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Em suma: a construção deste novo paradigma jurídico — o Direito curvo —

pressupõe um olhar que certamente transcende os limites do universo jurídico. E este,


como se sabe, continua a ser o maior desafio dos juristas.
No segundo ensaio, intitulado Por uma teoria narrativista do direito, Calvo apresenta
os pressupostos do modelo teórico que vem construindo desde o início a década de
1990, em diversas obras.
Seu ponto de partida é, precisamente, o poema The Man with the Blue Guitar (1957)
— inspirado na obra El viejo guitarrista ciego (1903), de Picasso —, de autoria de
Wallace Stevens, um renomado escritor modernista norte-americano, com formação
jurídica, que exerceu a advocacia no início do século XX.

embora nao faca referencia expressa aos trabalhos de Gadamer, a tese narrativista do
direito se vale do pressuposto hermenêutico de que nao existe as coisas como elas
são. trantando se de uma teoria antiobjetivista; antinaturalista;
antiessencialista e, portanto antimetodologico.

o viro narrativo e seus reflexos trouxe para as ciências sociais o conceito de narrativa
para a teoria jurídica, cujo desenvolvimento seguiu se por duas linhas em cada lado
do atlântico: nos EUA foram inúmeros estudos sobre a teoria da decisão e retórica;
enquanto na Europa a estes temas foram somados dissertações sobre temas
probatórios como esquemas narrativos e ancoragem narrativa.

Calvo, demonstra a importancia do tema “coerência narrativa” ao apontar os


trabalhos desenvolvidos por Dworkin (romance em cadeia) e MacCormick (que
defende o uso da coerência narrativa como técnica para aferição da verdade, diante de
ausência de provas concretas).

Porem, distingue que, as técnicas narrativas aplicadas pelos juristas, não devem ser
confundidas com a sua teoria narrativista do direito. vez que, aquelas são usadas para
atribuir sentido, e assim aferir a verossimilhança. Ao passo que, a teoria narrativista
considera a “verdade dos fatos” como um constructo interpretativo desses fatos, fruto
da atividade discursiva. E, que a partir do estudo dessas estruturas, visa compreender
o material que constroe as narrações.

demonstra que, a atividade interpretativa implica numa serie de elemntos do


horizonte de expectativas do interprete. assim, um enunciado fático se torna
discursivamente coerente graças a influxos de subsistemas de sentido. Tais
considerações nos revelam que os sistemas jurídicos são instalações ficcionais e por
vezes hiper ficcionais. Afirma: O Direito é a forma linguística ficcional de um
mundo puramente textual. ele habita nos discursos narrativos e, portanto, nao esta
inume aos efeitos da ficcionalidade.

andre trindade
alexandre rosa
introdução direito curvo
A teoria narrativista do d. sustenta q o d. possui natureza e propriedade narrativista.
p 50

seminário:

1. introdução
1. “Não é o ângulo reto que me atrai, nem a linha reta, dura, inflexível,
criada pelo homem. O que me atrai é a curva livre e sensual, a curva que
encontro nas montanhas do meu país, no curso sinuoso dos seus rios, nas
ondas do mar, no corpo da mulher preferida. De curvas é feito todo o
universo, o universo curvo de Einstein” Oscar Niemeyer direito curvo.
2. A concepção de que o direito é um fenômeno linguístico e de que a
narratividade é intrínseca ao discurso jurídico (Karam, 2017) vincula-
se, de um lado, aos influxos do giro linguístico – que alçou a linguagem
ao estatuto de condição de possibilidade da compreensão do mundo,
colocando em evidência as relações, até então despercebidas ou
menosprezadas, entre Direito e Linguagem – e, de outro, aos estudos que
se inserem no campo do Direito e Literatura.

3. e privilegiadas no presente artigo –, buscam subsídios para investigar a


natureza e as propriedades narrativas do discurso jurídico, compatível
com a concepção de que o Direito não nasce dos fatos, mas das ficções e
das narrações erigidas pela sociedade14.
14Ao postular que o Direito é uma construção narrativa e ficcional e que
os institutos jurídicos são criações humanas, François Ost (2004) evoca a
célebre máxima ex facto ius oritur e a substitui por ex fabula ius oritur.
No mesmo sentido, José Calvo González, ao justificar sua Teoria
literária do direito, defende que “El Derecho y la Literatura comparten
una misma práctica poética. Ella no es otra que la efectiva capacidad de
instituir lo social, de hacer pasar de la naturaleza a la cultura, de tipificar
actos y procesos de sentido compartido, esto es, institucionalizar
imaginarios sociales” (2012, p. 313, grifo no original).

4. Considerando a narrativa processual uma modalidade da narrativa


jurídica – já que uma possível tipologia das narrativas jurídicas
abarcaria, pelo menos, três modalidades: as narrativas constitucionais, as
narrativas jurisprudenciais e as narrativas processuais – e privilegiando
as peculiaridades da narrativa processual, as noções do campo literário-
linguístico que interessam evocar, aqui, são o dialogismo e a polifonia.
____
5. A polifonia processual e a vulnerabilidade dialógica no sistema judicial
brasileiro
6.
7.
2. giro linguistico
1. “No campo do direito, tais questões permanece(ra)m difusas – e essa é
uma questão ainda não superada pelos juristas – em um misto de
objetivismo e subjetivismo. Se a primeira “etapa” do linguistic turn foi
recepcionada pelas concepções analíticas do direito, o mesmo não se
pode dizer acerca daquilo que se pode denominar de “giro-ontológico-
linguístico”.
2. Dito de outro modo – e para facilitar a compreensão da problemática da
história da filosofia –, é possível dizer que, para a metafísica clássica, os
sentidos estavam nas coisas (as coisas têm sentido porque há nelas uma
essência). A metafísica foi entendida e projetada como ciência por
Aristóteles e é a ciência primeira no sentido que fornece a todas as
outras o fundamento comum, isto é, objeto ao qual todas se referem e os
princípios dos quais todas dependem. Para aquilo que aqui interessa, a
metafísica é entendida como onto”
3. “Na verdade – e isso é extremamente relevante –, era impossível de se
dizer isso antes de Kant e, de certo modo, da “invenção” do cogito de
Descartes. De fato, até Kant, o ser era um predicado real. Pensava-se que
havia uma relação real entre ser e essência. Portanto, o sentido era
dependente dos objetos, que tinham uma essência e, por isso, era
possível revelá-lo.
4. A superação do objetivismo (realismo filosófico) dá-se na modernidade
(ou com a modernidade). Naquela ruptura histórico-filosófica, ocorre
uma busca da explicação sobre os fundamentos do homem. Trata-se do
iluminismo (Aufklärung). O fundamento não é mais o essencialismo
com uma certa presença da illuminatio divina. O homem não é mais
sujeito às estruturas. Anuncia-se o nascimento da subjetividade. A
palavra “sujeito” muda de posição. Ele passa a “assujeitar” as coisas. É o
que se pode denominar de esquema sujeito-objeto, em que o mundo
passa a ser explicado (e fundamentado) pela razão, circunstância que –
embora tal questão não seja objeto destas reflexões – proporcionou o
surgimento do Estado Moderno (aliás, não é por acaso que a obra de
ruptura que fundamenta o Estado Moderno tenha sido escrita “por
Thomas Hobbes, um nominalista, o que faz dele o primeiro positivista
da modernidade).”
5. “Já a ruptura com a filosofia da consciência – esse é o “nome” do
paradigma da subjetividade – dá-se no século XX, a partir do que passou
a ser denominado de giro linguístico. Esse giro “liberta” a filosofia do
fundamentum que, da essência, passara, na modernidade, para a
consciência. Mas, registre-se, o giro ou guinada não se sustenta tão
somente no fato de que, agora, os problemas filosóficos serão
linguísticos, em face da propalada “invasão” da filosofia pela linguagem.
Mais do que isso, tratava-se do ingresso do mundo prático na filosofia.
Da epistemologia4 – entendida tanto como teoria geral ou teoria do
conhecimento – avançava-se em direção a esse novo paradigma. Nele,
existe a descoberta de que, para além do elemento lógico-analítico,
pressupõe-se sempre uma dimensão de caráter prático-pragmático. Em
Heidegger, isso pode ser visto a partir da estrutura prévia do modo de ser
no mundo ligado ao compreender; em Wittgenstein, (Investigações
Filosóficas), é uma estrutura social comum – os jogos de linguagem que
proporcionam a compreensão. E é por isso que se pode dizer que
Heidegger e Wittgenstein foram os corifeus dessa ruptura paradigmática,
sem desprezar as contribuições de Austin, Apel, Habermas e Gadamer,
para citar apenas estes.
6. Destarte, correndo sempre o risco de simplificar essa complexa questão,
pode-se afirmar que, no linguistic turn, a invasão que a linguagem
“promove no campo da filosofia transfere o próprio conhecimento para o
âmbito da linguagem, onde o mundo se descortina; é na linguagem que
se dá a ação; é na linguagem que se dá o sentido (e não na consciência
de si do pensamento pensante). O sujeito surge na linguagem e pela
linguagem, a partir do que se pode dizer que o que morre é a
subjetividade “assujeitadora”, e não o sujeito da relação de objetos
(refira-se que, por vezes, há uma leitura equivocada do giro linguístico,
quando se confunde a subjetividade com o sujeito ou, se assim se quiser,
confunde-se o sujeito da filosofia da consciência [s-o] com o sujeito
presente em todo ser humano e em qualquer relação de objetos).
7. Com o giro – que aqui denomino de ontológico-linguístico para
diferenciá-lo das pretensões analíticas, principalmente do
neopositivismo lógico –, o sujeito não é fundamento do conhecimento.
Trata-se, na verdade – e busco socorro em Stein –, de uma compreensão
de caráter ontológico, no sentido de que nós somos, enquanto seres
humanos, “entes que já sempre se compreendem a si mesmos e, assim, o
compreender é um existencial da própria condição humana, portanto, faz
também parte da dimensão ontológica: é a questão do círculo
hermenêutico-ontológico.
8. Aqui é necessária uma explicitação: Heidegger elabora a analítica
existencial como ontologia fundamental. Essa palavra “ontologia” usada
ali é identificada com a fenomenologia. Por quê? Porque a
fenomenologia é utilizada para descrever também o fenômeno da
compreensão do ser. Então, a fenomenologia não se liga somente à
compreensão, mas à questão do ser. E, na medida em que a compreensão
do ser de que trata a fenomenologia diz respeito a uma questão
ontológica que é prévia – antecipadora, porque a compreensão do ser é
algo com que já sabemos e operamos quando conhecemos os entes –, a
ontologia de que aqui se fala se refere a esse contexto.
9. É a partir daí que a fenomenologia (hermenêutica) faz uma distinção
entre ser (Sein) e ente (Seiende). Ela trata do ser enquanto compreensão
do ser e do ente enquanto compreensão do ser de um ou outro (ou cada)
modo de ser. Classicamente, a ontologia tratava do ser e do ente. Aqui, a
ontologia trata do ser ligado ao operar fundamental do ser-aí (Dasein),
que é o compreender do ser. Esse operar é condição de possibilidade de
qualquer tratamento dos entes. Tratamento esse que pode ser chamado
na tradição de “ontológico”, mas sempre entificado. Essa ontologia do
ente é que Heidegger irá chamar de met-ontologia. Essa teoria tratará das
diversas ontologias regionais (naturalmente, dos entes).
10. “Numa palavra: a viragem ontológico-linguística é o raiar da nova
possibilidade de constituição de sentido. Trata-se da superação do
elemento apofântico, com a introdução desse elemento prático que são
as estruturas prévias que condicionam e precedem o conhecimento.
Assim, a novidade é que o sentido não estará mais na consciência (de si
do pensamento pensante), mas, sim, na linguagem, como algo que
produzimos e que é condição de nossa possibilidade de estarmos no
mundo. Não nos relacionamos diretamente com os objetos, mas com a
linguagem, que é a condição de possibilidade desse relacionamento; é
pela linguagem que os objetos vêm a mão.”
11.
12. “Nesse sentido, a viragem ontológico-linguística se coloca como o que
precede qualquer relação positiva. Não há mais um “sujeito solitário”;
agora há uma comunidade que antecipa qualquer constituição de sujeito.
13. Trata-se, fundamentalmente, de uma “virada hermenêutica”, que, no
plano do conhecimento jurídico, venho denominando – desde
Hermenêutica Jurídica e(m) Crise5– de Nova Crítica do Direito (ou
Crítica Hermenêutica do Direito), isto é, um novo estilo de abordagem
na filosofia pela qual se vê como tarefa primeira o reconhecimento de
que a universalidade da compreensão é condição de possibilidade da
racionalização (ou da positivação).”
14. Trecho de: Lenio Luiz Streck. “O Que É Isto - Decido Conforme Minha
Consciência?”. Apple Books.
15.
16. CONSULTAR: Um Grande Mal-Entendido as Críticas de Richard
Posner e Robert Weisberg ao Direito na Literatura
17.
18.
19.De modo muito semelhante, os juízes que têm diante de si uma lei
precisam interpretar a "verdadeira" lei - uma afirmação de que diferenças
a lei estabelece para os direitos de diferentes pessoas - a partir do texto da
compilação de leis. Assim como os críticos literários precisam de uma
teoria operacional, ou pelo menos de um estilo de interpretação, para
interpretar o poema por trás do texto, os juízes também precisam de
algo como uma teoria da legislação para fazer o mesmo com relação
às leis. Isso pode parecer evidente quando as palavras contidas nas
compilações sofrem da mesma deficiência semântica; quando são
ambíguas ou vagas, por exemplo. Mas uma teoria da legislação também se
faz necessária quando, do ponto de vista lingüístico, essas palavras são
impecáveis. Os termos da lei sucessória que figuravam no caso Élmer não
eram nem vagos nem ambíguos. Os juízes divergiram sobre o impacto
desses termos sobre os direitos legais de Élmer, Goneril e Regan" porque
divergiram sobre o modo de interpretar a verdadeira lei nas circunstâncias
especiais daquele caso. O voto dissidente, escrito pelo juiz Gray, defendia
uma teo- ria da legislação mais aceita na época do que hoje em dia. A isso
às vezes se dá o nome de teoria da interpretação "literal", embo- ra esta
não seja uma descrição particularmente esclarecedora. Essa teoria propõe
que aos termos de uma lei se atribua aquilo que melhor chamaríamos de
seu significado acontextual, isto é, o significado que lhes atribuiríamos se
não dispuséssemos de nenhuma informação especial sobre o contexto de
seu uso ou as intenções de seu autor. Esse método de interpretação exige
que nenhuma ressalva tácita e dependente do contexto seja feita à
linguagem gerai; o juiz Gray, portanto, insistia em que a verda- deira lei,
interpretada da maneira adequada, não continha exce- ções para os
assassinos. Seu voto foi favorável a Élmer. Os estudantes de direito que
hoje lêem seu parecer mos- tram-se geralmente desdenhosos com relação
a esse modo de interpretar uma lei a partir do texto; eles vêem nisso um
exem- plo de doutrina mecânica. Mas não há nada mecânico no argu-
mento do juiz Gray. Há muito a dizer (e ele em parte o disse) em favor de
seu método de interpretar uma lei, pelo menos no caso da lei sucessória.
Os testadores deveriam saber como seus testamentos serão tratados
quando eles não mais estiverem vi- vos para fornecer novas instruções.
Talvez o avô de Élmer tives- se preferido que seu patrimônio ficasse com
Goneril e Regan na hipótese de Élmer envenená-lo. Mas pode ser que não:
ele poderia ter pensado que, mesmo com as mãos manchadas pelo
assassinato, Élmer continuaria sendo melhor objeto de sua generosidade
que suas filhas. A longo prazo, talvez fosse mais sábio que os juízes
assegurassem aos testadores que a lei su- cessória será interpretada
segundo o chamado modo literal, para que os testadores possam fazer
todas as estipulações que desejarem, confiantes de que suas disposições,
por mais engraçadas que sejam, aind^ assim serão respeitadas. Além
disso, se Élmer perder a herança por ser um assassino, estará sofrendo
uma pu- nição adicional por seu crime, além dos anos que passará na
prisão. Ê um princípio importante da justiça que a punição de um
determinado crime seja estabelecida com antecedência pe- la legislação e
não seja aumentada pelos juízes depois que o crime foi cometido. Tudo
isso (e mais ainda) pode ser dito em defesa da teoria do juiz Gray sobre
como interpretar uma lei so- bre testamentos.
⁃ dworkin império da lei p 22/23
20.Os filósofos que insistem em que os advogados seguem, todos, certos
critérios lingüísticos para avaliar as proposições jurídicas, talvez
inadvertidamente, produziram teorias que iden- tificam esses critérios.
Darei ao conjunto dessas teorias o no- me de teorias semânticas do direito,
mas o termo em si requer uma elaboração. Durante muito tempo, os
filósofos do direito embalaram seus produtos e os apresentaram como
definições do direito. John Austin, por exemplo, de cuja teoria apresenta-
rei uma breve descrição, dizia estar explicando o "significado" do direito.
Quando os filósofos da linguagem desenvolveram teorias mais
sofisticadas do significado, os filósofos do direito tornaram-se mais
cuidadosos em suas definições, e passaram então a afirmar que estavam
descrevendo o "uso" dos concei- tos jurídicos, com o que queriam dizer,
em nosso vocabulário, as circunstâncias nas quais as proposições jurídicas
são consi- deradas como verdadeiras ou falsas por todos os juristas com-
petentes. Em minha opinião, porém, isso não foi muito além de uma troca
de embalagem; de qualquer modo, pretendo in- cluir as teorias sobre o
"uso" no grupo das teorias semânticas do direito, bem como as teorias
anteriores, que tinham um ca- ráter de definição mais claro".
⁃ dworkin império da lei p 40
21.Em decorrência desse papel especial, a relação entre a instituição e os
paradigmas da época será estreita a ponto de estabelecer um novo tipo de
atributo conceituai. Quem rejeitar ura paradigma dará a impressão de estar
cometendo um erro extraordinário. Uma vez mais, porém, há uma
importante dife- rença entre esses paradigmas de verdade interpretativa e
os casos em que, como dizem os filósofos, um conceito se susten- ta "por
definição", assim como o celibato se sustenta graças aos homens que não
se casam. Os paradigmas fixam as inter- pretações, mas nenhum
paradigma está a salvo de contestação por uma nova interpretação que
considere melhor outros para- digmas e deixe aquele de lado, por
considerá-lo um equívoco. Em nossa comunidade imaginária, o
paradigma do sexo pode- ria ter sobrevivido a outras transformações por
muito tempo, apenas por parecer tão solidamente arraigado, até que um
dia se tornasse um anacronismo não mais reconhecido. Um dia, então, as
mulheres passariam a não mais admitir que os ho- mens se levantassem na
sua presença; poderiam ver em tal ati- tude a mais profunda falta de
cortesia. O paradigma de ontem seria o chauvinismo de hoje.
22.Uma digressão: a justiça
23.As distinções e o vocabulário até aqui introduzidos vão mostrar sua
utilidade quando passarmos pno capítulo seguinte, ao direito como
conceito interpretativo. Convém, no momento, fazer uma pausa para ver
até que ponto nossa exposição dos conceitos interpretativos sustenta
outras importantes idéias políticas e morais, particularmente a idéia de
justiça. A ima- gem tosca de como a linguagem funciona, a imagem que
nos torna vulneráveis ao aguilhão semântico, falha tanto na justiça quanto
na cortesia. Não seguimos critérios lingüísticos co- muns para decidir
quais fatos tornam uma situação justa ou in- justa. Nossas discussões mais
intensas sobre a justiça - sobre o imposto de renda, por exemplo, ou sobre
os programas de ação afirmativa - dizem respeito às provas apropriadas
para verificar o que é a justiça, e não à adequação (ou não) dos fatos a al-
guma prova consensual em um caso específico. Um libertário pensa que o
imposto de renda é injusto porque se apropria de bens sem o
consentimento de seu proprietário. Ao libertário não interessa que os
impostos contribuam ou não para a maior felicidade a longo prazo. Um
utilitarista, por outro lado, pensa que o imposto de renda só será justo se
realmente contribuir para a maior felicidade a longo prazo, e não lhe
interessa que haja apropriação de bens sem o consentimento do
proprietário. Assim, se aplicássemos à justiça a imagem de divergência
que rejeitamos para a cortesia, concluiríamos que o libertário e o
utilitarista não podem nem concordar nem divergir sobre qual- quer
questão relativa à justiça.
24.p 84 analisar

3. giro narrativo
4. Na medida em que, para Bakhtin, “A língua vive e evolui historicamente na
comunicação verbal concreta, não no sistema linguístico abstrato das formas
da língua nem no psiquismo individual dos falantes” (1986, p. 127, grifo do
autor), o sentido é construído, discursivamente, nas interações verbais, e todo
enunciado é suscetível, portanto, a novas interpretações. Diante disso, pode-se
afirmar, que “o sentido não é instituído no momento da enunciação, as
possibilidades de sentido inscrevem-se nessa rede dialógica, nesse
continuum, em que nosso discurso se insere e que passa a
compor” (Trindade e Karam, 2018, p. 55).
A polifonia processual e a vulnerabilidade dialógica no sistema judicial
brasileiro
5.
6. teoria narrativista do direito
1. A teoria narrativa do direito sustenta que o direito possui natureza e
propriedades narrativas. Esses postulado se expande em toda a sua
dimensão filosófico jurídica ao defender a justica(e o direito) como
relatocivilizatorio. Alem disso, sua vontade de teoria do direito leva
ainda a explicar e compreender narrativamente outros momentos e
expressões do fenômeno jurídico e sua praxis produtiva, interpretativa e
de aplicação; direito curvo p50
2. A teoria n do d fórmula sobre coerência narrativa é de fato diferente de
um critério de verdade, embora EM PARTE, semelhante ao que se
entende como mecanismo de construção de sentido.
3. Entende-a como um tipo de raciocínio acerca do material probatório
sobre a alegação dos fatos destinados a proporcionar um critério <de
verdade<< que justamente reside no modelo discursivo de uma historia
sobre a ação dos fatos (resultancia) e acerca dos <fatos em ação<<
(ocorrencia) com valor de sentido dentro do artificio narrativo (relato)
em que discorrem e que os conta (narracao).
4. Que implica:
1. Que a atribuição de sentido desde a resultancia (a ação dos fatos)
à ocorrência (fatos em ação) histórica a um acontecer requer a
apresentação de uma versão capaz de explicar e compreender a
verossimilmente o ocorrido;
2. Que isso sucede quando premissas fatias e conclusão interagem
globalmente de modo narrativamente coerente;
3. Que os enunciados assimilados ao processo são assim coerentes
NAO APENAS como resultado de formarem uma cadeia
argumentativa por vínculos lógico-formais de dedutibilidade;
4.
7. implicações
1. “Daí a necessária atenção do leitor: é em Dworkin – com ele e indo além
dele – que podemos projetar de modo mais significativo uma teoria
hermenêutica do direito num sentido pós-positivista. Há pontos comuns
entre o que Dworkin propõe para o direito e a hermenêutica filosófica
gadameriana, v.g.: além da coincidência entre a correção da
interpretação em Gadamer e a tese da resposta correta em Dworkin,
podemos apontar, também, o papel que a história desempenha em ambas
as teorias, bem como o significado prático dado à tarefa interpretativa;
de igual modo, o enfrentamento da discricionariedade positivista e a
construção da integridade do direito são questões que passam pela
superação da razão prática pelo mundo prático operada pela tradição
hermenêutica.”
Trecho de: Lenio Luiz Streck. “O Que É Isto - Decido Conforme Minha
Consciência?”. Apple Books.
2. Tais particularidades da linguagem enquanto discurso, se considerada a
complexidade das sociedades contemporâneas, nas quais o tecido
discursivo social é composto por narrativas plurais que manifestam a sua
diversidade, evidenciam as articulações entre linguagem, ideologia e
poder. Daí a necessidade, apontada por Luis Alberto Warat, de examinar
a relação discurso/prática política, de analisar os discursos a partir de
uma teoria crítica da sociedade, de refletir sobre “as condições de
possibilidade dos discursos, ou seja, as condições que permitem que, em
um dado momento histórico, as palavras tenham uma determinada
significação e não outra” (Warat, 1984, p. 84).
A polifonia processual e a vulnerabilidade dialógica no sistema judicial
brasileiro
3. Assim, a teoria narrativista do direito da qual nos fala Calvo ajuda a compreender
que nossos sistemas jurídicos são instalações ficcionais e, por vezes, hiperficcionais.
O direito, conclui, é uma forma linguística ficcional de um mundo puramente
textual. Ele habita nos discursos narrativos e, portanto, não está imune aos efeitos da
ficcionalidade.

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