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VIOLÊNCIA SEXUAL
CONTRA CRIANÇAS
E ADOLESCENTES:
Marcos
Conceituais
- Abuso Sexual
Angelo Motti
Cenários do
1. Cenários do Enfrentamento da Violência
Enfrentamento
Sexual contra Crianças eAdolescentes.....50
DA VIOLÊNCIA SEXUAL
CONTRA CRIANÇAS E
2. Enfrentamento da violência sexual
contra crianças e adolescentes no Brasil:
ADOLESCENTES
O debate sobre o enfrentamento da vio-
aspectos históricos e normativos ......... 51 lência sexual contra crianças e adoles-
centes à garantia dos Direitos Humanos
3. Os conceitos da violência sexual ........... 53 constitucionalmente assegurados no
Brasil, em face da nova concepção trazi-
4. Novas formas de violência sexual .......... 62 da pela normatização internacional, vem
sendo alterado pela legislação. Delimi-
Referências ................................................... 63 ta-se maior foco na proteção, retirando
a centralidade da discussão do próprio
Perfis do autor e do ilustrador .................. 64 Estado e se inclinando também para um
olhar mais cuidadoso às vítimas.
Esse movimento é construído a partir
da mobilização da sociedade civil e do
poder público no sentido de reconhecer o
caráter multifacetado do fenômeno e das
vítimas. Questões como territorialidade e
etnia precisaram de metodologias novas,
pensadas em conjunto com as diversas
populações, para chegarem a resultados
eficazes na proteção dos direitos de crian-
ças e adolescentes vítimas.
A diversidade étnica, por exemplo, é
um desafio que deve ser enfrentado de
forma dialogada, daí a importância de se
falar em mediação nesse tema. Sobretu-
2.
Enfrentamento
da violência
sexual
CONTRA CRIANÇAS
E ADOLESCENTES
NO BRASIL: ASPECTOS
HISTÓRICOS
E NORMATIVOS
O Artigo 227 da Constituição Federal do
Brasil determina ser dever da família, da
sociedade e do Estado assegurar direitos
fundamentais de crianças, adolescentes
e jovens, com destaque para o papel do
Estado na promoção de políticas.
do em áreas de existência de populações O Relatório “A oitiva de crianças no Po- Especialmente a partir do início dos
de etnias ciganas ou indígenas, é preciso der Judiciário”, desenvolvido pelo Depar- anos 2000.
que o sistema de garantia de direitos apli- tamento de Pesquisas Judiciárias (DPJ) do O CP, Lei nº 2.848, de 7 de fevereiro de
que as medidas de proteção em conjunto Conselho Nacional de Justiça (CNJ), mos- 1940, ratifica a criminalização dos atos
com suas lideranças. trou que ainda não existe uniformização contra a dignidade sexual infantojuvenil.
Nesse sentido, tanto os aspectos con- do atendimento de crianças e adolescentes Ressalte-se que houve reformas do CP
ceituais como metodológicos, previstos vítimas ou testemunhas de violência no Po- em 2009 e 2018 para mudar a lógica de
no Estatuto da Criança e do Adolescen- der Judiciário, mesmo com a sanção da Lei compreensão do fenômeno, fruto da luta
te (ECA) vêm sendo adaptados pelas nor- nº 13.431/2017, que estabeleceu o sistema dos movimentos de mulheres e da infância.
mas nacionais. de garantia de direitos dessas pessoas. No tema do enfrentamento da violência
Em recente alteração, a Lei nº Além do depoimento especial, a nova sexual contra crianças e adolescentes,
13.431/2017 estabeleceu novas normas Lei resguarda o direito da vítima de ser pro- o Brasil foi bastante influenciado por
para reduzir a vitimização de crianças tegida de sofrimento, com direito a apoio, mobilizações internacionais. As leis brasi-
e adolescentes vítimas de violência, in- planejamento de sua participação, priori- leiras são bastante inovadoras.
cluindo a violência institucional, por con- dade na tramitação do processo, celeridade Os três congressos mundiais realiza-
templar a mesma como modalidade de tais processual, além de ressaltar a necessida- dos na Suécia em 1996, Japão em 2001 e
práticas, descrevendo-a como aquela pra- de de integração dos órgãos que compõem Brasil em 2008 trouxeram deliberações im-
ticada por instituição pública ou convenia- o sistema de garantia de direitos com a pre- portantes que aprimoraram, sobretudo, o
da, inclusive quando gerar revitimização. visão de limitação das intervenções (Inciso atendimento às vítimas.
A definição de abuso e exploração sexual é fundamental para a prevenção da violência e proteção das vítimas, porém, no Código
Penal, essas duas formas de manifestação da violência estão em vários artigos, como se pode conferir no quadro abaixo:
Ação penal - Art. 225. Nos crimes definidos no TÍTULO VI DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL, Capítulos I e II, procede-
se mediante ação penal pública incondicionada.
4.
ligações telefônicas, enviar e-mails
e mensagens para o celular, além de
publicar fatos ou boatos desairosos
2. Sexcasting consiste na troca de na internet, entre outras ações;
mensagens sexuais em serviços de
7. cyberstalking (também designado
conversas instantâneas;
por stalking on-line, eletrônico ou
3. Sextosión é a prática de chantagens virtual) está associado à intrusão,
com fotografias ou vídeos da crian- assédio persistente e perseguição,
Novas formas ça ou adolescente sem roupa ou em
relações íntimas que foram com-
perpetrado através das tecnolo-
gias de informação e comunicação
DE VIOLÊNCIA SEXUAL partilhados por sexting com fins de
exploração sexual;
(TIC) (Burmester, Henry & Kermes,
2005). Como construção sociocul-
O abuso sexual e a exploração sexual tam- 4. Grooming é caracterizado pela ação tural, surge no mundo ocidental
bém podem ocorrer via internet. Várias de um adulto ao se aproximar de durante o último século, reflexo
práticas têm sido caracterizadas como crianças ou adolescentes via in- do progressivo reconhecimento
tal, ou muitas vezes iniciam um processo ternet, por meio de chats ou redes do stalking e da acentuada difusão
de abuso ou exploração. Algumas já vêm sociais, com o objetivo de praticar das TIC (Carvalho, 2011).
ocorrendo com maior frequência, tornan- abuso sexual ou exploração sexual;
Embora o debate esteja longe de en-
do-se, portanto, imperativo conhecê-las. 5. Slutshaming (ou slut-shaming), contrar consensos ou certezas, conforme
1. Sexting é a palavra originada da definido como o ato de induzir já enfatizado, quanto às classificações e
união de duas palavras em inglês: sex uma mulher a se sentir culpada ou definições sobre as diversas expressões da
(sexo) com texting (envio de mensa- inferior devido a prática de certos violência sexual contra crianças e adoles-
gens) – uma expressão de violência comportamentos sexuais que des- centes, é de suma importância entender
recente, na qual adolescentes, jovens viam de expectativas convencio- os conceitos adotados, as ações, condi-
ou adultos usam celulares, e-mail, nais de seu gênero; ções e finalidades que as caracterizam,
salas de bate-papo, comunicadores 6. Stalking, cujo termo vem do ver- pois, sem essa compreensão, não nos é
instantâneos e sites de relaciona- bo em inglês to stalk, que define o possível pensar em políticas de caráter
mento, para enviar fotos sensuais, ato de perseguição incessante. O preventivo, de atendimento às vítimas ou
mensagens de texto eróticas ou com perseguidor obsessivo é chamado repressivas, sobretudo em se tratando de
convites sexuais para conhecidos; de stalker, que adota várias táticas crianças e adolescentes.
Este fascículo é parte integrante do Programa de Combate à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, em decorrência do Termo de Fomento celebrado entre a Fundação
Demócrito Rocha e a Câmara Municipal de Fortaleza, sob o nº 001/2019.
Todos os direitos desta edição reservados à: EXPEDIENTE: FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA João Dummar Neto Presidente André Avelino de Azevedo
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Cep 60.055-402 - Fortaleza-Ceará ENFRENTAMENTO À VIOLÊNCIA CONTRA CRIANÇAS E ADOLESCENTES Valéria Xavier Concepção e
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