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Só recapitulando algumas coisas que a gente falou ontem.

A gente falou sobre


interdisciplinaridade, mas não necessariamente como a gente ouve por aí, a galera falando que
tem de criar projetos interdisciplinares para todo mundo aprender as diversas matérias de
forma interligada e tudo mais. O que a gente falou foi o seguinte: a interdisciplinaridade tem
que ser o próprio professor. O professor tem que ter um interesse tão dinâmico, viver
interessado mesmo pela realidade. Mesmo que num nível básico e superficial, pelas coisas que
tenham a ver com o aluno, tenham a ver com o estudo.

Porque, como nós falamos, é uma tremenda sacanagem você deixar um aluno vendo 50
minutos de uma aula de biologia e depois vem um outro nêgo e fala sobre gases ou movimento
retilíneo uniforme e depois chega outro e fala sobre análise sintática, sem que nada esteja
conectado. E só você, enquanto os alunos estão estudando um monte de coisas diferentes,
você fica preso no mundinho da sua área. "Ah, eu não preciso estudar outras coisas. Eu não
preciso estudar gramática, não preciso estudar matemática, eu só preciso estudar isto aqui da
minha ciência". E aí você fica aquele bobão que tá preso só num nível de experiência. Você só
está interessado por um ponto da realidade que geralmente é um recorte muito superficial. Não
importa qual ciência seja. Qualquer ciência é um recorte superficial da realidade. E a gente tem
que se interessar pelas coisas integralmente, porque uma coisa leva a outra.

Se eu percebo, por exemplo, que a minha aula não está fluindo bem por causa da minha
linguagem, eu vou ter que estudar linguagem, gramática, retórica... Eu percebo que falta
alguma coisa. Ou se a minha matéria tem a ver com história, por exemplo, eu tenho que
aprender a história daquilo ali também para passar para os meus alunos, independentemente
da área que você ensina. Então, disso aí a gente pode voltar para um ponto que a gente falou
há muito tempo atrás - e falamos na primeira live também: o conhecimento tem que ser
unificado. Não só porque na realidade as coisas se apresentam integralmente pra você (tudo
está ligado dentro da realidade. Por isso que os filósofos dizem que existe uma coisa que é o
Ser, né?). E tem que estar ligado também na nossa cabeça. Porque o seu interesse não pode
ser apenas por um ponto específico, mas por esse ponto dentro da realidade.

E disso aí a gente parte para o seguinte: a gente ouve por aí e a gente fala também às vezes
que o professor não é educador. Eu tenho certeza que vocês já ouviram isso muitas. Porém,
inevitavelmente, um professor é um educador. Quem já esteve em uma sala de aula ou...
Primeiro, todos os pais - quem é pai homeschooler aqui sabe - um pai é um educador por ser
fonte e origem dos seus filhos. E a sua casa é o primeiro ambiente dos seus filhos também.
Então você é responsável por transmitir os valores morais para os seus filhos. Aquilo que você
acha certo e errado e aquilo que ele precisa para se ordenar no mundo. Porém, numa sala de
aula acontecem experiências, como acontecem experiências em qualquer encontro humano,
que pedem a nossa moralidade, que chamam a nossa moralidade. Não num sentido específico
de certo e errado apenas. Não é aquele moralismo rígido.

Mas acontecem coisas nas salas de aulas... Às vezes uma coisa boba. "Professor, fulano
pegou meu lápis"... Aqueles moleques pequenos insuportáveis. Ou eles começam a brigar. Ou
tem alguém tentando comer a mais gatinha da sala. Inevitavelmente, você tem que ordenar
aquilo ali porque você é o adulto. Não é só porque você é professor, mas geralmente se você
ensina pessoas pequenas, crianças ou adolescentes, você como adulto é chamado a ordenar
aquilo ali. Então, por ser chamado a ordenar aquilo ali, você é chamado também a agir
moralmente; a agir com a sua moralidade. Lembrando que não é num sentido de certo e errado
somente. Mas você não pode, num encontro humano, apenas instruir. "Ah, vou falar aqui
apenas da minha matéria e acabou. Foda-se todo o resto". Isso não existe. Os seus alunos te
chamam para uma experiência. Sempre, sempre, sempre, sempre. Você não vai conseguir
conviver um semestre, um ano ou uma vida com uma pessoa sem que ela te peça, te faça um
chamado a uma resposta que toque a sua moralidade, que toque as exigências do seu
coração. Isso vai acontecer. Vai acontecer algo, algum drama e você vai ter de responder com
a sua moralidade.

Às vezes a própria matéria exige que você responda dentro da sua moralidade. Você está
ensinando sobre comunismo, por exemplo. Algum ponto ali irá exigir a sua moralidade. Você
está ensinando genética e terá de tocar em pontos como clonagem, fertilização in vitro, então
vai chegar um ponto ali em que a sua moralidade é convocada. Alguém vai falar de aborto ou
qualquer coisa. Não importa se é a pessoa, a circunstância ou se é o conteúdo que chama
essa moralidade. O que importa é que, inevitavelmente, ela é chamada.

Lembrando que não é no sentido de: "Ah, isto aqui é errado". E aí você vai ser aquele professor
que fala sempre: "Não pode fazer isso porque é errado" ou "Deus não quer que você faça
assim". Aquele professor meio catequista. Nem mesmo a Igreja recomenda... Na verdade, a
Igreja diz que não deve ser assim. Você não pode catequizar em sala de aula nem mesmo nas
instituições católicas. Então, se você é católico, saiba que a Igreja fala que a escola não é um
lugar de catequese. A escola é um lugar em que você apresenta a realidade para o aluno de
uma forma - e com tal personalidade - que ele fala: "Pô, isso aqui é verdade mesmo". E aí ele
vai se interessando pela transmissão dessa verdade e acaba chegando naquilo que a Igreja
transmite. Isso é maravilhoso!

Então, é no sentido das exigências elementares, como nós falamos no segundo caderno de
ativação. Todo mundo tem exigências... A gente passou aquela musiquinha do Chopin, d'A
Gota d'Água, que tem um toquezinho que se repete e que ali é o toque do nosso coração. Todo
mundo tem exigências que não mudam e que irão estar presentes em qualquer encontro
humano. Então, se está presente em qualquer encontro humano, você vai ser chamado a
responder aquilo moralmente, de acordo com essas exigências do coração de todo mundo.

Portanto, o professor é chamado o tempo inteiro a comunicar a si mesmo. E isso é


maravilhoso! Por exemplo, você chega numa sala de aula e você é novato - todo mundo que é
professor já passou por isso... Então os seus alunos te testam. E a gente fica pensando: "Pô,
esses moleques querem ferrar com a minha aula, querendo me atrapalhar". Independente da
circunstâncias. E às vezes você está ensinando adultos e eles falam isso.
Os nossos alunos não nos testam para ver quais são os nossos defeitos ou para atrapalhar a
nossa aula. Não é isso. O que eles querem perceber é se você é coerente. Se mesmo dentro
daquela bagunça, se mesmo dentro daquela circunstância ali em que as coisas não estão
equilibradas, você permanece o mesmo. Olha que coisa impressionante. Como muda o nosso
olhar. O aluno não está te sacaneando necessariamente. Ele está tentando ver se existe em
você uma personalidade íntegra. Porque no fundo é isso também que ele busca.

Dá pra sacar isso? Dá pra perceber como o lance de educar é um assunto gravíssimo? Porque
quando você fala apenas: "Ah, o professor só precisa instruir. Ele só precisa transmitir
determinado conteúdo." Aí você amputa todas as outras circunstâncias que necessariamente
estarão presentes. Não vai dar pra você anular o fato de que é um encontro entre duas
pessoas ou mais e que nesse encontro as exigências do coração estão ali porque são seres
humanos e não dá pra apagar isso de um ser humano. Não importa a ideologia que você
coloca na cabeça de uma pessoa, essas exigências estão lá. Então, como não dá pra fugir
disso, isso vai estar presente em qualquer processo educativo. Sacaram isso aí?! E saber disso
é uma coisa tremenda! E quando você esquece disso e acha que tudo o que você está fazendo
é transmitir um conteúdo, você não sabe como agir quando essas exigências aparecem. Você
quer logo cortá-las, mas não tem como cortar, porque o aluno está querendo outra coisa
também. E a experiência humana exige isso também. O nosso coração não pára de bater só
porque estamos dando aula de química, só porque a gente tá dando aula de física, só porque
tá dando aula de português. O coração continua exigindo as mesmas coisas. E essas coisas
estão presentes em todas as relações. Esse é o primeiro ponto.

E se o que o aluno exige é uma coerência e se o que está em jogo é essa relação, a gente
percebe que a educação depende de uma comunicação de si mesmo. De que você seja
íntegro e consciente a ponto de que saiba que está comunicando quem você é. Portanto, não é
no conteúdo que dá a forma da aula. O que dá a forma da aula é a sua pessoa. É daí que
nasce a sua autoridade.

Vou dar um exemplo aqui. Eu não sei vocês sabem como surgiram as universidades. As
universidades surgiram porque tinha uns caras muito inteligentes que se juntavam para discutir
alguns assuntos. E alguém falava: "Pô, tem um cara ali inteligente pra cacete. Talvez se a
gente se juntasse e ficasse todo mundo perto dele, a gente ia aprender coisa pra caramba". E
aí um monte de gente ficava perto desse cara e isso ia se expandindo, esse cara ia educando
mais gente e fazendo mais professores e aí mais gente ia atrás dessas pessoas nesse lugar.

Então as universidades surgiram de um interesse genuíno por alguém que tinha uma
autoridade baseado no que ele sabia transmitir e na própria personalidade que ele tinha. Só
que chegou um momento em que essa coisa cresceu tanto que a Igreja teve que falar assim:
"Pronto, agora a gente tem que dar um diploma pra esses caras que estão saindo da
universidade. A gente tem que dar um papel que comprove que eles fizeram todo o percurso
que a gente tá exigindo". Porque imagina você soltar o cara lá no mundo e ele apenas falar que
veio da universidade de Bologna ou Paris. Isso não é suficiente. Ele tem que comprovar que
ele veio da instituição. Quando inventaram esse troço de diploma, embora uma coisa eficiente
e justa, a coisa começou a decair porque, se eu fiz todo o percurso de uma forma integral e
interessada e outro fez de uma forma meio bamba e sem interesse, ele recebe no final o
mesmo papel. Então isso vai começando a criar um mero academicismo e depois cria uma
artificialidade mesmo. A coisa perde a sua essência.

Até que chega um momento em que a coisa fica tão incrustada, que a educação começa a
decair. Em 1550, mais ou menos, surge um cara lá na Espanha que é o Santo Inácio de
Loyola. Esse santo, vendo a decadência da educação... Na verdade, o interesse dele inicial
não era na educação. Ele era um soldado e lutou em uma batalha em que foi ferido
gravemente e quase morre. E então ele passa um tempo entre a vida e morte e começa a ler a
vida dos santos, ler a vida de Cristo e pensa: "É, eu preciso mudar". E então ele começa a
fazer missões pela Terra Santa, se não me engano. E depois ele voltou e foi pedir ao Papa
para passar um tempo ali na Itália e depois voltar para a Terra Santa com os amigos dele. Só
que, no momento em que ele decide voltar, os portos são fechados. E aí ele é obrigado a
permanecer na Itália. e aí o Papa falou: "Então vocês ficam aqui e vocês vão ajudar nos bairros
carentes, vão ouvir confissões e tal". E eles ficaram lá. Depois de um tempo, o Papa foi
investigar aquele trabalho e ele viu que por onde aqueles cara passavam, as coisas se
transformavam. E aí o Papa falou assim: "Vocês têm um trabalho impressionante. De vocês
nasce uma autoridade. Como a crise que a gente enfrenta hoje é uma crise de educação, eu
quero que vocês fiquem responsáveis pela educação". E aí eles criam a ordem dos Jesuítas. E
a ordem dos Jesuítas nasce dessa autoridade.

Só que os jesuítas não podiam dar os diplomas para os estudantes. Mesmo que eles tivessem
500 mil estudantes, nenhum recebia diploma. Até que chegou uma hora em que os pais
falavam assim: "Eu não quero que os meus filhos sejam educados com esses professores só
porque eles têm diplominha, porque eles são bem inferiores aos jesuítas. eu quero que eles
estudem com os jesuítas". E, então, o rei da França, vendo que a autoridade desses caras
clamava por uma ação nova, permitiu que eles dessem diplomas também.

E aí você vê como a autoridade de um professor que tá ali sendo sincero no jogo, sabendo que
a exigência não é só de conteúdo, mas é uma exigência que envolve tudo, envolve toda a
dinâmica da história e da relação com o aluno... E assim eles se tornaram a maior companhia
educativa do mundo. Fora do eixo isso. Eles vieram de fora do eixo e, do nada, as pessoas
começaram a querer que os filhos estudassem com eles. Vejam que coisa impressionante
porque nasce verdadeiramente de alguém que está jogando a si mesmo. Que não está
pensando só em instruir.

Essa idéia de educação como pura instrução é uma idéia absolutamente moderna, porque,
inevitavelmente, tudo está em jogo. Tudo está em jogo em qualquer processo educativo.

E aqui entra um outro ponto. Se o que o aluno quer ver dentro de você é esta autoridade que
nasce de uma coerência, educar também é um risco. Luigi Giussani fala isso, né? Educar é um
risco. Por quê? Primeiro porque se a sua coerência decai, se você não é uma pessoa íntegra e
coerente, o processo educativo também começa a cair.

O aluno não está interessado inicialmente no seu conteúdo. Eu nunca vi um professor que
entrasse numa sala de aula ou um pai que senta na mesa para estudar e o primeiro impulso do
aluno é querer ser instruído, querer aprender algum conteúdo. Não. o aluno está interessado
primeiro em saber quem você é. Então, se você não atrai primeiro para a sua autoridade, a
coisa não acontece.

Existem duas formas de você atrair essa autoridade. Ou você firma duramente as regras: "Eu
sei e você não sabe. Eu sou adulto e você não é. Eu fiz isso e aquilo e você não fez. Então
senta aí, cala a boca, burro, e aprende comigo". Ou você vai pelo carisma mesmo. Você vai
fazendo as pessoas se interessarem por aquilo que você é e aquilo que você faz.

Porém, todos os alunos são tão livres quanto você. Não é só você que é livre. Não é só a sua
liberdade que está em jogo. E em tudo o que há liberdade há risco, porque aquela outra pessoa
pode não curtir ou não querer ou não desejar viver aquilo que você transmite, não desejar
saber aquilo que você está transmitindo. Daí eu vejo muito nos pais e professores uma certa
impaciência para que o aluno seja da forma que eles querem que o aluno seja. E todo mundo
quer correr para que o outro seja daquele jeito, esquecendo que existe um tempo de maturação
nosso aí.

Quantas vezes não aconteceu com você? Alguém te falou uma coisa quando você era criança
ou adolescente e só depois de muito, muito, muito tempo você falou: "É meu pai tinha razão. É
meu professor tinha razão. Isso aqui que eles me falavam realmente faz sentido". Então a
educação exige esse tempo. Você não pode correr contra isso. E exige que a pessoa use a sua
liberdade para chegar nisso aí, até porque ela pode simplesmente abandonar aquele dado ali e
falar "pô, eu não quero pensar nisso aí". Tudo é um risco. E Platão tem uma frase muito
interessante em que ele fala assim: "o risco é belo". Olha que coisa bonita mesmo. O risco é
belo! Sem risco a vida é frouxa, é sem graça, é vazia. Não tem dinâmica. Não tem espírito. Mas
o risco é a beleza da coisa porque é parte da experiência em que todo mundo é livre, todo
mundo é livre para aceitar ou não, para seguir adiante ou não. Então é impressionante quando
Luigi Giussani parte desse ponto. Ele tem que lembrar a todo mundo aquilo que havia sido
esquecido: educar é um risco. Educar é um risco sério porque, primeiro, se você não tem
personalidade e não comunica a si mesmo, não usa seu carisma para reconhecer esse mistério
e passar alguma coisa para esta outra pessoa que também tem as mesmas exigências que
você, tudo vai por água abaixo. Não adianta ensinar nada se você não é coerente. Ou adianta
muito pouco.. Esse é o primeiro risco.

E o segundo risco é querer anular a liberdade do outro. Existem até meios de fazer isso. Se
você ler, por exemplo, O Maquiavel Pedagogo, você encontra vários métodos para manipular a
liberdade da pessoa e ir colocando ideologias na cabeça dela. E nós vemos isso acontecendo
nas escolas o tempo inteiro. Porém, isso não é educar, né? Você está prendendo a pessoa em
um esquema que é o seu esquema. E isso nunca vai ser educar. A educação ajuda a pessoa a
ser mais ela mesma e não mais um esquema político ou qualquer coisa do tipo. Então, nós
temos que educar sabendo dessa liberdade e exigindo dessa liberdade porque é só essa
liberdade que, usando a razão, encontra a verdade das coisas. Sem essa liberdade, a pessoa
vive presa naquilo que você impõe. E aí nós voltamos para o ponto da primeira aula: nós não
queremos que o aluno fique preso no que a gente diz só porque a gente diz. A gente quer que
ele chegue no ponto em que a gente concluiu: "É, meu professor... Minha mãe tinha razão.
Eles diziam isso e agora eu sei". Vem com o tempo mesmo. Vem com o tempo porque a
pessoa é livre. Ela é livre para usar a razão quando ela quer.

E tem um ponto muito interessante no Pai Nosso... O professor Luiz Gonzaga de Carvalho
Neto fala isso nas aulas do Pai Nosso. E esse pra mim é um dos pontos mais interessantes do
livro, em que ele fala assim: "eu estudei física com um livro do Heisenberg e aquilo me chamou
muita atenção e eu quis estudar mais coisas por causa daquele livro. Eu nunca conheci o
Heisenberg, nunca ofendi o Heisenberg, mas eu tenho uma dívida com ele que eu não posso
pagar. Eu tenho dívida com as pessoas que me educaram que eu não posso pagar. Às vezes
eu não consigo retornar até a pessoa que me educou e falar 'obrigado!'".

Imagine a pessoa que te alfabetizou. Ela te deu um domínio sobre a linguagem e a realidade
que é um domínio impressionante, magnífico e fascinante e do qual você depende em
inúmeras circunstâncias. E você não pode mais voltar para aquela pessoa e falar "Obrigado.
Você mudou a minha vida. Sem você eu estaria perdido". Não dá pra fazer isso. Geralmente
não dá. Porque aquela pessoa ficou perdida no passado. Ou os grandes autores que nos
ensinam um bocado de coisas, não dá pra chegar e falar, por exemplo, "Ó, Platão, obrigado!".
Porque ele não está perto de mim. Mas mesmo assim eu tenho uma dívida com ele. Uma forma
de reconhecer esta dívida, que o professor Luiz Gonzaga fala, é o seguinte: quando você
estiver fazendo o Pai Nosso, lembre-se disso. E na hora em que você falar "Pai, perdoai as
nossas dívidas assim como nós perdoamos aos nossos devedores"... O professor Luiz
Gonzaga fala que prefere a expressão "dívidas" a "ofensas" por causa disso. Perdoa as minhas
dívidas porque tem pessoas a quem eu devo, tem pessoas às quais eu sou grato, e eu não
tenho como retribuir. Só o Senhor sabe disso e só o Senhor pode retribuir por mim. Pode ser
que um dia eu encontre essas pessoas no paraíso e aí eu vou poder falar "obrigado", mas no
momento não dá pra fazer isso. O que dá pra fazer é resgatar esse sentido na oração mesmo.
E isso aqui é um sinal desse risco da educação e dessa gratidão que a gente tem que ter e que
eu espero que um dia alguém tenha por você por você ter educado essa pessoa; mas que nem
sempre dá para ela retribuir porque ser educado por alguém é algo que está além dos nossos
limites de retribuição mesmo, de agradecimento.

Todos esses pontos são evidências de que não dá pra fugir do caráter educativo mesmo no
processo de instruir. É óbvio que você não deve fugir do conteúdo da sua matéria. Mas,
primeiro, o aluno não está interessado no seu conteúdo a princípio. Ele está interessado em
você e ele vai testar você. Então, a princípio, o que chama a atenção não é o seu conteúdo; é a
sua pessoa. Segundo ponto: em todos os encontros surgem exigências que estão no coração
do homem e que precisam ser respondidas. Surgem intrigas, surgem dilemas, surgem amores,
paixões que precisam de respostas. E essas respostas exigem a moralidade natural do nosso
coração, que são as exigências de justiça, de beleza, de verdade... E que também não dá para
fugir disso aí. Então lembrem-se disso sempre que alguém falar que o seu papel seria apenas
instruir, porque mesmo que seja instruir - e realmente é, porque você precisa passar uma
técnica e transmitir um conteúdo para o seu aluno, se não você estará o sacaneando. Você
está recebendo algo para transmitir essa técnica. Mas no fundo, não pode ser só isso. Não dá
pra ser só isso.

Então é isso. Fiquem com Deus e rezem sempre.

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