, pois garante que os estímulos estejam sempre ativos gerando
excitação do sistema neuromuscular, ou seja, a partir do momento que o
estimulo não mais fizer efeito de estimular este sistema, perde sua eficiência e
por isso não produz resultados positivos no aumento de força muscular
(SANTAREM, 2013).
Outro parâmetro relacionado a intensidade do treinamento é a duração
dos intervalos entre as series de exercícios. Este fator é de extrema
importância na elaboração de um treinamento, pois este intervalo que garantirá
a recuperação do músculo após as series de exercícios. A determinação deste
intervalo dependerá dos objetivos do praticante. No treinamento de força
indica-se cargas mais pesadas e intervalos acima de um minuto. (FLECK;
KRAEMER, 2017).
Santarem (2013) postula que intervalos de descanso abaixo de um
minuto garante maiores repercussões fisiológicas, enquanto intervalos acima
deste valor causa menores alterações. Quanto menor o tempo de intervalo
menor pode ser também a qualidade das repetições futuras do exercício,
devido a fadiga por utilizar cargas altas e ter pouco tempo para recuperação.
É muito comum os praticantes darem um intervalo de um dia de
recuperação entre sessões de treinamento que trabalhe determinado
grupamento muscular, para que o músculo possa responder ao processo de
microlesões geradas pelo treinamento. Desta forma, para que o processo
adaptativo seja positivo é necessário um tempo adequado de descanso. (IDE;
LAZARIM; MACEDO, 2011).
O volume de treinamento deve especificar o número de repetições por
série, quantidade de séries por exercício, quantidade de exercícios por
grupamento muscular, quantas sessões semanais serão realizadas e a
frequência que cada grupamento muscular será estimulada semanalmente,
podendo ser adaptado as condições individuais (SANTAREM, 2013). Ainda
para o autor, o número de repetições é definida pelo objetivo de treinamento,
282
em atletas é utilizado de 1 a 5 repetições.
É muito comum utilizar como padrão de número de repetições por série
de 8 a 12 repetições para pessoas iniciantes no programa de treinamento de
força. Para Bueno et al. (2012) um treinamento que visa o aumento de força
muscular utiliza de 6 a 12 repetições. Este número e todos os outros
relacionados com o volume do treinamento, portanto, depende do nível de
treinamento do indivíduo e dos seus objetivos.
Um parâmetro de grande relevância na elaboração de um treinamento
de força é a especificidade e escolha dos exercícios. Em um programa de
treinamento resistido cada exercício trabalhará basicamente um grupamento
muscular, desta maneira mesmo que os exercícios englobem diversos grupos
musculares é possível enfatizar o local de mais necessidade. (SANTAREM,
2013).
Quanto maior for a similaridade entre as atividades corriqueiras do
praticante e o exercício trabalhado maior será a eficácia do recrutamento de
fibras musculares deste programa de treinamento. Com a escolha correta de
exercícios, podem-se enfatizar regiões anatômicas de maior necessidade para
cada indivíduo, além de caracterizar melhor os objetivos estimados pelo
praticante (SANTAREM, 2011), além de minimizar os riscos de lesões. O
treinamento de força apresenta um aspecto muito importante: a segurança. A
chance de lesões é muito baixa devido a sua adaptabilidade e técnicas
(GUILHERME; JUNIOR, 2006; SANTAREM, 2013). Segundo Santarem
(2013), qualidades de aptidão física como força, resistência, coordenação,
velocidade, potência e flexibilidade são estimuladas de maneiras diferentes por
diversos tipos de exercícios. E com o decorrer dos anos perdem-se estas
qualidades de aptidão física principalmente a força e a flexibilidade. Estas
perdas funcionais se acentuam devido à insuficiência de atividade
neuromuscular, ao desuso e diminuição do condicionamento físico.
O processo de atrofia está relacionado a uma alta taxa de degradação
das proteínas contrateis da célula (IDE; LAZARIM; MACEDO, 2011). A perda
de força, relacionada à diminuição da flexibilidade gera alterações como
postura, falta de equilíbrio, desempenho funcional e motor que causa maiores
riscos de queda, alteração da velocidade da marcha, problemas respiratórios e
283
dificulta as atividades diárias de um idoso (FIDELIS; PATRIZZI; WALSH, 2013).
O declínio de massa muscular ocorre basicamente devido ao processo
degenerativo do sistema nervoso e por isto ocorre a atrofia de fibras
musculares especificas (fibras brancas) afetando assim tanto a força muscular
quanto a flexibilidade.

2 TREINAMENTO DE FLEXIBILIDADE

Segundo Rosa (2012), a flexibilidade é um componente importante da


aptidão física e uma boa manutenção desta, com exercícios físicos, garante
uma maior amplitude nos movimentos corporais. A flexibilidade é uma das
principais variáveis da aptidão física relacionada à saúde e ao desempenho e
definida como a amplitude máxima passiva fisiológica de um dado movimento
articular (ARAÚJO, 2000). A flexibilidade muscular proporciona uma facilidade
para que a musculatura alongue-se com isso permitindo que as articulações
movam-se através de sua amplitude de movimento. (NELSON; BANDY, 2004).
Com a diminuição da amplitude do movimento, é possível acarretar uma
deterioração da cartilagem, dos ligamentos, dos tendões, do fluido sinovial e
dos músculos, o colágeno torna-se mais denso com o passar dos anos,
simultaneamente ocorrendo um decréscimo de elastina, que tem a função de
elasticidade e resistência muscular. (DANTAS et al., 2002).
Com o passar dos anos a diminuição da mobilidade é percebida e vista
de maneira preocupante pela população e em particular pelos idosos. A
diminuição progressiva na amplitude do movimento articular e o enrijecimento
articular são algumas das alterações musculoesqueléticas que caracterizam o
avançar da idade. (BALSAMO, 2005).
A flexibilidade de uma articulação caracteriza-se por vários fatores entre
eles: a mobilidade, a elasticidade, a plasticidade e a maleabilidade. Os
proprioceptores musculares são um dos mais importantes fatores de três
influências da flexibilidade. O fuso muscular é constituído de várias fibras
intrafusais, envolvidas por um invólucro de tecido conjuntivo. (DANTAS, 1999).
Através da elasticidade apresentada pelo músculo e tecidos conectivos,
aliados a mobilidade das articulações, a flexibilidade do indivíduo tem um papel
284
importante para sua mobilidade. (MINATTO, 2009).
Para Candeloro e Caromano (2007), a perda de flexibilidade e força
muscular em idosos afeta o equilíbrio, a postura e desempenho funcional,
aumentando os riscos de quedas e dificulta atividades diárias.
O aumento do nível de atividade física parece ser uma medida eficaz
para prevenir lesões, pois, esta intervenção propicia um aumento na força
muscular, na flexibilidade e promove melhorias no controle motor (DANTAS,
2002).
A prática de exercícios físicos pelos idosos é um importante fator para a
manutenção da saúde e aptidão física no decorrer do processo de
envelhecimento, tendo destaque para os componentes de força muscular e
flexibilidade. (ZAMBON et al., 2015).
O nível de atividade física habitual de um indivíduo é outro fator
importante para a manutenção da amplitude de movimento de uma
determinada articulação. Esse fato se justifica, uma vez que a inatividade física
pode acelerar e agravar as alterações no sistema musculoesquelético. O
resultado dessas modificações é a diminuição significativa da extensibilidade e
elevada rigidez das estruturas musculoesqueléticas, podendo comprometer
negativamente a amplitude de movimento da articulação. (GONÇALVES et al.,
2007).
O treinamento de flexibilidade foi constituído de exercícios de
alongamento em níveis submáximos, utilizados na fase inicial (5 minutos) e na
final das aulas (5 minutos). Na parte principal (20 minutos), foi priorizado o
método de flexionamento dinâmico, caracterizado pela forma de execução
balística. O treinamento teve uma frequência de dois dias por semana, com
duração de trinta minutos por sessão, durante dezesseis semanas de
intervenção. Foram realizadas duas séries de dez insistências em cada
movimento, com uma velocidade de execução moderada. As sessões de treino
foram constituídas por exercícios comuns as rotinas de aulas de ginástica e
alongamento envolvendo as principais articulações e grupos musculares.
(VALE et al., 2005).
Foram aplicados o teste angular de avaliação da flexibilidade pelo
protocolo LABIFI (DANTAS, 1997) de goniométrica, nos seguintes movimentos:
285
abdução do ombro, flexão e extensão de quadril, flexão de joelho, flexão dorsal
e plantar do tornozelo e flexão da coluna lombar, e testes de autonomia
(ARAGÃO, 2002), de caminhar 10 m (C10m), levantar da posição sentada
cinco vezes consecutivas (LPS), levantar da posição decúbito ventral (LPDV) e
levantar da posição sentada, caminhar 3m e sentar novamente (TUG), onde o
tempo de realização foi aferido em segundos.
Foram feitos o pré-teste e o pós-teste após 16 semanas de treinamento
de flexibilidade, sob o método de flexionamento dinâmico, com frequência de
dois dias/semana, durante 30 minutos por sessão. Com este estudo, os
autores constataram que após a realização deste programa de treinamento de
flexibilidade para esta amostra, notou-se, conforme os testes e feito o
tratamento estatístico inferencial para p < 0,01, que houve aumento
significativo dos ângulos dos movimentos analisados, contribuindo desta forma
para uma maior facilitação das tarefas da vida diária, atenuando e retardando o
processo de envelhecimento, e ainda aumentando a expectativa de vida com
qualidade na terceira idade. (ARAGÃO et al., 2003).

3 FORÇA VERSUS FLEXIBILIDADE

A proliferação de tecido conjuntivo é estimulada pela sobrecarga


tensional onde explica o aumento da elasticidade que são observados nos
músculos treinados com pesos. Os exercícios com pesos apresentam uma fase
implícita de alongamento que é a contração excêntrica.
O treinamento de força é acompanhado pela proliferação do tecido
conjuntivo que aumentam a elasticidade do músculo esquelético, exercícios de
força, forçam os limites da amplitude da articulação e com o aumento do tecido
conjuntivo explica os efeitos do treinamento de força que estimulam sobre a
flexibilidade. O exercício de força provoca um aumento na quantidade do tecido
conjuntivo, tecido este que recobrem as fibras musculares e são viscosas e
elásticas.
Um programa de treinamento com pesos para desenvolver força
muscular não prejudica a flexibilidade e pode até aumentar a amplitude de
determinados movimentos (THRASH; KELLY 1987). Para Carnaval (2004),
286
exercícios de força ajudam também na manutenção da flexibilidade e trazem
benefícios como; maior resistência a lesões, menor propensão à incidência de
dores musculares (especialmente na região dorsal e lombar), prevenção contra
problemas posturais, melhor performance nos exercícios.
Vale (2006) confirmou um aumento de força máxima e flexibilidade (esta
medida no teste de sentar e alcançar) após treinamento de força sistematizado.
Para o autor, o aumento de força traz também um aumento de flexibilidade.
Dias, Gurjão e Marucci (2006) investigaram através de revisão os
benefícios do treinamento com pesos para aptidão física de idosos. Concluiu
com esse estudo, que Treinamento de força consiste num aliado importante
para a melhoria da aptidão física. Além disso há aumentos na força muscular e
melhorias nos níveis de flexibilidade.
Estudo realizado por Gonçalves et al. (2007), analisaram o efeito de 8
semanas de treinamento com pesos sobre a flexibilidade de idosos. O estudo
foi composta por 19 idosos de ambos os sexos divididos em grupo treinamento
e grupo controle. No teste para verificar a flexibilidade foi realizado o flexímetro
em 7 movimentos articulares flexão de ombros, quadril, joelhos e cotovelos e
extensão de ombros, quadril e cotovelos, pré e pós intervenção. No
treinamento com pesos foi realizado em uma frequência de 3 sessões
semanais com 3 séries de 10 a 12 repetições máxima.
Para realizar montagem do programa de treinamento obedeceu à ordem
alternada por segmento, divididos entre grupos musculares grandes e
pequenos, foi realizado na seguinte ordem: peitoral, quadríceps femoral,
grande dorsal, tríceps braquial, gastrocnêmicos, bíceps braquial e reto do
abdômen. Através resultados obtidos no experimento, foi observado que tanto
a articulação do ombro quanto a do quadril, obtiveram uma melhora com a
prática do treinamento com pesos, que segundo os autores treinamento com
pesos pode proporcionar um aumento na taxa de colágeno em diferentes
estruturas do sistema esquelético, ou seja, a síntese e degradação ocorrem de
maneira simultânea.
O estudo realizado por Cyrino et. al. (2004) verificaram se houve
alterações de perda de flexibilidade a partir do treinamento de força. Analisou o
comportamento da flexibilidade em diferentes articulações no pré e pós
287
treinamento com 16 homens divididos em grupo controle e grupo treinamento.
Com os resultados obtidos do treinamento com pesos dos movimentos de
flexão e extensão do ombro em hemicorpo direito e esquerdo não obtiveram
mudanças pré e pós teste em comparação entre os grupos, o grupo
treinamento foi superior ao grupo controle.
Já o movimento de flexão do cotovelo ocorreu um aumento na amplitude
do movimento, associado a uma redução no grupo controle, tanto no
hemicorpo direito tanto no esquerdo, no movimento de extensão do cotovelo
não ocorreu mudanças. No movimento de extensão e flexão do quadril em
ambos os lados não foram apresentados mudanças significativas, assim como
na flexão de joelho (CYRINO et al., 2004).

CONCLUSÃO

Com base nos estudos realizados sobre os efeitos do treinamento de


força na melhoria da flexibilidade verificou que esse treinamento tem bastante
influência na melhoria da qualidade de vida e performance, além de apresentar
fatores positivos que levam ao aumento da flexibilidade.

REFERÊNCIAS

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ZAMBON et al. Comparative analysis of flexibility in active and inactive


elderly women. 2015.

290
TREINAMENTO FUNCIONAL PARA ATLETAS DE FUTSAL ENTRE 14 E 16
ANOS

Bruno Teles Ricci – bruno_brisa@hotmail.com


Lucas Vaz Bezerra – lucas-v-b@hotmail.com
Raul Lucas Correia Stancia – r.stan.own@gmail.com
Graduandos em Educação Física – UniSALESIANO Lins
Prof. Esp. Dagnou Pessoa de Moura - dagnou@hotmail.com
Docente – UniSALESIANO Lins
Julio Wilson dos Santos – santos.fc@unesp.br
Doutor em Ciências da Motricidade
Universidade Estadual Paulista - UNESP - Bauru

RESUMO

O treinamento funcional atua de forma integrada para melhora de


aspectos motores do dia-a-dia nos movimentos executados pelos seus
praticantes, já no âmbito esportivo pode ser integrado aos treinamentos
específicos das modalidades. O Futsal é um esporte muito frequentado no
Brasil, de forma a fazer com que as capacidades físicas de quem o pratica
sejam aprimoradas. Entre as capacidades físicas importantes no futsal estão
agilidade, velocidades, flexibilidade e potência de membros inferiores. Ainda,
foi analisada no estudo, a resistência abdominal. Foi realizada uma pesquisa
experimental com abordagem quantitativa. Metodologias empregadas: teste do
SEMO (agilidade); teste de corrida de 20 metros (velocidade); teste de sentar e
alcançar (flexibilidade); teste de impulsão horizontal (potência de membros
inferiores); e teste de resistência muscular de abdome (resistência abdominal).
Foi utilizada estatística descritiva (teste t student) para dados dependentes,
onde foi adotado um nível de significância p ≤ 0,05. De acordo com a pesquisa,
apenas o teste de agilidade obteve melhora estatística ao final do período de
estudo das capacidades físicas analisadas no experimento.

Palavras-chave: Treinamento funcional. Futsal. Capacidades físicas.

INTRODUÇÃO

O treinamento funcional é um tema muito abordado atualmente, tanto


que muitos profissionais de educação física têm utilizado esse método de
treinamento.
Segundo Monteiro e Evangelista (2010), o treinamento funcional teve
sua origem através dos profissionais da área de fisioterapia, que utilizavam dos
exercícios padrões de movimentos corporais para a reabilitação de pacientes
291
que necessitavam de cuidados específicos após cirurgias e lesões, tendo em
vista a melhora no condicionamento físico durante a reabilitação dos pacientes
possibilitando um retorno breve as suas funções.
Thompson (2012) define o treinamento funcional como a utilização de
força, para a melhora do equilíbrio, coordenação, potência e resistência sendo
frequentemente utilizada em programas clínicos que imitam atividades da vida
diária, para um melhor desempenho nas tarefas funcionais diárias e tarefas
desportivas.
O futsal é um esporte coletivo com muitos praticantes no Brasil e no
mundo. Santos Filho (1998, p. 08) afirma que “os praticantes de futebol de
salão necessitam fundamentalmente de: endurance, velocidade, resistência
muscular localizada e potência muscular”. O mesmo autor cita que a
coordenação, agilidade, equilíbrio, flexibilidade e ritmo são qualidades
importantes em praticantes de futsal.
O objetivo do estudo é verificar o efeito do treinamento funcional no
condicionamento físico dos atletas de futsal entre 14 e 16 anos. Pretende-se
analisar o efeito do treinamento funcional nas capacidades físicas agilidade,
velocidade, flexibilidade, potência de membros inferiores e resistência
abdominal, além de observar se o treinamento funcional pode auxiliar na
preparação física dos atletas.
Para tal fim, foram utilizados os seguintes métodos de avaliação das
capacidades físicas citadas acima: o teste do SEMO, para a agilidade; o teste
de corrida de 20 metros, para a velocidade; o teste de sentar e alcançar, para a
flexibilidade; o teste de impulsão horizontal, para a potência de membros
inferiores; e o teste de resistência muscular de abdome, para resistência
abdominal.
Diante do exposto, o estudo busca compreender quais alterações que o
treinamento funcional pode proporcionar nas capacidades físicas agilidade,
velocidade, flexibilidade, potência de membros inferiores e resistência
abdominal no período de 08 semanas em atletas de futsal de 14 a 16 anos de
idade.
Dessa forma, acredita-se que o treinamento funcional pode melhorar as
capacidades físicas agilidade, velocidade, flexibilidade, potência de membros
292
inferiores e resistência abdominal para atletas de futsal de 14 a 16 anos de
idade.

1 CONCEITOS PRELIMINARES

1.1 Treinamento Funcional

Clark (2001) afirma que movimentos funcionais referem-se a


movimentos integrados e que envolvem mais de um segmento ao mesmo
tempo, que pode ser realizado em diferentes planos e que envolvem diferentes
ações musculares (excêntrica, concêntrica, e isométrica).
Monteiro e Evangelista (2010) apontam que o treinamento funcional tem
como princípio preparar o organismo de maneira íntegra, segura e eficiente
através do centro do corpo (core), que é composto pelos três grupos
musculares a seguir. Região do abdome: reto abdominal, oblíquo externo,
oblíquo interno e transverso do abdome; região da coluna lombar: grupo dos
transversos espinhais (rotadores, interespinhais, intertransversais,
semiespinhais e multifídios); região do quadril: glúteo máximo, glúteo médio,
íliopsoas e isquiotibiais.
O treinamento funcional procura levar a seus praticantes a um melhor
equilíbrio muscular e uma melhor estabilidade articular, estes benefícios podem
ser alcançados por meio de um treinamento que enfatize a capacidade natural
do corpo de mover-se nos três planos anatômicos. (CLARK, 2001).

1.2 Preparação física no futsal

A preparação física é o meio utilizado por profissionais para fazerem


com que seus atletas possam ter o desenvolvimento das capacidades físicas
utilizadas no esporte de forma adequada e ordenada, visando o melhor
rendimento ao longo de toda a temporada competitiva. (GOMES, 1999;
DANTAS, 2003). “A preparação física deve ser compreendida como
desenvolvimento e aperfeiçoamento das capacidades motoras, que são
identificadas como: força, velocidade, resistência, flexibilidade, equilíbrio,
293
coordenação e agilidade...” (GOMES, 1999, p. 05).
Para o desenvolvimento físico de atletas as equipes utilizam etapas de
preparação que são importantes durante a temporada competitiva. De acordo
com Gomes (1999), durante a sequência da temporada é necessário fazer um
trabalho de manutenção de toda essa preparação alcançada para que o atleta
não venha a sofrer com a queda de seu rendimento em momentos importantes
dentro das competições que participam.
Criado oficialmente no Uruguai em 1933 por Juan Varlos Ariani, o futebol
de salão ganhou a admiração de muitos, com praticantes no Brasil e no
mundo.
Os principais fundamentos para um jogador de linha são: passe, chute
(ou finalização), recepção de bola, condução de bola, drible e finta.
Santos Filho (1998, p. 08) afirma que “os praticantes de futebol de salão
necessitam fundamentalmente de: endurance, velocidade, resistência muscular
localizada e potência muscular”. O mesmo autor cita que a coordenação,
agilidade, equilíbrio, flexibilidade e ritmo são qualidades importantes em
praticantes de futsal.
ACSM (2003) aponta que o condicionamento relacionado a saúde
possui 4 componentes: capacidade aeróbica, que é a capacidade de o corpo
captar e utilizar o oxigênio para produzir energia; capacidade muscular, a força
e a resistência de seus músculos; flexibilidade, a capacidade de flexionar as
articulações e os músculos por meio de uma série de movimentos; composição
corporal, que é a relação entre a quantidade de tecido adiposo e a de outro
tecido no seu corpo.
Segundo Villar e Zago (1996), o condicionamento físico obtido pela
prática regular de atividade física visa promoção de saúde, qualidade de vida,
tratamento ou prevenção de doenças e inúmeros benefícios quando orientado
de forma correta para qualquer idade, sexo, ou limitação que o indivíduo
apresente. O responsável pela prescrição adequada em cada caso especifico é
o educador físico que estuda as respostas do exercício no corpo humano.
O condicionamento físico deve ser trabalhado com base em seis fatores
principais: resistência cardiovascular, força, flexibilidade, nutrição, peso e
composição corporal apropriado e relaxamento. O caminho certo para
294
conseguir o condicionamento físico ideal é buscar alcançar esses objetivos.

2 METODOLOGIA

Tipo de pesquisa utilizado: experimental com abordagem quantitativa.


O estudo foi aprovado pelo aprovado Comitê de Ética em Pesquisa
responsável 5379 do Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium –
UniSALESIANO no dia 29 de junho de 2015. Diante disso, o estudo obedece
ao que se segue na Resolução 466 / 2012 sobre pesquisas com seres
humanos.
O objetivo do trabalho foi verificar o efeito do treinamento funcional nas
capacidades físicas analisadas.

2.1 Procedimento

O local de realização do estudo foi o Centro Universitário Católico


Salesiano (UniSALESIANO) da cidade de Lins – SP. As avaliações foram
realizadas na Clínica de Educação Física e na quadra poliesportiva.
Após assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)
e Termo de Assentimento, os participantes da pesquisa passaram por uma
avaliação física na clínica de educação física no Unisalesiano de Lins, onde
foram coletadas a altura, peso, circunferências, além das avaliações das
capacidades físicas analisadas no estudo (agilidade, velocidade, flexibilidade,
potência de membros inferiores e resistência abdominal).
Os participantes da pesquisa fizeram parte de um grupo único que
realizava o treinamento funcional. O período de total de treinamento foi de 8
semanas, por dois dias na semana. Após o período de treinamento funcional
os participantes foram reavaliados em todos os itens da primeira avaliação,
sendo que a avaliação e a reavaliação ocorreram em dias onde eles não
realizaram o treinamento funcional.
A análise estatística utilizada foi o teste t student para amostras
pareadas, o nível de significância adotado foi de p≤0,05.

295
2.2 Amostra

Os participantes da pesquisa foram 06 atletas de futsal, nascidos entre


os anos de 1999 e 2001, que fazem parte da equipe de futsal masculino do
Centro Social Urbano (CSU) de Lins – SP. Os participantes da pesquisa
frequentavam os treinos de futsal durante a semana nos dias de segunda-feira,
quarta-feira e sexta-feira. Dessa forma, os experimentos com o treinamento
funcional do presente estudo eram realizados na terça-feira e quinta-feira.

2.3 Treinamento funcional

Os treinamentos eram feitos com uma duração de 45 minutos, sendo 5


minutos para aquecimento muscular geral com bola ou com os próprios
exercícios que seriam usados nos circuitos, visando, além do aquecimento,
prevenção de lesão e ativação neural para realizarem a atividade com maior
eficiência.
Após o aquecimento os exercícios foram explicados e o objetivo de cada
um no treinamento foi esclarecido para que se conscientizassem da
importância e dos benefícios que o treino proporcionaria a eles no âmbito da
modalidade do futsal.
Posteriormente era iniciada a primeira etapa do circuito, que consistiu
em sete estações onde eram trabalhadas as capacidades físicas desejadas
com o tempo de 30 a 45 segundos de acordo com a percepção de esforço e o
objetivo de alcançar a maior intensidade possível sem oscilações para que
houvesse melhora. Após todos passarem pelas estações, com tempo de
duração de 5 a 7 minutos, somente com um curto intervalo entre os exercícios,
os atletas realizaram uma prancha em decúbito ventral de um minuto
objetivando a melhora da resistência dos músculos estabilizadores do core que
já estavam sendo trabalhados durante os exercícios do circuito. Ao término,
havia o tempo de descanso de 2 a 3 minutos passivamente.
Dando sequência ao treinamento, logo que recuperados, era iniciada a
segunda parte da sessão que consistiu nos mesmos exercícios executados
anteriormente, evitando o processo pedagógico, buscando melhorar o
296
desempenho.
Com a finalização da segunda parte do treino, era executado o intervalo
e, assim que recuperados, iniciou-se a terceira etapa do treinamento que
constituiu por exercícios de potência de membros inferiores com métodos
calistênicos, pliométricos, de estabilização de core e de velocidade.
O treinamento durou oito semanas, sendo que no meio desse período (a
partir de quinta semana) foi modificada sua estrutura para reduzir a monotonia
psicológica, ou seja, o chamado platô e melhorar ainda mais a eficiência do
mesmo nas capacidades físicas pesquisadas.

2.3.1 Exercícios

Burpee, afundo pliométrico, salto com flexão de joelhos sobre


plataforma, passe de peito, medicine ball slam, flexão de tronco, rotação de
tronco com medicine ball, pular corda, agachamento pliométrico, salto
horizontal, tração, mudança de direção com cones (simulação do SEMO),
corrida em U, corrida de frente e de costas, deslocamento escada frontal,
deslocamento escada lateral, sobe e desce step frontal, sobe e desce step
lateral, velocidade de reação com mudança de direção sob comando manual,
tiro de 20 metros, flexão alternada de membros inferiores com estabilização do
tronco na fita de suspensão, flexão de tronco com medicine ball, prancha
frontal, prancha lateral.

2.4 Protocolos de avaliação

Na avaliação da estatura foi utilizado o estadiômetro da marca Sanny. Já


o peso corporal total foi verificado em uma balança de Bioimpedância (TANITA
– Body Fat Analyzer, modelo nº TBF 305). A mensuração da capacidade de
flexibilidade: teste de sentar e alcançar (Barros e Guerra, 2004). Foi realizado o
teste de resistência abdominal (SANTOS FILHO, 1998). Avaliação da potência
dos membros inferiores: teste de impulsão horizontal (SANTOS FILHO, 1998).
Protocolo de avaliação da agilidade: teste de SEMO (SAFRIT, 1995). Protocolo
de avaliação da velocidade: teste de corrida de 20 metros ( GAYA e SILVA,
297
2007).

3 RESULTADOS

As características dos participantes da pesquisa seguem na tabela 1.

Tabela 1 – Características dos participantes

Idade Peso Altura IMC


(anos) (Kg) (metros) (Kg/m)

Média 14,67 50,13 1,66 17,8


DP 1,21 4,87 0,079 2,12
Fonte: Elaborada pelos autores, 2015.

Os resultados obtidos na pesquisa estão apresentados na tabela 2,


sendo que Pré (avaliação dos testes realizada antes do treinamento funcional),
Pós (avaliação dos testes realizada após 08 semanas de treinamento
funcional) e P (análise estatística). Como forma simplificada, os resultados
mostram a média geral dos participantes da pesquisa.
Como pode ser observado, apenas a capacidade física agilidade obteve
uma melhora estatisticamente significante.
Os resultados encontrados na pesquisa mostram que o tempo de
realização de experimento, 08 semanas (16 dias de treinamento), pode ter
influenciado, haja vista que em estudos com tempo maior de pesquisa os 45
resultados foram melhores. O número de participantes, 06, também pode ter
sido determinante nos resultados finais, pois com um número pequeno de
participantes como esse os dados estatísticos acabam por sofrer influências,
pois um número maior apresentaria resultados mais favoráveis. O treinamento
funcional em si exerceu o efeito esperado nos participantes da pesquisa, tanto
que, como apontado em outros estudos, o treinamento com foco na potência
de membros inferiores pode auxiliar no desenvolvimento da capacidade física
agilidade, que foi a única que mostrou uma melhora estatisticamente
significante. A melhora da agilidade pode estar ligada ao fato de alguns
treinamentos feitos pelos participantes da pesquisa abordarem as mudanças
298
de direção, como a corrida em U e a corrida de frente e de costas.

Tabela 2 – Resultados dos protocolos aplicados

Testes Pré Pós P


Resistência abdominal 51 53 0,58
Flexibilidade 21,33 24,92 0,46
Velocidade 3,37 3,16 0,35
Potência de membros
2,08 2,27 0,17
inferiores
Agilidade 13,62 9,41 0,0000011*
Fonte: Elaborada pelos autores, 2015. *P≤0,05

3.1 Discussão

Segundo Pereira (2011), os treinamentos extras, ou seja, treinamentos


que foram realizados à parte do convencional para velocidade no qual os
indivíduos foram submetidos não trouxeram diferença estatisticamente
significativa para a amostra talvez pelo fato de o tempo em que o treinamento
fora aplicado tenha sido curto, 05 semanas apenas, ou pelo tamanho reduzido
de participantes, mas houve melhora significativa com os testes que foram
realizados antes de iniciar os treinamentos. A pesquisa de Pereira (2011)
corrobora com o presente estudo ao citar que o pouco tempo de treinamento
pode ter influenciado no resultado, assim como o pequeno número de
participantes de pesquisa do grupo experimental, 05.
Del Vecchio, Picanço e Silva (2012) concluíram que o treinamento de
força e agilidade com o intuito de verificar qual a influência dessas duas
capacidades no rendimento dos atletas fez com que se descobrisse que a
potência de membros inferiores está interligada por essas duas capacidades
supracitadas e que quanto melhor for a potência muscular de membros
inferiores, mais ágil poderá ser o jogador. O estudo tem por seu objetivo e
descoberta final a conclusão de que a melhora da capacidade de potência em
membros inferiores pode realmente agregar ainda mais na qualidade da

299
capacidade do indivíduo de ser ágil. Tal capacidade pode ter influenciado na
melhora estatisticamente significante da capacidade física agilidade do
presente estudo, pois também foi trabalhada a potência de membros inferiores,
que por sua vez houve apenas melhora significativa na pesquisa, mas pode
mesmo assim complementar para que a agilidade tenha sido melhorada.
DiStefano et. al. (2013) compararam o treinamento integrado com o
treinamento isolado na mensuração de performance e controle neural e
chegaram à conclusão de que o treinamento integrado, aquele que chamamos
de funcional deve ser incorporado junto com o treinamento tradicional haja
vista que o isolado não trabalhe totalmente todas as capacidades físicas dos
indivíduos estudados precisando de um complemento para melhorar mais
ainda suas valências físicas. A adição desses exercícios do âmbito funcional
fez com que melhorasse a agilidade, flexibilidade, resistência, pliometria, etc.
O estudo apresentado confirma que um treinamento integrado,
treinamento funcional, pode ser mais proveitoso para o atleta do que o
treinamento isolado, isso não quer dizer que o isolado deva ser deixado de
lado, mas exemplifica o quão importante é o treinamento integrado, ajudando a
melhorar as capacidades físicas estudadas.
Esse fato corrobora com o presente estudo ao incluir o treinamento
funcional como complemento ao treinamento de futsal, já que o mesmo tem
como foco o treinamento de praticantes de futsal onde agilidade, pliometria,
flexibilidade e resistência têm enorme importância para o desempenho do
atleta, ao fazer com que esse tipo de treinamento seja uma opção para uma
preparação completa.
Em seu estudo Oliveira (2013) chega à conclusão que os efeitos do
treinamento de força sobre as capacidades velocidade e potência em atletas
de futsal, que foi realizado 2 vezes por semana com séries de 2 a 4 com
repetições de 6 a 12, usado dos testes de velocidade de 10 metros e salto
horizontal durante 5 meses pode ter sido positivo no ganho de força e potência.
Oliveira (2013) confirma que o treinamento de força pode influenciar na
melhora da potência dos indivíduos, isso pode ser usado como um
complemento assim como foi supracitado juntamente com um treinamento
integrado para que sua melhora seja o mais exponencial possível,
300
influenciando no aperfeiçoamento da agilidade como também fora citado em
outros estudos.
Em estudo com equipe amadora de futsal por meio de acompanhamento
de aproximadamente dois meses e meio do treinamento, com avaliações pré e
pós a esse período, Santos; Lima; Verdelli (2013) encontraram resultados
estatisticamente significantes nos testes de agilidade e potência de membros
inferiores, já a flexibilidade teve melhora, mas não estatisticamente significante.
Isso demonstra a importância da utilização da agilidade no futsal, pois assim
como no presente estudo, ela apresentou resultado estatisticamente
significante no período de acompanhamento.
Machado Filho (2014) mostra em seu estudo que em 12 semanas de
treinamento específico de futsal em meninos escolares (de 11 a 13 anos de
idade), com avaliação pré e pós a esse período, houve melhora
estatisticamente significante nas capacidades flexibilidade, força de membros
inferiores, agilidade e testes abdominais, o que indica que o período adotado
no presente estudo, de 08 semanas, pode ter sido uma variável importante na
interferência do resultado. Vale ressaltar a diferença de idade entre os
participantes de pesquisa dos dois estudos.

CONCLUSÃO

O presente estudo buscou verificar se o treinamento funcional pode


causar efeito no condicionamento físico dos atletas de futsal, o que foi
confirmado pelos resultados apresentados, mesmo que a melhora
estatisticamente significante tenha sido em apenas uma capacidade física. O
fato de o tempo de treinamento funcional ser de somente 08 semanas, haja
vista que em estudos com tempo maior entre avaliações pré e pós treinamento
os resultados foram estatisticamente significantes, pode ter influenciado
diretamente no resultado do estudo, bem como o pequeno número de
participantes da pesquisa, 6.
Um limitador para o presente estudo foi o baixo número de pesquisas
sobre treinamento funcional em língua portuguesa, que fez com que não
houvesse muitas opções de referências para a realização do presente estudo,
301
ainda que houve a utilização de estudos em língua inglesa. De acordo com o
que foi citado em estudos abordados nessa pesquisa, o desempenho de uma
capacidade física pode ser aprimorado com o trabalho em outras capacidades.
Esse fato confirma o motivo de a agilidade obter o resultado estatisticamente
significante, mesmo com um treinamento que envolvia também outras
finalidades, como resistência abdominal, flexibilidade, velocidade e potência de
membros inferiores.
Diante disso, percebeu-se que ao complementar o treinamento de futsal
específico com o treinamento funcional, os participantes da pesquisa
melhoraram o seu condicionamento físico, o que agregou e auxiliou na
preparação física desses atletas ao permitir a eles uma melhora em seu
desempenho nas capacidades físicas abordadas no presente estudo, ainda
que somente uma, a agilidade, mostrou resultado estatisticamente significante.
Ainda que tenha sido apenas uma capacidade física, como foi
observado durante toda a pesquisa, a capacidade física agilidade é de muita
importância para um atleta de futsal desempenhar o seu papel na prática
esportiva, pois o mesmo exige trocas rápidas de direção.
O presente estudo sugere que, em futuras pesquisas envolvendo o
treinamento funcional como complemento ao treinamento de futsal, haja um
tempo mais adequado para a pesquisa, assim como um número maior de
participantes e sejam envolvidas outras capacidades físicas utilizadas na
prática do esporte. Salienta-se ainda um cuidado com o tempo de recuperação
e descanso dos participantes da pesquisa, já que, devido ao volume de
treinamento, estes podem sofrer desgastes e, dessa forma, não atingir os
objetivos propostos.

REFERÊNCIAS

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testes de esforço e sua prescrição. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,
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