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◊ Luanda ◊ Bengo ◊
Escola Superior Pedagógica do Bengo
Departamento de Ensino Investigação e Extensão de Ciências Sociais
Autores:
Ângelo Rodrigues
Felisberto Milulo Feliciano
Ismael Francisco Gomes da Silva João
Autores:
Ângelo Rodrigues
Felisberto Milulo Feliciano
Ismael Francisco Gomes da Silva João
Orientador:
Msc. Tarcísio Afonso Tchivole
This course History teaching end work boards about the paper of the traditional
authorities in Dembos-Quibaxi's oral tradition: An anthropological-sociocultural and
ethnological perspective of the adultery (1975 - 1989). Runs or flow over specifically
about as this entity, understood as singular or collective person lunge of
representative power, legitimated by the people, near the community based in habits
and customary values, conceives and it boards the adultery in the region. The
research search answer the matter: Which the paper of the traditional authorities in
the adultery inquiry in Quibaxi's Region? Having for main goal to comprehend the
paper of the traditional authorities in the oral tradition by means of its intervention in
the adultery inquiry, made possible through the theoretical bases of the research;
Paper methodological procedures and identification description that the referred
entity performs in the oral tradition in the adultery inquiry in the referred delimitation
space-temporal. Finally, it stands out that for constituting a matter in which the state
administration does not act, competes the traditional authorities to give back-up to
the adultery inquiry, taking over legislators' paper and judges in the greeting scope of
her responsibilities while of common use leaders legitimated by the people,
performing yet, for pair of this, different papers, by means of an organized and
functional structure based on customary right of ideological-religious head office
spiritualist, contributing in the affirmation, preservation and divulging of the cultural
pile of the region with resource to the oral tradition.
AGRADECIMENTO.......................................................................................................II
RESUMO......................................................................................................................III
ABSTRACT..................................................................................................................IV
SIGLAS E ABREVIATURAS.........................................................................................V
INTRODUÇÃO..............................................................................................................8
CAPÍTULO II – METODOLOGIA................................................................................19
CONCLUSÃO..............................................................................................................41
BIBLIOGRAFIA...........................................................................................................42
ANEXOS......................................................................................................................45
INTRODUÇÃO
8
fundamentar teoricamente a pesquisa; descrever os procedimentos metodológicos;
apresentar a narrativa do impacto das acções realizadas pelas autoridades
tradicionais no quesito do adultério em Quibaxi.
Como respostas prováveis ao problema levantado, formularam-se as
seguintes hipóteses:
_ Por constituir uma questão na qual a administração do estado é
inoperante, compete as autoridades tradicionais abordá-lo assumindo o papel de
legisladores e juízes comunitários;
_ Por constituir um litígio doloso com consequências nefastas para a
comunidade, a intervenção da autoridade tradicional ante o adultério é necessária no
âmbito do cumprimento das suas responsabilidades enquanto líderes comunitários
legitimados pelo povo.
A relevância desta pesquisa justifica-se pela sua originalidade, pois, até
então, não se tem conhecimento de nenhuma investigação sobre o papel das
autoridades tradicionais no quesito do adultério na região dos Dembos – Quibaxi.
Sendo assim, procurou-se trazer uma abordagem sobre as particularidades do papel
desempenhado por esta entidade nesta região através do quesito do adultério com
recurso às fontes orais.
O recurso as fontes orais prende-se à carência de referências
bibliográficas sobre o tema, pois entre outros autores que escreveram sobre a
autoridade tradicional tais como: Raul Altuna, Justina Carlos Miguel, Carlos Feijó,
Cremildo Paca e Lazarino Poulson, fica em aberto, em suas obras, uma abordagem
detalhada em relação ao tema desta pesquisa, ou seja, não há evidências de uma
abordagem científica exaustiva em relação ao papel que essas entidades
desempenham no seio comunitário, o que conduziu, deste modo, à elaboração de
parte do TFC mediante fontes orais.
Ademais, o presente estudo surge na perspectiva de um contributo
para a valorização e resgate da história de todos, que no quadro da produção
historiográfica de Angola, não são compreendidos como sujeitos históricos, em
detrimento de uma narrativa e ensino voltado para grandes feitos, figuras heroicas e
datas comemorativas “relevantes”, fundamentada nos preceitos da Escola Metódica
ou positivista.
9
“As escolas históricas representam as maneiras como os historiadores
pensam, como formulam seus trabalhos de pesquisa e como constroem o próprio
conhecimento histórico” (Canabarro, 2008, p. 41).
Preocupada com a concepção de todos como sujeitos da História e em
oposição ao paradigma historiográfico supracitado destaca-se a Escola dos Annales,
privilegiado para justificar esta pesquisa, pela preocupação em relação ao estudo da
totalidade. A Escola dos Annales “Vem influenciando várias gerações de
historiadores que buscam compreender a História em suas múltiplas dimensões de
abordagem” (Canabarro, 2008, p.79)
Deste modo, torna-se claro o compromisso da Escola dos Annales com
a construção de uma visão interdisciplinar da história, o rompimento em relação aos
modelos tradicionais de periodização, o alargamento das fontes e o mais importante,
a preocupação com a totalidade na construção do saber histórico – entende-se, por
conseguinte, ser neste aspecto onde se enquadra o tema proposto neste TFC.
Para a realização da pesquisa optou-se pelo tipo qualitativo com
adopção dos métodos de pesquisa bibliográfica, monográfico, etnográfico e
histórico, operacionalizados mediante as técnicas de entrevista, questionário e
fichamento.
O presente trabalho está estruturado em três capítulos. O primeiro foi
reservado a fundamentação teórica – revisão bibliográfica sobre os principais
conceitos que compõem o tema (autoridade tradicional e oratura). O segundo
descreve os procedimentos metodológicos adoptados na prossecução da pesquisa.
Por fim, no terceiro trata da narrativa do papel das autoridades tradicionais no
quesito do adultério em Quibaxi.
10
CAPÍTULO I – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
11
nos usos e costumes, no resgates e consolidação das identidade
nacional fazendo cumprir os costumes, dirimir conflitos ou litígios
levando a sua jurisdição, acalmando as populações em casos de
caça queimada, distribuição de terrenos comunitários, resolução de
fenómenos naturais, como a seca cheia e outras calamidades.
(entrevista ao governo Provincial do Cunene, 04 de novembro de
2013).
12
Por outro lado Florêncio afirmou que as autoridades tradicionais têm
jogado um relevante papel, por um lado de intermediário do estado ao nível local,
mas por outro de concorrer em termos da sua condição de reguladores das ordens
jurídicas ligados ao adultério.
Olhando por exemplo para a comuna do Luvemba 1, as autoridades
tradicionais acabaram por desempenhar um papel jurídico fundamental sobretudo a
nível comunal, estando tal como no passado colonial autorizada a resolver pequenos
casos nos seus tribunais de ecanga 2, tais como adultérios, pequenos furtos e
feitiçaria, etc. Outro tipo de crime com violação, crime de sangue, agressões
violentas e homicídio devem ser encaminhados para a administração comunal que
por sua ver reencaminha para a polícia comunal (in Ebin 2004 - 03).
As autoridades tradicionais na era colonial, competia-lhe a resolução
de conflitos internos na perspectiva comunitária, cabendo comunicar a administração
colonial toda situação que ocorresse e possível resolução através de conselho de
ancioes (Feijó. 2012, p. 207 – 218).
O “soba grande” (citado por Florêncio 2002.p14) do município da
jamba, Pedro Domingo disse que muitos estão a valorizar o poder tradicional, uma
vez que os sobas deve resolver situações de adultério, acusações de feitiçaria e
roubo de gado.
Jonh Copans apesar de ser evidente que o mundo rural africano tem
sofrido desde os tempos coloniais, as autoridades tradicionais participavam
activamente em processo com a apropriação individual de distribuição de terras
(Copans, 2007, p. 34)
Nas abordagens desses autores consegue-se perceber que as
autoridades tradicionais tenham desempenhando papeis tais como: de intermediário
entre o estado e as populações, juízes na resolução de conflitos a níveis comunitário
como: pequenos furtos, feitiçaria, roubo de gado, distribuição de terreno, adultério
etc.
Mais para a materialização do nosso estudo procuramos enquadrar na
perspectiva de Poulson (2009) e de Florêncio (2010) que realçou o papel das
autoridades tradicionais tanto como intermediário a nível local, como regulador da
ordem jurídica ligado ao adultério, encarando como um crime, pois na perspectiva de
1
Região do bailundo
2
O termo Umbundo que designa tipo de tribunais das autoridades tradicionais.
13
outros autores o adultério é visto como uma prática condenada, como afirma
Glasman:
14
A expressão autoridade tradicional compreende os indivíduos e
instituições do poder político que regulam a organização do modelo
de produção social da sociedade tradicional. Entidades que
participam nas estruturas formais e institucionais, na formação de
normas e decisões sobre a vida social da comunidade e dos seus
membros. (Florêncio, 2010)
3
A. Hampate-Bâ «Cultura tradicional e transformações sociais» estudos publicados em jornais e os
valores culturais africanos, pp.35-49.
4
15
natureza e seu valor essencial, e depois pôr essa cultura ao alicerce
de todos aqueles que romperam com os usos hermenêuticos em
vigor nos centros iniciativos.
16
c) Protectores do manancial histórico e cultural da sociedade
tradicional;
d) Legislador e defensor do povo em matéria de natureza comunitária.
17
Na abordagem da cultura sobressai, como expoente máximo, Edward
Burnett Tylor (citado por Imbamba, 2010) que define cultura como sendo “aquele
complexo conjunto, aquela totalidade que compreende o conhecimento, as crenças,
a arte, a moral, o direito, o costume e qualquer outra capacidade e hábito adquirido
pelo homem enquanto membro de uma sociedade” (p.33).
Da definição de cultura supracitada pode-se extrair como principais
elementos os seguintes: Constitui um fenómeno humano e social, dinâmico-dialógico
e histórico.
Todos concordam, portanto que a cultura é o produto especial e
exclusivo do homem, é a vida de um povo, em fim é a forma duma sociedade porque
“uma sociedade sem cultura é uma sociedade sem forma, ou seja, um aglomerado
ou coleção de indivíduos mantidos forçadamente juntos pelas necessidades do
momento; enquanto que na robusta é uma cultura tanto mais cabalmente esta
informa a sociedade e transforma o diverso material humano de que é composta”.
“Uma nação, um povo constitui-se em comunidade social graças a sua unidade
cultural. É o que de mais profundo existe na alma de um povo, por isso a cultura é a
forma espiritual da sociedade” (Imbamba, 2010)
A antropologia cultural concorre para um único fim: a humanização
contínua do próprio homem e da sociedade onde vive.
Como se viu, alguns autores concebem, de forma acertada, a
autoridade tradicional como uma entidade de substracto cultural. No entanto importa
destacar que as questões de domínio cultural têm respaldo epistemológico na
antropologia cultural que tem por objecto “a cultura” e esta, por conseguinte, é
intrínseca ao homem.
19
CAPÍTULO II – METODOLOGIA
20
2.3. INSTRUMENTOS DE RECOLHA DE DADOS
21
CAPÍTULO III – O PAPEL DAS AUTORIDADES TRADICIONAIS NA ORATURA NO
QUESITO DO ADULTÉRIO NA REGIÃO DOS DEMBOS-QUIBAXE
22
Na década de 1930 foram publicados três documentos fundamentais
do colonialismo português: o estatuto político, o civil e criminal dos indígenas. Por
exemplo, o Acto Colonial5 (decreto 18: 570), no título II sobre os indígenas defende-
se a existência de regulamentação e de direito especiais para os indígenas não
assimilados dos seus usos e costumes. (Coimbra, 2008:18).
É no estatuto político, civil e criminal dos indígenas de Angola que
apresenta alguns pontos importantes. Este documento aprofunda o princípio da
separação entre “indígena e não “indígena” como bem elucidado nas palavras de
Adriano Moreira (citado por Florêncio,) “No fenómeno colonial verifica-se
precisamente a circunstância de as sociedades indígenas terem perdido a sua
independência e ficarem politicamente subordinadas a um estado de que passam a
fazer parte integrante” ().
A perda de direitos para os indígenas ficou bem patente no art.7ª do
estatuto político, civil e criminal dos indígenas, que adianta não serem concedidos
aos indígenas direito político em relação a instituições de carácter europeu 6.
A subordinação indígena consuma-se com a criação de tribunais
privativos dos indígenas. Este tribunal regulava as relações jurídicas entre os
“indígenas” (art. 14º) é coadjuvado por duas vogais, e por dois assessores para o
“assuntos costumeiros” que pode ser outro indígena de prestígios e conhecedor das
tradições jurídicas locais (art.15º).
A integração das autoridades tradicionais no aparelho do estado
administrativo colonial, constitui uma componente fundamental do próprio processo
de construção e consolidação do estado colonial.
Trutz von trotha designa esse processo como a criação de uma
“administração chieftaincy” (trotha,1996:20). O autor diz que apesar da pluralidade
das instituições africanas essa “administração chieflaincy” baseou-se em três
princípios: o da devolução, o da hierarquia e o dos distritos administrativos.
Com base esses princípios, marcou o processo de integração das
autoridades tradicionais africanas na administração colonial.
No Período Pós- Independência, Nas sociedades tradicionais africanas
as instituições existiram antes da dominação colonial e perduraram durante o
5
Apesar de publicado pela primeira vez em 1930, o Acto Colonial foi posteriormente revisto, devido a
constituição de 1993, e declarado matéria constitucional.
6
In estatuto político, civil e criminal dos indígenas da guine, angola e Moçambique 1939(1929):10
23
período colonial, com as independências africanas provocou uma alteração profunda
no modelo de relacionamento entre as autoridades tradicionais e o novo estado.
Jacque lombarde procurou encontrar uma relação entre as novas elites
e as autoridades tradicionais, que na maioria dos casos as autoridades tradicionais
eram encaradas pelos novos líderes como símbolo da dominação estrangeira,
auxiliar do colonialismo, e encarado como um encrave para o desenvolvimento
nacional. (lombard,1967:211).
Os chefes tradicionais foram se acomodando ao formato colonial, no
entanto de serem transformando em representante das administrações locais do
estado.
Durante esse período o seu pepel foi ofuscado pela presença do
comité de Acão do MPLA, que assumiu o monopólio do poder político e
administrativo.
Apos a independência o poder tradicional e suas instituições foram
praticamente ignorados pelo poder do estado, não lhe sendo reconhecido
constitucionalmente a sua existência e o seu papel enquanto representantes locais
de um poder politico.
Durante toda a década de 1980, em Angola, no plano normativo as
tentativas de codificar as relações entre o estado e as autoridades tradicionais
complicara-se, o processo recomeçou no ano de 1989, o reposicionamento das
autoridade tradicionais vinha dar respostas a uma variedade de pressões vinda de
diferentes cantos do país.
Os chefes reapareceram em larga medida devido a ineficiência do
estado. Os líderes locais passaram a ser considerados essências para uma efectiva
boa governação (programa das nações unidas para o desenvolvimento e ministério
da administração do território, 2003).
7
Consultar o mapa em anexo (anexo nº 3).
24
Quitexe, a Leste pelo município de Bula-Atumba, a Sul pelo município de Pango-
Aluquém e a Oeste pelo município do Dande.
Principalmente Entre-os-Rios Dande e Bengo (Zenza), provavelmente
desde o século XVII, viviam povos que possuíam uma organização política e
reconheciam como líder os denominados Dembos 8.
O distrito dos dembos foi desmembrado do Golungo em 1810 ficando
assim a constituir uma regência a parte sob autoridade do Golungo Alto. Só em 1848
– B.O. Nº 18/11/1848, é que o distrito passou a chamar-se província dos dembos.
A região dos Dembos fez outrora parte do distrito do Golungo Alto pela
organização administrativa de 1847 passou a constituir um conselho, mas só uma
pequena parte da margem direita do Zenza confrontando com o conselho do
Golungo Alto.
A organização administrativa de 1857 incluía os Dembos no número de
conselho e pela organização de 1868 eram atribuídas a estes conselhos apenas três
divisões: Nguembe-Hâmbua, Canguenha e Cassotola. A posteriori, a organização
administrativa de 1911 passou a considerar os Dembos como Circunscrição, mas a
de 1913 restabeleceu a capitania fixando a sua sede em Caculo-Cahenda.
A capitania-mor dos Dembos foi transformada em circunscrição, com o
nome de administração da circunscrição dos Dembos em 28 de Julho de 1991, mas
foi instituída em 24 de Setembro de 1991, tendo então, por sede, o local de Quibaxi.
Quibaxi havia sido criado como posto militar dos Dembos por D. L. Distrito 4153, de
1/9/1971 (B.O. 206).
Nos Dembos a divisão administrativa tinha por base os conselhos que
por sua vez se dividiam em fracções mais ou menos correspondentes.
O dembo é que era proprietário, como amo da terra não podia ir fazer
alguma reunião sem ajuda, foi assim que crio os sobas, os sobas numa aldeia
poderiam fazer ligação entre o estado colonial e o seu povo, mas o soba também
não podiam ir diretamente ao povo, tinha que primeiro transmitir ao dembo para dar
a conhecer ao mwene capita que tem a sua população é assim que os trabalhos de
uns eram executados na região.
8
A palavra Dembos significava que este era subordinado ao rei do Congo exercendo autoridade
militar e administrativa.
25
Dado a este período agora somos independentes, como somos
independentes, insinuamos então a necessidade de formar as autoridades
tradicionais mais uma vez, porque durante essa época da guerra de libertação
quase o direito das autoridades quase havia-se perdido, agora que as actividades
das autoridades tradicionais aumentava cada vez mais, havia necessidade de
organizarem tais autoridades (MATA 2OO2: 56).
A região dos Dembos-Quibaxi compõem aproximadamente 44 aldeias
e cada aldeia tem um soba que controla a sua sanzala, tendo a sua casa como o
seu lumbo e que deve ser sagrado. Todos os finais do meses reúnem-se na capital
na banza (capital), para tratar os assuntos ligados de cada aldeia 9.
Tanto os sobas como o Dembos poderiam ter varias mulheres de
acordo com a sua capacidade.
Todos os que deveriam ser sobas ou Dembos devem ser conhecidos a
sua origem, a sua descendência e os seus pais. O Dembo e maior em relação aos
sobas, e os sobas são maior em relação aos macotas.
O Dembo e o órgão máximo e o soba e o subordinado ao dembo, o
exemplo disso e que o dembo fica na banza e os sobas nas aldeias.
Em relação aos sobas eles tem de ser mesmo da sua aldeia de origem
e o Dembo por mais que vir de uma outra aldeia tem que morar na banza que e a
sua capital.
Durante este período os sobas também eram remunerados pelo estado
e que recebiam uma quantia mínima para o seu sustento que nem cabiam pra nada.
Muito dos sobas também cuidavam das terras para o cultivo e nas suas distribuição
para as populações poderem cultivar, algo também que se notavam nos anos
anteriores, e que os sobas também faziam decolações do bairro, não sabemos se
eram costumeiro também nesse período de estudo.
9
Entrevista realizada ao soba António de São Paulo no dia 15 de julho de 2019.
26
nome de poder, ou seja, é um título dado ao homem que exerce o poder de
autoridade máxima de uma comunidade.
O dembo tem o seu nome particular, por exemplo o atual príncipe dos
dembos chama se António Salvador, anteriormente se chamava de dembos dos
dembos, isto é, dembos que coordena os dembos que posteriormente passou a
ostentar a designação de príncipe.
Em 1952, o Dembo dos dembos vai ao M’Banza congo e com a
formação de tantos dembos recebe a ordem de ser o príncipe dos dembos.
A luz da hierarquização do poder local na região existe diferenças de
dembos, pois existem dembos e existem também dembo grande e também sobas, e
na perspetiva de António Salvador o atual dembo grande dizia:
“O Dembo é a última patente acima dele já não há ninguém, para ser
Dembos dos Dembos primeiramente tem que ser soba e depois pode ser Dembo
dos Dembos”.10
Segundo Américo Tito de 56 anos de idade professor de história do
primeiro ciclo na sua perspetiva abordou da seguinte forma em relação à missão do
dembo grande (príncipe):
12
Entrevista realizada no dia 15 de março de 2019 na região da banza no seu lumbo.
28
O nome Dembos vem de uma família específica, e não deve ser de
qualquer linhagem, isto é tem que ser a partir dos avós ou dos pais,
ou seja, é um nome de herança. Por exemplo, se o pai for um
Mwene Mbagi o filho também pode seguir essa linhagem caso tenha
alguém que queira seguir o pai.
29
tradicionais a quem os contamos de figura no desenvolvimento das relações
diplomáticas com as autoridades portuguesas13.
O cargo de secretário era um cargo que conferia poder, um poder que
poderia ser adquirido independentemente da linhagem ou de parentesco. Dá-nos a
entender o facto de que o cargo de secretário deve ser dado a alguém que saiba
escrever e ler e que fosse de confiança, já que todos os assuntos de estado
passariam na mão dele.
O secretário ocupava uma posição hierarquicamente mais próxima das
dignidades tradicionais, como o conselho dos macotas. 14
13
Santos, Catarina Madeira. Apud. cit. P.94
14
Os macotas eram conselheiros do soba ou Dembo, eram indivíduos mais velhos e que tinham
responsabilidade. De acordo com o glossário da obra Africae Monumento, mesmo não fazendo parte
do conselho governativo eram os macotas, dada a autoridade da sua palavra bastante considerada
pelo agregado social. Eles eram solicitados para o julgamento de litígios quando este não exigia a
intervenção do soba.
30
Para os povos lozi da África o relacionamento sexual não tem
associação com o adultério. Se simplesmente, um homem lozi acompanhar uma
mulher que faz parte não da sua família em um simples passeio, ou se lhe oferecer
cerveja ou rapé, estará cometendo adultério.
Entre os kofyar da Nigéria, o adultério é definido de forma
completamente diferente.se uma mulher insatisfeita com o seu marido mais não
desejar se divorciar, pode arranjar um amante legítimo, com quem viverá
abertamente na propriedade do seu marido. Os homens da tribo possuem o mesmo
privilégio. E não consideram tais relacionamento extraconjugais como sendo
adultério.
Já em algumas culturas ocidental o adultério é definido como o
relacionamento sexual de uma pessoa casada com outra que não é o seu próprio
cônjuge.
Na antiga Babilónia, por exemplo, as esposas eram privadas de um
dos olhos para que só pudessem enxergar o seu senhor 15.Por outro lado podemos
encontrar o exemplo de Savóia 16onde os maridos permitiam que as esposas se
reunissem uma vez por ano e se dirigissem as tabernas com finalidade de se
relacionarem com outros homens. Para os espartanos, o adultério era recomendado
para tratar casos de ciúme “crónico”.
O antagonismo cultural não se restringe só ao passado, os países de
maioria muçulmano que adoptaram a sharia17 segundo o qual o adultério é um crime
previsível com pena de morte. Na cultura ocidental o adultério tem sido tratado com
tolerância deixando de ser visto como uma falta grave. Esta mudança de
comportamento pode ser observadaatravés das alterações no ordenamento jurídico.
No âmbito religioso, o adultério é uma injustiça quem comete fere o
sinal de aliança (cic,2381)18Cristo condena o adultério (cf.: M, 5:27-28) 19. Os profetas
denunciaram a sua gravidade e vêm noadultério como uma figura comparada ao
pecado de idolatria (CIC, 2380).
15
Cic., (cf;M,5,27-28).
16
Região da França.
17
Lei islâmica do alcorão.
18
Catecismo da igreja católica
19
Bíblia Sagrada
31
3.5.1. CONCEPÇÃO DO ADULTERIO NA REGIÃO.
20
Catecismo da igreja católica.
21
Entrevista realizada no dia 17 de maio na aldeia da missão dentro da igreja católica, que deu
poucas informações a respeito do adultério.
32
incumprimento do casamento tradicional (o alambamento prejudicando assim o
vincula familiar).
Pois nessa região os homens são herdeiros de seus antepassados nos
usos e costumes, é comum nesse período de 1975-1989, homens com mais de uma
mulher, o que é normal tradicionalmente e que não traz nenhum problema perante
as comunidades.
Entrevistamos um senhor de 65 anos de idade e que é soba do
Quipungo desde 1989 que dizia: Na administração da justiça, e naquele período
eram mais as mulheres que cometiam o adultério.22
Na justiça tradicional também recomenda-se a não separação até que
a morte os separe se ambos o desejarem, mas que se paga uma multa para o
lesado.
Varias são as causas que levaram as pessoas a serem infiéis aos seus
conjunge, e por conseguintes a seus familiares, dentre os factores que contribuíram
para a concorrência do adultério temos factores como: individuais, de
relacionamento, os comunitários, os económicos os históricos pessoais.
Uma outra que leva ao adultério pode ser as razões biológicas. De
acordo com essa explicação o homem é mais interessado em variedade sexual ou
seja, se importa mais em poder gerar mais descendente, por engravidar várias
mulheres.
Outra causa surge na medida em que o homem torna se inútil ou
recusa a sustentar a família, a mulher procura um protector que assegurasse a
sobrevivência dos filhos.
Também se a mulher trocasse o seu companheiro por causa da má
saúde, ela procuraria um outro para melhorar a sua linhagem genética.
Joblonski (1998). De acordo com ele, na maioria dos casos, acredita-se
que os adultério deriva da necessidade de variações sexuais da busca de novas
satisfações emocionais, o que pode ser um reflexo de maus casamentos, e até
mesmo por retaliação.
22
Entrevista realizado no dia 17 de Maio de 2019 na sua
33
Há ainda outros factores como o envelhecimento, a imaturidade,
alcoolismo, e surgimento de oportunidade.
Já com Goldenberg (2006) argumenta de que existe uma demanda
excessiva de mulheres e uma oferta reduzida de homem, e que justifica a
infidelidade conjugal.
Há casos também como Murphy (2005) explica que o homem
demonstra ciúme quando descobre que a sua parceira já foi infiel sexualmente e a
mulher são ativados quando descobre que o seu parceiro já se envolveu
emocionalmente com outra pessoa.
34
O adultério feminino pode trazer serias implicações graves, a mulher
adúltera pode introduzir a prole ilegítimo no seio do casamento e trazer desonra ao
marido.
Allan johnson (1997) considera que uma das consequências do
adultério é o medo, que são maior meio de sustentação das relações desiguais,
umas das dimensões do medo que esta pesquisa visualizou é a questão da
vergonha como forma de controlo social (Elias,1981; Sousa Martins 1999.).
A vergonha era apresentada em vários discurso como a razão para
evitar o divórcio, o medo de reprovação social, o que provoca desconfronto perante
a transgressão.
Apesar de ser visto como uma transgressão, um pecado, algo que
pode destruir um casamento, gerar muito sofrimento, culpa, vergonha por parte de
quem descobre.
37
3.5.5. DINAMICA DO PROCESSO JUDICIAL DAS AUTORIDADES TRADICIONAL.
38
Depois deste pagamento o soba da autorização para se começarem a
falar: primeiro, o queixoso, a seguir o acusado. Ambos depois de se ouvirem, o
adjunto do soba começa a formular as perguntam mas duas partes, a fim de se
apurar as verdades pra saber que tem a razão. Depois os juízes suplentes junto
com o soba começam a dialogarem entre eles para apurarem o resultado. Por
último o soba acaba com a questão, é determinada o preço que o culpado terá de
pagar.
O culpado busca uma grade de gasosa e cerveja, cinco litro de vinho
pra beber na hora ao público. É obrigatório e se não tem pede emprestado
Na justiça tradicional, os condenados cumprem com o pagamento, pois
não existe cadeias, dá o dia marcado para a resolução do problema e onde será
proferida a sentença, e chegado o dia todos vão ao local combinados tanto os
públicos em geral, as famílias e os individuo envolvidos nos problemas
A seguir é a vez do mediador- conselheiro este aparece de pé, no meio
da assembleia, vai aconselhando os que vão ser julgados e todos os que são
considerados adversários entre si, para que não hajas discussão, calúnias, as
zangas desnecessária que possam vir a tornar a situação ainda pior.
39
O conselheiro assume a tarefa de aconselhar as duas partes ou mais
envolvido no julgamento. Aconselha-as a não levantarem discussões
desnecessárias, mentira, ou calúnia de forma a se evitar o pior.
41
CONCLUSÃO
42
BIBLIOGRAFIA
Bevilacqua, C. (1937). Código Civil dos Estados Unidos do Brasil (5ª ed., Vol. II). Rio
de Janeiro: Livraria Francisco Alves.
Borba, F. S., Ignácio, S. E., & Viaro, M. E. (2012). Michaelis: Dicionário Conciso de
Portugês. São Paulo: Melhoramentos.
43
Imbamba, J. M. (2010). Uma Nova Cultura para Mulheres e Homens Novos - Um
Projecto Filosófico para Angola do 3º Milénio à Luz da Filosofia de Battista Mondim .
Luanda: Paulinas.
44
ENTREVISTAS
DOCUMENTOS DA WEB
45
ANEXOS
46
Anexo nº 2 – modelo de questionário utilizado nas entrevistas
47
Anexo nº 3 – Localização Geográfica dos Dembos – Quibaxi
48
Anexo nº 4 – vista exterior do lumbo
49
Anexo nº 5 – vista interior do lumbo
50
51