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FACULDADE DE JAGUARIÚNA

INSTITUTO BRASILEIRO DE VETERINÁRIA - IBVET

ANEMIA POR DEFICIÊNCIA DE FERRO EM CÃES:


REVISÃO BIBLIOGRÁFICA E RELATO DE CASO

BÁRBARA GESKE

JAGUARIÚNA – SP – 2017
FACULDADE DE JAGUARIÚNA
INSTITUTO BRASILEIRO DE VETERINÁRIA - IBVET

BÁRBARA GESKE

ANEMIA POR DEFICIÊNCIA DE FERRO EM CÃES:


REVISÃO BIBLIOGRÁFICA E RELATO DE CASO

Monografia apresentada para obtenção do


título de Especialista Lato Sensu em Patologia
Clínica Veterinária pela Faculdade de
Jaguariúna em convênio com o Instituto
Brasileiro de Veterinária – IBVET, TURMA 08,
sob orientação da Professora Eleine Kuroki
Anzai.

JAGUARIÚNA – SP – 2017
ANEMIA POR DEFICIÊNCIA DE FERRO EM CÃES:
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA E RELATO DE CASO

BÁRBARA GESKE

Monografia apresentada para obtenção do título de Especialista Lato Sensu em


Patologia Clínica Veterinária pela Faculdade Jaguariúna em convênio com o
Instituto Brasileiro de Formação Profissional - IBVET, sob a orientação da
Professora Eleine Kuroki Anzai, Jaguariúna, 2017.

Declaro para os devidos fins ter orientado, corrigido e aprovado esse trabalho.

Jaguariúna, 11 de outubro, 2017.

Nome: Eleine Kuroki Anzai

Telefone: 47 99601-1953

E-mail: elanzai@hotmail.com

Link lattes: http://lattes.cnpq.br/6430630810174173


GESKE, B. Anemia por deficiência de ferro em cães: Revisão bibliográfica
e relato de caso.
Monografia apresentada para obtenção do título de Especialista Lato Sensu em
Patologia Clínica Veterinária pela Faculdade de Jaguariúna em convênio com o
Instituto Brasileiro de Veterinária – IBVET, TURMA 08, sob orientação da Prof.
(a) Eleine Kuroki Anzai, Jaguariúna-SP, 2017.

RESUMO

A anemia é uma alteração frequentemente constatada em pacientes caninos


atendidos na rotina do Médico Veterinário Clínico. É considerado o achado
mais comum em exames hematológicos simples realizados pelo Patologista
Clínico Veterinário. Dentre as diversas classificações dos tipos de anemias,
encontra-se a anemia por deficiência de ferro, também chamada de anemia
ferropriva. O ferro é um íon considerado essencial para produção de
hemoglobina, portanto, a diminuição ou ausência deste substrato e de suas
reservas resultam em problemas relacionados com a síntese de eritrócitos.
Este tipo de anemia é constantemente associado a quadros de hemorragia
crônica em cães adultos, principalmente de origem intestinal, e em cães jovens
é relacionada à deficiência nutricional devido à alta taxa de crescimento nesta
fase. Porém, pode ser desencadeada por outros fatores importantes, além de
ser comumente confundida com a anemia da inflamação no seu estágio inicial.
O relato de caso elaborado no presente trabalho descreve o acompanhamento
de exames clínicos de um cão que apresenta um quadro característico de
anemia por deficiência de ferro. O animal foi submetido ao tratamento com
suplementação de ferro, mas não obteve melhora. Com isso, destaca-se que
um tratamento eficaz é sempre aquele realizado com base na investigação da
doença primária.

Palavras-chave: anemia, cães, deficiência, ferro.


GESKE, B. Iron deficiency anemia in dogs: Bibliographic review and case
report.
Monograph presented to obtain the title of Specialist Lato Sensu in Veterinary
Clinical Pathology of the University of Jaguariúna in accord with the Instituto
Brasileiro de Veterinária - IBVET, TURMA 08, under orientation of Prof. (a)
Eleine Kuroki Anzai, Jaguariúna-SP, 2017.

ABSTRACT

Anemia is a frequently observed change in canine patients treated in the routine


of the Clinical Veterinarian. It is considered the most common finding in simple
haematological examinations performed by the Clinical Veterinary Pathologist.
Among the various classifications of the types of anemias is iron deficiency
anemia, also called iron deprivation. Iron is an ion considered essential for the
production of hemoglobin, therefore, the decrease or absence of this substrate
and its reserves result in problems related to the erythrocyte synthesis. This
type of anemia is constantly associated with chronic hemorrhage in adult dogs,
mainly of intestinal origin, and in young dogs it is related to nutritional deficiency
due to the high growth rate at this stage. However, it can be triggered by other
important factors, besides being commonly confused with anemia of
inflammation in its early stage. The case report elaborated in the present study
describes the monitoring of clinical examinations of a dog that presents a
characteristic clinical condition of anemia due to iron deficiency. The animal was
treated with iron supplementation, but did not improve. Thus, it is noted that an
effective treatment is always that which is performed based on the investigation
of the primary disease.

Key-words: anemia, dogs, deficiency, iron.


SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO...............................................................................................7
2. DESENVOLVIMENTO: REVISÃO DE LITERATURA...................................9
2.1 Classificação das Anemias..........................................................................9
2.2 Anemia por deficiência de ferro: regenerativa ou arregenerativa?............11
2.3 Ferro, seu metabolismo e testes diagnósticos em cães............................13
2.4 Diagnósticos diferenciais da anemia por deficiência de ferro....................15
3. RELATO DE CASO.....................................................................................17
3.1 Resultados e discussão.............................................................................17
4. CONCLUSÃO..............................................................................................25
5. REFERÊNCIAS............................................................................................26
7

1. INTRODUÇÃO

A anemia representa a alteração mais frequente e importante constatada


em exames hematológicos na rotina do Médico Veterinário clínico e do
patologista. Com isso, a investigação e a consequente classificação do tipo de
anemia que o animal apresenta torna-se imprescindível para o estabelecimento
do quadro clínico do paciente.
A condição anêmica é, normalmente, ocasionada por uma doença
primária na qual ocorre perda, destruição ou problemas relacionados à
produção de eritrócitos. Como consequência, há falha ou diminuição da
oxigenação dos tecidos, resultando em uma série de sinais clínicos que variam
de animal para animal.
Dentre as diversas classificações de anemia, a anemia por deficiência de
ferro, também denominada de ferropriva, é bastante comum em cães e é quase
sempre relacionada à quadros de hemorragia crônica na espécie adulta. Em
cães filhotes é, geralmente, justificada pela ingestão inadequada de ferro em
conjunto com a alta taxa de crescimento que o animal apresenta naquele
momento.
Embora as causas citadas sejam consideradas as principais, existem
outros pontos importantes na investigação da anemia por deficiência de ferro.
Doenças crônicas, ectoparasitas, endoparasitas e defeitos na produção,
transporte ou ligação do ferro podem ser responsáveis por um quadro anêmico
deste tipo.
Com isso, nem sempre tratamentos transfusionais ou com
suplementação de ferro revertem totalmente o quadro clínico do animal, uma
vez que, a busca da doença primária é indispensável para um bom diagnóstico.
Deste modo, percebe-se que o Patologista Clínico Veterinário pode
ajudar no estabelecimento de detalhes e critérios importantes na interpretação
das causas do quadro anêmico, auxiliando o clínico no diagnóstico do paciente.
O principal objetivo deste trabalho é revisar brevemente a classificação
das anemias e explicar as diversas razões para que a anemia por deficiência de
ferro se instale no cão, demonstrando foco na mensuração do ferro e de seu
8

metabolismo. Posteriormente, relatar um caso de anemia na espécie canina


ocasionada por deficiência de ferro e apresentar a importância deste quadro
clínico na rotina de atendimento de pequenos animais.
9

2. DESENVOLVIMENTO: REVISÃO DE LITERATURA


2.1 Classificação das anemias

Anemia caracteriza-se pela redução da quantidade de eritrócitos na


circulação que tem como principal consequência a diminuição da oxigenação
dos tecidos (THRALL et al., 2015). A determinação da anemia pode ser
realizada por meio de três parâmetros: volume globular (VG) ou hematócrito
(HT), teor de hemoglobina ou contagem de eritrócitos (THRALL et al., 2015).
Primeiramente, a anemia é classificada em regenerativa ou
arregenerativa (quando não apresenta regeneração) baseado em três
parâmetros gerais: (1) tamanho eritrocitário e teor de hemoglobina conforme
são constatados por meio de índices hematimétricos; (2) no nível de resposta
medular do animal, isto é, na presença ou na ausência de reticulocitose (exceto
em equinos), policromasia ou policromatofilia, anisocitose e outras alterações
constatadas em esfregaços sanguíneos; e por último (3) na fisiopatogênese,
que tem a função de fornecer uma maior investigação para o diagnóstico do
quadro (STOCKHAM & SCOTT, 2011; THRALL et al., 2015).
Basicamente, os índices hematimétricos representam um dos principais
parâmetros gerais para classificação da anemia (JERICÓ, ANDRADE NETO &
KOGIKA, 2015). É por meio da interpretação do tamanho dos eritrócitos e do
teor de hemoglobina que é possível dar início a um raciocínio diagnóstico
(THRALL et al., 2015).
A anemia é denominada de microcítica, normocítica ou macrocítica de
acordo com o Volume Corpuscular Médio (VCM) ou Volume Globular Médio
(VGM), isto é, eritrócitos de tamanho pequeno, normal ou grande. Utiliza-se a
classificação em relação à hemoglobina de anemia hipocrômica ou
normocrômica para teor de hemoglobina baixo ou normal, esta mensuração é
realizada através da interpretação da Concentração de Hemoglobina
Corpuscular Média (CHCM) ou Concentração de Hemoglobina Globular Média
(CHGM) (THRALL et al., 2015).
É importante ressaltar que a hipercromia não é um tipo de classificação
de anemia em relação ao teor de hemoglobina, embora diversos motivos
10

possam levar a um aumento de CHCM, que por sua vez é considerado falso,
como por exemplo: hemólise, lipemia, icterícia, corpúsculos de Heinz,
esferocitose, entre outras razões (STOCKHAM & SCOTT, 2011).
Em resumo, o tipo de anemia é classificado com o uso da interpretação
de índices hematimétricos, com isso, são estabelecidos diversas denominações
como as já citadas (microcítica, normocítica, macrocítica, hipocrômica e
normocrômica), portanto, “os índices hematimétricos sugerem o tipo de eritrócito
que está sendo produzido pela medula” (STOCKHAM & SCOTT, 2011, p. 130).
A classificação da anemia com base na resposta da medula óssea é
realizada com a observação de eritrócitos imaturos na circulação, porém,
praticamente toda e qualquer medula pode responder no início de um quadro
anêmico, principalmente por conta da produção de eritropoietina em maior
escala, que envolve também o tecido renal, a questão é se essa resposta vai se
manter ou se vai se tornar um quadro arregenerativo (JERICÓ, ANDRADE
NETO & KOGIKA, 2015).
Por outro lado, em um estudo realizado por Naigamwalla, Webb e Giger
(2012), constatou-se que 2.087 análises de hemogramas de cães realizados no
período de janeiro a dezembro de 2012, 74% dos animais que apresentavam
anemia caracterizavam-se por ser arregenerativa. Porém, o estudo traz que é
importante considerar que esse tipo de anemia pode ser frequentemente
constatada em respostas primárias a diversas doenças, quando a medula ainda
não teve tempo de responder, dependendo da doença e da intensidade do
quadro clínico.
Abordando um pouco mais o conceito de fisiopatogênese no quadro
anêmico, a anemia arregenerativa pode ainda se encaixar nos termos: aplásica
ou hipoplásica (nesses casos é interessante avaliar a produção de neutrófilos e
de plaquetas), que podem ser originadas por problemas primários, como os de
medula ou secundários, como doença renal, doença endócrina, doença
infecciosa, doença inflamatória ou crônica, vírus ou distúrbios importantes
induzidos por medicamentos ou substâncias e raramente deficiências
nutricionais (THRALL et al., 2015). Já na anemia regenerativa, estão incluídos
basicamente distúrbios hemorrágicos e hemostáticos, doenças nutricionais,
11

doenças imunomediadas e hemólise (JERICÓ, ANDRADE NETO & KOGIKA,


2015).

2.2 Anemia por deficiência de ferro: regenerativa ou arregenerativa?

Em resumo, a anemia por deficiência de ferro geralmente ocorre por


perda crônica desse íon em cães adultos, ocasionado por hemorragia
gratrointestinal crônica ou outros motivos menos comuns. Em cães filhotes,
ocorre, na maioria das vezes, deficiência do mineral devido à baixa
disponibilidade do ferro na dieta em conjunto com a alta taxa de crescimento do
animal (THRALL et al., 2015).
Em um estudo desenvolvido por Naigamwalla, Webb e Giger (2012)
sobre anemia ferropriva, os autores explicam que de acordo com a causa da
deficiência de ferro é que a classificação de regenerativa ou arregenerativa
pode ser baseada.
Por exemplo, quando o ferro nutricional não é considerado um fator
limitante e a anemia resultar de um processo hemorrágico crônico, como ocorre
em doenças gastrointestinais (endoparasitas, neoplasias, úlceras) ou também
em casos de grande quantidade de ectoparasitas, nestes casos a anemia é
geralmente considerada regenerativa (NAIGAMWALLA, WEBB & GIGER,
2012).
Porém, essa condição de perda de sangue deve ocorrer de forma mais
crônica ou recidivante (semanas a meses) para que resulte na anemia
ferropriva. O estoque de ferro na perda aguda de sangue, geralmente, é
suficiente para suprir uma eritropoiese acelerada e posterior homeostase do
ferro, sem causar o quadro anêmico (ALENCAR, KOHAYAGAWA & CAMPOS,
2002).
Quando há perda de sangue crônica, o estoque de ferro corporal fica
comprometido e outros mecanismos são ativados para compensar essa
produção, como por exemplo, a produção de outras proteínas que contém ferro,
como a mioglobina (MCCOWN & SPECHT, 2011). No entanto, esse mecanismo
também torna-se limitado, permitindo a instalação de um quadro característico
12

de anemia por deficiência de ferro, ou seja, síntese de hemoglobina dificultada,


resultando em hemácias inicialmente microcíticas e posteriormente microcíticas
e hipocrômicas (ALENCAR, KOHAYAGAWA & CAMPOS, 2002). Há ainda uma
alteração importante em hemogramas característicos de anemia por deficiência
de ferro que seria a trombocitose, “que está presente em 50% dos pacientes”
(THRALL et al., 2015, p. 76).
Inicialmente este tipo de anemia demonstra reticulocitose, entretanto,
conforme os estoques de ferro vão sendo esgotados a contagem de
reticulócitos também pode se tornar insuficiente. Além disso, os eritrócitos
podem se tornar frágeis devido à deficiência de hemoglobina, o que pode gerar
um leve quadro de hemólise, agravando ainda mais o grau de anemia
(NAIGAMWALLA, WEBB & GIGER, 2012).
O autor Toso (2014), ressalta um ponto importante da anemia por
deficiência de ferro. Em um hemograma de rotina, este tipo de anemia pode ser
confundida com a anemia da inflamação ou anemia ocasionada por doença
inflamatória também denominada como anemia da doença crônica (que é
classificada como arregenerativa), isso ocorre pelo simples fato de que o ferro
não se encontra disponível para exercer sua função básica de síntese de
porção heme (hemoglobina). Devido aos fatores inflamatórios, ocorre sequestro
de ferro funcional sérico pelo baço, fígado e pela medula, resultando em alguns
eritrócitos microcíticos e hipocrômicos, além de teor sérico de ferro diminuído
mas as reservas deste mineral encontram-se normais ou aumentadas (TOSO,
2014).
É o mesmo caso quando se pensa, por exemplo, em uma doença renal
crônica, que normalmente ocasiona anemia não regenerativa. Se o quadro
clínico for agravado por uma hemorragia gastrointestinal crônica devido a
úlceras que ocasionam perda de sangue e consequentemente perda de ferro, o
quadro pode se confundir com anemia da inflamação e com anemia por
deficiência de ferro (NAIGAMWALLA, WEBB & GIGER, 2012).
Em um estudo desenvolvido por Chikazawa et al. (2013), os autores
induzem um quadro inflamatório crônico em um modelo canino e observam as
alterações hematológicas desse animal. Constatou-se anemia discreta
13

apresentando-se microcítica na fase inicial e normocrômica na fase final,


observou-se ainda a diminuição do ferro sérico com o aumento de seu estoque
em forma de ferritina na fase inicial (CHIKAZAWA et al., 2013).
A anemia por deficiência de ferro é considerada, quase sempre,
associado à deficiência nutricional. Este tipo caracteriza-se por ser regenerativo,
todavia, pode se tornar arregenerativo quando agravado por doença inflamatória
ou quando o quadro torna-se avançado (THRALL et al., 2015).
Em contraversão, os autores Jericó, Andrade Neto e Kogika (2015)
abordam o quadro anêmico por deficiência de ferro como arregenerativo,
independente da contagem de reticulócitos, justificando que os animais com
esse tipo de anemia possuem ferro sérico, transferrina, ferritina e estoques de
ferro da medula óssea diminuídos.
Jericó, Andrade Neto e Kogika (2015) explicam ainda que a anemia por
deficiência de ferro, ocorre em três estágios principais: (1) utilização do estoque
de ferro e consequentemente diminuição da ferritina; (2) utilização exacerbada
dos estoques de ferro resultando em redução do ferro sérico e uso da
hemossiderina; (3) aumento do uso do ferro e intensificação de sua diminuição
na circulação começa a interferir na produção da fração heme procedendo um
quadro anêmico com seus sinais clínicos.

2.3 Ferro, seu metabolismo e testes diagnósticos em cães

O ferro possui participação intensa e insubstituível no processo


hematológico e, portanto, deve ser estudado na interpretação de um quadro
anêmico envolvendo todos os seus parâmetros utilizados para avaliar seu
metabolismo como: ferro, transferrina, ferritina e hemossiderina (PIRES et al.,
2011).
Nos animais, o envolvimento constante do ferro no processo
hematológico pode ser explicado devido à maior parte do ferro estar presente
no eritrócito, como hemoglobina (60-70%) (ALENCAR, KOHAYAGAWA &
CAMPOS, 2002).
14

Uma informação importante quanto à mensuração do ferro sérico, é que,


no estudo realizado por Pires et al. (2011), os autores determinam valores de
ferro sérico em 120 cães sadios jovens e adultos e constatam uma diferença
significativa nos valores de ferro em cães jovens, quando comparados aos cães
adultos. Fato este que é justificado pelos autores devido ao intenso processo de
crescimento e desenvolvimento requerido nesta fase (PIRES et al., 2011).
O metabolismo do ferro não é tão fácil de ser compreendido, mas em
geral, um parâmetro depende do outro para ser interpretado da maneira correta.
Por exemplo, de nada adianta mensurar apenas o ferro quando a ferritina pode
estar diminuída e, que por sua vez, depende das reservas do ferro no
organismo e pode se apresentar de forma oscilatória (PIRES et al., 2011).
Basicamente, a concentração de ferro sérico representa o ferro que está
sendo transportado ligado à transferrina. A transferrina é a proteína produzida
pelo fígado responsável por se ligar e transportar o íon, que em conjunto são
expressos pela Capacidade Total de Ligação do Ferro (CTLF). A avaliação
CTLF é fundamental, pois encontra-se elevada em anemias ferroprivas e
reduzida em anemias por doença crônica (PIRES et al., 2011).
Por meio do sistema mononuclear fagocitário o ferro é armazenado sobre
a forma de ferritina e de hemossiderina que caracterizam-se por refletir as
reservas corporais totais do ferro no fígado, baço e na medula óssea, porém, as
técnicas diagnósticas para esses estoques apresentam custos muito elevados e
não disponíveis no Brasil (PIRES et al., 2011).
De acordo com Pires et al. (2011), que elaborou um estudo no qual
mensura os valores de ferritina em 120 cães sadios jovens e adultos. Os
autores explicam que devido à inexistência de reagente comercial para
dosagem de ferritina canina, utilizou-se o teste desenvolvido para humanos.
Porém, constatou-se a incapacidade de leitura de amostras caninas, uma vez
que, os valores se mostraram muito inferiores quando comparados à referência
esperada.
A ferritina encontra-se elevada em processos inflamatórios e diminuída
em casos de deficiência de ferro (ALENCAR, KOHAYAGAWA & CAMPOS,
2002). No entanto, em um estudo muito interessante realizado por Chikazawa et
15

al. (2013), os autores induziram em um cão um quadro de inflamação crônica


por meio de aplicações injetáveis de uma determinada substância em forma de
óleo, durante 42 dias. Neste período, os autores monitoraram a concentração
de ferritina sérica e constataram que no início do quadro infamatório houve
aumento da ferritina, corroborando com a maioria dos estudos comparados.
Porém, com a inflamação crônica esta resposta não se manteve, o que pode ser
explicado pela forte ligação da hepcidina presente no fígado com o metabolismo
do ferro (CHIKAZAWA et al., 2013).
Quando há deficiência de ferro, há baixa concentração de ferro no
sangue e aumento de receptores de transferrina nas células, ou seja, a CTLF
vai ser maior que o próprio ferro sérico (ALENCAR, KOHAYAGAWA &
CAMPOS, 2002).
Outro método de determinar a deficiência de ferro é a mensuração de
ferro medular por meio da coloração de Azul da Prússia. Esta técnica é bastante
utilizada pois a presença do mesmo na medula óssea elimina a deficiência de
ferro como causa da anemia e, como vantagem, exclui fatores que resultam na
não liberação do ferro pelo sistema mononuclear fagocitário como ocorre na
anemia da inflamação, fato este que não é avaliado quando utiliza-se a
mensuração de ferro sérico e da CTLF (ALENCAR, KOHAYAGAWA &
CAMPOS, 2002).

2.4 Diagnósticos diferencias da anemia por deficiência de ferro

É de extrema importância destacar a predisposição genética de raças


japonesas como Shiba e Akita para apresentação de microcitose, sem que haja
anemia e nem falha no metabolismo no ferro (THRALL et al., 2015).
Conforme discutido anteriormente, a patogenia da anemia da inflamação
tem como base o sequestro do ferro, é provavelmente o tipo de anemia mais
comum na Medicina Veterinária, isso porque diversos processos podem levar a
anemia da inflamação, são eles: processo inflamatório, infecções crônicas,
traumas, fraturas, lesões, neoplasias e necroses. Além disso, o ferro é
16

considerado essencial para o crescimento de microrganismos (ALENCAR,


KOHAYAGAWA & CAMPOS, 2002).
Em um estudo realizado por Toscano et al. (2013), no qual avaliou-se os
parâmetros séricos do metabolismo do ferro em 10 cães positivos para
Leishmaniose Visceral Canina (LVC) em comparação com 10 cães sadios,
constatou-se a presença de anemia com níveis de ferro sérico e de CTLF
diminuídos.
Quadros clínicos de shunts portossistêmicos também evidenciam
presença de microcitose. O mecanismo ainda é pouco esclarecido mas, em
geral, esses animais podem apresentar falhas no metabolismo de ferro,
resultando em anemia ferropriva (MCCOWN & SPECHT, 2011). A anemia no
caso do shunt é normalizada após a intervenção cirúrgica (NAIGAMWALLA,
WEBB & GIGER, 2012).
17

3 RELATO DE CASO

Um animal da espécie canina, sexo fêmea, castrada, com dez anos de


idade, da raça Fox Paulistinha foi atendido em um consultório Médico
Veterinário. A queixa principal do proprietário era de que o animal se
apresentava extremamente cansado há cerca de duas semanas. Após o
exame clínico, o Médico Veterinário responsável constatou mucosa oral pálida
sem outros sinais clínicos significativos. Com isso, foi realizada a coleta de
sangue do animal para exame hematológico, após o resultado do exame o
animal foi submetido a tratamento com suplementação com ferro. Cerca de um
mês depois, o animal retorna ao atendimento com queixa de piora pelo
proprietário. Novamente, foi enviado ao laboratório veterinário o exame de
sangue do animal para reavaliação hematológica.

3.1 Resultados e Discussão

O Laboratório Veterinário recebeu e processou o primeiro exame de


sangue, foi solicitado pelo clínico o hemograma. A técnica utilizada pelo
laboratório veterinário é automação pelo aparelho SDH-3 VET em conjunto
com a microscopia de esfregaço sanguíneo corado com panótico rápido. Os
resultados do exame estão descritos na tabela 1.
As alterações celulares descritas no laudo com o resultado de ensaio
realizado pelo laboratório são as seguintes:
 Eritrograma: policromatofilia acentuada, anisocitose acentuada,
microcitose e hipocromia confirmadas em lâmina;
 Leucograma: neutrofilia, linfopenia;
 Plaquetas: trombocitose confirmada em lâmina.
Podemos observar que o animal apresenta um quadro anêmico já
avançado, com hematócrito característico de anemia intensa a moderada. Mas
o que realmente chama atenção, são os resultados dos índices hematimétricos
que, conforme já discutidos anteriormente, são característicos de anemia por
deficiência de ferro.
18

Tabela 1 – Resultados do primeiro exame realizado no paciente.


EXAME RESULTADO VALOR DE
REFERÊNCIA
Hemácias 4,3 5,7 a 7,4 m/µL
Hemoglobina 5,8 14 a 18 g/dL
Hematócrito 19,0 38 a 47 %
V.C.M. 44,2 63 a 77 fL
H.C.M. 13,5 21 a 26 pg
C.H.C.M. 30,0 31 a 35 g/dL
RDW 22,0 10 a 15 %
Leucócitos Totais 14.610 6.000 a 16.000/µL
Segmentados 12.711 3.000 a 11.500/µL
Eosinófilos 877 100 a 1.250/µL
Linfócitos 731 1.000 a 4.800/µL
Monócitos 292 150 a 1.350/µL
Plaquetas 628.000 200.000 a 500.000/µL
Legenda: V.C.M – Volume Corpuscular Médio; H.C.M. – Hemoglobina Corpuscular Média;
C.H.C.M. – Concentração de Hemoglobina Corpuscular Média; RDW - Red Cell Distribution
Width.

De acordo com Bohn (2013), esses resultados de VCM e CHCM baixos,


caracterizam a microcitose e a hipocromia, respectivamente. O autor explica
que os processos de mitoses adicionais no qual os precursores de eritrócitos
sofrem resultam em hemácias muito pequenas, ou seja, microcíticas. O autor
aborda que isso ocorre por conta da deficiência de hemoglobina que estas
células possuem, já que o ferro está comprometido, desta forma, elas exercem
uma tentativa de alcançar o nível de hemoglobina desejado (BOHN, 2013).
Bohn (2013) explica que a hemácia normocítica normocrômica contém
aproximadamente um terço de hemoglobina, enquanto que na anemia
ferropriva a diminuição de hemoglobina é evidente e progressiva, conforme o
ferro diminui, resultando em valores de HCM e CHCM abaixo do normal.
Elucidando um pouco mais sobre os índices hematimétricos, destaca-se
que o HCM e o CHCM possuem uma diferença sucinta. Basicamente, o CHCM
“corresponde à relação entre o peso da hemoglobina e a contagem de
eritrócitos” (THRALL et al., 2015, p. 65). A HCM é calculada a partir da
concentração de hemoglobina e da contagem de eritrócitos e, por isso, é
considerada redundante sendo pouco utilizada na rotina como parâmetro para
classificação de anemias (THRALL et al., 2015).
19

Uma questão interessante é discutida por Drakesmith (2014), o autor


coloca que a CHCM pode ser menos útil na classificação das anemias, isso
pode ser esclarecido pelo motivo de que na anemia regenerativa estão
presentes as células imaturas, ou seja, células que ainda estão produzindo
hemoglobina, diferente das hemácias maduras que possuem maior quantidade
de hemoglobina. O autor expõe que casos de anemia hipocrômica podem
acontecer com o valor de CHCM dentro da faixa de referência (DRAKESMITH,
2014).
Conforme comentado anteriormente, todo quadro clínico de anemia
por deficiência de ferro precisa ser elucidado pelo clínico para tratamento da
causa de base (MCCOWN & SPECHT, 2011). Neste caso, o hemograma
revela anemia microcítica e hipocrômica, acompanhada de sinais de
regeneração de série vermelha e trombocitose. Todos esses resultados
corroboram com praticamente todas as informações expostas sobre a anemia
por deficiência de ferro neste trabalho.
Após o resultado do primeiro hemograma, o animal foi submetido ao
tratamento disposto pelo clínico com suplementação de ferro por via oral por
vinte dias. Segundo alguns autores, é muito comum esse tipo de tratamento ser
escolhido quando o clínico se depara com um hemograma como o apresentado
acima, porém, nota-se que a absorção intestinal do ferro por cães é
relativamente baixa e as rações comerciais contém teor ferro considerado
acima daquele capaz de ser absorvido, mesmo considerando o aumento da
necessidade deste íon no caso de um quadro de anemia ferropriva (TRHALL et
al., 2015).
Em contrapartida, a homeostase do ferro precisa ser recuperada e,
com isso, a suplementação pode ser bem vinda, desde que seja feita com base
no quadro anêmico do paciente, uma vez que, a sobrecarga de ferro pode levar
a intoxicação em cães e gatos, além de irritabilidade de mucosa gástrica
(NAIGAMWALLA, WEBB & GIGER, 2012).
Após trinta dias, o segundo exame foi realizado e o animal
apresentava piora clínica, solicitou-se hemograma, contagem de reticulócitos,
20

mensuração de ferro e de CTLF. Os resultados do exames estão descritos na


tabela 2.

Tabela 2 – Resultados do segundo exame realizado no paciente.


EXAME RESULTADO VALOR DE
REFERÊNCIA
Hemácias 4,2 5,7 a 7,4 m/µL
Hemoglobina 5,6 14 a 18 g/dL
Hematócrito 17,7 38 a 47 %
V.C.M. 42,1 63 a 77 fL
H.C.M. 13,3 21 a 26 pg
C.H.C.M. 30,6 31 a 35 g/dL
RDW 23,0 10 a 15 %
Leucócitos Totais 23.300 6.000 a 16.000/µL
Segmentados 21.436 3.000 a 11.500/µL
Eosinófilos 466 100 a 1.250/µL
Linfócitos 1.165 1.000 a 4.800/µL
Monócitos 233 150 a 1.350/µL
Plaquetas 942.000 200.000 a 500.000/µL
Contagem de reticulócitos 3,2 Acima de 2,5%
CTLF 550 165 a 418 mcg/dL
Ferro 31 30 a 180 mcg/dL
Legenda: V.C.M – Volume Corpuscular Médio; H.C.M. – Hemoglobina Corpuscular Média;
C.H.C.M. – Concentração de Hemoglobina Corpuscular Média; RDW - Red Cell Distribution
Width; CTLF – Capacidade Total de Ligação do Ferro.

As alterações celulares descritas no laudo com o resultado de ensaio


realizado pelo laboratório são as seguintes:
 Eritrograma: policromatofilia acentuada, anisocitose acentuada,
microcitose e hipocromia confirmadas em lâmina;
 Leucograma: leucocitose com neutrofilia;
 Plaquetas: trombocitose confirmada em lâmina;
 CTLF: exame repetido e confirmado.

As hemácias visualizadas neste hemograma estão demonstradas nas


figuras 1 e 2, podemos observar hemácias microcíticas e hipocrômicas, além
de plaquetas e hemácias policromatofílicas.
21

Figura 1 – Hemácias apresentando microcitose e hipocromia em paciente com anemia por


deficiência de ferro (maior aumento).

Figura 2 - Hemácias apresentando microcitose e hipocromia em paciente com anemia por


deficiência de ferro (menor aumento).

É importante destacar que para classificar a anemia em regenerativa


ou arregenerativa, é preciso realizar a contagem de reticulócitos e fazer a
correção do mesmo de acordo com o hematócrito do animal, esta técnica é
considerada padrão ouro para determinação do tipo de anemia no quesito
22

regeneração (THRALL et al., 2015). No presente trabalho, a contagem de


reticulócitos demonstrou resultado regenerativo.
Outro índice que também indica regeneração é o RDW (Red Cell
Distribution Width), explicando de forma mais grosseira, o RDW mensura o
nível de anisocitose presente nas células vermelhas, ou seja, a diferença de
tamanho entre as hemácias. O aumento do RDW, como o verificado neste
relato de caso, expressa a combinação de eritrócitos microcíticos, normocíticos
e até macrocíticos presentes na circulação, principalmente quando se trata de
um quadro anêmico com intensa regeneração (MEDEIROS, 2013).
O exame de CTLF foi realizado em um laboratório veterinário de apoio
pela técnica colorimétrica. O exame de mensuração do ferro sérico foi realizado
pela técnica colorimétrica cinética. Ambos possuem baixo custo e são
realizados com amostras de soro sem hemólise, em tubo com tampa vermelha
ou amarela, por isso são exames fáceis de serem inseridos na rotina clínica
laboratorial.
Nota-se que a mensuração de ferro e de CTLF, demonstram
resultados no limite inferior e muito superior ao normal, respectivamente.
Podemos destacar que o valor de CTLF é significativamente alto.
Relembrando, a determinação da CTLF está relacionada com o nível de
eritropoiese, e tem se mostrado uma ótima ferramenta diagnóstica, uma vez
que, a transferrina está relacionada não apenas no transporte do ferro para seu
estoque, mas também participa inteiramente do processo de entrada do ferro
no interior da célula (ALENCAR, KOHAYAGAWA & CAMPOS, 2002).
No presente relato a CTLF apresentou resultados aumentados, na
deficiência de ferro isso ocorre devido ao aumento dos receptores de
transferrina nas células, caracterizando a etapa de uso de reservas do ferro
para suprir a falta do íon na produção da porção heme (PIRES et al., 2011).
O ferro sérico mensurado encontra-se no seu limite inferior,
considerando o grau de anemia do animal e as alterações eritrocitárias, a
quantidade de ferro circulante é insuficiente caracterizando a deficiência do
mesmo. Em diversas situações na rotina da patologia clínica, os valores em
23

limite inferior precisam ser avaliados dentro de um contexto para que assim
possam ser interpretados adequadamente (THRALL et al., 2015).
Com isso, todos os fatores mensurados no relato de caso corroboram
com as alterações constantemente observadas em cães com anemia por
deficiência de ferro conforme descrito por outros autores citados neste trabalho.
É importante destacar que a mensuração de ferro e da CTLF são
exames que deveriam ser feitos com mais frequência, uma vez que, quando o
clínico se depara com um quadro anêmico, é imprescindível determinar a
causa primária para estabelecer o tratamento ideal (MEDEIROS, 2013).
O caso deste animal descrito no presente trabalho foi desvendado por
outro Médico Veterinário Clínico no qual o animal foi examinado cerca de dois
meses depois. O paciente manteve os sinais clínicos e foi submetido a uma
avaliação clínica, anamnese e ultrassonografia completa. Na palpação
abdominal percebeu-se tensão e uma massa profunda dentro da cavidade. Ao
realizar a anamnese, a proprietária relatou que o animal tinha acesso à rua, era
um animal semi domiciliado e que, portanto, o tutor não costumava ver o
aspecto das fezes e da urina do animal.
O exame de Ultrassonografia confirmou a presença da massa medindo
cerda de 17 cm no intestino grosso. O proprietário não quis dar continuidade ao
tratamento e solicitou a eutanásia do paciente.
Acredita-se que este animal tinha perda de sangue crônica através da
lesão ocasionada por uma possível neoplasia maligna localizada no intestino
grosso, porém, o diagnóstico não foi confirmado.
Infelizmente, no presente relato não foi possível aprofundar o
diagnóstico com outros exames recomendados como, por exemplo, o
mielograma. O mielograma seria utilizado para verificar o ferro medular, que
possivelmente estaria alterado. Esta técnica seria muito válida para fechar o
diagnóstico de deficiência de ferro e excluir a possibilidade de anemia
ocasionada por inflamação (ALENCAR, KOHAYAGAWA & CAMPOS, 2002).
A provável presença de uma neoplasia no intestino grosso, além de
ocasionar perda de sangue crônica e consequente anemia por deficiência de
ferro, pode ainda justificar a leucocitose com neutrofilia e linfopenia observada
24

nos dois exames, visto que, essas alterações são comuns em síndromes
paraneoplásicas e em quadros inflamatórios que possam estar sendo
ocasionados na mucosa intestinal (THRALL et al., 2015).
No presente trabalho pode-se perceber que o tratamento com
suplementação de ferro no qual o animal foi submetido não foi eficaz. Isso pode
ser justificado pelo motivo de que a causa primária da anemia não foi
solucionada e, portanto, de nada adianta repor o ferro se o problema que está
ocasionando a sua deficiência não foi resolvido. Com isso, mais uma vez
ressalta-se a seriedade do tratamento baseado na causa e não apenas na
apresentação clínica laboratorial do paciente.
De qualquer forma, independente da técnica de diagnóstico escolhida, a
investigação da causa é realizada impreterivelmente por um exame clínico
minucioso e, acima de tudo, por uma anamnese realizada detalhadamente
(TOSO, 2014). Neste trabalho, podemos perceber que é indispensável
averiguar o quadro clínico do paciente como um todo, fazendo uso de todas as
informações fornecidas pelo proprietário em conjunto com os detalhes
reparados no exame clínico e nos exames específicos (ALENCAR,
KOHAYAGAWA & CAMPOS, 2002).

4 CONCLUSÃO

A revisão de literatura sobre anemia por deficiência ferro e a descrição


deste relato de caso permite sugerir que este tipo de anemia precisa ser
diagnosticada com mais frequência de forma correta, isso é, com o uso de
25

exames específicos simples e acessíveis. Com isso, a investigação da causa


torna-se mais compreensível e o tratamento escolhido mais eficaz com maior
possibilidade de reversão do quadro. Ressalta-se sempre que a investigação
da doença primária através da anamnese e do exame clínico continuam sendo
indispensáveis na rotina clínica, mesmo com inúmeras opções de exames
diagnósticos disponíveis.

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Graduação/Mestre em Ciências Veterinárias)-Universidade Federal do Paraná,
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Can Vet J, Oakville, v. 53, n. 1, p. 250 – 256, mar. 2012.

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ferro em cães. Rev Ciência Rural, Santa Maria, v. 41, n.2, p. 272 – 277, fev.
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STOCKHAM, S. L.; SCOTT, M. A. Fundamentos de Patologia Clínica


Veterinária. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011.

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Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2015.

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São Paulo, v. 50., n. 2, p. 121 – 128, abr. 2013.
27

TOSO, M. R. Anemia da doença crônica. 2014. 32f. Trabalho de Conclusão


de Curso (Graduação em Medicina Veterinária)-Faculdade de Medicina
Veterinária, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Rio Grande do Sul,
2014.

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