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A IMPORTÂNCIA DA HISTÓRIA DA ÁFRICA NO BRASIL.

O estudo da história da África foi durante muito tempo negligenciado pelos


próprios historiadores devido a sua cultura fundamentalmente baseada na oratória e em
concepções artísticas, em sua maioria ligadas à espiritualidade. Essa inobservância da
forma como a tradição africana era expressa e passada historicamente de geração para
geração foi algo que ajudou a dar força a esse estigma que a história da África carrega
até hoje – no Brasil e em tantas outras partes do mundo: uma visão limitada, causada
dentre outros fatores pela falta de registros feitos por escrito pelo próprio povo africano,
combinado com a desvalorização europeia das outras possíveis formas de um povo
contar sua história, apresentando a postura de ignorar todo o passado desse povo antes
do contato com os europeus como se todo seu registro de civilidade começasse apenas a
partir daí, o que acarretou em uma grave displicência no estudo da história da África.

O PERIGO DA HISTÓRIA ÚNICA

“O que isto demonstra, penso eu, é o quão impressionáveis e vulneráveis somos face a uma história,
particularmente as crianças. Porque tudo que tinha lido eram livros em que as personagens eram
estrangeiras, eu convenci-me que os livros, pela sua própria natureza, tinham de incluir estrangeiros,
e tinham de ser sobre coisas com as quais não podia pessoalmente identificar-me.”( Chimamanda
Ngozi Adichie)

Chimamanda nasceu na Nigéria e é atualmente reconhecida como uma entre os mais


importantes escritores da literatura africanai. Ela realizou uma palestra realizada no ano
de 2009 em Londres sob o tema "O perigo das histórias únicas", e de forma brilhante,
refletiu sobre as origens do preconceito e dos estereótipo, que nascem a partir do
desconhecimento do outro, ao citar diversos exemplos de seu próprio cotidiano.
Também admite, que se caso não tivesse crescido na Nigéria, e se tudo que soubesse
sobre África fosse o que normalmente o continente é apresentado ao mundo. Ela
também imaginaria uma terra de belas paisagens, habitada por um povo irracional que
se confrontam em guerras sem sentido, e que vivem em extrema pobreza .

Para Chimamanda essa visão desconstruída do continente está atribuída um mercador


londrino chamado John Locke, que navegou até ao oeste de África em 1561.Onde citou
os Africanos como “ bestas sem cabeças, tendo a sua boca e olhos nos seios que não têm
casas". Esse tipo de escrita segundo a palestrante ,embora criativo por parte do escritor,
deu início a um forma negativa para se descrever a África Subsariana .Ainda com
muito humor ela exemplifica uma situação similar ocorrida no México;

Lembro-me de andar no meu primeiro dia em Guadalajara, vendo as pessoas


a ir trabalhar, enrolando tortilhas no mercado, fumando, rindo. Lembro-me de
primeiro sentir uma breve surpresa. E depois fiquei submersa em vergonha.
Apercebi-me de que estava tão imersa na cobertura dos media sobre os
Mexicanos que eles se haviam tornado uma só coisa na minha mente, o
abjecto imigrante. Eu tinha cedido à história única dos Mexicanos e eu não
podia sentir mais vergonha de mim. E é assim que se cria uma história única,
mostra um povo como uma coisa, como uma única coisa, vezes sem conta, e
é isso que eles se tornam.ii

UM LUTA PELO EQUILÍBRIO DE HISTÓRIAS


Chimamande procura enfatizar o perigo de uma história única, que delimita uma visão
predominantemente eurocêntrica, e impregnada com uma forte carga de etnocentrismo.
É sem dúvida uma defensora do equilíbrio da História ,o mundo carece e deve se
conscientizar dessa importância. É sabido entre os historiadores que a África é o berço
da civilização ,e portanto negar África ,é negar sua própria origem.

No Brasil também existem grandes historiadores e escritores que procuram defender o


equilíbrio das histórias, e se dedicam em explicar a importância da África para o mundo.

O historiador baiano João José Reis um dos mais importantes historiadores do Brasil e
do mundo ,teve inclusive uma de suas obra a “Nossa História Começa na África “iii
como a melhor obra historiográfica latino-americana).E que faz a seguinte menção;

“A escravidão foi o processo mais importante e profundo de nossa história.”


Não podia ser diferente: durou perto de 400 anos, contra apenas 129 anos de
liberdade; o tráfico transatlântico luso-brasileiro importou quase metade dos
11 milhões de suas vítimas; e o Brasil foi o último país das Américas a abolir
a escravidão.  Ela deixou marcas indeléveis na sociedade que nasceu de seus
fundamentos e ainda nos assombra com fantasmas de várias espécies – as
desigualdades sociais e raciais, o racismo sistêmico, o racismo episódico,
agora mais assanhado pelo anonimato da internet (já chamado “racismo
virtual”), hoje o principal veiculo de pregação de todos os ódios, inclusive do
ódio racial.(João Reis)iv
João Reis nos explica que mesmo com estudos que vieram, séculos depois, a desafiar
essa hegemonização cultural de grande impacto negativo nos estudos da história, a
demora em se alcançar esse estudo mais imparcial e as oposições que essa nova forma
de tentar dar mais voz ao povo africano para que contassem sua própria história nos
colocou em um atraso gigantesco, que acarretou em lacunas em nossos conhecimentos
sobre essa terra e esse povo, estabelecendo um desconhecimento marcado por
preconceitos

È importante refletirmos sobre as memórias, as tradições e experiências que deixamos


de aprender ,com a primeira geração de escravos africanos durante a colonização do
Brasil e que rapidamente se diluiu v.

A HISTÓRIA DA ÁFRICA É IMPORTANTE PARA TODO O MUNDO, MAS A


RELAÇÃO ÁFRICA-BRASIL É AINDA MAIS ESTREITA.
O Brasil, por ter recebido aproximadamente um terço de todos os escravos trazidos
para as Américas durante os três séculos de duração do tráfico atlântico, teve contato
com uma nova cultura, novas visões de vida e do mundo, formas de espiritualidade,
manifestações artísticas e uma bagagem cultural e social amplas.

Segundo o censo de 2010 mais da metade de toda a população brasileira atual possui
ascendência africana, e muito mais do que a metade tenha contato direto ou indireto
constante com influências culturais africanas. Contudo, ainda não recebe o devido
reconhecimento toda essa influência importantíssima para nós, porque nós adotamos
essas culturas e elas fazem agora (e já desde muito tempo) parte do Brasil, sendo
intrínsecas à nossa vida cotidiana.

Assim como as histórias da África e do Brasil estão interligadas, é importante


que o povo brasileiro acesse informações sobre esse contexto para explorar de forma
justa e imparcial, desmistificando assim nossas ideias discriminatórias, os reflexos dessa
relação até hoje em nossas vidas, e é aí que entra a importância de um estudo mais
aprofundado da África nas escolas do nível fundamental ao médio, para que esse
assunto seja acessado por todos, o que atinge um grau de importância ainda maior nos
tempos atuais:

O Brasil precisará de esforço hercúleo para livrar-se desse passado


que se recusa a passar. O principal caminho talvez seja mais informação,
mais educação e ações afirmativas, umas entrelaçadas com as demais. Neste
sentido, algumas medidas reivindicadas pelos movimentos negros foram
adotadas nas últimas décadas. Entre elas, destacaria três: as cotas
educacionais, o ensino da história afro-brasileira e a criação da Universidade
da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira.(João Reis)

Talvez por essa nova realidade de informações constantemente sendo expostas à


massa, a formação de grupos buscando expressar suas posições político-sociais através
dos meios de comunicação e manifestações presenciais e as cobranças que se fizeram
presentes a despeito das mudanças que querem ver nas estruturas sociais – tão
permeadas de ignorâncias, preconceitos e desatento por parte do Estado, se fez notar a
necessidade de corrigir essa falta de conteúdo substancialmente relevante e fiel, e no
ano de 2003, entrou em vigor a lei 10.639/03 que estabelece a obrigatoriedade do ensino
de história da África e da cultura afro-brasileira do ensino fundamental ao médio.

“A ÁFRICA NO BRASIL E O BRASIL NA ÁFRICA :NOVOS


HORIZONTES”

A historiadora Marina de Mello de Souza graduada em Ciências Políticas e


Sociais pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (1981), mestre e
doutora em História Social pela Universidade Federal Fluminense (1999) durante a
entrevista 1º Bloco -- História da África chama a atenção sobre a importância na
inclusão do ensino da história da África e das culturas africana e afro-brasileira no
currículo da educação básica,.

Ela alerta sobre a pouca ênfase que recomenda a Lei, no Brasil, criam-se as leis,
porém a estrutura, os meios, neste caso um projeto educacional, que se perpetue ao
longo dos anos e governos. As dificuldades do ensino em sala de aula, o
desconhecimento, não existe ferramentas para aprofundar o ensino, a politização do
movimento negro, a imposição da lei, como uma obrigatoriedade, e outros setores, com
criticas quanto ao assunto, gerando um debate politico, o que acaba passando a ideia que
não esta somando, forças junto a um projeto educacional, que remonta a nossa formação
enquanto, nação, fazendo parte, grupos étnicos.

O ensino de história, transparece que muitas das vezes, atende ideologias


politicas A, B, ou C. Falar do quilombo de Zumbi dos Palmares, e não relatar a
1
Batalha dos Guararapes em Recife, a partir desta vitória, dos nossos grupos étnicos,
nos deu unidade da formação enquanto Nação.

A introdução, no ensino fundamental e médio, de disciplina voltada para a


história e a cultura afro-brasileiras, com ênfase na história da África,
prometia uma equiparação a conteúdos sobre a história da Europa.
Lamentavelmente, a disciplina desapareceu da nova Base Nacional Comum
Curricular. E a África voltou a ser emparedada naquela acepção, denunciada
por Cruz e Souza, de “África grotesca e triste, melancólica, gênese
assombrosa de gemidos, África dos suplícios e das maldições eternas”,
enfim, a África que predomina na grande mídia, refém de uma “história
única”, na expressão certeira da escritora nigeriana Chimamanda Adichie. 

Ainda falta muito para que se veja essa realidade presente o bastante para reaver
todas as lacunas de desconhecimento aos quais estamos sujeitos, mas o primeiro passo
já foi dado, como o próprio João Reis nos lembra sobre as cotas sócio raciais para
ingresso nas universidades públicas, que já resultaram em mudança na cor dessas
instituições, corrigindo em muitos casos a quase exclusividade branca nos cursos de
maior prestígio. Apesar de problemas aqui e ali, as cotas estão dando certo.sobre
reconhecer a necessidade de se fazer isso. A expectativa clara é que com essa mudança
de cenário, mesmo que gradual e lenta, se faça uma convivência cada vez mais
harmoniosa entre diversos povos e tribos em escala global, e que se refundamentem as
estruturas de nosso país, construída sobre preconceito e sofrimento.

1
Ficaram conhecidas pelo nome de Batalha dos Guararapes em Recife, as batalhas entre portuguesas e
holandesas pelo controle de boa parte da região nordeste do Brasil. Ocorrida no ano de 1648 á 1649, pelo
fim da ocupação holandesa e a consolidação da soberania portuguesa na área. A presença holandesa no
Brasil foi parte de um projeto global, cujo objetivo era estabelecer suas duas Companhias das Índias
(Ocidentais e Orientais) nas colônias portuguesas. A investida brasileira reuniu comandantes europeus e
combatentes luso-brasileiros, negros e indígenas. Dentro da historiografia brasileira, Guararapes é
celebrada como o momento em que os habitantes da América portuguesa ajudaram a moldar aquilo que se
tornaria a identidade brasileira, pois, pela primeira vez, os principais grupos étnicos do futuro país se
uniram para rechaçar a fragmentação do território
REFERENCIAS
i
https://pt.wikipedia.org/wiki/Chimamanda_Ngozi_Adichie
ii
https://www.youtube.com/watch?v=EC-bh1YARsc
iii
https://www.youtube.com/watch?v=PF6mXS9QWpo
iv
http://www.nostransatlanticos.com/video/joao-reis-historiador/
v
”( BEATRIZ GALLOTTI MAMIGONIAN) http://www.revistatopoi.org/numeros_anteriores/topoi09/topoi9a2.pdf

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