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[A consciência coletiva]

[1893]

Émile Durkheim

O conjunto das crenças e dos sentimentos comuns à média dos membros de uma
mesma sociedade forma um sistema determinado que tem sua vida própria; poderemos
chamá-lo: a consciência coletiva ou comum. Sem dúvida, ela não tem por substrato um
órgão único; é, por definição, difusa em toda extensão da sociedade; mas não deixa de ter
caracteres específicos que fazem dela uma realidade distinta. Com efeito, é independente
das condições particulares em que os indivíduos estão colocados; eles passam, ela
permanece. É a mesma no Norte e no Sul, nas grandes e pequenas cidades, nas diferentes
profissões. Da mesma forma, não muda a cada geração, mas, ao contrário, liga umas às
outras as gerações sucessivas. Portanto, é completamente diversa das consciências
particulares, se bem que se realize somente entre indivíduos. Ela é o tipo psíquico da
sociedade, tipo que tem suas propriedades, suas condições de existência, seu modo de
desenvolvimento, tudo como os tipos individuais, embora de uma outra maneira. Com
razão, pois, tem o direito de ser designada por uma palavra especial. Aquela que
empregamos mais acima não está, é verdade, isenta de ambiguidades. Como os termos
coletivo e social são frequentemente tomados um pelo outro, é-se induzido a crer que a
consciência coletiva é toda a consciência social, isto é, estende-se tão longe quanto a vida
psíquica da sociedade, sendo que, sobretudo nas sociedades superiores, ela é só uma parte
muito restrita. As funções judiciárias, governamentais, científicas, industriais, em uma
palavra, todas as funções especiais são de ordem psíquica, visto consistirem em sistemas
de representações e de ações: entretanto, estão evidentemente fora da consciência comum.
Para evitar uma confusão que foi cometida, o melhor seria talvez criar uma expressão
técnica que designasse especialmente o conjunto das similitudes sociais. Todavia, como
o emprego de uma palavra nova, quando não é absolutamente necessária, não se apresenta
livre de inconvenientes, manteremos a expressão mais habitual de consciência coletiva
ou comum, mas lembrando-nos sempre do sentido estrito no qual a empregamos.
Podemos, pois, resumindo a análise que precede, dizer que um ato é criminoso
quando ofende os estados fortes de definidos da consciência coletiva.

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[…] Não se contesta que todo delito seja universalmente reprovado, mas admite-
se que a reprovação, da qual ele é objeto, resulta de sua delituosidade. Todavia, fica-se
em seguida muito embaraçado para dizer em que consiste esta delituosidade. Numa
imoralidade particularmente grave? Eu o consinto; mas é responder à questão pela
questão e colocar uma palavra no lugar de outra; pois trata-se de saber precisamente o
que é imoralidade e, sobretudo, esta imoralidade particular que a sociedade reprime por
meio de penas organizadas e que constitui a criminalidade. Evidentemente ela não pode
vir senão de uma ou várias características comuns a todas as variedades criminológicas;
ora a única que satisfaz esta condição é a oposição que existe entre o crime, qualquer que
seja, e certos sentimentos coletivos. É, pois, esta oposição que faz o crime, em vez de
derivar dele. Em outros termos, não é preciso que um ato fira a consciência comum. Não
reprovamos porque é um crime, mas é um crime porque o reprovamos. Quanto à natureza
intrínseca destes sentimentos, é impossível especificá-la; eles têm os objetivos mais
diversos e não se poderia dar uma forma única. Não se pode dizer que eles se relacionam
nem aos interesses vitais da sociedade nem a um mínimo de justiça; todas estas definições
são inadequadas. Mas, apenas porque um sentimento, quaisquer que sejam sua origem e
seu fim, encontra-se em todas as consciências com um certo grau de força e precisão, todo
ato que o fira é um crime. A psicologia contemporânea retorna cada vez mais à ideia de
Espinosa segundo a qual as coisas são boas porque as amamos e não que a amemos por
serem boas…

DURKHEIM, Émile. Da divisão social do trabalho. Editora Abril. 1979. (Coleção Os


Pensadores) p. 40 – 41.

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