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Amália João Bila

Desenvolvimento Comunitário

Licenciatura em Ensino de Geografia com habilitação em turismo

Universidade Licungo
Beira
2020
Amália João Bila

Desenvolvimento Comunitário

Este trabalho será entregue e


apresentado ao Departamento de
Geociência para ser apresentado na
cadeira de Desenvolvimento
Comunitário, para fins avaliativos
sobre a orientação do Prof Doutor:
Raimundo Alberto Mulhaisse

Universidade Licungo
Beira
2020
Índice
Capitulo I: Introdução ................................................................................................................. 4

Capitulo II: Fundamentação Teórica .......................................................................................... 5

2.1.Conceitos Básicos ................................................................................................................. 5

Desenvolvimento Comunitário ................................................................................................... 5

Desenvolvimento comunitário em Moçambique ........................................................................ 6

Perspectiva histórica da descentralização em Moçambique ....................................................... 6

Os níveis locais de desconcentração do Estado .......................................................................... 8

Meios de subsistência ao nível de indivíduos e de famílias ..................................................... 12

A rentabilidade e a competitividade dos negócios ................................................................... 13

Tipos de Desenvolvimento Comunitário .................................................................................. 15

Capitulo III: Conclusão ............................................................................................................ 18

3.1.Referencias Bibliográficas .................................................................................................. 19


Capitulo I: Introdução
O seguinte trabalho, cujo tema: desenvolvimento comunitário em Moçambique surge no
âmbito da cadeira de desenvolvimento comunitário leccionada na Universidade-Licungo,
Delegação da Beira no Departamento de geociência. No decorrer da realização do trabalho
abordar-se-á assuntos relacionados com o desenvolvimento comunitário em Moçambique. É
um tema relevante na medida em que o desenvolvimento comunitário tem em vista
fundamentalmente tornar as localidades zonas economicamente sustentáveis e que conduzam
ao bem-estar das comunidades, bem-estar económico, social, ambiental e cultural. É um
processo em que diferentes elementos da comunidade se aproximam, e levam a cabo acções
colectivas e geram soluções para problemas comuns. O trabalho irá seguir a seguinte estrutura
básica: na primeira parte falaremos dos objectivos do trabalho, na segunda parte
apresentaremos alguns conceitos, na terceira parte o desenvolvimento na quarta e última parte
a conclusão.
1.1.Objectivos
1.1.1.Geral
 Compreender o desenvolvimento comunitário em Moçambique.
1.1.2.Específicos
 Definir o conceito de desenvolvimento comunitário;
 Indicar os desafios actuais de desenvolvimento comunitário em Moçambique;
 Identificar as descentralizações de desenvolvimento comunitário em Moçambique.
1.2.Metodologia
Para a realização do presente trabalho recorreu-se as consultas bibliográficas e Internet.
Capitulo II: Fundamentação Teórica

2.1.Conceitos Básicos
Comunidade
Na literatura do desenvolvimento comunitário o conceito de comunidade é ambíguo, muito
pela quantidade de definições utilizadas para a definir. É frequente ouvirmos ou lermos o
termo aplicado para designar pequenos agregados rurais (aldeias, freguesias) ou urbanos
(quarteirões, bairros),mas também a grupos profissionais (comunidade médica, comunidade
cientifica), a organizações (comunidade escolar), ou a sistemas mais complexos como países
(comunidade nacional), ou mesmo o mundo visto como um todo (comunidade internacional
ou mundial).
Segundo o dicionário inglês Random House (In Vidal, A., 1988), “community” é definida da
seguinte forma: “Grupo social de qualquer tamanho cujos membros residem numa localidade
específica, partilham o mesmo governo e tem uma herança e história comuns.”
Segundo Marshall Gordon (1994), o fenómeno comunitário integra um conjunto de ideias
associadas ao conceito de comunidade:
 Alto grau de intimidade pessoal;
 Relações sociais afectivamente alicerçadas;
 Compromisso moral;
 Coesão Social;
 Continuidade no tempo.

Desenvolvimento Comunitário
É um movimento dirigido à promoção de melhores níveis de vida para a comunidade, com a
participação activa e, se for possível, com a iniciativa da dita comunidade; mas esta iniciativa
deve ser espontânea, promovida pelo uso de técnicas, para aumentá-la, com a finalidade de
assegurar a resposta activa e entusiasta ao movimento. Inclui todas as formas de
melhoramento. Envolve também o conceito de actividades de desenvolvimento no distrito,
levadas a cabo pelo governo ou por entidades não – oficiais.
O desenvolvimento da comunidade abarca todos os aspectos da actividade do Governo neste
campo, o melhoramento da agricultura, a eliminação da erosão social, a promoção de
cooperação e melhor sistema de mercados, desenvolvimento da florestação, educação, centros
de saúde e actividades comunais… "Na realidade não é mais que uma concepção moderna de
administração”.
Desenvolvimento comunitário em Moçambique
Descentralização de desenvolvimento comunitário em Moçambique
A descentralização pode ser entendida como um processo planificado que tem por objectivo,
produzir mudanças na geografia e na sociologia de um dado poder central, a favor de "níveis
de poder" mais baixos da administração do Estado, sem pôr em causa as forças políticas que a
constituem e que controlam a distribuição da riqueza, dos recurso e do tal poder (Weimer,
2012:2-3).
Entretanto, entende-se assim que esta perspectiva implica uma análise política e económica,
na qual se estabelecem não somente as forças e os agentes, mas também os conflitos de
interesses. Nestes termos, aprofundar as dimensões da descentralização remete-nos á uma
reflexão sobre a relação entre o objecto a descentralizar, os actores envolvidos, o espaço-
tempo e as várias agendas que entram em cena nos contextos políticos e sociais específicos.
Isto é, como anteriormente referido, o processo de descentralização não somente é
influenciado e condicionado por factores internos, mas também por toda uma conjuntura
política e ideológica vigente, que desempenha um papel fundamental na estruturação das
reformas políticas dos Estados.

Perspectiva histórica da descentralização em Moçambique


Moçambique localiza-se geograficamente na costa oriental de África. Divide a sua fronteira
norte com a República da Tanzânia; a noroeste com o Malawi e Zâmbia; a oeste, com o
Zimbabwe; a leste é banhado pelo oceano índico e ao sudoeste com a Suazilândia e África do
Sul. Entretanto, devido a sua localização e relação política na região, integra dentre várias
organizações regionais, a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC).
A tentativa de compreender as dinâmicas sociopolíticas de Moçambique contemporâneo,
remete-nos para uma avaliação das complexidades conjunturais e das rupturas e continuidades
do Estado colonial e do pós-colonial (Meneses, 2009:12) - visto que é a partir dessa avaliação
que se torna possível a compreensão das relações entre o "tradicional" e o "moderno", entre o
"passado", o "presente" e o "futuro" no mosaico de conhecimentos do sistema de
administração pública em Moçambique. Pois, a autoridade colonial e imperial portuguesa em
Moçambique baseada em relações de poder desigual assimétricas às várias fontes de poder
tradicionais presentes, primou pela reprodução de dinâmicas de expropriações e apropriações
de práticas e discursos que, actualmente influenciam a administração pós-colonial.
É partindo desta tensão dicotómica entre o "tradicional" e o "moderno" que se pode entender
o hibridismo político-jurídico inscrito no imaginário social e político, o qual revela o grau de
interferência autoritária colonial nas culturas políticas tradicionais da época colonial (Santos e
Meneses, 2006; Meneses e Santos, 2008) e mais tarde, pela influência das diferentes correntes
ideológicas (socialismo e neoliberalismo) que atravessam o mosaico da actuação do Estado
como formas de regulação social (Meneses, 2009:13).
Assim, o complexo encontro entre os aspectos sociais, culturais, políticos e epistemológicos
dentro do sistema local de regulação social, fruto das várias práticas sociais que se
entrelaçam, é embebido de distorções que tendem a relegar para a mediocridade e ao não
reconhecimento daqueles discursos, práticas e conhecimentos que não se inscrevem no
cânone da gramática política dominante.
Refiro-me concretamente, àquelas que não vão de encontro ao projecto político modernizador
do Estado – com as consequências e conflitos daí resultantes reproduzindo, assim, as "práticas
do colonialismo" que impôs às epistemologias locais, um “recolher obrigatório” assumindo
assim a burocracia e a ciência modernas como os únicos veículos organizacionais e
explicativos do mundo (Meneses, 2007).
Contudo, entende-se que é nesta matriz que se inscreve o projecto de descentralização política
e administrativa do Estado contemporâneo em Moçambique, como um produto da
convergência de processos da democratização moderna e as dinâmicas constitutivas dos
complexos sistemas jurídicos e políticos locais que se imbricam e geram novas formas de
Estado plural, ou "Estado Heterogéneo" de Boaventura de Sousa Santos.
Se, no plano global, o esgotamento do fordismo, o desmoronamento dos edifícios decisórios e
a sobreposição das práticas de governação, levou a transformações sociais e políticas, em
Moçambique esses fluxos de matriz global tiveram nos factores internos os seus principais
catalisadores, conferindo-lhes uma dinâmica própria e abrindo assim espaços para um novo
constitucionalismo híbrido.
Portanto, falar da descentralização em Moçambique a partir de uma abordagem histórica sem
analisar o papal dos atores internacionais, constitui igualmente uma visão unipolar que
certamente deixará um campo de penumbra bastante acentuado. Quando me refiro a atores
internacionais, neste caso, pretendo registar o papel dos “programas de ajustamento
estrutural”10 do Fundo Monetário Internacional e Banco Mundial.
Entretanto, se retomarmos o fio à meada (descentralização) para apurar o impacto
(económico, social e político) das políticas do Fundo Monetário Internacional e do Banco
Mundial aplicadas em vários países, particularmente em Moçambique - que tinham como
objectivo a redução do peso da dívida externa dos países altamente endividados por causa da
desestruturação económica mundial (crise do petróleo, aumento da taxa de juros e queda dos
preços das matérias-primas nos mercados internacionais), o que levou a busca pelos mercados
financeiros mundiais para saldar o serviço da dívida (Fernandes, 2009:111-112) -,
constatamos que os efeitos de tais medidas se fazem sentir até aos dias que correm. Importa
aqui salientar que as políticas de ajustamento estrutural implementadas em tais países, que até
então se erguiam dos efeitos da guerra de libertação colonial e almejavam a garantia de
harmonia social, enfrentaram situações de suicídio político (Thompson, 2004:188), na medida
em que abdicaram do sonho de construção de uma nação autónoma, independente, soberana, e
coesa onde os Estados desempenhariam um papel fundamental na organização
socioeconómica e política dos seus povos.
Num contexto em que o Estado tinha a responsabilidade primária de garantir o bem-estar
social, em Moçambique, a magnitude da devastação social de tais políticas foi suficiente para
a alienação da legitimidade do Estado às ONGs - que cumpriam a missão da disponibilização
de assistência social (Brito, 2003:179).

Os níveis locais de desconcentração do Estado


a)Contextualização
Moçambique é um país africano com desafios acrescidos na rota do desenvolvimento e do
bem-estar, uma vez que o acesso à alimentação básica constitui um factor de exclusão e por
via disso, um foco iminente de conflitos sociais e até políticos. Pouco antes do término da
guerra civil 1 que durou cerca de 16 anos, o país introduziu uma nova constituição que levaria
ao abandono do sistema centralizado da economia e de partido único, para uma economia de
mercado e aceitação do multipartidarismo. Este cenário marcou a entrada das Instituições da
Breton Woods (o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional) mas também,
Moçambique tornou-se num país atraente para os investimentos externos mercê das suas
políticas de facilitação e incentivo à criação de unidades fabris nas mais variadas áreas
aproveitando as potencialidades de que o país dispõe (Júnior, 2004).
A localização estratégica de Moçambique permite que sirva de ponto de partida e de chegada
para as transacções comerciais de todos os países vizinhos que não têm acesso directo com o
mar, usando por assim dizer, os principais portos moçambicanos nomeadamente Nacala no
extremo norte, Beira na zona centro e Maputo na parte sul.
O relevo moçambicano é marcado pela presença de zonas planas baixas nas regiões costeiras,
registando-se um aumento de altitude à medida que se penetra para o interior e norte do país.
A altitude média é de 370 metros. Há uma clara distinção entre a região a sul do Rio Save,
que tem uma altitude média de apenas 120 metros com a região a norte do Rio Save que
possui uma altitude média de 435 metros. As zonas de maior altitude (Zona montanhosa de
Manica, Alta Zambézia, Planaltos de Angónia, Marávia e Lichinga) são também zonas de
maiores precipitações (MICOA, 2007 citando dados do INAM).
A maior parte do território moçambicano localiza-se na zona intertropical, o que lhe confere
um clima do tipo tropical com quatro variações: tropical húmido, tropical seca, tropical semi-
árido e clima modificado pela altitude. O clima tropical húmido é o predominante,
caracterizado por duas estações, nomeadamente a fresca e seca que se estende de Abril a
Setembro e a quente e húmida entre Outubro e Março. As chuvas são mais intensas no
período entre Dezembro e Fevereiro registando uma precipitação média que varia de valores
inferiores a 400mm, por exemplo no deserto de Pafuri, na Província de Gaza, até valores de
2000mm, em Tacuane na Província da Zambézia (INGC, 2003; INE, 2008).
b) Localidade
Segundo o actual quadro administrativo legal em Moçambique, entende-se por localidade, “a
unidade territorial base da organização da administração local do Estado na qual se
estabelecem os primeiros contactos dos Órgãos Locais do Estado com as comunidades locais
e as respectivas autoridades” (Lei dos órgãos locais do Estado).
Entretanto, as atuais localidades, maioritariamente criadas nos anos de 1974, período de
transição para a independência, no qual se estabelece constitucionalmente a independência e a
unidade administrativa de Moçambique, organizada em províncias, distritos e localidades
(CR, 1975; Decreto-lei n˚ 6/75, de 18 de Janeiro), constituíram o ponto de encontro e controle
social através das células do Partido-Estado (Frelimo), os chamados: grupos dinamizadores
das localidades (Chichava, 1999).
Sendo assim, as localidades constituídas nos anos de 1979 e 1980, para além da carga
constitutiva legal, acabam por se assumir como sendo frutos das células do Partido Frelimo
para manter a hegemonia partidária na escala local.
Pois, atendendo que mais da metade da população Moçambicana vive em zonas rurais e
constitui uma fracção significativa para a sobrevivência e manutenção do poder burocrático.
Logo, a colaboração dos chefes das localidades para a (ré) aproximação do partido-Estado
tornam-se inevitáveis, tendo em vista a manutenção e fidelização do eleitorado.
c) Posto Administrativo
Desde o primeiro projecto de construção do Estado pós-colonial, o posto administrativo
sempre representou a unidade territorial imediatamente inferior ao distrito. O posto
administrativo constitui o veículo de transporte de orientações do distrito para as localidades
tendo em vista a garantia da aproximação efectiva dos serviços da administração do Estado
para as populações e assegurar maior participação destes na realização dos interesses locais.
Para tal, o território do posto administrativo corresponde ao total da área ocupada pelas
respectivas localidades que se encontram no seu ordenamento, podendo em certos caso
abranger das áreas das autarquias locais compreendidas no respectivo território. O que acaba
por conflituar com outros poderes locam - neste caso com o poder autárquico.
Neste caso, o posto administrativo representado pelo chefe do posto, que normalmente é
auxiliado por 2 ou 3 funcionários públicos que asseguram a ligação entre as autoridades
administrativas do Estado e as comunidades locais através da organização e implementação
de orientações do governo distrital.
d) Distrito
Na divisão administrativa de Moçambique, o Estado concebe o país em 11 províncias e 128
distritos, que neste caso, são as unidades territoriais imediatamente inferiores a província.
Integra no seu espaço territorial, os povoados, localidades e postos administrativos.
O distrito como unidade sociopolítica congrega o administrador distrital (representante da
autoridade central do Estado no respectivo território) e o governo distrital (que se subdivide
em serviços e representa os ministérios). Isto é, a administração distrital replica ao nível do
distrito o mapa funcional do governo provincial do qual se subordinam (Faria e Chichava,
1999). Entretanto, no âmbito da desconcentração e descentralização, o distrito é definido
como o centro de planificação inclusiva através da promoção da participação das
comunidades e das autoridades comunitárias no desenvolvimento socioeconómico e cultural
do respectivo território.
Com papéis bastante claros, e orientados para o desenvolvimento local, compete a esta
unidade territorial realizar o programa do Governo, o Plano Económico e Social e o
Orçamento do Estado através do acompanhamento, verificação e decisões sobre aspectos de
decisões do governo.
À semelhança do que acontece nos postos administrativos em relação à participação e
prestação de contas, a Lei dos Órgãos Locais do Estado é pouco clara na prestação vertical de
contas, incidindo mais na prestação horizontal de contas.
A tentativa de descentralização do Estado Moçambicano A descentralização constitui um dos
princípios-chave da organização da administração pública em Moçambique. Neste âmbito o
Estado implanta as autarquias locais ou poder local à luz do n˚1 do art.135 da Constituição da
República, para responder aos interesses das respectivas populações.
Nestes termos, concebe um pacote legislativo que regula a implantação e funcionamento dos
tais poderes. Assim, a Constituição da República de Moçambique consagra no Título XIV o
Poder Local o qual compreende as Autarquias locais. As autarquias são, segundo o n˚ 2 do art.
272 da Constituição da República, “pessoas colectivas públicas dotadas de órgãos
representativos próprios que visam a prossecução dos interesses das populações das
respectivas zonas de jurisdição”. Como se pode constatar, está aqui patente por um lado a
figura de uma entidade munida de poderes e legitimidade para actuar em ‘defesa’ das
comunidades locais e por outro lado as comunidades que devem interagir no processo de
gestão dos interesses comuns.
E para tal, as autarquias compreendem um órgão deliberativo (Assembleia Municipal) e outro
executivo (Conselho Municipal) dirigido por um presidente (Presidente do Conselho
Municipal). Neste âmbito, a assembleia municipal e o presidente do conselho municipal são
eleitos por sufrágio universal, secreto e directo dos cidadãos eleitores residentes na
circunscrição municipal.
Conselho Municipal, constitui o órgão executivo colegial do município responsável pela
operacionalização do plano económico e social através da interacção com os cidadãos. No
âmbito da descentralização, compete ao Conselho Municipal garantir o fornecimento dos
serviços públicos à população respectiva.
Nestes termos, a participação das comunidades nesse processo é condicionada à representação
destas por via da Assembleia Municipal, e outros mecanismos de participação tais como o
orçamento participativo, a presidência aberta, e algumas visitas extraordinárias dos membros
do Conselho Municipal às comunidades locais.
Bem-estar, Conhecimento e Cultura em Relação ao Ambiente em Moçambique
A noção de bem-estar faz referência ao conjunto daquelas coisas que são necessárias para
viver bem. Dinheiro para satisfazer as necessidades materiais, saúde, tempo para o lazer e
relações afectivas harmoniosas, são algumas das questões que constituem o bem-estar das
pessoas.
Galinha e Ribeiro (2005), referem que o termo bem-estar esteve, inicialmente, associado aos
estudos da economia e tinha outro significado, o de bem-estar material (welfare).
Tradicionalmente, os economistas identificavam o bem-estar com o rendimento.
Era necessário proceder-se a uma distinção operacional entre o bem-estar material e o bem-
estar. O material seria a avaliação feita pelo indivíduo ao seu rendimento ou, de modo mais
geral, à contribuição bem-estar dos bens e serviços que o dinheiro pode comprar para o seu
bem-estar. Para além dos recursos materiais, outros aspectos determinam o nosso bem-estar
ou a nossa qualidade de vida – a nossa saúde, as relações, a satisfação com o trabalho, a
liberdade política, entre outros. Com a emergência do conceito de bem-estar, como o
conhecemos hoje, foi necessário proceder a uma distinção operacional e terminológica entre o
bem-estar material e o bem-estar global (Van Praag e Frijters, 1999 citados por Galinha e
Ribeiro, 2005). Este (o bem-estar global), identifica-se como um dos momentos críticos na
evolução do conceito de bem-estar, na sua breve história de aproximadamente quatro décadas
e, por volta dos anos 60, o conceito transcendeu a dimensão de bem-estar económico e
assumiu uma dimensão global, de bem-estar na vida como um todo, valorizando outras
dimensões da vida dos indivíduos como defende Novo (2003) referido por Galinha e Ribeiro
(2005).
Tendo em conta que o conceito de bem é subjectivo, o bem-estar representa diferentes coisas
dependendo do sujeito em questão. Algumas pessoas podem dar maior importância ao factor
económico, enquanto outras já associam mais o bem-estar ao espiritual. Normalmente, pode
se associar o primeiro muito relacionado com os países em via de desenvolvimento onde a
pobreza desafia tudo e a todos.

.1. Meios de subsistência ao nível de indivíduos e de famílias


Para começar, os meios de subsistência ao nível de indivíduos e de famílias levaram o
governo a preconizar, para o país, uma redução em 50%, até 2010, da pobreza absoluta e a
melhoria das condições de vida através de medidas para melhorar as capacidades e as
oportunidades para todos, para que estes, contribuam no desenvolvimento auto-sustentado do
país. Para tal, seriam adoptadas as estratégias que são arroladas:
 Promover acções e programas que contribuam para a redução dos níveis de pobreza e
harmonizem o crescimento demográfico com o económico, protegendo o ambiente;
 Reconhecer a directa e tradicional dependência em relação aos recursos renováveis e
dos ecossistemas, incluindo a sustentabilidade das colheitas as quais continuam a ser a
base cultural, económica e material, para o bem-estar das populações locais e suas
comunidades;
 Encorajar e promover o desenvolvimento social e económico, através de um quadro de
programas que suportem iniciativas nacionais, com vista a acelerar as mudanças para
se alcançar uma produção e consumo sustentáveis, com base na capacidade de carga
dos ecossistemas, procurando manter simultaneamente um crescimento económico
desejado e a integridade ambiental, através do melhoramento da eficiência e uso de
processos de produção orientados para a redução da degradação, poluição e
desperdício de recursos;
 Identificar actividades, instrumentos, políticas, medidas específicas e mecanismos de
monitoria e avaliação dos programas e projectos de desenvolvimento incluindo,
quando necessário, a sua duração e os indicadores de progresso;
 Encorajar o sector industrial para melhorar o desempenho social e ambiental, através
de iniciativas voluntárias que incluam a gestão dos ecossistemas, códigos de conduta,
certificação ambiental, consultas e relatórios públicos em matérias ambientais e
sociais, tendo em conta iniciativas como as da “Organização Internacional da
Padronização” e da “Global Reporting Initiave”;
 Expandir o acesso da população às fontes energéticas, reduzindo o impacto ambiental
do uso de fontes não renováveis.

A rentabilidade e a competitividade dos negócios


Nesta vertente, Moçambique precisa de uma reconstrução do tecido socioeconómico nacional,
com vista a erradicação progressiva da pobreza absoluta e a melhoria da qualidade de vida dos
moçambicanos e atingir um desenvolvimento económico e regional mais equitativo e
sustentável. A par dos outros esforços há que apostar em:
Transferir conhecimentos e técnicas básicas da agricultura sustentável, incluindo medidas
para a gestão dos recursos naturais para os pequenos e médios agricultores, visando o
incremento de uma agricultura produtiva e segurança alimentar;
Desenvolver e implementar programas de gestão integrada de terras e do uso da água que
sejam baseados num uso sustentável de recursos renováveis e numa avaliação socioeconómica
integrada de potências ambientais, fortalecendo a capacidade do governo, autoridades locais e
comunitárias, para monitorar e gerir a quantidade e qualidade da terra e dos recursos
aquíferos;
Providenciar assistência e mobilizar recursos para incrementar a produtividade e
competitividade industriais, assim como o desenvolvimento industrial, incluindo a
transferência de tecnologias ambientalmente aceites;
Providenciar apoio na gestão da exploração dos recursos naturais para a geração de
rendimentos, para a população vivendo abaixo dos níveis de pobreza;
Introduzir a noção de custos ambientais e a responsabilização sobre os danos ambientais
resultantes das actividades nocivas, sem distorcer ou desencorajar os interesses dos negócios e
de investimentos por nacionais e estrangeiros;
Promover programas para uma boa, efectiva e eficiente gestão ambiental dos processos de
fertilização de solos e controlo de pragas;
Desincentivar o negócio e actividades de desenvolvimento (ou componentes) passíveis de
causar danos ambientais significativos.
O enquadramento e a estabilidade dos investimentos em bens e serviços sociais na
economia
A longo prazo, o país aspira criar progressivamente um clima mais favorável à promoção e
atracção de investimentos estrangeiros visando facilitar a entrada dos capitais necessários às
actividades de apoio ao desenvolvimento social recorrendo a:
Melhoria do acesso às fontes alternativas de energia económica e socialmente viáveis e
ambientalmente sustentáveis, tomando em consideração as especificidades e circunstâncias
nacionais, através da electrificação rural, sistemas de energia descentralizados, incremento do
uso de combustíveis gasosos e líquidos, limpos e renováveis, reforçando a eficiência
energética;
Melhoramento e promoção do acesso a tecnologias modernas de uso da biomassa e das fontes
de combustível lenhoso, sua distribuição e comercialização, incluindo o uso de resíduos
agrícolas, sobretudo nas zonas rurais e onde esta prática seja sustentável;
Apoio ao processo de transição do uso de combustíveis fósseis líquidos e gasosos limpos,
onde forem considerados ambientalmente viáveis, socialmente aceitáveis e rentáveis;
Assistência e facilitação acelerada, da participação em parcerias do sector privado e público,
bem como o acesso das pessoas vivendo em situação de pobreza aos serviços de energia
fiáveis, economicamente viáveis e ambientalmente e socialmente aceitáveis, visando o
melhoramento dos padrões de vida e o alívio à pobreza.
No que tange ao conhecimento e cultura moçambicanos na sua relação com questões
ambientais, a médio trecho, o país necessita de uma população com conhecimentos,
informação e cultura suficientes para ajudar a enfrentar os cada vez mais crescentes e
complexos problemas do ambiente e do desenvolvimento.
Tipos de Desenvolvimento Comunitário
Para Francisco (2010), o facto de o DC ser fundamentalmente uma prática, pode ser bastante
frustrante tentar colocá-lo em acção com objectividade sem que se tenha uma visão desta
problemática e um juízo de concepção sobre o instrumental a ser utilizado para cada
realidade. Por isso esta concepção, é com a qual nos identificámos essencialmente por dar
enfoque ao DC como um instrumento múltiplo de processos:
Como processo dirigido de intervenção externa nas comunidades em função de um melhor
nível de vida;
Como processo dirigido em função da conjugação de esforços entre povos e governos;
Como processo metodológico de autonomização dos segmentos da população e de
materialização dos interesses e preocupações da comunidade.
Como processo dirigido de intervenção externa nas comunidades em função de um
melhor nível de vida
O estágio de subdesenvolvimento prevalecente em muitos países do mundo, levou a que
várias organizações internacionais prestassem ajuda e assistência técnica a essas nações a
partir da década de 1950. Para operacionalizar essa ajuda, a comunidade foi tomada como
uma unidade crucial de trabalho e a base necessária para viabilizar as acções dos programas a
ser implementados.
Assim, a introdução de novas técnicas, valores e costumes em muitas vezes, tornava-se uma
directriz importante dos programas. Por isso, considerando essa directriz, a cultura das
pessoas passava a ser objecto de muitos estudos e porfias, chegando-se à conclusão de que o
respeito à cultura local, era um requisito que poderia levar ao sucesso. Contudo,
equivocamente também se obtinham conclusões que remetiam à crença de que a cultura
tradicional emperrava com o progresso e desenvolvimento.
Foi entre estes debates algo antagónicos que o DC passou a ser entendido como: “um
processo técnico de acção dirigida que, partindo do reconhecimento da cultura local, tenta
introduzir mudanças como uma condição facilitadora e necessária rumo ao desenvolvimento e
progresso”.
No nosso entender, as discussões havidas sobre o contexto próprio de DC nesta perspectiva,
pecaram por não haver equacionado os problemas estruturais da sociedade tendo levado à
ocorrência do mesmo processo de dependência antes vigente nessas sociedades dos países em
vias de desenvolvimento. Souza (1999), quase que legitima este ponto de vista ao afirmar que
a visão parcial empírica através da qual a realidade social era retratada, abriu espaço a novos e
complexos mecanismos de dominação, levando a que a proposta do DC, tendesse a contribuir
mais para um projecto de dominação do que para um projecto de libertação dos segmentos das
populações mais necessitadas e vulneráveis.
Como processo de conjugação de esforços entre o povo e o governo
As preocupações com o desenvolvimento social levaram a ONU a aprimorar e empregar a
expressão “desenvolvimento de comunidade” para designar determinados processos dirigidos
de trabalhos comunitários, isto a partir das várias experiências já existentes. Foi assim que
após estudos com trabalhos e experiências de índole de DC, em 1956 apresenta-se uma
definição que foi aceite internacionalmente principalmente, pelo apoio que a própria ONU
dava a programas e experiências de DC.
Seguindo essa definição: “desenvolvimento de comunidade – é o processo pelo qual os
esforços do próprio povo se unem com as autoridades governamentais tendo como fito,
melhorar as condições económicas, sociais e culturais das comunidades, integrar estas
comunidades na vida nacional e capacitá-las de forma a contribuir plenamente para o
progresso do país” (citação de Souza, 1999).
Um dos grandes loiros desta perspectiva é o facto de considerar a comunidade como sendo a
unidade básica de desenvolvimento tendo como pressuposto, a capacidade de
aperfeiçoamento e autodeterminação do homem pois, essa capacidade acaba por gerar uma
expectativa de mudança da comunidade per si.

Como processo metodológico de autonomização dos segmentos da população e de


materialização dos interesses e preocupações da comunidade
O DC é um processo metodológico de organização social da população comunitária através
do qual esta população consegue ampliar as suas condições de vida individual e colectiva bem
como, pode conseguir controlá-las articulando-se de uma forma crescente para a participação
em níveis mais amplos da sociedade principalmente naqueles atinentes à questões
fundamentais das camadas populares. Sendo um processo metodológico, o DC
supõe acções educativas explicitadas teoricamente com base na prática, mas demanda também
princípios de acção norteadores da prática em conformidade com os objectivos a atingir.
Na minha opinião, é importante indicar que não se deve confundir o DC como sendo um
processo de acções espontâneas, pelo contrário, ele pressupõe uma explicitação conceptual e
metodológica dos elementos intrínsecos à sua prática. Aqui o DC, funda-se nos interesses e
preocupações da população comunitária sendo por isso, um processo de apoio e de
estimulação das acções comunitárias que exige certo grau de elaboração técnica e científica.
Agricultura como um instrumento de desenvolvimento comunitário na sua relação com
o ambiente
Compreender e procurar caracterizar a agricultura no contexto moçambicano no ponto de
vista de DC, é demandar um significado aos múltiplos processos e objectivos ancorados tanto
num, quanto noutro conceito. Tanto pelo discurso oficial das elites de governação, bem como
pelos resultados das pesquisas que têm vindo a ser feitas a todos níveis sobre o país,
arriscamo-nos a dizer que a agricultura pode ser um meio de realizar o DC em Moçambique.
A agricultura consiste num tipo de actividade desenvolvida pelo Homem da qual relaciona
com a Terra de uma forma metódica e sistemática, tendo como objectivo a produção de
alimentos. É comum a inclusão da actividade pecuária. Portanto, a agricultura é uma forma de
artificialização do meio natural e que vai desde a preparação do solo e sementeira, até à
colheita e armazenamento, passando pela conservação e irrigação das culturas, combate a
pragas e a diversos outros tipos de condicionalismos naturais e ainda, as actividades de
melhoria das espécies vegetais e animais. Estas actividades podem ser desenvolvidas da forma
mais tradicional, com recurso ao trabalho predominantemente manual e auxílio da tracção
animal, ou de uma forma mais moderna, com um elevado grau de mecanização e recorrendo a
tecnologias avançadas (Nhanombe, 2008: citando Otani, 2001).
Quando se olha para o comportamento ao longo dos tempos, pode se afirmar que o sector
agro-pecuário em Moçambique tem vindo a crescer de forma assinalável, com maior realce no
primeiro decénio do século XXI. Este crescimento é estimado em 24 por cento nos anos de
2008 e 2009, em parte devido a importância que o governo e seus parceiros têm estado a
depositar neste ramo que constitui a espinha dorsal da economia nacional.
Dados do INE (2010) referem neste propósito, que o censo agro-pecuário de 2009/2010
apurou a existência no país de 3.8 milhões de explorações agrícolas, o que representa cerca de
75,1% dos agregados familiares existentes em todo o país. As 3.8 milhões de famílias
perfazem o equivalente a 75% da população moçambicana cujo rendimento está baseado na
agricultura. Das explorações agrícolas, 27,4% são chefiadas por mulheres22. Do universo das
exportações agrícolas, 99,9% são pequenas e médias. A população agrícola, segundo a
constatação do censo, trabalha uma área de apenas 5.6 milhões de hectares, o que corresponde
a 15.6% dos 36 milhões de hectares de terra arável do país.
Capitulo III: Conclusão

Findo do trabalho conclui-se que, o desenvolvimento só é possível, desde que os elementos


dessa sociedade desejam, queiram e possam alterar a sua forma de viver. Antes de
modernizar, é preciso convencer, visto que a transformação social resulta principalmente do
que as pessoas fazem e daquilo em que acreditam. É pois um erro ignorar sistematicamente a
realidade social que condiciona o querer da pessoa, dai resulta que em qualquer programa de
desenvolvimento autêntico, o homem tem de ser o seu fundamento, o seu agente e o seu
objectivo, os benefícios primários do Desenvolvimento Comunitário residem na melhoria
substancial da qualidade de vida dos membros da comunidade.
3.1.Referencias Bibliográficas
FERNANDES, T. M. ,O Poder Local em Moçambique: Descentralização, pluralismo jurídico
e legitimação, Porto: Afrontamento. 2009.
PEREIRA, J. (2012), “A descentralização ajuda a reduzir a pobreza política em
Moçambique?”, in Brito, Luis et al (2012), Desafios para Moçambique. Maputo: IESE. 2012.
JOSSEFA . Manuel J. Desenvolvimento Comunitário e Gestão Ambiental: O Caso das
Associações de Produtores Apoiadas pela Associação Mozal para o Desenvolvimento da
Comunidade (AMDC). Universidade Aberta. Lisboa, 2012.
FRANCISCO, A. e MUHURRO, S.: Pauperização Rural em Moçambique na 1ª década do
século XXI, IDEIAS, IESE, Maputo. 2011.
FRANCISCO, A.: Desenvolvimento Comunitário em Moçambique: Contribuição para a sua
Compreensão Crítica. 2ª Edição, Editora BS, Namacurra-Moçambique. 2010.

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