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DIÁLOGOS ENTRE CARTOGRAFIA E ARTE:
DESCONSTRUÇÕES CARTOGRÁFICAS NA
OBRA DE JORGE MACCHI

 GUTEMBERG SOARES BARBOSA*

Resumo: O presente artigo tem como objetivo reforçar a possibilidade de diálogo entre cartografia e arte
contemporânea. Pensando nos mapas artísticos como objetos que ampliam a percepção espacial e superam as
visões materiais e objetivas do espaço, busca-se compreender como esses mapas transmitem aspectos intangíveis
da relação humana com o espaço geográfico. A partir da análise de obras selecionadas do artista plástico argentino
Jorge Macchi pretende-se uma reflexão teórico-metodológica sobre a aproximação entre o conhecimento
geográfico e os mapas produzidos pela perspectiva das artes plásticas, contribuindo assim para discussões no
campo da geografia cultural.
Palavras-chave: Cartografia; Arte Contemporânea; Jorge Macchi; Mapas.

Introdução ________________________ rachaduras. Surgiriam percursos traçados


sobre o mapa a partir do vidro trincado.
O mapa está vivo! Viva o mapa! Agora imagine percorrer esses trajetos
(WOOD, 2006) atento aos diferentes estímulos que seu
corpo possa captar. Esses trajetos seriam
Imagine sobrepor a superfície de fruto do acaso e por vezes poderiam levar
um mapa da sua cidade com uma placa de a caminhos nunca antes percorridos. Foi o
vidro e em seguida golpeá-la formando que o artista plástico argentino Jorge

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Macchi fez na obra Buenos Aires Tour. reflexão sensitiva e subjetiva sobre o
Utilizou o acaso para compor um mapa espaço mapeado.
particular e sensitivo da sua cidade. O objetivo aqui não é realizar um
O presente trabalho tem como levantamento histórico da relação entre
objetivo aprofundar o diálogo entre cartografia e arte, mas pensar em diálogos
cartografia e a produção artística mais recentes, particularmente aqueles
contemporânea. Através do levantamento que se deram a partir da segunda metade
da produção atual sobre o tema e da do século XX. Da mesma forma, não serão
análise de algumas obras de Jorge Macchi, abordados os valores estéticos atribuídos
pretende-se realizar uma reflexão teórica e pelo cartógrafo às representações
metodológica sobre a aproximação entre a espaciais, mas sim como os artistas
Geografia e as artes plásticas. Esta contemporâneos renovam a relação com
reflexão inclui a experimentação da os mapas e passam a utilizar a linguagem
“metodologia incorporada” de Hawkins cartográfica como veículo de transmissão
(2010) e a aplicação da perspectiva de ideias, críticas e abstrações.
desconstrucionista pós-estruturalista É importante destacar que a
apresentada por Harley (1989), como será discussão proposta não pretende atacar a
explicado mais adiante. cartografia tradicional ou negar as
O interesse em explorar a contribuições e a utilidade dos materiais
percepção espacial através da perspectiva produzidos pela cartografia científica no
de artistas que utilizam ou criam mapas decorrer do seu desenvolvimento técnico.
em suas obras, está na riqueza e A proposta é complementar esse
diversidade de informações transmitidas conhecimento pensando nos mapas
pelos mesmos. Livres do rigor artísticos como objetos que ampliam a
cartográfico para representar o espaço, a percepção espacial e superam as
obra desses artistas oferece material de representações materiais e objetivas do
grande relevância para a chamada “Nova espaço. Busca-se demonstrar como os
Geografia Cultural”. Nesse sentido, busca- artistas plásticos podem contribuir para a
se abordar o processo de desconstrução compreensão de mapas como uma
cartográfica presente da criação de mapas linguagem capaz de transmitir aspectos
artísticos; defende-se que nesse processo, intangíveis da relação humana com o
os artistas ampliam as possibilidades de espaço geográfico.

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Segundo Cosgrove (2005) os de contato com a obra do artista foi a
mapas são materiais férteis para a inspiração para toda essa reflexão,
expressão e a intervenção artística. A antecedendo portanto, a busca pelo
construção artística de mapas não método e as leitura teóricas.
materializa apenas o que é visto, o que é
real e objetivo, mas diversas formas de Conexões entre cartografia e arte
representações simbólicas e sentimentais contemporânea ____________________
das relações entre sujeito e mundo. Como
já mencionado e como será exemplificado Dentro da perspectiva da ciência
mais adiante, a construção artística de cartográfica, o mapa é elaborado a partir
mapas pode extrapolar as dimensões de um processo de descrição objetiva do
físicas do espaço dando acesso a aspectos espaço, sendo resultado da assimilação do
mais subjetivos, mas igualmente que é visto e passível de ser representado
relevantes para a composição do todo numa superfície bidimensional. Sob a
geográfico. perspectiva artística os aspectos espaciais
Para percorrer o caminho físicos são mapeados através de abstrações
anunciado acima o artigo está organizado criativas que permitem uma apreensão
da seguinte maneira: No primeiro subjetiva da realidade, se distanciando dos
momento considera-se relevante objetivos tradicionais da ciência
apresentar um breve levantamento sobre cartográfica e, sobretudo, da preconcepção
abordagens recentes nas quais a do que é um mapa para os seus usuários-
cartografia e a arte contemporânea foram espectadores.
colocadas em diálogo. Em seguida Apesar da rica história de
pretende-se uma reflexão teórico- interseção entre cartografia e arte, mais
metodológica sobre o tema, ressaltando a especificamente na pintura pré-moderna
busca pelo(s) método(s) de análise e os (séculos XVI, XVII e XVIII), Cosgrove
caminhos encontrados para o diálogo com (2005) nos convida a realizar um exame
a obra de Jorge Macchi. Ao mostrar as crítico sobre a cartografia e a arte no
obras selecionadas e descrever as século XX, com o objetivo de explorar
impressões sobre as mesmas, o objetivo é práticas de engajamento através dos
explorar o potencial sensitivo da obra a mapas. Dentro desse engajamento
partir do olhar geográfico. Neste ponto artístico, crítico e combativo, contra
cabe informar ao leitor que a experiência diferentes formas de poderes
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hegemônicos, o movimento artístico mais mais aspectos do programa de
recorrente em publicações sobre o tema é mapeamento tradicional e normativo.
o Situacionismo, surgido na metade do Diante do interesse dos artistas pela
século XX. linguagem cartográfica e de seus objetivos
O movimento liderado pelo artista em suas representações, o uso de mapas
ativista Guy Debord utilizava a como recurso artístico provoca o olhar
cartografia como ferramenta crítica para geográfico e convida a uma investigação.
intervenções reais na cidade de Paris, com No livro Rethinking the Power of
o objetivo de atacar as reformas Maps (2010), Denis Wood dedica um
urbanísticas em antigas áreas boêmias da capítulo ao potencial da arte para
cidade, com as quais esses artistas “desmascarar” os mapas. Segundo o autor
possuíam fortes vínculos emocionais esse potencial é explorado desde a década
(WOLLEN, 1999). Sobre essa postura de 1920, dentro do contexto dos
ativista e sua extrapolação para além dos movimentos Dadaísmo e Surrealismo.
limites da obra de arte Cosgrove (2005, Através do levantamento de catálogos e
p.39) aponta: exposições de arte envolvendo o uso de
mapas, Wood (2010) e Watson (2009)
(...) Situationism, a second-generation reforçam a renovação do interesse de
Surrealist movement, stimulated artistas plásticos pelos mapas e a crescente
intense interest in the map as a relevância do tema no cenário artístico
communicative device and in the
mundial.
subversive potentials of mapping
Mas porque a linguagem dos
practices. Situationism‟s conscious
mapas estaria despertando interesse
move beyond the art world of studios
crescente dos artistas plásticos
and galleries into the spaces of
everyday life reinforced this concern
contemporâneos? Besse (2014) nos

with mapping as a means of engaging fornece as primeiras pistas sobre essa


graphically and actively with material questão, desenvolvendo uma relação de
spaces. interseção entre as capacidades cognitivas
e de observação presentes no fazer
De acordo com Wood (2006) cartográfico e no fazer artístico:
apesar de nem todos os mapas artísticos
representarem essa postura social ativista, O olhar do pintor e o olhar do

nenhum deles falhou em contestar um ou cartógrafo não são então separados,


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mesmo que eles não se confundam. O poder comunicativo dos mapas é
Eles participam de uma mesma outro aspecto apontado por Wood (2006)
atitude cognitiva, e de uma mesma como fomentador desse diálogo artístico
competência visual [...] o pintor e o
cartográfico. Segundo o autor, esse poder
cartógrafo, ambos observadores de
pode ser traduzido na capacidade de
espaços e de fenômenos do mundo
“contra-mapeamento”, como utilizado pelo
terrestre, desenvolvem uma arte da
movimento Situacionista, para rejeitar
leitura visual dos signos que
relações de poder e autoridade. Esse poder
constituem a qualidade própria de
uma paisagem. (BESSE, 2014, p.18- comunicativo pode ser verificado em
19) experiências de construção coletiva de
mapeamentos em plataformas digitais e
Outra pista é fornecida pelo em movimentos que utilizam mapas para
supracitado Wood (2006), que argumenta realizar cartografias críticas em diferentes
que esse crescente interesse dos artistas contextos (COSGROVE, 2008).
pelos mapas pode ter origem na Outro fator relevante para a
familiaridade da sociedade contemporânea investigação proposta aqui é a liberdade
com representações espaciais: “Because de criação no processo de desconstrução
our society is more map-immersed than cartográfica dos artistas. Desconstruir é
any that has previously existed, uma tarefa cotidiana para esses artistas, e
contemporary map artists have grown up está diretamente atrelada ao seu ofício
bathed in maps to an unprecedented criativo. Já para geógrafos ou cartógrafos
degree.” (WOOD, 2006, p.7). Essa essa tarefa se torna mais difícil ou menos
imersão é, em parte, justificada pela instigante. Segundo Harmon (2009)
crescente utilização de mapas em meios de geógrafos obedecem a certas convenções
comunicação de massa, pela explosão e para padronizar mapas, já os artistas estão
disseminação de tecnologias de livres para desobedecer essas regras.
informação geográfica, tecnologias de Cosgrove (2006) já apontava para esse
localização (GPS) e sensoriamento caminho ao afirmar que:
remoto, como por exemplo o Google
Earth. Tecnologias que introduziram os (...) while the claims and conventions

mapas de forma definitiva em nossa vida of scientific cartography have been


debated and ruthlessly deconstructed
cotidiana.
within the academy, in the creative
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worlds of the arts, maps and the mapa em suas obras. Ao comentar a obra
processes of mapping have proved Mapa de Lopo Homem II (1992-2004)
astonishingly fertile material for (figura 1), em que a artista trabalha com
artistic expression and intervention.
referências cartográficas do século XVII
(COSGROVE, 2006, p. 4)
relacionando-as com a ideia
contemporânea de globalização e
O filósofo francês Gilles
multiculturalismo, explica: “Quando falo
Tiberghien também apresenta uma visão
deste mapa, que propõe uma continuidade
que vai de encontro aos processos de
territorial entre China e Brasil, estou
desconstrução da cartografia científica:
falando de uma comunicação entre o
mundo no início da década de 1990, da
Os artistas de fato reinterrogam os
procedimentos próprios à
ideia de multiculturalismo; estou pensando

cartografia. Eles acentuam no presente, na verdade” (VAREJÃO, n.p.)


problemas que os cartógrafos no
exercício de seu trabalho acabam
por não mais perceber, tamanha é a
preocupação em produzir
instrumentos confiáveis para
localizar-se no espaço e avaliar as
distâncias entre localidades
designadas e nomeadas.
(TIBERGHIEN, 2013, p. 236)

Até aqui os teóricos utilizados nos Figura 1. Mapa de Lopo Homem II. Adriana
Varejão (fonte: site da artista)
forneceram argumentos para entender
como a produção artística tem se Diante do exposto, o interesse dos
interessado pela linguagem cartográfica e artistas no mapa parece estar no seu poder
como a percepção espacial se diferencia no comunicativo, representacional e
fazer cartográfico científico e no artístico. universal. A desconstrução cartográfica
Mas o que os artistas têm a nos dizer pelos artistas parece propor um jogo de
sobre isso? símbolos que confunde nossas orientações
A renomada artista brasileira e nos liberta de uma única interpretação
Adriana Varejão comenta a presença do do espaço. Ao extrapolar o rigor e a
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precisão da cartografia científica, os mapas intenção era ampliar as possibilidades de
artísticos ampliam as possibilidades de interpretação das obras, com uma
interpretação e reinventam a própria interferência mínima da intencionalidade
forma como percebemos o espaço. do artista na construção da mesma. Ou
A questão que permanece é como a seja, buscou-se um método que valorizasse
Geografia enquanto ciência pode utilizar uma troca entre obra/artista e
os mapas artísticos como instrumentos espectador/pesquisador.
que nos auxiliam na compreensão do Esse tipo de abordagem foi
espaço. Como interpretar esses mapas? possibilitado através da metodologia
Quais os caminhos metodológicos apresentada por Hawkins (2010) de
possíveis para essa interpretação? Em compreensão da arte, por parte do
seguida tentaremos refletir sobre essas espectador, não apenas como um ato
questões apresentando algumas intelectual, mas também como experiência
contribuições à partir da análise da obra sensorial corpórea, ou seja, a partir do uso
de Jorge Macchi. do corpo como “instrumento de pesquisa”.
Influenciada sobretudo pelo
Notas teórico-metodológicas ________ conceito de “Argument of the Eye” de
Daniel Cosgrove (1984) e pela
Os estudos associados à iconologia fenomenologia de Merleau-Ponty, Harriet
e a semiótica ou a filosofia pós- Hawkins, professora da Royal Holloway,
estruturalista e a hermenêutica são alguns Universidade de Londres, realiza uma
dos exemplos que nos direcionam para o análise numa instalação da artista plástica
entendimento dos materiais cartográficos. Tomoko Takahashi. Hawkins (2010)
Conforme mencionado anteriormente, a descreve as sensações corpóreas e as
busca pelo método para a análise das obras trocas intersubjetivas entre o
de Jorge Macchi se deu posteriormente ao sujeito/espectador e a obra/artista, sem
contato com as mesmas. Depois de uma desconsiderar a história cultural do
tentativa de aproximação com a observador.
Hermenêutica de Hans-Georg Gadamer, Dessa maneira a instalação de arte
partiu-se em busca de outra abordagem é investigada de forma imersiva através da
metodológica, já que o objetivo não era o sensibilidade espacial da pesquisadora, que
de encontrar uma verdade em relação aos explora o relacionamento entre o corpo
objetivos do artista. Ao contrário, a que ocupa os espaços e os objetos que os
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compõem, criando uma “experiência da por John B. Harley (1989) no artigo
experiência” (HAWKINGS, 2010). A Deconstructing the Map. A partir da
pesquisadora pontua que essa prática não filosofia Derridiana, Harley assume a
objetiva negar os esforços da iconografia e cartografia como linguagem e os mapas
da semiótica sobre as obras1, mas explorar como textos gráficos, aplicando essa
as relações corpóreas com a arte. Apesar perspectiva dentro dos estudos da história
das obras que serão analisadas a seguir da cartografia.
não estarem relacionadas à arte de Harley (1989) também encara os
instalação, essa “metodologia incorporada” mapas como representações de poder,
(HAWKINGS, 2010) parece ir de recorrendo a outro pós-estruturalista, o
encontro as sensações despertadas no filósofo francês Michel Foucault. Ao
contato com as obras de Jorge Macchi. assumir que a natureza dos mapas está
A autora destaca que o método relacionada a representações de poder e
proposto tem sido pouco explorado dentro assumindo os mesmos como textos
da Geografia. Segundo Hawkins (2010), gráficos, Harley (1989) critica a ênfase na
outras áreas do conhecimento tem objetividade dos métodos científicos
explorado o valor dessas “metodologias tradicionais da cartografia. É nessa mesma
incorporadas”. Os mapas de Macchi direção que pretende-se caminhar aqui.
possibilitaram uma oportunidade para
ampliar o uso do método proposto em A cartografia sensitiva de Jorge
estudos de geografia cultural. Entretanto Macchi ___________________________
é importante destacar que o uso da
metodologia incorporada de Hawkins não O artista plástico Jorge Macchi
descarta o atravessamento de outros nasceu na capital argentina em 1963 e
métodos. Assim como a arte dispensa o estudou na Escuela de Bellas Artes de
rigor científico para a representação do Buenos Aires tornando-se um dos grandes
espaço, a interpretação da mesma como expoentes da arte contemporânea latino
material de pesquisa geográfica requer americana. O trabalho de Macchi é
mais flexibilidade em relação ao método. marcado pela maneira como conjuga
Outra perspectiva fundamental diversas linguagens e recursos como
presente no decorrer deste ensaio é noção música, vídeo, instalações, pinturas e
de desconstrução do filósofo pós- desenhos. Diversas sensações são
estruturalista Jacques Derrida, articulada provocadas e alcançam o espectador
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através desses recursos e de temas impressões do artista pelos lugares
cotidianos da vida urbana. percorridos.
Como já mencionado, o mapa tem As informações sobre as obras que
papel de destaque entre os materiais serão analisadas adiante foram obtidas
utilizados pelo artista. Como geógrafo, através do site oficial do artista e do livro
diante da exposição, me senti desafiado a Music Stand Still (2011). A análise que
pensar a cartografia e seus produtos veremos à seguir teve como fontes
através da visão de um artista plástico. As informações recolhidas durante a
abstrações espaciais, simbólicas e exposição, a percepção pessoal sobre as
sentimentais de Macchi, instigam uma obras e diálogos com amigos presentes. A
reflexão sobre a possível desconstrução da escolha de pesquisar o menor número de
cartografia tradicional pela arte informações possíveis sobre a obra partiu
contemporânea. A linguagem cartográfica da necessidade de conversar com as obras
na obra de Macchi abre possibilidades com o menor número de interferências.
para não só descrever ou transpor o Essa escolha metodológica coincidiu
espaço em mapas, mas para a criação de posteriormente com a “metodologia
cartografias subjetivas e sentimentais, que incorporada” de Hawkins (2010)
revelam aspectos intangíveis do espaço. mencionada na seção anterior.
A aproximação com a obra do Antes de iniciar é relevante
artista se deu a partir de uma viagem à destacar a relação do artista com o seu
cidade de Buenos Aires, capital da lugar. Assim como o conceito geográfico
Argentina em 2016. Em visita ao Malba, de paisagem estava intimamente
Museo de Arte Latinoamericano de relacionado com a produção artística dos
Buenos Aires, se encontrava em exposição séculos XVI, XVII e XVIII, podemos
a mostra Perspectiva. Sem conhecimento verificar na arte de Jorge Macchi uma
prévio da obra do artista, a primeira aproximação com o sentido de lugar.
impressão da mostra foi a de um mapa de Sobre Buenos Aires, seu lugar de origem,
Buenos Aires de aproximadamente três Macchi nos diz:
metros de altura, com alguns percursos
traçados e alguns locais marcados por Buenos Aires es además la ciudad de
pontos, que eram associados a uma série la cual surgen muchas de mis
de materiais como fotografias, objetos e imágenes y obsesiones. No es una

gravações sonoras, que representavam as ciudad armoniosa, esta llena de


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contradicciones, y eso crea una Buenos Aires com uma placa de vidro e
sensación simultánea de amor y de em seguida a golpeia formando rachaduras
rechazo. Es algo que no me pasó en (Figura 02). Inicialmente poderia parecer
otra ciudad, quizás porque no llegué a
um mapa enquadrado numa moldura de
tener pasado en ellas. Esta es la razón
vidro, que por um descuido de seu usuário
por la que llamé a dos porteños para
caiu no chão ou se chocou contra outra
que colaboraran en el Buenos Aires
superfície. Olhando mais atentamente as
Tour, porque conocían la ciudad y
rachaduras nos mostram o que parecem
porque tenían un pasado en ella. De
no haber sido así, quizás el trabajo ser traçados, rotas, caminhos. Como se o
hubiera quedado reducido a una vidro trincado desenhasse um novo
cuestión más turística, más externa. roteiro em cima da cidade de Buenos
Cuando pienso en este proyecto lo veo Aires. Um roteiro alternativo, que não é
como un autorretrato en tres partes: mencionado em mapas oficias da cidade,
el mapa de la ciudad y la ciudad em bibliotecas ou sites da internet. Um
misma dejan de ser el soporte de unos
roteiro geográfico que nunca existiu e que
itinerarios turísticos para
passa a existir a partir do acaso.
transformarse en un espejo.
(MACCHI, n.p.)

Entre todas as obras expostas pelo


artista na exposição mencionada três
chamaram mais atenção pela provocação
direta ao olhar geográfico. São elas,
Buenos Aires Tour, Ciudad Cansada e
Guia de la Inmovilidad. Através do
impacto dessas obras a própria experiência Figura 2: Buenos Aires Tour (2003). Fonte:
MUSIC STAND STILL, 2011, p. 62-63
como turista na cidade de Buenos Aires foi
repensada. Algumas perguntas surgem
imediatamente dando início ao diálogo
Buenos Aires Tour: o acaso como guia com a obra. Que percursos são esses? A
que lugares da cidade esses caminhos
Em Buenos Aires Tour, Macchi levam? Por que seguir essas rotas? Essas
sobrepõe a superfície do mapa da cidade de questões nos colocam diante de um dos
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aspectos comum a maior parte dos mapas
artísticos, a desconstrução cartográfica.
Enquanto os mapas convencionais, de
antemão, anunciam os objetivos para o
qual foram desenvolvidos, o mapa artístico
em questão não apresenta nenhuma pista.
Nenhum título, nenhuma legenda. O mapa
de Macchi, criado a partir da perspectiva
do acaso não nos orienta, ao contrário, nos Figura 3. Exposição da obra Buenos Aires Tour
(2003). Fonte: Site Oficial do Artista.
convida a uma espécie de desorientação.
Nos leva a experimentar novos trajetos e a Novamente a desconstrução do
explorar sensações. mapa: Mapas emitem sons? Mapas não,
Explorar sensações! Imagine mas a cidade certamente. Em Buenos
percorrer esses trajetos atento aos Aires Tour o mapa é amplificado,
diferentes estímulos que o corpo pode adquirindo a capacidade de transmitir
captar. A visão, o olfato, o tato, o paladar e sensações. Enquanto a cartografia
a audição. A materialidade do acaso como científica cria mapas com alto rigor de
guia é apresentada na obra através de exatidão e precisão, priorizando a
fotografias, objetos e sons (acionados descrição proporcional da realidade, a arte
através de um botão) recolhidos nos busca outras maneiras de cartografar o
quarenta e seis pontos inseridos nas espaço, introduzindo mais vida às
rachaduras (Figura 3). Sinais características representadas. A arte cria
organicamente produzidos pela vida na mapas com o poder de apresentar outras
cidade, percebidos e representados pelo cidades dentro de uma mesma cidade. Cria
artista. Passa a existir uma nova versão da possibilidades fora da rotina diária e dos
cidade, uma versão sensorial da Buenos percursos pré-estabelecidos pela rede de
Aires. transportes. Mapas que nos permitem
sentir a cidade.
Em Buenos Aires Tour Macchi
parece desconstruir o contexto objetivo da
criação de um mapa turístico. Mapas que
geralmente levam um turista aos mesmos

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locais, a pontos previamente estabelecidos
por um órgão estatal ou por uma agência
de viagens. Dessa forma, o roteiro criado a
partir do acaso, confronta a objetividade
de traçados turísticos oficiais, que sempre
nos levam a uma mesma cidade,
reproduzida repetitivamente por todos
que desejam experimentá-la. A
representação de rotas alternativas na
cidade parece nos convidar, nos
surpreender, descortinar uma cidade com
infinitas possibilidades.

Ciudad Cansada: cidades se cansam?


Figura 4: Ciudad Cansada (2004). Fonte: MUSIC
STAND STILL, 2011, p. 70.
Um pedaço de papel retangular
recortado, pendurado por uma de suas
Ora, mapas não foram feitos para
pontas na parede da galeria. Uma maior
se pendurar na parede dessa forma. Pelo
aproximação da obra permitiu perceber
menos não os primeiros mapas com os
nomes de ruas e avenidas (figura 4) .
quais tivemos contato na escola, os mapas
Trata-se de um mapa com todos os
e cartas que são apresentados na disciplina
espaços que antes seriam quadras, lotes,
de Cartografia na Universidade, ou os
terrenos, praças… recortados, retirados
mapas que estão presentes em nosso dia a
do mapa. As vias compostas por travessas,
dia. Os mapas podem estar dobrados
ruas ou grandes avenidas permanecem, e
dentro do bolso de um turista, nas telas
sustentam o mapa ainda como mapa, pela
dos computadores onde geógrafos criam
simbologia utilizada na sua confecção.
mapas temáticos, nos jornais e nas revistas
Qualquer pessoa poderia reconhecer as
e até na palma da nossa mão por meio de
avenidas na cor amarela, ruas na cor
um smartphone usado para encontrar o
branca, como no GPS do carro ou no Guia
endereço da festa de aniversário de um
Quatro Rodas. Essa foi a primeira
amigo. Então o que Macchi pretende ao
impressão da obra Ciudad Cansada (2004).

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pendurar o que restou do mapa original na Em relação aos espaços recortados,
parede dessa forma? que representariam os espaços de
O título dado à obra já nos fornece convivência e de encontros na cidade,
indícios; a cidade está cansada! podemos refletir sobre o vazio
Imediatamente os motivos pelos quais a (metafórico), que será melhor explorado
cidade poderia estar cansada passam pela na análise da terceira obra selecionada, e
cabeça: A cidade cansada do artista parece sobre a omissão de informações. Ao
problematizar questões relacionadas ao aplicar o pensamento de Foucault às
cotidiano da vida urbana. A cidade pode análises da História da Cartografia,
estar cansada pela desigualdade social Harley (1989) apresenta os mapas como
latinoamericana, pela violência, pela falta produtos que refletem relações de poder.
de tempo, pela pressa constante, pelo Sob essa perspectiva, os mapas podem
afastamento das pessoas em relação ao omitir ou potencializar informações de
espaço urbano. acordo com os interesses de seus
A desconstrução cartográfica criadores. Nesse sentido, Macchi também
operada por Macchi nesta obra é deixar de realiza omissões na obra Ciudad Cansada.
lado o caráter plano do mapa com o qual Porém a omissão de informação operada
estamos acostumados, para expor um por Macchi não parece ser empregada com
estado sentimental e físico da cidade, o objetivo de enganar ou confundir o
metamorfoseando-a em corpo. A espectador.
suspensão do mapa de forma a deixá-lo No caso do mapa artístico
caído, como um corpo humano em estado transformado por Macchi, a omissão de
de cansaço e fraqueza, pode ter sido o uma informação é um convite a reflexão.
recurso encontrado para demonstrar Pensar a omissão como símbolo do
metaforicamente a sensação de próprio mapa. Essa omissão poderia ser
esgotamento na cidade. Ao apresentar a entendida metaforicamente dentro da
obra dessa forma, Macchi corporifica seu cidade cansada de Macchi como o
mapa. A cidade passa a ser capaz de sentir esvaziamento das relações sociais que
o que o artista sente, ou ainda, o que o potencializam o cansaço deste corpo
espectador da exposição sente. Apesar dos urbano, como será discutido a seguir.
sinais de esgotamento a cidade está viva, o
mapa está vivo.

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Guía de la Inmovilidad: um guia de ruas que cartográfica através de um guia de ruas, e
não nos leva a lugar nenhum parece aplicar o mesmo recurso estético de
Ciudad Cansada, recortando todas os
Uma caderno exposto. O formato e espaços de conviência da cidade, deixando
os símbolos que indicam seu método de apenas suas vias. As páginas do guia se
leitura levam a conclusão que trata-se de sobrepõem formando uma teia de fluxos
um guia de ruas. Uma imagem da infância. que não levam a lugar nenhum. Um guia
Imediatamente a lembrança do antigo da imobilidade.
carro do meu pai. No porta-luvas, lá Os espaços recortados por Macchi
estava ele. Um guia de ruas. Não foi difícil são aqueles nos quais, normalmente,
identificar o material utilizado por Macchi encontramos vida. Não existindo espaços
dessa vez. possíveis, o artista torna a cidade imóvel,
Apesar de não possuir a mesma estática, desconstruindo a utilidade
utilidade de outrora, os guias de rua ainda essencial de um guia de ruas. Essas veias
podem ser encontrados em livrarias e expostas podem significar a velocidade das
bancas de jornal. Hoje parecem ter relações contemporâneas na cidade, que
perdido espaço, talvez pela ascensão das diante da rotina priorizam os fluxos.
tecnologias de GPS e localização em
aplicativos de smartphones. Além de
apresentar todas as ruas da cidade, os
guias de ruas/estradas apresentam
informações como serviços públicos e
privados, pontos turísticos, estações de
metrô e trem, e linhas de ônibus, por
exemplo. Independente da plataforma de
acesso um guia de ruas pode nos localizar
espacialmente através das suas
toponímias, indicar locais de interesse e Figura 5. Guia de la Inmovilidad (2003). Fonte:
Site oficial do artista.
nos auxiliar a chegar em lugares pouco
conhecidos da cidade.
Na terceira obra, Guía de la
Inmovilidad (2003) (Figuras 5 e 6), o
artista realiza a desconstrução
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capazes de demonstrar aspectos
intangíveis de nossa experiência no
espaço. Assim como a poesia de Jorge Luis
Borges, os mapas artísticos de Jorge
Macchi parecem funcionar como um texto,
capazes de descrever a cidade de Buenos
Aires de forma simbólica. O processo
Figura 6. Detalhe aproximado de Guia de la realizado por Macchi passa por uma
Inmovilidad (2003). Fonte: Site oficial do artista.
imersão subjetiva onde os aspectos
espaciais físicos e o próprio material
Conclusões ________________________
cartográfico são percebidos através do
inconsciente ou de ideias, possibilitando
Y la ciudad, ahora, es como un
que o mapa seja lido e sentido, e até
plano
metamorfoseado como corpo.
De mis humillaciones y fracasos;
Ao final deste ensaio é possível
Desde esa puerta he visto los ocasos
Y ante ese mármol he aguardado en sugerir dois caminhos para a pesquisa
vano. sobre cartografia e arte contemporânea. A
Aquí el incierto ayer y el hoy primeira possibilidade de estudo está na
distinto investigação sobre como os conceitos
Me han deparado los comunes casos fundamentais da geografia estão inscritos
De toda suerte humana; aquí mis e são utilizados nessas cartografias
pasos artísticas. A cartografia de Macchi parece
Tejen su incalculable laberinto.
se relacionar com o conceito geográfico de
Aquí la tarde cenicienta espera
lugar, ou seja, nas relações cotidianas e
El fruto que le debe la mañana;
afetivas do artista com a sua cidade. Em
Aquí mi sombra en la no menos
outros artistas podemos encontrar críticas
vana
Sombra final se perderá, ligera. geopolíticas que vão de encontro ao
No nos une el amor sino el espanto; conceito de território. E assim por diante.
Será por eso que la quiero tanto. Outro caminho aberto é o da
(BORGES, 2015, p. 261) investigação metodológica. Quais métodos
poderiam se aplicar às obras de arte que
O presente artigo demonstrou a utilizam a linguagem cartográfica.
possibilidade de criação de cartografias Poderíamos abraçar o caminho
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hermenêutico e se colocar no lugar do NOTAS ________________________________

artista para compreender a totalidade de


* Possui graduação em Arquivologia pela
sua verdade? Poderíamos percorrer o
Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro
caminho fenomenológico, abrindo mão de (2009) e pós-graduação em Gestão do
todo o conhecimento prévio sobre o Conhecimento e Inteligência Empresarial pela
mundo na tentativa de captar a essência da Coppe/UFRJ (2014). Atualmente é aluno de

obra de arte como fenômeno? Poderíamos graduação no curso de Geografia pela


Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)
navegar pelos meandros do pós-
e assistente do Núcleo de Estudos Internacionais
estruturalismo aplicando a desconstrução Brasil-Argentina do Programa de Pós-graduação
das obras e a identificação das relações de em Relações Internacionais da UERJ. Possui
poder ou das intenções do artista? Quais experiência profissional nas áreas de

são os caminhos possíveis? Geotecnologias, Geoprocessamento e


Sensoriamento Remoto, Meio Ambiente,
Independente do caminho
Mineração e ênfase acadêmica em Geopolítica,
metodológico escolhido, o diálogo entre Geografia Política e Geografia Cultural.
cartografia e arte convida os Geógrafos a 1 Sobre iconografia e semiótica ver NOVAES
repensar práticas de análise tradicionais, a (2013).

buscar complementos que ampliem o


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS _________
conhecimento do espaço. Ao abordar uma
postura policialesca e de “fervor BESSE, Jean-Marc. Ver a terra: seis ensaios sobre
a paisagem e a geografia. Tradução de Vladimir
ideológico” de alguns cartógrafos e Bartalini. São Paulo: Perspectiva, 2014.
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Harley (1989) diz que o denominado Debolsllo. Buenos Aires: 2015.

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através de diversos opostos como de Geográphie. N. 660-661. 2008/2.

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“literal e simbólico” e assim por diante. In: Imago Mundi. Vol. 57, P. 35-54. 2005.
Aqui nos interessou, justamente, o que
COSGROVE, Denis. Art and Mapping: An
eles chamavam de falso, subjetivo e Introduction. In: Cartographic Perspectives.
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simbólico.
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de Arte. São Paulo: Martins Fontes, 2010.

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publicacoes.uerj.br/index.php/espacoecultura/arti WOOD, Denis. Map Art. In: Cartography
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hoje. In: Revista do Instituto de Estudos
Brasileiros, São Paulo, n. 57, p. 233-252, dez. 2013.

DIALOGUES BETWEEN CARTOGRAPHY AND ART: CARTOGRAPHIC DECONSTRUCTIONS IN


JORGE MACCHI'S WORK
ABSTRACT: THIS ARTICLE AIMS TO REINFORCE THE POSSIBILITY OF A DIALOGUE BETWEEN CARTOGRAPHY AND
CONTEMPORARY ART. THINKING OF THE ARTISTIC MAPS AS OBJECTS THAT EXPAND THE SPATIAL PERCEPTION AND OVERCOME
THE MATERIAL AND OBJECTIVE VISIONS OF THE SPACE, WE SEEK TO UNDERSTAND HOW THESE MAPS CAN TRANSMIT
INTANGIBLE ASPECTS OF THE HUMAN RELATION WITH THE GEOGRAPHIC SPACE. FROM THE ANALYSIS OF SELECTED WORKS
BY THE ARGENTINEAN ARTIST JORGE MACCHI, IT IS INTENDED TO BE A REFLECTION ON THEORETICAL-METHODOLOGICAL
REGARDING THE APPROXIMATION BETWEEN GEOGRAPHIC KNOWLEDGE AND THE MAPS PRODUCED BY THE VISUAL ARTS
PERSPECTIVE, THUS CONTRIBUTING TO DISCUSSIONS IN THE FIELD OF CULTURAL GEOGRAPHY.
KEYWORDS: CARTOGRAPHY; CONTEMPORARY ART; JORGE MACCHI; MAPS

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156:
DIALOGUES ENTRE CARTOGRAPHIE ET ART: DÉCONSTRUCTIONS CARTOGRAPHIQUES DANS
LE TRAVAIL DE JORGE MACCHI
RESUMÉ: CET ARTICLE VISE A RENFORCER LA POSSIBILITE D'UN DIALOGUE ENTRE LA CARTOGRAPHIE ET L'ART
CONTEMPORAIN. EN PENSANT AUX CARTES ARTISTIQUES EN TANT QU'OBJETS QUI ELARGISSENT LA PERCEPTION SPATIALE ET
SURMONTENT LES VISIONS MATERIELLES ET OBJECTIVES DE L'ESPACE, NOUS CHERCHONS A COMPRENDRE COMMENT CES
CARTES PEUVENT TRANSMETTRE DES ASPECTS INTANGIBLES DE LA RELATION HUMAINE AVEC L'ESPACE GEOGRAPHIQUE. À
PARTIR DE L'ANALYSE DES ŒUVRES SELECTIONNEES PAR L'ARTISTE ARGENTIN JORGE MACCHI, IL S'AGIT D'UNE REFLEXION
THEORICO-METHODOLOGIQUE SUR PROXIMITE ENTRE LA CONNAISSANCE GEOGRAPHIQUE ET LES CARTES PRODUITES PAR LA
PERSPECTIVE DES ARTS VISUELS, CONTRIBUANT AINSI AUX DISCUSSIONS DANS LE DOMAINE DE LA GEOGRAPHIE CULTURELLE.
MOTS CLES: CARTOGRAPHIE; ART CONTEMPORAIN; JORGE MACCHI; CARTES.

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