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UNIVERSIDADE CATÓLICA PORTUGUESA - PORTO

FACULDADE DE TEOLOGIA

DOSSIÊ
Pentateuco

Nome:
Fabián Jacob Álvarez Tello
Professor:
Dom António Couto
Definição
O termo Pentateuco não diz nada sobre o conteúdo dos livros, o único que podemos
deduzir deste termo é que Penta significa 5 e teuco é o lugar onde se guarda alguma coisa.
Sendo assim Pentateuco é o lugar onde se guardam 5 invólucros (rolos).

Para saber algo do conteúdo dos mesmos temos a necessidade de recorrer ao nome
em hebraico que é Torah que provém do verbo yarah que significa: instruir, ensinar. Então
desta forma sabemos que a Torah, não significa lei, é a instrução que realiza Deus como
“professor da humanidade”.

A intenção do Pentateuco não é narrar uma história que aconteceu a muitos anos, mas
é narrar a história da nossa vida. A leitura portanto não vai ser do texto mas vai ser deixando
que o texto leia a nossa vida.

Conteúdo
O Pentateuco está formado por 5 livros que são: Génesis (Gn) que consta de 50
capítulos; Êxodo (Ex) que consta de 40 capítulos; Levítico (Lv) que consta de 27 capítulos;
Números (Nm) que consta de 36 capítulos e por últimos está o Deuteronómio (Dt) que consta
de 34 capítulos.

Estes 5 primeiros livros nos fornecem a parte Luminosa da história de Israel, a qual é a
regra de vida do povo, porque nesta história é um povo que caminha sem terra que deixa que
Deus guie o seu caminho através do deserto.

É importante saber qual é a ideia central do Pentateuco, porque o nosso pensamento


está “formatado” segundo a mentalidade grega a qual encontra o ponto base no princípio dos
livros, mas na mentalidade semita não é assim. Portando o mais importante dos textos e o fio
condutor da história é a parte central, assim a linha de leitura é baseada no Levítico.

Eneateuco
A seguir aos 5 primeiros livros encontramos outros 4 da historiografia deuteronomista
(não está incluído o livro de Ruth), estes livros são: Josué (Js); Juízes (Jz); o primeiro e segundo
de Samuel (1Sm e 2Sm); o primeiro e segundo de Reis (1Re e 2Re). A historiografia
deuteronomista narra a história “escura” do povo, na qual o povo fica num só lugar (têm a
terra de Canaã) e não deixa que seja Deus quem guia o caminho.

O Eneateuco é a soma do Pentateuco com a historiografia deuteronomista. A marca


para a leitura destes nove livros estaria no Deuteronómio, com o Shemá (Escuta infinita).
Sendo o Pentateuco a parte onde o povo escuta a voz de Deus e se deixa guiar e os seguintes
quatro livros, o povo deixa de escutar a Deus o que os leva ao exílio (597-539 a. C.).

O Eneateuco é dividido por Esdras quem marca o Pentateuco como a constituição do


povo e se converte na regra de vida dos judeus.

O Génesis começa com a história de Adão (Gn 1-11) o qual simboliza toda a
humanidade, o seguinte ponto importante deste livro é a eleição de Abraão (Gn 12-50), sendo
este um entre os outros, isto é, não é melhor que ninguém e é escolhido para levar a bênção
aos outros. O Êxodo narra a libertação do povo que confia em Deus (Ex 12), o povo acampa no
deserto (Ex 19) e é Deus quem cuida deles. Na historiografia deuteronomista encontramos que
o povo entra na terra prometida em Josué e depois começam em Juízes lutas contra outros
povos causadas pela inveja, em Samuel vemos que as lutas aumentam e no fim de Reis (2Re
25), o povo é conduzido ao exílio.

Esquema

Eneateuco
Pentateuco História Deuteronomista
Gn Ex Lv Nm Dt Js Jz Sm Re
12
1 – 11 Libertação, Termina com
Adam = é Deus o exílio para
Humanidade quem leva Babilónia
o povo
Escuta
12 – 50 Lutas
Infinita –
Abraão. por
Fio Entram na
Eleição para inveja
19 conduto terra Apareceram
levar a dos
O povo r dos prometida as
bênção às outros
acampa no nove comunidades
nações. povos
deserto, livros sinagogais
Acaba a
Deus cuida que salvaram
história da
deles o judaísmo
humanidade
e começa a
dum povo.
Instrução de Deus. Regra de Vida O povo não escuta

Exílio e reuniões sinagogais.


No primeiro exílio de 300 000 habitantes ficaram em Judá 20 000, estes foram para o
exílio sem levar nada do que tinham acumulado, isto ensina que somente se possui para
perder. O único que lhes ficou foi a cultura, isto devido a que no exílio começaram as reuniões
sinagogais. As reuniões sinagogais deram uma nova forma de pensamento ao povo, foi um
tempo propício para a reflexão.

Quando os judeus conseguem voltar para Judá vêem que não fica nada lá, por isso
voltam sozinhos para a Babilónia. Somente voltam (e não todos) quando são obrigados pelos
Persas para que não se perca definitivamente aquela terra.

No ano 70 d.C., os romanos destroem o templo e expulsam aos judeus de Jerusalém e


somente voltam a finais do séc. XIX e ainda se mantêm unidos como povo, pois as reuniões
sinagogais que foram criadas no exílio ajudaram para manter unido ao povo durante tanto
tempo e em diferentes lugares e circunstâncias.
Tempo narrativo
O livro do Génesis narra a história da humanidade num princípio e depois com Abraão
começa a história dum povo até terminar com José e a sua família, o tempo narrativo do
Génesis é de 2236 anos.

O povo judeu esteve no Egipto durante 430 anos, até que Moisés os tirou dali (Ex 12,
41-42), 45 dias depois (Ex 19, 1) acampam no Sinai. No Sinai, o povo fica um ano inteiro todo o
levítico até que partem à terra prometida (Nm 10), este ano simboliza que é Deus quem vê
pelo povo durante toda a vida.

O povo está a caminhar no deserto em direcção à terra prometida durante 40 anos,


até que chegam à fronteira no início do Deuteronómio que narra somente o último dia da
história de Moisés. Os 40 anos que está o povo no deserto são para aprender a viver com base
em Deus. A terra prometida simboliza o Céu e é uma terra que o povo recebe de graça, não é
comprada nem merecida. A história deuteronomista narra os acontecimentos desde 1225 até
587 a.C..

Existem teorias dum hexateuco, isto é, que a promessa se cumpre com a entrada do
povo na terra prometida, mas isto é errado pois a promessa de Deus a Moisés é “vai a terra
que Eu vou-te mostrar”, não a terra na qual te farei entrar.

Relações intratextuais no Pentateuco


Na Leitura sincrónica encontramos uma série de paralelismos nos textos. O primeiro
que temos que ter em conta na leitura do Pentateuco é que houve uma deslocação da marca
de leitura ou fio condutor, como agora são 5 livros, o ponto central é o Levítico, capítulo 16,
festa do Yom Kippur. Portanto, temos que ler o Pentateuco sempre com base no perdão
infinito, como o povo semita não eliminava nada do escrito anteriormente vamos perceber
que este escrito foi o mais modificado do Pentateuco.

As Relações intratextuais são mais facilmente explicadas através dos seguintes


esquemas.

Êxodo Números

Ex. 12.- Saida do Nm. 9.- Celebram a


Egipto (Páscoa) Páscoa no deserto

Ex. 19.- Chegam ao Nm. 10.- Levantam


deserto do Sinai, o Acampamento
acamparam. (Povo seminomada)

Através destas pequenas relações, podemos perceber que as festas mais importantes
do povo aconteceram fora da terra prometida, quando deixavam que seja Deus quem leve as
suas vidas. Estas festas são: Páscoa (libertação do Egipto, a festa lembra ao povo que a vida é
uma passagem); Semanas (O dom da instrução, Para não esquecer que foi no deserto que
Deus deu a instrução); Tendas (Estadia no deserto, o povo está em constante caminho).

Ex 24, 15-18 Ex 40, 34 Lv 1, 1 Nm 1,1

Aparece a imagem A Nuvem cobre a


da Nuvem, Gloria e tenda da Reunião o Deus mora entre o
Fogo. Simbolizam a que simboliza que povo, já não fala da
Deus. Deus desceu para montanha, mas da
este lugar tenda da reunião
que equivale ao
nosso sacrário
Moisés entra na
casa de Deus, onde
Deus lhe indica Realmente todos estes textos provêm da
como deve ser comunidade reunida à volta do segundo templo.
construído o templo Construído entre 520 e 515 por Zorobabel (Neto
para que Ele habite. de Rei Joaquim) e o Sacerdote Josué. Depois
Assim Deus torna-se Neemias em 450 é enviado para reconstruir os
acessível muros de Jerusalém, e no ano 400 Esdras tem
que reconstruir a comunidade através da
constituição. Tudo isto aconteceu pelas missões
enviadas pelos Persas.

O segundo templo é construído para o perdão


dos pecados, assim percebemos, porque a festa
do Yom Kippur está no meio do Pentateuco.

Quando Salomão constrói o primeiro templo, se


coloca a arca da aliança no santo dos santos que
se abre somente uma vez por ano (Dia do Yom
Kippur)

O texto do Levítico 16 é uma leitura da construção do segundo templo, isto é, o povo


viveu e depois escreveu, nos é impossível acreditar que o povo consiga viver um ano num
acampamento no deserto e fazer um templo com tantos detalhes, é Deus quem cuida do
povo.

Incongruências do Pentateuco
No Pentateuco encontramos muitas vezes contradições que demostram que o texto foi
escrito por mais de uma pessoa, em diferentes lugares e épocas. Aqui apresentarei algumas
destas contradições.

o Ex 1, 7-10.- Fala do Rei do Egipto, de guerra e de extermínio.


o Ex 1, 11-14.- Esta vez o texto fala dum Faraó e de mão-de-obra para a construção de
cidades.
 Ex 1, 15-22.- Nestes 7 versículos fala por vezes do Rei do Egipto e do Faraó.
 Ex 2, 1-10.- A filha do Faraó vai tomar banho num rio, o que é impossível pois tinham
piscinas. O nome de Moisés está em Hebraico. A beleza de Moisés é uma premonição
de realeza, nos povos vizinhos contavam-se histórias dum filho salvo das águas que
tornou-se rei.
Ex 14, 15.- Num só versículo encontramos: o Rei do Egipto, o faraó, e fugir e deixar
partir.
 Ex 4, 1-5.- Moisés tem a vara e em Ex 7, 9-10.- Aarão tem a vara; Percebem-se as
diferentes redacções.

Génese do Pentateuco (Teorias)


Fragmentos
O maior representante desta teoria é Rolf Rendtorff. Consiste em que o texto final
surge da união de diferentes textos, sendo o editor quem faz a ponte entre os diferentes
fragmentos. Esta teoria explica que os diferentes fragmentos são escritos por diferentes
culturas e religiosidades pelo que se explica as contradições. A seguir, apresento um esquema
do que tenta dizer esta teoria:

Fragmento 1 Fragmento 2 Fragmento 3 Texto Normativo

Documentos
O maior representante desta teoria é Julius Wellhausen. Consiste em que diferentes
documentos se entrelaçam entre eles mas sem perder nada para assim chegar a um texto
final, mas não se pode identificar os documentos originais. Esquema:

Documento 1

Documento 2
Texto normativo

Documento 3

Complementos
O principal representante desta teoria é John Van Seters. Consiste em que o texto
bíblico foi escrito em grande parte como um grande bloco e com o passar do tempo se fizeram
algumas adições. Esquema

Adição
Adição Adição Adição

Adição Texto Normativo

Adição
Adição
Nova teoria do Pentateuco
Depois da primeira teoria de John Van Seters, foi fácil deduzir que ia conduzir para esta
teoria que é exagerada. A teoria diz que todo o Pentateuco é do Exílio e Pós-exílio e que se
existe algo anterior não podemos conhecer.

Teoria do autor único


Esta teoria também é exagerada e consiste em dizer que todo o texto é obra dum
mesmo autor, embora tenha as incongruências que vimos. Esta teoria é defendida por Roger
Whybray.

Paradigma de Münster
História de Jerusalém
No ano 690 temos o primeiro corpo do texto, que foi escrito pela corte de Jerusalém.
Após o cativeiro do reino do norte (722-1) se produz uma reflexão em Judá e em 701 os
Assírios cercam Jerusalém. O povo vê aqui a providência por Jerusalém não ser destruída. O
corpo de texto deste período é de Gn 11, 26 a 2Sm 24.

História do exílio
Esta história é escrita depois de 587, no exílio e depois do exílio, é uma expansão da
história de Jerusalém que vai de Gn 2,4b a 2Rs 25.

Relato Sacerdotal
Completa o texto inteiro desde Gn 1,1 a 2Rs 25. Este relato foi escrito quando o povo
volta para a construir o segundo templo por volta do ano 520.

Fusão
Este texto se encontra entre os anos 450 – 400, é a fusão realizada por Esdras e
Neemias.

Texto na História
Acontecimento
Somente os acontecimentos importantes são os que o povo lembra, aqueles
acontecimentos que marcaram a história.
Tradições Orais
O povo transmite de geração em geração somente aquilo que é importante. A cultura
semita daquele tempo somente falava o que era necessário, muito diferente da nossa cultura
actual que fala de qualquer acontecimento sem importância.

Fichas.
O povo começa a escrever somente os pontos importantes das tradições para não
esquecer através do tempo. Aqui podemos ressaltar a concordância entre David e Abraão no
Hebron. David ajuda a que os grupos se juntem num só, ele foi chefe dum primeiro grupo e
depois vai de Belém para o Hebron, onde outros grupos pedem que seja o seu chefe. O texto
de Abraão é mais tardio que a história de David, isto é, Abraão vai ao Hebron porque David foi
para lá. (Cf. 2Sm 2, 1-4. 11)

Redacções
Existem diferentes redacções que marcam mais um ponto do que outro, com as quais
formamos o texto normativo, a seguir apresentarei às diferentes redacções.

J (Jerusalém)
Esta redacção antigamente era conhecida com o nome de Javista, isto por utilizar o
nome de YHWH, mas hoje conhecemos que este não é o único facto que marca esta redacção,
por isso foi ampliada para redacção de Jerusalém. As palavras-chave desta redacção são:
YHWH, rei (Deus é quem escolhe o rei), nome, casa (Preocupação da realeza), beleza, graça
(Deus escolhe o pior). Para ler a redacção de Jerusalém temos que ter em conta dois fios
condutores que são: David e Salomão.

David foi reinar em Jerusalém porque é um ponto intermediário entre o reino do norte
e o reino do sul, desta forma nenhuma das duas tinha predominância. Em Jerusalém quem
escreve são os escribas da corte. Esta redacção está situada entre os anos 997 e 587. A linha
condutora de David mostra que este foi o homem do sul escolhido por Deus ao contrário de
Saul, onde reinou durante sete anos no Hebron. Com respeito a esta linha podemos destacar
as seguintes figuras: Abraão que era o homem do sul e fixou-se no Hebron; Jacob que fugiu
para a Mesopotâmia e serve 7 anos para desposar a filha de Labão (Lia) e depois outros 7 para
desposar a Raquel (Segunda filha de Labão); José vai desde o Hebron a Siquem 1 aos 7 anos,
anuncia os 7 anos de vacas gordas e os 7 de vacas magras, os seus irmãos vão do norte para
pedir a José que os salve (Do mesmo modo que o norte pede a David que seja seu rei).

O fio condutor de Salomão é mais importante. É o menor dos filhos de David. Depois
das disputas entre os filhos de David somente fica Salomão e Adonias a quem manda matar ao
dia seguinte de ser proclamado rei. É um filho ilegítimo. Comparável com: Caim e Abel (Gn 4);
Zarah e Perets (Gn 38; Rt 4,12-22); Ismael e Isaac (Gn 16, 21); Esaú e Jacob (Gn 25,21-28); Lia e
Raquel (Gn 29-30); Manasses e Efraim (Gn 48); David (1Sm 16, 1-13)

E (Efraim)
Esta redacção antigamente foi conhecida como redação Eloista, isto deve-se a que o
nome de Deus nesta redacção era Eloim. Foi escrita entre os anos 926 a 722/1. Hoje o nome
1
Aos 7 anos faz uma viagem de 100km, o que demostra que foi escrito para dar credibilidade a outro
facto posterior.
de Eloista não explica todas as características desta redacção, por isso foi mudado para Efraim
que é a zona (Centro - Norte) em que foi escrita.

Os fios condutores com que trabalha esta redacção são os seguintes: Ética
(responsabilidade); Profética (Gn 20, 7; Ex 2, 14); Antimonárquica, Israel explorado por
Salomão (1Rs 4, 8-19; 5, 27); Assembleia de Siquem (Manifesta que o povo do norte já não
quer a união (1Rs 12, 1-20, quando Jeroboão é o rei de Israel). A força unificadora desta
redacção é o Profeta.

RJE
Esta redacção começa no ano 722/1 com a expulsão do reino do norte, na qual
sobrevivem alguns membros do povo que pedem refúgio ao reino do sul. Esta redacção
perdura até o exílio do reino do sul em 587. Trabalha em duas linhas, a da graça e a da ética.
Sendo que é mais importante a linha da graça.

Ur - Dt (Antigo Deuteronómio)
Esta redacção se encontra entre os anos 722/1 - 622/1. Trabalha especificamente com
uma linha que é a de Fidelidade à palavra (Escuta Israel, Dt 6, 4). É um livro fechado que não
dá mais opções do que a bênção ou a maldição.

Está composto principalmente por 3 partes: 1. Introdução exortativa (Dt 4, 45 - 11, 32)
2. Corpo de Leis (Dt 12,1 - 26, 16) que é o mais importante 3. Bênçãos e maldições (Dt 28, 1 -
68).

Encontramos uma referência a este livro em 2 Rs 22, 1- 13: “O livro descoberto no


Templo e lido a Josias, que rasga as vestes2, prenúncio a desgraça”.

DTR (Deuteronomista)
A reflexão deuteronomista foi feita desde o ano 587. A linha de leitura desta redacção
é a conversão. Nesta redacção encontramos as seguintes passagens: Dt 1, 1-4, 44; 28, 69 - 34,
12; Js; Jz; 1-2Sm. Esta redacção é uma espécie de moldura do Ur-Dt. A dimensão temporal e
espacial do pecado vai do ano 1225 ao 587 e se encontra em Israel.

O povo se pergunta como chegou ao exílio, e a resposta que encontram é que isto se
deve a que não escutaram. Então o povo se pergunta se se pode mudar isto e a única resposta
que encontram é que a forma de mudar é através da conversão que leva novamente à bênção.
Portanto têm que seguir o seguinte processo. PECADO -» CASTIGO // CONVERSÃO -» BÊNÇÃO.

P (Sacerdotal)
Esta redacção foi escrita no exílio e pós-exílio. A linha de leitura desta redacção é o
perdão. A dimensão temporal e espacial nesta redacção é desde o princípio do mundo em
todo o mundo (Cf. Gn 6, 11 - 12). Esta redacção segue o seguinte processo: PECADO -»
CASTIGO -» PERDÃO -» BÊNÇÃO.

Texto Normativo
As contradições e as duplicatas que encontramos no texto final devem-se à mistura
das diferentes redacções. Por último fica por dizer que segundo a mentalidade grega esta
2
Sinal de maldição, percebeu que pecaram.
mistura não faz nenhum sentido, mas na mentalidade hebraica podemos observar que ao fim
o resultado é belo e riquíssimo, literariamente falando.

O Êxodo
Depois de termos estudado as diferentes redacções do Pentateuco, podemos perceber
que o acontecimento do êxodo não é somente um, mas uma multiplicidade de êxodos de
diferentes grupos, em diferentes momentos e em diferentes situações. Entre os anos 1552 e
1150, o Egito tem o controlo dos territórios que vão desde o Nilo até o Eufrates, logo até a
terra de Canaã. Portanto o acontecimento do êxodo não se limita à saída do território egípcio
mas è também uma experiência de libertação, vivida em qualquer parte do território.

Os diferentes grupos, espalhados pelo território dos egípcios, tinham experiências de


opressão, das quais foram libertos. No país do Egipto, encontramos um grupo que estava
submetido a trabalhos forçados durante a construção das cidades de Ramsés e Piton; outro
destes grupos encontrava-se em Canaã a realizar trabalhos de carregamento; ainda outro
grupo estava instalado comodamente, no Egipto, escravo do comodismo. As diferentes
histórias serão depois entrelaçadas na corte de David, formando desta forma um único êxodo.

Verbos
Dentro desta análise do acontecimento do êxodo, nos encontramos com que na
redacção se utilizaram diferentes verbos para explicitar a experiência de libertação.

O primeiro verbo que encontramos é SHILLAH, significa deixar partir; neste caso existe
um decreto de libertação, portanto não existe fuga. SHILLAH é o verbo mais utilizado nas
escrituras para a experiência do êxodo. O segundo verbo é GARASH, significa expulsar; assim
podemos perceber que não existe fuga mas existe uma expulsão do país. GARASH aparece em
quatro ocasiões. Outro verbo muito utilizado para esta experiência é HÔTSδ, significa fazer
sair; aparece junto com a figura de Moisés, pois o verbo está relacionado com alguém que tem
a autoridade para fazer sair o povo; este verbo tem origem no verbo YATSA´, que significa
nascer, no sentido de nascer para uma vida nova. O último verbo que aparece é BARAH que
significa fugir; aparece somente numa ocasião (Cf. Ex 14, 5).

Depois da análise verbal do texto, podemos concluir que não existiu nenhuma fuga do
país do Egipto. Os grupos que se encontravam a realizar trabalhos forçados, em Ramsés e
Piton, são deixados partir (SHILLAH) depois de concluir as obras. O verbo BARAH foi aplicado
para o grupo que realizava trabalho de carregamento em Canaã. Aos grupos que se encontram
escravos do comodismo é-lhes aplicado o verbo HÔTSδ. Outro facto pelo qual podemos
comprovar que não existiu uma fuga é porque não existem relatos egípcios sobre uma fuga do
país3.

Ex 13,17 - 14, 31
A crítica textual permite distinguir as partes do texto que correspondem às diferentes
redacções. Neste texto encontramos três diferentes redacções que são a de Jerusalém, a de
Efraim e Sacerdotal.

3
Existe um texto sobre a fuga de dois escravos, mas estes imediatamente foram capturados.
Jerusalém
Na redacção de Jerusalém, encontramos como característica principal um enfoque na
graça de Deus. Esta tradição narra que o povo é libertado e noutro que é mesmo expulso do
país do Egipto. O percurso da viagem de libertação, nesta narração, é através da via maris, mas
fazem um desvio na parte de terra 4 que se encontra entre o lago Sirbonis e o Mediterrâneo.

Segundo esta redacção não existiu travessia por mar. Na verdade, este grupo está
acampado no vale de Baal-Sefon, e permanecem ali a olhar a obra do Senhor. O Senhor nesta
redacção faz recuar o mar e quando os egípcios se aproximam são engolidos pelas águas.
Assim percebemos que a graça do Senhor está patente porque o povo não precisa de fazer
nada, sendo o Senhor quem atua contra os egípcios. A coluna de nuvem e de fogo nesta
redacção mostram também a protecção do Senhor.

Efraim
Na redacção de Efraim, a rota escolhida pelos israelitas é através do deserto,
provavelmente para evitar os muitos postos militares da via maris. Sendo assim podemos
constatar que não existe nenhuma travessia por mar.

Esta redacção provém dos grupos descendente de José, que estavam comodamente
instalados no Egipto. Estes grupos são feitos sair pela autoridade de Moisés. A prova de que
estes grupos se encontram instalados está em que perguntam a Moisés a razão pela qual
tiveram que sair do Egipto. O que levou a Moisés a tirar o povo de Egipto, é o encontro que
teve com o Senhor, este encontro é mortal para o homem, por isso Moisés renasce como um
homem novo.

Sacerdotal
Esta tradição está revestida de mais colorido e é mais maravilhosa que as outras
redacções. Esta redacção procura ressaltar os feitos grandiosos operados pelo Senhor, por tal
motivo esta redacção tem como característica literária a epopeia, onde se torna evidente o
Poder de Deus. Esta redacção tenta unificar também às redacções J e E, pois faz que o povo
caminhe pelas duas vias.

Assim como, no relato sacerdotal da criação, O Senhor separa as águas superiores das
inferiores, aqui o Senhor separa as águas do mar para que o povo atravessa-se. Esta relação
entre os dois relatos mostra que o povo após o êxodo é um povo novo.

Outras das características sacerdotais desta redação encontram-se no facto de o


Senhor ter endurecido o coração do Faraó para que o seu poder se manifeste. Também
encontramos que nesta redacção quem tem a vara (símbolo do poder) é Aarão, pai dos
sacerdotes.

A Criação
A palavra criação nos remete, antes de qualquer coisa, para um Criador. Um Criador de
quem tudo depende e tudo foi feito por amor. Na bíblia, encontramos dois relatos da criação o
4
Esta faixa é por vezes estreita, leva alguns dias atravessa-la a pé. Os testemunhos de diferentes grupos
mostram que por vezes é bastante perigosa esta travessia, em certas zonas se inunda por completo,
engolindo alguns grupos.
primeiro de narrativa sacerdotal (Gn 1,1 - 2, 4a), o segundo é da tradição de Jerusalém (Gn 2,
4b - 3, 24). Os dois textos mostram que a humanidade nasceu dum só homem, isto, para dizer
que todos somos irmãos. Os textos da criação reforçam a importância do homem face aos
outros seres vivos, pois todos os animais são criados segundo as suas espécies, enquanto o
homem é único, a imagem e semelhança de Deus 5.

Primeiro relato (Gn 1,1 - 2,4a)


Este texto foi escrito no exílio da Babilónia, foi escrito para mostrar aos exiliados que
Deus criou tudo bom, inclusive o homem que não se limita a ser bom, mas demasiado bom.
Assim os sacerdotes fazem com que o povo reflicta que está no exílio porque se afastou da
bondade inicial e o povo possa voltar à bondade inicial.

O texto foi escrito como uma ladainha para que seja fácil de memorizar, está
constituído por 452 palavras, entre as quais nunca aparece a palavra não. A criação é realizada
em 7 dias mas são feitas 8 obras.

A seguinte tabela apresenta algumas particularidades enquanto ao número de vezes


que aparece no texto:

Número de vezes que


Palavra ou frase Sentido
aparece
“Deus diz” 10 Lembra os 10 mandamentos
Todas as coisas criadas estão
de acordo com a sua espécie
“Conforme a sua espécie” 10
só o homem tem uma única
espécie
As 7 obras são boas mas
“Deus viu que era bom” 7 quando conclui a obra com o
homem é demasiado bom
Também encontramos outra particularidade quando Deus diz em toda a criação “faça-
se”, mas quando chega ao homem diz “Façamos o homem a nossa imagem”, colocando assim
uma nova antropologia do homem à imagem de Deus. Quando Deus cria é através da sua boa
vontade e da providência divina, nós não nascemos do acaso.

Dia um
O relato começa pelo “dia um”, não pelo dia primeiro, isto para dizer que cada dia é
uma nova criação. Aparece a fórmula “Vem a noite e depois a manhã” 6, esta fórmula se
encontra nos primeiros seis dias.

Dia dois
O segundo dia é o único que não tem a etiqueta “Deus viu que era bom”, com isto
percebemos que a fórmula não foi colocada ali por acaso, mas para que possa em 7 das 8
obras aparecer a etiqueta. E também porque a obra de engenharia das águas somente termina
no dia 3.

5
Esta é a antropologia bíblica que dá um sentido mais profundo do que a definição grega de animal
racional.
6
No oriente o dia começa ao pôr-do-sol.
Dia três
Neste dia Deus separa as águas inferiores terminando assim a obra e podendo dizer
que viu que era bom. Neste dia Deus faz as plantas e animais segundo as suas espécies, porque
não são irmãos.

Dia quatro
Neste dia, Deus cria os luzeiros, não lhes é dado nome para que não sejam divinizados
como nos povos pagãos. Com os luzeiros, Deus separa a luz das trevas, e o povo marca as suas
festas através dos luzeiros.

Dia cinco
Aparece novamente o verbo criar para mostrar que é uma coisa nova, pois neste dia
são criados os animais segundo as suas espécies. Aparece também o verbo abençoar.

Dia seis
Deus neste dia realiza a criação do homem o qual não é criado junto com os animais
para dar-lhe uma maior importância. A frase “Façamos o homem à nossa imagem” quer dizer
que a espécie do homem é a espécie de Deus, está em plural porque Deus fala com o seu
coração. Depois que o homem é criado, Deus o abençoa e disse-lhe “multiplicai-vos”, o
homem pode responder livremente, cooperando assim com a criação do Senhor.

Aparece, neste dia, o verbo dominar, com o qual o homem é visto como um rei que
escuta a palavra de Deus e cuida da criação. O homem se alimenta dos frutos da terra que são
dados por Deus. O homem é chamado como rei para criar Harmonia na terra. Na criação o
homem e a mulher estão ao mesmo nível, sendo que as palavras homem e mulher
literalmente significam, côncavo e convexo, pois se complementam.

Uma vez terminada a criação, Deus vê que tudo era demasiado bom. Somente neste e
no sétimo dia aparece o artigo “o”, isto para realçar a importância deste dia.

Dia Sete
Este dia aparece 3 vezes com artigo para realçar a sua importância. Este dia é um
templo (templo de tempo) que faz referência à liturgia sinagogal. É o único dia que não
aparece com a fórmula “vem a noite e depois a manhã”, isto é feito para dizer que é um dia
aberto à criação de Deus.

Segundo Relato (Gn 2, 4 - 3, 24)


Com respeito a este texto não podemos saber se é ele que não conhece o primeiro
relato ou é o autor do primeiro quem não conhece este texto.

Este relato apresenta algumas diferenças com respeito ao primeiro, as primeiras e que
rapidamente vêm à vista são estas: O nome de Deus muda de ELOHIM para YHWH ELOHIM;
neste testo aparece pela primeira vez a palavra não; Também percebemos que teologicamente
é inferior porque Deus cria modelando (modelo antropomórfico), enquanto no primeiro é
através da Palavra.
Criação do Homem
O homem é criado a partir do pó da terra, como representação de que o homem é
frágil.7 Para dar a vida ao homem Deus sopra 8. Portanto o homem depende das mãos de Deus
e do seu sopro.

O relato da criação dá uma nova dignidade ao homem o qual é criado a imagem e


semelhança de Deus, noutros textos antigos, o homem é criado a partir de restos mortais de
divindades más que morreram.

Depois da criação do homem, Deus cria o jardim do Éden, o qual não representa um
lugar geográfico, mas a natureza humana na sua perfeição. Dos quatro rios colocados neste
relato dois são conhecidos e outros dois desconhecidos para mostrar que existe uma parte
conhecida do homem e outra desconhecida.

Versículo 15
“YHWH ELOHIM elegeu o homem e deu-lhe descanso no jardim do Éden para cultiva-la
e guarda-la”.

O verbo, elegeu, tem aqui um sentido real9 e também um sentido teológico. O


complemento direto, “-la”, não significa aqui a terra mas ao mandamento de Deus 10.

Versículo 16
Neste ponto Deus dá dois mandamentos ao homem:

 Comerás os frutos das árvores.


 Não comerás do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal.

O homem violou estes dois mandamentos, pois não só comeu da árvore do


conhecimento do bem e do mal, mas também não comeu da árvore da vida.

Versículo 18
Deus faz um ´EZER para o homem. ´EZER significa auxílio (não auxiliadora, é usado o
masculino, tendo o autor também tido a possibilidade de utilizar o feminino). A palavra ´EZER
aparece 21 vezes na escritura: 2 vezes no Génesis; das outras 19: 9 dizem respeito ao auxílio
que vem de Deus, 9 falam do auxílio como sendo o próprio Deus, 2 afirmam que o auxílio não
está na força do homem.

Versículo 21
Neste versículo a mulher é formada através do TSELA´ do homem. TSELA´ significa
metade e não costela como é a tradução habitual. Assim o homem e a mulher estão no mesmo
patamar.

7
HA´ADAM -» Homem
HA´ADAMAH -» Terra
8
O verbo utilizado na tradução dos LXX, só aparece no N.T uma vez, no Pentecostes. Cristo realiza uma
nova criação
9
O homem como rei da criação
10
Em hebraico a palavra é feminina. TORAH.
Quadro comparativo entre o relato da criação e a história do povo de Israel

CRIAÇÃO Historia de Israel

Deus criou o homem fora do Deus criou Israel fora da terra


jardim prometido
Deus introduziu o homem no Deus introduziu Israel na
jardim terra prometida
Deus deu ao homem dois Deus deu a Israel
mandamentos para cumprir mandamentos para cumprir
O homem não cumpriu os Israel não cumpriu os
mandamentos mandamentos
O homem foi expulso do Israel sofreu o exilio
jardim

Através desta comparação percebemos que o autor do relato da criação conhece a


história de Israel, facto que nos leva a pensar que o texto da criação foi escrito depois do exílio.

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