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CAPÍTULO 1

SOBRE A TEORIA DA NOMINAÇÃO


EM J. LACAN: do ato à invenção 1
A11dréa .'vfâris Campos Guerra
l ludwn Vieira de Andrade

Introdução
A referencia a uma pos!,Í\ cl tcoria da nominação em Psicanálise nasce
com o francês Jacqucs Lacan. mas encontra ecos freudianos que nos permi-
tem supor sua~ condições de possibilidade. Se podemos dizer que haja essa
teoria em Lacan. \ eremo") 4uc ela sofre uma inflexão no interior da própria
obra lacaniana. Propomos uma dupla pertinêrn.:ia da ideia de nominação em
Lacan, ora tomada como efeito dl! um ato de inscrição ora como invenção.
Interessante obsen ar em Lacan esse desdobramento. Nós o faremos aqui,
a partir da relei tura de dois paradigmas fre udianos do nome.
Freud busca. atra\·é-, do nornl!. a origem. a tiliac;ào. Lacan, por seu turno,
encontra doi s aportes em sua pesquisa para responder ao que constitui um
nome. Primeiro, o ato, cspecialmenh.: com o :-,eminúrio J\ identifü:açào, e depois
a invenção, nominação real, simbólica ou imaginúria, com o Seminário RSI,
insere o nome no interior de um enlac;amcnto, no ponto em que um desses
três registros excede o outro, sem encontrar exatamente uma contenção. As
combinações tomam-se múltiplas, como se tornam variados os referentes e
as possibilidades de sua interpretação. O limite é o impossível de significar
em um nome. Assim, nesse artigo, defenderemos a proposição de que Lacan
passa de uma teoria da fundação em ato do nome para uma teoria da invenção
do nome, através da análise dos dois paradigmas freudianos acima referidos.
Essa consequéncia teórica não é sem relação à interpretação que Lacan
empreende de Freud, especialmente quanto ao Édipo. Lacan ( 1956-1957,
1995, 1957-1958, 1999) nunca tratou o Complexo de Édipo freudiano, senão
como metáfora paterna, articulada pela linguagem. E, quando ele se pergunta
a que serve o Édipo, em meados de 1969, ele se depara com a dimensão da
verdade, avizinhada do real e impossível de ser toda apreendida. Ali ele toma
0 pai como agente real, ou mais precisamente, como efeito de linguagem,

que permite a criação de sentido como tratamento do real. Não é o pai que

Andréa Máris Campos Guerra é Bolsista de Produtividade em Pesquisa PQ-2 do CNPq e coordenadora da
Pesquisa "Adolescências e Leis· um estudo psicanalítico sobre a desistência do crime na adolescência",
financiada pelo Edital Demanda Universal 01/2017 da Fapemig.
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A TEORIA DA NOMINAÇÃO NA OORA OE JACQUES lACAN
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~ondic1ona a ling uagem , m as a ntes a ling uagem que dá causa a que lJ


p:11 se constitu_a a part ir d? !r.atamento do real (Lacan, 1969-1970, l 99i).rn função do nome próprio. Ele a toma como .. marca já aberta a leitura- ( La-
Essa condição de poss1b1ltdade encontra-se ancorada na reinterpretação d can, 2005, p. 73). impressa sobre um sujeito que fala, a pa rt ir de um ato.
mitos de Freud. Nesse ponto, especialmente, Lacan denota a diferença e ex: Bom, fei ta essa contextualização, vamos ao que nos intere<isa nesse
1 a rtigo, a saber, como Freud colabora com essa construção lacaniana.
as consequências dos mitos de Totem e de Moisés. O assassinato do pai primev
cm Totem e Tabu (Freud, 1913( 1912- 13], 1976), é constituti vo da adoção de uº·
nome. de ideais e de leis por um povo. Ele é precondição para que Um referen~
O mito do pai primevo e a identificação
se estabeleça no horizonte do processo ident ificatório como semblante de unidad:
vertical clássica cm Freud
ideal. Na horda primeva. a condição de possibilidade ide ntificatória é fundada Em Totem e Tabu ( 191 3[ I 912-1 3] , 1976 ), Freud ela bo ra uma tc:on a
no gozo ante~or do pai que, assassi nado, toma-se totem (ideal) e também tabu sobre a origem do laço soc ial fundada atra vés do m ito da horda primc:va.
t interdição). E. pois, na fantasia de recuperação desse ambivalente objeto perdido Nesse mito encontramos um pai tirano que exerce o monopólio e 1nterd1ta ao..
amado e odiado. que se funda a condição de constituição do nome. ' seus fi lhos o acesso ao gozo. Como gesto de re ta liação. O:,, filho-, :,,e: -.oltam
Enquanto . cm Moisés ( 1939/ 200 1). é o núc leo de estrangeiricidade e di- contra o pai, matando-o e ingerem seu cadáver na tentativa de incorporação
fen:nça que o suposto egípcio porta como traço di stinti vo, o que se afigura no da potência do objeto assassinado. Contudo, ao contrário desse g~to garantir
hori zonte idc ntificatório. Esse traço carece ser lido, interpretado, retraduzido. acesso ao gozo, é estabelecido e m seu lugar um sistema social regido por
Com Mois~s. Lacan se pergunta se não teria sido o pró prio homem a fundar a leis, cujos mandamentos capitais são instituídos após a morte do pai: (11
condição de Deus, já que foi e le. Mo isés. quem desceu do monte Horeb com totemis mo: atra vés de um processo metafórico, um totem (gc:ralmc:ntc: um
as tábuas que desenham as possi bilidades de nomeação e de legislação de seu animal) é escolhido como representação para o pai morto, ele recordan::i ao:,,
povo . .. }é1l11"é era j:í o Deus de Abraão. de Isaac e de Jacó? Trata-se de uma membros da tribo sua ascendência comum, sendo proibido dt: ser con;,um1do
tradição da qual podemos estar seguros? Ou essa tradição pode ter sido retro- ou morto e (ii) tabu : constituído pela interdição das relações sexua1:. com
ativamente reconstituída pelo fundador da relig ião. que seria então Moisés?" pessoas da mesma tribo (princípio da exogamia).
(Lacan. 1969-1970. 1992 . p. 129). Essa condição fundacionista evidencia, na Desta forma, o totem viria para simbolizar a lei por m.:10 da fo rm a~o
centralidade de nossa discussão. o ponto vazio de onde o suj e ito pode advir s imbólica da morte do pai e sua conse rvação como nome que organizana
como nome o u de onde o laço socia l pode se constituir como corpo político. c lassificações genealógicas. E, por sua vez, o tab u sub"11tu_1~1a u po<.kr-
A condição de possibilidade do isolamento desses dois paradigmas é . força da autoridade do pai da horda prim iti\ a pc:lo poder- l.:1 1mpe:,,:,,oal t:
JU'>tamcntc a mutação da função do pai reduzido a sig nificante mestre por permanentemente recicláve l
Lacan. fo rjado para dar conta da castração. que é promovida p e la própria Entre o lugar vazio de poder e fon te de iden11f-icaçãu qu:: ..1 hgura
1nc1dência da linguagem so bre o corpo. Em o utros termos, a castração totêmica passa a ocupar após a morte do pai pnme\ o - e: ~eu comp!t:mc:nto
como t:f\!ito de linguagem implica o pai corno aquele que v irá em auxílio fantasmático - restauração nostálgica do obj eto pc:rdido de: amor.: de: iden-
do sujeito na qualidade de suplemento para tratar o real que resta dessa tificação - , vemos formu lar-se em Freud uma_teona do nom~. f~mbJo p~lo
operação simbó lica, recoberta imaginariamente. Proposição sedimentada ato parricida. O lugar ocupado então por es;sa fig ura de: exceçao. lugar _µkno
no Sernimírio 17, que sofre avanço lógico no seminário 19 com Frege. e de invest imento Iibidinal" (Safatle. 2015. p. 89), a hmc:nta um_circuito dt:
culmina t:fetivamente, no seminári o 22, na teoria da nomi nação, que confere transm issão entre a c ul pa fa ntasmática pelo a:,,::,assinato e o de"e~o de ocupar
outro tratamento ao nome, que não pela via do ato. tal lugar. Dai a coi1:,,t1tuição ele urna ordem de fil iação q~e n~m<!1a_a tnbo'. ~e
A 11.:oria do ato como fundação do nome, encontra seus fundamentos r o utro O afeto de !>Olidari.:dadc: entre: o::. 1g ua1!>. cuJa pa ra lisia
um 1ado . E, Po • T - c.l
espec ialmente no ::.eminário da Identificação, de 196 1-62. com a centralidade ocial é su!>te ntada pela no:,,talgia do pa i, da fig ura :-.ob.:rnna. rata-:-..: e uma
da passagem do elemento fonemáti co para sua insc rição como traço unário, ., ers ectiva de laço social, fundada na assimetria e na cre ~ça no Um, como
t~ndo o pai como referente. Esse s press upostos se expandem na Conferl!n· ~fundame
p cJ r, .,
nto I en11 H.: aton o
' ( 'orno a lógica cocemisca fre udiana afeta a teoria
e ia l_
n_troduçào aos Nomes-do-Pai. de 1963, na qua l Lacan (2005) retoma o
:-.acnhco 1.k Abraão na consideraç,1o acen:a daquilo que " niio tem nome no 2 O totem,smo representana um sistema ae
cJass.f;caçâo ae paremesco =-Q-,...-
oorooogo e isomo,iico ao
.,_,,..;,., M ~ o • . ""!" a:ra-.es ce s..a
tra11sm.Lna um rnoaelo oe cent.,,...,.,_..
c_mnpo do Out_ro_.. _!p. 87) Ele remonta a teoria do nome próprio a alg umas totem (Strauss 2008) O totem,smo f.imanao ou negandO esses traÇOS no <X-UO AssJl'
relação com o 1otem,le1 e com asso ele reconnecena ª
lições de sc.:111111:m o::. anteriores seus e destaca no nível do Pai o to tem e a
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da nominação em Lacan e nos permite elucidar a qu~7.io do nome própn0 :,, (FrcUà. 1913[1912- l3i. 1976. p. 111) é o aforismo clássico freudiano . . _
No mito de Totem e Tabu. o aro. que ~"T12. rransgressor irwfüidnabnece. , es.s,emito. o ato é. pois. condição fundante do nome. Porqu~ hoU\ e o
toma-se, porque coletivo. fundamento de um noYo pacto. fundado nos <f.o=õ ~ ;M,o há uma no\·a ordem e um norn clã. nomeado pelo pat ass_asst-
u.... • . • d atetos.
tabus que dão corpo ao modelo totemista.. como herança co alo parricida. 11200_Há wn apaziguamento e. ao mê7IlO tempo._uma contençao 06
E assim constíruído um nome que faz Cm e pacifica.
Anularam o próprio ai.o proibindo a mor-..e co w-.em. o 5WNÍttI!o do~
e renunciaram ao, ;..."!.5 ín.::m. ~ . ;ndo ~ àz re-i-.--:..é.~ a s ~ Cm segundo paradigma freuctiano da identificação (ou o avesso
que agora tinham sido l~ -_Cri.2.rz=n. 25;;:.-n. co ;e:-.::::;,e;--.:o & ~
fihal. os dol.5 tabus funàa,J)er;JZl.5 oo :01e7n1smo. qJ!e. -;x,r es.;.a propm
do laço identitário)
razão. corresponderzm in~.i 12·, elme-r.:.e. aos COÍ5 ~ ;05 recz!CU;Osó;, Em sua obra.. Freud parece nos apontar um modelo alternati\·o de la~o
complexo de Érlipo <Freud. 1913[1912-13~. !9-6. ?· 1-2 ,. social oue não e::,-.ana fund2.do pelo p::?.cto do reconheciment? na pr?duçao
de id~tidades sociais. tributárias da inscrição de uma lei ~teno~ ~ue
O sistema totémico é. no fundo. um p2e10 com o ;,ai. qi.:e tra12 ées.."_j05, de1e-múnana os modos de ídentificaçào (como parece sugenr a logi~a
infantis de proteção e amor. ao preço de re51r:çõe5 coleli\·25_ A dimenszo w1êmica). Outra forma de enlaçamento social é apres~ntada no ensai_o
sacrificial é central na constirnição cesse no·. o laço ce res1riç20 fr2temo. _l.foisés e o monoteísmo: três ensaios ( l 939. ] 001). cu3as teses ce~~IS
baseado na crença na cumplicidade co mme comum ..:.. ;>25;;,agem ce l!Dl2 con5t5tetn na defe--...a de uma identidade egipcia de :\loisés e dos cre~nos
"horda patriarcal para um clã fraterno- <Freud. 1913{1912- 13:. 19- 6. pela Ín\"ençào do mono:eismo atribuídos a um Faraó _e gípcio. Ou se!a. a
p. J89) seria sua consequência. engendrada ao preço ce se manter o !)3! comunidade juàaica teria corno fundador um esrrangetro e o monore1smo
idealizado. Resta uma lembrança indestrutível do primeiro grande aio se inic1ana sob os domínios não judeu e não europeu.
sacrificial. que irá retomar como real. repetido e aru.alizzdo em nrua1s 112
religião e no direito. enfim. nos disposiu-.-os soc1a1;, simbólicos. O :·2:.-::ó ,\kheri.:itcri t.:n:i rund:ido :i. p:.meu:i rdigi:i.o monocei:,,:i. no
É curioso Freud inYentar seu mito. 3am2is ooser, ado emologicameme. Emto. ~:rad:! nu det!.5 :;ol::.r .-\ton. Porem. ~om 5UJ. morte. :i. religião
na contramão da proposição de Dan•,-ín: .. naturalmente. não há lugar 1~mou 5cndo jU-::u:nbid:i e rejeit:!d:i. ~ lo po, o egíp.:io. Fi~ando :i
para os primórdios do totemismo na horda pnme,·a de Dan•.i n- (Freud. C2.r'!?O 6 ri~ enenei1:i-:2 e obsrin:1.:h de :'-.lois6. adepm con,·1cco d:i.
1913(1 91 2-1 3), 1976, p. 169J. O tipo mais pnmltl\'O de organização a reli~o d-e~-\ton. a->~tir ~ doutrin:i. para um po, o outro. no qual.
que se acedeu empiricamente implica em grupos de machos com direitos ~ " n0 7m:!n:C:. p:;ss:ci:1. a xr ch:mudo de ser.. pom e ten:i n:i. circuncisão

iguais e restrições semelhantes. Daí Lacan brincar que a horda prime,·a ~ ambu!o co~um de ide:ntid:ide. O :'-.loiscs egip.:-io dera :i. un1:i. parte
dopo, o u:n:i n~-:lo mat5 :tlt:Uneme .:,,-piricu:iliz:ld:i. de dell5. :1 idei:i. de
diria respeito a uma sociedade de orangotangos primatas. ~ di,i:rd:ide ~.::i :1. :ibnnger o mundo mtetro. que era n:io menos
Para Freud (1913(1912-13]. 1976. p. 169J. -a psicanálise revelou que o a.T.zn:issi::no do que codo-~ef\150. com .n ers5o a codo cerimoni:i.l e
animal totémico é, na realidade. um substituto e.o pai-. e o S...."11tímemo arn- :n:agi:;. e que :;_;):xsen::;., :i :ios homens. .:orno seu objeci, o m11s elev:i.do.
bivalente para com essa figura decorre do fa:o êe ql.!e elz é interditada -o unu ,id:! n:i ,enbde e n:iJu.sti.;:i- (Freud. 1939. 2001. p. 46).
violento pai primevo fora sem dúvida o temido e in•.-ejáYel modelo de cada um
do grupo de irmãos: e. pelo ato de de\ orá-lo. realiza, ama idemificaç:ào com Contudo. essa mesma religião instalada pelo .\loisês egípcio termina
ele, cada um deles adquirindo uma pane de sua força- ffrflld_ 1913{1912-13]. sendo dntirui<b e ele morto pelo pv, o que acabara de unificar. Esse porn.
1976, p. 170 ). Odiavam. mas também am_a\·am e admíra·.-am o pai. Assim. então. ~7mle uma no,·a religião e passa a adorar o deus rnlcànico foin-c?. Os
satisíeito o ódio e panílha.da a identificação. surge o s.enumemo de culpa na Sceguidoro d.: .\loisés --obstin:idos e indisciplinados para com seu legislador
forma de remorso. ··o pai monn tomou-se mais fone do que o fora ,; ,·o- e líder. le\ amaram-se comn ele um dia. mataram-no e linaram•se da reli-
~ diz:;- q.l!: os l?Y,"F. ':S':,.-.~~:-s :.a-.;.:,r:o; -=·;i,ai;, ;, ·,;,:.s :a:, :;-,.a- i,grs ~~
gião de Aton que lhes fora Lmposra. tal como os egipcios se tinham lirn1do
wa-:i l:rn;.5 ?': ~ 'J,r. '15'.:rrz-ei:, -:ã-, ;a-:ir.;,,;- r.:,Y.: "' .:rlner- ...:r.aí~ .:- :cc :i: dela anterionnente- (Freud. 1939. 200 l. p. 5-4). Passou-se a adorar outros
137; ~?:::ai Oh~ ·!í';!OO :P-lo ..~ ,,,;r~ur. '.n= 3:'3,S:,;; ,;;,r.c;,:r.::, ': '.A ;,.::LSf;.. ~ ;..a deus..."5 no, ameme. E Lsso terminou suprimindo a ideia de monoteísmo. a
~-~ L3?a1 ~SSI"~, ~ ~.._/j'l:i ~."O'J";"1:,".,':. ; 77..1"!1"(.2 'r- ~:r.;.ec3~;. :rr1r.•,s :,,;,: -ã,:, :a-:Il-c:r
~~ 1~,;, '33 ::l,.~ 1'... sg-Wr✓.;1*-~-:-~ ~ -~a;b:.·Y.J =-~ ¼:.. :.~~-:o :ir- m :::"ti,,:, .:i:.--
-ni~, :1:lf; d:s::mr:.i 1-:., -~:i".:~ D'll~ ·:: ✓.::..~"i:= :r:,e.~ "J.J-: :. ~17-1.:-ca...t= - t:S:--:: x:!.f- :r.r-ã.2,i:;
indife1ença com o cerimonial e o destaque dado à ética.
Freud conclui seu raciodnio nessa obra justificando que. no desen-
a ~-r ~ u-r..a ~.r,r.ro~ ~ars ':.'li:J~.f 'L;,:.z-- 1'!2 '1S.;.1: : :,: S, J..é -r..-: ~.-~;, 1:0CG :e
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A 1EORIA DA NOMINAÇÁO NA OORA OE JACQUES LACAN
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. M , , ·s 111ulcrnn1 l (CC . , 1a 11omrntizaç11o segundo categorias de determinação 1dent1tana.
lcln oisc .. , .~ tlcs~e tr,,ço dc1-:ado por 11111 e\11,1nµl'llo , 11h
. 1. 111tcrprrl11~ "º . , , rc 1111 11111 clcsampnro originário. diante do qunl nenhuma forma de repre-
pcn111111cn e . , . 11111 cnte e:<Úlll't' o que tcna pcr1111t1do a rclcitur•
, 1 rchg1oso 1110 1 . • • ~entn\·,1o 1: passível de pacificü-lo. Nilo hií. nesse parad igma. "determinações
11111 1Ulll o , . , . 11··1'1t111iv•1do jHJ\'P Jt1da1 c11 () q11c ('\ Ili Cltl Jnno 11a
• in h1s1ur111 t0 ·' • t' l'Stúveis e seguras" desenhadas 110 espaço vazio original. apenas o traço como
t1li propr · " C jl< >VO é a111c, um compk111cnto de ,cn11do 11111 ,
t ,ílo tio 110111c te, 1 ., · · • disturç11u (f111s1el/1111g) , "Traço que descompletn textos, apontando para ·outra
cons ru~1 .• . 11 verdade hi , túricu a '-l'I' rcrnpcrada
novn trnd11\·11u. que u111 . ccnn' j, 1 11111 desamparo intolcr:'lvcl que só pode produzir a violência do
• Moisés c11li1c10 l1 c11d1ano co1110 11111a llg111a c,11,mucnJ
l)cssn 1on1111, o · · t; . . ,. , c- 11ss11ssin11to de Moisés pelo próprio povo que ele irá fundar. Assassinato que
se 111us1111n11 . •mct
.· 1li ilvcl 11 11111 11 1dc111il1cu\·11•o 111111µ 111,11111.
.
""'º q11c , ua hn~uJ scní. no fundo. o inicio de umn rclaç:lo indestrutível" (Safatle, 20 15. p. 128).
· , fls'i•·os e h1011r:'ilirn, 11110 pcr1111t1r111111 qualquer tipo de e,.
11111lc11111, seus 1111\:0S • ~ • I:' , O conl'ronlo com o trnu111útico. a snber, com a inscrição da lingua sobre o
, 1 1
pccu1nm 111 e cm , 11 relii,·i' o 111, 1
,1 ivo ao 1111al ele ~e cndcrc\'
. • •
. 11 e q11e. po,1 e1101111 l'lllc• corpo. cujo vazio exige 11111 tratamento pelo nome. engendra um impossível
, ,, , ., () 1111 c se rcss:ilta é 1111111 11lcnt1f1t::t\'t1o real 1101:011hon111
se llllllllrlillll ,H' 11 11 1' '' '' • .. .. ' de ussin1il11r que pennancce como intensidade viva. Há uma herança não
" · 1 · ssi '11'ivcl e 1rn:11rl·'sc111uvcl do 0111ro• . 1111111u lo!qca de mcor,
11 11111 llllCCU 11111•, 1111 passivei de tra11s111issào. sem língua comum , distorção a ser (re )interpelada
pornçilo que. de cl·rtn 1im1111. 11eg11-sc II si 111cs11111" (Sa lntlc. 2~) 15. P: 12K), Oque pcrn11111c111e111en1e Tratu-sc de um anteparo variúvel, sem fi xidez. "desejo
se lrnnsmitc uqui senão troços quc sc dcsw mplcl:1111. produ1.111do d1~hll\:11c~ ljUC que m1o se aquieta nu conformação atual das normas•· (Safatle, 20 15, p. 130).
lllrnllm ln,posslvcl 1111111 coesflo idc11ti1:'iri11 cm torno dc 11111:i unidndc 1111rd\ica'! Ao interprclar Moisés, Laca11 é radical. Não se traia de 11111 assassinato que
i'i antes 11111 "11rn11tcci111c11tt11 ni11~fon nmlor" 011 11111 "clrn1cnlo hv1c-ll111t111111c" tenha engendrado o acesso ao gozo, como no primeiro paradigma. o do Totem
que. por 11111 1110111c11lo. 1:cssa de 11110 se cscrcvcr. aindn que 111:mtcnha o va,io e Tabu. Ele se pergu11ta porque, t:ntào, teria sido necessário matar Moisés. Na
m,ccnlrnhdallc do procc,~o idrnlificalúriu (S11fi1tlc.201 5) verdade. dois pressupostos centrais de Freud na tese da nutdaçào do monote-
l>iu111c dlssu. lemo~ 11111 tipo de lnc,:o soc inl f'u11dado por um líder lsmo niio sfio consensuais nos estudos da religião judaica, ao contrário. Lacan
estrn11gciro. w111u 11111 corpo estranho c i11ass i111il:'1vcl 110 lugur do poder ( 1%9- 1970. 1992) convida André Caquot para discuti-las. Elc era professor
(Safnllc. 2015), O Deus que ele procura instituir parece desori entar qunl• de hebreu e aramaico e diretor da seção de Ciências Religiosas da Escola de
quer coordcnndu ~imh61ica rlgida, visto que quando perguntado sobre Altos Estudos, na ocasião, especialista em história e civilizações semíticas, e
quem é, npcnas responde alrn vés de 11111a tautologia vn zia. do lipo: "Eu luru convidado por Lacan para discutir as proposições de Ernst Sellin. Esse
~1,1111 que sou". Su11 religião t:1111bé111 sc 111ostrn contr:',ria a qualquer ritual eminente teólogo alc111fio. E. Scllin. fora também prolcssor e um pioneiro em
dt' ~11crif'lcío. 11111gi11 ou rcprcscnta\'iio pictúrica do seu Deus. nplicar a arqueologia nas ciências biblicas, tendo leito diversas descobc11as que
l>e~~ 11 íor11111, Freud no deslnenr o fund ador da idc11tidadcj 11d111cn como nuxiliarnm interpretações de contradições e enigmas dn carta sagrada. Segundo
scmlo ele 111cs111t111111 mlu judeu, termina evidenciando a impo~\ibilida dc Caquot l Lacan, 1969- 1970. 1992. p. 200). 111uiws de suas hipóteses eram calca-
dn ~on~tituiçílo de 11111 povo como 11111 todt1 harm ônico e cont inuo. l11 rc das 1111ma imaginação desenfreada. inclusive aquela que havia orientado Freud.
de frulurn, e 1111cLr, 11 •·1s que nno - scri11111· suprn111da~ · , Nesse ensaio · 1·1cul . 1,·"•11(1· Assim como cm Totem e Tabu, Freud não encontra cm Darwi n subsí-
de~tncn-~ 1
c II l'Xiqt,~ 11c'1••111e· 1111111 1Prtc crit1 · tt1r"ç1'0
. • · c11 ao~ prn1clus · e1e cs1111
0
11 dios paru supor que houvera u111 pai pri111cvo. também em Moisés não há
,(lc1al por incio de idcnlidadc~ coleli vns. . evidências arqueológicas de seu assassinato. A inlcrpretai,:iio da morte de
um israc litn cm u111a passagc111 bíblica de Números é fruto da interpretação
Ma,, 1,11,aih e: ,1 • 11. _ . // •'e 11ur de Scll in sobre Oséit1,1·. tendo ele proposto que "a morte vio lenta do gui a
, : ' ' c,rn,p t 1e11\·ao pn1lumla dl' 11cud l1u t11 1 ri:' u "
,>le 11, 11111i~11 1· ' 1
. . ·p,1rn e 1111vc1,, n, 111111~ 1dc111ifk:'ivr l',, a~ 111a1~o 1' 111iada
• 1 • l!c bracl teria tido, cm sua ongcm, o valor de um sacnficio expiatório,
11lc11l1dadc, c,,111 , • ,,i1tcin
r111 , , . uii.t11; rara l'ic. r \la era a idc1111d:1dc 1ud,11c,1 e la1cndo <.: cssar 11111 llagc lo" (Caquot ap11d Lacan. 1969-1 970, 1992. p 200)
11tc~ 111crc111c,
· que, ,,,,. 1111pcdrn1 de ser 1o1·il111c11lc·1•11wrpor,iu,
, ·'a\ cm
Nesse episódio. Moisés lena sido posteriormente apagado e substituído
lflllil, t 'lptt1,1 , '
l ' ' llfllll , ldrnlidndc ,~aid. 2004. r !< 1)
24 A TEORIA DA NOMINAÇÃO NA OBRA DE JACQUES LACAN 25

mctaforicamente por urna figura insignificante._c~jo nome em sua raiz ad- o edipic~. Com. isso. ~acan pode prescindir do homem encarnado e postular
vinha do verbo •·mentir", tendo a figura de Mo1s_es salvador permanecido que o pai real e, no mvel da estrutura, da ordem dos efeitos de linguagem
como a de um herói, cuja lembrança autêntica tena pem1anec1do guardada, (Lacan, 1969- 1970, 1992, p. 127). Por isso, os três assassmatos configuram
em detrimento da cena real apagada. um nó rnít!co, um _curto:circuito (Lacan, 1969-1970. 1992. p. 128) ~ . por
Outras passagens sào evocadas e retraduzi_das por Se~lin. ~orno a do or- isso, tambern os mitos sao apenas enunciações manifestas de um conteúdo
denamento a Moisés de deslocamento do povo Judeu por }ahve (YHVH) por latente. A chave dessa leitura, Lacan nos oferece na lição sobre ..A feroz
conta do pecado de Baal Peor1. Entretanto, segundo Caquot, o próprio Sellin ignorância de Yahvé" no Seminário 17 ( 1969-1970. 1992). E, para isso, é
recua dessa hipótese, dada sua fragilidade . Goethe também teria desenvolvido preciso desintrincar o pai real do pai imaginário que o recobre. "O pai real
a mesma suposiçào do assassinato de Moisés, nesse caso _por Josué e Caleb. [ ...J articula-se propriamente com o que só concerne ao pai imaginário. a
dada sua indecisào em atravessar o rio Jordào. Freud poderia ter se fiado nessa saber, a interdição do gozo·· (Lacan, 1969-1970, p. 129). Ao pai real resta o
hipótese e se valido da autoridade de Sellin para justifi~ar seu argumento. lugar estrut ural da disjunção entre saber e verdade, efeito inassimilável da
O fato é que, nos dois mitos, Freud evoca o assassmato do fundador na incidência do simból ico da linguagem sobre o real de lalíngua. O pai real é
construçào de um mito de origem do nome. do povo e o do laço social. Em seu efeito. "O que o toma essencial está ressaltado, é. a saber, essa castração
cada mito, porém, esse assassinato acontece de maneira diversa e forja conse- que eu apontava há pouco dizendo que havia ali urna ordem de ignorância
quências diferentes. Em Totem e Tabu. há uma equivalência entre o pai morto feroz. quero dizer, no lugar do pai real" (Lacan, 1969-1 970, 1992, p. 129).
e o gozo como sinal do próprio impossível, ·'daquilo que. do simbólico, se Por isso, Freud precisou de Moisés. Situar se Yah1·é comparece realmente
enuncia corno impossível'' (Lacan. 1969-1970, 1992, p. 116). Por isso, esse ou não para designar seu povo a seguir Moisés é uma dimensão crucial dessa
mito, para além do mito do Édipo. destaca a função estrntural do pai real wrção teórica lacaniana. No momento em que, subindo ao Monte Horeb,
e coloca em questão a fundação do nome e do pacto pela via do ato. "Será Moisés teria recebido das mãos de Yahvé a tábua com seus mandamentos é
então que a função do pai real procede da natureza do ato. no que se refere à central para compreender e situar essa passagem teórica. A suspeita de Lacan é
castração? É precisamente isso que o tenno agente, que enunciei. nos permite consequência direta dessa inversão sobre a fundação daquilo que se tona guia
deixar em suspenso·• (Lacan, 1969-1970, 1992, p. 118). Na passagem da te- do povo judeu, e por conseguinte, o nomeia o povo escolhido. Ela implica que
oria do ato para a da nominação, aqui radica sua condição de possibilidade. o traço sobre o qual o nome próprio pode se fundar o implica corno invenção
O assassinato de Moisés. por seu turno, é o que dá ensejo à adoção de uma de sentido, corno efeito de interpretação. O nome próprio não existiria. dessa
outra religião, com um novo Deus. Yahvé, tirânico, violento. Curiosamente maneira, previamente ao campo vazio que o acolheu. Ele seria fruto de uma
"esse deus novo. estranho aos judeus, é anunciado por outro profeta, um mt- interpretação, de urna correção, de urna distorção que produz substituições no
dianita chamado também de Moisés" (Safatle, 201 5, p. 130). Safatle destaca a lugar originário constituído pelo desamparo estrntural da linguagem.
dimensão do duplo, do estranho familiar que, tanto na integração do deus Aton
pelo Deus Yahvé, quanto na fusão do Moisés egípcio com o Moisés midianita, Freud e Lacan: premissas lógicas para pensar o nome próprio
desfiguram o passado no presente atualizado. "Contrariamente ao pai prirnevo A invenção freudi ana do pai pri mevo e o ato de seu assassinato como
de Torem e Tabu, o que vem agora do passado recalcado não é uma regressão. condição necessária e prévia ao pacto social é exatamente a riqueza da in-
mas a fidelidade a um acontecimento transformador que, por um momento, terpretação lacaniana. No lugar vazio originário. fonte ou empuxo primário
cessa de não se escrever" (Safatle, 2015, pp. 130-13 1). Há a produção de uma de identificação, nesse mito, Freud aloca o pai e, com isso. constitui um Um
nova escrita do nome desse povo, sua invenção mais exatamente como fonte identificatória, elevada em Psicologia das massas e análise do
Aquilo que detennma essa função é o fato de o pai ser aquele que não eu ( 1921, 2011 ), à condição de Ideal de Eu. Na fantasia de recuperação do
sabe nada da verdade que veicula (Lacan, 1969-1970, 1992, p. 122). Essa objeto perdido, o totem-pai, Freud evidencia um modo de ocupação da falta
' feroz ignorância' atravessa o pai nos três mitos freudianos, incluindo aqui estrutural da linguagem, através de uma ilusão de sutura cujo efeito é um ín-
dice que unifica iguais. restritos e contidos. em oposição ao que faz diferença.
3 Baal-Peor era o deus da fertilidade, deus supremo dos cananeus, responsável pela abundância da terra e
pela fertilidade do ventre O_episódio blblico ac1_ma refendo d12 respeito a varões hebreus que. seduzidos Seu resultado é, evidentemente, a crença no nome, de um lado, e processos
pelas mulheres moab1tas, nao somente prost1tu1ram-se com estas. como também acabaram por adorar a segregatórios, de outro. Trata-se do paradigma do aro, cuja nostalgia do pai,
divindade daquele povo tomado como pagâo O casligo divino responde a esse acontecimento
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1' CIII J1u111l,II III' 1l ' li .
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, 1 ,h1l·11• l' III ,11.1 ílll1ll, e Fi~un1 1 - "'í horroml"ano d l.'htlb r.ulo
. . 111 ,..10 1111:1I 11111 , ig11rlirn111c do ,,gno ,cr, <
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. , I • um oh•l·111. cm r:i!i10 d.is , 11111 l:S propnas de sua
111t.•r\ t'lll 11,I 1111111111,1\ ,lll l l J • 1 • •j j
• • ·• , 1, dcnotad(1. n:1n ha lll'll lllma c,p1:c11.: l e a c:inc~
"<lil,•IIJ.hit' f<lr.l I 1t ,,t' l 1l l 1( l l , . ..I
.. . 1<l<i-t-(,'i ionc,. 11. 65). ~ksmo ljlll' hap scnt1uo cm algurh
- 1.11 li, 1111,1 11·'"'"· • •- 1 1 d Há. portanto. nesse !>egundo paradigma J ,!'>-,um,j,1 u..- um:i r ' " i t.:,•11,1
• ·1 • • ., tlll l'OIIH' 11omim1~·:io. 1m q,cnl cntcmcnte css:i
ll<.lnll'' pn1prhh. l t', 1Ili 1l 011 • . '. . 1 1 do nome como ,menção, :.uplementn de ::,c:nt1u11. .1p-.11.1J...i num.i ,pr · .:nu.,::11,
, , 1 1 cm1111.:1ar um lll't1ll' prnpno
,i.:Jlt'l ,,l\ ,hl 1 ,11 ,Ili1Íl , 1l 11• • ,
Jª unp •1ca cm a gum;i,
,• •
• ,1.. ., ~ 1l·i, l ' t 11nhc111 11:1 l':>.clusao dt.: outras hgur..1\:~' 4uc que~ o nome próprio. De:.sa maneira, u nome: prupn11 rn ,1.r1:\..:-o;..- 1.rn110 p,,11111
l t'klt'I:, IJ' I"'' \ ' l ,~ . ' . • • ' ' ' . ;-
.... ,t, l 1111)111.., ,,, 111111ll'St' .10 hn smtt·se. o 110ml:. propno 11,10 pode ,cr a~rto na sutura entre "entre a pele e,1emJ dl.l 11111:rwr ..- ·J p.:h: 11111:m.1 t.h•
11,h l ,J1,c-ll1 " · • · , .
11.1,.,J , , J p.u1 11 , !•l t 1,..1,n,, ·•h1 l' lk,~. ·111ihu1,1s
, • de um Stl!nthc:mtc
_ qu,1lquer.
.. ta,~ exterior" -.u:.1entando a 1mpo:.... 1bil1dJde J.: -.cu t.:chJ mc:ntu .iu tk -.ua ,i..:11111-
... ..1 , J .1rt'lt1.111 ;J.1J,· <' J '°'111,cnl·11)11.ll1Jadt·. nc~n como scnt1d1111111ficado. caçào úluma. Seu efeito. em 1em10:. ..oc,etJmh p.11.lt' ,.:r ,parrnt.:111c:1111: um.,
1 1 1.,.111, pi,1pr1,1 ,, d1ll'1t·11,·1.1d,· um ,1!,!nth,·:111tc c,a1amcn1c por ponJr. instabilidade mJ1o r. c.l.lua a rncon-.wnc1.1 Je ,cnt1J,1 l' J..: 11 lru.,,11) 4w.: e11.!.:ndr 1
1'l1' ,, .. .11' "' urn , .1111p,1 , .11111 dt' :-1g1111ira,·.i1) quc St' 1.·nro111ra. t11pl)log1- Por outro lado, abre a condição ue unu no\J lui;11..1 Jc t'\1:11..11.111 P"htr1.u Lj\ll:
' ,\" ., , , _.,,1 ,.,J n 1Jt'11, 1.1 lm!'.111~11,·.1 d,· rd'ae1111.· dt· um ohj cio. pomo dt' não ,e làL "cm nome J e" umJ -.1gn11t1..1\Jl, u•n=d.iJ...i n 1, :.int..', 1.1 nll• 1.1111•
,11!l • .1, 1•• t ;x-111..1nt', ,. .11'<1w. , u,1.11m!l!,!t'lll p1,dl' ~l·r admirad:i na g:irrafa dt' tmgência J cada encontro nece-.,:,Jno c.k enlrt'ntJm.:nlO .L, p.1u1.i-. 1:l.ll.:11 ...1~
1,. , · , '\t"t' P<'llh• dt• .1p.1rt'lltt' ,u1ur.1 '\•lllré' :t pl.'k l'\tc•rna do imcnor" l.' ..a O noml.'. atrJ, e:., .1Jo pur e:.,.1 tl1t.1lll1.1Jt' tnl 1 .1.: uur-h~t\d J1: 1pr1..:11Jcr
I" l •1,·11u J,, c' \ lt'fh'r.. nt'"l', ,,,, , do, , r.1dirn ., pl.'rspccti, a rnapret'n,l\d 111:,tJIJUJ llll ponto Ut' ~UJ :,UIUíJ. lrtl~J<' ,1 Ll•lhdltJJ\:.10 ._- ,1 Jlu:>J,1 J.: UlllJ
+·• •. ,H , _ . : , JI j , · -11.., J,1 rlll·,11111 11.·mp,1. , ,1ntcm e pt'rlk .1 ,1gmtk.1,·.1,, w1idJUt.' 11.knt1tJn.1. '>t.'J.l IILl pl.1J10 JL,.., ..,., l.'ltL , , -,eJJ " -,,1.,n .. Jo:-. .,;uld1 h,..,
'-ll" p1'1tr J ,,1.11 11,.1J.1 l't'h1 11<1nw ph,prt () .\"m1. podl·nw:- t1n.lltné'íllt' O llltt.'n::.:.ante J rt"::.:.JitJr e ~u dl.'1h.1 ,J,1 ,._. rc:1on ., .., um.i 11u..,LJl1=1.1 Ju
,t,. ,, , ..t' "''!lh' t>lc'1lt'- ,,,_l<'lll'. 11 ntim,: prnp110 )!,mh::i n ilor dc s igno é'. ne"t p.11. lllJ:, ..u11e-, ,c: prúOl\.l\ C: wn llll.l\ l!llélllU cltpll1. l.l 1. 0llllllU\J 11\. "l'lo... pv1ll•l Jc
r-••.1,I ;Y1.. t(.•,J.1 un:.i t'..jt..1\Jli:·11,1.1 t'lllfl.' n.1nw plllprtl' imagem'. ,·,,1lll' :.u1wa-.1benur.1 llü qUJI ,11wml.' ,,' 11•,LuJ L 4lhlflto J J1n .:1 ...lu p.,ltll1.J, dJ
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29
28 A TEORIA DA NOMINAÇÃO NA OBRA DE JACQUES LACAN

Uma lição histórica REFERÊNCIAS


, d a-o dessa análise, podemos dizer que há, a partir dess
A titulo e cone Ius . . , ·b·1· d I . es
. f d. anos cuja analtse e poss1 1 1ta a pe a mterpretaç'
dois paradigmas reu 1 ' E, d. t t - ao
~ 'd Lacan ao mito freudiano do ipo, a con_s a a~ao ou a evidência Almeida, C, C. (201 1). Elementos de linguística e semiologia na organização
con en a p_o_r teo'rica do ato à invenção quanto a teoria da nominaçà0 da informação. São Paulo, Cultura Acadêmica.
de uma passagem · , . . ,
. t ·. ação daquilo que ancora ou a 1ça o 1mposs1ve1 do SUJeito
quanto a eonz . , . . ·
Podemos, assim, deduzir as formulas que orientam a leitura desses Freud, S. Algumas consequências psíquicas da distinção anatômica entre os
sexos ln: Edição Standart das Obras Psicológicas Completas de Sigmund
doi s paradigmas:
Freud (v. XIX). Rio de Janeiro: Imago. (Obra original publicada e m 1925).
Figura 2 - Dois Esq uemas do Nome Próprio (Au tores)
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Nostalgia do Pai Um Significante
TOTEM Pai primevo
Múltiplo Traço/Letra
das Obras Psicológ icas Completas de Sigmund Freud (v. XIX). Rio de
MOISÉS Desamparo a Inassimilável do Pai
Janeiro: Imago. (Obra original publicada em 1924).
Em tennos dos efeitos societários ou subjetivos, podemos avançar
nesses doi s planos e localizar, de maneira não binária. mas espectral. uma Freud, S. ( 1976). Totem e Tabu. ln: Edição Standart das Obras Ps icológi-
gama de consequências que vão: cas Completas de Sigm11nd Freud (v. XIII). Rio de Janeiro: Imago. (Obra
orig inal publicada em 1913 (1912-13 ]).
Figura 3 - Dois Esquemas do Laço ldcntificatório (Auto res)
Freud, S. (2001 ). Moisés e o Monoteísmo: três ensaios. Rio de Janeiro:
Da estabilidade Do conservadorismo Da segregação Como respostas posslveis Imago. (Obra original publicada em 1939).
A distorção A invenção A D~erença ao Real

Trata-se de uma redução esquemática que não contém nem a variabilidade Freud, S . (2011) Psicologia da massas e análise do eu. ln Sigmund Freud
nem a complexidade do nome próprio ou da política, mas que colabora tanto Obras Completas. (v. XV). São Pau lo: Companhia das letras. (Obra original
com .ª definição do primeiro, quanto com a análise das lógicas da segunda, ao publicada em 1921 ).
co~s1derarrnos a indeterminação intrínseca a ambos. Nesse ponto. os afetos
c_v1dc?c1am o gozo disjunto de qualquer sentido. Afinal, ·'a intrusão na polí- Lacan, J . ( 1964-65). O seminário livro 9: A identificaçâo. Mimeo.
tica ~~ pode ser :eita ~econhecendo-se que não há di scurso - e não apenas o
Lacan, J . (] 964-65). O seminário livro 12. problemas cruciais para a psi-
anahtico - que nao seJa do gozo, pelo menos quando dele se espera o trabalho
canálise. Recife: Centro de Estudos Freudianos do Recife, 2006.
da verdade_"_(Lacan, 1969-1970/1992, p. 74). Não se escreve um nome nem
um ato .polit1co
, . sem a dimensa~o do gozo. Esse e, um ens mamento
. ..
transmitido
pela ps1canahse freudiana qu · . . , Lacan, J . (1974-75). O seminá rio livro 22: RSI. Mimeo.
• . e aqui recuperamos, CUJO avanço lacamano impõe
consequencias, no plano teórico e no plano empírico, decisivas.
Lacan, J . ( 1992). O seminário livro 17: o avesso da psicanálise. Rio de
Janeiro: Jorge Zahar. (Seminário original de 1969- 1970).

La can, J. ( 1995). O seminário livro 4: a relação de objeto. Rio de Janeiro :


Jorge Zahar. (Seminário original de 1956-1957).

Lacan, J. (1999). O seminário livro 5. asformações do inconsciente. Rio


d e Janeiro: Jorge Zahar. (Seminário original de 1957-1958).

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