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Tribunal Judicial da Comarca de ·····

Proc. n.º 8 /15


1ª Secção de Execução - Juiz 2

Meritíssimo Juiz de Direito

Leontina Ribeiro, executada nos autos em ref.ª, vem deduzir oposição à


execução que lhe move Hotéis Sir Peter, SA, mediante embargos de
executado, o que faz nos termos e com os seguintes fundamentos:

1. Em primeiro lugar informa a ora executada Vossa Excelência que


nunca usufruiu do empreendimento em causa. Com efeito, logo
após o infeliz ano da aquisição foi-lhe vedada a entrada por não
ter o condomínio pago. Desde então, o episódio repetiu-se ano
após ano, até que a ora executada viu-se completamente
impossibilitada de pagar o atrasado, pelo que a exequente
continuou a perpetuar esta situação kafkiana ao longo de muitos
anos, o que originou esta actual dívida exequenda elevadíssima
para a ora executada.

2. Nos termos do Artigo 22. do Decreto-Lei n.º 275/93, de 5 de


Agosto (com as alterações introduzidas pelo Decreto-Lei n.º
180/99, de 22 de Maio, pelo Decreto-Lei n.º 22/2002, de 31 de
Janeiro, pelo Decreto-Lei n.º 76-A/2006, de 29 de Março, e pelo
DL n.º 116/2008, de 4 de Julho, que revoga o Decreto-Lei n.º
130/89, de 18 de Abril) o titular do direito real de habitação
periódica é obrigado a pagar anualmente ao proprietário das
unidades de alojamento sujeitas ao regime dos direitos reais de
habitação periódica a prestação pecuniária indicada no título de
constituição.

3. Sucede que a ora exequente nada menciona ou descreve


relativamente ao quantum da prestação pecuniária indicada no
título de constituição, o que derroga esta norma.
4. Acresce que a prestação periódica destina-se exclusivamente a
compensar o proprietário das unidades de alojamento sujeitas
ao regime dos direitos reais de habitação periódica das despesas
com os serviços de utilização e exploração turística a que as
mesmas estão sujeitas, contribuições e impostos e quaisquer
outras previstas no título de constituição e a remunerá-lo pela
sua gestão, não podendo ser-lhe dada diferente utilização (n.º
2). Ora não resulta das actas que servem de título executivo a
esta acção o respeito pelas condições acima indicadas, pois não
há menção neste título executivo dos valores respeitantes a
despesas com os serviços de utilização e exploração turística,
nem a contribuições e impostos ou quaisquer outras previstas
no título de constituição, nem no que toca à remuneração da
gestão.

5. Sublinhe-se ainda que o valor da prestação periódica pode variar


consoante a época do ano a que se reporta o direito real de
habitação periódica, mas deve ser proporcional à fruição do
empreendimento pelo titular do direito (n.º 3).

6. In casu, os valores reclamados são clamorosamente


desproporcionais à fruição do empreendimento pelo titular do
direito com brutal e injusta vantagem para a exequente. O que
constitui uma violação deste preceito legal.

7. Segundo o n.º 4, a percentagem da prestação periódica


destinada a remunerar a gestão não pode ultrapassar 20% do
valor total, o que não resulta das actas.

8. Verificou-se ainda que a exequente afectou a unidade de


alojamento da executada à exploração turística durante os
períodos correspondentes a esse direito, e que aqui reclama,
pelo que deverá considerar-se integralmente liquidada a
prestação periódica devida (art.º 23.º/4).
9. A ora executada nunca foi interpelada para assumir os
pagamentos das prestações, ao contrário do que e dito no art.º
8.º do r. i..

10. A ora executada não foi notificada, nomeadamente por carta


registada com aviso de recepção, para as assembleias de
titulares de DRHP de que se dá notícia no r. i. desde 1994 até
2014.

11. As actas que servem de título executivo à presente acção não se


encontram assinadas pela ora executada, pelo que não constitui
título executivo contra a ora executada, ocorrendo uma
desarmonia subjectiva com o título (Tribunal da Relação do
Porto, Secção Cível, Acórdão de 20 Mai. 1996, Processo 297/96
Relator: ANTERO RIBEIRO. Colectânea de Jurisprudência, Tomo
III/1996).

12. Sucede que inexistem no processo as actas (os únicos títulos


executivos) respeitantes aos anos não prescritos, ou seja, de
2010 a 2014.

Da prescrição

13. A prescrição consiste no instituto por virtude do qual a


contraparte pode opor-se ao exercício dum direito, quando este
não seja exercido durante um certo tempo previsto na Lei.

14. Considerando que as prestações de DRHP se renovam ano a ano,


à semelhança do que sucede com os encargos de conservação e
fruição do condomínio, previstos no art.º 1424.º do Código Civil,
estão sujeitas a um prazo prescricional de cinco anos, pois
preceitua o artigo 310.º, alínea g), do Código Civil que
prescrevem no prazo de cinco anos «quaisquer outras
prestações periodicamente renováveis.»

15. Uma vez que esta acção foi entregue em 2014, encontram-se
prescritas todas as dívidas periódicas de DRHT vencidas de 1994
até 2009, inclusive, pelo que, na pior das hipóteses a ora
executada só deveria ser obrigada a pagar as dívidas de 2010 até
2014 no montante de € 1.081,55.

16. «No tocante à prescrição, dispõe o art.º 298.º, n.º 1, do CC, que
"…Estão sujeitos a prescrição pelo seu não exercício durante o
lapso de tempo estabelecido na lei, os direitos que não sejam
indisponíveis ou que a lei não declare isentos de prescrição…".

17. A prescrição consiste, pois, na faculdade de o beneficiário


recusar o cumprimento da prestação ou de se opor ao exercício
de um direito decorrido certo prazo (art.º 304.º, n.º 1, do CC). O
fundamento deste instituto reside, assim, na negligência do
titular do direito em exercitá-lo durante determinado prazo,
fazendo presumir que ele tenha querido renunciar ao direito ou,
pelo menos, tornando-o não merecedor da tutela jurídica. A
razão da lei é a adaptação da situação de direito à situação de
facto de não exercício do direito durante certo tempo pelo seu
titular.

18. O art.º 310.º, do CC, elenca várias situações que prescrevem no


prazo de cinco anos [alíneas a) a f)] e, na alínea g), refere
expressamente que também prescrevem no mesmo prazo "...
Quaisquer outras prestações periodicamente renováveis...".

19. Como refere a doutrina, a razão de ser da fixação deste prazo


curto, tem por finalidade evitar que o credor, retardando a
exigência dos créditos periodicamente renováveis, os deixe
acumular tornando excessivamente onerosa a prestação a cargo
do devedor.

20. E, no mesmo sentido, vai a jurisprudência, como é o caso do


Acórdão do STJ, de 02.05.2002, onde, a propósito de uma
situação de prescrição a curto prazo, se decidiu que "...O prazo
da prescrição, começa a contar-se da exigibilidade de cada
prestação. Tal prescrição, interrompe-se, todavia, pela citação
ou qualquer acto que exprima a intenção de se exercer o direito.
A razão de ser de um prazo curto de prescrição das prestações
periodicamente renováveis é evitar que o credor as deixe
acumular tornando excessivamente onerosa a prestação a cargo
do devedor...". (...)

21. No mesmo sentido o Acórdão do STJ de 14.12.2000, onde se


sustentou que "...Quando as prestações de um condómino
respeitam a despesas do condomínio atinentes a serviços de
segurança, vigilância, limpeza, água e electricidade e seguro do
prédio, o prazo de prescrição das mesmas é de cinco anos..."[10
Rel. Des. Saleiro de Abreu (disponível em www.dgsi.pt).

22. Do Acórdão da Relação de Coimbra, de 14.11.2006 colhe-se


também : "...O novo condómino, ao adquirir a respectiva fração,
não fica automaticamente sujeito à obrigação de pagar as
eventuais despesas de condomínio ou de conservação do imóvel
em dívida, apenas respondendo pelas obrigações que se vençam
após a sua investidura na qualidade de condómino - obrigações
«ob rem» ou «propter rem de dare», não ambulatórias. A
obrigação do condómino de pagar as despesas de condomínio e
de conservação do imóvel já vencidas está sujeita ao regime da
prescrição previsto no art.º 310.º, al. g), do C. Civ. - 5 anos..." (11
Rel. Des. Artur Dias).

23. No mesmo sentido, também se pronunciaram o Acórdão da


Relação de Lisboa, de 16.03.2010, e o Acórdão da Relação de
Lisboa, de 22.04.2010: "...As prestações relativas às despesas
necessárias à conservação e fruição das partes comuns do
condomínio prescrevem no prazo de cinco anos, nos termos do
artigo 310.º, alínea g) CC...". Neste último aresto, aliás, chama-se
justamente a atenção para o facto de que "...o estabelecimento
deste prazo curto de prescrição tem por finalidade evitar a
acumulação de dívidas, impedindo que estas atinjam montantes
elevados e acarretem a ruína do devedor (cfr. Vaz Serra,
«Prescrição extintiva e caducidade», BMJ, 106.º, pgs. 107 e
121)...".
24. Como ensina Aragão Seia "...As despesas necessárias à
conservação e fruição das partes comuns do condomínio
constam de um orçamento a elaborar anualmente, sendo depois
repartidas pelos condóminos, geralmente em prestações
mensais nos termos do artigo 1424.º por representarem a
contrapartida do uso e fruição daquelas partes comuns. Essas
prestações renovam-se, pois, anualmente, enquanto durar o
condomínio - artigos 1424.º e 1431.º. Assim sendo, prescrevem
no prazo de cinco anos - alínea g) do artigo 310.° - e o prazo da
prescrição começa a correr da data em que a prestação pode ser
exigida — n.º 1 do artigo 306.º...". » Acórdãos TRL Acórdão do
Tribunal da Relação de Lisboa de 15-05-2007 ITIJ Processo:
809/2005-7 Relator: ISABEL SALGADO

25. Ora, salvo o devido respeito, e no seguimento do entendimento


que temos como a melhor doutrina e jurisprudência, afigura-se-
nos ser esta, justamente, a situação atinente às quotas do
direito real de habitação periódica ou seja, a comparticipação
das despesas comuns por parte de cada um dos titulares que
constituem obrigações reais não ambulatórias, sendo prestações
periodicamente renováveis.

26. Na verdade, não nos parece curial que as prestações de DRHP


em dívida constituam prestações instantâneas fraccionadas.
Estas ocorrem quando, existindo uma única prestação,
instantânea por natureza, esta é realizada por partes, ou seja,
executada por diversas parcelas, em consequência de
convenção das partes. O objecto global da prestação é, neste
caso e ao invés do que sucede na prestação duradoura, desde o
início fixado, mas a execução é escalonada no tempo,
realizando-se por diversas fracções ou prestações. É o que
acontece, por exemplo, na venda a prestações, relativamente à
prestação de preço.

27. Ao invés, quando, todavia, em vez de uma única prestação a


realizar por partes (prestação fraccionada), existam - posto que
decorrentes de uma só relação obrigacional - diversas
prestações (isto é, prestações repetidas) a satisfazer
regularmente [...] ou sem regularidade exacta [...], teremos as
chamadas prestações «reiteradas, repetidas, contrato
sucessivo» ou «periódicas» («lato sensu». Por outras palavras,
no domínio das chamadas prestações duradouras, isto é,
aquelas que não se esgotam num só momento, antes se
distendendo no tempo, uma prestação diz-se periódica
"...quando, protelando-se no tempo, tem de ser realizada em
momentos sucessivos, com espaçamento em regra regular.

28. Entende a ora executada ser este o caso das ditas despesas de
DRHP, estando, pois, sujeitas ao prazo de prescrição de 5 anos.

29. Finalmente, a dívida não prescrita foi objecto de novação


jurídica assumida pelo outro co-executado, pelo que se encontra
extinta.

30. Destarte, a executada nada deve à exequente.

Termos em que, nos mais de direito e com o mui


douto suprimento de V.ª Ex.ª devem os
presentes embargos ser recebidos e
ulteriormente julgados procedentes por
provados e, em decorrência, ser extinta a
presente execução.

Valor da Acção: o da execução.


Junta: procuração forense e DUC comprovativo do pagamento da taxa
de justiça.
A ora executada requer a prova por declaração de parte (art.º 466º do
nCPC).
Requer-se a junção pela exequente aos autos da lista de ocupações de
todas as fracções de DRHP desde 2010 a 2014 inclusive.

O Advogado

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