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11/17/2019 RES: Moçambique

Moçambique: um perfil
Teresa Maria da Cruz e Silva

Apresentação: o País
Retroceder/Back Introdução
1. Estratégias de Desenvolvimento do país nos campos político,
económico e social
1.1. O legado colonial
1.2. Transição e consolidação da independência nacional (1974-1977)
1.3. A construção do socialismo (1977-1983/4)
1.4. A abertura da economia e para uma transição política (1984-1992)
1.5. Reconstruindo uma nova sociedade (1992-1999)
2. Produção do conhecimento científico: as ciências sociais
Notas
Bibliografia

Apresentação: o País

País: Moçambique situa-se na zona austral e na costa oriental de África. Com


uma supefície de 799.380 quilómetros quadrados, faz fronteira a norte com a
Tanzania, a ocidente com o Malawi, Zambia, Zimbabwe e África do Sul, e a Sul
com a Swazilandia e a África do Sul. A sua faixa costeira, na zona este do
território, é banhada pelo oceano Indico, numa extensão de 2.515 quilómetros.

População: A população de Moçambique é estimada em 15.7 milhões de


habitantes (censo 97), sendo 7.5 milhões de homens e 8.3 milhões de mulheres,
com uma média de 20 habitantes por quilómetro quadrado, onde a descrepância é
extraordinariamente variável. A situação geográfica e a história deste país,
marcada por vários processos migratórios, resultou num grupo populacional
heterogéneo com características multiculturais e multiétnicas.

Moçambique tem uma população predominantemente rural, com uma percentagem


de 23% dos seus habitantes em áreas urbanas. Maputo, a capital (ex-Lourenço
Marques), no sul do país, e a cidade da Beira, no centro do país, têm os mais
elevados índices de concentração de população urbana, representando o imenso
mosaico cultural que é Moçambique. A língua oficial é o português, embora
declarado como língua materna de apenas 5% da população, durante o censo de
1997. Das diversas línguas de origem bantu faladas nos país, as que cobrem um
índice mais elevado de populações, enquanto língua materna são: emakua (1/3 da
população); xisena,(1/4 da população); xitsonga (1/5 da população) e xitswa (1/8
da população).

Saúde, Educação e economia: Depois da independência (1975), o governo


expandiu os cuidados primários de saúde às zonas rurais e introduziu a educação
nas componentes fundamentais dos programas de desenvolvimento da sociedade.
Entre 1975 e 1982 duplicou o número de ingressos nas escolas primárias e a taxa
de analfabetismo foi reduzida em 20%. A guerra destruíu uma parte importante de
infraestruturas económicas e sociais, tendo afectado as comunicações dentro do
país, o comércio rural, a saúde e a educação. Está em processo, um programa para
a reabilitação dessas infraestruturas, com particular atenção para escolas, postos de
saúde e vias de comunicação mais importantes para garantir o estabelecimento das
ligações entre as diversas províncias e distritos. Em 1997, a taxa bruta de
natalidade era de 45.2 por mil habitantes e a taxa bruta de mortalidade era de 18.6
por mil habitantes. A taxa de mortalidade infantil era de 134 por mil nascidos
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vivos e a esperança de vida à nascença era de 46 anos, sendo de 47.5 para a mulher
e 44.5 para os homens. No período de 1992-1997 a taxa global de fecundidade era
de 5.8 filhos por mulher (PNUD, 1998).

A economia moçambicana, basicamente agrícola (80%), assenta em grande


medida na produção familiar camponesa. A economia socialista havia orientado os
investimentos nesta área para as grandes machambas estatais (farms) e a produção
e organização dos camponeses em aldeias comunais. A liberalização da economia
e o fim da guerra melhoraram a situação da produção alimentar mas não
resolveram os constrangimentos que impedem o crescimento e expansão desta
actividade, bem como do comércio rural. A indústria manufactureira desenvolvida
no país durante o sistema colonial tinha um base frágil. A política socialista tinha
como objectivo fazer um investimento na indústria pesada. Com a guerra e o
processo de privatização, crescem as taxas de desemprego na indústria
manufactureira, em crise. Entre 1995 e 1997 verificou-se um nítido crescimento do
Produto Interno Bruto, o qual passou, de 1.3 em 1995, para 6.6 em 1996 e 14.1 em
1997 (PNUD, 1998).

INTRODUÇÃO

Moçambique tornou-se independente em 1975, depois de uma luta armada de


libertação nacional. A FRELIMO - Frente de Libertação de Moçambique, que
havia conduzido a luta durante 10 anos, formou o primeiro governo, com um
programa de trabalho orientado para a construção de uma sociedade socialista.

Em 1976 surgiram os primeiros indícios de desestabilização em Moçambique, cujo


desenvolvimento atinge a forma de uma guerra civil alargada a todo o país,
sobretudo na década de 80, opondo o governo e a RENAMO - Resistência
Nacional de Moçambique. A desestabilização provocada por estes conflitos
internos é agravada por agressões militares que a Rodésia faz a Moçambique, mais
tarde transferidas para o regime de apartheid da África do Sul. Apenas em 1992,
com a assinatura do ‘Acordo Geral de Paz’ entre a FRELIMO e a RENAMO,
cessam as hostilidades e inicia-se um processo de paz e reconciliação.

A década de 80 marca a transição de uma economia centralmente planificada para


uma economia aberta, de mercado. Nos anos 90, concretiza-se a transição política
anteriormente iniciada, onde se destaca a introdução de uma constituição pluralista
e a emergência de um processo de descentralização política e administrativa.

Com este perfil, pretendemos apresentar um resumo informativo sobre a evolução


dos acontecimentos políticos, económicos e sociais em Moçambique, no período
pós-independência, e os desenvolvimentos no campo científico, particularmente
nas Ciências Sociais, que acompanharam estes processos.

O texto está organizado nos seguintes pontos: i) estratégias de desenvolvimento do


país nos campos político, económico e social, ii) produção do conhecimento
científico: as ciências sociais, e contém ainda iii) uma lista de referências
bibliográficas, sobretudo de trabalhos publicados, mapas e quadros.

1-ESTRATÉGIAS DE DESENVOLVIMENTO DO PAÍS NOS CAMPOS


POLÍTICO, ECONÓMICO E SOCIAL

Existe hoje uma extensa bibliografia em Português e em Inglês (1) sobre o


assunto que estamos a tratar, utilizando periodizações semelhantes, ou mais ou
menos diferenciadas, o que reflecte também diferentes orientações e interpretações
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dos impactos dos diversos acontecimentos internos ou externos, sobre o


desenvolvimento do país. Com este conjunto de informações, cuja análise resulta
do trabalho sobre fontes secundárias e não sobre dados empíricos provenientes do
nosso trabalho de pesquisa, pretendemos apenas trazer a vosso conhecimento
alguns pontos que consideramos importantes para contextualizar o
desenvolvimento da pesquisa em Moçambique, no âmbito do projecto
‘Reinventing Social Emancipation: exploring the possibilities of counter-
hegemonic globalization’, do qual todos nós fazemos parte. Muito embora o nosso
enfoque se concentre num passado mais recente, começaremos a nossa
apresentação por introduzir o período colonial, uma forma de introduzir os
problemas de transição do colonialismo para a independência.

1.1- O legado colonial

Entre a chegada do primeiro navegador português a Moçambique (1498) e o


controle efectivo do território e a instalação da administração colonial, decorreu
um processo difícil de dominação das diversas organizações políticas africanas que
detinham o poder no território. A ocupação efectiva ocorreu em finais do século
passado, com a dominação do Estado de Gaza no sul do país, embora apenas na
década de 20, a administração colonial tenha passado a assumir um real controle
do território.

O desenvolvimento do colonialismo Português em Moçambique, pode ser


grosseiramente dividido em três períodos (2) :

i)1885-1926: com uma economia dominada por grandes plantações exploradas por
companhias majestásticas não portuguesas onde se praticava a monocultura de
produtos de exportação (sisal, açucar e copra), no centro e norte do país, com base
em mão de obra barata. As companhias, por sua vez, também controlavam o
mercado da venda de força de trabalho para países como a Rodésia, Malawi
(Niassalândia), Tanganhica, Congo Belga e em alguns casos a África do Sul
(WUYTS, 1980:12-13). No sul, predominava a exportação de mão de obra para
alimentar o capital mineiro da África do Sul. Os acordos assinados entre Portugal
e a África do Sul para a exportação da mão-de-obra, traziam rendimentos
específicos ao Estado colonial, quer através de impostos, quer da utilização dos
caminhos de ferro que ligavam o porto de Lourenço Marques à África do Sul, quer
ainda através da utilização do próprio porto, para o trânsito de mercadorias;

ii)1926-1960: sob influência da construção do nacionalismo económico, este


período é marcado por uma intensificação do trabalho forçado e integração
crescente da economia de Moçambique numa economia regional dominada pela
África do Sul. O princípio do trabalho forçado e da introdução de culturas forçadas
marcam este período, como uma forma de proteger a burguesia portuguesa,
incapaz de concorrer com o capital mineiro e com as plantações, no acesso à mão
de obra.

iii)1960-1973: As mudanças políticas mundiais e a crise do regime de Salazar


durante este período levaram a diversas reformas políticas e económicas, que
conduziram, entre outras medidas, à abolição do trabalho e das culturas forçadas e
ao traçar de novas estatégias de desenvolvimento para as colónias. Algumas das
consequências das reformas políticas levaram à modernização do capital, com a
abertura da ecomonia ao investimento estrangeiro. É neste período e neste
contexto de modernização do capital que se fazem investimentos na indústria
manufactureira.

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A economia colonial sobreviveu durante muitos anos na base de uma dependência


de dois sistemas, o trabalho migratório e o trabalho e agricultura coercivos, mesmo
depois da abolição formal das culturas e do trabalho forçado. O colonialismo
português introduziu mecanismos impeditivos do crescimento de uma burguesia
negra, agrícola ou comercial. Assim, embora houvesse uma diferenciação de
classe e até mesmo alguns ‘koulaks’ e pequenos comerciantes, o sistema de
produção agrícola e industrial manteve-se nas mãos da burguesia portuguesa
(FIRST, R., MANGHEZI, A., et al ,1983; CEA,1998; WUYTS, M. & O’LAUGHLIN, B.,1981).

Um olhar sobre a rede de estradas e caminhos de ferro de Moçambique, no período


colonial, facilmente nos ajudará a avaliar a orientação destes para uma economia
de serviços, que ligava os países do ‘hinterland’ ao exterior, através dos portos
moçambicanos. Cerca de metade das divisas de Moçambique eram geradas pelos
serviços de transportes e portos para os países vizinhos (3)

A reacção à dominação colonial havia sido marcada por vários tipos de


contestação, através da literatura, arte e greves de trabalhadores, movimentos esses
que assumiram aspectos mais radicais com o desenvolvimento dos movimentos
nacionalistas em finais da década de 50 e inícios da década de 60. Nos anos 60, a
FRELIMO, Frente de Libertação de Moçambique, fundada no exílio, inicia a luta
armada de libertação nacional (1964), que só veio a culminar 10 anos depois.

No processo de luta, a FRELIMO criou as ‘zonas libertadas’, áreas no interior do


território moçambicano fora do controle da administração portuguesa, funcionando
como um ‘Estado dentro de um Estado’, com um sistema próprio de
administração. À medida que a guerra avançava, as ‘zonas libertadas’ foram
nascendo sucessivamente nas províncias de Cabo Delgado, Niassa e Tete. A sua
forma de organização é uma ilustração dos esforços tentativos feitos pela Frente de
Libertação de Moçambique para criar uma alternativa à sociedade colonial, com
uma economia sem ‘exploração do homem pelo homem’, com formas colectivas
de produção e de comercialização e a implantação de bases democráticas (ADAM,
1997: 4). Como diz Yussuf Adam, o modelo idealizado pela FRELIMO, acabou por
ser mais uma utopia do que uma realidade, tendo porém, pelo menos até certo
ponto, servido de inspiração para traçar o modelo socialista de desenvolvimento
implantado em Moçambique depois da independência, onde se pretendia negar
quer os modelos de desenvolvimento coloniais, quer os neo-coloniais.

1.2- Transição e consolidação da independência nacional (1974-1977)

Com o cessar-fogo e a assinatura dos ‘Acordos de Lusaka’ em Setembro de 1974,


sucede-se a criação de um governo de transição, composto por representantes da
FRELIMO e do governo português, cuja duração se estende até à independência
nacional de Moçambique, a 25 de Junho de 1975.

O hiato provocado pela saída massiva dos portugueses que haviam preenchido a
maior parte dos lugares do quadro da administração e do aparelho económico,
depois da proclamação da independência nacional, teve que ser preenchido e
assumido pela FRELIMO. As mudanças operadas em Moçambique pelo sistema
de administração portuguesa em finais do período colonial, não foram
suficientemente abrangentes de molde a criarem uma élite negra educada. Na
altura da independência, Moçambique tinha uma população com um percentagem
de 90% de analfabetos, um número reduzido de técnicos e pessoas com formação
superior. No geral, havia poucas pessoas preparadas para preencherem os lugares
abruptamente deixados pelos portugueses. É importante registar que o êxodo de
portugueses e de alguns indianos neste período entre a transição e o pós-
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independência, foi acompanhado por uma ‘sabotagem’ da economia de


Moçambique, que pode ser caracterizada pelo esvaziamento das contas bancárias,
fraudes na importação de mercadorias e exportações ilegais de bens (carros,
tractores, maquinaria,etc). Na mesma altura, empresas e bancos portugueses
procederam ao repatriamento do activo e dos saldos existentes, criando assim um
rombo na economia de Moçambique

Logo após os primeiros anos de independência, a África do Sul iniciou um


processo de repatriamento de trabalhadores moçambicanos com contratos nas
minas, e o fluxo de recrutamento de trabalhadores sofreu uma redução nos anos
seguintes (de 120 000 para 40 000 num só ano) (HERMELE, 1998). Este processo foi
acompanhado por um redireccionamento da utilização dos serviços dos portos e
caminhos de ferro de Lourenço Marques, pela África do Sul (recorde-se que por
altura da independência nacional, mais de 90% dos serviços prestados pelos portos
e caminhos de ferro de Moçambique eram direccionados para os países vizinhos).
Em 1976,Moçambique adere às sanções das Nações Unidas contra a Rodésia
(Zimbabwe) e encerra as suas fronteiras com este país. Recorde-se que a Rodésia
era uma importante fonte de captação de divisas para Moçambique, não só através
da utilização do porto e dos caminhos de ferro da Beira, para o transporte de
mercadorias de trânsito, mas também através do consumo de derivados do petróleo
provenientes da refinaria em Maputo, para suprir os problemas de uma economia
embargada. O encerramento das fonteiras com a Rodésia, para além das
consequências económicas mencionadas, trouxe também um processo de
desestabilização a Moçambique (HANLON, 1997), como será referido mais à frente.
Com uma economia largamente dependente dos serviços prestados aos países
vizinhos, e na sequência do novo tipo de relações agora existentes com a Rodésia e
a África do Sul, Moçambique viu assim drasticamente diminuída a entrada de
divisas para o país.

As calamidades naturais que afectaram o país entre 1977 e 1978, os efeitos da


depressão sobre a economia moçambicana,de base agrícola, agravados pelos
aspectos acima mencionados, levaram o país a um declínio económico em espiral .

O novo governo independente, deveria não só organizar o funcionamento da


administração mas também garantir a produção e os mecanismos necessários para
manter uma economia operacional.Utilizando a sua experiência das zonas
libertadas e guiada por um programa de transformação socialista, a FRELIMO
traçou as suas estratégias para mudar a estrutura económica e social do país. As
mudanças radicais preconizadas pelo novo governo passavam necessariamente
pelo exercício de um controle estatal nas zonas rurais e por uma política de
intervenção nos sectores económicos e sociais.

Duas das grandes áreas de investimento na área social, foram a saúde e a


educação. Na educação, tentando contrariar as políticas coloniais, criam-se
condições para a entrada massiva de crianças nas escolas primárias, e priorizaram-
se estratégias para diminuir rapidamente os índices de analfabetismo e promover a
educação de adultos. Na área da saúde, criaram-se programas de saúde rural,
tentando assim estender a rede sanitária a todo o país e previlegiando a medicina
preventiva. Uma leitura pelos dados estatísticos sobre as áreas sociais, mostra-nos
que em 7 anos o número de ingressos nas escolas primárias duplicou e que no
mesmo período, quadriplicou o número de postos sanitários. No seu processo
de intervenção, com vista à massificação dos serviços sociais, o Estado procede à
nacionalização da saúde, da educação, da habitação e dos serviços de

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advocacia privada (1975), e mais tarde a outras intervenções no campo


económico.

A estratégia económica preconizada pela FRELIMO assentava na transformação


social baseada na modernização do campo através da criação de aldeias comunais
com facilidade de acesso a infraestuturas sociais como a saúde e educação,
aumento da produditividade através de um programa de introdução de uma
agricultura mecanizada nas machambas estatatais, uma tentativa para inverter o
processo de exploração colonial dos camponeses, e onde o Estado passava a fazer
a acumulação. Caberia também às machambas estatais o fornecimento de
alimentos às zonas urbanas, antes abastecidas pelos farmeiros portugueses. Esta
estratégia foi aprovada pelo 3o. Congresso da FRELIMO, realizado em Maputo,
em Fevereiro de 1977, e era conhecida como a ‘estratégia de socialização do
campo’. Neste Congresso, a FRELIMO também declarou a sua passagem de
Frente para um ‘Partido de Vanguarda Marxista-Leninista’, com a missão de
liderar, organizar, orientar e educar as massas, visando destruir as bases do
capitalismo e construir uma sociedade socialista.

As estratégias introduzidas pela FRELIMO depois da independência para manter a


produção e a economia em andamento, não conseguiram superar de imediato a
crise económica que afectava o país:

‘Entre 1974 e 1976, a produção de colheitas para exportação diminuíu em 40%,


o milho cultivado pelos camponeses em 20%, a mandioca em 61% e a produção
agrícola dos colonos (produtos hortícolas e alimentares para abastecimento das
cidades) em 50%. No mesmo período, a produção industrial baixou em 36%’
(NEWITT, 1997: 473; WUYTS, 1985: 186).

Os mesmos factores contribuíram ainda para a criação de dívidas de importação.


Assim, os trabalhadores desempregados do sector agrícola e das minas
sulafricanas iniciaram um processo de migração para as cidades. Numa tentativa
de controle da crise, o governo criou a Comissão Nacional de Abastecimentos.
Nesse processo, foi introduzido um sistema de controle de preços e um cartão de
racionamento, o ‘cartão de abastecimento’, por cada agregado familiar.

‘A estratégia de desenvolvimento permitiu um total monopólio pelo poder do


estado, e a sua hegemonia sobre todas as forças económicas e políticas’ (ADAM,
1997: 5-6).

1.3- A construção do socialismo (1977-1983/4)

Com a criação do Partido Marxista-Leninista, em 1977, criaram-se também os


‘movimentos democráticos de massas’ para enquadrar os trabalhadores, as
mulheres, a juventude, organizações criadas ‘de cima para baixo’ sob a tutela e
orientação do Partido. Durante este período, Moçambique estabelece relações com
os países do Leste europeu, de quem recebe inicialmente uma ajuda no campo
militar. Recorde-se que os primeiros indícios de conflitos armados haviam surgido
em 1976.

A adesão de Moçambique ao processo de sanções contra a Rodésia e o


encerramento das fronteiras entre os dois países, abriu o caminho para uma
história de hostilidades que havia de durar até aos anos 90. O apoio dado por
Moçambique aos guerrilheiros e refugiados zimbabweanos, agravou ainda mais as
relações entre os dois países. As incursões militares perpetradas pelo regime de Ian
Smith ao interior de Moçambique, foram agravados pelo apoio dado à criação e
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desenvolvimento de um movimento de oposição à FRELIMO, a RENAMO. Com


a independência do Zimbabwe, em 1980, a base de apoio deste movimento foi
transferida para a África do Sul, que por sua vez também realizou incursões
militares ao interior de Moçambique e criou um clima permanente de
instabilidade. A África do Sul tinha como objectivos retaliar a FRELIMO pelo
apoio dado ao ANC (Congresso Nacional Africano), através da destruição das
infraestruturas e da sua economia, por forma a obrigar a FRELIMO a sentar-se a
uma mesa de negociações. Com o apoio militar sulafricano, a RENAMO
aumentou o seu exército, de menos de 1000 efectivos em 1980, para 8000
efectivos em 1982 (Human Rights Watch, 1994: 8). Com zonas de combate em Manica e
Sofala, rapidamente as suas operações militares se expandiram por todo o país. Em
1982, a guerra tinha-se alastrado às províncias do sul, Gaza e Inhambane, e à
Zambézia.

Como diz Hanlon (1997), desde os anos 60, quando a FRELIMO iniciou a guerra,
pairava sobre ela a nuvem da guerra fria, com os Estados Unidos e a NATO ao
lado de Portugal, o que levou este movimento a aliar-se à União Soviética e à
China. Nos anos 70, o abrandamento da guerra fria trouxe novas esperanças à
África Austral, e o debate sobre a Nova Ordem Internacional havia mesmo criado
ao ‘terceiro mundo’ a esperança de acesso ao ‘financiamento internacional para os
seus programas de modernização’(4) . Em Moçambique, o novo governo tentava
introduzir uma política de desenvolvimento socialista. Depois da independência do
Zimbabwe em 1980, os regimes de maioria formaram a SADCC (hoje SADC),
Conferência para a Coordenação do Desenvolvimento da África Austral. Logo a
seguir, com Reagan nos Estados Unidos e Tacher na Grã-Bretanha, há um ‘volt-
face’, e a guerra fria explode de novo, com consequências no Afeganistão,
Camboja, El Salvador, Angola e Moçambique (NEWITT, 1997). O governo de
Moçambique foi rotulado como comunista, e entrou na ‘lista negra’ dos Estados
Unidos da América, que em consequência disso apoiou indirectamente e encorajou
a guerra de desestabilização contra Moçambique, através da África do Sul. A
guerra que durou até aos anos 90 teve prejuízos inestimáveis (HANLON, 1997: 14.):

a guerra atingiu principalmente as zonas rurais, onde foram destruídas


escolas e hospitais, raptados alunos e professores, destruídas
infraestruturas económicas, como pontes, estradas, cantinas e tractores;

das 5886 escolas do ensino primário do primeiro grau, 3498 (60%) foram
encerradas ou destruídas; na Zambézia, só 12% continuaram a funcionar
até ao fim da guerra;

do número de postos de saúde de nível primário, que entre 1975 e 1985,


havia passado de 326 para 1195, cerca de 500 foram encerrados ou
destruídos pela RENAMO;

mais de 3000 cantinas rurais foram encerradas ou destruídas;

estima-se que cerca de 1 milhão de pessoas tenha morrido, 1,7 millhões se


tenha refugiado nos países vizinhos e pelo menos 3 milhões estivessem
deslocadas das suas zonas de origem;

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A componente externa de apoio a esta guerra, se bem que não possa ser ignorada,
reflecte apenas uma parte das razões que levaram à sua manutenção. É também
necessário tomar em linha de conta os problemas internos do país e as políticas e
estratégias utilizadas pela FRELIMO como resposta à crise existente, que
marcaram um distanciamento entre o governo e a população, criando um
descontentamento que ajudou a alimentar o conflito armado.

A reestruturação radical da economia, através do modelo de economia


centralmente planificada pelo Estado, estava longe de solucionar os problemas
advenientes da tentativa de suprir a crise económica resultante da destruição da
economia colonial (5) e mostrou ser a menos adequada para a solução dos
problemas económicos e sociais existentes no país. As medidas económicas
preconizadas pelo Estado, tinham marginalizado os camponeses familiares a favor
do desenvolvimento de uma agricultura mecanizada, destruindo assim o sistema
que havia garantido a maior parte da produção para consumo interno e uma parte
da produção para exportação deste país. Era pois necessário repensar a estratégia e
avaliar o papel a desempenhar pelo Estado na gestão da economia (ADAM, 1997: 6-
7).

A guerra, a seca e as calamidades naturais alargaram o âmbito das pressões


internas para alteração das políticas da FRELIMO. A situação económica e social
sofriam uma degradação crescentes. Em algumas províncias era já visível o
espectro da fome e era necessário mobilizar recursos para o pagamento da dívida
externa (6) . As medidas de emergência para tentar suster a economia não
poderiam ser permanentes. Era difícil manter os níveis de emprego na indústria
com baixos níveis de rendimento ou subsidiar a improdutividade das machambas
estatais e manter também os subsídios para a alimentação das populações urbanas
ou para as áreas sociais como a saúde, a habitação e a educação, que acabaram por
conduzir a uma deterioração destes serviços. Entrara-se já numa fase de ruptura do
mercado, com uma hegemonia do mercado negro e uma consequente baixa
cambial. Nos princípios da década de 80, a situação económica do país
transportava já sinais alarmantes:

i. crescimento do nível de importações sem que houvesse disponibilidade de


divisas;

ii. os subsídios estatais à educação, saúde e despesas correntes do sector


estatal incluindo as empresas estatais levaram a um déficit no orçamento do
Estado. Isto resultou no endividamento público interno e externo;

iii. depois de 1984, Moçambique entra na fase da crise da dívida e perde a


credibilidade ‘creditícia’ junto dos mercados internacionais (PNUD, 1998: 51).

O decréscimo dos níveis de produção não podia de modo algum compatibilizar-se


com o nível de crescimento das populações, pelo que foi necessário fazer uma
contracção dos consumos, com impactos na redução da produção do bem-estar das
populações e a consequente deterioração dos seus níveis de vida. A estratégia
socialista apresentava sinais evidentes de desmoronamento. Em contrapartida, as
conversações para adesão ao Banco Mundial (BM) e ao Fundo Monetário
Internacional (FMI) avançavam progressivamente no cenário sócio-económico
local , o que veio a resultar no lançamento das reformas económicas. Em meados
da década de 80, são visíveis os esforços da FRELIMO no campo político e
económico, para alterar as consequências negativas resultantes da estratégia de
desenvolvimento utilizada anteriormente.

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1.4 A abertura da economia e para uma transição política (1984-1992)

As pressões políticas no campo interno e externo e a necessidade de receber ajuda


alimentar para superar a crise económica e as consequências da guerra e das
calamidades naturais levaram a FRELIMO a redifinir a sua política externa: i) em
1982 o governo ‘começou a cortejar os Estados Unidos e a fazer a sua "viragem
para o Ocidente" (HANLON, 1997: 15); ii) em 1984, assinou o ‘Acordo de Nkomati’
com a África do Sul, uma tentativa de cortar os apoios da África do Sul à
RENAMO. Com este acordo, criaram-se também alguns espaços para negociações
sobre a mão de obra moçambicana, e sobre o fornecimento da energia eléctrica de
Cabora-Bassa para a África do Sul.

Depois de uma fase de economia centralmente planificada, em 1985 dão-se os


primeiros passos para a sua liberalização, o que leva a uma transição. Visando
reverter as tendências negativas do crescimento económico através de um
reajustamento estrutural, em 1987 é introduzido o Programa de Reabilitaçao
Económica (PRE) e em 1990 o Programa de Reabilitação Económica e Social
(PRES). O programa de ajustamento estrutural, é um pacote que envolve o livre
comércio, a desregulamentação e a privatização. O governo liberalizou os
preços, praticamente terminou a sua gestão do mercado, cortou o seu orçamento
nos sectores sociais, e introduziu mudanças nas políticas da saúde e da educação,
onde foi estabelecido um sistema que atribui acesso com base no rendimento. As
reformas económicas introduzidas em Moçambique, nas duas últimas décadas
levaram a uma revitalização da economia, o que não pode ser mecanicamente
traduzido por uma redução da pobreza. ‘A pobreza, entendida como ausência
das condições para uma vida longa, instrução e um padrão de vida aceitável,
afecta a maioria esmagadora da população de Moçambique’ (PNUD, 1996: 81).
Organizações como o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional
classificaram este país na posição dos mais pobres do mundo.

1.5- Reconstruindo uma nova sociedade (1992-1999)

Em 1990 a FRELIMO introduziu uma nova constituição que permitia eleições


multipartidárias, a liberdade de imprensa e o direito à greve. Desde 1987 que se
faziam esforços para estabelecer conversações entre a FRELIMO e a RENAMO.
Em Julho de 1990 o governo e a RENAMO deram início às conversações em
Roma e em Outubro de 1992, também em Roma, Joaquim Chissano e Afonso
Dlakama assinaram o Acordo de Paz. O processo de cessar fogo, a desmobilização
e o repatriamento decorreram sem incidentes de maior, e em Outubro de 1994,
realizavam-se as primeiras eleições multiparditárias (presidenciais) em
Moçambique. Em 1998 realizaram-se as primeiras eleições para os órgãos locais,
estando também em preparação as segundas eleições presidenciais, calendarizadas
para 1999.

O processo de transição política já embrionário na década de 80, tem a sua


concretização nos anos 90. As crises económicas sucessivas e os processos de
transição que marcaram Moçambique entre 1974/75 e 1999 têm custos sociais, que
se reflectem na qualidade de vida das populações. A necessidade de contrair os
níveis de consumo para os adaptar à realidade económica do país e a incapacidade
e impossibilidade do Estado para prover o bem estar social impede que se crie um
sistema para a minimização dos efeitos sociais negativos das reformas
económicas, elevando os níveis de pobreza e o crescimento da exclusão, da
reivindicação e da violência.

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2- PRODUÇÃO DE CONHECIMENTO CIENTÍFICO: AS CIÊNCIAS


SOCIAIS

A produção científica na área das Ciências Sociais tem um papel fulcral a


desempenhar no diagnóstico e interpretação dos diversos processos sociais. No
entanto, ela não deixa de estar permeável ao meio ambiente em que se insere,
ficando assim exposta a manipulações que podem servir os interesses dos poderes
políticos. Com um enfoque no período pós-independência, na nossa breve análise
tentaremos ilustrar essa interpenetração entre produção científica e o meio em que
os seus produtores se inserem.

Nas colónias portuguesas, o desenvolvimento das Ciências Sociais, moldado para


legitimar o sistema político vigente, transformara o Estado colonial no sujeito da
história e as populações africanas no seu objecto. Em Moçambique, a maior parte
dos estudos produzidos durante este período, consistiam em descrições
etnográficas, estatísticas, estudos sobre questões da diplomacia portuguesa,
monografias, leis e instituições coloniais, visando legitimar e dar visibilidade à
presença portuguesa em Moçambique. O sistema de educação fora estruturado
para reforçar a ideologia do regime, e os paliativos introduzidos com as reformas
tentavam contornar a possibilidade de produzir uma élite educada que viesse a
constituir uma oposição política e um grupo forte de intelectuais.

Os estudos universitários foram apenas introduzidos nos anos 60, com a criação de
uma escola superior. Os cursos de Ciências Sociais e Humanas, estavam
restringidos apenas a algumas disciplinas, onde não havia lugar para estudos
relativos à Sociologia, à Antropologia e às Ciências Políticas. A táctica de ‘dividir
para reinar’ que tão bem caracterizou vários processos de colonização no mundo,
foi também aplicada pelo governo colonial no direccionamento da produção
intelectual em Ciências Sociais, como o atestam as formas como o regime
manipulou a produção científica nos campos da História e da Antropologia.

A independência de Moçambique, em 1975, trouxe consigo novos desafios nos


campos político, social e económico, e a necessidade de reconstruir e dar uma
nova direcção à produção científica na área das Ciências Sociais. Apesar do
reduzido número de pessoas com formação superior existente nessa época, uma
jovem geração de intelectuais moçambicanos estabeleceu a ruptura com os moldes
de produção científica vigentes, e trouxe uma nova abordagem à produção
científica e consequentemente aos programas e métodos de ensino neste mesmo
campo. Neste processo, jogou um papel vital o Centro de Estudos Africanos da
Universidade Eduardo Mondlane, particularmente no domínio da pesquisa, onde
as práticas de campo e a necessidade de combinar o trabalho empírico e o teórico
foram valorizadas, e a Faculdade de Letras da mesma universidade, que através de
debates, reformas curriculares e produção científica, trouxe também novas
contribuições. Mesmo assim, era ainda muito fraca a quantidade de cientistas
sociais e a produção científica estava ainda muito longe de responder às
necessidades reais de então.

O impacto do capitalismo colonial e a sua relação com a economia sulafricana e o


paradigma dos movimentos de libertação dominaram as temáticas da maior parte
das pesquisas realizadas durante este período (JOSÉ, 1989), uma ilustração dos
esforços feitos na época para a ‘recuperação’ da história de Moçambique e da
interpretação dos diversos processos de luta que haviam ocorrido, envoltos em
novas análises.

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Do período da produção socialista à economia de mercado e ao processo de paz e


reconstrução, a produção em Ciências Sociais no período pós-independência em
Moçambique, mostra-nos uma marcada influência dos diversos desafios, processos
de transição e reformas que num período tão curto abrangeram Moçambique.
Assim, o processo relativo à implantação de uma economia e uma sociedade
socialista, o impacto da guerra, o processo de paz e a construção de uma sociedade
democrática, marcam a produção científica em Moçambique. Não se pode de
modo algum ignorar o contexto regional, onde a dominação económica
sulafricana, o regime do apartheid e a nova África Austral pós-apartheid fazem
também parte dos interesses dos cientistas sociais deste período.

No processo das transições políticas porque Moçambique passou desde a


independência, diferentes disciplinas e áreas de trabalho foram recuperadas, de
acordo com necessidades específicas, justificações sociais e jogos e interesses do
poder. A título de exemplo poderemos mencionar o caso da Antropologia, que foi
severamente rejeitada por alguns intelectuais, logo após a independência nacional,
pela sua relação com a legitimação do poder colonial, e a produção paternalística
sobre a história dos povos africanos, seus ‘usos e costumes’, que agora está num
processo de ‘recuperação’ e num nítido processo de manipulação pelo poder para
justificar a necessidade política de ‘reafricanização’ e da integração das
‘autoridades tradicionais’ e ‘poder tradicional’ em Moçambique. Mais
recentemente, passaram também a desempenhar um papel de destaque os estudos
sobre religião e sociedade e sobre mulher e género, que em muitos casos são
também utilizados para servir os interesses das classes no poder e também para
atrair doadores. Muitos outros exemplos poderiam ainda ser aqui apresentados
para ilustrar a influência e o impacto que os desenvolvimentos políticos sociais e
económicos podem ter na produção científica. A falta de recursos financeiros, a
dependência em relação aos doadores e a ‘burocratização’ da investigação, gerida
de uma forma administrativa e onde a consultoria e pesquisa muitas vezes não se
destrinçam (REIS, 1997), fazem também parte dos nós de estrangulamento para uma
efectiva produção científica.

A necessidade de alargar o âmbito de pesquisa levou à criação, nas duas últmas


décadas, de vários centros de investigação multidisciplinares especializados, como
são os casos do Centro de Estudos Estratégicos do Instituto Superior de
Relações Internacionais, o Centro de Estudos de População e o Núcleo de
Estudos da Terra, ambos na Faculdade de Letras da Universidade Eduardo
Mondlane. Fora das instituições de ensino superior, é importante mencionar o caso
do ARPAC-Arquivo do Património Cultural, ligado ao Ministério da Cultura, que
reunindo um corpo de investigadores, entre antropólogos, sociólogos, historiadores
e musicólogos, faz um trabalho de levantamento e análise na área de Ciências
Sociais, e promove novas publicações.

Depois da independência nacional, Moçambique tinha apenas uma Universidade.


Hoje, tem uma universidade pública e dois institutos superiores, para a formação
de pessoal docente e na área de relações internacionais, contando ainda com 3
escolas superiores privadas, onde se leccionam alguns cursos de formação na área
de Ciências Sociais. Depois do encerramento dos cursos de Letras (História,
Geografia e Linguística) e de Ciências da Educação, em 1979 (por um período de
quase cinco anos), e mais tarde o curso de Direito, por razões que se prendem com
as estratégias políticas da época, em finais da década de 80 e inícios da década de
90, cria-se uma nova abertura para o repensar da importância das Ciências Sociais
no país. Abre-se a formação em Ciências Sociais, com a UFICS-Unidade de
Formação e Investigação em Ciências Sociais, com ramificações para a

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Sociologia, Antropologia e Administração Pública. É importante referir o facto das


instituições do ensino superior terem iniciado, também nas duas últimas décadas
um grande investimento na formação do seu corpo docente e os esforços que se
realizam para promover práticas de investigação.

No campo das publicações está talvez uma das maiores fragilidades, uma vez que
as nacionais não são difundidas, e vivem permanentemente entre a falta de fundos,
de pessoal qualificado para realizar a gestão da sua produção, e muitas vezes até
de um desinteresse da parte de investigadores moçambicanos em publicar em
revistas moçambicanas. Assim, é por vezes mais fácil encontrar artigos e até livros
sobre Moçambique e elaborados por autores moçambicanos em revistas e editoras
no estrangeiro do que no país. Devemos no entanto destacar duas revistas, que
apesar de enfrentarem algumas dificuldades vão conseguindo manter um perfil de
qualidade e reconhecimento internacional: i) Arquivo uma revista de História e
Ciências Sociais, editada pelo Arquivo Histórico de Moçambique, e ii) Estudos
Moçambicanos, uma revista de Ciências Sociais, editada pelo Centro de Estudos
Africanos, ambas da Universidade Eduardo Mondlane.

NOTAS

(1) Veja alguns exemplos na bibiografia anexa a este texto.


(2) Baseado no trabalho de Marc Wuyts: ‘Economia política do colonialismo em
Moçambique’, Estudos Moçambicanos (1), 1980, pp.9-22.
(3) Por alturas da independência nacional (1975), cerca de 90% dos serviços
prestados pelos portos de Moçambique, eram dirigidos aos países vizinhos. Veja:
HERMELE, K, 1988)
(4) ABRAHAMSSON & NILSSON, citados por HANLON (1997), p.11.
(5) Em 1974, a economia já tinha sido afectada pelo aumento do preço do
petróleo e outros bens manufacturados, a níve mundial.
(6) 1982 foi o último ano em que Moçambique esteve capaz de pagar a dívida.
ADAM, Y (1997), p.8.

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