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1. Introdução
*
Assistente Convidado na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa.
1 Diretiva (UE) 2017/828 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 17 de maio de 2017, que
altera a Diretiva 2007/36/CE no que se refere aos incentivos ao envolvimento dos acionistas a
longo prazo, publicada no JOUE L-132 de 20 de maio de 2017.
2 Diretiva 2007/36/CE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 11 de julho de 2007, relativa
ao exercício de certos direitos dos acionistas de sociedades cotadas, publicada no JOUE L-184
em 14 de julho de 2007.
tão só introduzir algumas disposições novas que deverão ser transpostas pelos
Estados-Membros até 10 de junho de 2019, agrupando-se tais disposições em
cinco blocos essenciais: (i) facilitação da identificação dos acionistas; (ii) regras
de transparência relativas a investidores institucionais e a gestores de ativos;
(iii) regras de transparência relativas a consultores em matéria de votação; (iv)
regime de maior controlo acionista sobre a política remuneratória dos admi-
nistradores das sociedades cotadas; e (v) introdução de um regime de controlo
acionista sobre transações relevantes com partes relacionadas.
No presente trabalho, após uma breve referência à transposição da Diretiva
de 2007 para o Direito pátrio e respetivo balanço, procurar-se-á descrever as
alterações introduzidas pela Nova Diretiva, ensaiar a sua transposição para a
ordem jurídica portuguesa e fazer uma análise crítica das mesmas.
3 Para uma descrição detalhada dos trabalhos preparatórios e do contexto da sua aprovação, cfr.
Menezes Cordeiro, António, “A Directriz 2007/36, de 11 de Julho (Accionistas de Sociedades
Cotadas): Comentários à Proposta de Transposição”, in Estudos em Homenagem ao Professor Doutor
Paulo de Pitta e Cunha Volume III – Direito Privado, Direito Público e Vária, Almedina, Coimbra,
2010, 33-70, pp. 49 e ss. e Figueiredo, André, “Notas sobre o exercício de direitos de voto nas
sociedades cotadas: breve balanço da vigência da Diretiva 2007/36/CE e perspetivas de revisão”,
in III Congresso Direito das Sociedades em Revista, Almedina, Coimbra, 2014, 41-66.
4 Usar-se-á, por razões de simplicidade, ao invés da expressão “sociedades emitentes de ações
5 Cfr., por todos, Mendes Correia, Francisco, in AA.VV., Código do Governo das Sociedades Anotado,
de todos os acionistas fazerem perguntas à sociedade com direito de resposta, solução já prevista
para todas as sociedades anónimas nos termos do artigo 290.º do CSC.
7 Neste sentido, Menezes Cordeiro, A Diretriz…, p. 54.
8 No mesmo sentido, Labareda, João, “Sobre os direitos de participação e de voto nas assembleias
gerais de sociedades cotadas”, in Direito das Sociedades em Revista, Ano 3, Vol. 5, Almedina, Coimbra,
2011, 89-127, p. 95.
erros e retificações”, in Revista de Direito das Sociedades (2010), 3-4, 509-528, p. 517.
11 Cfr., neste sentido, Menezes Cordeiro, ao enfatizar que a sede legal para transposição de matérias
assembleias gerais: a reforma de 2010”, Revista de Direito das Sociedades, (2010) 1/2, 11-33.
13 Labareda, João, Sobre os direitos de participação…, p. 91.
14
Opção possivelmente desnecessária face ao regime geral estabelecido no artigo 377.º, n.º 4, do
CSC. Cfr, nesse sentido, Labareda, João, Sobre os direitos de participação…, p. 97.
15
A alínea a) será, porventura, inútil, face ao regime do artigo 377.º, n.º 5. Além disso, pode-se
concluir também pela inutilidade ou redundância das restantes alíneas do n.º 2 do artigo 21.º-B
do CVM face ao regime geral do CSC. Nesse sentido, cfr. Menezes Cordeiro, Novas regras sobre
assembleias gerais…, pp. 18-19.
16 Como bem nota Menezes Cordeiro, não se “requerem convocatórias”, mas sim “requere-se a
convocação de assembleia geral”, Menezes Cordeiro, Novas regras sobre assembleias gerais… , p. 23.
17 Ainda que se levantem algumas dúvidas quanto à necessidade da inclusão desta última à luz do
regime vertido no artigo 379.º, n.º 1, do CSC, que concede o direito de apresentação de propostas
em assembleia geral a qualquer acionista, considerando que o artigo 23.º-B, n.º 1 do CVM restringe
o universo de acionistas que o podem fazer. Para uma apreciação crítica Labareda, João, Sobre
os direitos de participação, p. 104 e ss.
(n.º 6)18. Também de notar que o novo artigo 23.º-C do CVM vem consagrar
o sistema da data de registo, proibindo modelos de bloqueio antes vigentes e asso-
ciando a participação na reunião dos sócios à titularidade de ações por referên-
cia a uma determinada data, vedando quaisquer restrições à transmissibilidade
das ações depois daquela19.
O novo artigo 23.º-D do CVM, aplicável às sociedades abertas no geral,
veio expandir o regime do artigo 63.º do CSC, relativamente ao conteúdo
das atas da assembleia geral, devendo estas incluir, quanto a cada deliberação,
o número total de votos emitidos, bem como a percentagem do capital social
representado e o número de ações correspondentes.
Dez anos volvidos sobre a publicação da Diretiva dos Direitos dos Acio-
nistas e sete anos sobre a sua transposição para a ordem jurídica Portuguesa,
que balanço fazer? Não se nega a importância de alguns problemas e dúvidas
trazidas pelas alterações – veja-se, por exemplo, o problema da alienação de
ações após o seu titular ter manifestado intenção em participar em assembleia
geral20, ou o chamado problema da identificação, i.e., risco jurídico associado ao
fenómeno da intermediação financeira em cadeia, facilitada pelo regime da
Diretiva, e as suas consequências na identificação dos beneficiários efetivos das
participações e exercício do direito de voto21. No entanto, a Diretiva parece
ter tido relativo sucesso na harmonização, a nível europeu, de aspetos impor-
tantes do regime das sociedades cotadas22, sem prejuízo de, como já se referiu,
a ordem jurídica portuguesa já prever, à data, soluções que tutelavam algumas
das preocupações da Diretiva.
22 Cfr., em sentido diverso, Masouros, Pavlos, “Is the EU Taking Shareholding Rights Seriously?:
23 V. nota 1.
24
Livro Verde da Comissão Europeia, O governo das sociedades nas instituições financeiras e as políticas
de remuneração, COM(2010), 284 final, de 2 de junho de 2010.
25 Comunicação da Comissão Europeia, Plano de ação: Direito das sociedades europeu e governo das
sociedades – um quadro jurídico moderno com vista a uma maior participação dos acionistas e sustentabilidade
das empresas, COM(2012) 740, 12 de dezembro de 2012.
26 Proposta de Diretiva do Parlamento Europeu e do Conselho que altera a Diretiva 2007/36/CE no que
refere aos incentivos ao envolvimento dos acionistas a longo prazo e a Diretiva 2013/34/UE no que se refere
a determinados elementos da declaração sobre o governo das sociedades, COM(2014), 0213 final.
27 Considerandos 29 a 42.
28
Considerandos 42 a 45.
29
Considerandos 4 a 9 e 11 a 13.
30 Considerando 10.
31 Considerandos 15 a 25.
32 Considerandos 26 a 28.
33 Chiu, Irish H-Y, “Learning from the UK in the Proposed Shareholders’ Rights Directive 2014?
A Nova Diretiva começa por aditar um capítulo novo (Capítulo Ia) à Dire-
tiva, relativo à identificação de acionistas. Nos termos do aditado artigo 3.º-A,
os Estados-Membros deverão assegurar que as sociedades cotadas têm o direito
a identificar, a todo o tempo, os seus acionistas, direito de identificação esse que
pode ser limitado pelos Estados-Membros a acionistas que detenham mais de
uma determinada percentagem das ações ou dos direitos de voto na sociedade,
não podendo tal percentagem exceder os 0,5%34.
No que concerne ao direito de identificação, prevê-se que os Estados-Mem-
bros assegurem a possibilidade de as sociedades cotadas solicitarem aos inter-
mediários financeiros35 informações sobre a identidade e contacto do acionista
final, em ordem a estes poderem ver o exercício dos seus direitos facilitado36.
Tal obrigação de informação e colaboração na identificação do acionista final
aplica-se a todos os intermediários inseridos na mesma cadeia, mesmo não
tendo qualquer relação direta com a sociedade ou com o investidor final37.
O novo artigo 3.º-B da Diretiva procede à exposição de um detalhado
regime sobre o fluxo de transmissão de informação, tanto a jusante como a mon-
tante, relativo à identificação dos acionistas, vinculando os Estados-Membros
à imposição, aos intermediários financeiros, de obrigações de transmissão, sem
demora, da informação legalmente exigida para o exercício dos direitos dos
acionistas38, bem como a transmissão sem demora da informação subsequen-
temente transmitida pelos acionistas no que concerne ao exercício dos seus
direitos39. A obrigação a ser imposta pelos Estados-Membros também abrange
toda a cadeia de informação, a não ser que tal informação possa ser transferida
diretamente à sociedade ou ao acionista ou a um terceiro por este indicado40.
Impõe ainda o novo artigo 3.º-C que os Estados-Membros assegurem a
adoção, por parte dos intermediários financeiros, de mecanismos operacionais
de “facilitação” do exercício dos direitos dos acionistas, incluindo o direito de par-
ticipar e votar nas assembleias gerais, sendo que tal facilitação pode incluir,
34
Artigo 3-A, n.º 1.
35
Artigo 3-A, n.ºs 2 e 3.
36 Artigo 3.º-A, n.º 4.
41
Artigo 3.º-D.
42
Decreto-Lei n.º 298/98, de 31 de dezembro, conforme alterado.
43 V. Também Aviso do Banco de Portugal n.º 5/2010.
44
Lei n.º 147/2015, de 9 de setembro, conforme alterada.
XIII (ainda não aprovada à data da elaboração do presente trabalho), que pro-
põe a criação o Regime Jurídico do Registo Central do Beneficiário Efetivo.
Tendo em conta a atual arrumação sistemática no CVM, poder-se-á dizer
com alguma segurança que a sede mais acertada para transposição deste regime
será através do aditamento de um novo preceito na Secção II, do Capítulo IV,
do Título I do CVM, ou através da criação de uma nova Secção nesse mesmo
Capítulo.
Todo este novo regime, em especial o direito à identificação, trata-se de
um desenvolvimento positivo, especialmente tendo em conta que as entidades
gestoras de sistemas centralizados de valores mobiliários, como a Interbolsa, não
conseguem hoje em dia obter informação completa sobre as cadeias de titula-
ridade sem a boa vontade e cooperação dos vários intermediários financeiros
que dela fazem parte45. Tendo em conta a natureza atomizada e territorialmente
plurilocalizada destas cadeias, uma intervenção harmonizada a nível da União
Europeia torna-se ainda mais pertinente46, sem prejuízo de se poderem colocar
dúvidas relativas à relação custo-benefício subjacente ao novo regime, nomea-
damente saber se ele apresenta um valor acrescentado significativo para as socie-
dades cotadas, tendo em conta os custos (de tempo, humanos e financeiros) que
a sua aplicação previsivelmente implicará, podendo-se duvidar da sua eficácia
para efetivamente aumentar o envolvimento acionista, e considerando que esta
abordagem ativa por parte da sociedade, incentivando os seus acionistas a parti-
ciparem ativamente na vida da mesma, pode fazer uma diferença muito pouco
significativa junto de acionistas com uma já natural propensão a envolverem-se
pouco na vida societária47.
45
Figueiredo, André, Notas sobre o exercício de direito de voto…, p. 59.
46 Neste sentido, Figueiredo, André, Notas sobre o exercício de direito de voto…, p. 59.
47 Cfr. Böckli, Peter, Davies, Paul, Ferrarini, Guido, Garrido, José, Hopt, Klaus J.,
Pietrancosta, Alain, Roth, Markus, Skog, Rolf, Soltysinski, Stanislaw, Winter, Jaap,
Wymeersch, Eddy, “Shareholder engagement and identification”, em European Company Law
Experts Paper, Fevereiro de 2015, pp. 7-10.
48 Defi nidos na nova alínea e) do artigo 2.º da Diretiva como “empresa que realiza atividades de seguros
de vida na aceção do artigo 2.º, n.º 3, al. a), b) e c) da Diretiva 2009/138/CE (…) e [empresa] de resseguro tal
como definido n.º 7 do artigo 13 da mesma Diretiva desde que tais atividades cubram obrigações de seguros de
vida que não estejam excluídas do âmbito de aplicação da Diretiva” ou “instituição de realização de planos de
pensões profissionais abrangida pelo âmbito da Diretiva 2016/2341 (…) nos termos do artigo 2.º da mesma,
a menos que um Estado-Membro tenha optado por não aplicar a referida Diretiva no todo ou em parte a essa
instituição nos termos do artigo 5.º da referida Diretiva”.
49 Defi nidos na nova alínea f ) do artigo 2.º da Diretiva como “uma empresa de investimento de acordo
com a definição constante do artigo 4.º, n.º1, ponto 1, da Diretiva 2014/65/UE que presta serviços de gestão
de carteira a investidores, um GFIA (gestor de fundos de investimento alternativos) de acordo com a definição
constante do artigo 4.º, n.º 1, al. b) da Diretiva 2011/61/UE (…) que não preenche as condições para uma
isenção nos termos do artigo 3.º dessa Diretiva ou uma sociedade de gestão como definida no artigo 2, n.º 1,
alínea b), da Diretiva 2009/65/CE do Parlamento Europeu e do Conselho, ou uma empresa de investimento
autorizada nos termos da Diretiva 2009/65/CE, desde que não tenha designado uma sociedade de gestão
autorizada nos termos dessa Diretiva para a gerir”.
50 Artigo 1.º, n.º 6, als. a) e b).
tas, o impacto social e ambiental de tal política, bem como o seu impacto no
governo da sociedade51.
Os investidores institucionais e os gestores de ativos deverão ficar vincu-
lados a uma obrigação ex post, segundo a qual devem divulgar anualmente ao
público a forma como foi aplicada a supramencionada política de envolvi-
mento, incluindo descrições de sentidos de voto e explicação de votações mais
importantes, bem como a forma que os consultores em matéria de votação
foram utilizados52.
Os documentos que contiverem tanto a política de envolvimento como o
relatório relativo à mesma deverão ser divulgados no sítio de internet do inves-
tidor institucional ou gestor de ativos.
Além das obrigações supramencionadas, os Estados-Membros deverão
ainda prever deveres de divulgação de certas informações, por parte do inves-
tidor institucional, relativas (i) à forma como os principais elementos da sua
estratégia de investimento em ações são coerentes com o perfil e duração dos
seus passivos e contribuem para o desempenho de médio a longo prazo dos
seus ativos; e (ii) caso um gestor de ativos invista em nome de um investidor
institucional, informações relativas ao acordo subjacente a esse investimento e
aos incentivos que cria para o gestor de ativos tomar decisões de investimento,
entre outras53.
O artigo 3.º-I prevê ainda a possibilidade de imposição de disponibiliza-
ção de informação sobre os acordos correntes com investidores institucionais
e sobre a estratégia desses mesmos gestores para implementar esses acordos em
conformidade com a política mencionada no artigo 3.º-G.
Uma transposição desejável deste preceito dependerá de uma clara e cor-
reta transposição de outras Diretivas que irão implicar a alteração dos concei-
tos de investidor institucional e de gestor de ativos, a saber, a Diretiva (UE)
2016/2341 do Parlamento Europeu e do Conselho de 14 de dezembro de
2016, relativa às atividades e à supervisão das instituições de realização de planos
de pensões profissionais, que implicará previsivelmente uma regulamentação ou
alteração substancial do Decreto-Lei n.º 12/2006, de 20 de janeiro, e a Diretiva
(UE) 2014/65 do Parlamento Europeu e do Conselho relativa aos mercados
de instrumentos financeiros (também conhecida como DMIF II), ainda não
transposta para a ordem jurídica portuguesa e cujo anteprojeto deixa adivinhar
alterações importantes no CVM e no RGICSF54. É certo que, em virtude da
51
Artigo 3.º-G, n.º 1 al. b) e 3.º-H.
52
Artigo 3.º-G, n.º 1 al. b).
53 Artigo 3.º-H, n.º 2.
55 Cfr., em sentido contrário, críticas à inserção sistemática destes regimes na Nova Diretiva em
56
Cfr. Johnston, Andrew, Morrow, Paige, “Commentary on the Shareholders Rights Directive”,
University of Oslo Faculty of Law Legal Studies, Research Paper Series no. 2014-41, pp. 6-8.
57 Cf. Ferreira, Juliano, “Proxy Advisors: os Consultores em Matéria de Votação” in A Designação
60 Ferreira, Juliano, Proxy advisors…, pp. 10-14 e Perestrelo de Oliveira, Manual..., Parte II, 8.4.
61
Artigo 3.º-J, n.º 1.
62
Artigo 3.º-J, n.º 2.
63 Artigo 3.º-J, n.º 3.
65
Artigo 9.º-A, n.º 2.
66
Idem.
67 Artigo 9.º-A-, n.º 4.
69 Artigo 9.º-B, nº 4 e 5.
70
Cfr. Câmara, Paulo, “Say on pay: o dever de apreciação da política remuneratória pela assembleia
geral” in Revista de Concorrência e Regulação, n.º 2 (2010), 321-344.
71
Categoria definida no artigo 3.º do Regime Jurídico da Supervisão de Auditoria, aprovado
pela Lei n.º 148/2015, de 9 de setembro, incluindo: emitentes de valores mobiliários admitidos
à negociação num mercado regulamentado, instituições de crédito, empresas de investimento,
organismos de investimento coletivo sob forma contratual e societária, sociedades de capital de
risco, sociedades de investimento em capital de risco e fundos de capital de risco, sociedades
de investimento alternativo especializado e fundos de investimento alternativo especializado,
sociedades de titularização de créditos e fundos de titularização de créditos, empresas de seguros
e de resseguros, sociedades gestoras de participações sociais com maioria de direitos de voto em
instituições de crédito ou no setor dos seguros, fundos de pensões e empresas públicas com volume
de negócios superior a € 50 000 000 ou ativo líquido total superior a € 300 000 000.
72 Câmara, Paulo, Say on pay…, pp. 324-326, perfi lha a ideia de que da Lei só se pode retirar
73
Aviso do Banco de Portugal n.º 10/2011, de 9 de janeiro, regulamenta os princípios e regras que
devem reger a política de remuneração dos membros dos órgãos de administração e fiscalização,
bem como dos colaboradores que cumpram determinados critérios, das instituições de crédito,
das empresas de investimento e das sucursais estabelecidas em Portugal de instituições de crédito
e empresas de investimento com sede fora da União Europeia.
74 Norma Regulamentar do Instituto de Seguros de Portugal n.º 5/2010-R, de 1 de Abril,
Estabelece a informação que deve ser divulgada sobre a política de remuneração dos membros
dos órgãos de administração e de fiscalização das empresas de seguros e resseguros e sociedades
gestoras de fundos de pensões.
75 Regulamento da CMVM n.º 4/2013 – Governo das Sociedades, pontos 66 a 84.
76 Recomendações da CMVM sobre o governo das sociedades de 2013 – Código de Governo das
começando por dizer que serão “pessoas ou entidades relacionadas com a entidade que está a preparar
as suas demonstrações financeiras”, prevendo-se a (a) possibilidade considerar uma pessoa ou um membro
íntimo da família parte relacionada se detiver controlo ou controlo conjunto da entidade em questão, tiver uma
influência significativa na mesma ou for membro do pessoal-chave da gerência da entidade em causa ou de uma
sociedade-mãe sua; (b) que uma entidade é relacionada com uma entidade em causa se, alternativamente, (i)
a entidade e a entidade em causa forem membros do mesmo grupo; (ii) a entidade for associada ou constituir
um empreendimento comum da outra entidade; (iii) se ambas as entidades forem empreendimentos comuns da
mesma parte terceira; (iv) se uma entidade representa um empreendimento comum da entidade terceira; (v) se
a entidade for um plano de benefícios pós-emprego a favor dos empregadores da entidade em causa ou de uma
entidade relacionada com a entidade em causa (e, se a entidade em causa for ela própria um plano desse tipo, os
empregadores promotores serão também relacionados com a entidade em causa); (vi) se a entidade for controlada
ou conjuntamente controlada por uma pessoa em (a); e (viii) uma pessoa identificada em (a)(i) detiver uma
influência significativa sobre a entidade ou for membro do pessoal-chave da gerência da entidade.”.
81 Regulamento (CE) n.° 1606/2002 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 19 de Julho de
82
Artigo 9.º-C, n.º 4.
83
O carácter ex ante da deliberação e a necessidade da sujeição da produção de efeitos da transação
à condição de uma deliberação no seu sentido era expressamente explicada pela Proposta. Foi
entretanto retirado, o que não tira pertinência a esta observação.
84 Artigo 9.º-C, n.º 4.
85 Ver, nesse sentido, Reynisson, Kristinn Már, “Related Party Transactions: Analysis of Proposed
Art. 9c of Shareholders’ Rights Directive”, European Company Law, 13, no. 5, 2016, 175-182,
pp. 181-182.
86
Artigo 9.º-C, n.º 6.
87
Para uma visão geral. cfr. Ferreira Gomes, José, “Conflito de interesse entre acionistas nos
negócios celebrados entre a sociedade anónima e o seu acionista controlador”, in Conflito de interesses
no direito societário e financeiro, Almedina, Coimbra, 2009, 76-212, pp. 101-121.
88
Artigo 246.º, n.º 3, al. c) e n.º 5, al. c) do CVM.
89 Artigo 248.º-B, n.º 1 e 4 do CVM.
90 Ver, a esse propósito, a exposição interessante de Enriques, Luca, “Related Party Transactions:
Policy Options and Real-World Challenges (With a Critique of the European Commission
Proposal)”, European Corporate Governance Institute, Law Working Paper n.º 267/2014, Outubro
de 2014, pp. 6-7.
91 Proposta de Diretiva..., p. 5.
92 Comunicação da Comissão Europeia, Plano de ação: Direito das sociedades europeu e governo das
sociedades – um quadro jurídico moderno com vista a uma maior participação dos acionistas e sustentabilidade
das empresas, COM(2012) 740, 12 de dezembro de 2012, p. 10.
93 Princípios de Governo das Sociedades do G20 e da OCDE, OCDE, 2016, disponíveis em
http://www.oecd-ilibrary.org/governance/principios-de-governo-das-sociedades-do-g20-
ocde_9789264259195-pt, pp. 27-28.
94
Como refere Enriques, existem transações com partes relacionadas que criam valor para todas
as partes envolvidas, dando o exemplo da sociedade que inicia um processo relativamente oneroso
de desenvolvimento de um novo produto, mas que, por razões financeiras várias, não consegue
comercializar. Nessa situação pode o acionista dominante estar numa boa posição para adquirir
os ativos subjacentes ao desenvolvimento do produto à sociedade através de uma sociedade por
ele controlada para o continuar a desenvolver, sendo que qualquer terceiro não relacionado podia
não estar interessado por não conhecer o projeto e presumir tratar-se de uma má compra. No fim,
vende-se o ativo a um bom preço e a um comprador solicito, libertando-se recursos financeiros
da sociedade para outras áreas. In Enriques, Related Party Transactions..., p. 7.
95 Enriques, Related Party Transactions..., pp. 9-10.
96 Reynisson, Related Party Transactions…, p. 179, enfatizando que o novo preceito não indica
proposta, mas não há indicação de nenhum requisito subjetivo adicional (sem prejuízo da exclusão
expressa e óbvia de partes relacionadas), nem muito menos qualquer menção à responsabilidade
civil de tal terceiro pelo conteúdo do relatório ou do que qualifica um terceiro como independente.
97 Enriques, Related Party Transactions..., pp. 28-30.
99 Reynisson refere que o novo preceito parece não tomar em conta os custos administrativos
inerentes à elaboração de tal relatório, especialmente se realizado por terceiro, sem prejuízo
do exercício de adivinhação feito pela Comissão na Proposta, dizendo que, dependendo da
complexidade da operação, um “consultor experiente” deveria ser capaz de avaliar a equidade
da transação num período de aproximadamente 5 a 10 horas, o que poderia resultar num custo
máximo de EUR 2500 – 5000 se elaborados por um auditor in Related Party Transactions…, p. 179.
5. Conclusão