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Modelo de Galeão do século XVI


Acervo do Serviço de Documentação da Marinha

O desenvolvimento da navegação
oceânica: os instrumentos e
as cartas de marear
Para que Portugal pudesse realizar a expansão marítima
efetiva nos séculos XV e XVI foi preciso que se aperfeiçoasse a
navegação, de modo a que se tornasse transoceânica e não apenas
costeira, como se praticava.
Quando começaram as Grandes Navegações, já eram
conhecidos a bússola, inventada pelos chineses, também chamada
de agulha de marear ou agulha magnética, e, dentre os instrumentos
de observação, o astrolábio.
A bússola é composta por uma agulha
imantada que se alinha em função do campo
magnético natural da terra, podendo-se
saber a direção em que está o pólo norte
magnético, propiciando ao navio traçar seu
rumo, sua direção.
Para saber exatamente a posição em
que se está em relação ao globo
terrestre, é necessário calcular a latitude
e a longitude do local. O cálculo prático
da longitude, a bordo de navios, depende
de se conhecer, com precisão, a hora.
Porém, a inexistência de relógios
(cronômetros) que não fossem afetados pelos
movimentos do navio causados pelas ondas fez
com que a hora não pudesse ser calculada no mar
até o século XVIII, quando foram desenvolvidos
Bússola ou agulha de marear cronômetros adequados para serem utilizados a bordo dos
Acervo do Serviço de Documentação da Marinha
navios. A latitude não era difícil de se calcular e era através dela

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e da estimativa de quanto o navio havia se deslocado, que

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os navegadores da época das Grandes Navegações sabiam
aproximadamente onde estavam. Evidentemente, erros de
navegação ocorreram com conseqüências desastrosas.
No Hemisfério Norte, a estrela Polar, que ocupa uma posição
muito próxima do pólo norte celeste, permite nos crepúsculos –
ao nascente e ao poente, quando se avista ao mesmo tempo o
horizonte e as estrelas de maior brilho no céu – um cálculo mais
seguro da latitude. Basta medir sua altura em relação ao horizonte.
Navegar mantendo a mesma altura significa manter a mesma
latitude. Deslocando-se para o Sul ou para o Norte, essa altura 8
Gerardus Mercator, um importante fabricante de
varia. Era assim, e com a ajuda de umas pedras translúcidas que mapas e cartas náuticas, nasceu em 1512, onde hoje
é território belga, e faleceu em 1594.
polarizavam a luz nos dias nublados, que os nórdicos navegavam
sem agulha de marear. Viajando para o Oeste, alcançaram a
Islândia e a América do Norte (muitos séculos antes de
Cristóvão Colombo chegar à América em 1492).
No Hemisfério Sul, a estrela Polar, que marca o pólo norte
celeste, não é visível, e a estrela Alfa do Cruzeiro do Sul (a mais
brilhante desta constelação), que ocupa a posição no céu mais
próxima do pólo sul celeste, não está suficientemente próxima
para ser uma referência para a navegação. A melhor forma de
calcular a latitude nesse hemisfério era observando o Sol em sua
passagem meridiana, ou seja, medindo em graus sua altura, quando
ele passa pelo ponto mais alto do céu, no local onde se está. Os
navegadores da época das Grandes Navegações faziam isto muito
bem, utilizando instrumentos náuticos. O astrolábio era o mais
importante deles e servia, neste caso, para medir o ângulo entre o
Sol em sua passagem meridiana e a vertical. Outros instrumentos
utilizados mais tarde, como o quadrante e o sextante, mediam a
altura do Sol através do ângulo em
relação ao horizonte.
As cartas náuticas eram muito O astrolábio é um instrumento astronômico
inventado pelo grego Hiparco, no século II a.C., e
imprecisas e passaram por um difícil aperfeiçoado pelos astrônomos portugueses. Ele
processo de desenvolvimento. As se constituía de uma roda de madeira com escala
em graus, um pino central (a alidade) com orifícios
que foram inicialmente elaboradas nas duas extremidades (as pínulas). O piloto fazia
pelos portugueses eram conhecidas a alidade girar até os raios do Sol atravessarem os
orifícios das pínulas. O número então indicado na
como portulanos. A partir do final do roda revelava a altura do sol acima do horizonte,
permitindo ao piloto estabelecer a latitude em que
século XVI, passou-se a utilizar a seu navio se encontrava naquele momento.
Projeção de Mercator8. Esta projeção Astrolábio Com o balanço, o astrolábio provocava erros na
medição da altura do Sol.
é utilizada até os dias de hoje nas Acervo do Serviço de
Documentação da
cartas náuticas. Nela os meridianos
e paralelos são representados por linhas retas, que se interceptam
formando ângulos de 90 graus. Isto causa consideráveis distorções
nas latitudes mais elevadas, porém tem a vantagem de os rumos e
as marcações de pontos de terra serem linhas retas, facilitando a
plotagem nas cartas. Como a Terra é aproximadamente esférica

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(na verdade um geóide), a distância mais curta entre dois pontos

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não é uma linha reta na Projeção de Mercator, mas isto é somente
um pequeno inconveniente e a curva que representa a menor
distância pode ser calculada pelo navegador.

Compasso de ponta-seca e dois Relógio de sol, de algibeira, preciso


compassos de cartear - um somente na latitude para
completo e parte de outro - até a qual foi construído.
hoje usados para comparar O estojo de marfim continha,
medidas e distâncias sobre originalmente, a rosa, a agulha
as cartas náuticas. magnética e a escala horária com
gnômon rebatível, de bronze.

A vida a bordo dos navios veleiros

A vida a bordo dos navios veleiros era muito difícil. O trabalho


a bordo, com as manobras de pano, muitas vezes durante
tempestades, exigia bastante esforço físico e era arriscado. A
comida, sem possibilidade de se ter uma frigorífica, era deficiente,
principalmente em vitaminas, o que causava doenças como o
beribéri (pela carência de vitamina B) e o escorbuto (carência de
vitamina C). Durante os longos períodos de mau tempo, não havia
como secar as roupas. A higiene a bordo também deixava muito a
desejar. Muitos morreram nas longas viagens oceânicas.
Cabe observar que a vida em terra também não era fácil. O
trabalho podia ser fatigante e o ambiente insalubre. Desconhecia-
se a causa de muitas doenças. Havia pouco conhecimento sobre
uma dieta alimentar adequada, a medicina da época era muito
deficiente e os antibióticos ainda não existiam. Morria-se por
infecções causadas por bactérias, que seriam curadas sem grandes
dificuldades nos dias de hoje.
O escorbuto merece destaque, pois foi uma doença que
causou a morte de muitos marinheiros nas longas estadias no mar,
quando a dieta dependia apenas de peixe, carne salgada e biscoito
(feito de farinha de trigo, o último alimento que se deteriorava a
bordo dos veleiros). O escorbuto é causado pela falta de vitamina
C na dieta. As gengivas incham e sangram, os dentes perdem sua
fixação, aparecem manchas na pele, sente-se muito cansaço. Com
o tempo, vem a morte. Em uma viagem da Marinha inglesa (força
naval comandada pelo Comodoro George Anson), em 1741, dos
dois mil homens que partiram da Inglaterra, somente 200

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regressaram. A maioria morreu por causa do escorbuto. Por volta

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de 1800, descobriu-se que esse mal poderia ser evitado
acrescentando à dieta suco de limão, rico em vitamina C, pois sua
ingestão diária, em pequenas doses, evita o escorbuto, tornando
mais saudável a vida a bordo dos navios.

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A Expansão Marítima Européia


e o Descobrimento do Brasil
Sinopse
Este capítulo aborda as condicionantes físicas e políticas que
levaram os portugueses a se aventurarem pelo “mar tenebroso” - como
antigamente era chamado o Oceano Atlântico - em busca de caminhos
alternativos para o comércio com o Oriente. Examinamos no capítulo
anterior o desenvolvimento da construção naval e dos instrumentos
náuticos que permitiram tal feito e agora vamos conhecer um pouco
da história de Portugal e de seus navegadores.
O pioneirismo português, ao assumir a liderança do processo
de expansão marítima européia no final do século XIV, encontra
explicação em dois acontecimentos decisivos: o país estava com suas
fronteiras estabelecidas, após as guerras da Reconquista (que resultou
na expulsão dos muçulmanos da Península Ibérica) e firmava-se, então,
como o primeiro Estado europeu moderno, politicamente centralizado,
após a vitória militar contra os reinos vizinhos de Leão e Castela. Tal
processo de centralização do poder foi fator muito importante para
que o reino português pudesse lançar-se a aventura ultramarina, e
quebrar o monopólio exercido pelas cidades de Gênova e Veneza sobre
as rotas de comércio com a Ásia e estabelecer contato direto com as
fontes produtoras. Para isso, em muito contribuiu a estrutura naval já
existente, cujo desenvolvimento foi estimulado pela coroa portuguesa.
Na verdade, a expansão ultramarina ensejou uma aliança entre setores
mercantis e a nobreza, tendo o Estado o controle e direção de tal
empreendimento.
A primeira conquista portuguesa no ultramar foi a cidade de
Ceuta, ao norte da África onde hoje fica situado o Marrocos. Na
seqüência, Diogo Cão explorou a costa africana entre os anos de 1482
e 1485. Bartolomeu Dias atingiu o sul do continente africano e
ultrapassou o Cabo das Tormentas em 1487 (onde hoje fica a África do
Sul) que, após este acontecimento, passou a chamar-se Cabo da Boa
Esperança. Vasco da Gama, em 1498, chegou a Calicute, Sudoeste da
Índia, estabelecendo a rota entre Portugal e o Oriente. Em 1500, a
frota de Pedro Álvares Cabral chegou às terras do Brasil, consolidando
o império ultramarino português.
Descoberta as terras que Portugal denominou Brasil, tornou-se
imperioso seu reconhecimento e povoamento. Veremos, a partir daqui,

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quais as expedições que partiram para o reconhecimento do litoral das

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novas terras e as providências para povoá-la e defendê-la.
Como “Navegar é preciso”, vamos partir para o reconhecimento
de novas terras...

As armas e os barões assinalados


Que da Ocidental praia Lusitana,
Por mares nunca dantes navegados
Passaram ainda além da Taprobana,
Em perigos e guerras esforçados
Mais do que prometia a força humana,
E entre gente remota edificaram;...

Já no largo Oceano navegavam,


As inquietas ondas apartando;
Os ventos brandamente respiravam,
Das naus as velas côncavas inchando;
Da branca escuma os mares se mostravam
Cobertos, onde as proas vão cortando
As marítimas águas consagradas,...
(Trechos de um dos poemas de Luís Vaz de Camões, da obra Os Lusíadas, editada em 1572).

Nau
Pintura a óleo de Carlos Kirovsky
Acervo do Clube Naval

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