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PIBIC-UFU, CNPq & FAPEMIG

Universidade Federal de Uberlândia


Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação
DIRETORIA DE PESQUISA

ANÁLISE QUALITATIVA DAS CRANIOTOMIAS DESCOMPRESSIVA (CD)


E VÉRTEX-BASAL COM FENESTRAÇÕES DURAIS(CVBFD) EM CASOS
DE HEMATOMA SUBDURAL AGUDO

Laís Palitot de Melo1*


laispmelo@yahoo.com.br
Ricardo Fortes de Miranda2*
rfmirandar@mecanica.ufu.br
Cleudmar Amaral Araújo*
cleudmar@mecanica.ufu.br
Antônio Geraldo Diniz Roquette**
roquette@centershop.com.br
Silvio Sarmento Lessa**
sslessa7@hotmail.com
*Faculdade de Engenharia Mecânica, UFU, Av. João Naves de Ávila, 2121, Bloco 1M, 38400-902 Uberlândia - MG
**Faculdade de Medicina, UFU, Avenida Pará 1720 - Bloco 2U - Bairro Umuarama- 38400-902 Uberlândia - MG

Resumo: O tratamento do Hematoma Subdural Agudo (HSDA) é feito convencionalmente através


da Craniotomia Descompressiva (CD) que se trata, basicamente, de uma abertura ampla da dura-
máter. Contudo, seu índice de recuperação funcional é insatisfatório com taxa de mortalidade de
50% a 90%. A desvantagem da CD está na rápida descompressão intradural em função da
abertura extensa da dura-máter. Essa descompressão leva a uma acentuada extrusão cerebral,
causando laceração e herniação encefálicas. Assim sendo, os resultados da CD, principalmente em
pacientes que apresentam um grande desvio da linha média cerebral, são, em sua maioria,
deletérios, devido aos danos primários e à isquemia do tecido cerebral, determinando um péssimo
prognóstico. Esse procedimento gera, além do hematoma já instalado, isquemia e edemas
secundários severos e estrangulamento do tecido encefálico nos bordos da craniotomia, levando a
uma situação catastrófica para o suporte de vida do paciente, dificultando o fechamento dural, a
recolocação do flap ósseo e as aproximações e suturas dos planos moles. A proposta deste trabalho
é avaliar através de um modelo experimental um procedimento cirúrgico alternativo denominado
Craniotomia Vértex-Basal com Fenestrações Durais (CVBFD) onde, entre outras ações, são feitas
múltiplas e pequenas incisões na dura-máter. O modelo experimental proposto simula um ambiente
de compressão, imitando um procedimento de compressão do cérebro, através de pressão
pneumática. Uma análise qualitativa das taxas de deformação do sistema, utilizando diferentes
procedimentos de abertura é feita utilizando câmeras de vídeo. Observou-se nos modelos estudados
que o processo CVBFD consegue reter as estruturas impedindo uma expansão abrupta, fato
causador geradora de grandes deformações cerebrais e consequentemente possíveis danos. Na
expansão ampla da dura-máter as taxas de deformação crescem proporcionalmente ao nível de
pressão aplicada.

Palavras-chave:Fenestrações Durais, Extrusão Cerebral, Craniotomia Descompressiva

1. INTRODUÇÃO

Os Hematomas Subdurais Agudos ocorrem nos traumatismos cranioencefálicos graves e são


geralmente unilaterais, supratentoriais e se formam por ruptura de veias-ponte superficiais na parte
alta e mediana do cérebro até ao seio sagital superior. A conduta cirúrgica estabelecida e
convencional é a Craniotomia Descompressiva (CD). Trata-se da remoção de um grande retalho

1
Aluna de Iniciação Científica CNPq
2
Orientador
ósseo da calota craniana, abertura ampla da dura-máter, drenagens do sangue liquefeito, coágulos
sanguíneos e lavagem do cérebro com soro fisiológico.

Figura 1 : Imagem mostrando o sangramento devido à ruptura de uma veia superficial cortical.
Fonte: Bart D. et. al. , J. Neurosurg., V 104, June 2006.

Esse procedimento está associado a inchaços, herniações, extrusões e lacerações cerebrais


devido à descompressão súbita e extensa dos conteúdos intradurais. A CD apresenta prognóstico
pós-cirúrgico, no Hematoma Subdural Agudo, de 50 a 90% de mortalidade.
Isso ocorre porque o crânio é rígido/indeformável e a dura-máter inelástica. O cérebro tem
consistência visco-elástica incompressível e submerso em um sistema liquórico que se formata em
uma complexa rede vascular com fluxo pressório sanguíneo constante, ambos submetidos ao
aumento da pressão intracraniana traumática. Sabe-se que quanto maior a área de contato para uma
mesma pressão, maior será a força exercida nessa superfície. Sendo assim, fazendo uma incisão
ampla na dura-máter, a tendência é que o conteúdo intradural saia subitamente, ou seja, de que
ocorra extrusão do hematoma e da massa encefálica, associados à herniações, lacerações
parenquimatosas, rupturas vasculares, já que a força contida intradural é muito grande.
Através de conceitos físicos bem conhecidos pode-se demonstrar a hipótese de que é
possível ocorrer uma descompressão gradual em um gradiente de pressão aplicado no ambiente
confinado e inelástico da dura-máter, através do processo cirúrgico denominado Craniotomia
Vértex-Basal com Fenestrações Durais (CVBFD). Neste caso, são realizadas múltiplas e pequenas
incisões na dura-máter que aumentam a capacidade volumétrica intradural, sem promover extrusão,
inchaço e diminuindo as lesões nas estruturas.
Portanto, ocorrendo uma descompressão gradual, isto é, diminuindo a pressão intracraniana
gradualmente através de várias e pequenas incisões na dura-máter e progressivamente drenando o
hematoma intradural, impede-se uma saída rápida e “explosiva” das estruturas cerebrais.
A CVBFD foi avaliada “in vitro” através de modelos experimentais desenvolvidos em
parceria com Laboratório de Projetos Mecânicos Prof. Henner A.Gomide (LPM) da Faculdade de
Engenharia Mecânica da UFU.

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

A craniotomia descompressiva (CD) é aplicada no tratamento de edemas e hematomas


cerebrais descontrolados oriundos de traumas e outras condições que aumenta a pressão
intracraniana. (Bullock R. et al, 1996; Czosnyra M. et al, 2005). A hipertensão intracraniana (HIC)
é um quadro onde a pressão do Líquido Cefalorraquidiano (LCR) ultrapassa 15 mmHg. Pode
provocar danos neurológicos por si só ou em associação com outras entidades como o edema,
deslocamentos das estruturas encefálicas e com as alterações de fluxo sanguíneo cerebral. A pressão
normal do LCR, medida em decúbito lateral, varia entre 5 a 20 centímetros de água (cmH2O), sendo
os valores mais próximos de 10 cmH2O na cisterna magna e de 15 cmH2O no fundo de saco lombar.
Admitem-se como valores toleráveis para a pressão intracraniana (PIC) até 20 mmHg. Para
efeito de classificação, pode-se utilizar o seguinte critério (Bostrom,2005) que diz que tem-se uma
condição normal quando a PIC for inferior a 10 mmHg.
A CD e suas indicações ainda são de grande controvérsia (Carter B. S. et. al, 1997;
Holtkamp M. et. al, 2001). Ocorrendo um resultado favorável, o retalho ósseo é recolocado ou uma
cranioplastia é realizada após 6 a 8 semanas. Nesse caso, o paciente é tratado em unidade de terapia
intensiva e o retalho ósseo pode ser congelado (Schneider G. H. et al, 2002; Hutchinson, P. J. et al,
2004) ou armazenado na região do abdômen do próprio paciente ou em tecidos subcutâneos da coxa
(Smith E. R. et al, 2002).
Alguns autores têm relatado resultados ruins sobre a ausência do retalho ósseo e a
necessidade de nova cirurgia para a reposição do mesmo, enquanto outros autores têm relatado
melhora das condições clínicas utilizando a reposição do retalho ósseo no momento da cirurgia
(Fodstad H. et al, 1984; Tabaddor K. et al, 1976).
Além disso, a descompressão cirúrgica do hematoma subdural agudo (HSA) severo provoca
“explosões” dos hematomas, extrusões cerebrais e altas taxas de morbidade e mortalidade (Bostrom
S. et al, 2005; Bullock R. et al, 1996)
Do ponto de vista anatômico e neurológico, um dos aspectos mais importantes da cavidade
crânio-vertebral e seu revestimento de dura-máter é o fato de ser uma cavidade completamente
fechada, que não permite a expansão de seu conteúdo. Desse modo, o aumento do volume de um ou
mais componentes da cavidade craniana reflete-se sobre os demais, podendo levar a um aumento da
pressão intracraniana (Bostrom S., 2005). Quando isso ocorre, a própria pressão intracraniana
desenvolve mecanismos compensatórios de proteção chamados de compensação espacial, Duret
(1878) e Kocher (1901). No entanto, essa compensação espacial é limitada, pois a cavidade
intradural permite um aumento de até 6% de seu volume, sem que haja alteração da pressão normal.
Na cirurgia convencional (Craniotomia Descompressiva) a abertura alargada da dura-máter,
em um só tempo, libera grande força de pressão contida na cavidade intradural, provocando
extrusões nas superfícies do hematoma e do cérebro, edemas irreversíveis e visão de desesperança
do neurocirurgião (Macnealy D. E. e Plum F., 1962).
Desse modo, o aumento do volume de um ou mais componentes da cavidade craniana reflete-
se sobre os demais, podendo levar a um aumento da pressão intracraniana (Bostrom S., 2005).
Quando isso ocorre, a própria pressão intracraniana desenvolve mecanismos compensatórios de
proteção chamados de compensação espacial Duret (1878) e Kocher (1901), que funcionam como
uma tentativa de se reduzir os níveis de pressão no interior da caixa craniana, sendo caracterizada
pela redução volumétrica dos compartimentos de líquidos intraventricular, subaracnóideo e
posteriormente, redução do compartimento intravascular (Buczko, W., 2005).
Considerando as propriedades mecânicas do crânio, dura-máter e complexo cerebral, e
considerando os modelos experimentais biológicos de Hatashita (Guerra W. K., 1999) e relatos da
literatura (Bastos P. G. et al, 1993; Bostrom S. et al, 2005; Bullock R. et al, 1996; Carter B. S. et al,
1997; Cohen J. E. et al, 1996; Schneider G. H. et al, 2002), a equipe de Neurocirurgiões do Instituto
de Medicina/UFU, em parceria com o Laboratório de Projetos Mecânicos Prof. Henner A. Gomide
está propondo uma técnica cirúrgica alternativa, fundamentada em uma craniotomia de limites
vértex-basal do crânio com fenestrações durais, afim de aumentar as capacidades volumétricas
intracraniana, possibilitando drenagem lenta do hematoma, proporcionando uma redução gradual
das pressões intradural e intracraniana, mantendo, assim, as estruturas cerebrais acomodadas nos
respectivos sítios anatômicos.
A técnica cirúrgica proposta será submetida ao Comitê de Ética. Quando aprovada, ela será
feita da seguinte forma: Incisão da pele e subcutâneo, descolamentos dos músculos, temporal e
fronto-occiptal e do periósteo; Craniotomia osteoplástica fronto-parieto-temporal com limites
vértex-basal do crânio; Com a goiva ou drill, exéreses e alisamentos dos rebordos internos da tábua
interna da craniotomia e terço lateral da grande asa do esfenóide, até a origem da artéria meningo-
orbitária; Pequenas durotomias de 5-10 mm, a primeira no opérculo da fissura silviana, a segunda
na base do lobo temporal, a terceira a 01 cm, paralela ao seio sagital superior, a quarta a 01 cm
anterior e paralela ao seio transverso e a quinta, na base do lobo frontal; Drenagem espontânea do
hematoma; Descompressão lenta e progressiva do hematoma e contensão do cérebro dentro da
cavidade dural; Continua-se aplicando múltiplas aberturas na dura-máter correspondente à
superfície do hematoma; Irriga-se e aspira-se, delicadamente, com soro fisiológico não aquecido, os
coágulos nas superfícies externas das fenestrações; Se houver sangramento persistente, hematoma
intraparenquimatoso subjacente, a fenda correspondente será ampliada e procedendo-se à
hemostasia, retirando-se coágulos e restos de lacerações eventualmente soltas; Através das aberturas
da dura-máter são realizadas inspeções visuais diretas em todas as superfícies cerebrais expostas,
pólos e faces basais dos lobos frontal e temporal, bases laterais das fossas anterior e média do crânio
e confluências de veias e seios venosos;Várias trepanações são feitas no retalho ósseo que será
reposicionado com pontos frouxos, visando aliviar a pressão intracraniana e permitir a drenagem
interna do espaço intradural para extradural e subgaleal;Os planos moles serão aproximados e
suturados sem tensões; imediatamente após a cirurgia será feita uma tomografia de crânio para
avaliações do status pós-cirúrgico; Se satisfatório, o paciente será encaminhado à unidade de terapia
intensiva.
A literatura apresenta poucos trabalhos relacionados à determinação de propriedades
mecânicas de tecidos moles, em particular estruturais cerebrais, devido à dificuldade de utilização
de ensaios convencionais em estruturas vivas.
Amostras de tecidos mortos apresentam propriedades significantemente diferentes daquelas
obtidas em tecidos vivos. Em 2003, K. Miller, em Cingapura fez identações em um cérebro de
porco com o animal vivo visando obter propriedades mecânicas.
Segundo Miller, a escolha do modelo matemático, dos materiais e características do modelo
mecânico depende principalmente das condições de simulação desejadas, uma vez que, o
comportamento do gráfico tensão x deformação do tecido cerebral não é linear. Para simular um
evento rápido e com forças elevadas, como no presente caso, pode-se considerar o cérebro como um
material visco-elástico incompressível, homogêneo e monofásico; porém para simular eventos de
maior duração e menor intensidade como o crescimento de um tumor ou hematomas subdurais, é
necessário um modelo mais abrangente considerando o sistema bifásico heterogêneo, com a parte
sólida hiperelástica e a líquida incompressível.

3. MODELO DE DESCOMPRESSÃO RÁPIDA

O desenvolvimento de um modelo matemático adequado para avaliar o efeito de descompressão


rápida oriundo do processo cirúrgico para tratar hematomas subdurais agudos é bastante complexo
devido as não linearidades envolvidas no fenômeno. Algumas hipóteses simplificadoras têm que ser
feitas para efetuar uma análise in vitro, como por exemplo, considerar a caixa craniana rígida e sem
atrito.
Analisando fisicamente os fenômenos que ocorrem no cérebro, considerando-o como um
material visco-elástico incompressível, quando há elevada pressão intracraniana, a retirada ampla da
dura-máter gera grandes forças de expansão no cérebro, e essa expansão abrupta pode ocasionar
novas lesões, associadas com herniações, lacerações parenquimatosas ou rupturas vasculares. Já a
abertura com pequenas fenestrações, em geral, envolve forças significantemente menores, pois a
área deformada é menor para a mesma pressão intracraniana, além de permitir uma expansão
gradual do cérebro. Percebe-se que a pressão intracraniana alta ocorre devido a maior entrada de
fluido na caixa craniana (recipiente rígido), geralmente causado por rupturas de vasos que resultam
em acúmulo de sangue nos espaços extra-dural, subdural, intraparenquimatoso ou suas associações
sob a forma de hematomas ou hemorragias, esse fluido exerce uma pressão no interior do recipiente
e, esta pressão, em um processo isotérmico, pode ser relacionada da seguinte forma:
PV = cte
ou Onde, P = pressão, V = volume
P = cte × massa
Portanto a pressão intracraniana (PIC) pode ser obtida por: PIC = cte × massa . Com o aumento da
massa:
cte
↑ PIC = cte × massa ↑ Observando que: PIC =
V
Ao permitir-se a expansão do cérebro através da abertura da dura-máter controla-se a PIC,
ou seja, quanto maior o volume menor a PIC.

4. MATERIAIS E MÉTODOS

4.1 Dispositivo Experimental

A análise foi feita utilizando um dispositivo experimental que simula um ambiente de


compressão do cérebro devido ao efeito do hematoma subdural agudo. No modelo experimental a
pressão é simulada por um pistão alimentado com pressão pneumática. As taxas de deformação do
sistema, utilizando diferentes procedimentos de abertura do dispositivo, foram monitoradas com
câmeras de vídeo, neste caso, utilizadas para permitir uma ampla visualização do efeito com o
objetivo de fazer uma análise qualitativa do fenômeno.
A proposta do estudo é avaliar o caso tradicional de tratamento que é a descompressão
rápida comparativamente a uma descompressão gradual obtida por pequenas incisões na dura-máter
visando reter a estrutura cerebral. Espera-se que o processo, além de minimizar os efeitos de
deslocamento e expansão bruscos dos hematomas e cérebro possibilite uma redução da pressão
intracraniana em menor tempo, a manutenção estrutural da dura-máter com drenagem do espaço
subdural, além da reposição do retalho ósseo durante a cirurgia. Estes últimos efeitos não foram
analisados neste trabalho. O modelo consiste em um recipiente de paredes rígidas, simulando a
caixa craniana, feito de um tubo de PVC e duas tampas de material acrílico transparente, sendo uma
delas maciça com um cilindro pneumático instalado em sua parte inferior e outra vazada para
simular a caixa craniana do paciente na região exposta para a cirurgia.
Na parte interna do tubo de PVC foi adaptado um disco de prolipopileno que podia
movimentar-se internamente no tubo de acordo com a pressão pneumática. Uma adaptação em
isopor foi feita para permitir uma perfeita adaptação do cérebro (Simulado com massa de
macarrão). A dura-máter foi simulada com um filme plástico resistente fixado na parte superior com
um disco de acrílico. O hematoma foi simulado com condimento tipo ketchup, figura 2.

Figura 2 – Dispositivo experimental construído.


4.2 Procedimento Experimental

A adaptação do filme plástico e da estrutura do tubo é feita através de quatro parafusos,


como mostrado na figura 3.

Figura 3 – Fixação das placas de acrílico, filme plástico e tubo através de parafusos.

O cilindro pneumático possui em seu tubo de alimentação uma válvula redutora de pressão e
uma válvula direcional manual que controla o movimento de subida e descida do cilindro (Figura
4), simulando o efeito de compressão e descompressão na dura-máter (filme plástico),
respectivamente.

Figura 4 – Cilindro pneumático e válvula direcional utilizada no dispositivo.

O experimento foi realizado de duas formas separadas. Na primeira forma avalia-se a


condição convencional de tratamento (Craniotomia Descompressiva, CD) e em uma segunda parte
avalia-se o método proposto (Craniotomia Vértex-Basal com Fenestrações Durais, CVBFD).

5. RESULTADOS

5.1 Avaliação dos Gradientes de Deslocamento

A figura 5 mostra vários quadros indicando o caminho da deformação ocorrida durante o


processo de uma ampla expansão do filme plástico (Dura-máter). A figura 6 mostra, de forma
similar, esta mesma análise considerando pequenas fenestrações.
Considerando a área superior como referência pode-se indicar os seguintes deslocamentos
máximos finais para os dois casos analisados:
- Efeito da compressão no filme sem efetuar corte: 16 mm
- Efeito da compressão no filme com corte amplo (Processo Convencional): 22 mm
- Efeito da compressão no filme com pequenas fenestrações (Processo CVBFD): 17 mm
Através desta análise indica-se uma diferença de 30% menor nos níveis de deslocamento
para pequenas fenestrações, medidos na direção vertical, quando comparados aqueles com uma
expansão abrupta.
(a) (b)

(c) (d)
Figura 5 – Processo CVBFD quadro a quadro. a) Estrutura sob compressão no filme plástico
mostrando o hematoma. b) Início das pequenas fenestrações utilizando bisturi. c) Finalização das
fenestrações no modelo. d) Aspecto final do modelo após o término das fenestrações.

(a) (b)

(c) (d)
Figura 6 – Processo CVBFD quadro a quadro. a) Estrutura sob compressão no filme plástico
mostrando o hematoma. b) Início das pequenas fenestrações utilizando bisturi. c) Finalização das
fenestrações no modelo. d) Aspecto final do modelo após o término das fenestrações.
Observa-se na figura 5 o formato do processo de execução das fenestrações. Neste caso, o
filme plástico retém todo o volume sob compressão deixando passar apenas os fluídos que simulam
o hematoma. Observa-se também que não existe instantaneamente uma variação brusca de
deformação, ou seja, mesmo diminuindo a rigidez do filme plástico consegue-se uma retenção das
estruturas. O processo de expansão abrupta decorrente de uma abertura ampla, mostrada na figura 6,
pode ser observado na medida em que se realiza a abertura do filme plástico. Neste caso, não existe
retenção das estruturas promovendo uma grande deformação das estruturas.

6.2 AVALIAÇÃO DA PRESSÃO PNEUMÁTICA

Para avaliar o nível de pressão exercida no filme plástico utilizou-se a montagem


experimental mostrada na figura 7. Foi adaptada uma célula de carga modelo Kratos de capacidade
50 kgf na parte superior do dispositivo. O pino sustentava o disco de prolipopileno na sua parte
superior enquanto a pressão pneumática era aplicada. O sinal de força foi adquirido por um
indicador de sinais modelo kratos compatível à célula de carga utilizada. Foram executadas 10
repetições de compressão/descompressão para monitorar a carga aplicada.

Figura 7. Aparato experimental montado na parte superior do dispositivo experimental para


determinar a carga atuante no disco de polipropileno.

Com as medidas dos valores de força aplicados pelo cilindro pneumático no disco de
prolipropileno, de área conhecida, pode-se estimar a pressão submetida na massa encefálica (massa
de macarrão) utilizando o cilindro pneumático através da seguinte relação,
P=F/A (1)
Onde P é a pressão aplicada, F é a força medida na célula de carga e A é a área do disco. Os
valores obtidos foram:
Área do disco = 0,017m²
Força média (10 medidas) = 25,6 [N]
Pressão = 1505,9 [Pa] ou 11,3 [mmHg]

7. CONCLUSÕES

Esta pesquisa avaliou qualitativamente o efeito de uma descompressão gradual no


tratamento de hematomas subdurais agudos comparativamente ao método tradicional de tratamento,
denominado craniotomia descompressiva. O método proposto foi denominado CVBFD
(Craniotomia Vértex-Basal com Fenestrações Durais). A análise foi feita através de análise
experimental utilizando um dispositivo mecânico que simulava o efeito de
compressão/descompressão intracraniana.
O modelo de simulação mostrou que o efeito de uma expansão brusca decorrente da pressão
interna promove uma extrusão do conteúdo intradural ocasionando uma grande deformação, o que
pode comprometer o tecido cerebral.
De forma similar, uma descompressão gradual, observada no método CVBFD, promove
uma equalização das pressões com menores taxas de deformação, uma vez que há um significativo
aumento da capacidade volumétrica intradural pelas múltiplas fenestrações durais, acomodando e
contendo o tecido cerebral e evitando danos maiores às estruturas. Com isso, pode-se inferir que a
CVBFD pode reduzir gradualmente a pressão intracraniana, evitando a extrusão do conteúdo
intradural e, por conseguinte, lesões cerebrais.
Os resultados obtidos a partir do desenvolvimento deste projeto de pesquisa contribuem para
o entendimento do processo padrão de tratamento do HSDA, que vêm sendo aplicado há vários
anos, e que, na maioria dos casos, traz um prognóstico geral ruim.
A nova metodologia avaliada sob o ponto de vista biomecânico visa fornecer para a
comunidade de neurocirurgiões, elementos complementares para que o novo processo cirúrgico
possa ser naturalmente utilizado.
8. AGRADECIMENTOS

Ao CNPq pela bolsa PIBIC/UFU/CNPq. Aos colaboradores: Isac Alaor Dias, José Weber Vieira
Faria e Ronaldo Borges Tonaco – (Depto Neurocirurgia do Hospital das Clínicas de Uberlândia)

9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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QUALITATIVE ANALYSIS OF DESCOMPRESSIVE CRANIECTOMY (DC)


AND VERTEX-BASAL CRANIECTOMY WITH DURAL FENESTRATIONS
(VBCDF) IN CASES OF ACUTE SUBDURAL HEMATOMA

Laís Palitot de Melo*


laispmelo@yahoo.com.br
Ricardo Fortes de Miranda**
Mechanical Engineering Faculty, UFU, Av. João Naves de Ávila, 2121, Bloco 1M, 38400-902 Uberlândia - MG
rfmiranda@mecanica.ufu.br
Cleudmar Amaral Araújo**
cleudmar@mecanica.ufu.br
Antônio Geraldo Dinis Roquette*
roquette@centershop.com.br
Silvio Sarmento Lessa*
sslessa7@hotmail.com
*Medicine Faculty, UFU, Avenida Pará 1720 - Bloco 2U - Bairro Umuarama- 38400-902 Uberlândia - MG
*Mechanical Engineering Faculty, UFU, Av. João Naves de Ávila, 2121, Bloco 1M, 38400-902 Uberlândia - MG
Abstract: The treatment of Acute Subdural Hematoma (ASDH) is done conventionally through
Descompressive Craniectomy (DC) that it is treated, basically, of a wide opening of the duramater.
However, its index of functional recovery is unsatisfactory with tax of mortality from 50% to 90%.
The disadvantage of the DC is in the fast decompression intradural in function of the extensive
opening of the duramater. That decompression takes the one accentuated cerebral extrusion,
causing laceration and herniation encephalon. So, the results of the DC, mainly in patients that
present a great deviation of the cerebral medium line, they are, in their majority, harmful, due to
the primary damages and to the ischemia of the cerebral tissue, determining a terrible prognostic.
That procedure generates, besides the bruise already installed, ischemia and severe secondary
edema and strangulation of the cerebral tissue in the boards of the cranectomy, taking to a
catastrophic situation for the support of the patient's life, hindering the closing dural, the relocation
of the bone flap and the approaches and sutures of the soft plans. The proposal of this work is to
evaluate through an experimental model an alternative surgical procedure denominated Vertex-
basal Cranectomy with Dural Fenestrations (VBCDF) where, among other actions, they are made
multiple and small incisions in the duramater. The proposed experimental model simulates a
compression atmosphere, imitating a procedure of compression of the brain, through pneumatic
pressure. A qualitative analysis of the taxes of deformation of the system, using different opening
procedures is made using video cameras. It was observed in the models studied that the process
VBCDF gets to keep the structures impeding an abrupt expansion, fact cause generating of great
cerebral deformations and consequently possible damages. In the wide expansion of the duramater
the deformation taxes grow proportionally at the level of applied pressure.
Keywords::Dural fenestrations, Cerebral Extrusion, Decompressive Craniectomy

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