Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
por
Anthony Hoekema
Além disso, a Bíblia não usa uma linguagem científica exata. Ela usa
termos como alma, espírito e coração mais ou menos indistintamente. Isto
é por causa
das partes do corpo que são tidas, não primariamente do ponto de vista de
suas diferenças ou de suas inter-relações com outras partes, mas como
significando ou enfatizando os diferentes aspectos do homem total em
1NOTAS:
[1]G. C. Berkouwer, De Mens het Beeld Gods (Kampen: Kok, 1957), p. 211.
Cf. Ray S. Anderson, On Being Human (Grand Rapids: Eerdmans, 1982), p.
213.
relação a Deus. Do ponto de vista da psicologia analítica e da fisiologia, o
uso do Antigo Testamento é caótico: ele é o pesadelo do anatomista
quando qualquer parte pode ser entendida como sendo a totalidade. 2 [2]
[a Bíblia] não nos fornece uma psicologia popular ou científica mais do que
ela nos proporciona uma narrativa [schets] da história, geografia,
astronomia ou agricultura...Mesmo se alguém desejasse tentar, seria
impossível retirar da Bíblia uma psicologia que pudesse satisfazer as
nossas necessidades. Porque não somente seria impossível ter uma
narrativa completa de todos os vários dados, mas também as palavras que
a Bíblia usa, tais como espírito, alma, coração e mente, foram emprestadas
da linguagem popular dos judeus daqueles dias, ordinariamente
possuindo um conteúdo diferente daquele que associamos com esses
termos, e nem sempre usados no mesmo sentido. As Escrituras nunca
usam conceitos abstratos e filosóficos, mas sempre falam a rica linguagem
do dia a dia.4 [4]
2[2] John A. T. Robinson, The Body (London: SCM Press, 1952), p. 16.
TRICOTOMIA OU DICOTOMIA?
Vez por outra, entretanto, tem sido sugerido que o homem deveria ser
entendido como consistindo de certas “partes” especificamente distintas.
Um desses entendimentos é usualmente conhecido como tricotomia — a
idéia que, segundo a Bíblia, o homem consiste de corpo, alma e espírito.
Um dos proponentes mais antigos da tricotomia, como vimos, é Irineu, que
ensinava que enquanto os incrédulos possuiam somente almas e corpos,
os crentes adquiriam espíritos adicionais, que eram criados pelo Espírito
Santo.7 [7] Um outro teólogo que usualmente está associado com a
tricotomia é Apolinário de Laodicéa, que viveu de 310 a aproximadamente
390 AD. A maioria dos intérpretes atribuem a ele a idéia de que o homem
consiste de corpo, alma e espírito ou mente (pneuma ou nous), e que o
Logos ou a natureza divina de Cristo tomou o lugar do espírito humano na
natureza humana que Cristo assumiu. 8 [8] Berkouwer, contudo, assinala
14[14] Theology of the Old Testament, edit. G. E. Day (1873; Grand Rapids:
Zondervan), 149-51.
Primeiro, ela deve ser rejeitada porque ela parece fazer violência à unidade
do homem. A palavra em si mesma sugere que o homem pode ser separado
em três “partes”: a palavra tricotomia é formada de duas palavras gregas,
tricha, “tríplice” e temnein, “cortar. Alguns tricotomistas, incluindo Irineu,
até sugeriram que certas pessoas tinham os seus espíritos cortados,
enquanto que outras não.
18[18] The Scofield Reference Bible (New York: Oxford University Press,
1909), no texto de 1 Ts 5.23; The New Scofield Reference Bible (New York:
Oxford University Press, 1967) no texto de 1 Ts 5.23.
A Bíblia, contudo, não ensina qualquer tipo de distinção aguda entre
espírito (ou mente) e corpo. Segundo as Escrituras, a matéria não é má
porque foi criada por Deus. A Bíblia nunca denigre o corpo humano como
uma fonte necessária do mal, mas o descreve como um aspecto da boa
criação de Deus, que deve ser usado no serviço de Deus. Para os gregos o
corpo era considerado “uma sepultura para a alma” (soma sema) que o
homem alegremente abandonava na morte, mas esta idéia é totalmente
estranha às Escrituras.
Devemos rejeitar também a tricotomia porque ela faz uma aguda distinção
entre o espírito e a alma que não encontra suporte algum nas Escrituras.
Podemos ver isto mais claramente quando observamos que as palavras
hebraica e grega traduzidas como alma e espírito são freqüentemente
usadas indistintamente nas Escrituras.
22[22] Cf o meu livro A Bíblia e o Futuro, (pp 86-87 edição em inglês). Sobre
este ponto ver também Berkouwer, Man, 212-22.
Como veremos, a Bíblia descreve a pessoa humana como uma totalidade,
um todo, um ser unitário.
29[29] F. H. Von Meyenfeldt, Het Hart (Leb, Lebab) in het Oude Testament
(Leiden: E. J. Brill, 1950), 218-19.
32[32] The Christian Doctrine of Man (Edinburgh: T. & T. Clark, 1911), 26.
A próxima palavra é basar, usualmente traduzida como “carne”. Brown-
Driver-Briggs lista seis significados, incluindo os seguintes: “”carne” (para
o corpo), “parentesco de sangue”, “homem contra Deus como fraco e
errante”, “raça humana”. N. P. Bratsiotis diz que basar é mais
freqüentemente usado no Antigo Testamento para “o aspecto externo e
carnal da natureza humana”.33 [33] Ele continua a dizer que quando basar
é distinto do aspecto externo do homem e nephesh é entendido como
sendo o aspecto interno, mesmo assim nunca devemos pensar destas
palavras como descrevendo um dualismo de alma e corpo no sentido
platônico.
Basar pode algumas vezes denotar a pessoa total, não apenas o aspecto
físico.36 [36] Mas ela pode também ser juntada com nephesh em maneiras
35[35] Anthropologie des Alten Testaments (Munich: Chr. Kaiser, 1973), 55.
Corpo e alma são usados quase que indistintamente, sendo que a alma
indica o homem como um ser vivo, e corpo (carne) denota-o como uma
criatura corporalmente visível...Esta unidade de corpo e alma [tem]
conduzido alguns escritores a concluir que o Antigo Testamento carece de
uma idéia do corpo físico como uma entidade discreta...Mais
propriamente, contudo, o Antigo Testamento vê o corpo e a alma como
coordenadas que se interpenetram em funções para formar um todo
simples.37 [37]
Em uma seção de sua Dogmatics na qual ele trata com “o homem como
alma e corpo”, Karl Barth, falando do coração no Novo e no Antigo
Testamentos, diz:
53[53] Ibid.
56[56] John Cooper, “Dualism and the Biblical View of Human Beings”,
Reformed Journal 32, no. 9 e 10 (Setembro e Outubro de 1982).
61[61] Ibid., 83. Mais nesse livro (p. 101) MacKay descreve a vida futura do
cristão dum modo no qual ele parece deixar lugar somente para a
ressurreição do corpo e não para uma existência continuada do crente no
estado intermediária (ver abaixo, p. 218-22). Se esta é a posição de
MacKay, eu não concordaria com ele. Podemos ainda, contudo, aceitar as
O homem, então, existe num estado de unidade psico-somática. Assim,
fomos criados, assim somos agora, e assim seremos após a ressurreição do
corpo. Porque a redenção plena inclui a redenção do corpo (Rm 8.23; 1 Co
15.12-57), visto que o homem não é completo sem o corpo. O futuro
glorioso dos seres humanos em Cristo inclui ambos, a ressurreição do
corpo e uma nova terra purificada e aperfeiçoada.62 [62]
O ESTADO INTERMEDIÁRIO
62[62] Ver esse assunto no meu livro A Bíblia e o Futuro, capítulos 17 e 20.
63[63] Ver meu trabalho The Four Major Cults (Grand Rapids: Eerdmans,
1963), 345-71.
“casa eterna” como se referindo a um novo corpo, ela não designaria um
corpo “intermediário”, temporário.64 [64]
65[65] Ver Calvino, Tracts and Treatises of the Reformed Faith, ,vol. 3,
(Grand Rapids: Eerdmans, 1958), 413-90.
Entretanto, se o viver na carne traz fruto para o meu trabalho, já não sei o
que hei de escolher. Ora, de um e de outro lado estou constrangido, tendo
o desejo de partir e estar com Cristo, o que é incomparavelmente melhor.
(Fp 1.22-23)
Não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma” (Mt 10.28).
Quando ele abriu o quinto selo, vi debaixo do altar as almas daqueles que
tinham sido mortos por causa da palavra de Deus e por causa do
testemunho que sustentavam (Ap 6.9).
Pois também Cristo morreu, uma única vez, pelos pecados, o justo pelos
injustos, para conduzir-vos a Deus; morto, sim, na carne, mas vivificado
no espírito, no qual também foi e pregou aos espíritos em prisão, os quais
noutro tempo foram desobedientes quando a longanimidade de Deus
aguardava nos dias de Noé, enquanto se preparava a arca, na qual poucos,
a saber, oito pessoas, foram salvos, através da água. (1 Pe 3.18-20)
Assim, às vezes, o Novo Testamento diz que nós que somos crentes,
continuaremos a existir num estado provisório de alegria entre a morte e a
ressurreição, enquanto que em outras vezes ele diz que as “almas” ou
“espíritos” dos crentes ainda existirão durante aquele estado. Mas a Bíblia
não usa palavras como “alma” e “espírito” no mesmo modo que nós o
fazemos; dessa forma, estas passagens estão pretendendo tão somente nos
dizer que os seres humanos continuarão a existir entre a morte e a
ressurreição, enquanto esperam a ressurreição do corpo. A Bíblia não nos
dá qualquer descrição antropológica da vida nesse estado intermediário.
Podemos especular a respeito dela, podemos tentar imaginar a que esse
estado será, mas não podemos formar nenhuma idéia clara da vida entre a
morte e a ressurreição. A Bíblia ensina sobre ela, mas não a descreve.
Como Berkouwer diz, o que o Novo Testamento nos conta a respeito do
estado intermediário não é nada mais do que um sussurro. 75 [75]
75[75] De Wederkomst van Christus, vol. 1 (Kampen: Kok, 1961), 79. Sobre
o estado intermediário, ver adicionalmente Berkouwer, The Return of
Embora o homem exista agora no estado de unidade psico-somática, esta
unidade poderá ser temporariamente rompida no tempo da morte. Em 2
Coríntios 5.8 Paulo ensina claramente que os seres humanos podem
existir à parte de seus corpos presentes. O mesmo ponto é assinalado em
duas outras passagens do Novo Testamento:
80[80] Ibid.
citação dos versos da Bíblia pode ser tudo o de que necessita para ajudar o
membro da igreja a resolver um difícil problema espiritual. Mas um
entendimento do homem como uma pessoa total conduz-nos a perceber
que tal abordagem pode ser totalmente inadequada. David G. Benner, num
artigo no qual ele desafia a opinião comum de que a personalidade
humana pode ser dividida em duas partes, uma “parte” espiritual e uma
psicológica, ilustra seu ponto da seguinte maneira:
87[87] Karl Menninger The Vital Balance (New York: Viking Press, 1963),
335.
http://www.monergismo.com/