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Relatos da Fábrica 2: Falemos sobre a “Escassez de

mão de obra”
A "escassez de mão de obra" não pode melhorar o trabalho e a vida dos
trabalhadores, mas pode dar ao trabalhadores mais valor para sua luta.
Esta é a razão pela qual temos visto uma série constante de greve nos
últimos 10 anos na China.

27/04/2018

Por Da Wei Yi Pai

Desde 2012 é publicada a revista Relatos da Fábrica com reportagens sobre as condições
e a luta dos trabalhadores no Delta do Rio das Pérolas (Zhujiang). O site  Gong
Chao SELECIONOU E TRADUZIU (para o inglês e para o espanhol) alguns desses relatos e
agora o Passa Palavra apresenta-os em português. Todos os relatos poderão ser lidos
CLICANDO AQUI.

(Relatos da Fábrica # 2, Março de 2012)


Depois do Ano Novo Chinês, os meios de comunicação começaram de novo a
difundir o velho tema de “escassez de mão de obra”. Desde um par de anos se
contam duas histórias: primeiro, o aumento dos custos tem di cultado o
negócio e os donos das fábricas querem um melhor tratamento do governo, já
que estão descontentes com a situação. Segundo, dizem que os trabalhadores
mudaram e já não querem trabalhar duro. Quanto disso é realmente certo?

Antes da “escassez de mão de obra”, na década de 1990, existiu o fenômeno do


desemprego alto e de longo prazo. Nesse momento, as empresas estatais
foram privatizadas, muitas se declararam falidas e foram fechadas. Um grande
número de pessoas se suicidaram depois da crise, e ao mesmo tempo uma
grande parte da mão de obra rural se dirigiu para as zonas industriais da
regiões costeiras para buscar uma saída. Sem embargo, regiões como o Delta
do Rio das Pérolas não podiam receber muitos trabalhadores migrantes.
Mesmo encontrando trabalho, tiveram que enfrentar sérios problemas:
salários baixos, horas de trabalho extremadas, atrasos salariais, acidentes de
trabalho, humilhação pessoal, etc., em qualquer caso, não era uma vida fácil.
Esse era o momento em que os chefes estavam em uma posição forte e podiam
escolher e selecionar os trabalhadores que queriam.

Nos últimos dez anos, a China experimentou um boom econômico


extraordinário. As regiões costeiras se converteram nas fábricas do mundo.
Apenas Shenzhen recebeu entre cinco e seis milhões de trabalhadores
industriais e, na região, se abriram inúmeras fábricas novas. Devido à
diminuição da força de trabalho, somada ao rápido desenvolvimento
industrial e a demanda de mão de obra, encontrar trabalho, especialmente em
postos de baixa remuneração e com pouca seguridade social (menos de 2000
yuans), é hoje em dia muito fácil. Não devemos esquecer de mencionar que
hoje em dia não é tão difícil para as pessoas do campo ter lhos. Entretanto, se
olharmos de perto, podemos ver que a “escassez de mão de obra” implica em
muito problemas reais que estão desmoralizando as pessoas. Por exemplo:
existe uma alta demanda por trabalhadoras jovens, por volta dos vinte anos,
elas mudam de emprego com frequência; o que não signi ca um problema
grave para as fábricas. Contudo, os namorados das trabalhadoras não tem a
mesma condição. Este ano, depois do Ano Novo Chinês, muitos trabalhadores
homens tiveram muito problemas para encontrar trabalho, inclusive aqueles
considerados quali cados enfrentaram di culdades para conseguir trabalho
nas grandes fábricas de Shenzhen, vendo-se obrigados a começar de novo nas
fábricas pequenas. Para os trabalhadores mais velhos o principal destino são
as fudidas fábricas ilegais.

Shenzhen

Em resumo, além do fato de que muitos trabalhadores migrantes ganham


apenas o su ciente para sobreviver, a “escassez de mão de obra” não signi ca
em absoluto um aumento dos salários e uma melhora das condições de
trabalho para eles. A grande maioria dos trabalhadores não pode exigir
absolutamente nada.

Então, qual é o objetivo quando os patrões e os meios de comunicação


controlam dia a dia o tema da “escassez de mão de obra” apenas para se
queixar? Os chefes são bons em bene ciar-se de qualquer coisa e encontram
as piores maneiras de tirar mais e mais dinheiro. O consenso publicitário em
torno da “escassez de mão de obra” já se converteu em um pretexto utilizado
pelos grandes e pequenos patrões para oprimir os trabalhadores. Em outras
palavras, muitas fábricas que não sofrem de “escassez de mão de obra”
publicam todos os dias anúncios para atrair mais trabalhadores. Ao fazerem
um escândalo sobre a “escassez da mão de obra”, na verdade atraem mais
trabalhadores e aumentam sua capacidade de seleção.

Falando sem rodeios, a investida da “escassez de mão de obra” signi ca que


as fábricas que não apresentam maiores problemas em relação aos salários e
condições, as que não parecem tão ruins como as outras, estão cheias de
trabalhadores. De fato, apenas não parecem ser tão ruins. Tomemos como
exemplo a famosa companhia eletrônica onde os trabalhadores tem pulado
continuamente dos edifícios desde 2010. Este ano, depois do Ano Novo Chinês,
foi declarado o “aumento proativo do salário mínimo” para 1.800 yuans,
criando certa hesitação entre os trabalhadores, que durou muito pouco tempo.
O que aconteceu realmente? 300 yuans foram descontados dos salários pela
comida e alojamento (dois anos antes eram grátis) e os trabalhadores
assalariados receberam o mesmo que o estipulado pelas normas de salário
mínimo de Shenzhen. Contudo, na empresa onde os trabalhadores pulavam
dos edifícios da fábrica, os trabalhadores eram “rigidamente controlados nas
horas extras”, prática chamada eufemisticamente de “permitir que os
trabalhadores descansem bem”. Por outro lado, aumentou-se a intensidade do
trabalho. Assim, enquanto trabalhavam mais duro, ganhavam o mesmo. Além
disso a dita empresa se aproveitou do fato de haver muitos trabalhadores e
diferentes seções.
A respeito da questão do aumento salarial, descaradamente os chefes
utilizaram um duplo padrão. Muitas funções com salário básico acima do
salário mínimo não obtiveram nenhum aumento. Na internet os trabalhadores
publicaram essa informação: alguns empregados quali cados receberam o
aumento de 7 RMB, outros de 10 RMB, mas outros não receberam nenhum
aumento em absoluto. Como resultado, levando em conta as deduções mensais
de seguridade social, alimentos e alojamento, muito empregados recebem
apenas 2.000 RMB. Porém, os chefes obtiveram o resultado que desejavam: a
contratação de trabalhadores depois do Ano Novo Chinês, que se deu sem
problemas, e mesmo que o salário básico de muitos novos empregados tenha
aumentado, depois da série de deduções o salário total basicamente não havia
mudado. Isto se fez em meio a todo o ruído sobre uma “ferida aberta”, a
necessidade de mudar as fábricas para o interior, a busca de um tratamento
preferencial por todas as partes e com todo o caos que se fez para obtê-lo.

Em resumo, os chefes aproveitaram o fato de que o público havia aceitado a


existência de uma “escassez de mão de obra”: os pequenos chefes usavam
frequentemente a oportunidade de baixar os salários, apresentando um nível
bastante alto de “salário composto” para ter mais horas extras do que o
permitido pela legislação laboral. Frequentemente os chefes fazem ameaças na
forma de pergunta: “Não aceita?”, dando em seguida a seguinte justi cava:
“Atualmente, não ganhamos nenhum dinheiro mantendo a fábrica aberta; é só
para garantir o emprego…” Os chefes um pouco maiores realizam manobras
ruins e truques como a mudança de endereço interior, as fusões, a colaboração
com o Estado para reduzir impostos, etc.

O que signi ca “escassez de mão de obra” para os trabalhadores? Obviamente,


os trabalhadores se atrevem a esperar aumentos salariais substanciais e uma
melhora das condições de trabalho, já que uma “escassez de mão de obra”
implica em existirem oportunidades de emprego relativamente abundantes
para os trabalhadores chineses. Relativamente, muitos trabalhadores não se
preocupam muito com seus próprios direitos e opções, estão muito
interessados em um ambiente de emprego relativamente relaxado. Quando os
trabalhadores se sentem fora das formas de luta é pouco provável que
cheguem longe e arrisquem tudo para provavelmente não ter o que comer.
Deste ângulo, se o auge industrial continua, os trabalhadores do Delta do Rio
das Pérolas aprenderam mais ou menos sobre seu próprio poder,
desenvolveram con ança em si mesmos e acumularam uma experiência em
primeira mão de resistência de classe.

A “escassez de mão de obra” não pode melhorar o trabalho e a vida dos


trabalhadores, mas pode dar ao trabalhadores mais valor para sua luta. Esta é a
razão pela qual temos visto uma série constante de greve nos últimos 10 anos.

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