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A pretençã o científica dos novos diagnó sticos, ao contrá rio do que se poderia
pensar, nã o se apoia em novas descobertas ou em trabalhos científicos
confiá veis, mas muitas vezes, em trabalhos encomendados pela indú stria
farmacêutica. É toda a questã o da objetividade da pesquisa biomédica, que nã o
pode ser aplicada indistintamente à s demais especialidades médicas e à
psiquiatria. Quando esta ú ltima se afasta da psicaná lise em busca de uma
validaçã o científica, ela acaba se perdendo em um cientificismo perigoso, no qual
a patologizaçã o do comportamento infantil cria um fardo para as crianças, suas
famílias e a sociedade. É assim que o autismo, entre 1993 e 2004, tem sua
prevalência multiplicada cinco vezes. Nã o há apenas o risco de prescriçõ es
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Cf. MASCARENHAS, C., KATZ, I., SURJUS, L., COUTO, M. C. V. e LUGON, R. “Sobre a
lei 13.438, de 26/04/2017: Riscos e Desafios”.
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AFLALO, A. Autisme: nouveaux spectres, nouveaux marches. Paris, Navarin Le Champ freudien,
2012.
injustificadas, mas também de descaso com a palavra dos pacientes e suas
famílias, por menos que esses pacientes venham a se expressar verbalmente. As
TCC, aliadas do DSM, contestam as psicoses infantis em favor do Transtorno do
Espectro Autista e promovem os métodos de tratamento ABA e TEACCH.
A psicaná lise é uma forma de fazer laço social. Entramos na batalha do autismo,
para defender a presença da psicaná lise no tratamento desses sujeitos, que
podem ter muita dificuldade para entrar no laço com o outro. A prá tica com os
autistas demonstra a importâ ncia, para eles, de fazer laço. Eles o fazem, hoje,
graças a suas famílias, seus educadores, seus terapeutas, e todos os profissionais
que se interessam por suas maneiras bem singulares de estar no mundo. É por
isso que convidamos todos aqueles que trabalham e acreditam na importâ ncia da
presença da psicaná lise na abordagem do autismo, a assinarem conosco este
Manifesto contra a Lei 13.438.
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MAIA, A. M. W. As crianças do um sozinho – a loucura na infâ ncia.