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Por Lucas Tadeu Lourencette
DIREITO CONSTITUCIONAL | 29/OUT/2007
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Introdução
A Magna Charta Libertatum, assinada em 1215 pelo Rei João, é um documento que
tornou limitado o poder da monarquia na Inglaterra, impedindo, assim, o exercício do
poder absoluto. Esse documento foi resultado de desentendimentos entre João, o Papa e
os barões ingleses acerca das prerrogativas do monarca. Segundo os termos
dessa Charta, João deveria renunciar a certos direitos e respeitar determinados
procedimentos legais, assim como reconhecer que a vontade do rei estaria sujeita à lei.
A Magna Charta Libertatum é reconhecida como um dos primeiros instrumentos de
limitação do Estado e da preservação dos Direitos Humanos Fundamentais, além de ser
o primeiro passo de um longo processo histórico que levaria ao surgimento do
Constitucionalismo e da Monarquia Constitucional, que é o que se pretende demonstrar
com a apresentação do presente trabalho.
Para Dalmo de Abreu Dallari, tal Constitucionalismo foi um movimento que tinha como
prerrogativa três grandes objetivos: 1°) “a afirmação da supremacia do indivíduo”; 2°)
“a necessidade de limitação do poder dos governantes”, e; 3°) “a crença quase religiosa
nas virtudes da razão, apoiando a busca da racionalização do poder”.
Sendo assim, implicava na existência de direitos intocáveis até mesmo pelo monarca,
inatos ao ser humano e que nem sequer precisariam ser reconhecidos, somente
declarados.
"... no século XVIII, conjugam-se vários fatores que iriam determinar o aparecimento
das Constituições e infundir-lhes as características fundamentais. Sob influência do
jusnaturalismo, amplamente difundido pela obra dos contratualistas, afirma-se a
superioridade do indivíduo, dotado de direitos naturais inalienáveis que deveriam
receber a proteção do Estado. A par disso, desenvolve-se a luta contra o absolutismo
dos monarcas, ganhando grande força os movimentos que preconizavam a limitação
dos poderes dos governantes Por último, ocorre ainda a influência considerável do
Iluminismo, que levaria ao extremo a crença na Razão, refletindo-se nas relações
políticas através da exigência de uma racionalização do poder”.
“Se essa Carta, por um lado, não se preocupa com os direitos do Homem, mas sim com
os direitos dos ingleses, decorrentes da imemorial law of the land, por outro, ela
consiste na enumeração de prerrogativas garantidas a todos os súditos da monarquia.
Tal reconhecimento de direitos importa numa clara limitação do poder, inclusive com a
definição de garantias específicas em caso de violação dos mesmos”.
E continua:
1°) Não tinha o respeito de seus súditos, devido à maneira pela qual tomou o poder após
a morte de Ricardo I da Inglaterra. João mandou aprisionar e liquidar Artur I - duque da
Bretanha, que era seu sobrinho e co-pretendente ao trono, causando a rebelião da
Normandia e da Bretanha contra o Rei inglês.
2°) Fracassou na tentativa de reconquistar os territórios ingleses tomados por Filipe
Augusto da França, perda ocorrida em 1214 na batalha de Bouvines. Curiosidade: Não
foi por este motivo que João é chamado de “Sem Terra” – “Lackland”, mas porque era
o filho mais novo e, sendo assim, não tinha recebido terras como herança, ao contrário
de seus irmãos mais velhos.
3°) Envolveu-se numa controvérsia com a igreja católica romana por causa da indicação
do arcebispo de Canterbury (da Cantuária). Ele negou-se a acolher a indicação feita pelo
Papa para a posição e, por isso, a Inglaterra foi colocada sob sentença de interdição até
que João se submetesse à imposição da Igreja, em 1213. Curiosidade: Nessa época
(idade média) a igreja católica romana era tão forte quanto à monarquia, senão mais
forte, pois a religiosidade e a influência dos padres, bispos e principalmente do papa
era muito intensa.
Para o Rei João, a cláusula mais importante era a 61ª, conhecida como "cláusula de
segurança", pois estabelecia um comitê de 25 barões com poderes para reformar
qualquer decisão real, até mesmo com o uso da força se fosse necessário.
Essa “importância” devia-se ao fato de João não pretender honrar o documento, uma
vez que foi selado sob coerção dos barões, além disso, a mencionada cláusula, anulava
praticamente todas as suas prerrogativas como monarca. Por isso, o rei repudiou
a Magna Charta Libertatum assim que os barões saíram de Londres, dando início a uma
intensa guerra civil na Inglaterra.
Em 1272, com a morte Henrique, a Magna Charta já havia sido incorporada ao direito
inglês, tornando a tarefa de um futuro soberano tentar anulá-la mais complicada. O
Parlamento de Eduardo I, sucessor e filho de Henrique, publicou novamente em 12 de
outubro de 1297 o documento uma última vez, como parte de um preceito versado
como confirmatio cartarum, ratificando a curta versão de 1225.
2.3. Os termos da Magna Charta Libertatum de 1215
São os termos:
Portanto, a vontade do Rei não era mais absoluta, pois os indivíduos deveriam ser
julgados nos ditames da lei. O artigo 40 dispõe:
Da carta de 1297, de Eduardo I, ainda estão agregados ao direito inglês alguns artigos e
fragmentos da introdução.
Conclusão
A crítica que se faz sobre a Magna Charta Libertatum é o fato de ela ter representado
muito mais um conjunto de garantias e privilégios à nobreza, do que uma declaração
dos Direitos Humanos Fundamentais. Apesar de procedente a crítica, o fato é que
essa Charta foi o primeiro instrumento institucional limitador do próprio poder estatal,
ainda confundido com o poder real – do monarca.
Ressalta-se, porém, que a Magna Charta Libertatum, assinada inicialmente pelo Rei
João da Inglaterra, foi um importante instrumento para a consolidação das idéias de
dignidade, liberdade e igualdade, mesmo contemplando apenas à nobreza inglesa.
Graças a ela também houve uma flexibilização do rigor do Estado em benefício do
reconhecimento dos Direitos Humanos Fundamentais. Fábio Konder Comparato
menciona:
Bibliografia