Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
Moçambique: um perfil
Teresa Maria da Cruz e Silva
Apresentação: o País
Retroceder/Back Introdução
1. Estratégias de Desenvolvimento do país nos campos político,
económico e social
1.1. O legado colonial
1.2. Transição e consolidação da independência nacional (1974-1977)
1.3. A construção do socialismo (1977-1983/4)
1.4. A abertura da economia e para uma transição política (1984-1992)
1.5. Reconstruindo uma nova sociedade (1992-1999)
2. Produção do conhecimento científico: as ciências sociais
Notas
Bibliografia
Apresentação: o País
vivos e a esperança de vida à nascença era de 46 anos, sendo de 47.5 para a mulher
e 44.5 para os homens. No período de 1992-1997 a taxa global de fecundidade era
de 5.8 filhos por mulher (PNUD, 1998).
INTRODUÇÃO
i)1885-1926: com uma economia dominada por grandes plantações exploradas por
companhias majestásticas não portuguesas onde se praticava a monocultura de
produtos de exportação (sisal, açucar e copra), no centro e norte do país, com base
em mão de obra barata. As companhias, por sua vez, também controlavam o
mercado da venda de força de trabalho para países como a Rodésia, Malawi
(Niassalândia), Tanganhica, Congo Belga e em alguns casos a África do Sul
(WUYTS, 1980:12-13). No sul, predominava a exportação de mão de obra para
alimentar o capital mineiro da África do Sul. Os acordos assinados entre Portugal
e a África do Sul para a exportação da mão-de-obra, traziam rendimentos
específicos ao Estado colonial, quer através de impostos, quer da utilização dos
caminhos de ferro que ligavam o porto de Lourenço Marques à África do Sul, quer
ainda através da utilização do próprio porto, para o trânsito de mercadorias;
https://www.ces.uc.pt/emancipa/gen/mozambique.html 3/14
11/17/2019 RES: Moçambique
O hiato provocado pela saída massiva dos portugueses que haviam preenchido a
maior parte dos lugares do quadro da administração e do aparelho económico,
depois da proclamação da independência nacional, teve que ser preenchido e
assumido pela FRELIMO. As mudanças operadas em Moçambique pelo sistema
de administração portuguesa em finais do período colonial, não foram
suficientemente abrangentes de molde a criarem uma élite negra educada. Na
altura da independência, Moçambique tinha uma população com um percentagem
de 90% de analfabetos, um número reduzido de técnicos e pessoas com formação
superior. No geral, havia poucas pessoas preparadas para preencherem os lugares
abruptamente deixados pelos portugueses. É importante registar que o êxodo de
portugueses e de alguns indianos neste período entre a transição e o pós-
https://www.ces.uc.pt/emancipa/gen/mozambique.html 4/14
11/17/2019 RES: Moçambique
https://www.ces.uc.pt/emancipa/gen/mozambique.html 5/14
11/17/2019 RES: Moçambique
Como diz Hanlon (1997), desde os anos 60, quando a FRELIMO iniciou a guerra,
pairava sobre ela a nuvem da guerra fria, com os Estados Unidos e a NATO ao
lado de Portugal, o que levou este movimento a aliar-se à União Soviética e à
China. Nos anos 70, o abrandamento da guerra fria trouxe novas esperanças à
África Austral, e o debate sobre a Nova Ordem Internacional havia mesmo criado
ao ‘terceiro mundo’ a esperança de acesso ao ‘financiamento internacional para os
seus programas de modernização’(4) . Em Moçambique, o novo governo tentava
introduzir uma política de desenvolvimento socialista. Depois da independência do
Zimbabwe em 1980, os regimes de maioria formaram a SADCC (hoje SADC),
Conferência para a Coordenação do Desenvolvimento da África Austral. Logo a
seguir, com Reagan nos Estados Unidos e Tacher na Grã-Bretanha, há um ‘volt-
face’, e a guerra fria explode de novo, com consequências no Afeganistão,
Camboja, El Salvador, Angola e Moçambique (NEWITT, 1997). O governo de
Moçambique foi rotulado como comunista, e entrou na ‘lista negra’ dos Estados
Unidos da América, que em consequência disso apoiou indirectamente e encorajou
a guerra de desestabilização contra Moçambique, através da África do Sul. A
guerra que durou até aos anos 90 teve prejuízos inestimáveis (HANLON, 1997: 14.):
das 5886 escolas do ensino primário do primeiro grau, 3498 (60%) foram
encerradas ou destruídas; na Zambézia, só 12% continuaram a funcionar
até ao fim da guerra;
https://www.ces.uc.pt/emancipa/gen/mozambique.html 7/14
11/17/2019 RES: Moçambique
A componente externa de apoio a esta guerra, se bem que não possa ser ignorada,
reflecte apenas uma parte das razões que levaram à sua manutenção. É também
necessário tomar em linha de conta os problemas internos do país e as políticas e
estratégias utilizadas pela FRELIMO como resposta à crise existente, que
marcaram um distanciamento entre o governo e a população, criando um
descontentamento que ajudou a alimentar o conflito armado.
https://www.ces.uc.pt/emancipa/gen/mozambique.html 8/14
11/17/2019 RES: Moçambique
https://www.ces.uc.pt/emancipa/gen/mozambique.html Í Ê 9/14
11/17/2019 RES: Moçambique
Os estudos universitários foram apenas introduzidos nos anos 60, com a criação de
uma escola superior. Os cursos de Ciências Sociais e Humanas, estavam
restringidos apenas a algumas disciplinas, onde não havia lugar para estudos
relativos à Sociologia, à Antropologia e às Ciências Políticas. A táctica de ‘dividir
para reinar’ que tão bem caracterizou vários processos de colonização no mundo,
foi também aplicada pelo governo colonial no direccionamento da produção
intelectual em Ciências Sociais, como o atestam as formas como o regime
manipulou a produção científica nos campos da História e da Antropologia.
https://www.ces.uc.pt/emancipa/gen/mozambique.html 10/14
11/17/2019 RES: Moçambique
https://www.ces.uc.pt/emancipa/gen/mozambique.html É 11/14
11/17/2019 RES: Moçambique
No campo das publicações está talvez uma das maiores fragilidades, uma vez que
as nacionais não são difundidas, e vivem permanentemente entre a falta de fundos,
de pessoal qualificado para realizar a gestão da sua produção, e muitas vezes até
de um desinteresse da parte de investigadores moçambicanos em publicar em
revistas moçambicanas. Assim, é por vezes mais fácil encontrar artigos e até livros
sobre Moçambique e elaborados por autores moçambicanos em revistas e editoras
no estrangeiro do que no país. Devemos no entanto destacar duas revistas, que
apesar de enfrentarem algumas dificuldades vão conseguindo manter um perfil de
qualidade e reconhecimento internacional: i) Arquivo uma revista de História e
Ciências Sociais, editada pelo Arquivo Histórico de Moçambique, e ii) Estudos
Moçambicanos, uma revista de Ciências Sociais, editada pelo Centro de Estudos
Africanos, ambas da Universidade Eduardo Mondlane.
NOTAS
BIBLIOGRAFIA
https://www.ces.uc.pt/emancipa/gen/mozambique.html 12/14
11/17/2019 RES: Moçambique
https://www.ces.uc.pt/emancipa/gen/mozambique.html 13/14
11/17/2019 RES: Moçambique
MacArthur Foundation
Centro de Estudos Sociais
Fundação Calouste Gulbenkian
https://www.ces.uc.pt/emancipa/gen/mozambique.html 14/14