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INTRODUÇÃO
O foco, aqui, é manter o indivíduo condenado livre, desde que atendidos alguns requisitos
legais e cumpridos alguns deveres, quais sejam: prestação de serviços à comunidade;
limitação de fim de semana; interdição temporária de direitos; perda de bens e valores; ou
prestação pecuniária. Assim, além de menos onerosas, tais sanções têm maior efetividade
tanto na prevenção do crime quanto na ressocialização do indivíduo.
Ademais, o texto expõe a necessidade do Estado em dar condições estruturais para que a
norma jurídica, no que tange a finalidade da prisão - a ressocialização - seja efetivada e
cumpra sua função no sistema prisional brasileiro.
No regime fechado, o indivíduo deve trabalhar no período diurno, com isolamento no repouso
noturno. É admissível o trabalho externo (remunerado) em obras públicas, se cumprido ao
menos um sexto da pena.
Já no regime semiaberto, a pena será cumprida em colônia agrícola, industrial ou similar. Seu
tempo pode ser remido tanto pelo trabalho quanto pelos estudos. Quanto ao trabalho, ficará
sujeito durante o período diurno.
Sobre a progressão de regime, para que o condenado progrida, deverá ter cumprido ao menos
1/6 da pena no regime anterior, e ter bom comportamento. Já para os crimes hediondos, deve-
se cumprir de 2/5 da pena (primário) ou 3/5 da pena (reincidente).
1.1. Os princípios que regem o sistema penal brasileiro
No Brasil, tem-se um Direito Penal voltado à intervenção mínima, agindo apenas em ultima
ratio. Hodiernamente, está mais intervencionista e preventiva, pela necessidade de suavizar a
sensação de insegurança motivada pelo crescente aumento da criminalidade.
Val dizer que o sistema foi construído para proteger o indivíduo do arbítrio do jus puniendi
estatal. O direito penal, desse modo, precisa ser previsível no respeito às diretrizes impostas
pelos princípios do direito constitucional criminal. Alguns princípios penais descendem
diretamente do princípio da dignidade da pessoa humana; outros, de caráter garantista, estão
concretizados no notório art. 5º da Carta Magna pátria.
2. Finalidade da pena
A pena é um modo de punir quem desobedeceu alguma norma penal. Sobre isso, fala-se de
uma teoria absoluta e outra relativa da pena. Na primeira, a finalidade da pena é retributiva:
visa-se punir o agente infrator (um mal justo ao mal injusto do crime). A crítica a esta é que a
pena não tem qualquer finalidade prática; mero instrumento de “vingança” do Estado contra o
criminoso. Já na teoria relativa, a pena é de caráter preventivo: visa evitar novos crimes. Tem
um viés negativo (intimidação coletiva; coerção) e outro positivo (tranquilizar a sociedade).
No que tange a finalidade da pena, o Brasil adota a Teoria Unitária,/Conciliatória. A pena tem
três fins: retribuição, prevenção geral e prevenção especial. Cada um é identificado em
momento próprio, ou seja, na pena em abstrato visa à prevenção (foco na sociedade) e atua
antes da prática do delito. Já na pena em concreto, foca-se no delinquente, buscando evitar a
reincidência e que retribua o mal causado; por fim, a pena na execução, que visa o
delinquente objetivando sua ressocialização.
Conforme determina o Art. 44 do CP, as penas restritivas de direitos (penas alternativas), são
autônomas e substituem as penas privativas, tendo como condição: ser a pena privativa de
liberdade não superior a 04 (quatro) anos e o crime não for cometido com violência ou grave
ameaça à pessoa, ou, qualquer que seja a pena aplicada, se o crime for culposo.
A pena privativa de liberdade, não superior a quatro anos, poderá ser convertida em restritiva
de direitos, desde que: o condenado esteja em regime aberto; tenha cumprido pelo menos ¼
(um quarto) da pena; os antecedentes e a personalidade do condenado indiquem. Se o
condenado, que, no exercício da pena, lhe resta cumprir um quantum igual ou inferior a
quatro anos, e preencher os demais requisitos, poderá converter a pena em restritiva de
direitos.
As infrações penais, aqui, são de pequeno ou de médio potencial ofensivo, sendo a sanção
alternativa imposta no lugar da privativa de liberdade. Porém, se no cumprimento da pena
alternativa, o condenado descumpre suas obrigações, haverá a reconversão obrigatória, com o
retorno do infrator ao cárcere.
As vantagens: evitam que um condenado por crimes de menor potencial esteja com presos
mais “graves”; diminuem gastos com o Sistema Penitenciário; possibilitam a reeducação e
ressocialização dos presos, evitando a reincidência e transformando os serviços gratuitos
prestados pelo sentenciado em benefícios para a toda sociedade.
Há, ainda, o benefício ao Estado, pois o gasto com a aplicação dessas penas é muito menor
que o gasto com a aplicação das penas restritivas de liberdade. Também, as vantagens à
vítima do crime são bem maiores, já que o condenado reintegrado estará bem mais consciente
do dever de reparação do crime, e terá muito mais condições de reparar seu erro mais rápido.
As vantagens das penas alternativas são inúmeras tanto para a sociedade, para instituições
beneficiadas e para o apenado. Há a diminuição a superlotação carcerária; redução dos gastos
abusivos do Estado com cada condenado, podendo ele ficar livre para fazer investimentos
mais urgentes e primordiais; redução a reincidência; diminuição da criminalidade (mais
segurança social); não contaminar o infrator pelo convívio com detentos mais perigosos;
benéfica a entidades sem fins lucrativos.
No que tange aos pontos negativos não há muito que enumerar. A principal desvantagem diz
respeito à fiscalização do cumprimento desse tipo de pena. A efetiva execução da não-
restrição da liberdade como pena é ainda um desafio muito grande para a política penal atual.
É preciso existir um mecanismo eficiente para fiscalização que transmita segurança para a
sociedade e para os operadores do direito.
CONCLUSÃO
O Direito Penal Mínimo, que valoriza a pessoa humana e objetiva a recuperação, reeducação
e reintegração social do apenado, age por meio das penas alternativas que substituem a prisão.
Visa-se, a partir delas, colocar em prática o principal objetivo das penas: a reintegração à
sociedade. Portanto, embora toda atitude criminosa mereça uma punição, a pena alternativa
vem como forma punir e, também, tentar ressocializar o apenado, sem ferir sua dignidade ou
retirá-lo do tecido social.