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E-book comprado por Laisa De Freitas Da Silva Oliveira CPF: 016.146.971-08

25 PEÇAS PRÁTICAS DE CONCURSOS DE DELEGADO DE POLÍCIA COM SUGESTÃO DE RESPOSTAS

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AUTORES:
SÉRGIO BAUTZER

Delegado de Polícia Civil do Distrito Federal. Lecionou legislação penal especial em


diversos cursos preparatórios, em faculdades e na Academia de Polícia, foi agraciado
com o título de Professor destaque da Academia da Polícia Civil do Distrito Federal,
lecionou para policiais da Guarda Nacional Colombiana, é autor das obras “Legislação
Penal Especial na Visão das Bancas Examinadoras e da Jurisprudência”, “Questões com
Gabaritos comentados - Legislação Penal Especial”, “Questões com Gabaritos
comentados – Direito Penal – Parte Especial”, “Questões com Gabaritos Comentados –
Direito Processual Penal”, “Questões com Gabaritos Comentados – Estatuto da Criança
e do Adolescente” e diversas apostilas, todos publicados pela Editora Vestcon”.
Professor de Legislação Penal Especial na Escola Superior de Advocacia do Distrito
Federal.

RAFAEL FARIA

Delegado de Polícia Civil do Estado de São Paulo. Especialista em Direito Penal e


Processo Penal com Capacitação para Docência no Ensino Superior pela Faculdade de
Direito Damásio de Jesus/SP. Professor de Direito Penal da Graduação em Direito do
Centro Universitário Unifafibe, em Bebedouro/SP.

RODRIGO DUARTE

Advogado da União. Ex-Oficial de Justiça e Avaliador Federal no TRF da 2ª Região; Ex-


Técnico Administrativo do Ministério Público da União (MPU) e Ex-Técnico de
Atividade Judiciária no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ); Aprovado e
nomeado no concurso de Analista Processual do Ministério Público do Rio de Janeiro
(MPE/RJ).

MIGUEL BLAJCHMAN (Organizador)

Advogado. Fundador do site Questões Discursivas. Ex-Analista de Planejamento e


Orçamento da Secretaria Municipal da Fazenda do Rio de Janeiro (SMF/RJ). Aprovado
nos seguintes concursos: Analista de Controle Externo do Tribunal de Contas do Estado
do Rio de Janeiro (TCE/RJ). Analista e Técnico do Ministério Público do Estado do Rio
de Janeiro (MPE/RJ) e Advogado da Dataprev.

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PEÇAS PRÁTICAS DE DELEGADO DE POLÍCIA

Concurso: Polícia Federal – Ano: 2013 – Banca: CESPE

Almir foi preso em flagrante no aeroporto Antônio Carlos Jobim, na cidade do Rio de Janeiro –
RJ, após adentrar em território nacional com duas malas repletas de roupas, relógios e
eletroeletrônicos não declarados à Receita Federal do Brasil e cujo imposto de importação não
fora devidamente recolhido. Os produtos foram apreendidos e Almir, encaminhado à
delegacia da Polícia Federal. Na posse do conduzido, foram apreendidos os seguintes objetos:
i) diversas passagens aéreas Rio-Miami-Rio em nome de Geraldo e Gabriel; ii) caderno de notas
com nome de diversos funcionários do aeroporto; e iii) inúmeras notas fiscais de produtos
adquiridos no estrangeiro, que somavam mais de R$ 60.000,00. Durante seu depoimento
extrajudicial, na presença de seu advogado, João, Almir afirmou que as roupas e joias não
haviam sido adquiridas no exterior, que os eletroeletrônicos realmente eram importados, mas
estariam dentro da cota de isenção de imposto de importação e que Geraldo e Gabriel eram
apenas seus amigos. Após pagar fiança arbitrada pela autoridade policial, Almir foi solto e,
dentro do prazo legal, recorreu administrativamente do auto de infração de apreensão das
mercadorias e de arbitramento do imposto devido, recurso ainda pendente de julgamento
pelo órgão Fazendário. Instaurado inquérito policial, Almir foi formalmente indiciado. Dando
continuidade às investigações, o delegado de polícia requereu ao juiz criminal competente a
interceptação telefônica do indiciado, o que foi deferido pelo prazo de quinze dias. O conteúdo
das interceptações apontou que Geraldo e Gabriel combinaram que viajariam aos Estados
Unidos da América para comprar mercadorias, que seriam revendidas no Brasil por preços
inferiores aos de mercado, sendo o preço das passagens aéreas e os lucros das vendas
repartidos por todos. Constatou-se que as viagens ocorreram durante os últimos três anos e
que os envolvidos não pagavam o respectivo imposto, dissimulando a importação das
mercadorias. Com a venda das mercadorias, o trio teria arrecadado mais de R$ 12.000.000,00,
e Geraldo adquirido um imóvel na rua Vieira Souto, no bairro de Ipanema, na cidade do Rio de
Janeiro – RJ, utilizando os ganhos com a infração penal, muito embora tenha constado do
instrumento de aquisição do bem o nome de seu filho, Cléber. Além disso, em conversa
travada entre Geraldo e João, seu advogado, verificou-se que os documentos e arquivos
digitais contábeis do grupo estariam arquivados no escritório do causídico, onde seriam
destruídos por Gabriel em poucos dias. Verificou-se, ainda, que o pagamento dos honorários
de João era realizado mediante a entrega de parte das mercadorias importadas. Apurou-se,
também, que os indiciados contavam com a colaboração de Paulo, que, na qualidade de
funcionário da Receita Federal do Brasil, os auxiliava a burlar a fiscalização fazendária, e que,
como retribuição, participava no lucro do grupo com a venda das mercadorias, sendo o
pagamento da propina de responsabilidade de João. Surgiram indícios, ainda, da participação
de outras pessoas no grupo, inclusive de funcionários públicos, bem como de utilização de
empresas-fantasmas no esquema criminoso, o que, diante do fim do prazo das interceptações
telefônicas, não pôde ser suficientemente apurado. Em seguida, os autos do inquérito policial
foram conclusos ao delegado da Polícia Federal para análise. Em face da situação hipotética
acima apresentada, redija, na condição de delegado responsável pela investigação do caso
concreto, a peça profissional a ele adequada, direcionando-a à autoridade competente.
Exponha a fundamentação jurídica pertinente, tipifique os crimes cometidos e requeira o que
entender de direito, no que se refere às investigações.

SUGESTÃO DE RESPOSTA:

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA VARA CRIMINAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA


DO RIO DE JANEIRO-RJ

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SIGILOSO

Ofício nº Ref. IPL nº

O Departamento de Polícia Federal, órgão do Ministério da Justiça, por meio do


Delegado de Polícia Federal que a esta subscreve, vem respeitosamente à presença de Vossa
Excelência expor e requerer o quanto segue.

Trata-se de investigação criminal destinada a apurar os crimes de descaminho,


quadrilha, lavagem de dinheiro, receptação, corrupção passiva/facilitação de descaminho,
corrupção ativa e lavagem de dinheiro, supostamente praticados por ALMIR, GERALDO,
GABRIEL, JOÃO, PAULO e outros ainda não identificados.

Na cidade do Rio de Janeiro, o nacional Almir foi preso em flagrante no aeroporto


Antônio Carlos Jobim após adentrar em território nacional com duas malas repletas de roupas,
relógios e eletroeletrônicos não declarados à Receita Federal do Brasil e cujo imposto de
importação não fora devidamente recolhido.

Os produtos foram apreendidos e Almir devidamente encaminhado à delegacia da


Polícia Federal. Na posse do conduzido, foram apreendidos os seguintes objetos: 1) diversas
passagens aéreas Rio-Miami-Rio em nome de Geraldo e Gabriel; 2) caderno de notas com
nome de diversos funcionários do aeroporto; e 3) inúmeras notas fiscais de produtos adquiridos
no estrangeiro, que somavam mais de R$ 60.000,00.

Durante seu depoimento extrajudicial, na presença de seu advogado, João, Almir


afirmou que as roupas e joias não haviam sido adquiridas no exterior, que os eletroeletrônicos
realmente eram importados, mas estariam dentro da cota de isenção de imposto de
importação e que Geraldo e Gabriel eram apenas seus amigos. Após pagar fiança arbitrada,
Almir foi solto e, dentro do prazo legal, recorreu administrativamente do auto de infração de
apreensão das mercadorias e de arbitramento do imposto devido, recurso ainda pendente de
julgamento pelo órgão fazendário. Instaurado inquérito policial, Almir foi formalmente
indiciado, pois o fato praticado amolda-se perfeitamente ao artigo 334 do Código Penal
(descaminho), inclusive com o aumento de pena previsto no §3º (a pena aplica -se em dobro se
o crime de descaminho é praticado em transporte aéreo, marítimo ou fluvial).

O descaminho é crime formal. Para que seja proposta ação penal por descaminho não
é necessária a prévia constituição definitiva do crédito tributário, nos termos do entendimento
prevalente no STJ. Conclui-se que no caso de descaminho não se aplica a Súmula Vinculante nº
24.

A fim de identificar possível formação de quadrilha e todos os fatos que pudessem


caracterizar os delitos em comento, esta autoridade policial representou a Vossa Excelência
pela interceptação telefônica do indiciado, o que foi deferido pelo prazo de quinze dias.

O conteúdo das interceptações apontou que Geraldo e Gabriel combinaram que


viajariam aos Estados Unidos para comprar mercadorias, que seriam revendidas no Brasil por
preços inferiores aos de mercado, sendo o preço das passagens aéreas e o s lucros das vendas
repartidos por todos. Constatou-se que as viagens ocorreram durante os últimos três anos e
que os envolvidos não pagavam o respectivo imposto, dissimulando a importação das
mercadorias.

Com a venda das mercadorias, o trio arrecadou mais de R$ 12.000.000,00, tendo


Geraldo adquirido um imóvel na rua Vieira Souto, no bairro de Ipanema, na cidade do Rio de

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Janeiro – RJ, utilizando os ganhos com a infração penal, muito embora tenha constado do
instrumento de aquisição do bem o nome de seu filho, Cléber. Além disso, em conversa travada
entre Geraldo e João, seu advogado, verificou- se que os documentos e arquivos digitais
contábeis do grupo estariam arquivados no escritório do causídico, onde seriam destruídos por
Gabriel em poucos dias. Verificou-se, ainda, que o pagamento dos honorários de João era
realizado mediante a entrega de parte das mercadorias importadas.

Apurou-se, também, que os indiciados contavam com a colaboração de Paulo, que, na


qualidade de funcionário da Receita Federal do Brasil, os auxiliava a burlar a fiscalização
fazendária e que, como retribuição, participava no lucro do grupo com a venda das
mercadorias, sendo o pagamento da propina de responsabilidade de João. Surgiram indícios,
ainda, da participação de outras pessoas no grupo, inclusive de funcionários públicos, bem
como de utilização de empresas-fantasmas no esquema criminoso, o que, diante do fim do
prazo das interceptações telefônicas, não pôde ser suficientemente apurado.

Diante do exposto, REPRESENTA-SE:

1) Pela PRORROGAÇÃO do monitoramento telefônico, inclusive com o fornecimento de extratos


de ligações recebidas e realizadas, mensagens de texto, além da posição dos alvos por meio
das informações encontradas pelas ERBs, de forma a identificar outros envolvidos na quadrilha,
nos termos da Lei nº 9.296/96;

2) Pela interceptação do fluxo de comunicações em sistemas de informática e telemática, a fim


de identificar outros fatos e pessoas envolvidas no crime (art. 1º, parágrafo único da, Lei nº
9.296/96);

3) Pelo SEQUESTRO dos bens adquiridos pelos investigados, especialmente o imóvel adquirido
por GERALDO, em nome de seu filho CLEBER, localizado na rua Vieira Souto, no bairro de
Ipanema, na cidade do Rio de Janeiro – RJ, em que utilizou os ganhos com a infração penal,
para adquirir o bem (artigos 125 e 126 do CPP);

4) Pela BUSCA E APREENSÃO NO ESCRITÓRIO DE JOÃO, pois, segundo as investigações, em


conversa travada entre Geraldo e João, seu advogado, verificou-se que os documentos e
arquivos digitais contábeis do grupo estariam arquivados no escritório do causídico, onde
seriam destruídos por Gabriel em poucos dias. Ademais, o pagamento dos honorários de João
era realizado mediante a entrega de parte das mercadorias importadas (artigo 240 do CPP);

5 ) Pela BUSCA E APREENSÃO na residência de PAULO, pois, de acordo com os autos, os


indiciados contavam com a colaboração de Paulo que, na qualidade de funcionário da Receita
Federal do Brasil, os auxiliava a burlar a fiscalização fazendária, e que, como retribuição,
participava no lucro do grupo com a venda as mercadorias, sendo o pagamento da propina de
responsabilidade de João (artigo 240 do CPP);

6) Pela PRISÃO PREVENTIVA de todos os envolvidos ora identificados (ALMIR, GERALDO,


GABRIEL, JOÃO, PAULO), tendo em vista os requisitos previstos no artigo 312 do CPP. Com
efeito, a prisão preventiva deverá ser decretada como garantia da ordem pública e econômica,
na medida em que os autores podem continuar causando prejuízos financeiros à União e, além
disso, os crimes praticados são dolosos, cujas penas máximas privativas de liberd ade são
superiores a 4 (quatro) anos de reclusão, o que autoriza a medida cautelar, nos termos do
artigo 313 do CPP.

Nestes Termos, pede deferimento.

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Local, data

DELEGADO DE POLÍCIA FEDERAL

MATRÍCULA

Concurso: PCTO – Ano: 2014 – Banca: AROEIRA

PEÇA TÉCNICO-PROFISSIONAL – J. C., primário e de bons antecedentes, responde, em


liberdade, a inquérito policial por suposta prática do crime de estelionato, na modalidade de
fraude no pagamento por meio de cheque (art. 171, §2.º, VI, Código Penal), contra a vítima I.
A. O cheque, devolvido por ausência de fundos, encontra-se juntado aos autos do inquérito.
Chegou ao conhecimento da autoridade policial, todavia, pelos depoimentos da vítima e das
testemunhas A. V. e P. A., que J. C. estaria rondando o bairro em que se deram os fatos, em
atitude claramente ameaçadora. Na condição de Delegado de Polícia responsável pelo caso,
represente à autoridade competente pela decretação da prisão provisória cabível na hipótese
apresentada.

NOTA EXPLICATIVA:

Apesar de um enunciado aparentemente simples, e considerando que a banca não permitiu


consulta a qualquer tipo de material, para confeccionar a peça adequadamente o candidato
deveria ter conhecimento dos seguintes temas: a) Prisão preventiva e temporária,
modalidades de prisões provisórias existentes no direito brasileiro, haja vista ter a prisão em
flagrante, segundo a doutrina majoritária, natureza de cautelar efêmera; b) Rol memorizado
dos delitos contidos no art. 1º da Lei nº 7.960/89 (lei da prisão temporária), assim como a
interpretação que diz que todos os delitos hediondos permitem a prisão temporária, ainda que
não contidos no rol do artigo 1º da referida lei; c) Rol memorizado dos delitos hediondos – art.
1º da Lei nº 8.072/90; d) Prisão preventiva, seus pressupostos e fundamentos (artigo 312 do
Código de Processo Penal), bem como as hipóteses de cabimento contidas no artigo 313 do
mesmo código; e) Tipo penal de fraude no pagamento por meio de cheque, modalidade de
estelionato contido no art. 171, §2º, VI, do Código Penal, especialmente em relação à pena
cominada (1 a 5 anos), visto ser a quantidade da pena fator determinante para se analisar o
cabimento ou não da prisão preventiva; Sabendo disso, o candidato perceberá que o delito de
fraude no pagamento por meio de cheque não consta no rol do art. 1º da Lei nº 7.960/89 e
também não se trata de crime hediondo. Com isso, permite-se concluir de imediato que não
poderia haver representação pela prisão temporária, restando a representação pela prisão
preventiva de J.C.

Uma vez definida por qual prisão deva representar, no caso prisão preventiva, cabe ao
candidato apontar os pressupostos e fundamentos contidos no enunciado, além de indicar em
qual das hipóteses de cabimento do artigo 313 do CPP se enquadra a situação.

A prisão preventiva tem como pressupostos (artigo 312 do Código de Processo Penal, primeira
parte) indícios suficientes de autoria e prova da materialidade. É o que se conhece por fumus
comissi delicti. No caso em análise, tais pressupostos estão evidenci ados nos seguintes pontos:
a materialidade evidencia-se no cheque devolvido juntado aos autos do Inquérito (folhas ), ao
passo que os indícios suficientes de autoria restam presentes nos depoimentos das
testemunhas A. V. e P. A. (folhas )

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Quanto aos fundamentos (periculum libertatis), a prisão preventiva mostra-se necessária em


razão da conveniência da instrução criminal, pois, conforme o enunciado, o indiciado estaria
rondando o bairro no qual se deram os fatos, em atitude claramente ameaçadora, pondo em
risco o bom e normal andamento da investigação.

Por fim, ainda que não tenham sido apontadas no espelho, algumas questões são
indispensáveis na representação de prisão preventiva, devendo ser de conhecimento do
candidato:

1 – Demonstração da necessidade e adequação da medida (art. 282, I e II, do Código de


Processo Penal);

2 – Demonstração de que a situação se enquadra em uma das hipóteses de cabimento do


artigo 313 do Código de Processo Penal. Veja-se que no presente caso a prisão preventiva deve
ser decretada com base no art. 313, I, do Código de Processo Penal (crimes dolosos punidos
com pena privativa de liberdade máxima superior a quatro anos), uma vez que o delito de
fraude no pagamento por meio de cheque possui pena máxima de cinco anos, permitindo
perfeitamente a medida.

3 – Demonstração de que as medidas cautelares diversas da prisão do art. 319 do Código de


Processo Penal são insuficientes.

Outros aspectos importantes, a exemplo da competência, não foram cobrados pela banca. No
entanto, o candidato deveria ter conhecimento de que a representação deveria ser
endereçada ao juiz criminal competente para julgar crimes contra o patrimônio. Importante
ainda que o candidato esteja atento ao fato de que a prisão preventiva não possui prazo certo,
ao contrário do que ocorre com a prisão temporária.

Por fim, a banca aceitou tanto o pedido feito em forma de ofício, quanto em forma de petição.
Optamos pela forma de petição porque é a forma preferida pela maioria dos candidatos.

SUGESTÃO DE RESPOSTA:

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CRIMINAL DA COMARCA DE

Inquérito Policial nº

Natureza da investigação: ESTELIONATO Vítima: I. A.

Indiciado: J. C.

A Polícia Civil do Estado de , pelo delegado de polícia que a esta subscreve, matrícula
profissional nº , vem, respeitosamente à presença de Vossa Excelência, com fundamento no
art.5º, LXI, da Constituição Federal e artigos 311, 312 e 313, I, todos do Código de Processo
Penal, representar pela

DECRETAÇÃO DE PRISÃO PREVENTIVA

em face de J.C, (qualificação completa: nacionalidade, estado civil, profissão, RG e CPF), com
endereço residencial, pelos motivos de fato e de direito que passa a expor:

DOS FATOS

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Conforme consta dos autos do Inquérito Policial acima mencionado, J.C. está sendo
investigado, em liberdade, pela suposta prática do crime de estelionato, na modalidade de
fraude no pagamento por meio de cheque (art. 171, §2º, VI, do Código Penal), delito praticado
contra a vítima I.A.

O cheque devolvido por ausência de fundos encontra-se junto aos autos do Inquérito,
folhas .

Ocorre que chegou ao conhecimento desta autoridade policial, pelos depoimentos da


vítima e das testemunhas A. V. e P. A., que o indiciado estaria rondando o bairro em que se
deram os fatos, em atitude claramente ameaçadora.

A materialidade delitiva está provada, com o cheque, devolvido por ausência de


fundos, juntado aos autos do inquérito (fl. do inquérito). Também há indícios suficientes de
autoria (depoimentos de fls. do inquérito).

Portanto, com amparo no art. 312, do Código de Processo Penal, esta Autoridade
Policial representa a Vossa Excelência pela decretação da prisão preventiva de J. C., por
conveniência da instrução criminal, pois o indiciado está ameaçando a vítima e testemun has, o
que pode atrapalhar a colheita de provas. Era o que tinha a ponderar no momento,
apresentando cópias do boletim de ocorrência, do cheque devolvido por ausência de fundos e
dos depoimentos até então colhidos.

DO DIREITO

Em que pese a garantia constitucional do estado de inocência (art. 5º, LVII, da CRFB), o
regramento constitucional não proíbe a prisão preventiva, embora essa permissão seja
somente para situações excepcionais. Isto porque sua função é nitidamente cautelar e seus
objetivos são meramente processuais, ou seja, busca-se a tutela da sociedade, da instrução
criminal e a aplicação da lei penal, e não a aplicação antecipada da pena.

Pressupõe a existência de dois requisitos genéricos: pressupostos (fumus comissi delicti)


e fundamentos (periculum libertatis).

Por pressupostos, compreende-se a exigência da materialidade do delito e indícios


suficientes de autoria, conforme preconiza a primeira parte do artigo 312 do Código de
Processo Penal. Destacando-se que no caso em ep´Igrafe a materialidade resta devidamente
demonstrada na folha de cheque devolvida juntada aos autos do inquérito policial (folhas ), ao
passo que os depoimentos das testemunhas A.V. e P.A, (folhas ) indicam os indícios suficientes
de autoria.

Os fundamentos são os motivos que ensejam a decretação da prisão, quais sejam:


garantia da ordem pública, da ordem econômica, garantia da instrução criminal e para
assegurar a aplicação da lei penal (art. 312 do Código de Processo Penal). Assim, inevitável a
decretação da prisão preventiva de J.C., haja vista a necessidade de garantir o regular
desenvolvimento da instrução criminal, ante sua conduta de ameaçar vítimas e testemunhas.

Ademais, o crime de fraude no pagamento por meio de cheque é crime doloso e po ssui
pena máxima de cinco anos, permitindo a prisão preventiva de J.C., nos termos do art. 313, I,
do Código de Processo Penal.

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Saliente-se também que as medidas cautelares diversas da prisão, especificadas no art.


319 do Código de Processo Penal, revelam-se inadequadas e insuficientes para o caso, pois
ineficazes para impedir que J.C. continue a ameaçar as vitimas e testemunhas.

Por fim, a medida se mostra adequada e necessária, ante a ineficácia das outras
medidas, perfazendo-se a exigência do art. 282, incisos I e II, do Código de Processo Penal.

DO PEDIDO

Ante o exposto, com base nos elementos de convicção constantes nos autos Inquérito
Policial (folhas ) e com supedâneo nos artigos 311, 312 e 313, I, todos do Código de Processo
Penal, REPRESENTO a Vossa excelência pela decretação da PRISÃO PREVENTIVA de J.C.,
devidamente qualificado, expedindo-se o competente mandado de prisão.

Nestes temos, Pede deferimento Local, data.

Delegado de Polícia.

Concurso: PCBA – Ano: 2013 – Banca: CESPE

Em 17/9/2012 (segunda-feira), por volta de 0h50m, Douglas Aparecido da Silva foi alvejado por
três disparos de arma de fogo quando se encontrava em frente à casa de sua namorada,
Fernanda Maria Souza, na rua Serafim, casa 12, no bairro Boa Prudência, em Salvador – BA. A
ação teria sido intentada por quatro indivíduos que, em um veículo sedã de cor prata, placa
ABS 2222/BA, abordaram o casal e cobraram, mediante a ameaça de armas de fogo portadas
por dois deles, determinada dívida de Douglas, proveniente de certa quantidade de crack que
este teria adquirido dias antes, sem efetuar o devido pagamento. Foi instaurado o competente
inquérito policial, tombado, no 21.º Distrito Policial, sob o n.º 0021/2012, para apurar a
autoria e as circunstâncias da morte de Douglas, constando no expediente que, na noite de
16/9/2012, por volta das 21 h, a vítima se encontrou com a namorada, Fernanda, e, após
passarem em determinada festa de amigos, seguiram para a casa de Fernanda, no bairro Boa
Prudência, onde Douglas a deixaria; o casal estava em um veículo utilitário de cor bran ca,
placa JEL 9601/BA, de propriedade da vítima; na madrugada do dia seguinte, por volta de
0h40m, quando já estavam parados em frente à casa de Fernanda, apareceu na rua um veículo
sedã de cor prata, em que se encontravam quatro rapazes, que cobraram Douglas pelo
“bagulho” e ameaçaram o casal com armas nas mãos, quando um dos rapazes deu dois tiros
para o alto, momento em que Douglas e Fernanda se deitaram no chão. Em ato contínuo, um
dos rapazes desceu do carro, chutou a cabeça de Douglas e, em seguida, desferiu três disparos
em sua direção, atingindo-lhe fatalmente a cabeça e o tórax. Douglas faleceu ainda no local e
os autores se evadiram logo após a conduta, lá deixando Fernanda a gritar por socorro. Nos
autos do inquérito, consta que foram ouvidos dois vizinhos de Fernanda que se encontravam,
na ocasião dos fatos, na janela do prédio vizinho e narraram, em auto pró-prio, a conduta do
grupo, indicando a placa do veículo sedã de cor prata (ABS 2222/BA) e a descrição física dos
quatro indivíduos. Na ocasião, foram apresentadas fotografias de possíveis suspeitos às duas
testemunhas, que reconheceram formalmente, conforme auto de reconhecimento fotográfico,
dois dos rapazes envolvidos nos fatos: Ricardo Madeira e Cristiano Madeira. Fernanda foi
ouvida em termo de declarações e alegou conhecer dois dos autores, em específico os que
empunhavam armas: Cristiano Madeira, vulgo Pinga, que portava um revólver e teria desferido
dois tiros para o alto; e o irmão de Cristiano, Ricardo Madeira, vulgo Caveira, que, portando
uma pistola niquelada, desferira os três tiros que atingiram a vítima. Fernanda afirmou

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desconhecer os outros dois elementos e esclareceu que poderia reconhecê-los formalmente,


se fosse necessário. Ao final, noticiou que se sentia ameaçada, relatando que, logo após o
crime, em frente à sua residência, um rapaz descera de uma moto e, com o rosto coberto pelo
capa-cete, fizera menção que a machucaria caso relatasse à polícia o que sabia. Em
complementação à apuração da autoria, buscou-se identificar, embora sem êxito, os outros
dois indivíduos que acompanhavam Ricardo e Cristiano na ocasião dos fatos. Juntaram-se aos
autos o laudo de exame de local de morte violenta, que evidencia terem sido recolhidos do
asfalto dois projéteis de calibre 38, e o laudo de perícia papiloscópica, realizada em lata de
cerveja encontrada nas proximidades do local, na qual foram constatados fragmentos digitais
de uma palmar. Lançadas as digitais em banco de dados, confirmou-se pertencerem a Ricardo
Madeira. Também juntou-se ao feito o laudo cadavérico da vítima, no qual se constata a
retirada de três projéteis de calibre 380 do cadáver: um alojado no tórax e dois, no crânio.
Durante as diligências, apurou-se que o veículo sedã de cor prata, placa ABS 2222/BA, estava
registrado em nome da genitora dos irmãos Cristiano Madeira e Ricardo Madeira, Maria
Aparecida Madeira, residente na rua Querubim, casa 32, no bairro Boa Prudência, em Salvador
– BA, onde morava na companhia dos filhos. Nos registros criminais de Cristiano, constam
várias passagens por roubo e tráfico de drogas. No formulário de antecedentes criminais de
Ricardo Madeira, também anexado aos autos, consta a prática de inúmeros delitos, entre os
quais dois homicídios. Procurados pela polícia para esclarecerem os fatos, Cristiano e Ricardo
não foram localizados, tampouco seus familiares forneceram quaisquer notíci as de seus
paradeiros, embora houvesse informações de que eles estariam na residência de seu tio,
Roberval Madeira, situada na rua Bom Tempero, s/n, no bairro Nova Esperança, em Salvador –
A. Ambos foram indiciados nos autos como incursos nas sanções previ stas no art. 121, § 2.º, II
e IV, do CP. O inquérito policial tramitou pela delegacia, em diligências, durante vinte e cinco
dias, encontrando-se conclusos para a autoridade policial que preside o feito, restando a
complementação de inúmeras diligências visando identificar os outros dois autores e
evidenciar, através de novas provas, a conduta dos indiciados. Em face do relato acima
apresentado, proceda, na condição de delegado de polícia que preside o feito, à remessa dos
autos ao Poder Judiciário, representando pela(s) medida(s) pertinente(s) ao caso. Fundamente
suas explanações e não crie fatos novos.

NOTA EXPLICATIVA:

O candidato deve atentar aos seguintes tópicos:

1. Apresentação e estrutura textual (legibilidade, respeito as margens e indicação de


parágrafos) – Nesse aspecto é preciso que o aluno fique atento aos detalhes exigidos pela
banca examinadora. No caso do CEBRASPE/CESPE é utilizado um espelho padrão de prova, de
modo que se sugere ao candidato elaborar sua resposta de maneira objetiva e direta, sempre
fundamentando seu posicionamento com base nos artigos de lei e entendimento
jurisprudencial. É preciso buscar um equilíbrio entre escrita fundamentada e objetividade a fim
de não perder o pouco espaço disponível com informações desnecessárias. Suge rem-se
sentenças curtas e observância da ortografia e caligrafia.

2. Desenvolvimento do tema – Trata-se de Representação ao Poder Judiciário, elaborada pelo


Delegado de Policia com vistas a conseguir o deferimento de medidas cautelares que auxiliem
no deslinde da investigação. A leitura atenta do caso concreto é indispensável para a
identificação das medidas adequadas. Inicialmente, o candidato deve identificar e destacar os
crimes em apuração, sempre citando os artigos referenciados. No caso em apreço, observa-se
a participação de quatro suspeitos em co-autoria na prática de homicídio qualificado (motivo
torpe), ameaça e disparo de arma de fogo. Ademais, seria importante destacar a prática de

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tráfico ilícito de entorpecentes por parte do grupo, mencionando, inclusive, seus antecedentes
criminais. Essas informações iniciais são necessárias ao deslinde do caso. A partir dos tipos
penais, o candidato deve observar as medidas cautelares adequadas ao caso concreto,
colocando-se na posição do Delegado de Polícia.

2.1 Endereçamento ao Juiz do Tribunal do Júri de Salvador/BA –

A representação deveria ser dirigida ao Juiz competente, sendo no caso o Juiz do Tribunal do
Júri de Salvador/BA. Tratando-se de crime de homicídio e de outros conexos cabe ao Juiz do
Tribunal do Júri avaliar a adequação e necessidade da medida requerida. O cabeçalho da
representação deveria ser redigido da seguinte maneira “Excelentíssimo Juiz de Direito do
Tribunal do Júri da Comarca de Salvador/BA.”.

Destaque-se que em se tratando de homicídio aplica-se a chamada teoria da ação, consoante


Jurisprudência pacificada do Superior Tribunal de Justiça, diferentemente da regra prevista no
Código de Processo Penal Brasileiro, no qual a competência territorial para julgamento do
delito é definida a partir do local de consumação do delito.

2.2 Pedido de prisão temporária

2.3 Fundamentação (pressupostos e motivação legal): Esse ponto talvez seja o crucial e o de
maior complexidade nas provas para Delegado de Polícia: definir a espécie de prisão adequada
ao caso em apreço. A dúvida surge entre o cabimento entre a prisão preventiva e a prisão
temporária. É de bom alvitre mencionar que a dúvida é plausível, tendo em vista que no dia a
dia, em muitas ocasiões, ambas as medidas são cabíveis e pertinentes a depender dos
fundamentos utilizados. No entanto, nas provas para concurso públ ico, as bancas
examinadoras optam por aceitar apenas uma das medidas cabíveis, não pontuando a prova do
candidato que optar pela prisão diversa.

Nas provas do CESPE, a banca examinadora costuma sinalizar para a medida de prisão cabível.
Na prova em concreto, a questão afirma a necessidade da continuação das investigações ante
a necessidade de “complementação de inúmeras diligências”. Assim sendo, não seria o caso de
cabimento de prisão preventiva, que exige prova da materialidade e indícios de autoria,
suficientes também para a denúncia por parte do Ministério Público. Dessa forma, o candidato
deve sempre buscar elementos que apontem a continuidade das investigações ou a suficiente
presença de elementos para a denúncia criminal como ponto de separação entre as duas
espécies de prisão.

O candidato deveria representar pela prisão temporária dos irmãos Madeira com fundamento
no art. 1º, I e III, “a” da Lei nº 7.960/89, explicando a doutrina que se posiciona pela cumulação
dos incisos I e II do art. 1º da Lei com o inciso III, bem como o porquê de a medida ser
indispensável. Somado a isso, deveria mencionar a não localização dos suspeitos, a
necessidade de reconhecimento pessoal e a realização de seu interrogatório. Interessante,
ainda, citar a excepcionalidade da medida de prisão bem como os requisitos gerais das
medidas cautelares: fumus comissi delicti e periculum in mora.

Nesse aspecto, deve-se fazer uma relação entre os fatos narrados na questão e os
fundamentos jurídicos autorizadores da medida, narrando, inclusive, os elementos de
informação colhidos até o momento, sempre buscando aclarar autoria e materialidade. São
elementos de informações que reforçam a materialidade: o laudo cadavérico e o exame de
local de crime. Aqueles que apontam para a autoria: declaração das testemunhas; o veículo
registrado em nome da genitora dos suspeitos; os fragmentos de impressão papiloscópica e o

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reconhecimento fotográfico. 2.4 Pedido de busca e apreensão do veículo e busca e apreensão


na residência da genitora e do tio dos indiciados. (pressuposto e fundamentação legal) Nesse
ponto, o candidato deveria observar as diretrizes fornecidas na própria questão para
representar pela busca e apreensão do veículo utilizado no crime, bem como realizar buscar na
residência da genitora dos investigados e do tio. Deveria ser citada a placa do veículo (ABS
2222/BA), bem como os endereços- alvo: 1) rua Querubim, casa 32, no bairro Boa Prudência,
em Salvador – BA 2) rua Bom Tempero, s/n, no bairro Nova Esperança, em Salvador – A.
Ademais, deveria mencionar os requisitos gerais das cautelares: periculum in mora e fumus
comissi delicti, além dos seguintes dispositivos normativos: art. 240, §1º, “d”, “e” e “h”, do
CPP. Indispensável, discorrer sobre a inviolabilidade do domicílio, destacando, porém, que não
pode servir de escudo a ilegalidade. 2.5 Prazo de prisão temporária pela prática de crime
hediondo. – Por fim, o prazo da medida de prisão temporária deveria ser de 30 dias, com base
no disposto no art. 2º, §4º, da Lei nº 8.072/90 (Lei de Crimes Hediondos).

SUGESTÃO DE RESPOSTA:

EXMO. DR. JUIZ DE DIREITO DA VARA DO TRIBUNAL DO JÚRI DA COMARCA DE SALVADOR/BA

IP nº 0021/2012 – 21º DP

A autoridade policial que ao final subscreve vem, respeitosamente, à presença de V.


Exa., com fulcro no art. 144 da CRFB e Lei nº 12.830/2013, representar por

PEDIDO DE PRISÃO TEMPORÁRIA

com base no art. 1º, I e III, “a” c/c art. 2º, §4º, da Lei nº 8.072/90 em desfavor de Ricardo
Madeira e Cristiano Madeira, bem como pela busca e apreensão do veículo Sedã, cor prata,
placas ABS 2222/BA, nas residências localizadas a rua Querubim, casa 32, no bairro Boa
Prudência, em Salvador – BA e rua Bom Tempero, s/n, no bairro Nova Esperança, em Salvador
– BA, tendo como fundamento o disposto no art. 240 e ss. do CPP, pelos motivos fáticos e
jurídicos a seguir apresentados.

Trata-se de Inquérito policial instaurado a fim de apurar os fatos ocorridos no dia


17/09/2012, por volta das 0h50, na R. Serafim, em frente a casa de nº 12, Bairro Boa
Prudência, em Salvador/BA, ocasião na qual Douglas Aparecido da Silva foi alvejado por três
disparos de arma de fogo. Diligências policiais foram realizadas e os elementos de informações
coletados são suficientes para comprovar a materialidade do crime de homicídio qualificado
(art. 121, §2º, I, do CP), bem como para imputar a autoria do crime aos irmãos Ricardo e
Cristiano Madeira, além de dois indivíduos ainda não identificados.

O laudo de corpo de delito e exame de local atestaram a ocorrência de que, na data


dos fatos em apuração, a vítima foi alvejada por disparos de arma de fogo, munição calibre
380, vindo a óbito em decorrência dos disparos. De modo que resta configurado a prática de
homicídio qualificado pelo motivo torpe (dívida de drogas).

Duas testemunhas foram ouvidas, situação na qual reconheceram por fotografia os


investigados Ricardo Madeira e Cristiano Madeira como sendo as pessoas envolvidas no delito
em apuração.

Ademais, a namorada da vítima, Fernanda Maria, que estava no momento dos fatos,
narrou conhecer os suspeitos, Ricardo e Cristiano, os quais empunhavam armas de fogo no
momento do crime. Destacou que os autores dirigiram-se até a vítima cobrando uma dívida
passada relacionada ao comércio de entorpecentes.

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Outros elementos de informação corroboram as declarações prestadas pelas


testemunhas. O veículo utilizado na prática criminosa pertence à genitora dos investigados.
Além disso, exame papiloscópico realizado em uma lata de cerveja, encontrada no local,
confirmou as impressões digital e palmar de Ricardo.

Ora Excelência, conforme destacado, restam presentes elementos suficientes que


apontam a prova da materialidade e indícios suficientes de autoria. Embora a prisão seja
exceção, estão presentes os requisitos legais para o deferimento da custódia temporá ria,
medida cautelar indispensável para a continuidade das investigações.

Os investigados se encontram em local incerto e não sabido, não tendo sido localizados
para serem submetidos a reconhecimento pessoal e interrogatório pessoal. Ademais, embora
prevista em legislação especial, a prisão temporária deve submeter-se a sistemática prevista
para as cautelares penais. Desse modo, a medida mostra-se adequada e necessária. Os
suspeitos são detentores de antecedentes criminais pela prática de infrações penais g raves e
uma das testemunhas do delito sente-se ameaçada.

Assim sendo, a prisão dos suspeitos é medida que se faz necessária à livre participação
das testemunhas na continuidade das investigações, a fim de serem identificado os outros
autores do delito. Além disso, será possível a realização de reconhecimento pessoal dos
investigados.

Também presentes os requisitos para o deferimento da medida cautelar de busca e


apreensão. Embora a carta magna proteja a inviolabilidade do domicilio (art. 5º, XI, da CRFB),
isso não deve servir de manto à prática de ilícitos, consoante permissivo constitucional. Há
indícios suficientes registrando a possibilidade de o veículo (Sedã preto, placas ABS 2222/BA)
utilizado no crime estar no endereço da genitora dos investigados (R. Querubim, nº 32). Há
relatos apócrifos de que os suspeitos podem estar escondidos no endereço de um tio (R. Bom
tempero). A medida de busca é necessária e adequada para localizar objetos utilizados na
prática do crime (armas e veículo), bem como localizar e prender os criminosos. Representa,
portanto, a autoridade signatária pelas medidas de direito acima elencadas, a serem
cumpridas em estrita observância do procedimento legal, previsto no Código de Processo
Penal, em especial pela prisão temporária de Ricardo Madeira e Cristiano Madeira pelo prazo
de 30 (trinta) dias, considerando a hediondez do delito praticado.

Nestes termos pede deferimento.

Local, Data.

Autoridade Policial.

Concurso: PCAP – Ano: 2010 – Banca: FGV

PEÇA PRÁTICA – A polícia está investigando uma organização criminosa integrada por policiais
militares, bombeiros militares e policiais civis cujos integrantes são suspeitos da prática de
homicídios, extorsão, concussão, corrupção ativa e passiva, dentre outros crimes. De acordo
com o que foi apurado até o momento, esses agentes públicos exigem que os comerciantes e
moradores de uma determinada localidade paguem prestações semanais em dinheiro. Os
criminosos chegaram mesmo a assumir a associação de moradores da comunidade, numa
eleição marcada pela intimidação dos eleitores. Inicialmente o pagamento era feito para que
os agentes públicos policiassem a área e não deixassem que comerciantes e moradores fossem

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furtados, roubados ou sofressem outros crimes. Porém, com o tempo, esse grupo de agentes
públicos passou a exigir também que os comerciantes e moradores somente comprassem gás
em botijão com determinados revendedores, os quais eram, por sua vez, obrigados a conceder
parte dos ganhos a essa organização criminosa. Aqueles que se recusaram a pagar foram
espancados, mortos ou expulsos da localidade em que a organização criminosa atua. Ocorre
que a investigação chegou a um ponto em que as provas necessárias para identificar toda a
cadeia de comando da organização criminosa só podem ser obtidas com a colaboração de
alguém que participe da organização, já que nenhuma das vítimas concorda em depor. Para
dificultar ainda mais a investigação, os criminosos não guardam qualquer espécie de registro
de suas atividades e nenhum deles utiliza aparelhos telefônicos, com receio de serem
interceptados, só discutindo seus planos criminosos na sede da associação. Na condição de
delegado titular responsável pela investigação você chegou à conclusão de que é preciso
lançar mão de medidas investigatórias mais intensas. Diante desse quadro, redija a peça
prática própria para por em prática as duas medidas de investigação adequadas para obter as
informações que a polícia necessita, apontando os dispositivos legais pertinentes e
fundamentando a necessidade da medida requerida. Fundamente as suas respostas
demonstrando conhecimento acerca dos institutos jurídicos aplicáveis ao caso e indicando os
dispositivos legais pertinentes.

NOTA EXPLICATIVA:

O candidato deverá realizar um PEDIDO DE INFILTRAÇÃO DE AGENTES, com base nos arts. 10,
11 e 12, da Lei nº 12.850/13.

SUGESTÃO DE RESPOSTA:

EXCELENTISSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CRIMINAL DE

A POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DE, por meio do Delegado de polícia que esta subscreve,
titular da Delegacia de Polícia, vem à presença de Vossa Excelência REPRESENTAR pela
INFILTRAÇÃO DO AGENTE POLICIAL (nome do policial que será inserido na organização
criminosa) com fulcro nos artigos 10 ,caput e §§1º a 5º, e 11 da Lei nº 12.850/2013, pelos
fundamentos de fato e de direito a seguir expostos.

A presente investigação refere-se à suposta da prática de crimes de homicídio, extorsão


e corrupção ativa e passiva por policiais civis, militares e bombeiros militares. Segundo consta
dos cadernos investigativos, os investigados exigem determinado montante em dinheiro dos
moradores de uma localidade como contraprestação de suposta prestação de serviços de
segurança, bem como também determinam que os moradores adquiram produtos, como o gás
de cozinha, de revendedores que repassam parte dos lucros para a organização criminosa, sob
pena de serem espancados, expulsos ou mortos pela associação investigada.

Após colhidas todas essas informações, as investigações chegaram em um


determinado ponto em que não mais é possível a obtenção de novas provas justamente em
virtude da ação da referida organização, pois as pessoas se recusam a prestar depoimento por
se sentirem ameaçadas. É evidente a configuração da organização criminosa, uma vez que há
fortes indícios da presença de mais de quatro pessoas, consistindo em agentes públicos
(policiais civis, militares e bombeiros) que, no intuito de obter vantagens econômica s de
moradores de uma determinada localidade, praticam crimes graves, como homicídio, extorsão,
corrupção ativa e passiva.

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Conforme se dispõe em lei, a medida ora pleiteada deve ser realizada somente em
casos excepcionais, quando não for mais possível a colheita de novos elementos de
informações seguindo os tramites típicos e de praxe de investigação. No caso em análise, as
vítimas se recusam a falar temendo represálias. Além disso, os criminosos não guardam
qualquer forma de registro de suas atividades e ainda nenhum dos investigados utiliza
aparelho telefônico, já que apresentam o receio de serem interceptados.

Dessa forma, como as provas não podem ser colhidas por outros meios investigativos,
mostra-se perfeitamente cabível e necessária essa medida excepcional de infiltração de agente
policial. A imprescindibilidade se apresenta uma vez que a infiltração policial é a única f orma
que se mostra capaz de colher novas provas da existência da organização criminosa, dos
crimes por ela praticados e da identificação das pessoas envolvidas. Neste momento da
investigação, somente a inserção de um agente policial no seio da associação criminosa é
instrumento hábil para a coleta de elementos informativos que possam resultar no
desmantelamento da referida organização e prisão dos investigados.

Diante do exposto, com fundamento nos arts. 10, caput e §§ 1º a 5º, e 11, ambos da
Lei nº 12.850/2013, REPRESENTO pela autorização de infiltração do agente policial no seio da
organização criminosa retromencionada, pelo prazo de seis meses que, sob dissimulação,
desenvolverá a investigação necessária para elucidar os fatos delituosos, colhendo-se,
previamente, o parecer do Ministério Público.

Local, Data.

Assinatura

Delegado de Polícia

Matrícula

Concurso: PCPI – Ano: 2009 – Banca: UESPI

(QUESTÃO ADAPTADA À ATUAL LEGISLAÇÃO) – Contemplando a peça abaixo, na condição de


Autoridade Impetrada, manifeste-se ao Juiz de Direito competente, prestando-lhe as
informações necessárias à instrução do Habeas Corpus impetrado por JOÃO ROBERTO, INÁCIO
VIEIRA, ANTÔNIO CÉSAR E JOSÉ FILHO, defendendo o ato impugnado. EXCELENTÍSSIMO
SENHOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CRIMINAL DA COMARCA DE TERESINA (PI) – Maria de
Fátima, advogada inscrita na OAB, Seção do Piauí, sob o nºXXXX, com escritório nesta cidade
de Teresina, vem, respeitosamente, com fulcro no art.648, III, do CPP, impetrar ordem de
HABEAS CORPUS – a favor de JOÃO ROBERTO, INÁCIO VIEIRA, ANTÔNIO CÉSAR E JOSÉ FILHO,
já qualificados nos autos do Inquérito Policial nº 136/15, pelas razões a seguir aduzidas: Os
pacientes foram autuados em flagrante delito em 06.11.2015, acusados de trabalhar em
fábrica ilegal de bebidas alcoólicas, situada em Teresina, estando incursos nos delitos
tipificados no art. 288 do CP; art.293, §1º, inciso I, do CP e art.175 I, do CP, conforme faz prova
o auto de prisão em flagrante lavrado na Central de Flagrantes da supracitada cidade. Os
pacientes encontram-se presos na sede da Delegacia de Polícia do 1º Distrito Policial de
Teresina. O Inquérito está em curso, sendo conduzido pelo Delegado da Polícia Civil de
Teresina titular da Delegacia de Combate aos Crimes praticados contra a Ordem Tributária e
Relações de Consumo. Note-se que dentre os fatos investigados, há aquele praticado em
detrimento de bens, serviços ou interesses da União, como o de Falsificação de selos fiscais do

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IPI, cuja competência para julgá-los é da Justiça Federal, ainda que se alegue a inocorrência do
fato gerador de IPI, tendo em vista a inautenticidade do produto, porquanto destinado apenas
a dar à mercadoria a aparência de autêntica, com o fim de ludibriar o consumidor, e não o
fisco. Ademais, o caso em questão configuraria o delito previsto no art.334, do CP, também de
competência da Polícia Federal. Desse modo, não se configura hipótese de apuração pela
Polícia Civil, em virtude de se tratar de crimes que afetam bens e interesses da União, as
supostas infrações penais devem ser, portanto, apuradas pela Polícia Federal. Na hipótese,
estando o Inquérito sendo conduzido por Autoridade da Polícia Civil, sofrem os pacientes,
coação ilegal e a ilegalidade repousa na incompetência da autoridade coatora, conforme
art.648, III, do CPP. Assim, a coação sendo perpetrada por autoridade policial incompetent e,
esperam os impetrantes que, pedidas as informações à autoridade coatora e observados os
trâmites legais, haja por bem Vossa Excelência determinar, a imediata expedição de alvará de
soltura em favor dos pacientes, bem como o ARQUIVAMENTO do Inquérito Pol icial nº136/09.
Nestes termos, Pede deferimento. Teresina, 07 de novembro de 2009. MARIA DE FÁTIMA

SUGESTÃO DE RESPOSTA:

EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA VARA CRIMINAL DE TERESINA

Habeas Corpus nº Paciente(s): Impetrante(s): Coator:

O Delegado de Polícia vem, com o respeito e acatamentos devidos e, na forma da lei,


prestar as informações requisitadas por Vossa Excelência nos autos do Habeas Corpus
impetrado em favor de ROBERTO, INÁCIO VIEIRA, ANTÔNIO CÉSAR E JOSÉ FILHO.

1 – SÍNTESE DOS FATOS

Os pacientes foram autuados em flagrante delito em 11.11.09, acusados de trabalhar


em fábrica ilegal de bebidas alcoólicas, situada em Teresina, estando incursos nos delitos
tipificados no art. 288 do CP; art. 293, §1º, I, do CP; e art. 175, I, do CP, conforme faz prova o
auto de prisão em flagrante lavrado na Central de Flagrantes desta cidade. Os pacientes
encontram-se presos na sede da Delegacia de Polícia do 1º Distrito Policial de Teresina.

2 – DA AUSÊNCIA DE COMPETÊNCIA DA POLÍCIA FEDERAL

2.1. Da inexistência do crime de descaminho Não prospera a alegativa de que os


pacientes teriam cometido crime de descaminho, cuja atribuição seria da Polícia Federal,
porquanto os acusados fabricavam bebida alcoólica falsificada e, assim, se a fabricavam, nada
importavam ou exportavam.

É elemento constitutivo do tipo penal, ou seja, é necessário para a ocorrência do crime


que o agente iluda o pagamento de direito ou imposto devido pela entrada, pela saída ou pelo
consumo de mercadoria. O que esta autoridade policial atribui aos pacientes é a CONDUTA de
fabricar clandestinamente bebidas alcoólicas dentro do território nacional, e não a de iludir o
pagamento de imposto, pois ausente o dolo neste sentido. Inexistente, portanto, o tipo penal
previsto no art. 334 do CP, não podendo o mesmo ser utilizado como fundamento para alegar a
existência de competência da Justiça Federal para o julgamento do feito e a consequente
condução do inquérito pela Polícia Federal.

2.2. Da competência para julgar o delito de falsificação de papéis públicos em se tratando de


selos de IPI utilizados em frascos de bebidas alcoólicas falsificadas.

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Sobre o crime de falsificação de papéis públicos no caso em tela, falsificação de selos


de IPI, enquadrados no art. 293, §1º, I, do CP, a competência para julga- -mento só será da
Justiça Federal quando existir o fato gerador do tributo federal. Se o dolo na falsificação dos
papéis é iludir o fisco federal, vislumbra-se o interesse da União no feito. Porém, se o dolo não é
iludir o fisco, mas o consumidor sobre a autenticidade do produto, não existe interesse da
União no julgamento do feito. O empreendimento criminoso era uma fábrica clandestina de
bebidas alcoólicas.

Se estas bebidas eram falsificadas, sobre elas, obviamente, não incidiriam impo stos,
inexistindo o fato gerador do imposto. A intenção da falsificação dos selos de IPI, quando não
só o selo, mas também o produto é falsificado, não é deixar de recolher tributos, mas sim dar à
mercadoria aparência de autêntica com o fim de ludibriar o consumidor. Portanto, o dolo que
se pretende imputar aos pacientes é o de produzir, industrializar e pôr no mercado bebidas
alcoólicas falsificadas.

O simples fato de terem sido encontrados no local selos do IPI não tem o condão de
deslocar a competência de processamento para a Justiça Federal, pois a intenção dos pacientes
era somente falsificar bebidas alcoólicas para comercialização. Inexiste, portanto, quaisquer
interesses da União envolvidos, haja vista a peculiar destinação dos selos.

Ademais, não há que se falar em fato gerador do referido imposto, pois a produção das
bebidas alcoólicas falsas não se subsume naquelas hipóteses le-gais que atraem a incidência do
IPI. Os selos em questão, portanto, lesionariam somente os particulares, consumidores do
produto falsificado, configurando-se como simples meio de facilitação para a inserção dos
produtos falsos no mercado.

O entendimento do STJ também não é outro, pois referida Corte tem pacificado esta
posição pronunciando-se, em inúmeros julgados, no sentido de esclarecer que, na hipótese de
selos de IPI serem utilizados com o mero fim de iludir o consumidor, dando aspecto de
autenticidade ao produto falsificado, não se vislumbra a competência da Justiça Federal para o
feito, mas da Justiça Comum Estadual.

Do exposto, conclui-se pela competência da Polícia Civil para apurar o fato e a


consequente insubsistência do pedido de arquivamento do Inquérito Policial nº 136/15.

Teresina (PI), 08 de novembro de 2015.

AUTORIDADE POLICIAL

GABARITO DA BANCA EXAMINADORA:

EXMº SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA VARA CRIMINAL DE TERESINA O Delegado de Polícia da
DECCOTERC vem, com o respeito e acatamentos devidos e, na forma da lei, prestar as
informações requisitadas por Vossa Excelência nos autos do Habeas Corpus impetrado por
ROBERTO, INÁCIO VIEIRA, ANTÔNIO CÉSAR E JOSÉ FILHO. 1 – SÍNTESE DOS FATOS Os pacientes
foram autuados em flagrante delito em 11.11.09, acusados de trabalhar em fábrica ilegal de
bebidas alcoólicas, situada em Teresina, estando incursos nos delitos tipificados no art. 288 do
CP; art.293, §1º, inciso I, do CP; art.175 I, do CP, conforme faz prova o auto de prisão em
flagrante lavrado na Central de Flagrantes desta cidade. Os pacientes encontram-se presos na
sede da Delegacia de Polícia do 1º Distrito Policial de Teresina. 2 – DA AUSÊNCIA DE
COMPETÊNCIA DA POLÍCIA FEDERAL 2.1. Da inexistência do crime de descaminho Não
prospera a alegativa de que os pacientes teriam cometido crime de Descaminho cuja

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atribuição seria da Polícia Federal porquanto os acusados fabricavam bebida alcoólica


falsificada e, assim, se a fabricavam nada importavam ou exportavam. Afirma o Código Penal,
em seu art.334, verbis: Art.334. Importar ou exportar mercadoria proibida ou iludir, no todo
ou em parte, o pagamento de direito ou imposto devido pela entrada, pela saída ou pelo
consumo de mercadoria: Pena – reclusão, de um a quatro anos. É elemento constitutivo do
tipo penal, portanto necessário para a ocorrência do crime, que o agente importe ou exporte
mercadoria. O que esta autoridade policial atribui aos pacientes é a CONDUTA fabricar
clandestina bebidas alcoólicas dentro do território nacional, e não de importar ou exportar as
mesmas. As bebidas são produzidas em fábrica situada no município de Teresina, não
podendo, ao mesmo tempo, ser importadas! Inexistente, portanto, o tipo penal previsto no
art.334 do CP, não podendo o mesmo ser utilizado como fundamento para alegar- -se
existência de competência da Justiça Federal para o julgamento do feito e a conseqüente
condução do inquérito pela Polícia Federal. 2.2. Da competência para julgar o delito de
falsificação de papéis públicos em se tratando de selos de IPI utilizados em frascos de bebidas
alcoólicas falsificadas. Sobre o crime de falsificação de papéis públicos, no caso em tela
falsificação de selos de IPI, enquadrados no art.293, §1, I, do CP, a competência para
julgamento só será da Justiça Federal quando existe o fato gerador do Tributo Federal. Se o
dolo na falsificação dos papéis é iludir o fisco federal, vislumbra-se o interesse da União no
feito, porém se o dolo não é iludir o fisco, mas o consumidor sobre a autenticidade do
produto, não existe interesse da União no julgamento do feito. O empreendimento criminoso
era uma fábrica clandestina de bebidas alcoólicas. Se estas bebidas eram falsificadas, sobre
elas, obviamente, não incidiriam impostos, inexistindo o fato gerador do imposto. A intenção
da falsificação dos selos de IPI, quando não só o selo, mas também o produto é falsificado, não
é deixar de recolher tributos, mas sim dar à mercadoria aparência de autêntica com o fim de
ludibriar o consumidor. Assim, o dolo que se pretende imputar aos pacientes é o de produzir,
industrializar e pôr no mercado bebidas alcoólicas falsificadas. Dessa forma é que o simples
fato de terem sido encontrados no local selos, do IPI não tem o condão de deslocar a
competência de processamento para a Justiça Federal, pois a intenção dos pacientes era
somente falsificar bebidas alcoólicas para comercialização. Inexiste, portanto, quaisquer
interesses da União envolvidos, haja vista a peculiar destinação dos selos. Ademais, não há que
se falar em fato gerador do referido imposto, pois a produção das bebidas alcoólicas falsas não
se subsume naquelas hipóteses legais que atraem a incidência do IPI. Os selos em questão,
portanto, lesionariam somente os particulares, consumidores do produto falsificado,
configurando-se como simples meio de facilitação para a inserção dos produtos falsos no
mercado. O entendimento do STJ também não é outro. A jurisprudência do STJ tem pacificado
esta posição, se pronunciando, em inúmeros julgados, no sentido de esclarecer que, na
hipótese de selos de IPI serem utilizados com o mero fim de iludir o consumidor, dando
aspecto de autenticidade ao produto falsificado, não se vislumbra a competência da Justiça
Federal para o feito, mas da Justiça Comum Estadual. Do exposto, conclui -se pela competência
da Polícia Civil para apurar o fato e a conseqüente insubsistência do pedido de arquivamento
do Inquérito Policial nº136/09. Teresina (PI), 08 de novembro de 2009. AUTORIDADE POLICIAL
– Titular da DECCOTERC

Concurso: PCDF – Ano: 2015 – Banca: VUNESP

Na manhã do dia 2/6/2015, Antônio Dias foi preso em flagrante por policiais militares após sair
de um estabelecimento bancário localizado em Brasília, quando foi submetido a uma busca
pessoal. Com ele, os policiais encontraram inúmeros cartões bancários em nome de terceiros,
R$ 750 (setecentos e cinquenta reais) em dinheiro, ferramentas e um aparelho popularmente

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conhecido como chupa-cabra, dotado de funções de leitura magnética, gravação e reprodução


de códigos de outros cartões. Perante a autoridade policial, Antônio Dias confessou fazer parte
de um grupo que, nos dois últimos anos, instalou máquinas chupa-cabras em caixas
eletrônicos de bancos privados e em lojas a fim de colher dados bancários a serem uti-lizados
em cartões falsificados. O grupo atuava em vários estados do território nacional e dedicava-se
ao cometimento de diferentes infrações penais. Com os cartões clonados, fazia saques e
compras de diversos equipamentos eletrônicos e artigos de luxo, posteriormente revendidos.
Em sua confissão, Antônio afirmou que eram mais de 15 integrantes agindo em todo o
território nacional; que era um dos encarregados de instalar e retirar os chupa-cabras bem
como fazer saques menores; que outros integrantes manejavam programas de computador
para a captação das informações bancárias e impressão nos cartões clonados; que alguns
membros eram responsáveis pelas transações bancárias de maior vulto, pela abertura de
contas camufladas e pela compra e revenda de artigos de luxo; que os dados das vítimas, as
contas em que o dinheiro era depositado e o detalhamento das atividades estavam em um
laptop na casa do líder do grupo, Márcio Sousa: Quadra 500, casa 11, Brasília- DF. Os prejuízos
às vítimas ultrapassam R$ 20.000.000 (vinte milhões de reais). No endereço mencionado, era
feita a partilha do lucro no último sábado de cada mês, oportunidade em que ocorria um
churrasco que contava com a participação dos integrantes do grupo criminoso. Ao confessar,
Antônio Dias explicou que teme por sua esposa grávida, que iniciou a atividade criminosa por
estar desempregado e que recentemente voltou a trabalhar como pintor. Após a verificação
das informações, a autoridade policial confirmou que Antônio Dias tem residência fixa, é
primário e sem antecedentes criminais e que havia grande movimentação de pessoas no
endereço em que reside Márcio Sousa. A autoridade policial arbitrou fiança em favor d e
Antônio Dias. Ao longo da investigação, descobriu-se que Márcio Sousa é um dos maiores
produtores de avelã do Brasil, tendo herdado de seu pai duas fazendas voltadas ao
agronegócio. Sousa administra a sociedade empresária Avelã Brasiliense Ltda., da qual é sócio
majoritário. Cada fazenda herdada foi avaliada em R$ 5.000.000 (cinco milhões de reais). Essa
atividade empresária referente à avelã intensificou-se com o lucro obtido a partir dos cartões
clonados, que era investido por Márcio Sousa, de maneira sub-reptícia, em suas fazendas.
Restou comprovado, durante a investigação, que Márcio Sousa importou três tratores de
última geração para colher avelã. Cada trator custou R$ 600.000 (seiscentos mil reais).
Também se percebeu que, além da clonagem de cartões, o grupo criminoso possuía outros
dois eixos básicos de atuação: o primeiro visava a incinerar avelã para provocar alta de preço
no mercado (aumentando o lucro da Avelã Brasiliense Ltda.) e a vender avelã com prazo de
validade vencido; e o segundo envolvia a subtração de dinheiro contido em caixas bancários
eletrônicos por meio de dinamite. No início da investigação, não se sabia a real identidade de
Márcio Sousa, mas seus números telefônicos foram fornecidos por Antônio Dias (9999.0001 e
8888.0001). Os números foram interceptados mediante prévia ordem judicial. Em um dado
momento da investigação, mesmo podendo fazê- lo, a polícia deixou de prender Márcio Sousa
em flagrante. A autoridade policial não requereu prévia autorização judicial para tanto. O
objetivo era prender um número maior de criminosos no dia do churrasco em que viria a ser
feita a divisão do butim criminoso. No último sábado de junho de 2015, Márcio Sousa, Lucas
Pereira e Pedro Silva participaram do habitual churrasco do grupo. Com eles, foram
encontrados inúmeros cartões bancários em nome de terceiros, aparelhos chupa-cabras e o
laptop que continha o detalhamento das atividades. Os três foram surpreendidos enquanto
dividiam entre si R$ 50.000 (cinquenta mil reais), os quais, segundo os cálculos contábeis do
laptop, eram produto da clonagem de cartões de crédito. A polícia prendeu Márcio Sousa,
Lucas Pereira e Pedro Silva em flagrante. Paulo de Tarso não compareceu no dia, porque
estava doente, mas os arquivos no laptop comprovam que ele era o responsável por
administrar os programas de computador para a captação das informações bancárias, além de

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ter ter instalado algumas das máquinas chupa-cabras. Entre os integrantes do grupo
criminoso, Márcio Sousa, Lucas Pereira e Pedro Silva encontram-se presos preventivamente.
Pedro Silva atuou, em especial, na subtração do dinheiro dos caixas eletrônicos. O modus
operandi era sempre o mesmo: os caixas eletrônicos eram abertos, ainda de madrugada, por
meio de dinamite de alta capacidade de destruição. Para agir, o grupo escolhia,
meticulosamente, locais sem segurança privada, o que dificultava o trabalho da polícia. Consta
dos autos de inquérito que, dessa forma, Márcio Sousa, Lucas Pereira, Antônio Dias, Pedro
Silva e Paulo de Tarso subtraíram o dinheiro de caixas eletrônicos em ao menos três
oportunidades diferentes. A autoridade policial representou pela prisão de Silva com base na
garantia da ordem pública, alegando que, conquanto Silva fosse primário e possuísse bons
antecedentes, chefiava as operações do grupo criminoso referentes à subtração de caixas
bancários eletrônicos mediante o uso de dinamite. Duas empregadas da casa de Márcio Sousa,
Maria Cintra e Rose de Lima, presenciaram as negociações acerca da divisão de lucros.
Também se apurou que Márcio Sousa, Lucas Pereira e Paulo de Tarso foram os responsáveis
pela venda de avelã com prazo de validade vencido e pela incineração do produto. A
incineração ocorreu na sede da Avelã Brasiliense Ltda. e a venda, em uma de suas dezenas de
lojas. Ao vender avelã com prazo de validade vencido, o grupo criminoso economizava gastos e
aumentava a quantidade total de produto vendido. Após a prisão em flagrante de Sousa, o
delega do não lhe entregou, no prazo de 24h e mediante recibo, documento com os motivos
de sua prisão e os nomes do condutor e das testemunhas. Posteriormente questionado sobre
sua conduta, o delegado asseverou que tal documento não tem nomen iuris próprio nem
previsão legal específica no ordenamento jurídico. A perícia feita sobre os alimentos vendidos
com prazo de validade vencido limitou-se a certificar que os prazos de validade foram
ultrapassados, sem atestar que as avelãs vendidas pelo grupo criminoso estavam podres ou
prejudicariam a saúde de quem as consumisse. Confirmou-se que Márcio tem contato com
outros grupos que agem de forma similar em outros estados, é bastante agressivo e anda
armado. Márcio Sousa, Lucas Pereira, Antônio Dias, Pedro Silva e Paulo de Tarso foram todos
indiciados. Conquanto se saiba que o grupo incluía ao menos 15 integrantes, mesmo com o
exaurimento dos meios de investigação por parte da autoridade policial, nenhum outro
membro do grupo criminoso teve sua identidade descoberta. Apesar de aparentemente não
exercer atividade laborativa regular, Márcio Sousa possui hábitos de luxo e ostentação:
frequenta restaurantes caros; faz uso de roupas de grife; e é proprietário de veículos de luxo,
tais como uma Lamborghini amarela e uma moto Harley-Davidson. Todas as medidas
cautelares patrimoniais aplicáveis ao caso foram requeridas pela autoridade policial, pelo MP e
pelas vítimas, e todas foram deferidas pela autoridade judicial. No final das investigações,
apurou-se que o auditor-fiscal Juca Ribeiro solicitou a Lucas Pereira o pagamento de vantagem
indevida no total de R$ 200.000 (duzentos mil reais) para que não lavrasse autuações
referentes a tributos devidos pela Avelã Brasiliense Ltda. A vantagem nunca foi paga, mas Juca
Ribeiro está a usar o cargo que ocupa para interceder junto a outros auditores-fiscais em favor
da Avelã Brasiliense Ltda. O advogado de Márcio Sousa apresentou requerimento
administrativo à autoridade policial em que alega: que os crimes investigados no caso são de
competência da Justiça Federal e que deveriam ser investigados pela Polícia Federal; que os
autos de inquérito devem ser enviados à Polícia Federal imediatamente; que existe portaria do
Ministro da Justiça que determina ser atribuição da Polícia Federal investigar a clonagem de
cartões por grupos interestaduais, o que torna nula de pleno direi to a investigação realizada
pela Polícia Civil do Distrito Federal; que Márcio Sousa foi ouvido na condição de investigado
antes das testemunhas — inversão que violaria a egislação processual — e sem ser
previamente advertido pela autoridade policial de que tinha o direito de permanecer em
silêncio, o que implica nulidade do procedimento administrativo de inquérito; que o inquérito
deveria ter sido concluído em 10 dias, contados das prisões em flagrante efetuadas; que a

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venda de alimentos com prazo de validade vencido era atípica e desprovida de lesividade ao
bem jurídico tutelado, já que as avelãs tinham vencido há pouquíssimo tempo e não havia
perícia que comprovasse que os alimentos estavam podres ou prejudicariam a saúde de quem
os consumisse; que a expressão “condições impróprias para o consumo” integra uma norma
penal em branco heterogênea, não possuindo complementação em lei, o que viola o princípio
da legalidade; que a incineração das avelãs jamais gerou o aumento do preço do produto no
mercado e que parte das avelãs vencidas sequer foram vendidas, tendo sido apenas expostas à
venda; que eventual ocultação de valores, se é que foi praticada, restringiu-se à primeira fase
da infração, o que afasta a sua consumação; que os indiciados ao longo do inquérito, se
praticaram algum crime, fizeram-no na forma tentada, de modo que a autoridade policial
deveria, sponte sua, retificar os indiciamentos realizados, com base no poder de autotutela da
Administração Pública. O delegado que presidia o feito, entendendo que todos os argumentos
do advogado eram juridicamente implausíveis, negou por completo o requerimento
administrativo apresentado pelo advogado. O delegado que conduziu todo o inquérito
aposentou-se. As investigações encerraram-se, não havendo mais elementos de informação a
serem colhidos. Em face do relato acima apresentado, na condição de delegado de polícia que
passou a presidir o feito, redija a peça cabível, dirigindo-a à autoridade competente e
representando, se for o caso, pela(s) medida(s) pertinente(s). Na peça, analise
pormenorizadamente as alegações do advogado de Márcio Sousa e todas as medidas adotadas
pelo delegado aposentado, justificando juridicamente as que estiverem corretas e apontando
quaisquer providências contrárias ao ordenamento jurídico que tenham sido praticadas. No
caso das medidas 619 cautelares de cunho patrimonial deferidas pela autoridade judicial,
especifique fundamentadamente todas que se aplicam ao caso, indicando os bens sobre os
quais deve ter incidido cada uma. Exponha a fundamentação jurídica pertinente, tipifique os
crimes cometidos e não crie fatos novos.

SUGESTÃO DE RESPOSTA:

EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CRIMINAL DA CIRCUNSCRIÇÃO JUDICIÁRIA


DE BRASÍLIA – DF.

Inquérito Policial nº

O Delegado de Polícia Civil do Distrito Federal que ao final subscreve vem, com fulcro
no artigo 144 da CRFB e na Lei nº 12.830/13, apresentar relatório final de conclusão de
inquérito policial, bem como representar pela prisão preventiva de Paulo de Tarso e pela
concessão de medida cautelar de suspensão do exercício de função pública de Juca Ribeiro,
auditor fiscal, pelos motivos de fato e de direito a seguir expostos.

O presente caderno investigatório foi instaurado a partir de auto de prisão em


flagrante, pois Antônio Dias foi preso por policiais militares pelo crime de furto qualificado na
saída de um estabelecimento bancário localizado em Brasília. Na ocasião, foram apreendidos
inúmeros cartões bancários em nome de terceiros, R$ 750,00 (setecentos e cinquenta reais) em
dinheiro, ferramentas e um aparelho vulgarmente conhecido como “chupa cabra”.

Durante a lavratura do auto de prisão em flagrante foram ouvidos o condutor do


flagrante e as testemunhas, sendo que no interrogatório do indiciado, em apertada síntese, ele
confessou a prática do delito em questão e ainda revelou ser membro de uma organização
criminosa composta por quinze indivíduos, es-truturalmente ordenada, com divisão de tarefas.
Esta organização foi constituída para obter vantagem de qualquer natureza mediante a prática
de crimes contra as relações de consumo, furto qualificado e lavagem de capitais.

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De maneira equivocada, o Delegado de Polícia que presidiu a lavratura do auto de


prisão em flagrante arbitrou fiança em um crime cuja pena máxima ultrapassa quatro anos.
Com a reforma do Código de Processo Penal, imposta pela Lei nº 12.403/11, a autoridade
policial passou a fixar fiança em crimes cuja pena máxima seja de até quatro anos, punidos
com pena privativa de reclusão ou de detenção, o que não era o caso, uma vez que o furto
qualificado possui pena máxima de até oito anos.

Cumpre ressaltar que Vossa Excelência deferiu anteriormente o requerimento de


interceptação telefônica dos aparelhos telefônicos de Márcio Sousa, feito pelo Delegado de
Polícia que conduziu esta investigação criminal, o que tornou o juízo prevento. Importante
registrar que estavam presentes os indícios de autoria por conta da confissão de Antônio; os
crimes ora investigados são punidos com pena de reclusão; e não existiam outros meios
disponíveis de produção de prova, pois havia dificuldade para se identificar os outros
integrantes.

Em dado momento da investigação, a autoridade policial que antecedeu este subscritor


fez uso do meio de investigação conhecido como flagrante prorrogado, previsto na Lei nº
12.850/13. Isso pode ser verificado pelo fato de ter sido efetuada a prisão em flag rante de
Márcio Sousa, Pedro Silva e Lucas Pereira, membros da organização criminosa mencionada, no
momento mais oportuno e conveniente do ponto de vista de produção da prova.

Vale lembrar que a entrega vigiada e a ação controlada, respectivamente previstas na


Lei de Drogas e na Lei de Lavagem de Capitais, são meios de investigação que exigem prévia
autorização judicial, o que não ocorre na Lei de Combate ao Crime Organizado, bastando a
comunicação prévia ao Juiz competente.

Na revogada Lei nº 9.034/95 não eram necessárias autorização judicial ou prévia


comunicação ao juízo acerca da realização da medida. Mesmo levando em conta que o auto de
prisão em flagrante é uma das peças inaugurais do inquérito policial, o Delegado de Polícia que
presidiu o presente deveria ter instaurado um novo caderno investigatório, e não deixar as
duas investigações em um único inquérito.

A representação pela prisão preventiva de Pedro Silva foi desnecessária pelo fato de ele
ter sido preso em flagrante. Pela nova redação do artigo 310 do CPP, o juiz, ao receber a
comunicação do auto de prisão em flagrante, pode relaxar a detenção, caso reconheça sua
ilegalidade; conceder liberdade provisória cumulada ou não com medidas cautelares; ou
convertê-la em prisão preventiva.

Outra situação que merece destaque é o fato de que o Delegado de Polícia anterior,
durante a lavratura do auto de prisão em flagrante, deixou de expedir em tempo oportuno a
nota de culpa para Pedro Silva, documento previsto no artigo 306 do CPP, cuja falta pode
ensejar o relaxamento da prisão. Sobre o arresto ou hipoteca legal das duas fazendas para
pagamento de indenização às vítimas, deve ser consignado que tais bens, recebidos a título de
herança, embora tenha origem claramente lícita, foram arrestados para garantir eventual
pagamento de multa e/ou ação civis ex delicto.

O prejuízo às vítimas foi substancial, tendo sido praticado crimes cujas penas de multa
são particularmente onerosas, o que justifica a cautelar de arresto. Como o Delegado de Polícia
não possui legitimidade para postular o arresto, tal pedido foi feito pelas vítimas ou pelo Órgão
Ministerial, com base no art. 142 do CPP. A busca domiciliar com a consequente apreensão do
laptop, cartões clonados, máquinas chupa cabras e equipamentos necessários para a

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falsificação dos cartões foi feita com base no art. 5º, XI, da CRFB e art. 240, §1º, “b”, “c”, “e” e
“h”, do CPP.

Por fim, o sequestro dos veículos, dos três tratores, da Lamborghini amarela e da moto
Harley-Davidson foi realizado, pois há indícios veementes da proveniência ilícita dos bens,
sendo a representação feita com base nos artigos 126, 127 e 132, todos do CPP, uma vez que o
proprietário não exerce atividade lícita regular, ou seja, aparentemente são produto do crime.

Durante as investigações, descobriu-se que o auditor fiscal Juca Ribeiro solicitou


vantagem indevida de Lucas Pereira para que não lavrasse autuações referentes a tributos
contra a empresa Avelã Brasiliense Ltda. Desta forma, incidiu em dois crimes contra a
Administração Pública Fazendária, que estão previstos no art. 3º, II (corrupção passiva contra a
ordem tributária) e III (advocacia administrativa contra a ordem tributária) da Lei nº 8.137/90.

Cumprindo ainda o artigo 10 do CPP, esta Autoridade Policial informa que Maria Cintra
e Rose Lima, empregadas de Márcio Sousa, testemunharam a divisão de lucros da organização
criminosa. Ambas podem ser encontradas nos endereços constantes dos autos, a fim de serem
ouvidas como testemunhas do juízo ou da acusação.

O advogado de Márcio Sousa peticionou nos autos do presente aduzindo que os crimes
investigados não seriam de competência da Justiça Estadual, requerendo o envio imediato do
inquérito para a Justiça Federal. Vossa Excelência, após parecer do órgão do Ministério Público
do Distrito Federal e Territórios, com o devido respeito, não deve declinar a competência, uma
vez que o artigo 109 da CRFB diz que são de competência da Justiça Federal os crimes contra o
sistema financeiro nacional e a ordem econômica.

Nesta investigação criminal são apurados os crimes de formação de organização


criminosa, contra as relações de consumo, de lavagem de capitais e de furto qualificado.
Mesmo havendo portaria do Ministro da Justiça no sentido de determinar ao Departamento de
Polícia Federal a apuração do crime de “clonagem de cartões” por grupo interestadual, as
provas colhidas no bojo da investigação são lícitas, pois a Constituição Federal e a Lei nº
10.446/02, que apresenta um rol de crimes meramente exemplificativo, não impedem a Polícia
Civil do Distrito Federal de investigar o delito em tela, bem como não tornam ilícitas as provas
produzidas no bojo do inquérito policial.

Também foi alegada pela defesa a violação da legislação processual, pois o investigado
Márcio Sousa foi interrogado antes da inquirição das testemunhas. Mas, como é sabido, o
inquérito policial é um procedimento inquisitivo, no qual não há incidência dos princípios
constitucionais da ampla defesa e do contraditório, presidido única e exclusivamente por
Delegado de Polícia, que tem a finalidade de apurar infrações penais.

Porém, é de se ressaltar que mesmo não existindo a previsão da chamada “Cláusula de


Miranda” no ordenamento jurídico nacional, a autoridade policial que presidiu o interrogatório
do indiciado deveria ter dado ciência do seu direito constitucional de permanecer em silêncio.
A “Cláusula” de Miranda”, como ficaram conhecidos os chamados “Miranda Rights”, de origem
norte-americana, está relacionada com o direito fundamental do acusado a permanecer em
silêncio e não produzir prova contra si mesmo (nemo tenetur se detegere). Na década de 60, no
caso Miranda versus Arizona, a Suprema Corte Americana absolveu o acusado, que havia sido
condenado com base em confissão obtida sem que tivesse sido informado de seu direito a ser
assistido por um defensor e permanecer em silêncio. A partir de então, nos EUA, consolidou-se
o dever de os policiais, no ato da prisão, comunicarem ao detido sobre o seu direito de não

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responder e de ser assistido por um defensor, bem como que tudo que disser poderá ser usado
contra si.

Conforme decidido por diversas vezes pelo STF, apesar de não haver a incidência dos
princípios ampla defesa e do contraditório no inquérito policial, o investigado não deixa de ser
um sujeito de direitos e garantias individuais. A defesa alega que a autoridade policial deveria
ter concluído o inquérito policial no prazo de 10 dias, contados a partir da conversão do
flagrante em preventiva. Há quem sustente na doutrina que tal contagem seria feita de acordo
com o Direito Processual Penal, ou seja, o início se daria no primeiro útil imediato. Mas há
quem sustente que seria um prazo que deveria ser contado de acordo com as regras do Direito
Penal, incluindo o dia da prisão na contagem. Adotando uma ou outra tese, o meio correto
para corrigir tal violação é o “Habeas Corpus”, a ser impetrado junto ao Tribunal de Justiça do
Distrito Federal e Territórios, e não o “Requerimento ádministrativo”, peça que não encontra
pre- -visão no Código de Processo Penal. Por fim, vale mencionar que há quem sustente que o
prazo de conclusão do inquérito policial, quando se tratar de crime pre- -visto na Lei nº
12.850/13, não seguirá as regras do CPP, podendo estar inserido dentro do lapso temporal
para encerramento da instrução criminal, que é de 120 dias, que pode ser prorrogado p or igual
período quando se tratar de réu preso.

O Delegado de Polícia que indiciou Márcio Sousa, Lucas Pereira e Paulo de Tarso nos
autos pelo crime previsto no art. 7º, VIII, da Lei nº 8.137/90, que revogou o inciso I do artigo 3º
dos Crimes contra a Economia Popular, o fez de maneira correta, uma vez que a intenção do
grupo era aumentar o lucro, prejudicando os consumidores, e não os concorrentes ou o
mercado econômico. O delito previsto no art. 7º, IX, da Lei nº 8.137/90 é uma norma penal em
branco homogênea, pois precisa de complementação de outra norma da mesma espécie para
produzir eficácia no ordenamento jurídico. No caso, a norma complementadora é o art. 18,
§6º, do Código de Defesa do Consumidor. Na questão da perícia, de acordo com novo
entendimento do STJ, ficou estabelecido que nos crimes previstos no art. 7º, IX, da Lei nº
8.137/90, é indispensável a sua realização, quando possível, a fim de se atestar se o produto é
ou não impróprio para consumo.

Foi realizada a perícia nas avelãs apreendidas, sendo que o perito atestou se tratar de
um produto com prazo de validade vencido. Vale frisar que o STJ também entende que é
desnecessária a comprovação da materialidade delitiva por meio de laudo pericial, desde que
existam outros elementos de convicção a respeito, como no caso, mesmo porque se cuida de
crime formal, de perigo abstrato.

Basta que o produto esteja exposto para venda em condições impróprias ao consumo
para configuração da infração em comento. Assim, correto o indiciamento feito pelo outro
Delegado de Polícia dando os autores Márcio Sousa, Lucas Pereira e Paulo de Tarso como
incursos no art. 7º, IX, da Lei nº 8.137/90.

O argumento do advogado esposado na peça “requerimento administrativo”, de que o


indiciamento de Márcio Sousa no tocante ao crime de lavagem de dinheiro, previsto no art. 1º
da Lei nº 9.613/98 foi incorreto, não deve ser levado em conta. É incorreto pelo fato de não
encontrar guarida na doutrina. Por tudo o que foi apurado, pode-se afirmar seguramente que
houve a consumação do crime.

Entende-se que a primeira fase do crime de lavagem é a conversão, também chamada


de ocultação ou colocação (placement), situação na qual o dinheiro é aplicado no sistema
financeiro ou transferido para outro lugar. Normalmente, movimenta-se o dinheiro em
pequenas quantias para diluir ou fracionar as vultosas quantias. A segunda fase seria a

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dissimulação, também chamada de controle ou estratificação (empilage), que tem a finalidade


de dissociar o dinheiro de sua origem ilícita.

A última fase é a integração (integration), em que ocorre o exaurimento do crime em


comento, momento em que o autor cria explicações legítimas para os recursos, aplicados,
agora de modo aberto, como investimentos financeiros ou compra de ouro, ações, bens
móveis, bens imóveis etc.

Os indiciamentos de Juca Ribeiro, Márcio Sousa, Lucas Pereira, Antônio Dias, Pedro
Silva e Paulo de Tarso como incursos no art. 2º, II e IV, da Lei nº 12.850/13 estão corretos, uma
vez que eles integram uma organização criminosa composta por mais de uma dezena de
pessoas. Somado a isso, há uma estrutura ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas,
ainda que informalmente, com objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de
qualquer natureza, mediante a prática de infrações penais cujas penas máximas sejam
superiores a quatro anos.

Vale ressaltar que há conexão com outras organizações criminosas e ainda existe um
funcionário público (Juca) entre seus membros.

Também correto o indiciamento de Márcio Sousa, Lucas Pereira, Antônio Dias, Pedro
Silva e Paulo de Tarso como incursos em três crimes praticados em continuidade delitiva (art.
71 do CP) de furto qualificado (art. 155, § 4º, I e IV, CP), em concurso formal impróprio
(cumulação das penas por desígnios autônomos) com o art. 251, caput, do CP). Também
correto o formal indiciamento quanto à clonagem de cartões no art. 155, § 4º, II (mediante
fraude), do CP.

Diante do exposto, a Autoridade Policial que ao final subscreve representa pela:

1) Prisão preventiva de Paulo de Tarso, membro da organização criminosa em questão,


pois, segundo apurado, é a pessoa responsável por administrar pro -gramas de computador
para a captação de informações bancárias, além da instalação de algumas máquinas “chupa
cabras”. Este pedido é feio com o intuito de se garantir a ordem pública, evitando que o
suspeito volte a delinquir; e

2) Aplicação de medida cautelar de suspensão do exercício da função pública do


auditor fiscal Juca, pois há justo receio de sua utilização para a prática de infrações penais,
uma vez que ele usa do cargo que ocupa para interceder junto a outros auditores fiscais em
favor da empresa Avelã Brasiliense Ltda. Como o afastamento do servidor basta para evitar a
prática de novas infrações, não há necessidade da decretação de prisão preventiva.

Após tais considerações, restando exauridas as diligências no âmbito da Polícia Civil, a


Autoridade que ao final subscreve encerra o presente relatório e determina o encaminhamento
do presente ao Poder Judiciário.

Local, data e ano.

Delegado de Polícia Civil do Distrito Federal

OBSERVAÇÃO:

Não concordamos com o gabarito definitivo na parte que entende que o prazo de
conclusão de inquérito policial, quando se tratar de crimes previstos na Lei 12.850/13, pode
ser inserido dentro da chamada instrução criminal. Rege o artigo 22 da referida lei: “Art. 22 –

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Os crimes previstos nesta Lei e as infrações penais conexas serão apurados mediante
procedimento ordinário previsto no Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código de
Processo Penal), observado o disposto no parágrafo único deste artigo. Parágrafo único. A
instrução criminal deverá ser encerrada em prazo razoável, o qual não poderá exceder a 120
(cento e vinte) dias quando o réu estiver preso, prorrogáveis em até igual período, por decisão
fundamentada, devidamente motivada pela complexidade da causa ou por fato
procrastinatório atribuível ao réu”.

Também não concordamos com o gabarito na parte em que deve se apontar o


equívoco do Delegado de Polícia aposentado que reuniu os dois inquéritos policiais num só, ao
invés de fazer com que dois tramitassem ao mesmo tempo.

Não há na lei nada que determine a reunião de inquéritos. Aliás, é mais uma questão
de ordem prática do que legal. Na praxe cartorária, Delegados de Polícia reúnem inquéritos
num só.

O prazo de conclusão do inquérito policial não se confunde com o do encerramento da


instrução criminal que, por sua vez, é a fase de produção de provas em juízo. A Lei nº
12.850/13 não criou um novo prazo de conclusão do inquérito policial, que continua sendo de
10 dias se o indiciado está preso e de 30 dias se o indiciado está solto.

Quando o legislador determinou prazos diferenciados de conclusão de inquéritos, ele o


fez de maneira expressa, como podemos ver na Lei de Drogas, na Lei dos Crimes Contra a
Economia Popular, no Código de Processo Penal Militar e na Lei nº 5.010/66, que organiza a
Justiça Federal de primeira instância.

O gabarito definitivo apresentado pelo examinador não falava em representação por


perdão judicial tendo em vista a delação premiada. O pedido seria redigido desta maneira:

1) Concessão de perdão judicial para Antônio, pois levou a polícia à identificação dos demais
coautores e partícipes da organização criminosa e das infrações penais por eles praticadas; a
revelação da estrutura hierárquica e da divisão de tarefas da organização criminosa; a
prevenção de infrações penais decorrentes das atividades da organização criminosa; e a
recuperação total ou parcial do produto ou do proveito das infrações penais praticadas pela
organização criminosa. Por fim, ele não é o líder da organização criminosa e foi o primeiro a
prestar a colaboração.

GABARITO DA BANCA EXAMINADORA:

Endereçamento: Juiz de Direito da Vara Criminal da Circunscrição Judiciária de Brasília-DF.


(Edital item 2.2). (0,10 ponto) Peça a ser redigida: O candidato deverá redigir relatório final de
inquérito com representação de prisão preventiva e de medida cautelar de afastamento de
cargo público, mencionando o fundamento legal da peça (art. 10, parágrafo 1º, CPP). Não deve
ser aceito que o candidato escreva que a Polícia Civil, por meio do delegado ou da autoridade
policial, relata ou representa. Não tem a instituição fundamento legal para relatar ou
representar. Deverá o candidato mencionar que a autoridade policial, ou o delegado de
polícia, relata ou representa. É incorreto afirmar que a Polícia Civil, por meio da autoridade
policial, vai a juízo representar. Não tem a instituição autorização legal para representar; só a
autoridade policial possui tal autorização. Pontuação: nome da peça (relatório final): NÃO
“ERÁ ACEITA A RUBRICA “REPRE“ENTAÇÃO” POR “I “Ó; É NECE““ÁRIO E“CREVER “RELATÓRIO
FINAL”, “RELATÓRIO FINAL COM REPRE“ENTAÇÃO DE MEDIDA CAUTELAR” OU EXPRESSÃO
ANÁLOGA); Citar art. 10, parágrafo 1.º, CPP: (0,20 ponto). Art. 10. O inquérito deverá terminar

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no prazo de 10 dias, se o indiciado tiver sido preso em flagrante, ou estiver preso


preventivamente, contado o prazo, nesta hipótese, a partir do dia em que se executar a ordem
de prisão, ou no prazo de 30 dias, quando estiver solto, mediante fiança ou sem ela. § 1o A
autoridade fará minucioso relatório do que tiver sido apurado e enviará autos ao juiz
competente. Competência da Justiça Federal: O art. 109 da CF dispõe que os crimes contra a
ordem econômica serão de competência federal nos casos previstos e m lei. Ainda não há lei
que preveja a competência da Justiça Federal. Logo, os crimes contra a ordem econômica são
de competência da Justiça Estadual. O mesmo vale para o crime de lavagem de dinheiro, que
só será de competência federal quando a infração antecedente for federal ou lesar bem,
serviço ou pessoal de ente federal. Não existe portaria do Ministro da Justiça que determine
ser atribuição da Polícia Federal investigar a clonagem de cartões por grupos interestaduais,
mas, ainda que existisse, o STJ possui entendimento de que o vício de atribuições não gera
nulidade. A investigação pela força policial incorreta não gera nulidade; é necessário haver
vício de competência, o que só ocorre quando a matéria é apreciada pela autoridade judicial
errada. (Edital item 2.2). (0,40 ponto) Tipos penais: Menção à materialidade, circunstâncias e
autoria do crime, podendo ser de forma expressa, em capítulos separados, ou em texto único
corrido. TIPOS PENAIS – PARTE 1 – Márcio Sousa, Lucas Pereira, Antônio Dias, Pedro Silva e
Paulo de Tarso: No caso dos caixas eletrônicos (0,20 ponto): 3 crimes praticados em
continuidade delitiva (art. 71, CP): furto qualificado (art. 155, parágrafo 4º, incisos I e IV, CP)
em concurso formal impróprio (cumulação das penas, por desígnios autônomos) com art. 251,
caput, do CP (explosão). Clonagem de cartões (entendimento do STJ1) (0,20 ponto): art.155,
parágrafo 4º, inciso II (mediante fraude), CP. 1 Art. 155 – Subtrair, para si ou para outrem,
coisa alheia móvel: Pena – reclusão, de um a quatro anos, e multa. § 4º – A pena é de reclusão
de dois a oito anos, e multa, se o crime é cometido: II – com abuso de confiança, ou mediante
fraude, escalada ou destreza; Art. 1º Esta Lei define organização criminosa e dispõe sobre a
investigação criminal, os meios de obtenção da prova, infrações penais correlatas e o
procedimento criminal a ser aplicado. § 1º Considera-se organização criminosa a associação de
4 (quatro) ou mais pessoas estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas,
ainda que informalmente, com objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de
qualquer natureza, mediante a prática de infrações penais cujas penas máximas sejam
superiores a 4 (quatro) anos, ou que sejam de caráter transnacional. Art. 2º Promover,
constituir, financiar ou integrar, pessoalmente ou por interposta pessoa, organização
criminosa: Pena – reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa, sem prejuízo das penas
correspondentes às demais infrações penais praticadas. RECURSO ESPECIAL. PENAL.
CLONAGEM DE CARTÃO. UTILIZAÇÃO DE CHUPA-CABRA. SAQUES EM TERMINAL ELETRÔNICO.
FURTO QUALIFICADO PELA FRAUDE. DESCLASSIFICAÇÃO. ESTELIONATO. IMPOSSIBILIDADE.
OFENSA AO ART. 66 DO CÓDIGO PENAL. AUSÊNCIA DE INTERESSE RECURSAL. PLEITO
ABSOLUTÓRIO. INVIABILIDADE. INCIDÊNCIA DO ENUNCIADO SUMULAR N.º 07 DESTA CORTE.
RECURSO PARCIALMENTE CONHECIDO E, NESSA EXTENSÃO, DESPROVIDO. 1. O furto mediante
fraude não se confunde com o estelionato. A distinção se faz primordialmente com a análise
do elemento comum da fraude que, no furto, é utilizada pelo agente com o fim de burlar a
vigilância da vítima que, desatenta, tem seu bem subtraído, sem que se aperceba; no
estelionato, a fraude é usada como meio de obter o consentimento da vítima que, iludida,
entrega voluntariamente o bem ao agente. 2. Hipótese em que o Acusado se utilizou de
equipamento coletor de dados, popularmente conhecido como “chupa-cabra”, para copiar os
dados bancários relativos aos cartões que fossem inseridos no caixa eletrônico bancário. De
posse dos dados obtidos, foi emitido cartão falsificado, posteriormente utilizado para a
realização de saques fraudulentos. 3. No caso, o agente se valeu de fraude – clonagem do
cartão – para retirar indevidamente valores pertencentes ao titular da conta bancária, o que
ocorreu, por certo, sem o consentimento da vítima, o Banco. A fraude, de fato, foi usada para

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burlar o sistema de proteção e de vigilância do Banco sobre os valores mantidos sob sua
guarda, configurando o delito de furto qualificado. 4. O Recorrente não possui interesse
jurídico no recurso quanto à aplicação da atenuante da confissão espontânea, pois não
ocorreu a alegada exclusão da minorante. 5. A pretensão de modificar o entendimento
firmado pelas instâncias ordinárias acerca da autoria e da materialidade do delito demandaria
amplo reexame de provas, o que se sabe vedado na via estreita do recurso especial, a teor do
disposto no enunciado sumular n.º 07 desta Corte. 6. Recurso especial parcialmente conhecido
e, nessa extensão, desprovido. REsp 1412971 / PE. Relator(a) Ministra LAURITA VAZ. QUINTA
TURMA. Julgamento: 07/11/2013. Publicação: DJe 25/11/2013. Nesse sentido as decisões
monocráticas: REsp 1345228. Relator(a) Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR. Publicação: DJe
18/03/2015. HC 320386. Relator(a) Ministro JORGE MUSSI. Publicação:DJe 20/04/2015.
Participação em organização criminosa (e não mera associação criminosa) (0,10 ponto): art. 2º,
caput, c/c art. 2º parágrafo 4º, incisos II (concurso de funcionário público: Juca Ribeiro) e IV
(organização criminosa mantém conexão com outras organizações criminosas independentes),
da Lei da organização criminosa (Lei n. 12.850/2013). Apenas Márcio Sousa, Lucas Pereira e
Paulo de Tarso: Incineração da avelã (0,20 ponto): art. 7º, inciso VIII, Lei 8.137/90: Art. 7º (...)
VIII – destruir, inutilizar ou danificar matéria-prima ou mercadoria, com o fim de provocar alta
de preço, em proveito próprio ou de terceiros. TIPOS PENAIS – PARTE 2 – Apenas Márcio
Sousa, Lucas Pereira e Paulo de Tarso: Venda de produto com validade vencida (0,20 ponto):
art. 7.º, inciso XI, Lei 8.137/1990: Art. 7.º (...) IX – vender, ter em depósito para vender ou
expor à venda ou, de qualquer forma, entregar matéria-prima ou mercadoria, em condições
impróprias ao consumo. Apenas Márcio Sousa: Lavagem de capitais (0,10 ponto): art. 1.º da Lei
9.613/1998: Art. 1o Ocultar ou dissimular a natureza, origem, localização, disposição,
movimentação ou propriedade de bens, direitos ou valores provenientes, direta ou
indiretamente, de infração penal. Juca Ribeiro, auditor-fiscal: Participação em organização
criminosa (e não mera associação criminosa) (0,10 ponto): art. 2.º, caput, c/c art. 2º parágrafo
4º, incisos II (concurso de funcionário público: Juca Ribeiro) e IV (organização criminosa
mantém conexão com outras organizações criminosas independentes), da Lei da organização
criminosa (Lei n. 12.850/2013). Corrupção passiva contra a ordem tributária (0,20 ponto): art.
3º, inciso II, da Lei 8.137/90. Não é correto tipificar como a corrupção passiva prevista no CP.
Advocacia administrativa contra a ordem tributária (0,10 ponto): art. 3º, inciso III, da Lei
8.137/90. Não é correto tipificar como advocacia administrativa, art. 321 do CP. Consumação
de todos os crimes: Todos os crimes foram praticados na forma consumada. O aluno que
mencionar o art. 14, inciso II, do CP terá errado a tipificação. A mera exposição à venda de
alimento vencido configura infração consumada, já que o crime é formal. O mesmo vale para a
alta de preço, em proveito próprio ou de terceiros. A incineração não precisa ocasionar a alta
de preço; basta que haja esse intuito. Este crime também é formal ou de consumação
antecipada. O raciocínio também se aplica à corrupção passiva contra a ordem tributária, que
exige mera solicitação da vantagem indevida. O efetivo recebimento da vantagem é mero
exaurimento do crime, sendo, pois, dispensável para a sua consumação. (0,50 ponto) Das fases
do crime de lavagem de dinheiro e da sua consumação: A lavagem de dinheiro possui 3 fases:
colocação, ocultação e integração. O enunciado da questão evidencia que todas três foram
praticadas, já que o proveito criminoso foi incorporado formalmente ao sistema econômico
por meio da compra de tratores e do desenvolvimento de atividade plenamente lícitas. Não
obstante, ainda que não fosse o caso e o advogado de Sousa estivesse certo, a lavagem de
capital estaria consumada. O STF pacificou o entendimento de que a prática de qualquer das
três fases já configura lavagem de capital na forma consumada. (1,00 ponto). 1. Colocação – a
primeira etapa do processo é a colocação do dinheiro no sistema econômico. Objetivando
ocultar sua origem, o criminoso procura movimentar o dinheiro em países com regras mais
permissivas e naqueles que possuem um sistema financeiro liberal. A colocação se efetua por

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meio de depósitos, compra de instrumentos negociáveis ou compra de bens. Para dificultar a


identificação da procedência do dinheiro, os criminosos aplicam técnicas sofisticadas e cada
vez mais dinâmicas, tais como o fracionamento dos valores que transitam pelo sistema
financeiro e a utilização de estabelecimen629 tos comerciais que usualmente trabalham com
dinheiro em espécie. 2. Ocultação – a segunda etapa do processo consiste em dificultar o
rastreamento contábil dos recursos ilícitos. O objetivo é quebrar a cadeia de evidências ante a
possibilidade da realização de investigações sobre a origem do dinheiro. Os criminosos buscam
movimentá-lo de forma eletrônica, transferindo os ativos para contas anônimas –
preferencialmente, em países amparados por lei de sigilo bancário – ou realizando depósitos
em contas “fantasmas”. 3. Integração – nesta última etapa, os ativos são incorporados
formalmente ao sistema econômico. As organizações criminosas buscam investir em
empreendimentos que facilitem suas atividades – podendo tais sociedades prestarem serviços
entre si. Uma vez formada a cadeia, torna-se cada vez mais fácil legitimar o dinheiro ilegal.
Complementação do crime de vender mercadoria em condição imprópria para o consumo:
Não se trata de norma penal em branco heterogênea, mas sim de norma penal em branco
homogênea heteróloga (homogênea, porque é complementada por lei, por ato normativo de
mesma hierarquia; e heteróloga, porque a complementação não está na própria Lei 8.137/90,
mas sim em outro diploma normativo: o Código de Defesa do Consumidor). A
complementação advém do art. 18, parágrafo 6º, I, CDC. (0,50 ponto) Perícia prescindível na
venda de produto com prazo de validade vencido: Conforme o STJ, a perícia é prescindível,
porque a mercadoria não pode ser vendida após o prazo de validade, independentemente de
estar podre ou de ser prejudicial à saúde do consumidor (0,30 ponto) Fiança não deveria t er
sido arbitrada em favor de Antônio Dias, já que as penas máximas dos crimes a que
responderá são todas superiores a 4 (quatro) anos (1,50 ponto): Art. 322. A autoridade policial
somente poderá conceder fiança nos casos de infração cuja pena privativa de liberdade
máxima não seja superior a 4 (quatro) anos. Necessidade de mais de um inquérito: O inquérito
policial é instaurado pela autoridade policial por meio de portaria ou prisão em flagrante. No
caso narrado, ocorreu mais de uma em flagrante, de modo que cada uma deveria ter dado
origem a um inquérito policial diferente. O delegado que presidiu a investigação uniu tudo sob
um único inquérito. O candidato deveria elaborar um único relatório final para todo o caso
narrado (já que, no final das contas, havia um único inquérito policial e porquanto assim
determinava o comando da questão), mas deveria indicar que o delegado errou ao deixar de
instaurar um novo inquérito a partir da segunda prisão em flagrante. (0,30 ponto) Prazo do
inquérito: Indicar que o inquérito está dentro do prazo, porque não se aplicam os prazos do
CPP, mas sim os da Lei 12.850/13. Nos termos da Lei 12.850/13, a instrução criminal, em caso
de réu preso, poderá durar 120 dias, prorrogáveis uma vez por igual período (240 dias no
total). O STJ entende que a prisão preventiva só incidirá em excesso de prazo, se descumprido
o prazo total para o inquérito. Se o inquérito demorar mais tempo do que o previsto em lei,
outras fases da instrução criminal poderão ser mais rápidas. Admite -se, portanto, a
compensação do atraso. O atraso da instrução é aferido de maneira global. A jurisprudência
criou, nesse contexto, o parâmetro de 81 dias (já ultrapassado, porque a instrução criminal do
CPP, após a mini-reforma de 2008, pode levar aproximadamente entre 95 e 115 dias).
Entretanto, o candidato deveria indicar que, na Lei 12.850/13, o prazo é de, pelo menos, 120
dias. A margem de tempo para compensar eventual atraso no inquérito é muito maior. Logo,
de 6. VI.15 até o dia de realização da prova, passaram-se aproximadamente 2 meses ou 60
dias. O inquérito não padece, portanto, de excesso de prazo, pois não se aplicam os prazos do
CPP. (0,40 ponto) Art. 22. Os crimes previstos nesta Lei e as infrações penais conexas serão
apurados mediante procedimento ordinário previsto no Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro
de 1941 (Código de Processo Penal), observado o disposto no parágrafo único deste artigo.
Parágrafo único. A instrução criminal deverá ser encerrada em prazo razoável, o qual não

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poderá exceder a 120 (cento e vinte) dias quando o réu estiver preso, prorrogáveis em até
igual período, por decisão fundamentada, devidamente motivada pela complexidade da causa
ou por fato procrastinatório atribuível ao réu. Indicação de testemunhas: Indicar as duas
empregadas como testemunhas (art. 10, parágrafo 2º, CPP): (0,40 ponto). Inversão da ordem
de inquirição do investigado: Conforme o STJ, a inversão da ordem de inquirição prevista no
art. 304 do CPP, ainda que implique a oitiva do investigado em primeiro lugar, não macula o
inquérito, porquanto não há prejuízo. (0,20 ponto). Direito ao silêncio: O fato de a autoridade
policial não ter advertido o investigado de que poderia permanecer em silêncio não implica
nulidade do inquérito. Ainda que se admita que houve nulidade (o que exige comprovação de
prejuízo), a mácula restringir-se-ia ao depoimento. O inquérito como um todo é juridicamente
hígido. (0,20 ponto) Nota de culpa na prisão em flagrante de Márcio Sousa nos termos do art.
306, CPP. A autoridade deveria ter entregue nota de culpa (nomen iuris do documento) em até
24h após a prisão em flagrante (art. 306, CPP). (2,00 ponto) Art. 306. A prisão de qualquer
pessoa e o local onde se encontre serão comunicados imediatamente ao juiz competente, ao
Ministério Público e à família do preso ou à pessoa por ele indicada. § 1º Em até 24 (vinte e
quatro) horas após a realização da prisão, será encaminhado ao juiz competente o auto de
prisão em flagrante e, caso o autuado não informe o nome de seu advogado, cópia integral
para a Defensoria Pública. § 2º No mesmo prazo, será entregue ao preso, mediante recibo, a
nota de culpa, assinada pela autoridade, com o motivo da prisão, o nome do condutor e os das
testemunhas. Suspensão de Juca Ribeiro do exercício da função pública de auditor-fiscal: arts.
310, II, e 319, VI, CPP. (Edital itens 8.4). (0,70 ponto) 1. solicitar a suspensão do exercício de
função pública (0,10 ponto); 2. indicar corretamente o fumus comissi delicti e o periculum
libertatis (0,20 ponto); 3. justificar a suficiência do afastamento e a desnecessidade da prisão
preventiva (0,40 ponto). Fumus comissi delicti: há indícios suficientes de autoria e prova da
existência do crime. Periculum libertatis: tem usado sua função para praticar o crime, o que
comprova que a situação persistirá, caso não seja tomada uma providência. Garantia da
ordem pública: tem-se valido do cargo para interceder em favor de particulares; demonstra
não possuir condições de continuar a exercer a função de maneira lícita. *O afastamento do
cargo é suficiente nesse caso, não sendo necessário representar em favor de prisão cautelar.
Prisão preventiva de Paulo de Tarso: Trata-se do integrante que não compareceu à reunião da
organização criminosa. Sua prisão preventiva justifica-se pelas mesmas razões que levaram à
decretação das prisões dos outros integrantes. Não há razão para deixá-lo solto. (0,60 ponto)
Fumus comissi delicti: há indícios suficientes de autoria e prova da existência do crime.
Periculum libertatis: trata-se de indivíduo especializado na prática de crimes, que dedica sua
vida à prática delituosa; praticou diversos crimes, das mais variadas espécies; o risco de
reiteração, analisado à luz do caso concreto, é altíssimo. A representação baseia-se na garantia
da ordem pública. Busca domiciliar e apreensão: do laptop, cartões clonados, máquinas chupa-
cabras e equipamentos necessários para a falsificação dos cartões. Art.5º, inciso XI, CF e art.
240, parágrafo 1º, “b”, “c”, “e” e “h”, CPP. (1,00 ponto). Sequestro dos veículos, dos três
tratores e artigos de luxo: Lamborghini amarela e moto Harley-Davidson. Há indícios
veementes da proveniência ilícita dos bens. O proprietário não exerce atividade lícita regular,
ou seja, aparentemente são produto do crime (arts. 126, 127 e 132, CPP): (1,00 ponto). Arresto
ou hipoteca legal das 2 fazendas para pagamento de indenização às vítimas: Os bens recebidos
a título de herança, embora tenha origem claramente lícita, foram arrestados para garantir
eventual pagamento de multa e/ou ação civil exdelicto. A autoridade policial deve indicar esse
fato no relatório final, conquanto não tenha sido responsável pelo pedido de arresto ou de
hipoteca legal (o pedido é feito pelas vítimas; ou, excepcionalmente, pelo MP). O prejuízo às
vítimas foi muito substancial e foram praticados crimes cujas penas de multa são
particularmente onerosas, o que justifica o arresto. Relatar que o pedido foi f eito pelas vítimas
ou pelo MP (conforme consta do enunciado da peça), já que a autoridade policial não possui

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legitimidade para pedir arresto (art. 142, CPP): Art. 142. Caberá ao Ministério Público
promover as medidas estabelecidas nos arts. 134 e 137, se houver interesse da Fazenda
Pública, ou se o ofendido for pobre e o requerer. Arts. 126, 127 e 132, CPP. (1,00 ponto)
Interceptação telefônica: Justificar interceptação dos telefones 9999.0001 e 8888.0001, para
identificar os demais integrantes do grupo criminoso. Lei 9.296/96 (art.2º). (0,20 ponto) Os
requisitos estão presentes: I – indícios razoáveis da autoria ou participação em infração penal:
confissão de Antônio. II – a prova não pode ser feita por outros meios disponíveis: há
dificuldade de identificação de todos os integrantes. III – os fatos investigados constituem
infrações penais punidas com pena de reclusão. Ação Controlada: Indicar que se exige prévia
comunicação ao juiz de que será retardada a intervenção policial, embora não se exija prévia
autorização judicial. Ressaltar que a ação controlada foi necessária para a identificação de
todos os integrantes do grupo criminoso e para a apreensão do produto do crime. Art. 8.º da
Lei n.° 12.850/2013. (1,00 ponto) Art. 8º Consiste a ação controlada em retardar a intervenção
policial ou administrativa relativa à ação praticada por organização crimi nosa ou a ela
vinculada, desde que mantida sob observação e acompanhamento para que a medida legal se
concretize no momento mais eficaz à formação de provas e obtenção de informações. § 1º O
retardamento da intervenção policial ou administrativa será previ amente comunicado ao juiz
competente que, se for o caso, estabelecerá os seus limites e comunicará ao Ministério
Público. § 2º A comunicação será sigilosamente distribuída de forma a não conter informações
que possam indicar a operação a ser efetuada. § 3º Até o encerramento da diligência, o acesso
aos autos será restrito ao juiz, ao Ministério Público e ao delegado de polícia, como forma de
garantir o êxito das investigações. § 4º Ao término da diligência, elaborar-se-á auto
circunstanciado acerca da ação controlada. Conclusão: A conclusão deve mencionar que estão
provados os fatos e autoria, estando exauridos os atos da polícia judiciária ou do delegado de
polícia, submetendo os autos do inquérito policial ao Judiciário. Deverá, ainda, representar
pela cautelar de afastamento de cargo público de Juca Ribeiro. Caso o candidato submeta o
relatório final à apreciação do Ministério Público, a postura será considerada incorreta, uma
vez que o Judiciário apenas dá vista ao Ministério Público após receber os autos. A autoridade
policial não pode submeter os autos do inquérito diretamente ao Ministério Público. (0,10
ponto)

Concurso: PCRO – Ano: 2014 – Banca: FUNCAB

PEÇA PRÁTICA – Tendo em vista a aproximação de epidemia de dengue hemorrágica, que


ameaça espalhar-se por todo o estado, o Governador desse estado expede decreto
autorizando, mediante utilização dos meios estritamente necessários, agentes públicos a
entrarem à força em imóveis sob forte suspeita de existência de criadouros de larvas de
mosquitos transmissores da doença e cujos proprietários se encontrem ausentes ou
resistentes à imprescindível atividade administrativa de combate epidêmico. Emita parecer
sobre o caso descrito, analisando, juridicamente, a legalidade ou não do decreto do
Governador, bem como se poderá ocorrer a responsabilização da Administração.

SUGESTÃO DE RESPOSTA:

PARECER Nº

PROCESSO ADMINISTRATIVO Nº INTERESSADO

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ASSUNTO: DECRETO QUE AUTORIZA A ENTRADA EM IMÓVEIS PARA COMBATER A DENGUE.


RESPONSABILIZAÇÃO OU NÃO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.

EMENTA: Epidemia de dengue hemorrágica. Situação de urgência. Decreto que autoriza a


entrada em imóveis. Combater criadouros de larvas. Legalidade do ato normativo.
Inviolabilidade domiciliar. Ausência de caráter absoluto. Ino-corrência de ato ilícito.

1. Trata-se de Decreto emitido pelo Governador do Estado que autoriza, mediante utilização
dos meios estritamente necessários, que agentes públicos possam entrar à força em imóveis
sobre os quais recaiam a suspeita de existência de criadouros de larvas de mosquitos
transmissores da dengue e cujos proprietários se encontrem ausentes ou resistentes à
atividade de combate epidêmico.

2. Referido ato normativo foi editado por conta da aproximação de epidemia de dengue
hemorrágica, que ameaça espalhar-se por todo o estado. Caso não haja a adoção de medidas
mais enérgicas, os danos causados à sociedade serão impactantes.

3. Este o relatório. Passa-se a analisar.

4. Inicialmente, é importante frisar que a inviolabilidade domiciliar possui previsão no art. 5º,
XI, da CRFB. Referida previsão, além de ser um direito fundamental, serve para coibir abusos
estatais em relação à casa (o entendimento jurisprudencial é no sentido de que o termo “casa”
é bem amplo).

5. Contudo, a doutrina mais abalizada e a Jurisprudência entendem que os direitos


fundamentais não podem ser usados de maneira absoluta, especialmente como cobertores
para atos ilícitos ou atitudes que violem ferozmente o interesse público. Neste caso, o interesse
público latente é a preservação da saúde das pessoas em face da epidemia de dengue
hemorrágica.

6. Diante disso, o que o Decreto fez não foi autorizar a entrada a esmo nos imóveis, mas
apenas permitir que os agentes públicos possam realizar a importante função de vistoriar e
adotar medidas cabíveis para combater as larvas do mosquito transmissor.

7. Logo, é visível que se busca atender aos ditames do interesse público, o que autoriza uma
relativização da inviolabilidade domiciliar. Através de uma ponderação de interesses, a
inviolabilidade domiciliar de imóveis suspeitos de terem criadouros perde um pouco de
importância perante a supremacia do interesse público.

8. Outro ponto fundamental é que os princípios e normas constitucionais não devem ser
interpretados separadamente, ou seja, a visão deve ser global. Assim, pelo princípio
hermenêutico da concordância prática, também chamado de harmonização, na hipótese de
conflito entre bens e valores constitucionalmente protegidos, o intérprete deve preferir a
solução que favoreça a realização de todos eles, evitando o sacrifício total de uns em relação
aos outros.

9. á denominação “concordância prática” decorre da compreensão de que apenas é possível


realizar essa coordenação dos bens e valores envolvidos em um conflito no momento da
aplicação do direito ao caso concreto. Neste diapasão, é possível concluir que a preva lência de
um bem ou um valor será decidida diante de cada situação submetida ao Poder Judiciário, do
que se depreende que cada caso poderá ser resolvido de forma diversa.

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10. Essa técnica de ponderação de interesses ocorre em três etapas. Na primeira, o intérprete
encontrará as normas aptas a solucionar o caso, identificando os possíveis conflitos entre elas.
Na segunda, volta-se ao exame dos fatos concretos e sua relação com as normas selecionadas
na primeira etapa. Na terceira etapa, há a concretização da ponderação, momento no qual
serão decididos os pesos que devem ser conferidos aos elementos em conflito e,
consequentemente, quais normas devem preponderar neste caso.

11. No tocante ao próprio Decreto, ele nada mais é do que uma expressão do poder
regulamentar da Administração Pública. Poder Regulamentar ou Função Regu lamentar é a
atribuição conferida pela Constituição aos Chefes do Poder Executivo para produzir
regulamentos e decretos, sem a participação ordinária ou regular do Poder Legislativo.

12. Em relação à temática da responsabilização civil, o art. 37, §6º, da CRFB adotou a
responsabilidade objetiva para as condutas comissivas ilícitas perpetradas pela Administração
Pública. Conforme se depreende da visão doutrinária e jurisprudencial prevalente, adotou-se,
como parâmetro, a teoria do risco administrativo, isto é, eventuais prejuízos e danos
perpetrados pelo Estado devem ser repartidos por toda a sociedade.

13. A noção de ato ilícito é feita pelo Código Civil, nos arts. 186 e 187, aduzindo ser uma ação
ou omissão voluntária, negligência ou imprudência que contraria a lei e que viola o direito,
causando um dano a outrem, ainda que exclusivamente moral. Também comete ato ilícito o
titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim
econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.

14. As condutas a serem praticadas pelos agentes públicos não se enquadram como atos
ilícitos, especialmente porque amparadas na edição de um Decreto que autoriza a entrada
deles. Além de cumprir o poder de polícia ínsito ao Poder Público, perpetrarão atos cujo escopo
é a proteção do interesse público.

15. Assim, não haverá a incidência do art. 37, §6º, da CRFB, ou seja, desde que as condutas
estejam em uma margem de normalidade e dentro das previsões do Decreto, não se poderá
falar em responsabilização civil.

16. Por fim, importante mencionar que a Lei nº 13.301/16 permite o ingresso forçado em
imóveis públicos e privados no caso de situação de abandono, ausência ou recusa de pessoa
que possa permitir o acesso de agente público, regularmente designado e identificado, quando
se mostre essencial para a contenção das doenças, consoante o art. 1º, IV, dessa lei.

17. Diante do exposto, conclui-se que o Decreto é plenamente compatível com o ordenamento
jurídico e com o interesse público.

Este o parecer. À consideração superior. Local, Data.

Nome

GABARITO DA BANCA EXAMINADORA:

EMENTA – RELATÓRIO – PARECER – ASSINATURA O candidato deveria apontar que o decreto


era constitucional e legítimo. Deveria abordar a relatividade dos direitos fundamentais, de
modo minudente. Deveria destacar que a inviolabilidade domiciliar não é direito fundamental
absoluto, admitindo restrições em caso de interesse público relevante. Deveria explanar sobre
o poder administrativo regulamentar, de modo minudente. Deveria expor sobre o princípio da
supremacia do interesse público sobre o particular e a ponderação de interesses, consoante a

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doutrina e jurisprudência. Deveria destacar o princípio interpretativo da Constituição


denominado de concordância prática e em que ele consiste. 636 Deveria ter apontado o
posicionamento do STF no Ag Rg no RE 372571/60, Rel . Min. Ayres Brito, julgado em
27/03/2012. Deveria o candidato apontar a teoria do risco administrativo como fundamento
da responsabilidade civil da Administração Pública e o art. 37, parágrafo 6º da Constituição.
Deveria o candidato destacar que não haveria prática de ato ilícito por parte dos agentes
públicos. Deveria o candidato definir ato ilícito, citando os dispositivos do Código Civil
pertinentes.

Concurso: PCSC – Ano: 2014 – Banca: ACAFE

Denúncia anônima que chegou à Delegacia de Polícia dá conta de que Mario Mendes e Ciro
Fontes estariam inserindo elementos inexatos em operações de natureza fiscal relativas ao
ICMS, visando fraudar a fiscalização tributária, das empresas de laticínios Indústria de
Laticínios Companhia do Leite e Leite Bom Indústria Alimentícia Ltda. Apesar dos indícios
apontarem o envolvimento dos investigados em crime de sonegação fiscal, a investigação
chegou a um impasse, pois não foi possível elucidar, com os levantamentos de campo e de
informações, qual a participação de cada um dos investigados, acrescido do fato de que o
investigado Ciro Fontes faz constantes viagens internacionais. Dados do Inquérito: N.
0124/2014; Primeira Delegacia de Polícia da Comarca de Lages, rua das Palmeiras, 357, Lages –
Fone (49) 3131 – 3030 Delegado Responsável: Dr. Edmundo Bastos Cunha – matrícula 123.456-
7 – bastos@pc.sc.gov.br Agente de Polícia designado: Anibal Bruno de Faria 333.444-5 –
faria@ pc.sc.gov.br Do que foi até agora apurado tem-se: a) Indústria de Laticínios Companhia
do Leite, com sede na rua das Acácias, 123, Lages -Sócios Mario Mendes e Ciro Fontes; b) Leite
Bom Indústria Alimentícia Ltda., com sede na rua das Laranjeiras, 456, Lages – Sócios Ciro
Fontes e Mario Mendes; c) Mario Mendes – brasileiro, caso, empresário, residente à rua
Pessegueiro, 687, Lages – celular (Claro S/A) (49) – 9112 – 7070, CPF 400 401 402 – 88; d) Ciro
Fontes – brasileiro, casado, empresário, residente à rua das Videiras, 581, Lages – celular
(Claro S/A) (49) – 9112 – 8080, CPF 500 501 502 – 99; e) registro da caminhonete Mitsubishi
L200, placas XXX – 0123, utilizada por Ciro Fontes, em nome da Samira Mendes Lima, CPF 800
801 802 -83; f) registro, em nome da Samira Mendes Lima, do veículo Honda Civic, ano
2013/2014, placas XXX – 0456, que até 21/1/2014 estava registrado em nome da empresa
Leite Bom Indústria Alimentícia Ltda; g) registro de veículos particulares, utilizados por Mario
Mendes e seus familiares, em nome de terceiros: – Citroen C4 Palas, placas XXX – 1111 –
registrado em nome de Murilo Garcia – CPF 100 101 102 – 76; – BMW, placas XXX – 2222,
registrado em nomes de Cássio Meira, CPF 200 201 202 – 67; – Mitsubishi Pajero Full, placas
XXX – 3333, registrado em nome de Felipe Lima, CPF 300 301 302-57; h) inexistência de
patrimônio nas empresas Indústria de Laticínios Companhia do Leite e Leite Bom Indústria
Alimentícia Ltda. i) incompatibilidade entre volume de produção, o constante nos registros de
estoque da empresa e o constante nos registros fiscais de saída de produtos, decorrente das
vendas. Outros dados: b) Tim Celular S/A – Gerência de Relacionamento e Apoio a Órgãos
Públicos, Av. Alexandre de Gusmão, 29, São Paulo. c) Claro S/A – Departamento Jurídico, Rua
Flórida, 1970, São Paulo. d) OI/Brasil Telecom – Gerência de Ações Restritas, Av. Presidente
Vargas, 914, São Paulo. e) Vivo – Núcleo de Assuntos Especiais, Av. João Gualberto, 717, São
Paulo. f) Nextel/Telecomunicações – Rua Bela Cintra, 1196, São Paulo. g) GVT – Rua Lourenço
Pinto, 299, São Paulo. Analise o anteriormente relatado e, como Delegado de Polícia, sem criar
novos dados, elabore pedido de interceptação telefônica.

SUGESTÃO DE RESPOSTA:

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DA VARA CRIMINAL DA COMARCA DE LAGES – SC.

Referência: Inquérito Policial número.

O Delegado de Polícia que ao final subscreve, no exercício dos poderes e atribuições conferidos
pelo artigo 144 da Constituição Federal, pelo Código de Processo Penal, pela Lei nº 12.830/13 e
com base na Lei nº 9.296/1996, vem, perante Vossa Excelência, representar INTERCEPTAÇÃO
TELEFÔNICA E DE DADOS pelas razões de fato e de direito a seguir articuladas.

I – DOS FATOS:

á Primeira Delegacia de Polícia de Lages recebeu “denúncia anônima” informando que


Mário Mendes e Ciro Fontes estariam inserindo elementos inexatos em operações de natureza
fiscal, relativos ao ICMS, com vistas a fraudar a fiscalização tributária. Para tanto, utilizam-se
das empresas de laticínios Indústria de Laticínios Companhia do Leite e Leite Bom Indústria
Alimentícia LTDA.

Feitas as apurações iniciais, instaurou-se o respectivo inquérito policial, no qual foi


possível verificar que a caminhonete Mitsubishi L200, placas XXX – 0123, utilizada por Ciro
Fontes, está registrada em nome de Samira Mendes Lima, CPF 800.801.802-83.

Também está registrado em nome de Samira Mendes Lima o veículo Honda Civic, ano
2013/2014, placas XXX – 0456, anteriormente registrado em nome da empresa Leite Bom
Indústria Alimentícia Ltda.

Os veículos particulares utilizados por Mário Mendes e seus familiares também estão
registrados em nome de terceiros, conforme dados do inquérito policial em epígrafe.

Inexiste patrimônio em nome das duas referidas empresas, em que são sócios Mário
Mendes e Ciro Fontes.

Há incompatibilidade entre o volume de produção constante nos registros de estoque


da empresa e o que consta nos registros fiscais de saída dos produtos decorrente das vendas.

Foi averiguado que Ciro Fontes faz constantes viagens ao exterior.

Apesar dos inúmeros indícios apurados, não foi possível elucidar, com os meios
investigatórios até então disponíveis, a participação de cada um dos investigados nos delitos
investigados.

II – DO DIREITO:

Preliminarmente, cumpre ressaltar que a autoridade policial que ao final subscreve,


antes da formal instauração de inquérito policial, determinou a realização de investigações
preliminares a partir da mencionada “notitia criminis” inqualificada, com base no
entendimento jurisprudencial.

A Jurisprudência predominante aduz que a notícia anônima sobre eventual prática


criminosa, por si só, não é idônea para a instauração de inquérito policial ou deflagração da
ação penal. Contudo, ela serve como fator para embasar procedimentos investigatórios
preliminares em busca de indícios que corroborem as informações da fonte anônima, os quais
tornam legítima a persecução criminal estatal.

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O entendimento doutrinário é no mesmo sentido, isto é, a denúncia anônima pode ser


usada para instaurar o caderno investigatório ou servir de base para a representação por
cautelares desde que ocorram investigações preliminares.

Por meio da Lei nº 9.296/96, o legislador infraconstitucional regulamentou a


possibilidade da interceptação das comunicações telefônicas, prevista no art. 5º, XII, da
Constituição Federal. Por extensão, também é possível, com autorização judicial, aces-sar
dados telefônicos para fins de investigação policial ou instrução processual penal.

A possibilidade de acesso aos dados telefônicos, bem como a interceptação telefônica,


são medidas que se revelam imprescindíveis para as investigações criminais. Isto ocorre pelo
fato de não haver outro meio de prova disponível apto a elucidar o crime.

A interceptação telefônica em sentido estrito é a captação da conversa entre


interlocutores, desenvolvida por meio de aparelhos telefônicos, por um terceiro. No caso, um
agente da Polícia Civil, desconhecido deles.

Já a “quebra” é o acesso aos dados telefônicos, que ocorre quando são analisados os
dados cadastrais dos usuários do aparelho, os extratos telefônicos, que possuem a
identificação das ligações efetuadas, recebidas e não atendidas, bem como das mensagens
enviadas e recebidas. No caso, a partir do dia do cometimento do delito até a data do
fornecimento das informações, bem como a indicação das Estações Rádio Base.

No caso em tela, estão presentes os requisitos exigidos para o deferimento de tais


diligências: a prática de crime punido com pena privativa de reclusão; a imprescindibilidade da
medida, pois não há outro meio de prova disponível; e indícios de autoria ou participação na
infração penal.

Deve ser lembrando que o art. 2º, parágrafo único, da Lei nº 9.296/96, permite que se
requeira a interceptação mesmo quando não houver a individu-alização do suspeito. Por fim,
Vossa Excelência é o magistrado competente para julgar futura ação penal.

III – DO PEDIDO:

Diante de todo o exposto, o Delegado de Polícia que ao final subscreve requer a Vossa
Excelência a interceptação telefônica e de dados, pelo prazo de 15 (quinze) dias, das seguintes
linhas: 1) (49) 91127070, da operadora Claro S/A, em nome de Mário Mendes, brasileiro, caso,
empresário, residente à rua Pessegueiro, 687, Lages; e 2) (49) 91128080, da operadora Claro
S/A, em nome de Ciro Fontes, brasileiro, casado, empresário, residente à rua das Videiras, 581,
Lages, com envio do respectivo ofício à referida operadora, no departamento jurídico, situado
rua Flórida, 1970, São Paulo.

Ainda, requer o acesso a dados telefônicos disponíveis junto às operadoras 1) Tim


Celular S/A, Gerência de Relacionamento e Apoio a Órgãos Públicos, Av. Alexandre de Gusmão,
29, São Paulo, 2) Oi Brasil Telecom, Gerência de Ações Restritas, Av. Presidente Vargas, 914,
São Paulo, 3) Vivo, Núcleo de Assuntos Especiais, Av. João Gualberto, 717, São Paulo, 4) Nextel
Telecomunicações, Rua Bela Cintra, 1196, São Paulo e 5) GVT, Rua Lourenço Pinto, 299, São
Paulo, com a finalidade de verificar a existência de outras linhas em nome d os investigados.

Lages, data.

Delegado de Polícia

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GABARITO DA BANCA EXAMINADORA:

1. ENDEREÇAMENTO a) Excelentíssimo Juiz de Direito; b) Vara Criminal da Comarca de Lages.


2. PEDIDO/REPRESENTAÇÃO a) Representação pela Interceptação Telefônica/Quebra de sigilo
telefônico; b) Interceptação e Desvio e/ou Gravação e/ou Relatório das conversas telefônicas,
efetuadas e recebidas, dos interceptados e de seus interlocutores; c) Interce ptação e repasse
de mensagens de texto/imagens/dados, efetuados e recebidos, dos interceptados e de seus
interlocutores. 3. OBJETIVIDADE E ARGUMENTAÇÃO – Observação do comando da questão
(elaboração, apenas, de pedido de interceptação telefônica); – Descrever, com clareza, a
situação objeto da investigação (Art. 2º, parágrafo único, da Lei 9.296/96); – Emprego de
terminologia apropriada; – Desenvolvimento lógico de ideias, sem repetições de conceitos ou
simples transcrição do enunciado ou de preceitos legais; – Consistência de argumentos; –
Adequação ao contido no enunciado. 4. CAPITULAÇÃO – Possível configuração dos crimes
previstos nos artigos 1º, inciso II, da Lei 8.137/90; 1º, da Lei 9.613/98 e 288, caput, do Código
Penal. 5. FUNDAMENTAÇÃO JURÍDICA – 1) – Indicar: a) – o Art. 3º, inciso I, da Lei 9.296/96; b)
– em referência direta, o indício, trazido pelo enunciado, que conduz à infração penal descrita
no art. 1º, inciso II, da Lei 8.137/90, alínea i) – incompatibilidade entre volume de produção, o
constante nos registros de estoque da empresa e o constante nos registros fiscais de saída de
produtos, decorrente das vendas. 2) – Observar o disposto no art. 2º, inciso III, da Lei
9.296/96: fato investigado punível com pena de reclusão. 3) – Qualificar os investigados – (art.
2º, parágrafo único, da Lei 9.296/96). 4) – Capacidade de observação, dedução e
convencimento do candidato. Análise das informações trazidas no enunciado: demonstrar a
possibilidade de configuração de outros crimes autônomos, puníveis com reclusão, apontando-
os. Não incidência da Súmula Vinculante 24 do STF. Fundamentar a necessidade da
interceptação telefônica para a continuidade das investigações em relação aos delitos
autônomos, justificando: a) a necessária individualização das condutas; b) a impossibilidade da
prova ser feita por outros meios (art. 2º, II, da Lei 9.296/96). 5) – Indicar os meios que serão
empregados na interceptação telefônica (art. 4º, parte final, da Lei 9.296/96): equipamento,
método, critérios, etc. Exemplos: – requisição, se necessária, de serviços e técnicos
especializados às Operadoras de Telefonia Móvel (art. 7º, da Lei 9.296/96); – utilização, se
possível, do “istema “Guardião”, da “ecretaria de Segurança Pública do Estado de Santa
Catarina; – utilização de senhas de acesso específicas junto às operadoras, pelo Delegado
responsável e pelo Agente de Polícia designado, para obtenção de dados cadastrais dos
investigados e/ou de seus interlocutores; – monitoramento das mensagens de
texto/imagens/dados, efetuados e recebidos, pelo Delegado responsável ou pelo Agente de
Polícia designado, mediante a remessa, pelas operadoras, de relatório aos e -mails indicados no
enunciado; – monitoramento tanto das linhas telefônicas quanto dos IMEIS dos aparelhos. –
quebra de Estação Rádio Base (ERB), possibilitando localizar geograficamente o telefone
interceptado e seus interlocutores; – cruzamento de dados extraídos das interceptações.

Concurso: PCSP – Ano: 2014 – Banca: VUNESP

PEÇA PRÁTICA – No dia 11.06.2014 a vítima “A”, com 60 anos de idade, encontrava- se no
interior da loja de automóveis “Maria´s Car”, de sua propriedade, ocasião em que quatro
indivíduos, em concurso, ingressaram no estabelecimento, todos portanto arma de fogo e
encapuzados, arrebataram a vítima e subtraíram alguns objetos eletrônico e certa quantia em
dinheiro. De acordo com testemunhas, quando do arrebatamento, em frente ao
estabelecimento comercial estavam estacionados dois veículos – um Ford Fusion de placas
AAA-1111 e um GM Vectra de placas BBB-2222 – que foram utilizados na fuga dos criminosos e

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para condução da vítima. Em pesquisa verificou-se que ambos os veículos não possuíam queixa
de crime. Após duas horas do arrebatamento, um dos seqüestradores entrou em contrato com
a família da vítima, momento em que identificador de chamadas revelou linha telefônica
celular de prefixo 81, número 9999-9999, anunciando que estavam em poder da vítima.
Passado três dias, no decorrer das investigações, foi preso “B”, que acabou confessando o
crime, dizendo que iriam exigir R$ 3.000.000,00 (três milhões de reais) como condição para a
libertação da vítima, apontando voluntariamente o local onde esta se encontrava cativa. A
vítima foi resgatada incólume pela Polícia e o resgate não foi pago. “B” alegou, quando de seu
interrogatório no auto de prisão em flagrante, ter agido juntamente com outros três
indivíduos, “C”, com 20 anos, “D”, com 33 anos e “E”, com 16 anos de idade, dos quais apenas
os endereços não foram identificados. Informou ainda que, com os mesmos comparsas, havia
praticado outros crimes de seqüestros e roubos, narrando tratar-se de uma estrutura
ordenada, onde as tarefas são divididas entre seus integrantes. Elabore a peça de polícia
judiciária pertinente, com a correta tipificação do(s) crime(s), para decretação da(s) medida(s)
cautelar(ES) cabível (eis) no curso da investigação.

NOTA EXPLICATIVA:

DA TIPIFICAÇÃO:

Diante dos dados fornecidos pelo examinador, o candidato poderia fundamentar a ocorrência
do crime de roubo agravado (art. 157, §2º, I, II, IV, do Código Penal) em concurso material com
o delito de extorsão mediante sequestro qualificado (art. 159, §1º, do Código Penal). Isso
porque os quatro suspeitos ingressaram no estabelecimento comercial, armados, e mediante
violência ou grave ameaça, além de arrebatarem a vítima, subtraíram bens móveis, o que
configura o delito de roubo agravado.

Porém, após duas horas do arrebatamento, um dos sequestradores entrou em contrato com a
família da vítima e, posteriormente, foi descoberto pela polícia que exigiriam quantia em
dinheiro para libertá-la, o que, em tese, configura o delito de extorsão mediante sequestro
qualificado.

No entanto, com base no interrogatório de “B”, o candidato também poderia expor ao


examinador que o caso em tela se trata somente do delito de extorsão mediante sequestro
qualificado. A justificativa para isso seria a ocorrência da chamada progressão criminosa, que
ocorre quando o agente produz o resultado pretendido (roubo agravado), mas, em seguida,
resolve progredir na violação do bem jurídico (substituição do dolo) e produz um resultado
mais grave que o anterior (extorsão mediante sequestro qualificado).

O crime meio (roubo) é absorvido pelo crime fim (extorsão mediante sequestro). Aplica-se ao
caso, portanto, o princípio da consunção.

Por fim, considerando que foram colhidos elementos de informação dando notícia de que
havia quatro integrantes, sendo uma estrutura ordenada com divisão de tarefas, tendo por
objetivo a prática de crimes com pena máxima em abstrato superior a 4 anos, há indícios
também de uma organização criminosa (art. 1º, §1º, da Lei nº 12.850/13). Assim, é possível
verificar que os integrantes também estão incorrendo, em tese, no delito tipificado no art. 2º
da Lei nº 12.850/13, crime este permanente, ou seja, sua consumação se prolonga no tempo.

DAS MEDIDAS CAUTELARES:

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Considerando que a autoridade policial obteve informações acerca dos veículos que foram
utilizados pelos meliantes quando da fuga, é possível ao delegado representar ao juiz
competente pela busca e apreensão domiciliar (art. 240,

§1º, “a” a “h”, do Código de Processo Penal), no endereço constante do banco de dados dos
veículos supracitados.

Além disso, levando em conta que a autoridade policial também possui o número do telefone
celular utilizado por um dos meliantes, a autoridade policial poderá representar pela
interceptação telefônica do referido número (com fundamento no art. 2º, I, II e III, a contrario
sensu, combinado com art. 3º, I, ambos da Lei n.º 9.296/96), além da quebra de dados
telefônicos (extratos das ligações pretéritas), nos termos do art. 5º, VII, da CRFB.

Ademais, considerando que a autoridade policial possui a identificação dos criminosos, poderá
requisitar, diretamente, nos termos do art. 3º, IV, c/c art. 15 da Lei nº 12.850/13, dados
cadastrais referentes à qualificação pessoal, a filiação e o endereço mantidos pela Justiça
Eleitoral, empresas telefônicas, instituições financeiras, provedores de internet e
administradoras de cartão de crédito. Tal diligência certamente contribuirá com as
investigações.

É possível, também, representar pela prisão temporária, já que presentes os requisitos


constantes dos art. 1, I, II, III, “c” e “d”, da Lei nº 7.960/89.

Por fim, considerando os indícios da existência de uma organização criminosa, conforme acima
exposto, com o objetivo de monitorar as ações dos criminosos, para então identificá-los e
prendê-los, principalmente os que exercem o comando da organização criminosa, poderá a
autoridade policial representar ao juiz competente pela ação controlada, nos termos do art.
8º, parágrafos, e art. 9º da Lei nº 12.850/13. Não obstante a Lei nº 12.850/13, no art. 8. §1º,
ressaltar que é necessária apenas a prévia comunicação ao juiz competente, a doutrina
majoritária entende que se revela imperiosa a autorização judicial, por se tratar de cláusula de
reserva de jurisdição.

Todas as medidas acima expostas certamente contribuirão com as investigações,


possibilitando que a polícia judiciária cumpra com sua missão constitucional, que é apurar os
fatos de forma imparcial.

SUGESTÃO DE RESPOSTA:

EXCELENTÍSSIMO SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA COMARCA DE..

A Polícia Civil do Estado de São Paulo, por intermédio do Delegado de Polícia que este
subscreve, no uso das atribuições conferidas pelo art. 144 da CRFB, dos dispositivos do Código
de Processo Penal, da Lei nº 12.830/13 e demais diplomas legais correlatos, vem, perante V.
Exa., ofertar as medidas cautelares abaixo elencadas, embasados nos fatos e fundamentos a
seguir

DOS FATOS:

No dia 11.06.2014 a vítima “á”, com 60 anos de idade, encontrava-se no interior da


loja de automóveis “Maria´s Car”, de sua propriedade, ocasião em que quatro indivíduos, em
concurso, ingressaram no estabelecimento, todos portando arma de fogo e encapuzados, e
arrebataram a vítima e subtraíram alguns objetos eletrônicos e certa quantia em dinheiro.

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De acordo com testemunhas, quando do arrebatamento, em frente ao estabelecimento


comercial estavam estacionados dois veículos – um Ford Fusion de placas AAA-1111 e um GM
Vectra de placas BBB-2222, que foram utilizados na fuga dos criminosos e para condução da
vítima. Em pesquisa, verificou-se que ambos os veículos não possuíam queixa de crime.

Após duas horas do arrebatamento, um dos sequestradores entrou em contrato com a família
da vítima, momento em que identificador de chamadas revelou linha telefônica celular de
prefixo 81, número 9999-9999, anunciando que estavam em poder de “á”. Passado três dias,
no decorrer das investigações, foi preso “B”, que acabou confessando o crime, dizendo que
iriam exigir R$ 3.000.000,00 (três milhões de reais) como condição para a libertação da vítima,
apontando voluntariamente o local onde esta se encontrava a cativa.

A vítima foi resgatada incólume e o resgate não foi pago. “B” alegou, quando de seu
interrogatório no auto de prisão em flagrante, ter agido juntamente com outros três
indivíduos, “C”, com 20 anos, “D”, com 33 anos e “E”, com 16 anos de idade, dos quais apenas
os endereços não foram identificados. Informou, ainda, que com os mesmos comparsas havia
praticado outros crimes de sequestros e roubos, narrando tratar-se de uma estrutura
ordenada, cujas tarefas são divididas entre seus integrantes.

DO DIREITO:

Com base nos fatos acima expostos, verifica-se, no caso em tela, a ocorrência do delito
de roubo agravado praticado em concurso material com o delito de extorsão mediante
sequestro qualificado, (art. art. 157, §2º, I, II, IV e art. 159, §1º, c/c art. 69, todos do CP), tendo
em vista que os quatro suspeitos ingressaram no estabelecimento comercial, armados, e,
mediante violência ou grave ameaça, além de arrebatarem a vítima, subtraíram bens móveis.

Após duas horas do arrebatamento, um dos sequestradores entrou em contato com a


família da vítima exigindo quantia em dinheiro para libertá-la. Além disso, há indícios que
permitem concluir que os suspeitos pertencem a uma organização criminosa (art. 1º, §1º, da
Lei nº 12.850/13), já que as investigações apontam a presença de quatro integrantes,
estruturalmente ordenados com divisão de tarefas e com objetivo de obter vantagem de
qualquer natureza mediante a prática de infrações penais cuja pena máxima é superior a 4
anos.

Por tal razão, os integrantes também estão incorrendo, em tese, no delito tipificado no
art. 2º da Lei nº 12.850/13, crime este permanente, ou seja, sua consumação se prolonga no
tempo.

DO PEDIDO

Ante o exposto, considerando que testemunhas informaram que os meliantes


utilizaram os veículos Ford Fusion de placas AAA-1111 e GM Vectra de placas BBB-2222,
quando da fuga, faz-se necessária busca no endereço constante do banco de dados dos
veículos com o objetivo de colher elementos de informação, razão pela qual a polícia civil, com
fundamento no artigo art. 240, §1º, “a” a “h”, do Código de Processo Penal, REPRESENTA pela
busca e apreensão no endereço;

Ademais, considerando a presença de indícios razoáveis do cometimento de infração


penal apenadas com reclusão, e considerando que um dos sequestradores entrou em contrato
com a família da vítima, momento em que identificador de chamadas revelou a linha telefônica
celular utilizada, a polícia civil REPRESENTA pela INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA e QUEBRA DE

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SIGILO DE DADOS TELEFÔNICOS, com fundamento no art. 2º, I, II e III, a contrario sensu,
combinado com art. 3º, I, ambos da Lei n.º 9.296/96, e art. 5º, VII, da CRFB, respectivamente,
do terminal telefônico prefixo 81, número 9999-9999. Somado a isso, a polícia civil também
REPRESENTA pela prisão temporária dos suspeitos “á”, “B”, “C” e “D”, já que presentes os
requisitos constantes do art. 1º, I, II, III, “c” e “d”, da Lei nº 7.960/89. Por fim, considerando os
indícios da existência de uma organização criminosa, conforme acima exposto, com o objetivo
de monitorar as ações dos criminosos, para então identificá-los e prendê-los, principalmente os
que exercem o comando da organização criminosa, a polícia civil REPRESENTA pela ação
controlada, nos termos do art. 8º, parágrafos e art. 9º da Lei nº 12.850/13.

São Paulo, data

Delegado de Polícia

Concurso: PCMS – Ano: 2013 – Banca: MSCONCURSOS

PEÇA PRÁTICA – Rafael, funcionário público municipal, foi investigado por suposta prática de
crime de peculato pela subtração de duas luminárias de alumínio. Por sua vez, Rafael
apresentou provas no inquérito policial de que as luminárias estariam em desuso, em situação
precária, e seriam de valor irrisório. Disserte e fundamente, como delegado de polícia, pelo
não indiciamento formal de Rafael utilizando-se do princípio da insignificância, informando
sobre os dogmas desse princípio e sua colaboração na consolidação de parâmetros que
orientam a aplicação da norma penal.

SUGESTÃO DE RESPOSTA:

DESPACHO DA AUTORIDADE POLICIAL

Inquérito Policial nº

Trata-se de inquérito policial instaurado para apurar o crime de peculato (art. 312 do
CP) cometido, em tese, por Rafael, funcionário público municipal.

Consta do apurado, em síntese, que o investigado Rafael, na condição de funcionário


público municipal, subtraiu, em tese, duas luminárias de alumínio pertencentes à
administração pública. No decorrer desse procedimento, restou evidenciado que as luminárias
objetos destes autos estariam em desuso, apresentando situação precária e seriam de valor
irrisório.

Em uma análise mais apressada, poder-se-ia dizer que Rafael incorrera no delito do art.
312 do CP. Ressalte-se, todavia, que o Delegado de Polícia, na condição de primeira autoridade
estatal a ter contato com o crime, exerce funções de natureza jurídica, sendo, necessariamente,
bacharel em Direito, consoante estabelece a Lei nº 12.830/2013. Por isso, a atuação do
Delegado de Polícia não pode se dar de maneira robotizada.

Sabe-se que no estudo da tipicidade esta era entendida, pela teoria tradicional, sob o
aspecto meramente formal. Deste modo, bastava a subsunção do fato à norma para que se
caracterizasse a infração, desde que presentes os demais requisitos. Considerando esta linha de
raciocínio, restaria imputado o crime de peculato ao aqui investigado.

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Entretanto, mais modernamente, passou-se a entender que a tipicidade penal


englobaria tanto a tipicidade formal, quanto a material. Assim, a tip icidade deixaria de ser
mera subsunção do fato à norma, passando a abrigar também juízo de valor, consistente na
relevância da lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado.

Incrementando esta teoria, Eugênio Raul Zaffaroni desenvolveu a teoria da tip icidade
conglobante, na qual a tipicidade penal é a soma da tipicidade formal e da tipicidade
conglobante (esta última composta pela tipicidade material e pela antinormatividade do ato –
ato não determinado ou não incentivado por lei).

Com a concepção da tipicidade material, surge o princípio da insignificância. Isto


porque, ainda que o legislador crie tipos incriminadores em observância aos princípios gerais
do Direito Penal, poderá ocorrer situação em que a ofensa concretamente perpetrada seja
diminuta, isto é, que não seja capaz de atingir materialmente e de forma relevante e
intolerável o bem jurídico protegido.

Com a aplicação do princípio da insignificância, afasta-se a tipicidade material, haja


vista a ínfima ou nenhuma lesão ao bem jurídico protegido, e, consequentemente, o fato típico.
Como decorrência, o crime deixa de existir.

Os Tribunais têm aplicado com frequência o princípio da insignificância. O Supremo


Tribunal Federal exige alguns requisitos para que se alegue a insignificância da conduta: a
mínima ofensividade da conduta do agente; a ausência de periculosidade social da ação; o
reduzido grau de reprovabilidade da conduta; e a inexpressividade da lesão jurídica causada.

No caso em tela, verifica-se a presença dos quatro requisitos citados de forma


cumulativa. A conduta do investigado ofendeu de forma ínfima o patrimônio do município
vitimado, ante o valor irrisório da res; não se verifica qualquer periculosidade em seu
comportamento; a reprovabilidade do ato é reduzidíssima, haja vista serem objetos em desuso
e em situação precária; e a lesão jurídica foi inexpressiva.

Por fim, ressalte-se que o STF tem entendido possível a incidência do princípio da
insignificância ao crime de peculato.

Tendo em vista o exposto, em especial por entender aplicável ao caso em tela o


princípio da insignificância, conforme devidamente fundamentado acima, bem como, a vista do
art. 2º, §6º, da Lei nº 12.830/2013, a Autoridade Policial subscritora deixou de proceder ao
indiciamento do investigado.

Cidade/Estado, dia, mês e ano

Delegado de Polícia

Concurso: PCPI – Ano: 2014 – Banca: NUCEPE

PEÇA PROCESSUAL – GORGIAS, brasileiro, maior, se envolve em um acidente de trânsito com


PROTÁGORAS, brasileiro, maior, na cidade de Teresina- PI, fato ocorrido às 10h30 do dia
10.07.2014. Após a ocorrência do sinistro, ambos iniciam uma discussão que redundou em
agressões verbais, findadas pela intervenção de terceiros presentes no local. Logo em seguida,

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PROTÁGORAS, revoltado, se dirige até o seu veículo e de lá retira uma pistola cal.380.
GORGIAS, percebendo que seu desafeto se encontrava com arma em punho, tenta
empreender fuga, mas é alvejado nas costas por 03 (três) tiros disparados por PROTÁGORAS.
Neste momento passa uma viatura da Polícia Civil e os policiais que presenciaram a ação
delituosa de PROTÁGORAS lhe dão voz de prisão, arrecadando a arma que efetuou os disparos
com as respectivas munições. Os mesmos policiais isolam a área da ação delituosa e com a
chegada de servidores do Instituto de Criminalística e do IML conduzem PROTÁGORAS à
Delegacia de Homicídios, responsável pela autuação em flagrante delito e instrução do
respectivo inquérito policial. Uma vez apresentado PROTÁGORAS ao Delegado titular da
Delegacia de Homicídios, juntamente com a arma e munições arrecadadas, fora o mesmo
autuado em flagrante delito. Na qualidade de Delegado de Polícia responsável pelo Auto de
Prisão em Flagrante de PROTÁGORAS, elabore DESPACHO contendo atos ordinatórios da peça
flagrancial tendentes ao prosseguimento da instrução do inquérito policial, conforme
preceitua a legislação pátria.

NOTA EXPLICATIVA:

O examinador exigiu do candidato o conhecimento sobre o instituto da prisão em


flagrante e sua prática em uma delegacia de polícia.

A prisão em flagrante é a restrição da liberdade de locomoção de uma pessoa,


independente de prévia ordem judicial, quando da prática do cometimento da infração penal
(art. 302 do CPP). Trata-se de uma autodefesa social. O artigo 302 do CPP apresenta as
espécies de prisão em flagrante. São elas: flagrante próprio, impróprio e presumido.

Há outras espécies de flagrante (preparado, esperado e prorrogado), mas o


examinador não exigiu do candidato maiores detalhes sobre estas modalidades. A expressão
flagrante vem da expressão latim “flagare”, que significa queimar ou arder, constituindo-se no
delito que está acontecendo ou acabou de acontecer.

As funções da prisão em flagrante são: evitar a fuga do suspeito; auxiliar na formação


do conjunto probatório; e evitar a consumação do delito ou seu exaurimento. A prisão em
flagrante é dividida em etapas, iniciando-se com a captura da pessoa e, posteriormente, há a
condução coercitiva para a autoridade policial (Delegado de Polícia), que analisará a legalidade
ou não da prisão em curso.

Na hipótese de o Delegado de Polícia entender que o fato é crime e a prisão ocorreu


de forma legal, dá-se início à fase da lavratura do auto de prisão em flagrante (APF). A
lavratura do APF é um ato administrativo complexo, pois inicialmente independe de
manifestação jurídica.

Durante a fase da lavratura da prisão em flagrante, observa-se o seguinte regramento:

Recebe-se o preso do condutor. O condutor é o sujeito ativo do flagrante.

O condutor pode ser qualquer um do povo (flagrante facultativo) ou policial (flagrante


obrigatório).

Autua-se o Auto de Apresentação e Apreensão. O auto de apresentação é o resumo de


como se deu a prisão. A apreensão é o auto dos materiais apreendidos ligados ao crime.
Autua-se a Nota de Ciência das Garantias Constitucionais (advogado, família, silêncio, nome
dos responsáveis pela prisão ou interrogatório). Documento que consta a ciência do preso
sobre as garantias constitucionais, dentre elas a de permanecer em silêncio.

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Entrega-se ao preso a Nota de Culpa. Documento que dá ciência ao preso dos motivos
da sua prisão, o crime pelo qual foi preso foi autuado, bem como quem foram as pessoas que
realizaram a prisão, com base no art. 306, § 2º do CPP. Elabora-se o Prontuário de
Identificação Criminal e Boletim de Vida Pregressa do ora autuado. Necessário para verificar se
há mandado de prisão em aberto do autuado, fato que impede a fiança. Serve como
parâmetro para determinar o valor da fiança, quando cabível, pelo Delegado de Polícia.

O recolhimento ao cárcere é a última fase de natureza administrativa, pois o Poder


Judiciário só analisará a prisão em flagrante a partir da próxima etapa. Nesta fase
administrativa é necessário observar o envio de ofício ao Instituto Médico Legal ou perito
nomeado pelo Delegado, solicitando exame de corpo de delito no preso. O envio do preso ao
cárcere deve ser realizado por meio de ofício ao estabelecimento prisional, local no qual o
autuado ficará recolhido à disposição da Justiça.

Infelizmente, muitos presos, após a lavratura do flagrante, permanecem na delegacia


por falta de espaço no estabelecimento prisional. A fase seguinte é a comunicação imediata ao
Juiz e à família do preso, havendo a remessa do auto de prisão em flagrante em 24 horas.
Prevalece o entendimento de que essa comunicação imediata e a remessa do auto de prisão
em flagrante ocorrem no mesmo momento. Esta comunicação é feita, em regra, por meio de
ofícios ao Juiz Criminal competente pelo local da ocorrência do delito. O Promotor de Justiça
também deve ser comunicado por meio de ofício. Toda a documentação do flagrante
acompanhará os ofícios encaminhados ao Poder Judiciário, ao Ministério Público e à
Defensoria. O prazo de 24 horas para a comunicação ao juiz competente é iniciado a partir da
fase da captura do autuado em flagrante.

A finalidade da comunicação da prisão em flagrante ao juiz criminal competente é a de


verificar o cabimento da liberdade provisória, com ou sem fiança, bem como analisar a
legalidade da prisão em questão, fato já analisado também pelo Delegado de Polícia. A
comunicação da família ou pessoa indicada pelo preso deve ser realizada quando da lavratura
da prisão. Quando o preso não informar o nome do seu advogado, que receberá cópia do
procedimento policial realizado, esta mesma documentação deverá ser remetida à Defensoria
Pública, nos termos do art. 306, § 1º, do CPP.

A prisão em flagrante dá início à abertura de inquérito policial, que tem, como regra, o
prazo de conclusão em 10 (dez) dias, quando a pessoa encontra-se presa, e 30 (trinta) dias,
quando solta. A colheita de provas é um dos objetivos do procedimento policial e tudo que foi
apurado no inquérito é remetido ao Poder Judiciário, que enviará, posteriormente, ao
Ministério Público.

Portanto, necessário, nos termos do art. 6º do CPP, a apreensão das provas ligadas ao
crime, fato que fundamenta o envio dos ofícios ao Instituto de Criminalística solicitando perícia
no local de morte violenta, arma, munições apreendidas e exame cadavérico na vítima.

SUGESTÃO DE RESPOSTA:

AUTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE DELITO DE: PROTÁGORAS DESPACHO

Considerando o comparecimento do condutor POLICIAL CIVIL conduzindo o preso


PROTÁGORAS por infração, em tese, ao art. 121, § 2º, II do CP, haja vista ter sido este
surpreendido logo após a prática do crime, fato ocorrido nesta cidade de Teresina/PI,
atribuição desta Delegacia, no que foram testemunhas POLICIAIS CIVIS;

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Considerando entrevistadas as partes e formado o convencimento jurídico, DELIBERO


por ratificar a voz de prisão dada pelo condutor e, após cientificar o preso quanto aos seus
direitos individuais previstos no artigo 5º da CRFB (em especial os de receber assistência de
familiares ou de advogado que indicar, de não ser identificado criminalmente senão nas
hipóteses legais, de ter respeitadas sua integridade física e moral, de manter-se em silêncio
e/ou declinar informações que reputar úteis à sua autodefesa, de conhecer a identidade do
autor de sua prisão e, se admitida, prestar fiança e livrar-se solto) e DETERMINO a lavratura
deste AUTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE DELITO, REQUISITANDO-SE, conforme documentação
adiante acostada, que fica fazendo parte integrante deste:

1) Oitiva do condutor com entrega de cópia do termo;

2) Expedição de recibo de entrega do preso em favor do condutor;

3) Oitiva das testemunhas e vítimas;

4) Interrogatório do conduzido;

5) Autuação do Auto de Apresentação e Apreensão;

6) Autuação da Nota de Ciência das Garantias Constitucionais (advogado, família, silêncio,


nome dos responsáveis pela prisão ou interrogatório);

7) Entrega da Nota de Culpa ao preso PROTÁGORAS como incurso nas penas do Art. 121, § 2º,
II do CP;

8) Elaboração do Prontuário de Identificação Criminal e Boletim de Vida Pregressa do ora


autuado;

9) Expedição dos ofícios ao Juiz Criminal, ao Promotor de Justiça e ao Defensor Público ou


advogado constituído, todos na comarca de Teresina-PI, comunicando a prisão em flagrante do
preso, encaminhando junto as peças produzidas;

10) Ofício ao Instituto Médico Legal de Teresina-PI solicitando exame de corpo de delito no
preso;

11). Envio, via ofício, do preso PROTÁGORAS ao estabelecimento prisional em Teresina – PI,
onde ficará recolhido à disposição da Justiça;

12) Expedição do ofício ao Instituto de Criminalística, conforme minuta, solicitando perícia no


local de morte violenta;

13) Expeça-se ofício ao Instituto de Criminalística, conforme minuta, solicitando perícia na


arma e munições apreendidas.

14) Expedição do ofício ao IML, conforme minuta, solicitando exame cadavérico na vítima.

Resultando demonstradas, pelos elementos de convicção colhidos, a autoria e a materialidade


da infração penal, julgo subsistente este auto de prisão em flagrante delito. Nada mais
havendo, determino o encerramento deste auto.

Após, conclusos à autoridade policial. C U M P R A - S E.

Teresina/PI, XX de julho de 2014. DELEGADO(A) DE POLÍCIA CIVIL

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Delegacia de Homicídios

GABARITO DA BANCA EXAMINADORA:

PEÇA: Despacho 1. Autue-se o Auto de Prisão em Flagrante; 2. Dê-se o recibo de preso ao


condutor; 653 3. Autue-se o Auto de Apresentação e Apreensão; 4. Autue-se a Nota de Ciência
das Garantias Constitucionais (advogado, família, silêncio, nome dos responsáveis pela prisão
ou interrogatório); 5. Dê-se Nota de Culpa ao preso PROTÁGORAS, como incurso nas penas do
Art. 121, § 2º, II do CPB; 6. Elaborem-se o Prontuário de Identificação Criminal e Boletim de
Vida Pregressa do ora autuado; 7. Expeçam-se ofícios ao Juiz Criminal, ao Promotor de Justiça
e ao Defensor Público ou advogado constituído, todos na comarca de Teresina-PI,
comunicando a prisão em flagrante do preso, encaminhando junto as ora peças produzidas; 8.
Oficie-se ao Instituto Médico Legal de Teresina-PI, solicitando exame de corpo de delito no
preso; 9. Encaminhe-se, via ofício, o preso PROTÁGORAS ao estabelecimento prisional em
Teresina – PI, onde ficará recolhido à disposição da Justiça; 10. Expeça-se ofício ao Instituto de
Criminalística, conforme minuta, solicitando perícia no local de morte violenta; 11. Expeça-se
ofício ao Instituto de Criminalística, conforme minuta, solicitando perícia na arma e munições
apreendidas. 12. Expeça-se ofício ao IML, conforme minuta, solicitando exame cadavérico na
vítima; 13. Após, conclusos à autoridade policial. 14. C U M P R A - S E. 15. Teresina/PI, XXX de
julho de 2014. 16. DELEGADO(A) DE POLÍCIA CIVIL – Delegacia de Homicídios

Concurso: PCDF – Ano: 2009 – Banca: FUNIVERSA

PEÇA PRÁTICA – João, José, Sebastião, Francisco e Raimundo uniram-se para praticar diversos
crimes. Para obter mais eficiência em sua empreitada, o grupo adquiriu diversos armamentos.
No dia 18 de novembro de 2009, por volta das 10h40min, em certo endereço de Brasília/DF,
cometeram um assalto na Agência do Banco São Judas Tadeu, instituição privada. A dinâmica
deu-se da seguinte maneira: João adentrou na agência bancária, juntamente com José e
Francisco, e anunciou o assalto com um disparo de arma de fogo, do tipo escopeta. José
portava uma submetralhadora, calibre 9 mm, marca Inbel, com numeração raspada, e
impossibilitou a ação dos vigias. Francisco correu até a gerência e, de posse de uma arma de
fogo, do tipo Fuzil de Ação Leve, 762 mm, com numeração raspada, determinou que todos que
estavam presentes se deitassem no chão e assim permanecessem. Sebastião postou-se na
entrada do estabelecimento, mantendo vigilância para a ação dos comparsas, portando arma
de fogo, do tipo pistola, calibre 9 mm, marca Beretta, com numeração raspada. Raimundo
permaneceu no interior de automóvel parado em frente à agência bancária. Após a colheita de
todos os valores constantes nas caixas registradoras e do montante disponível na tesouraria,
totalizando R$ 3.500.000,00 (três milhões e quinhentos mil reais), o grupo iniciou sua fuga,
com a saída do banco. Antes de finalizarem a retirada da agência bancária, identificaram o
policial civil Jorge e, contra este, Francisco efetuou dois disparos, ocasionando a sua morte. Em
seguida, fugiram no automóvel, tomando destino ignorado. Os funcionários do banco André,
Patrícia, Mauro e Paulo foram ouvidos como testemunhas dos fatos e narraram a dinâmica
apresentada. Raimundo foi encontrado de posse de arma utilizada no crime, na Agrovila São
Sebastião/DF, no dia 15 de dezembro de 2009. Naquela oportunidade, ele indicou como
residência dos autores do fato a cidade-satélite de Samambaia/ DF, onde foram encontrados
João, José, Sebastião e Francisco, de posse das demais armas. Nenhum valor monetário
resultante do ato criminoso foi localizado. Em seus depoimentos à autoridade policial, todos
negaram participação no assalto ao banco, apesar de João, José, Sebastião e Francisco terem
sido reconhecidos pelas testemunhas Patrícia e André. Confessaram que se associaram para

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cometer crimes, mas sem uso de violência e que deixavam as armas com Raimundo, que seria
o armeiro e motorista do grupo. Foram todos indiciados, mas continuaram soltos. As armas
foram periciadas, e foi atestada sua eficiência e recenticidade de disparos. A polícia obteve as
imagens do circuito interno de televisão do banco e procedeu à sua degravação, com a
respectiva perícia. Constatou-se que os familiares dos autores do crime residem na cidade de
São Paulo, para onde os infratores telefonavam constantemente por meio dos telefones
celulares de diversas operadoras. Acrescente-se que os indiciados ostentam registros de
antecedentes criminais. Em 20 de dezembro de 2009, a Polícia Militar, durante uma blitz,
surpreendeu todos os indiciados na via de acesso ao Aeroporto de Brasília, conduzindo um
veículo automotor, marca Toyota, Hilux, de cor preta, modelo/ano 2009, de posse de
passagens aéreas. Do exame de tais documentos, contatou-se que os indiciados iriam
embarcar naquela noite para a cidade de São Paulo, sem retorno previsto. Tal fato foi
imediatamente comunicado ao delegado de polícia competente. Remetidos os autos do
inquérito policial ao delegado de polícia, este deverá proceder ao ato de polícia civil adequado,
considerando todos os atos aqui narrados. Com base nessa situação hipotética, redija, na
condição de delegado de polícia competente, o ato de polícia pertinente, que deverá conter,
necessariamente, os seguintes tópicos: (a) a especificação dos requerimentos adequados para
a situação; (b) a capitulação correta, explicando-a; (c) a justificativa da necessidade ou não de
prisão, indicando qual a espécie e diferenciando-a de outras possibilidades; e (d) a indicação
da necessidade ou não de quebra de sigilos e quais.

NOTA EXPLICATIVA:

A questão narrou um caso de “latrocínio”, ou seja, roubo qualificado pelo resultado morte,
tipificado no art. 157, §3º, do CP, já que logo após subtrair coisa alheia móvel (três milhões e
quinhentos mil reais) mediante o uso de grave ameaça (arma de fogo), ainda empregaram
violência contra pessoa, vindo a matar um policial civil, a fim de assegurar a impunidade do
crime ou a detenção da coisa para si.

Não obstante a morte ter sido causada por um dos coautores, considerando que agiam em
concurso de pessoas, unidos por um vínculo subjetivo e com consciência da possibilidade de
ocorrer a morte de alguém, já que estavam armados, todos deverão responder pelo latrocínio,
nos termos do art. 29 do CP.

As investigações prosseguiram e a polícia conseguiu apreender as armas utilizadas no delito


em posse dos suspeitos, caracterizando também o crime de posse de arma de fogo de uso
restrito, nos termos do art. 16 da Lei nº 10.826/03. Ademais, pelas informaçõe s angariadas
pela autoridade policial, há grande probabilidade de se tratar de uma associação criminosa,
delito tipificado no art. 288 do CP.

Ao que parece, mesmo diante de todos os elementos de informação coletados (apreensão das
armas, imagens do sistema de vigilância do banco, prova testemunhal) dando conta da autoria
delitiva, os suspeitos permaneceram em liberdade, já que não foi decretada a prisão
temporária ou preventiva.

Posteriormente, a autoridade policial foi informada de que os suspeitos foram abordados no


caminho do aeroporto com passagens somente de ida para a cidade de São Paulo, o que
permite a prisão preventiva para garantia da aplicação da lei penal, já que há provas concretas
indicando a intenção dos meliantes de fugir do distrito da cul pa.

Ademais, considerando que o dinheiro subtraído não foi encontrado, é conveniente que a
autoridade policial represente pela quebra do sigilo bancário dos suspeitos, já que a quantia

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ou parte dela pode estar em poder deles. Ademais, é conveniente representar pela quebra do
sigilo de dados telefônicos, ou seja, da Estação rádio Base do dia e hora aproximada dos fatos,
o que reforçaria a autoria delitiva, e também o extrato das ligações efetuadas e recebidas em
determinado período.

SUGESTÃO DE RESPOSTA:

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA CIRCUNSCRIÇÃO DE BRASÍLIA/DF

O Delegado de Polícia que esta subscreve, no exercício de suas atribuições legais e


constitucionais, vem, respeitosamente perante Vossa Excelência, representar pela quebra do
sigilo de dados telefônicos, dados bancários e prisão preventiva com base nos fat os e
fundamentos a seguir deduzidos:

DOS FATOS:

João, José, Sebastião, Francisco e Raimundo, todos com antecedentes criminais, em 18


de novembro de 2009, por volta das 10h40min, em certo endereço de Brasília/DF, cometeram
um delito de latrocínio, tendo como vítima a pessoa de Jorge, policial civil, além do Banco São
Judas Tadeu, do qual foi subtraído a quantia de três milhões e quinhentos mil reais.

Os funcionários do banco, André, Patrícia, Mauro e Paulo, foram ouvidos como


testemunhas dos fatos e narraram a dinâmica apresentada. Raimundo foi encontrado de posse
de arma utilizada no crime na Agrovila São Sebastião/DF, no dia 15 de dezembro de 2009.
Naquela oportunidade, indicou como residência dos autores do fato a cidade -satélite de
Samambaia/DF, onde foram encontrados João, José, Sebastião e Francisco, de posse das
demais armas. João, José, Sebastião e Francisco foram reconhecidos pelas testemunhas
Patrícia e André e, posteriormente, confessaram a prática delitiva. A polícia também constatou
que os familiares dos autores do crime residem na cidade de São Paulo, para onde os
infratores telefonavam constantemente por meio dos telefones celulares de diversas
operadoras.

Há, portanto, elementos de informação consistentes apontando aos suspeitos a


prática dos delitos de latrocínio, associação criminosa e porte ilegal de arma de fogo de uso
restrito. Por fim, em 20 de dezembro de 2009, a Polícia Militar, durante uma blitz,
surpreendeu todos os indiciados na via de acesso ao Aeroporto de Brasília conduzindo um
veículo automotor, marca Toyota, Hilux, de cor preta, modelo/ano 2009, de posse de
passagens aéreas. Do exame de tais documentos, contatou-se que os indiciados iriam
embarcar naquela noite para a cidade de São Paulo, sem retorno previsto.

DA REPRESENTAÇÃO PELA PRISÃO PREVENTIVA

Conforme acima exposto, os suspeitos estavam respondendo às investigações em


liberdade. Ocorre que, em 20 de dezembro de 2009, eles foram abordados pela PM indo para
o aeroporto com passagem somente de ida para São Paulo. Há, portanto, dados concretos
demonstrando a intenção dos investigados de fugir do distrito da culpa.

Dessa forma, a prisão preventiva faz-se necessária para garantir a aplicação da lei
penal, ou seja, evitar que os suspeitos fujam do distrito da culpa, inviabilizando a futura
execução da pena.

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Cabe destacar que os pressupostos necessários para a decretação da medida urgente


encontram-se presentes. Há, conforme acima exposto, prova da materialidade delitiva e
indícios suficientes de autoria. Ademais, o delito em tela possui pena superior a quatro anos.
Por fim, medidas cautelares diversas da prisão não são suficientes para garantir a eficácia do
processo, razão pela qual a única saída é a decretação da prisão preventiva.

Diante de todo o exposto, presentes os requisitos constantes do artigo 312 e 313 do


CPP e não cabível no caso em tela medidas cautelares diversas da prisão, a Polícia Civil do
Distrito Federal pede deferimento e expedição dos respecti vos mandados de prisão.

DA REPRESENTAÇÃO PELA QUEBRA DO SIGILO BANCÁRIO.

Conforme já exposto, o dinheiro subtraído do banco São Judas Tadeu, R$ 3.500.000,00


(três milhões e quinhentos mil reais), não foi encontrado. Há elementos de informação
suficientes acerca da autoria delitiva por parte de João, José, Sebastião, Francisco e Raimundo.

Ademais, a quebra de sigilo de dados financeiros se revela como importante elemento


probatório, de modo a atestar as atividades ilícitas da associação, bem como recuperar o
dinheiro subtraído no delito.

O art. 5º, XII, da CRFB, assegura a inviolabilidade das comunicações de dados, inclusive
os bancários, como uma das garantias fundamentais do indivíduo. Todavia, convém sublinhar
que, de acordo com o princípio da relatividade ou convivência das liberdades públicas,
nenhum direito possui caráter absoluto, não podendo ser utilizado de forma a efetivar prática
de ilícitos ou diminuir a responsabilidade penal decorrente da atividade proibida.

A coordenação dos bens jurídicos em conflito deve evitar o sacrifício total de uns em
relação aos outros, numa concordância prática. O direito de sigilo não pode servir para
acobertar práticas delituosas, que devem ser apuradas pela autoridade competente. As provas
assim obtidas são lícitas e não violam o art. 5º, LVI, da CF.

Ante o exposto, com supedâneo no art. 5º, X e XII, da CRFB e art. 1º, §4º, da Lei
Complementar nº 105/2001, a Polícia Civil do Distrito Federal, através do Delegado de Polícia
signatário, representa pela quebra de sigilo de dados financeiros para que o juízo decrete a
medida cautelar e oficie aos bancos de modo que, no prazo de 72 horas, sob pena de crime de
desobediência, disponibilizem toda a movimentação bancária dos suspeitos a partir de
18/09/2009 até a data da decisão judicial.

DA QUEBRA DO SIGILO DE DADOS TELEFÔNICOS:

A quebra de sigilo de dados telefônicos, objeto da presente representação, diz respeito


apenas aos dados, abrangendo somente os registros das ligações, os dados cadastrais, bem
como a Estação Rádio Base. Não se submete, portanto, à disciplina da Lei de Interceptação,
com base no entendimento dos tribunais superiores. Isso porque a proteção a que se refere o
art. 5º, XII, parte final, da Constituição, é da comunicação de dados, e não dos dados em si
mesmos, consoante entendimento jurisprudencial.

Assim, a quebra de sigilo de dados telefônicos corresponde à obtenção de registros


existentes na companhia telefônica sobre ligações já realizadas e dados cadastrais do
assinante. Por meio desse importante recurso de investigação é possível descobrir: para quem
o usuário telefonou ou enviou mensagem; quem telefonou para o usuário ou lhe mandou
mensagem; e a data, horário, local e duração de cada uma destas ligações e mensagens. Tal
medida é importante para a completa elucidação do caso, bem como para recuperar o

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dinheiro subtraído. A quebra da estação rádio base dos celulares utilizados pelos meliantes no
dia dos fatos poderá fornecer provas ainda mais robustas acerca da autoria, pois pode servir
como indicador de que estiveram no local dos fatos e dia e hora da ocorrência.

Além disso, também pode apontar outros locais onde estiveram após o fato, o que irá
auxiliar a polícia a encontrar o dinheiro subtraído e identificar os demais integrantes da
associação criminosa. Por fim, o registro das ligações efetuadas e recebidas, e os respectivos
dados cadastrais, também contribuirão para as investigações. Ante o exposto, com supedâneo
no art. 5º, XII, da CRFB, represento pela quebra de sigilo de dados telefônicos dos números dos
suspeitos, com a expedição de mandado judicial para que as respectivas concessionárias de
telefonia providenciem à Autoridade Policial, no prazo de 48 horas, sob pena de crime de
desobediência:

1) histórico de ligações e mensagens tentadas, efetuadas e recebidas pelo alvo (bilhetagem),


contendo relação de dias, horários, duração e números, das 00hs do dia 18/11/2009 às
08:00hs até a presente data;

2) localização das Estações Rádio Base utilizadas, com dados de latitude, longitude e azimute,
referente ao período indicado acima; e

3) dados cadastrais (nome, filiação, RG, CPF/CNPJ, endereço, telefone) do alvo, bem como dos
interlocutores que se comunicarem com os investigados.

Concurso: PCAP – Ano: 2006 – Banca: UFAP

Jose Argemiro, brasileiro, solteiro, com 20 anos de idade, sem profissão definida e sem
residência fixa, no dia 20/05/2006, por volta das 20h, na rua Maranhão, na altura do n. 309,
bairro Pacoval, ameaçou Jose Jacinto, mediante emprego de arma de fogo, a entregar-Ihe a
quantia que portava. A vítima, sem opção, entregou os R$ 256,00 que possuía, e o agente
afastou-se calmamente. A vitima procurou a delegacia mais próxima e, na manha do dia
seguinte, Jose Argemiro foi preso por agentes de policia. Levado a delegacia, lavrou-se o auto
de prisão em flagrante. Contudo, o advogado do indiciado obteve ordem de habeas corpus,
sob a alegação de que não houve flagrante delito. Durante a instrução do inquérito, constatou-
se que o indiciado estava ameaçando as testemunhas do fato. Como Delegado que preside o
inquérito, represente ao órgão competente sobre a necessidade da prisão do indiciado. A
representação deve conter, necessariamente, dentre outros elementos, os seguintes: a) O
endereçamento ao órgão competente para conhecer do pedido; b) A tipificação adequada da
conduta do indiciado, inclusive se o crime foi tentado ou consumado; c) A hipótese especifica,
prevista em lei, em que se funda o pedido de prisão.

SUGESTÃO DE RESPOSTA:

EXCELENTÍSSIMO JUIZ DE DIREITO DA VARA CRIMINAL DA COMARCA DE

Inquérito Policial nº XX/XXXX Natureza: Roubo Majorado

Por força dos elementos probatórios juntados ao presente inquérito policial, esta
Autoridade Policial, com fundamento no artigo 312 e seguintes do Código de Processo Penal,
REPRESENTA a Vossa Excelência no sentido de que seja decretada a PRISÃO PREVENTIVA de

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JOSÉ ARGEMIRO, brasileiro, solteiro, com 20 anos de idade, sem profissão definida e sem
residência fixa.

Socorro-me, para o presente pedido, dos fatos e fundamentos jurídicos que se seguem.

No último dia 20 de maio de 2006, por volta das 20h, na rua Maranhão, altura do
numeral 309, bairro Pacoval, neste município, o investigado JOSÉ ARGEMIRO, mediante grave
ameaça perpetrada com uma arma de fogo, subtraiu a quantia de R$ 256,00 (duzentos e
cinquenta e seis reais) pertencente a JOSÉ JACINTO. Logo em seguida, JOSÉ JACINTO procurou
esta Delegacia de Polícia, registrando boletim de ocorrência (anexo).

Nas primeiras horas da manhã do dia seguintes, agentes de polícia desta unidade
prenderam JOSÉ ARGEMIRO. Nesta Delegacia, a autoridade policial deliberou pela lavratura do
auto flagrancial (anexo). Ocorre que, alguns dias depois, a autoridade judiciária expediu alvará
de soltura em favor do investigado JOSÉ ARGEMIRO, o qual foi imediatamente colocado em
liberdade. Entretanto, na presente data, chegou ao conhecimento desta autoridade policial que
o investigado JOSÉ ARGEMIRO tem ameaçado reiteradamente as testemunhas presenciais dos
fatos, ouvidas quando da lavratura do flagrante. Tais fatos são confirmados pelos novos
depoimentos das testemunhas, os quais seguem anexos a esta representação.

Não há dúvidas, Excelência, de que o investigado incorrera no crime de roubo


majorado pelo emprego de arma de fogo, na modalidade consumada, uma vez que se dera o
apoderamento do bem mediante grave ameaça (art. 157, §2º, I c/c art. 14, I, ambos do CP).
Verifica-se também que o investigado, ao se utilizar de grave ameaça contra as testemunhas
do presente inquérito, com o fim de favorecer seus interesses, incorrera também no crime de
coação no curso do processo, previsto no art. 344 do CP, também na modalidade consumada.
Tais fatos autorizam a decretação da prisão preventiva do investigado, senão vejamos.

O art. 311 do Código de Processo Penal permite a decretação da prisão preventiva no


curso do inquérito policial, mas desde que haja representação da autoridade policial ou
requerimento do Ministério Público. Para tanto, o art. 312 do mesmo diploma legal exige prova
da existência do crime e indícios suficientes de autoria. No caso em tela, o crime resta provado
pelo próprio auto flagrancial, que também revela indícios suficientes de autoria por parte do
investigado. O mesmo dispositivo impõe, ainda, que a prisão preventiva seja decretada como
garantia da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal, ou
para assegurar a aplicação da lei penal.

Aqui, nota-se a necessidade de decretação da prisão preventiva com o objetivo de


garantir a ordem pública – haja vista que as ameaças às testemunhas podem se concretizar,
gerando outros crimes – bem como por conveniência da instrução criminal –, já que as
testemunhas podem se sentir coagidas a mudar as suas versões dos fatos, atrapalhando a
futura instrução processual penal.

Sublinhe-se, ainda, que o crime apurado neste inquérito policial tem pena privativa
máxima superior a quatro anos, autorizando a prisão cautelar, nos termos do art. 313 do
Código de Processo Penal. De igual modo, a prisão preventiva revela-se necessária e adequada
ao presente caso, nos moldes do art. 282 do CPP, pois se trata do único modo de impedir com
que o investigado continue ameaçando a integridade das testemunhas, influenciando a futura
instrução processual.

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Deste modo, REPRESENTO à Vossa Excelência no sentido de que seja decretada a


PRISÃO PREVENTIVA de JOSÉ ARGEMIRO, brasileiro, solteiro, com 20 anos de idade, sem
profissão definida e sem residência fixa.

Cidade, Estado, data.

Delegado de Polícia

Concurso: PCSE – Ano: 2000 – Banca: CESPE

Armínio Armênio, Bocácio Brutus e Cartago Carêncio praticaram, em co-autoria e mediante


prévio acordo, um crime de homicídio qualificado pelo emprego de meio cruel (esganadura).
Armínio Armênio foi visto por agentes policiais no momento em que o trio termi nava a
execução do crime, sendo detido em flagrante. Os demais co-autores evadiram-se do local sem
serem apanhados. Posteriormente, a autoridade policial obteve indícios da contribuição de
Bocácio Brutus para o crime e, também, chegou a fundadas razões de suspeita de que Cartago
Carêncio seria o segundo evadido. Nenhum dos foragidos foi mais encontrado, seja em suas
residências, seja em seus locais de trabalho ou na residência de parentes, apesar das
incessantes diligências promovidas pela autoridade policial. Apurou-se que: 1) Bocácio Brutus
e Cartago Carêncio vinham exercendo, mediante ameaças, constrangimento sobre Marimba e
Tubina, testemunhas do fato; 2) por ocasião do crime, não houve o emprego de arma de fogo,
mas Cartago Carêncio possuía arma, registrada em seu nome, que costumava deixar na
residência de Mary Márcia, sua mãe, com endereço conhecido. A materialidade do crime
restou comprovada em exame de corpo de delito direto. Nesse contexto, a autoridade policial
poderá provocar o juiz acerca de alguma(s) medida(s) cautelar(es). Tomando o texto acima
como a exposição dos fatos, elabore, da forma mais completa possível, a peça inicial da(s)
providência(s) cabível(veis).

SUGESTÃO DE RESPOSTA:

EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DO TRIBUNAL DO JÚRI DA COMARCA DE – SE.

Referência: Inquérito Policial nº /.

Delegado de Polícia Civil, lotado na , respeitando o artigo 5º, inciso XI, da Lei Fundamental, no
uso de atribuições legais e com fulcro na Lei nº 7.960/89 e no artigo 240, §1º, do Código de
Processo Penal, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência representar pela
expedição de mandados de prisão temporária contra Bocácio Brutus, já devidamente
qualificado, e Cartago Carêncio, também devidamente qualificado, pelos motivos de fato e de
direito a seguir declinados.

DOS FATOS

Consta dos autos que Armínio Armênio, Bocácio Brutus e Cartago Carêncio praticaram,
em co-autoria e mediante prévio acordo, um crime de homicídio qualificado pelo
emprego de meio cruel (esganadura). Armínio Armênio foi visto por agentes policiais
no momento em que o trio terminava a execução do crime, sendo detido em flagrante.

Os demais co-autores evadiram-se do local sem serem apanhados. Posteriormente, a


autoridade policial obteve indícios da contribuição de Bocácio Brutus para o crime e também
chegou a fundadas razões de suspeita de que Cartago Carêncio seria o segundo evadido.

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Nenhum dos foragidos foi mais encontrado, seja em suas residências, seja em seus locais de
trabalho ou na residência de parentes, apesar das incessantes diligências promovidas pela
autoridade policial.

Segundo investigações preliminares, Bocácio Brutus e Cartago Carêncio vinham


exercendo, mediante ameaças, constrangimento sobre Marimba e Tubina, testemunhas do
fato. Vale consignar que, por ocasião do crime, não houve o emprego de arma de fogo, mas
Cartago Carêncio possuía uma registrada em seu nome, que costumava deixar na residência de
Mary Márcia, sua mãe, com endereço conhecido.

A materialidade do crime restou comprovada em exame de corpo de delito direto.

DO DIREITO

O crime de homicídio doloso faz parte do rol taxativo de delitos previstos na Lei da
Prisão Temporária e a restrição à liberdade do suspeito é imprescindível para continuidade das
investigações criminais. Assim, diante dos fatos narrados, é necessária a prisão temporária do
suspeito pelo prazo de 30 (trinta) dias, consoante dispõe a Lei dos Crimes Hediondos, com
intuito de se garantir a efetividade das diligências policiais.

No caso em comento, estão presentes os três incisos necessários para que Vossa
Excelência defira a presente representação: a prisão dos representados se faz necessária para
continuidades das investigações; eles não possuem residência fixa; e, como já mencionado, o
crime de homicídio doloso está no elenco de delitos que admitem detenção temporária.

Diante das razões de fato e de direito expostas, a Autoridade Policial ao final firmada
representa pela prisão temporária de Bocácio Brutus e Cartago Carêncio, ouvindo-se o Órgão
Ministerial com atribuição para oficiar no feito, com encaminhamento dos auto s devidamente
relatados no prazo legal, a contar do dia em que se executar a ordem de prisão, caso não haja
necessidade do pedido de prorrogação.

Termos em que,

Pede e espera deferimento. Local, data e ano.

Delegado de Polícia Civil

Concurso: PCCE – Ano: 2014 – Banca: VUNESP

No dia 10 de outubro de 2014, às 21 horas, a viatura de patrimônio 22 356, da Polícia Militar,


foi acionada para atender um início de tumulto na Avenida Beira-Mar, altura do no 3 800. Os
soldados, Francis e Deodato, ao chegarem ao local encontraram alguns populares, que
imediatamente se dispersaram, restando Anita Medeiros e Renato de Oliveira, contido pelo
policial Francis, ao tentar se evadir, em razão dos gritos de “foi ele, foi ele que matou meu
pai”, pronunciados por Anita. As partes foram conduzidas ao plantão do 8o Distrito Policial,
ocasião em que Anita relatou que no dia 5 de setembro de 2014 estava com seu pai, Alfredo
Medeiros, no carro da família dirigido por ele e, por volta das 22 horas, ao pararem no sinal
vermelho, na Avenida Bernardo Manuel, esquina com a Rua Cristo Redentor, foram abordados
por Renato, que anunciou o assalto e mandou que ambos saíssem do carro. Assustado, Alfredo
fez um movimento imediato para tirar o cinto de segurança, quando Renato disparou a arma
de fogo que apontava todo o tempo para Alfredo. O tiro acertou a cabeça do pai de Anita, que

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morreu na hora. Renato, antes de fugir, ainda pegou o celular que estava no bolso da camisa
de Alfredo. Nesta data, ao sair de uma feirinha de artesanato, Anita avistou Renato em meio a
um grupo de pessoas que parecia usar drogas, reconheceu- o e começou a gritar para que
alguém o detivesse, quando então algumas pessoas o seguraram até a polícia chegar. O
boletim de ocorrência havia sido registrado nessa unidade policial, mas o apuratório penal não
havia sido deflagrado ainda. Renato de Oliveira, ao ser interrogado, negou ter cometido
qualquer crime, bem como qualquer envolvimento com drogas. Não soube ou não quis
informar seu endereço residencial, afirmando que dorme nos locais onde faz “bicos” como
pintor, pois não tem emprego fixo. Maria de Oliveira, ao ser avisada sobre a detenção de seu
filho, Renato, compareceu à Delegacia de Polícia e garantiu a inocência dele, complementou
que ele não mora mais com ela, é viciado em drogas, porém não é ladrão. A pesquisa relativa
aos antecedentes criminais apontou que Renato já cumpriu pena pelo crime de tráfico de
entorpecentes e foi posto em liberdade em dezembro de 2013. Formalizadas a portaria
inaugural, as declarações da filha da vítima, de Maria de Oliveira, o auto de reconhecimento, o
interrogatório e o indiciamento de Renato, no inquérito policial, como Delegado de Polícia
responsável pelas atividades de Polícia Judiciária, redija a peça processual adequada à
continuidade das investigações do crime que vitimou Alfredo Medeiros, fundamente e motive.

SUGESTÃO DE RESPOSTA:

EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CRIMINAL DA COMARCA DE FORTALEZA –


CE.

Referência: Inquérito Policial número. (item opcional).

Delegado de Polícia que ao final subscreve, no exercício dos poderes e atribuições conferidos
pelo artigo 144 da Constituição Federal e no Código de Processo Penal e com base na Lei nº
7.960/1989 e na Lei nº 8.072/1990, vem perante Vossa Excelência representar pela
DECRETAÇÃO DA PRISÃO TEMPORÁRIA de Renato de Oliveira, já qualificado nos autos do
Inquérito Policial em epígrafe, pelas razões de fato e de direito a seguir articuladas.

I – DOS FATOS:

No dia 10 de outubro de 2014, Anita Medeiros reconheceu Renato de Oliveira, suposto


assassino de seu pai, ao sair de uma feira de artesanatos. Ao avistá - lo, gritou para que o
detivessem, quando algumas pessoas o seguraram até que a polícia chegasse.

Os soldados Francis e Deodato atenderam a ocorrência e conduziram Anita e Renato


ao 8º Distrito Policial.

Na ocasião, Anita relatou que no dia 5 de setembro de 2014 estava com seu pai,
Alfredo Medeiros, no carro da família quando foram abordados por Renato, qu e anunciou o
assalto e ordenou que descessem do veículo. Ao fazer o movimento para retirar o cinto de
segurança, Alfredo foi alvejado por Renato, vindo a óbito no local.

Antes de empreender fuga, Renato subtraiu o celular que estava no bolso da camisa da
vítima.

Foi registrado Boletim de Ocorrência do latrocínio nessa unidade policial, na época do


fato.

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Em interrogatório, Renato Oliveira negou ter cometido o crime, bem como disse não ter
qualquer envolvimento com drogas, apesar de ter sido encontrado em meio a um grupo de
pessoas que pareciam usar entorpecentes.

A genitora do indiciado, Maria de Oliveira, compareceu à Delegacia de Polícia,


declarando que ele é viciado em drogas e que não mora mais com ela, corroborando a
informação dada por Renato no sentido de que dorme nos locais onde faz bicos, pois não tem
emprego fixo, bem como não soube ou não quis informar seu endereço residencial.

A pesquisa de antecedentes criminais apontou que Renato já cumpriu pena pelo crime
de tráfico de entorpecentes, tendo sido posto em liberdade em 2013.

II – DO DIREITO:

A Constituição Federal garante a todos o direito à liberdade, sendo que este direito
somente pode ser restringido em situações excepcionais, previstos em lei ou no próprio texto
constitucional.

A Lei nº 7.960/1989 regulamenta a prisão temporária que, no curso da investigação


criminal, pode ser representada pelo Órgão do Ministério Público ou pelo Delegado de Polícia,
não podendo ser decretada de ofício pelo Magistrado. Ademais, a referida Lei traz os requisitos
para o cabimento da medida, bem como um rol taxativo dos crimes em que é possível sua
decretação.

Referida prisão cautelar será cabível se imprescindível para as investigações, ou então


se o indiciado não possuir residência fixa ou não fornecer dados suficientes para a sua
identificação.

No caso em testilha, o indiciado não possui residência fixa, tampouco trabalho fixo, é
reincidente em crime doloso e o delito apurado, latrocínio, é considerado hediondo, pois está
previsto no elenco taxativo previsto no artigo 1º da Lei nº 8072/90. Por fim, o suspeit o foi
reconhecido formalmente por uma das testemunhas.

III – DO PEDIDO:

Diante do exposto, a Autoridade Policial ao final firmada, representa a Vossa Excelência pela
decretação da prisão temporária de Renato Oliveira pelo prazo de 30 dias, depois da
manifestação do membro do Ministério Público, com a expedição do respectivo mandado de
prisão.

Fortaleza, 18 de janeiro de 2015.

Delegado de Polícia

CONSIDERAÇÕES:

O candidato deveria, no momento da elaboração da peça, verificar o comando do cabeçalho,


que aponta a “continuidade das investigações”. Ora, a prisão preventiva é usada pelo
Delegado de Polícia quando o inquérito está concluído ou não é possível a representação por
temporária, como foi no caso do concurso de Delegado de Polícia do Estado de Tocantins, em
que o delito investigado era o estelionato. Na prática, diante da situação apresentada pelo
examinador, este professor, como Delegado de Policia teria concluído o inquérito policial e
representado pela preventiva do suspeito, pois entende que não existiriam outras diligências

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possíveis. Insistindo na prisão temporária, o examinador deveria ter considerado como correto
o requerimento de “quebra” de sigilo telefônico do aparelho da vítima, única medida
vislumbrada por este professor.

GABARITO DA BANCA EXAMINADORA:

A peça processual solicitou que o Delegado de Polícia (candidato) responsável pelas atividades
de Polícia Judiciária redigisse a peça processual adequada à continuidade das investigações do
crime que vitimou Alfredo Medeiros, com fundamentos e motivação. A resposta correta é a
representação pela Prisão Temporária, pelo período de 30 dias, por se tratar de crime
hediondo (o latrocínio), para a continuidade das investigações, coleta de provas e
comprovação de autoria. Essa modalidade de prisão, que tem prazo determinado, só pode ser
decretada durante o desenvolvimento do inquérito policial, é utilizada durante a investigação
e para assegurar o sucesso de determinada (s) diligência (s). A situação apresentada na peça
processual preenche os requisitos da Lei 7.960/1989 (Prisão Temporária), combinada com a Lei
8.072/1990 (Crimes Hediondos). Em razão disso, não foram consideradas corretas as respostas
que apresentaram representação pela prisão preventiva, uma vez que, nesse caso, a cautelar
se mostrava inadequada. Dessa forma, os critérios utilizados para correção e atribuição de
pontos foram: 1) Lei 7.960/1989, artigo 1º, incisos I, II, III e alínea “c” (2 pontos) 2) Lei
8.072/1990, artigo 1º, inciso II, e artigo 2º parágrafo 4º (2 pontos) 3) Período da prisão – 30
dias – crime hediondo (1 ponto) 4) A prisão temporária é imprescindível para a continuidade
das investigações e para a conclusão do Inquérito Policial (1 ponto) 5) O indiciado não tem
emprego, tampouco residência fixa, podendo furtar-se a ação da Justiça (1 ponto) 6) Fundadas
razões sobre a autoria do crime, consistente no reconhecimento da filha da vítima (1 ponto) 7)
Raciocínio jurídico, objetividade e clareza na redação da peça (1 ponto) 8) Ortografia e
gramática utilizadas na redação da peça (1 ponto).

Concurso: PCMG – Ano: 2008 – Banca: ACADEPOL

Fundamentado no acervo legislativo brasileiro e na jurisprudência mais prestigiada, investido


na condição de Autoridade Policial, ESTRUTURE e FORMALIZE decisão administrativa
apreciadora de recurso apresentado pela parte interessada via do qual alega: Que é
proprietária de um veículo Honda CBX 250 twister, placa WWW-0000, ano 2004 e de um Fiat
pálio, placa YYY-0000, ano 2001, constando no site do DETRAN/MG multas aplicadas pelo
agente público, sendo que a relativa à motocicleta foi alvo de recurso, cujo res ultado ainda
não foi comunicado ao recorrente; que a multa inerente ao Fiat não lhe fora enviada e que a
notificação para o recolhimento encaminhada é irregular. Fundamentado no acervo legislativo
brasileiro e na jurisprudência mais prestigiada, investido na condição de Autoridade Policial,
ESTRUTURE e FORMALIZE decisão administrativa apreciadora de recurso apresentado pela
parte interessada via do qual alega: Que é proprietária de um veículo Honda CBX 250 twister,
placa WWW-0000, ano 2004 e de um Fiat pálio, placa YYY-0000, ano 2001, constando no site
do DETRAN/MG multas aplicadas pelo agente público, sendo que a relativa à motocicleta foi
alvo de recurso, cujo resultado ainda não foi comunicado ao recorrente; que a multa inerente
ao Fiat não lhe fora enviada e que a notificação para o recolhimento encaminhada é irregular.
E que, comparecendo ao setor próprio para receber o CRLV dos referidos veículos, o chefe do
setor se negou a entregá-los, até que houvesse quitação das penalidades, o que motivou a
interposição do recurso ora em apreciação por Vossa Senhoria investido na específica função
de Delegado de Polícia responsável pela área.
SUGESTÃO DE RESPOSTA:

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DECISÃO ADMINISTRATIVA

Recurso nº: XXXXXXXXXX

Placa dos veículos: WWW-0000 e YYY-0000

Conclusão: Acolhimento de ambos os pedidos quanto ao mérito. Interessada:

Fulana de tal

Assunto: Recurso contra a retenção de CRLV.

I. RELATÓRIO

Trata-se de recurso administrativo interposto pela interessada contra a retenção dos


Certificados de Registro e Licenciamento de Veículos (CRLV) da motocicleta HONDA CBX 250,
placa WWW – 0000 e do automóvel FIAT/PALIO, placa YYY-0000. Alega que o primeiro
documento não poderia ter sido retido em virtude de haver recurso administrativo junto ao
referido órgão quanto a aplicação da penalidade.

Quanto ao segundo documento, este também não poderia ficar retido em virtude de
que a notificação da infração aplicada ao veículo não foi encaminhada para a parte
interessada a fim de se manifestar sobre a mesma. Diante disso, o chefe do setor de emissão
dos CRLVs negou a emissão de tais documentos, tendo em vista a não quitação destas
pendências administrativas, gerando, desta forma, o presente recurso.

O proprietário dos veículos foi regularmente notificado dos fatos em XX/ XX/ XXXX,
vide fl. XX, dando ensejo ao presente recurso. Inconformado com a negação, o recorrente
FULANO DE TAL, condutor proprietário dos veículos, interpôs recurso administrativo de fls. XX.
O recorrente alega, resumidamente, o seguinte ponto: ilegalidade quanto a retenção das
CRLVs, uma vez que a primeira autuação está pendente de recurso administrativo; quanto a
segunda autuação, o mesmo não teve enviada sua notificação de infração para sua residência,
sendo este requisito obrigatório.

Este é o relatório de maneira resumida.

II. FUNDAMENTAÇÃO

II.1. DOS REQUISITOS DE ADMISSIBILIDADE

O recurso deve ser conhecido, pois estão presentes os requisitos de admissibilidade,


quais sejam, tempestividade e legitimidade, de acordo com o estabelecido na legislação
regente, prevista no Código de Trânsito Brasileiro.

II.2. DO MÉRITO DO RECURSO

No mérito, assiste razão ao recorrente.

áfirmou que a autoridade se negou a emitir os CRLV’s do referido ano em razão da


existência de impedimentos administrativos lançados nos veículos, o que não tem amparo
legal, constituindo via oblíqua para a cobrança de dívidas. Essa dinâmica ofende as Súmulas
70, 127 e 547, todas do STJ.

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Feitas tais considerações, imperioso ressaltar que o Código de Trânsito Brasileiro dispõe sobre o
condicionamento da expedição do Certificado de Licenciamento do veículo ao pagamento de
multas de trânsito e tributos. Tal previsão vem disposto no art. 131 do CTB.

Todavia, cumpre registrar que o CTB, em seu artigo 282, ao tratar do procedimento a
ser adotado quando da aplicação das penalidades, determina que será expedida notificação ao
proprietário do veículo ou ao infrator, por remessa postal ou por qualqu er outro meio
tecnológico hábil, que assegure a ciência da imposição da penalidade. Ademais, dispõe a
Súmula nº 127 do STJ que é ilegal condicionar a renovação da licença de veículo ao pagamento
de multa da qual o infrator não foi notificado.

Nessa senda, tenho como ilegal o condicionamento do pagamento de multas à emissão


do CRLV, uma vez que a parte interessada não foi notificada quanto à infração relativa ao
veículo Fiat Pálio. Desta forma, impediu-se ao recorrente de tomar ciência da autuação e
realizar a devida defesa prévia, ofendendo os princípios do devido processo legal, contraditório
e ampla defesa.

Somado a isso, aplicada a penalidade, deveria ter sido notificado o proprietário do


veículo ou o infrator, por remessa postal ou qualquer outro meio tecnológico válido, conforme
determina o art. 282 do Código de Trânsito Brasileiro.

Quanto a negação da emissão CRLV da motocicleta CBX 250, em virtude da existência


de multa passível de recurso administrativo em trâmite, também assiste razão ao recorrente,
com base no art. 286 do CTB. Este preceitua que o recurso contra a interposição de multa
poderá ser interposto no prazo legal, sem o recolhimento do seu valor.

Portanto, como o recorrente ainda discute na esfera administrativa a legalidade da


aplicação da referida penalidade, considera-se ilegal e desarrazoada que o órgão de trânsito
determine, como condição para a emissão da CRLV, a quitação de todos os débitos e/ou
tributos quando ainda existe recurso administrativo pendente de julgamento administrativo,
sob pena de ferir os princípios do contraditório e ampla defesa.

Na aplicação da penalidade de multa, alterando o que vinha consagrado no regime


anterior, fica ao infrator a decisão de recolher antecedentemente ou não o valor
correspondente. Isso representa uma inovação. No caso, esta faculdade res tringe-se ao
recurso contra a aplicação da penalidade pela autoridade de trânsito, e não na hipótese de
novo recurso procurando reformar o resultado proferido. Isso é corroborado pelo entendimento
jurisprudencial dos tribunais superiores. Dessa feita, restando inequívoca a existência de
recurso administrativo contra a autuação realizada no referido veículo, mostra -se ilegal o ato
da autoridade que condiciona a emissão do CRLV ao pagamento das multas.

Verifica-se dos documentos acostados às fls. XX/XX que existe a análise de recurso
pendente referido ao presente veículo em questão. Logo, o chefe de emissão de CRLVs atuo u
contra legem, uma vez que deveria ter sido emitido os CRLVs dos veículos em questão em face
da não notificação do recorrente quanto à penalidade aplicada em relação ao veículo FIAT
PALIO e quanto ao não julgamento em definitivo do recurso administrativo em relação ao
veículo motocicleta CBX 250, pelos fatos e fundamentos acima expostos.

III. CONCLUSÃO

Ante o exposto, julgo que o servidor público responsável pela emissão dos Certificados de
Registro de Veículos (CRLVs) do referido órgão agiu de forma ilegal e contrariando a pacífica

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Jurisprudência dos Tribunais Superiores e, além disso, violou os arts. 282 e 286 do Código de
Trânsito Brasileiro, assim como os art. 5°, LIV e LV, da CRFB.

Isto posto, DETERMINO que seja emitido os Certificados de Registro de Veículo (CRLV)
até o julgamento do recurso administrativo referente ao veículo motocicleta CBX 250, placa
WWW-0000, e que, no caso de não provimento do recurso, seja recolhido o valor da multa,
conforme previsão do art. 284 do CTB. Quanto ao veículo Fiat Pálio, placa YYY – 0000, que seja
declarada inconsistente ou irregular a penalidade aplicada, conforme previsão do art. 281,
parágrafo único, I, do CTB, uma vez que o proprietário do veículo deveria ter recebido a
notificação da infração aplicada, antes da notificação para realizar o devido pagamento da
multa aplicada, conforme previsão do art. 282 do CTB

Notifiquem-se as partes envolvidas. Publique-se.

Cumpra-se nos termos da Lei.

Belo Horizonte, data

DELEGADO GERAL DE POLÍCIA

Concurso: PCMG – Ano: 2008 – Banca: ACADEPOL

Vossa Senhoria, na condição de Delegado Regional de Polícia, recebeu expediente assinado


pelo policial civil Fulano, lotado na delegacia de Novo Mundo, requerendo sua remoção para a
delegacia de Polícia de Outra Terra. Explicou que, nesta, anteriormente, fora lotado por quase
4 (quatro) anos. Ficou constatado que o requerente responde a sindicância interna em face de
denúncias sobre seu procedimento na função de vistoriador de veículos na localidade de sua
atual lotação, instaurada pelo Delegado de Polícia, bem como a processo criminal perante
aquele Juízo, ainda não julgado. Verificou-se também que diversas outras reclamações foram
enviadas diretamente para aquela Regional quando estava ele em exercício na Depol para a
qual pretende sua remoção. A Autoridade determinou, então, sua remoção. Porém, para a
cidade sede da Regional. Determinada esta, o Requerente removido solicitou reconsideração
da decisão ao argumento de ausência do devido processo legal, inobservância de seu direito
de defesa e excesso de exercício de poder. FORMATE a decisão administrativa, inclusive com
menção a dispositivos, que melhor coaduna com os princípios de direito apropriados e
atinentes ao fato, fundamentando-a e motivando-a, especialmente com vistas à função da
referida Autoridade Policial Regional prevista em lei e nos aspectos gerais do direito
administrativo.

SUGESTÃO DE RESPOSTA:

Requisição nº: XXXXXXXXXXXXX

Matéria: Solicitação de remoção pelo Policial Civil denominado de FULANO Número XXXXXXX

Conclusão: Não acolher o pedido do servidor DECISÃO ADMINISTRATIVA:

INTERESSADO: Policial Civil lotado na Delegacia de Novo Mundo que deseja remoção para a
Delegacia de Polícia de Outra Terra

ASSUNTO: Remoção a pedido do servidor.

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I. RELATÓRIO

Trata-se de procedimento administrativo originado de pedido de servidor policial civil,


lotado na Delegacia de Novo Mundo, requerendo remoção para a Delegacia de Polícia de
Outra Terra, uma vez que tem mais de 04 (quatro) anos que trabalha nesta comarca.

Durante a verificação da folha de antecedentes funcionais (FAF) do servidor, ficou


constatado que o mesmo responde sindicância interna na Corregedoria Geral da Polícia Civil,
assim como responde também a um processo penal que tramita na comarca do local dos fatos,
estando este processo ainda sem o trânsito em julgado.

Ademais, verificam-se inúmeras reclamações deste servidor perante a Delegacia de


Polícia para a qual deseja remoção, em virtude de irregularidades lá praticadas. O servidor foi
regularmente notificado da remoção realizada. Contudo, foi removido para a Delegacia
Regional da localidade onde havia solicitado. Ele apresentou pedido de reconsideração da
decisão do Delegado Regional, sob o argumento de violação do devido processo legal,
inobservância do seu direito de defesa e excesso do exercício do seu poder.

Este é o relatório de modo sucinto.

II. FUNDAMENTAÇÃO

II.1. DOS REQUISITOS DE ADMISSIBILIDADE

O pedido de reconsideração deve ser conhecido, por estarem presentes os requisitos de


admissibilidade, quais sejam, tempestividade e legitimidade, de acordo com o estabelecido na
Lei Complementar Estadual nº 129/13.

II.2. DO MÉRITO DO RECURSO

No mérito, diante de toda a fundamentação jurídica apresentada pelo servidor, razão


assiste ao recorrente pelos fatos e fundamentos a seguir expostos. A legislação administrativa
prevê no processo administrativo os princípios do Devido Processo Legal (art. 5º, LIV, da CRFB)
e do Princípio do Contraditório e da Ampla Defesa (art.5º, LV, da CRFB).

É sabido que a atuação dos agentes públicos deve estar revestida do


conhecimento/ciência da existência de processo no qual a parte envolvida tenha ciência.
Ademais, a ampla defesa significa a oportunidade de defesa do agente perante o ato
considerado desproporcional.

Tratando-se de ato administrativo presumidamente legítimo, o ônus da prova contra a


validade do mesmo transfere-se para quem o contesta. Se o autor, ora recorrente, contestou a
forma e o conteúdo da decisão administrativa emanada pelo Delegado Regional, verifica-se,
pelas provas suficientes, que esta decisão de remoção não poderia ter sido dada de forma
unilateral pelo Delegado Regional, mas sim por decisão da maioria simples dos membros do
Órgão Especial do Conselho Superior da PCMG, observado o interesse da administração,
conforme elencado nos arts. 53 e 54 da Lei Complementar nº 123/13.

Depreende-se que, no caso em tela, segundo o art. 53 da Lei Complementar 123/13,


determinada a remoção ou transferência de lotação de servidor policial por conveniência da
disciplina, ela somente ocorrerá após a abertura da sindicância ou processo administrativo que
observarão a ampla defesa. Além disso, cabe o seu processamento à Corregedoria Geral de

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Polícia Civil, e depois de aprovada a proposta de remoção por maioria simples dos membros do
Órgão Especial do Conselho Superior da PCMG, observado o interesse da administração.

Ademais, verifica-se também que os requisitos da ampla defesa no processo


administrativo não foram respeitados, uma vez que devem observar os seguintes requisitos: a)
A defesa tem que ser prévia, ou seja, anterior à decisão administrativa do Delegado Regional;
b) O procedimento tem que ser predeterminado às penas, uma vez que a sindicância realizada
pela corregedoria não foi finalizada ainda, o que, por si só, não dá ensejo a remoção de ofício;
e c) O servidor tem o direito de produzir provas, uma vez que no direito administrativo não há
detalhamento específico quanto a produção delas. Portanto, são admitidas todas as provas
produzidas em direito; e d) A parte precisa ter informações sobre o ato administrativo
praticado pelo Delegado Regional, fato este que não ocorreu, uma vez que a sua designação foi
dada para localidade diversa da pedida e não teve fundamentação legal.

Diante dos fatos acima descritos, verifica-se, por parte da Autoridade Policial que
proferiu o ato, um descompasso entre aquilo que está descrito na Lei Orgânica da Polícia Civil e
nos princípios descritos do processo administrativo em tela, tornando, desta forma, totalmente
ilegítima e ilegal a decisão monocrática proferida pelo Douto Delegado Regional.

Por fim, verifica-se, ainda, que o servidor ora requerente possui o direito de revisão do
ato praticado pelo Delegado Regional, uma vez que o art. 54 da Lei Complementar nº 123/13
descreve que: “enquanto não houver sido comprovado que o servidor é autor de infração
disciplinar, o direito de revisão do ato de remoção ou transferência poderá ser questionado,
com a consequente percepção dos auxílios correspondentes”.

Neste diapasão, denota-se que o ato da Autoridade Policial foi desarrazoado, ilegal e
violador dos preceitos administrativos, tornando referido ato inválido.

III. CONCLUSÃO

Ante o exposto, julgo que a Autoridade de Polícia Judiciária violou os art. 53 e 54 da Lei
Complementar Estadual nº 123/13, Lei Orgânica da Polícia Civil do Estado de Minas Gerais,
assim como os art. 5°, LIV e LV, da CRFB, uma vez que a Autoridade Policial não respeitou os
princípios do devido processo legal, ampla defesa e contraditório.

Isto posto, DETERMINO a revogação do ato praticado para que o referido servidor
tenha suas garantias do processo administrativo respeitado, assim como que sua remoção
respeite o que determina os art. 53 e 54 da referida Lei Orgânica supra.

Notifiquem-se as partes envolvidas. Publique-se conforme previsto na Lei


Complementar nº 123/13. Cumpra-se nos termos da Lei.

Belo Horizonte, data

DELEGADO GERAL DE POLÍCIA

Concurso: PCRJ – Ano: 2009 – Banca: CEPERJ

Um Inspetor de Polícia e um Investigador Policial, ambos em efetivo exercício, são


imediatamente afastados de suas funções após terem cometido uma transgressão disciplinar
na qual utilizaram indevidamente bens do Estado sob a sua respectiva guarda, razão pela qual

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o Inspetor de Polícia foi sancionado em sede administrativa com pena de demissão e ao


Investigador Policial foi aplicada pena de suspensão, com base na legislação aplicável à
espécie. Em seguida, o Inspetor de Polícia e o Investigador Policial, ambos inconformados com
a decisão, ingressaram, após a devida ciência, com pedido de reconsideração da decisão
prolatada, que foi protocolado oito (8) dias após a edição do ato, diretamente à autoridade
que proferiu o ato punitivo. Tendo em vista o indeferimento do pedido em questão, os
servidores policiais ingressaram com recursos hierárquicos endereçados à autoridade
administrativa superior, que manteve integralmente a decisão em relação ao Inspetor de
Polícia e, no que pertine ao Investigador Policial, entendeu por aplicar igualmente a pena de
demissão. Concomitantemente, havia sido ajuizada ação penal correlata à transgressão
disciplinar praticada pelos policiais e, passados seis (6) mesesda decisão em sede
administrativa, ambos os servidores foram condenados na seara judicial, porém sem previsão
da pena de perda de cargo. Um Inspetor de Polícia e um Investigador Policial, ambos em
efetivo exercício, são imediatamente afastados de suas funções após terem co-metido uma
transgressão disciplinar na qual utilizaram indevidamente bens do Estado sob a sua respectiva
guarda, razão pela qual o Inspetor de Polícia foi sancionado em sede administrativa com pena
de demissão e ao Investigador Policial foi aplicada pena de suspensão, com base na legislação
aplicável à espécie. Em seguida, o Inspetor de Polícia e o Investigador Policial, ambos
inconformados com a decisão, ingressaram, após a devida ciência, com pedido de
reconsideração da decisão prolatada, que foi protocolado oito (8) dias após a edição do ato,
diretamente à autoridade que proferiu o ato punitivo. Tendo em vista o indeferimento do
pedido em questão, os servidores policiais ingressaram com recursos hierárquicos
endereçados à autoridade administrativa superior, que manteve integralmente a decisão em
relação ao Inspetor de Polícia e, no que pertine ao Investigador Policial, entendeu por aplicar
igualmente a pena de demissão. Concomitantemente, havia sido ajuizada ação penal correlata
à transgressão disciplinar praticada pelos policiais e, passados seis (6) mesesda decisão em
sede administrativa, ambos os servidores foram condenados na seara judicial, porém sem
previsão da pena de perda de cargo. Quatro (4) anos depois, ambos os ex -servidores policiais
requereram, por meio de simples petição, a anulação das punições disciplinares, com fulcro no
princípio da razoabilidade e autotutela da Administração, como também na independência das
instâncias e a inexistência de trânsito em julgado da sentença condenatória. Emita, dispensado
o relatório, parecer fundamentado sobre a questão, opinando se assiste razão ao pleito dos ex-
servidores.

SUGESTÃO DE RESPOSTA:

PARECER nº PROCESSO nº INTERESSADO:

ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR EMENTA:

1 – RELATÓRIO (DISPENSADO, CONFORME COMANDO DA QUESTÃO)

2 – FUNDAMENTAÇÃO

1. Com base na legislação estadual pertinente, o primeiro ponto a ser destacado é que, em
sede de recurso administrativo, a doutrina e a Jurisprudência admitem o agravamento da
penalidade. Porém, deve ser dada ciência ao servidor, de modo a atender aos princípios do
contraditório e da ampla defesa.

2. Em relação ao pedido de reconsideração, ele foi protocolado no prazo correto, haja vista o
art. 201, §2º, do Decreto Estadual nº 2.479/79. Por sua vez, o recurso hierárquico também está

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correto, pois ele é cabível do indeferimento do pedido de reconsideração, nos termos do art.
202, I, do Decreto Estadual nº 2.479/79.

3. No tocante à ação penal, é cediço que há independência de instâncias, isto é, a esfera civil,
administrativa e penal são independentes entre si, sendo que uma decisão, como regra, não
vincula a outra. A não ser nos casos de absolvição penal por negativa de fato ou negativa de
autoria, o Direito Penal não vincula o Direito Administrativo. Isso ocorre porque, ainda que não
haja infração penal, pode remanescer infração administrativa.

4. Acerca da perda de cargo, ainda que a sentença penal não tenha feito menção a isso, como
as esferas penal e administrativa são independentes, não há vinculação. Ademais, cada seara
possui um âmbito próprio de responsabilização, razão pela qual os policiais podem ser punidos
com demissão na via administrativa e, na via penal, serem sancionados, mas não haver
determinação para a perda do cargo.

5. Assim sendo, é irrelevante a ausência de trânsito em julgado da ação penal, haja vista a
independência das esferas. Ademais, não há que se falar em ausência de proporciona lidade da
punição, levando-se em conta os arts. 286, III e XIII e 298, I, do Decreto Estadual nº 2.479/79.

6. A autotutela administrativa realmente poderia levar a uma revisão da punição, mas não
foram apresentados fatos novos que possam ensejar esse poder da Administração. Somado a
isso, o pedido de revisão pode ser feito a qualquer tempo e por qualquer pessoa, nos termos do
art. 343 do Decreto Estadual nº 2.479/79, devendo ser salientando que a mera alegação de
injustiça não é fundamento idôneo para a revisão, consoante o art. 345 do mesmo diploma
normativo.

Este o parecer. À consideração superior.

NOME

DATA

Concurso: PCPE – Ano: 2016 – Banca: CESPE

PEÇA DE NATUREZA CAUTELAR -Na data de 12/7/2014, entre 00 h 40 min e 01 h 00 min, em


via pública do Bairro de Prazeres, Recife – PE, João Félix da Silva, adolescente com dezessete
anos de idade, mediante ação intencional de dois indivíduos que estavam em um veículo
GM/Vectra de cor branca e placa não identificada, foi alvejado por vários disparos de arma de
fogo e faleceu no local em decorrência dos ferimentos experimentados. Uma equipe da
delegacia de homicídios se dirigiu ao local do crime e verificou que junto ao corpo da vítima
havia uma porção considerável de droga, aparentando ser cocaína, bem como um telefone
celular de sua propriedade e uma bicicleta, que estava sendo utilizada pela vítima no
momento em que ocorreu o crime. No decorrer do exame pericial de local, foram localizados e
recolhidos vários estojos e fragmentos de projéteis de calibres distintos, a saber: 9 mm e .40,
evidenciando que as armas utilizadas teriam sido, no mínimo, duas pistolas. Quando do exame
perinecroscópico, constatou-se que o cadáver apresentava cerca de quinze lesões
características de perfurações produzidas por projéteis de arma de fogo, sendo que seis delas
na região da face. Após a conclusão do exame pericial, o corpo foi removido ao Instituto de
Medicina Legal. A equipe de investigação, ainda no local do crime, apurou, preliminarmente, a
partir de declarações informais de Joaquim Domênico Neto e Maria Josefina Domênico,
moradores do local, que dois indivíduos desconhecidos, cujas características não foi possível

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evidenciar, conduzindo o veículo citado, teriam sido os autores do crime. A genitora da víti ma,
Sr.ª Maria das Dores Serafim, entrevistada pela equipe de investigação, afirmou que João Félix
da Silva estava sendo ameaçado de morte em razão de dívidas de drogas e, nos dias anteriores
ao crime, teria recebido inúmeras ligações telefônicas em seu telefone celular. Os autores do
crime tomaram rumo ignorado após o delito, estando em local incerto e não sabido. O veículo
GM/Vectra de cor branca utilizado na prática do homicídio foi abandonado em uma rodovia de
acesso ao interior do estado e, após exame pericial, não foi possível a coleta de fragmentos de
digitais, verificando-se, ainda, que se tratava de produto de roubo havido dias antes. A
genitora da vítima, dias após o homicídio, passou a receber ligações telefônicas do número
081-6999.8888, ameaçando a ela e a seus familiares de morte caso eles colaborassem com a
investigação policial. No telefone celular da vítima, apreendido no local do crime, foram
registradas várias ligações anteriores ao delito, originadas do mesmo número, ou seja, 081-
6999.8888, sem a identificação de seu usuário. Todas as informações mencionadas foram
circunstanciadas em relatório de investigação preliminar e submetidas ao crivo do delegado de
polícia competente, o qual, de imediato, instaurou o inquérito policial pertinente para a
completa apuração dos fatos e suas circunstâncias. Diante da situação hipotética apresentada
e considerando que a investigação encontra-se na etapa inicial, tendo sido instaurado o
competente inquérito policial sem êxito na individualização dos autores do crime, elabore, na
condição de delegado de polícia, uma peça de natureza cautelar que melhor se adeque à
situação, fundamentando-a de acordo com o que dispõe a legislação de regência.

SUGESTÃO DE RESPOSTA:

EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DO TRIBUNAL DO JÚRI DA COMARCA DE


RECIFE – PE.

O delegado de polícia abaixo assinado, no uso de suas atribuições legais, com


fundamento na Lei nº 9.296/96, arts. 1.º; 2º, I, II e III; 3º, I; e 5º (que regulamentou o art. 5º,
XII, parte final, da CRFB), vem a Vossa Excelência REPRESENTAR PELA INTERCEPTAÇÃO DAS
COMUNICAÇÕES TELEFÔNICAS e PELA QUEBRA DE SIGILO DE DADOS TELEFÔNICOS do prefixo
081-6999.8888 pelos fatos e fundamentos a seguir expostos.

Na data de 12/7/2014, entre 00 h 40 min e 01 h 00 min, em via pública do Bairro de


Prazeres, Recife – PE, JOÃO FÉLIX DA SILVA, adolescente com dezessete anos de idade,
mediante ação intencional de dois indivíduos que estavam em um veículo GM/Vectra de cor
branca e placa não indicada, foi alvejado por disparos de arma de fogo e faleceu no local em
decorrência dos ferimentos experimentados.

Uma equipe da delegacia de homicídios atendeu ao local do crime e verificou que junto
ao corpo da vítima havia considerável porção de droga, aparentando ser cocaína, bem como
um telefone celular de sua propriedade e uma bicicleta, que estava sendo utilizada pela vítima
quando do crime.

A equipe de investigação, ainda no local do crime, apurou, preliminarmente, a partir de


declarações informais de JOAQUIM DOMÊNICO NETO e MARIA JOSEFINA DOMÊNICO,
moradores do local, que dois indivíduos desconhecidos, cujas características não foi possível
evidenciar, conduzindo o veículo citado, teriam sido os autores do crime.

A genitora da vítima, Sra MARIA DAS DORES SERAFIM, entrevistada pela equipe de
investigação, afirmou que JOÃO FÉLIX DA SILVA estava sendo ameaçado de morte em razão de
dívidas de drogas e, nos dias anteriores ao crime, teria recebido inúmeras ligações telefônicas
em seu telefone celular. Disse ainda a referida senhora que, dias após o homicídio, passou a

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receber ligações telefônicas do número 081-6999.8888, ameaçando de morte a ela e a seus


familiares caso eles colaborassem com a investigação policial.

No telefone celular da vítima, apreendido no local do crime, foram registradas várias


ligações anteriores ao delito originadas do mesmo número, ou seja, 081-6999.8888, sem a
identificação de seu usuário, havendo razoáveis indícios de que o seu usuário é um dos autores
do delito que resultou na morte do adolescente JOÃO FÉLIX DA SILVA.

Considerando, assim, que o art. 1º da Lei nº 9.296/96 autoriza a interceptação de


comunicações telefônicas de qualquer natureza para prova em investigação criminal e em
instrução processual penal, e que, nos moldes do que preceitua o art. 2º, I, II e III, da referida
legislação, o fato ora investigado constitui crimede natureza grave punido com reclusão, não
havendo outros meios de prova disponíveis no sentido de demonstrar a autoria dos delitos sob
investigação, REPRESENTA-SE pela expedição de ofício único, com força de Mandado Judicial,
direcionado às prestadoras de serviços de telefonia, determinando:

A INTERCEPTAÇÃO DAS COMUNICAÇÕES TELEFÔNICAS e a QUEBRA DE SIGILO DE


DADOS TELEFÔNICOS do prefixo 081 – 6999.8888, seu respectivo IMEI e outros que o sucedam,
pelo prazo de quinze dias, contados de sua implementação, devendo as referidas empresas: a.
disponibilizar condições técnicas para monitoramento gravado de áudio, texto, imagens e
outras formas de comunicação porventura existentes relativos ao terminal supracitado; b.
fornecer extratos do terminal mencionado, contendo datas, horários e durações de
chamadas/mensagens tentadas, originadas e recebidas durante o período de interceptação,
agenda de contatos e informações sobre as Estações Rádio Base (ERB) transmissoras das
ligações; c. fornecer todos os dados cadastrais existentes em poder das respectivas empresas
referentes ao terminal interceptado e aos interlocutores que com eles mantiverem/tentarem
contato, cujo contexto seja de interesse da investigação.

Solicita-se, por fim, a remessa das informações descritas nesta representação à


autoridade policial requerente, nos moldes do que determina a legislação de regência.

Recife/PE, data.

Delegado de Polícia

Concurso: PCPA – Ano: 2016 – Banca: FUNCAB

Durante discussão em um bar situado no fictício município de São Francisco do Norte,


Arcelino, completamente embriagado, saca uma arma de fogo que trazia consigo e dispara na
coxa de Zenildo, deixando o local em seguida. Outros frequentadores do estabeleci mento
acionam o SAMU, todavia, quando a assistência médica chega ao local já encontra a vítima
morta, pois o disparo atingira a artéria femoral, ocasionando subsequente anemia aguda.
Comunicado o fato à Delegacia de Polícia, instaura-se inquérito policial através de portaria (fls.
02 do inquérito, com registro de ocorrência acostado às fls. 03-04). No dia seguinte, o autor
espontaneamente comparece à unidade policial para narrar sua versão sobre os fatos (termo
de declaração de fls. 15). Em linhas gerais, confirma a autoria do disparo, mas nega intenção
de matar, afirmando-se arrependido. Esclarece que possuía a arma, uma pistola 45, há pouco
tempo, adquirindo-a de pessoa que não soube identificar, e que era a primeira vez que a
portava, desfazendo-se dela logo depois do disparo, jogando-a em um rio que passa pela
região. Por fim, negou-se aespecificar os motivos que levaram à discussão com a vítima.

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Seguindo com a investigação, o delegado de Polícia ouviu quatro testemunhas (fls 20, 25, 30 e
35, respectivamente), as quais, de forma uníssona, confirmaram que o autor não deu mostras
que pretendia matar a vítima. Confirmaram que o autor estava severamente embriagado, pois
há horas estava, no local, ingerindo voluntariamente cachaça e disseram desconhecer o
motivo desencadeador da discussão. Por fim, afirmaram que a narrativa do autor era
mentirosa, pois há anos este costumava se apresentar armado em público, sempre portando a
mesma pistola calibre 45, a mesma usada no crime, e que este, no dia posterior ao delito,
dissera a uma das testemunhas que escondera o instrumento em sua residência, dentro do
forno. O laudo de local foi juntado às fls. 40, restando pendente o laudo cadavérico.
Considerando que, em momento algum, Arcelino ameaçou testemunhas ou tentou fugir,
tampouco interferindo na atividade probatória; considerando que o município mencionado é
sede de uma comarca; e considerando a subsunção normativa a ser dada aos comportamentos
verificados (a qual deve ser explicitada pelo candidato), elabore a representação por medida
cautelar probatória cabível à espécie.

SUGESTÃO DE RESPOSTA:

EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CRIMINAL DA COMARCA

DE SÃO FRANCISCO DO NORTE – PA

Inquérito Policial nº

Delegado de Polícia Civil do Estado do Pará, lotado na Delegacia de São Francisco do


Norte, respeitando o art. 5º, XI, da CRFB, no uso de suas atribuições legais e com fulcro no art.
240, §1º, do CPP, vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência representar pela busca
e apreensão domiciliar na residência do indiciado Arcelino, situada em, objetivando buscar e
apreender a arma de fogo empregada na prática do crime de lesão corporal qualificada pelo
resultado morte em concurso com porte ilegal de arma de fogo de uso restrito, pelos motivos
de fato e de direito a seguir declinados.

Durante discussão em um bar da cidade, Arcelino, completamente embriagado, sacou


uma arma de fogo que trazia consigo e disparou na coxa da vítima, Zenildo, deixando o local
em seguida. Clientes do estabelecimento acionam o SAMU, todavia, quando a assistência
médica chegou ao local, já encontraram a vítima morta, pois o disparo atingiu a artéria
femoral, ocasionando subsequente anemia aguda.

Comunicado o fato à Delegacia de Polícia, instaurou-se inquérito policial por meio de


portaria (fls. 02 do inquérito, sendo o registro de ocorrência acostado às fls. 03-04). O laudo de
exame de local foi juntado às fls. 40, sendo que o laudo cadavérico será anexado
posteriormente aos autos.

No dia seguinte ao ocorrido, o autor espontaneamente compareceu à unidade policial


para narrar sua versão sobre os fatos (termo de declaração às fls. 15). Em linhas gerais,
confirmou a autoria do disparo, mas negou intenção de matar, dizendo estar arrependido. O
suspeito esclareceu que possuía a arma, uma pistola calibre 45, tendo a adquirindo de pessoa
que não soube identificar. Arcelino disse que era a primeira vez que a portava e que se livrou
dela logo depois do disparo, jogando-a em um rio que passa pela região. Por fim, ele se negou
a es-pecificar os motivos que levaram à discussão com a vítima.

Seguindo com a investigação, foram ouvidas quatro testemunhas, conforme autos do


Inquérito, às folhas 20, 25, 30 e 35, respectivamente. Conforme se depreende da leitura dos

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termos de depoimento, de forma uníssona, o autor não demonstrou que tinha a intenção de
matar a vítima. Elas confirmaram que o indiciado estava em estado avançado de embriaguez,
pois ficou por horas no local ingerindo voluntariamente cachaça.

Por fim, elas disseram desconhecer o motivo desencadeador da discussão, o que


reforça a tese da prática de crime de lesão corporal qualificada pelo resultado morte,
juntamente com o fato de o autor ter atingido a perna da vítima, sem que tenha havido
qualquer outra agressão à mesma, denotando o caráter preterdoloso do ocorrido.

Cumpre salientar que as testemunhas afirmaram que há anos o indiciado costumava se


apresentar armado em público, sempre portando a mesma pistola, calibre 45, e que, no dia
posterior ao delito, dissera a uma das testemunhas que a escondera em sua residência , dentro
do forno.

Diante do exposto, a Autoridade Policial indiciou Arcelino como incurso no delito de


porte de arma de fogo de uso restrito (art. 16, “caput”, da Lei nº 10.826/03) em concurso com
a lesão corporal qualificada pelo resultado morte (art. 129, § 3º, do CP). Não há que se falar
em consunção, pois como leciona a melhor doutrina, uma norma se deve reconhecer
consumida por outra quando o crime previsto por esta ou é uma necessária ou normal forma
de transição para o último (crime progressivo), o que não é o caso em comento.

A apreensão da arma de fogo possibilitaria a coleta de outros elementos de informação


a partir do exame de eficiência e de confronto balístico. A busca domiciliar é o meio adequado
para a localização da arma utilizada no delito, uma vez que há indícios de que o autor a
escondeu em sua residência, conforme apontam as testemunhas, estando presente o chamado
fumus boni juris. A demora na efetivação da busca poderá levar à perda da prova, uma vez que
o indiciado poderá dar outra destinação para ela, estando presente assim o chamado
periculum in mora.

De acordo com a doutrina mais abalizada, a busca é uma diligência que tem a
finalidade de apreender pessoas ou coisas, consideradas elementos de prova. Embora a lei
relacione a busca e apreensão como meio de prova, na verdade, é uma medida assecuratória e
coercitiva que visa evitar o perecimento de alguma prova e sua apresentação à autoridade
para a elucidação da infração penal. Inclusive, este é o posicionamento majoritário no STF e no
STJ.

Assim, mostra-se pertinente a busca e apreensão na residência já apontada, para que


seja apreendido o seguinte objeto: uma arma de fogo do tipo pistola calibre 45.

Diante das razões de fato e de direito expostas, a autoridade policial ao final firmada
representa pela busca domiciliar da arma de fogo na residência do indiciado.

Termos em que,

Pede e espera deferimento.

São Francisco do Norte, data.

Delegado de Polícia Civil

Matrícula

GABARITO DA BANCA EXAMINADORA:

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ENDEREÇAMENTO EXMº Dr. Juiz de Direito da Vara Criminal da Comarca de São Francisco do
Norte. valor: 0,1 QUALIFICAÇÃO Delegado de Polícia Civil. valor: 0,1 Lotado na Delegacia de
Polícia de São Francisco do Norte. valor: 0,1 DENOMINAÇÃO NOME DA PEÇA: Representação
por medida de busca domiciliar. valor: 0,5 FUNDAMENTO LEGAL: 5º, XI, CRFB. valor: 0,5 FATOS
E RELATORIA DESCRIÇÃO DOS FATOS: O candidato deverá descrever de forma clara e objetiva
o evento criminoso que ensejou a apuração. valor: 0,3 SÍNTESE DOS DOCUMENTOS
PRODUZIDOS NOS AUTOS: O candidato deverá listar as peças procedimentais mais
importantes e sua localização nos autos. valor: 0,3 FUNDAMENTAÇÃO (01) DEFINIÇÃO
JURÍDICA DO FATO: O candidato deverá explicar que ocorre, no caso concreto, lesão corporal
qualificada pelo resultado morte (art. 129, § 3º, CP), em concurso material com crime de porte
de arma de uso restrito (art. 16 da Lei nº 10.826, de 2003), uma vez que o porte não tinha o
crime contra a pessoa como finalidade. O reconhecimento da lesão corporal qualificada pelo
resultado morte concederá ao candidato pontuação de 0,2; a menção ao caráter preterdoloso
do crime, 0,1; o reconhecimento do porte de arma de uso restrito, 0,2; a menção ao concurso
de crimes, sem que haja concurso aparente de normas, 0,2. valor: 0,7 CITAÇÃO DOS ARTIGOS
PERTINENTES: art. 129 (valor: 0,2 ponto), § 3º (0,2 ponto), do Código Penal , c/c art. 16 da Lei
nº 10.826, de 2003 (0,3 ponto). valor: 0,7 FUNDAMENTAÇÃO (02) REQUISITOS DA MEDIDA
PLEITEADA: O candidato deverá discorrer sobre o periculum in mora e sobre o fumus boni
juris, usando como base elementos fornecidos pelo caso concreto. Nesse ponto, o candidato
deverá abordar os indícios de que a coisa procurada se encontra na casa onde se pretende
executar a busca. A menção genérica ao periculum in mora e ao fumus boni juris concederá ao
candidato 0,6 ponto (0,3 para cada requisito) e a menção aos indícios, 0,4 ponto. valor: 1,0
CITAÇÃO AO“ ARTIGO“ PERTINENTE“: art. 240, § 1º, “d”, do CPP (0,7 ponto). valor: 0,7
LEGISLAÇÃO, DOUTRINA E JURISPRUDÊNCIA DOUTRINA APLICÁVEL: Citação de ao menos uma
posição doutrinária acerca das discussões encimadas (valor: 0,2). valor: 0,2 JURISPRUDÊNCIA
APLICÁVEL: Citação ao menos a um julgado de órgão colegiado de tribunal, sendo dispensável
a transcrição, bastando o apontamento (valor: 0,2). valor: 0,2 REQUERIMENTO ESPECIFICAÇÃO
DO PEDIDO: Pedido de deferimento da busca domiciliar (valor: 0,4). valor: 0,4 FINAL
NOMENCLATURA DO CARGO: Delegado de Polícia Civil, fazendo as vezes de assinatura na
representação (valor: 0,2). valor: 0,2 TOTAL 6,0 Nota de Esclarecimento: 1. No que concerne à
exigência de artigos em uma prova sem consulta de legislação, esclarece-se que os dispositivos
que fundamentam a resposta considerada correta são óbvios, integrando o conhecimento
básico da matéria, razão pela qual não há qualquer empecilho à exigência. 2. Não será aplicado
o critério previsto no subitem 4.3.15 do Edital do Certame: "Cada linha não escrita,
considerando o mínimo exigido", visto não estar explícito este quantitativo.

Concurso: PCPA – Ano: 2016 Banca: FUNCAB

Após atender a um telefonema, Gualberto ouve o interlocutor dizer que sequestrou seu filho e
que apenas o libertará se Gualberto depositar a quantia de R$ 10.000,00 em determinada
conta corrente. Desconfiando de um golpe, Gualberto simula que a ligação foi interrompida
por insuficiência de sinal, aproveitando para rapidamente telefonar para o filho. Após se
certificar de que este estava seguro na casa da namorada e que em momento algum fora
sequestrado, Gualberto torna a receber ligações do falso sequestrador, optando por não mais
atendê-las. Não obstante, Gualberto compareceu à Delegacia de Polícia da localidade e
noticiou o fato, o que gerou um inquérito policial (portaria às fls. 02 do inquérito). Com base
nas informações repassadas, a saber, linha telefônica usada pelo falso sequestrador para
contato e conta corrente indicada para depósito, o Delegado de Polícia representou por
quebras de sigilo telefônico (fls. 15) e bancário (fls. 17). As informações coletadas (juntadas às

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fls. 25 e 30), assim como as declarações reduzidas a termo (fls. 35, 37, 43, 48, 55 e 60) e
demais documentações pertinentes, revelaram que Matias, Nereu e Lindomar, de forma
estável e permanente, previamente ajustados, praticavam o golpe com regularidade. Matias
era o responsável pelas ligações, ao passo em que Nereu cedia a conta bancária para
depósitos. Já Lindomar selecionava as vítimas que serviam de alvos para os coparticipantes.
Assim, os envolvidos foram formalmente indiciados (fls. 70), porém não foram ouvidos, pois,
sabedores que eram investigados, passaram a evitar a ação do poder público, escondendo-se
(o que pode ser observado nos mandados de intimação cuja entrega restou frustrada,
acostados às fls. 72-74). A investigação deixa evidente, contudo, que mesmo escondidos os
envolvidos se preparavam para novos golpes (consoante informação policial de fls. 75).
Saliente-se que os envolvidos – ora indiciados – souberam da investigação porque Gualberto
divulgou o fato em uma rede social, o que gerou intenso clamor público após a repercussão da
postagem em um jornal local, com protestos diários pela prisão dos envol vidos (fato
documentado às fls. 87). Considerando que, na avaliação do Delegado de Polícia, o feito já
pode ser relatado e encaminhado ao juízo competente; e considerando a subsunção normativa
a ser dada aos comportamentos verificados (a qual deve ser explicitada pelo candidato),
elabore a representação por medida cautelar pertinente ao caso apresentado.

SUGESTÃO DE RESPOSTA:

EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DAVARA CRIMINAL DA COMARCA DE PA.

Inquérito Policial nº

Delegado de Polícia Civil, lotado na Delegacia de Polícia, que ao final subscreve, no exercício
dos poderes conferidos pelo artigo 144 da Constituição Federal, com fulcro no artigo 311 do
Código de Processo Penal, diante dos fatos apurados no caderno investigatório em epígrafe,
vem à presença de Vossa Excelência representar pela prisão preventiva de Matias, Nereu e
Lindomar, todos já devidamente qualificados nos autos, pelos motivos de fato e de direito a
seguir expostos.

DOS FATOS

Trata-se de inquérito policial instaurado por portaria para investigar crimes de


tentativa de extorsão qualificada pelo concurso de agentes, delito previsto no artigo 158, §1º
do Código Penal, e o crime de associação criminosa, prevista no artigo 288 também do
Estatuto Penal.

Segundo apurado, após atender a um telefonema, Gualberto ouviu o interlocutor dizer


que havia sequestrado seu filho e que apenas o libertaria se o familiar depositasse a quantia de
R$ 10.000,00 em determinada conta corrente.

Desconfiando de um golpe, o pai simulou que a ligação foi interrompida por


insuficiência de sinal, aproveitando para rapidamente telefonar para o filho. Apósse certificar
de que este estava seguro na casa da namorada e que em momento algum fora sequestrado,
Gualberto tornou a receber ligações do falso sequestrador, porém não as atendeu.

O crime de “falso sequestro” nada mais é do que o delito de extorsão que, no caso em
comento, não chegou a se consumar por circunstâncias alheias à vontade do autor. Não
obstante, Gualberto compareceu à Delegacia de Polícia da localidade e noticiou o fato, o que
gerou o presente caderno investigatório (portaria às fls. 02). Com base nas informações
repassadas, a saber, linha telefônica usada pelo falso sequestrador para contato e co nta

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corrente indicada para depósito, o Delegado de Polícia representou por quebras de sigilo
telefônico (fls.e bancário (fls. 17).

As informações coletadas (juntadas às fls. 25 e 30), assim como as declarações


reduzidas a termo (fls. 35, 37, 43, 48, 55 e 60) e demais documentações pertinentes, revelaram
que Matias, Nereu e Lindomar, de forma estável e permanente, previamente ajustados,
praticavam o golpe com regularidade, o que denota a prática do delito de associação
criminosa.

Matias era o responsável pelas ligações, ao passo em que Nereu cedia a conta bancária
para depósitos. Já Lindomar selecionava as vítimas que serviam de alvos para os
coparticipantes. Assim, os envolvidos foram formalmente indi-ciados (fls. 70), porém não foram
ouvidos, pois, sabedores que eram investigados, passaram a evitar a ação do poder público,
escondendo-se (nos mandados de intimação, cujas entregas restaram frustradas). A
investigação deixa evidente, contudo, que, mesmo escondidos, os envolvidos se preparavam
para novos gol-pes (consoante informação policial de fls. 75).

Saliente-se que os envolvidos – ora indiciados – souberam da investigação, pois


Gualberto divulgou o fato em uma rede social, o que gerou intenso clamor público após a
repercussão da postagem em um jornal local, com protestos diários pela prisão dos envolvidos
(fato documentado às fls. 87).

DO DIREITO

Toda prisão decretada com base no clamor público mostra-se inconstitucional em face
dos princípios constitucionais da dignidade da pessoa humana, da presunção de inocência, da
legalidade, do devido processo legal, da ampla defesa e do contraditório.

A doutrina aponta que o alarma social ou clamor público é um conceito muito vago
para autorizar a custódia preventiva, em especial, porque se trata de um estereótipo saturado,
na maioria das vezes, de carga emocional, sem base empírica, que exigirá uma prévia
investigação estatística sociológica que meça o efeito social real que o fato haja produzido.
Referida noção é corroborada pelo STF.

É evidente que a decretação da prisão preventiva com base no clamor público não
encontra amparo legal, por se calar o Estatuto Processual Penal a respeito, conforme se
depreende da simples leitura do seu artigo 312. Ou seja, não foi incluída nesse dispositivo
nenhuma referência ao clamor popular, não podendo servir de fundamento para a decretação
de prisão preventiva, por maior que seja a pressão das redes sociais. Vale frisar que não há
respaldo também tanto na doutrina, como na jurisprudência.

No Processo Civil, os requisitos para uma ação cautelar são os seguintes: o fumus boni
juris e o periculum in mora. Eles mostram que para ocorrer a prestação jurisdicional
antecipada, o juiz tem de se convencer de que há a “fumaça do bom direito” e o “perigo da
demora”. No Processo Penal, vários doutrinadores fizeram uma analogia diante dos institutos
mencionados para se mostrar como eles funcionariam neste ramo do Direito. Em matéria de
prisão preventiva devem estar presentes os seguintes requisitos: fumus comissi d elicti e o
periculum libertatis.

No fumus comissi delicti (pressupostos), deve haver a existência de crime e indícios de


autoria. No caso em tela, temos a comprovação de que Gualberto foi vítima de tentativa de
extorsão qualificada pela leitura das principais peças produzidas neste caderno investigatório.

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Para haver o periculum libertatis, é ne- -cessária a presença de um dos seguintes fundamentos:
a garantia da ordem pública, a garantia da ordem econômica, a aplicação da lei penal e a
conveniência da instrução criminal.

No caso em comento, os autores cometeram os crimes de extorsão qualificada pelo


concurso de agentes na modalidade tentada e associação criminosa, cuja soma das penas
máximas supera a 4 anos, preenchendo a exigência do artigo 313, inciso I, do Código de
Processo Penal.

Não há que se falar em “bis in idem”, uma vez que o primeiro delito tem como bem
juridicamente tutelado o patrimônio, sedo que o segundo tem como objetividade jurídica a paz
pública. Assim, presentes os pressupostos e fundamentos da prisão preventiva, de acordo com
os artigos 312 e 313 do Código de Processo Penal, imperativa se revela a segregação cautelar
dos representados para se garantir a aplicação da lei penal, uma vez que eles se escondem
para evitar a ação do poder público.

DO PEDIDO

Diante das razões de fato e de direito expostas, a Autoridade Policial ao final firmada
representa pela prisão preventiva de Matias, Nereu e Lindomar, todos já devidamente
qualificados nos autos, com encaminhamento dos autos devidamente relatados no prazo legal,
a contar do dia em que se executar a ordem de prisão.

Local, data.

Delegado de Polícia Civil. Matrícula

GABARITO DA BANCA EXAMINADORA:

ENDEREÇAMENTO EXMº Dr. Juiz de Direito da Vara Criminal da Comarca valor: 0,1
QUALIFICAÇÃO Delegado de Polícia Civil valor: 0,1 Lotado na X DP valor: 0,1 DENOMINAÇÃO
NOME DA PEÇA: Representação por prisão preventiva valor: 0,5 FUNDAMENTO LEGAL: art. 311
do Código de Processo Penal valor: 0,5 FATOS E RELATORIA DESCRIÇÃO DOS FATOS: O
candidato deverá descrever de forma clara e objetiva o evento criminoso que ensejou a
apuração. valor: 0,3 SÍNTESE DOS DOCUMENTOS PRODUZIDOS NOS AUTOS: O candidato
deverá listar as peças procedimentais mais importantes e sua localização nos autos. valor: 0,3
FUNDAMENTAÇÃO (01) DEFINIÇÃO JURÍDICA DO FATO: O candidato deverá explicar que o
risco de lesão ao patrimônio da vítima caracteriza crime de extorsão majorada, na forma
tentada, indicando os elementos constitutivos do crime. Deverá, ainda, reconhecer no caso
concreto a existência de uma associação criminosa, novamente indicando seus elementos
constitutivos. O reconhecimento da extorsão concederá ao candidato pontuação de 0,1; a
menção aos elementos constitutivos desse crime, 0,2 (dos quais, 0,1 para a majorante); o
reconhecimento da forma tentada, 0,1; o reconhecimento da associação criminosa, 0,1; a
indicação dos elementos constitutivos desse crime, 0,2. Deve ser salientado que, caso o
candidato creia que extorsão majorada e associação criminosa não podem coexistir, em
virtude de possível bis in idem, com exclusão da causa de aumento da pena, a discussão
jurídica sobre o tema importará pontuação de 0,1, idêntica à que seria conferida em caso de
reconhecimento da majorante. valor: 0,7 CITAÇÃO DOS ARTIGOS PERTINENTES: art. 158 (valor:
0,2), § 1º (valor: 0,2), na forma do art. 14, II (valor: 0,1), do Código Penal, c/c art. 288 (valor:
0,2) do Código Penal. Se o candidato optar pela exclusão do § 1º em virtude de suposto bis in
idem, a menção ao art. 158 passa a valer 0,3, assim como a menção ao art. 288. valor: 0,7
FUNDAMENTAÇÃO (02) REQUISITOS DA MEDIDA PLEITEADA: O candidato deverá discorrer

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sobre o periculum libertatis e sobre o fumus comissi delicti, usando como base elementos
fornecidos pelo caso concreto. No que concerne ao periculum libertatis, deverá discorrer sobre
a suposta inconstitucionalidade da prisão preventiva para garantia da ordem pública (clamor
popular), indicando a correta fundamentação. A discussão sobre a inconstitucionalidade
proporcionará o valor de 0,3 pontos. A indicação da correta fundamentação, igualmente 0,3
pontos. E a avaliação do fumus comissi delicti, 0,2 pontos. Deverá o candidato, ainda, analisar
o cabimento da prisão preventiva aos crimes investigados, ressaltando que a extorsão é
apenada com sanção superior a quatro anos deprivação da liberdade (0,2 ponto). valor: 1,0
CITAÇÃO AOS ARTIGOS PERTINENTES: arts. 312 (valor: 0,4) e 313 (valor: 0,3) do CPP. valor: 0,7
LEGISLAÇÃO, DOUTRINA E JURISPRUDÊNCIA DOUTRINA APLICÁVEL: Citação de, ao menos, uma
posição doutrinária acerca das discussões encimadas. valor: 0,2 JURISPRUDÊNCIA APLICÁVEL:
Citação a, ao menos, um julgado de órgão colegiado de tribunal. valor: 0,2 REQUERIMENTO
ESPECIFICAÇÃO DO PEDIDO: Pedido de recolhimento dos indiciados à prisão. valor: 0,4 FINAL
NOMENCLATURA DO CARGO: fazendo as vezes de assinatura da representação. valor: 0,2
TOTAL 6,0 Nota de Esclarecimento: 1. No que concerne à exigência de artigos em uma prova
sem consulta de legislação, esclarece-se que os dispositivos que fundamentam a resposta
considerada correta são óbvios, integrando o conhecimento básico da matéria, razão pela qual
não há qualquer empecilho à exigência. 2. Não será aplicado o critério previsto no subitem
4.3.15 do Edital do Certame: "Cada linha não escrita, considerando o mínimo exigido", visto
não estar explícito este quantitativo.

JURISPRUDÊNCIA RELACIONADA

"HABEAS CORPUS" – DECISÃO DE PRONÚNCIA – PRISÃO DECRETADA COM FUNDAMENTO NO


CLAMOR PÚBLICO E NA SUPOSTA TENTATIVA DE EVASÃO – CARÁTER EXTRAORDINÁRIO DA
PRIVAÇÃO CAUTELAR DA LIBERDADE INDIVIDUAL – UTILIZAÇÃO, PELO MAGISTRADO, NA
MANUTENÇÃO DA PRISÃO CAUTELAR, DE CRITÉRIOS INCOMPATÍVEIS COM A JURISPRUDÊNCIA
DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL – SITUAÇÃO DE INJUSTO CONSTRANGIMENTO
CONFIGURADA – AFASTAMENTO, EM CARÁTER EXCEPCIONAL, NO CASO CONCRETO, DA
INCIDÊNCIA DA SÚMULA 691/STF – "HABEAS CORPUS" CONCEDIDO DE OFÍCIO. A PRISÃO
CAUTELAR CONSTITUI MEDIDA DE NATUREZA EXCEPCIONAL. – A privação cautelar da
liberdade individual reveste- se de caráter excepcional, somente devendo ser decretada em
situações de absoluta necessidade. (...) . – A questão da decretabilidade da prisão cautelar.

Possibilidade excepcional. Necessidade da verificação concreta, em cada caso, da


imprescindibilidade da adoção dessa medida extraordinária. Precedentes. O CLAMOR PÚBLICO
NÃO BASTA PARA JUSTIFICAR A DECRETAÇÃO OU A MANUTENÇÃO DA PRISÃO CAUTELAR. – O
estado de comoção social e de eventual indignação popular, motivado pela repercussão da
prática da infração penal, não pode justificar, só por si, a decretação ou a manutenção da
prisão cautelar do suposto autor do comportamento delituoso, sob pena de completa e grave
aniquilação do postulado fundamental da liberdade. – O clamor público – precisamente por
não constituir causa legal de justificação da prisão processual – não se qualifica como fator de
legitimação da privação cautelar da liberdade do réu. HC 96483/ ES. Relator Min. Celso de
Mello

Concurso: PCAC – Ano: 2017 – Banca: IBADE

PEÇA PRÁTICA – MARIA DA SILVA, casada há 20 anos com JOÃO DA SILVA, por proibição de seu
marido, nunca trabalhou fora de casa ou cursou uma faculdade. Desejando realizar seu sonho
e se livrar a opressão sofrida durante o relacionamento, resolveu terminar seu casamento e

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iniciar uma nova fase em sua vida. No dia 04 de maio de 2017, quinta-feira, MARIA resolveu
comunicar a JOÃO que desejava o divórcio, o que efetivamente foi feito na residência do casal,
situada na RUA CEARÁ, nº 100, Bairro Boa Esperança, Rio Branco/Acre. JOÃO, então, agrediu
MARIA com um soco no rosto. Esta, mesmo lesionada, reafirmou seu intento em se divorciar
de JOÃO que, irresignado, sacou um objeto semelhante a uma arma de fogo de sua cintura,
dizendo que “não era homem pra ser abandonado”, que casamento seria para a “vida toda”, e
que o relacionamento só terminaria “com a morte”. O fato foi presenciado pela filha do casal,
CLARA, de 13 anos de idade. No dia seguinte, 05 de maio de 2017, sexta-feira, MARIA
compareceu à Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher – DEAM, narrando o fato, que
foi reduzido a termo no depoimento de fls. 06/07. Esclareceu que embora JOÃO sempre a
tivesse oprimido moralmente, esta teria sido a primeira vez que efetivamente sofrera uma
agressão. Aduziu, ainda, que desconhecia o fato de JOÃO portar arma de fogo e não teria
como afirmar com exatidão se o objeto empunhado por JOÃO era realmente uma arma ou
simulacro. Asseverou que JOÃO possui trabalho fixo, podendo ser encontrado em sua
residência. A filha do casal, CLARA, ouvida em fls. 12/13, ratificou os fatos narrados por sua
mãe, acrescentando que já teria flagrado seu pai, em diversas ocasiões, escondendo um objeto
enrolado em uma roupa, na parte superior do armário do quarto. MARIA foi encaminhada
para Exame de Corpo de Delito Direto, fls. 08, bem como as medidas protetivas requeridas em
fls. 09/11 foram encaminhadas à Vara de Proteção à Mulher e Execuções Penais, Juízo
especializado em Violência Doméstica e Familiar contra a mulher na comarca, nos termos da
Lei nº 11.340/2006, não havendo, ainda, notícia de manifestação do juízo. Após o fato, MARIA
e a filha, por não terem certeza se o objeto que JOÃO portava realmente era uma arma de
fogo (tipo revólver) ou um mero simulacro, optaram por não retornar para casa, sendo ambas
acolhidas temporariamente na CASA ROSA DA MULHER, instituição que abriga mulheres
vítimas de violência familiar. Em investigação preliminar imediata, restou demonstrado que
JOÃO não possui outras anotações em sua Folha de Antecedentes Criminais, conforme
certidão juntada em fls. 12, nem o registro de arma de fogo em seu nome, certidão em fls. 13.
O Inquérito Policial foi instaurado sob o número 1030/2017, com portaria em fls. 02/03 e
registro de ocorrência em fls. 04/05. Considerando que a formalização dos atos de
investigação preliminar terminou apenas às 20 horas do mesmo dia da notícia-crime (05 de
maio de 2017 – sexta-feira), sendo imperioso às investigações a imediata apreensão do
instrumento utilizado por JOÃO para ameaçar de morte a vítima, deve -se, na qualidade de
Delegado de Polícia natural do fato, formular peça adequada de forma fundamentada perante
o Juízo competente.

SUGESTÃO DE RESPOSTA:

EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DO PLANTÃO JUDICIÁRIO DA VARA DE


ATENDIMENTO ESPECIALIZADO À MULHER E DE EXECUÇÃO PENAL DA COMARCA DE RIO
BRANCO/AC

SIGILOSO

URGENTE

Inquérito Policial 1030/2017

REPRESENTAÇÃO POR BUSCA E APREENSÃO DOMICILIAR

O Delegado de Polícia que ao final subscreve, no exercício dos poderes conferidos pelo
art. 144, § 4º, da CRFB e do art. 2º, §1º, da Lei nº 12.830/13, diante dos fatos investigados no
inquérito policial em epígrafe, com fundamento no art. 6º, II e III, combinado com o art. 240,

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§1º, “c” e “d”, do CPP, vem à presença de Vossa Excelência representar pela expedição de
mandado de busca e apreensão domiciliar, diante das razões de fato e de direito expostas
abaixo.

Instaurou-se inquérito policial (portaria de fls. 02/03) com a finalidade de apurar a


prática de delitos de lesão corporal e de ameaça, este último com emprego de arma de fogo,
praticados no contexto de violência doméstica contra a mulher.

Conforme narrado na ocorrência policial (fls. 04/05), no dia 04 de maio de 2017 Maria
da Silva manifestou junto ao marido, João da Silva, a intenção de obter o divórcio.
Inconformado, João da Silva teria desferido um soco no rosto de Maria, causando-lhe lesão e,
após Maria ter insistido no pedido, João teria ameaçado a esposa, referindo que o
relacionamento só terminaria “com a morte”, tendo empunhado e mostrado para a vítima
objeto semelhante a uma arma de fogo. Tudo ocorreu na residência do casal, situado na Rua
Ceará, nº 100, bairro Boa Esperança, Rio Branco/AC, fato presenciado pela filha dos dois, Clara,
de 13 anos de idade.

Nesta Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher, colheu-se o depoimento de


Maria (fls. 06/07), a qual ratificou os termos da ocorrência policial, aduzindo que teria sido a
primeira vez que seu marido a ameaçara e a agredira fisicamente, bem como que não saberia
confirmar se a arma empregada na ameaça seria verdadeira ou um simulacro. Ouviu-se,
também, a filha da vítima, Clara (fls. 12/13), que, confirmando a versão narrada por Maria,
acrescentou que já teria visto seu pai, em diversas ocasiões, escondendo um objeto enrolado
em uma roupa, na parte superior do armário do quarto.

Maria foi encaminhada para exame de corpo de delito, conforme fl. 08, e medidas
protetivas foram requeridas às fls. 09/11 e encaminhadas a essa Vara especializada, estando
pendentes de análise. Importante salientar que mãe e filha não quiseram retornar para a casa
onde viviam, com medo de que João efetivamente tivesse uma arma e pudesse atentar contra
a integridade física ou a vida de Maria, estando acolhidas na Casa Rosa da Mulher.

Em pesquisas nos sistemas informatizados, não se encontrou qualquer antecedente


criminal, tampouco arma de fogo registrada em nome de João (fls. 12 e 13, respectivamente).

Conforme se depreende dos elementos colhidos na investigação, o fato ora apurado se


amolda perfeitamente ao tipo penal do art. 147 do CP (crime de ameaça), assim como ao art.
129, §9º, do CP (violência doméstica) e, sendo praticado contra a mulher, atrai a incidência da
tutela especial da Lei nº 11.340/06 (Lei Maria da Penha), mormente em virtude da evidente
existência de relação familiar, delineada no art. 5º, II, desse diploma normativo.

Para o avanço e esgotamento das diligências policiais, mostra-se imprescindível a


busca e apreensão da arma que João eventualmente possua em sua residência, a confirmar a
prática, também, de crime de posse irregular de arma de fogo, de uso permitido (art. 12 da Lei
nº 10.826) ou de uso restrito (art. 14 da Lei nº 10.826/03). Além disso, tal medida teria o
condão de reduzir as chances de eventual atentado contra Maria, que, frente à reação de seu
marido ao tomar conhecimento da pretensão de divórcio, são consideráveis.

Para a realização de tal diligência, faz-se necessária a concessão judicial do pertinente


mandado de busca e apreensão domiciliar, respeitando-se o mandamento constitucional
previsto no art. 5º, XI, da CRFB. Juridicamente, ampara a presente representação o art. 6º, II e
III, do CPP, impondo que a autoridade policial, logo que tenha ciência de qualquer fato

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criminoso, deva apreender os objetos que tiverem relação com o fato, bem como colher todas
as provas que servirem para o seu esclarecimento e de suas circunstâncias.

Nessa senda, ademais, invoca-se o disposto no art. 240, § 1º, “d”, do CPP, dispondo que
a busca domiciliar se dará, desde que fundadas razões a autorizem, para apreender armas e
munições, instrumentos utilizados na prática de crime ou destinados a fim delituoso.

No caso em apreço, extrai-se dos já citados depoimentos de Maria e de sua filha, que
são fundadas as razões que apontam no sentido de que João possuiria uma arma de fogo em
sua casa, e, na medida em que as duas não pretendem retornar para a casa em que João
reside, não há meio alternativo para se averiguar a cogitada existência.

Diante do exposto, representa-se pela expedição de mandado de busca e apreensão


domiciliar, a ser cumprido na casa localizada na Rua Ceará, nº 100, bairro Boa Esperança, Rio
Branco/AC, com a finalidade de buscar e apreender arma de fogo e munição, em conformidad e
com os preceitos legais e constitucionais referidos acima.

Local, data.

Assinatura

Delegado(a) de Polícia da DEAM de Rio Branco/AC

GABARITO DA BANCA EXAMINADORA:

DADOS CRITÉRIO VALOR Qualificação DELEGADO DE POLÍCIA COM ATRIBUIÇÃO Delegado de


Polícia Civil (0,3) 0,3 UNIDADE DE LOTAÇÃO da Delegacia Especializada de Atendimento à
Mulher (0,3) 0,3 FUNDAMENTO LEGAL: O candidato deverá apresentar a fundamentação que
delimita a atribuição do delegado de polícia: Art. 144 (0,1), §4º (0,1), da CRFB; e art. 2º, §1º, da
Lei 12.830/13 (0,1). 0,3 Denominação NOME DA PEÇA: Representação por Busca e Apreensão
(0,5) Domiciliar (0,5) 1 FUNDAMENTAÇÃO LEGAL: Art. 5º (0,5), inciso XI (1,5), da CRFB 2 Fatos e
Relatoria DESCRIÇÃO DOS FATOS: O candidato deverá descrever de forma clara e objetiva o
evento criminoso que ensejou a apuração. (0,5) 0,5 SÍNTESE DOS DOCUMENTOS PRODUZIDOS
NOS AUTOS: O candidato deverá listar as peças procedimentais mais importantes para
fundamentação fática da representação e sua localização nos autos. (0,3) 0,3 Fundamentação
DEFINIÇÃO JURÍDICA DO FATO: O candidato deverá individualizar as infrações investigadas
citando nome jurídico do tipo penal e artigo, a saber: Lesão Corporal praticada mediante
Violência Doméstica (0,1) – art. 129 (0,5), §9º (0,1), CP; Ameaça (0,1) – Art. 147, caput, do CP
(0,6); Obs.: alternativamente, admite-se a argumentação, desde que fundamentada, pela
aplicação do princípio da consunção, podendo restar, neste caso, o delito de ameaça absorvido
pelo crime de lesão corporal (atribuição da pontuação de 0,7, em substituição à tipificação da
ameaça). Posse irregular de arma de fogo de uso permitido (0,1) – art. 12 da Lei 10.826/03
(0,6); Obs.: Como o caso não individualiza o calibre da arma de fogo procurada, também se
admitirá como tipificação preliminar correta, alternativamente, o crime de Posse de Arma de
Fogo de uso restrito – art. 16, caput, da Lei 4 10.826/03). Citar a incidência da Lei 11.340/06
(0,3), tendo em vista a relação familiar prevista no art. 5º (0,1), II (0,1), da Lei 11.340/06.
(admite-se, alternativamente, o inciso I) Superada a tipificação preliminar das condutas, o
candidato teria que individualizar o objeto e local da busca de apreensão: indicar, de forma
precisa, o local da busca (0,7 pontos); mencionar os motivos e fins da diligência, especificando
o objetivo a ser arrecadado (0,7 pontos). Somente é atribuída pontuação integral aos
candidatos que citarem o dispositivo legal por completo. CITAÇÃO DOS ARTIGOS PERTINENTES
Art. 6º (0,4), incisos II (0,1) e III (0,1), do CPP; Art. 240 (1,0), § 1º (0,5), “d” (0,5), do CPP. 2,6

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Requerimento ESPECIFICAÇÃO DO PEDIDO: Pedido de deferimento da busca domiciliar (0,4),


com individualização do endereço e objeto da busca (0,1). 0,5 Final NOMENCLATURA DO
CARGO Delegado de Polícia Civil, fazendo as vezes de assinatura na representação (0,2). 0,2
Total 12,0 Nota de Esclarecimento: No que concerne à exigência de artigos em uma prova sem
consulta de legislação, esclarece-se que os dispositivos que fundamentam a resposta
considerada correta são óbvios, integrando o conhecimento básico da matéria, razão pela qual
não há qualquer empecilho à exigência.

Concurso: PCMS – Ano: 2017 – Banca: FEMPEMS

PEÇA PRÁTICA – Após autorização pelo juízo da 1ª Vara Criminal de determinada capital
brasileira para realização de interceptação de comunicações telefônicas, visando à
investigação do crime de lavagem de dinheiro, colheu-se a informação da prática do crime de
tráfico ilícito de drogas por membros da facção conhecida como “C)N” (Comando )ona Norte),
integrada pelos condenados Wesley Ferreira, Daniel Inocêncio, Lindomar Praxedes e Ribamar
das Neves, que cumprem penas, pela prática de crime de roubo (art. 157 do Código Penal), há
pelo menos 15 meses na mesma cela em Penitenciária Estadual de Segurança Máxima.
Baseado nessas informações, foi instaurado novo Inquérito Policial para apurar eventual
prática de tráfico de drogas e/ou de outros ilícitos. Dos esforços investigativos, inclusive
advindos de nova interceptação de comunicações telefônicas autorizada pelo juízo da 2ª Vara
Criminal dessa mesma capital, foi possível compreender que todo o gerenciamento e a divisão
de tarefas são definidos verbalmente entre os suspeitos, no interior do estabelecimento
prisional, bem como se constatou que os referidos reclusos vêm cooptando outros membros,
inclusive não aprisionados, visando a integrar a facção e ampliar seu poder de atuação. Não
obstante, não foi possível estabelecer indícios suficientes de autoria e prova cabal da
materialidade delitiva, razão pela qual não se concluiu Inquérito Policial. Em face do caso
narrado, na qualidade de Delegado de Polícia responsável pela investigação, elabore,
fundamentadamente, a medida pertinente ao caso, visando à constituição de justa causa para
o oferecimento de eventual ação penal.

SUGESTÃO DE RESPOSTA:

EXMO. SR. DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 2ª VARA CRIMINAL DE DETERMINADA CAPITAL


BRASILEIRA

SIGILOSO

Referente ao Inquérito Policial de nº

REPRESENTAÇÃO POR INFILTRAÇÃO POLICIAL

O Delegado de Polícia que ao final subscreve, no exercício dos poderes conferidos pelo
art. 144, §4º, da CRFB e pelo art. 2º, §1º da Lei nº 12.830/13, diante dos fatos investigados no
inquérito policial em epígrafe, com fundamento no art. 3º, VII, da Lei nº 12.850/13 e no art. 53,
I, da Lei nº 11.343/06, vem à presença de Vossa Excelência representar pela infiltração de
agente da Polícia Civil pelo prazo de até 6 (seis) meses, na organização criminosa conhecida
como Comando Zona Norte, pelos motivos de fato e de direito expostos abaixo.

A partir de interceptações telefônicas concedidas no âmbito de investigação de crime


de lavagem de dinheiro pela 1ª Vara Criminal desta capital, tomou-se conhecimento de que
determinada facção criminosa (Comando Zona Norte) estaria praticando tráfico de drogas.

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Facção esta composta pelos indivíduos Wesley Ferreira, Daniel Inocêncio, Lindomar Praxedes e
Ribamar das Neves, todos recolhidos na mesma ala/cela na Penitenciária Estadual de
Segurança Máxima, há pelo menos 15 meses, cumprindo pena pela prática de crime d e roubo.

De posse dessas informações, instaurou-se o presente inquérito policial e, igualmente


por meio de interceptações telefônicas judicialmente autorizadas, percebeu-se que,
efetivamente, os indivíduos acima citados estariam envolvidos com o tráfico d e drogas, mas
que o gerenciamento e o acerto acerca da prática do tráfico se daria verbalmente entre os
suspeitos no interior do próprio estabelecimento prisional, inclusive com a cooptação de mais
integrantes.

Diante desse contexto, a coleta de elementos de convicção a fim de comprovar a


própria materialidade delitiva resta extremamente dificultada, afigurando-se medida
adequada – para se angariar provas sobre o que já se compreendeu por meio das referidas
interceptações – a infiltração de policial civil na mesma cela onde os suspeitos cumprem pena.
Dessa forma, poder-se-á obter provas sobre o crime, assim como sobre a estrutura utilizada no
tráfico de drogas, bem como descobrir quem seriam as pessoas que vêm sendo cooptadas e
que já integram a organização criminosa em tela.

Juridicamente, amparam a presente representação os arts. 1º, §1º; 10, §2º; e 11 da Lei
nº 12.850/13, e o art. 53, I, da Lei nº 11.343/06. A Lei nº 12.850/13, que define organização
criminosa e dispõe sobre os meios de obtenção de prova, em seu art. 1º, § 1º, define o que seja
considerado organização criminosa: a associação de quatro ou mais pessoas, estruturalmente
ordenadas, e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que, informalmente, com o objetivo
de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de
infrações penais cujas penas máximas sejam superiores a 4 (quatro) anos, ou que sejam de
caráter transnacional.

Conforme explanado acima, resta evidenciado que estamos diante de quatro indivíduos
já identificados como associados para a prática de tráfico de drogas, crime que possui pena
máxima superior a quatro anos (art. 33 da Lei nº 11.343/06, pena máxima de quinze anos).
Logo, plenamente aplicável a disciplina da Lei nº 12.850/13.

Uma das técnicas de investigação reguladas pela referida Lei é justamente a infiltração
de agentes na organização criminosa. Consoante disposto no art. 10, §2º, da Lei nº 12.850/13,
será admitida a infiltração se houver indícios de infração penal e se a prova não puder ser
produzida por outros meios disponíveis.

Com efeito, não há meio alternativo para se angariar as provas necessárias para
comprovar o envolvimento dos referidos detentos no crime de tráfico de drogas, na medida em
que, como já destacado, as conversas sobre a traficância ocorrem exclusivamente por contato
pessoal, diretamente no interior do presídio. Assim, a concessão de infiltração é medida que se
impõe. Cumpre destacar que a Lei de Drogas, igualmente pressupondo que em algumas
hipóteses se afigura imprescindível, admite a infiltração policial, desde que com a autorização
judicial ora almejada, como meio de obtenção de provas, nos termos do art. 53, I.

Diante do exposto, com fundamento nos arts. 10, §§1º a 5º, e 11, todos da Lei nº
12.850/13, combinado com o art. 53, I, da Lei nº 11.343/06, represento pela autorização de
infiltração de agente policial, como se condenado fosse, na mesma cela da Penitenciá ria
Estadual de Segurança Máxima onde estão os apenados Wesley Ferreira, Daniel Inocêncio,
Lindomar Praxedes e Ribamar das Neves, pelo prazo de até seis meses, a fim de coletar
informações que comprovem a prática de crime de tráfico de drogas pelos mesmos, apurando

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a estrutura da organização e a identidade dos indivíduos que foram cooptados, devendo-se


colher, previamente, o parecer do Ministério Público.

Local, data.

Assinatura

Delegado de Polícia

OBSERVAÇÃO: Consta que a banca examinadora também admitiu como resposta a essa
questão a elaboração de uma peça em que se representava pela captação ambie ntal de sinais
acústicos.

GABARITO DA BANCA EXAMINADORA:

PEÇA: INFILTRAÇÃO POR AGENTE POLICIAL – IDENTIFICAÇÃO E ESTRUTURA DA PEÇA –


Representação para operação de infiltração por agente policial em atividade/tarefa de
investigação. ENDEREÇAMENTO – Exmo Sr. Dr. Juiz de Direito da 2ª Vara Criminal de
determinada capital brasileira. PREÂMBULO DA PEÇA – Sigiloso – Autos do Inquérito Policial n.
– O Delegado de Polícia Civil que, ao final subscreve, no exercício dos poderes conferidos pelo
art. 144, § 4º da Constituição Federal, pelo art. 2°, § 1°da lei 12.830/2013, diante dos fatos
investigados no Inquérito Policial em epígrafe, com fundamento no i nciso VII, do art. 3º, da Lei
12.850/2013 e no inciso I do art. 53 da Lei n. 11.343/2006, vem à presença de Vossa Excelência
representar pela infiltração de agente de Polícia Civil pelo prazo de até 6 (seis) meses, na
organização criminosa conhecida como Comando Zona Norte pelos motivos de fato e de
direito a seguir expostos: SÍNTESE DOS FATOS – Não deveria criar dado não fornecido na
situação problema e não deverá omitir dado relevante exposto. – Pedido da infiltração,
demonstrando a imprescindibilidade da medida e o prazo necessário. – Pedido da oitiva do MP
– Sigilo da medida – FUNDAMENTAÇÃO LEGAL E JURÍDICA – Demonstração da necessidade da
medida – – Indícios de prática de infração penal cuja pena máxima é superior a quatro anos
praticada por organização criminosa; – Inexistência de outros meios disponíveis visando a
constituição de respectivas provas; – Ter restado demonstrado por meio de interceptação
telefônica que as tarefas são definidas verbalmente entre os suspeitos no interior do
estabelecimento prisional, bem como que os internos vêm cooptando outros membros,
inclusive não aprisionados para integrar a respectiva facção. BASE LEGAL – Art. 1°, § 1° – Lei
12.850/13 – Arts. 10, § 2º e 11 – Lei 12.850/13 – Art. 53, I – Lei 11.343/06 -ALCANCE DA
TAREFA DOS AGENTES – Infiltração de agente policial, como se condenado fosse, em
Penitenciária Estadual de Segurança Máxima na mesma ala/cela onde Wesley Ferreira, Daniel
Inocêncio, Lindomar Praxedes e Ribamar das Neves cumprem pena. – Com a finalidade de
obtenção de novas provas sobre o crime e a estrutura utilizada no tráfico de drogas, bem
como descobertas das identidades das pessoas por eles cooptadas e que vem integrando a
organização criminosa em comento. NOMES DOS INVESTIGADOS – Wesley Ferreira, Daniel
Inocêncio, Lindomar Praxedes e Ribamar das Neves – LOCAL DA INFILTRAÇÃO – Penitenciária
Estadual de Segurança Máxima CLAREZA E OBJETIVIDADE NA ELABORAÇÃO DA PEÇA

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:

GONÇALVES, Victor Eduardo Rios; JUNIOR, José Paulo Baltazar. Legislação Penal Especial
Esquematizado. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2016. pp. 726-729.

Concurso: PCBA – Ano: 2018 – Banca: VUNESP

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PEÇA PROCESSUAL - Ana Amélia de Souza, nesta data, foi até a 7a Delegacia de Polícia de
“alvador e fez o seguinte relato: “Conviveu com Renato Aguiar por cinco anos e três meses,
com quem teve um filho, Pedro, e separou-se do companheiro há pouco mais de um ano em
razão das muitas brigas e agressões. Inconformado com a separação, Renato, desde então,
passou a persegui-la na saída da empresa em que trabalha, proferindo ameaças. Em setembro
de 2017, solicitou e obteve a medida protetiva que proibia a aproximação do ex-companheiro
de sua casa e do local de trabalho, bem como qualquer tipo de comunicação. Renato nunca
obedeceu aquela ordem judicial. Por duas vezes, entre dezembro de 2017 e o início de 2018,
Renato a parou na rua e, torcendo com muita força seu braço, repetiu que não aceita viver
longe da ex-mulher e que nenhum estranho vai criar seu filho. Registrou as ocorrências porque
ficou com os braços machucados, e mesmo assim Renato continuou com as ameaças e
tentativas de agressão, esperando sempre próximo da residência e do trabalho de Ana Amélia,
e gritando que se não voltar a conviver com ele não ficará com mais ninguém. Hoje pela
manhã Renato invadiu sua casa, tirou do bolso uma faca e desferiu facadas que a acertaram na
palma da mão direita, braço e ombro esquerdos. Vizinhos ouviram os gritos, interromperam a
agressão e a levaram ao hospital, onde foi medicada e liberada. Depois disso, Renato foi
embora, mas tem certeza de que ele voltará para novamente atormentá-la, até acabar tirando
sua vida. Durante o tempo em que estava na Delegacia de Polícia, recebeu mensagens de texto
enviadas por Renato, por meio de aplicativo, com os seguintes dizeres: “sei que está na
delegacia, mas isso não acabou, ou você fica comigo ou não fica com ninguém, não tem
delegacia ou fórum que vá te salvar, entendeu né...”.” Cansada de ser perseguida, ameaçada e
agredida pelo ex-companheiro, requer providências da Autoridade Policial. Na unidade policial
foi localizado o Inquérito Policial de no 114/2017, que reúne as oitivas da vítima Ana Amélia de
Souza, os laudos de exame de corpo de delito, demonstrando duas lesões corporais de
natureza leve, ocorridas em 20 de dezembro de 2017 e 8 de fevereiro de 2018, as assentadas
das testemunhas confirmando as agressões e ameaças nesse período. Renato não foi ouvido
nos autos porque não respondeu às três intimações entregues pessoalmente. Aos autos do IP
no 114/2017 foram juntadas a atual oitiva da vítima, sua ficha médica, relatando as lesões, e a
requisição para novo exame de corpo de delito. Em continuidade a essas providências, e no
papel de Delegado de Polícia responsável pelas atividades de Polícia Judiciária, redija a peça
processual adequada e tendente a fazer cessar a violência sofrida por Ana Amélia de Souza.
Fundamente e motive.

SUGESTÃO DE RESPOSTA:

A peça deverá ser a REPRESENTAÇÃO PELA PRISÃO PREVENTIVA

FUNDAMENTOS JURÍDICOS:

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO...

A 7ª Delegacia de Polícia de Salvador vem REPRESENTAR a Vossa Excelência pela


PRISÃO PREVENTIVA de Renato Aguiar, apontado e reconhecido pela vítima, Ana Amélia de
Souza, como autor de reiterados atos de violência familiar, nos termos do Código de Processo
Penal, em consonância com a Lei no 11.340/2006 e Súmula 600 do STJ.

DOS FATOS:

A vítima conviveu por mais de cinco anos e separou-se de Renato Aguiar há um ano em
razão de agressões físicas sofridas durante a coabitação, todavia a medida não foi suficien te

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para pôr fim à violência, conforme cópias dos exames de corpo de delito e das assentadas que
integram os autos do IP no 114/2017, além da ficha médica e do exame de corpo de delito
requisitado para documentar a agressão ocorrida nesta data.

O autor não respeitou as medidas protetivas impostas anteriormente. Renato Aguiar


agrediu fisicamente Ana Amélia no dia de hoje, e a ameaçou mesmo sabendo que a vítima
estava no interior da unidade policial, o que demonstra sua periculosidade e a possibilidade
real de repetir a violência.

A prisão preventiva de Renato Aguiar é a única medida capaz de fazer cessar a


violência praticada contra Ana Amélia de Souza.

O autor persegue a vítima mesmo depois da separação e não se intimidou com a


presença dela na Delegacia de Polícia, continuando a ameaçá-la, já não obedeceu às medidas
protetivas impostas anteriormente. Renato não atendeu as ordens policiais pretéritas para
comparecer na unidade policial.

DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS:

Não é exigida coabitação entre autor e vítima para a configuração da violência


doméstica e familiar, prevista no artigo 5o da Lei no 11.340/2006, conforme teor da Súmula
600 do STJ, aprovada em 22.11.2017.

DO PEDIDO:

Considerando a natureza e gravidade dos crimes reiteradamente perpetrados,


demonstrada está a imprescindibilidade da custódia cautelar, bem como seus requisitos,
especialmente dada a necessidade de resguardar-se a integridade física e psíquica da vítima.
Assim, e considerando, também, a capacidade de Renato Aguiar furtar-se a ação da justiça, é
imprescindível a DECRETAÇÃO DE SUA PRISÃO PREVENTIVA, nos exatos termos do artigo 312
do Código de Processo Penal, artigo 20 da Lei no 11.340/2006 (Lei Maria da Penh a),
combinados com o teor da Súmula 600 do STJ, que estende a ex-companheiros a configuração
da violência doméstica e familiar prevista no artigo 5o da Lei no 11.340/2006.

Atenciosamente.

Local, data

Delegado de Polícia da 7a Delegacia de Polícia de Salvador

GABARITO DA BANCA EXAMINADORA:

A questão é de média complexidade porque requer conhecimentos específicos e leitura


atenta. A peça prescinde de forma rígida, redigida em forma de representação, pode ser
elaborada por meio de ofício ou de petição, dirigida ao Juiz de Direito. Entretanto, é necessário
que contenha os fundamentos jurídicos e a respectiva motivação. A citação genérica à prisão
preventiva, mas não direcionada à decorrente de violência doméstica (atribuição de metade
da pontuação correspondente). Prisão Temporária não pontua. 15 N2 - Lei Maria da Penha -
violência doméstica A prisão deve ter como fundamento, também, a Lei Maria da Penha, em
razão da violência doméstica. A alegação de violência contra a mulher, sem citar a lei Maria da
Penha (atribuição de metade da pontuação correspondente) 15 N3 - Súmula 600 STJ Não

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foram atribuídos pontos a esse quesito Esperava-se que o candidato mencionasse a súmula ou,
pelo menos, indicasse seu conteúdo como sumulado, ou ainda, a não exigência de convívio
para a configuração de violência e familiar de acordo com a jurisprudência. Zero N4 -
Motivação A prisão preventiva do autor é a única medida capaz de fazer cessar a violência
(também aceita-se: impedir a continuidade dos delitos contra a vítima, proteção da vítima,
resguardo de sua integridade). Atribuição de metade da pontuação para argumentos tais
como: assegurar a continuidade das investigações, garantia da ordem pública, conveniência da
instrução criminal, assegurar a aplicação da lei penal, assegurar o cumprimento da medida
protetiva anterior ou sua eficácia. 20 O autor descumpriu a medida protetiva anterior e
ameaçou a vítima mesmo quando ela estava na unidade policial. Haverá diminuição de pontos
quando somente um dos argumentos for citado. O autor não compareceu na unidade policial
mesmo depois de intimado. Aceita-se: não compareceu à delegacia, deixou de obedecer às
intimações. N5 – Descontos -1 Total 50 Observações: 1. Utilização de dados ou hipóteses
conflitantes = pontuação zero referente ao critério correspondente. 2. Nome da representação
combinado com estrutura inadequada = pontuação zero referente ao critério correspondente.
3. Problemas relacionados a raciocínio jurídico, objetividade, clareza, ortografia e gramática
devem ser considerados como deméritos.

Concurso: Polícia Federal – Ano: 2018 – Banca: CESPE

PEÇA PROFISSIONAL Em uma fiscalização da Polícia Rodoviária Federal, Joaquim Melo foi preso
ao transpor a fronteira do Paraguai com o Brasil, mais especificamente na cidade de Foz do
Iguaçu – PR, com expressiva quantidade de cocaína acondicionada em um fundo falso
acoplado ao veículo por ele conduzido, registrado em nome de Valéria Costa. Em razão disso,
Joaquim foi apresentado à autoridade policial federal de Foz do Iguaçu, e a substância
apreendida foi encaminhada para exame preliminar, que constatou tratar-se de cocaína pura,
em um total de 5 kg. Joaquim relatou que a droga era de propriedade de Luís Costa e que o
veículo pertencia à prima de Luís, Valéria Costa, cujo endereço foi indicado pelo autuado, o
qual informou, ainda, que ela estaria em sua residência, localizada em Foz do Iguaçu,
aguardando o carregamento para, então, transportá-lo no veículo até o interior de São Paulo,
onde Luís prepararia e distribuiria a cocaína. De imediato, Valéria foi localizada e franqueou a
entrada dos policiais federais em sua casa, que descobriram que havia no local outra
quantidade de cocaína, que também seria entregue a Luís. Joaquim e Valéria foram presos e
autuados em flagrante delito, como incursos nas sanções do art. 33, caput, c/c art. 35, caput, e
art. 40, incisos I e V, da Lei n.º 11.343/2006. No interrogatório, Valéria afirmou que Joaquim e
ela eram encarregados do transporte da droga entre o Paraguai e o Brasil e que, quinze dias
antes da prisão, já haviam entregado a Luís um carregamento de cocaína, na mesma
quantidade, oriundo do Paraguai. Segundo Valéria e Joaquim, o entorpecente estava sendo
comercializado no estado de São Paulo. No curso do inquérito policial e no prazo dos autos, a
autoridade competente efetuou diversas diligências visando localizar Luís, porém não obteve
êxito. Em razão disso, Luís Costa foi indiciado nas mesmas sanções penais já citadas,
procedendo-se à sua qualificação indireta com base em prontuário de identificação civil,
ocasião em que se verificou tratar-se de indiciado primário, sem anotações criminais
anteriores. De acordo com o relato da equipe de investigação, Luís, após ter tomado
conhecimento da prisão dos comparsas e de seu indiciamento nos autos do inquérito policial,
fugiu para local incerto e não sabido, com a pretensão de deixar o país. Valéria e Joaquim,
após as formalidades legais decorrentes da prisão, foram recolhidos ao sistema penitenciário,
onde permanecem à disposição da justiça. Antes, porém, relataram à autoridade policial
verdadeiro temor por terem indicado Luís como coautor do crime. Segundo eles, Luís é uma

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pessoa perigosa e vingativa e com fortes contatos na facção criminosa que comanda o tráfico
internacional de drogas para os estados do Paraná e de São Paulo. Em audiência de custódia,
as prisões em flagrante de Valéria e de Joaquim foram convertidas em custódias preventivas.
No prazo estabelecido na Lei n.º 11.343/2006, foi concluído o inquérito policial com farta
prova da materialidade e da autoria dos delitos atribuídos aos indiciados, tendo a autoridade
policial concluído e relatado os autos e tendo, em apartado, representado pela prisão de Luís
Costa. Tendo em vista os fatos relatados na situação hipotética apresentada, na qualidade de
delegado da Polícia Federal que tenha presidido as investigações, formule a representação
contra Luís Costa, indicando a modalidade de prisão cautelar que melhor se ajuste às
circunstâncias apresentadas e esclarecendo os fundamentos jurídicos do pedido. Não
acrescente fatos novos.

SUGESTÃO DE RESPOSTA:

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA XX VARA FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA


DO ESTADO DO PARANÁ.

O Departamento de Polícia Federal, por intermédio do delegado de Polícia Federal que


ao final subscreve, no exercício dos poderes conferidos pelo art. 144, § 1.º, inc. II, da
Constituição Federal de 1988, e com fulcro nos arts. 311, 312 e 313, inciso I, todos do Código de
Processo Penal, vem perante V. Exa. representar pela decretação de

PRISÃO PREVENTIVA

Em desfavor de LUÍS DA COSTA, devidamente qualificado, pelos fatos e fundamentos a seguir


expostos.

DOS FATOS

Em uma fiscalização da Polícia Rodoviária Federal, JOAQUIM MELO foi preso ao


transpor a fronteira do Paraguai com o Brasil, mais especificamente na cidade de Foz do
Iguaçu – PR, portando expressiva quantidade de cocaína acondicionada em um fundo falso
acoplado ao veículo que conduzia, registrado em nome de VALÉRIA DA COSTA. JOAQUIM MELO
foi apresentado à autoridade policial signatária, tendo sido providenciado o exame preliminar
da substância apreendida, cujo laudo pericial apontou tratar-se de cocaína pura, perfazendo
um total de 5 kg. Verificou-se, na ocasião, que o veículo no qual era transportado o
entorpecente pertencia a VALÉRIA DA COSTA e que a droga era de propriedade de LUÍS DA
COSTA.

JOAQUIM relatou que o veículo era de propriedade de VALÉRIA, prima de LUÍS DA


COSTA, a qual, no momento da prisão, aguardava o carregamento da droga em sua residência,
em Foz do Iguaçu, para, então, se encarregar de transportá-la no mesmo veículo até o interior
de São Paulo, onde LUÍS DA COSTA procederia ao preparo e à distribuição da cocaína. Em seu
relato, JOAQUIM indicou o endereço onde se localizava VALÉRIA. Uma equipe de policiais
federais dirigiu-se ao endereço de VALÉRIA DA COSTA, que franqueou a entrada dos policiais
federais em sua casa, local em que foi apreendida igual quantidade de cocaína, que também
seria entregue a LUÍS DA COSTA.

No interrogatório, VALÉRIA DA COSTA confirmou a autoria do crime e acrescentou que,


juntamente com JOAQUIM MELO, era encarregada do transporte da droga entre o Paraguai e
o Brasil. Afirmou que, quinze dias antes da prisão, utilizando o mesmo modus operandi, haviam

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entregado a LUÍS DA COSTA um carregamento de cocaína, na mesma quantidade apreendida,


que estaria sendo comercializado no estado de São Paulo. Tais fatos foram também
confirmados por JOAQUIM MELO. JOAQUIM MELO e VALÉRIA DA COSTA foram presos e
autuados em flagrante delito, como incursos nas sanções do art. 33, caput, c/c art. 35, caput, e
art. 40, incisos I e V, da Lei n.º 11.343/2006 e, após as formalidades legais pertinentes à prisão,
foram encaminhados ao sistema prisional, onde permanecem à disposição da justiça.

Ao seu turno, LUÍS DA COSTA foi indiciado nas mesmas sanções penais e qualificado
indiretamente com base em seu prontuário de identificação civil, haja vista não ter sido
localizado, apesar das diligências então encetadas nesse sentido. Segundo a equipe de
investigação, LUÍS DA COSTA, após ter tomado conhecimento da prisão dos comparsas e de seu
indiciamento nos autos do inquérito policial, fugiu para local incerto e não sabido, com
pretensão de deixar o país.

Registre-se, por oportuno, que os indiciados relataram a esta autoridade policial


verdadeiro temor por terem apontado LUÍS DA COSTA como coautor do crime, sob o
argumento de que se trata de pessoa perigosa e vingativa e com fortes contatos na facção
criminosa que comanda o tráfico de drogas nos estados do Paraná e de São Paulo. Essa é a
síntese dos fatos.

DA PRISÃO PREVENTIVA

A materialidade do delito se encontra estampada no laudo pericial da substância


apreendida, o qual atestou tratar-se de cocaína pura, perfazendo um total de 5 kg. No
pertinente à autoria, o exame dos autos revela que VALÉRIA DA COSTA e JOAQUIM MELO, em
associação criminosa com LUÍS DA COSTA, atuam no tráfico de drogas, de forma reiterada,
sendo certo que a natureza e a quantidade do produto apreendido, bem como a sua
procedência evidenciam a transnacionalidade do delito.

LUÍS DA COSTA foi indiciado como incurso no art. 33, caput, c/c art. 35, caput, e art. 40,
incisos I e V, da Lei n.º 11.343/2006, que configuram crimes dolosos punidos com pena
privativa de liberdade máxima superior a quatro anos, sendo, portanto, aplicável o requisito de
direito, disposto no inciso I, do art. 313, do CPP, in verbis: Art. 313. Nos termos do art. 312
deste Código, será admitida a decretação da prisão preventiva: I – nos crimes dolosos punidos
com pena privativa de liberdade máxima superior a 4 (quatro) anos.

De igual sorte, as suficientes provas da existência dos crimes e os seguros indícios de


sua autoria (fumus comissi delicti) reúnem as hipóteses de risco à persecução penal,
devidamente elencadas no art. 312 do CPP, que preceitua a necessidade da prisão preventiva
para a garantia da ordem pública, por conveniência da instrução criminal, e para a
asseguração da aplicação da lei penal (periculum libertatis).

Os fatos narrados nos autos apontam de maneira concreta a necessidade de garantia


da ordem pública, considerando-se a real possibilidade de LUÍS DA COSTA, ainda de posse da
significativa quantidade de cocaína entregue a ele poucos dias antes da prisão de JOAQUIM e
VALÉRIA, continuar com a atividade criminosa, cabendo ao Poder Judiciário, dada a gravidade
da situação, resguardar o meio social de maiores danos.

Não resta dúvida de que a ordem pública ficará protegida com a prisão de LUÍS, que é
peça-chave na engrenagem da associação criminosa. Premente, ainda, é a efetiva necessidade
de assegurar a aplicação da lei penal, dada a possibilidade concreta de fuga do requerido, que

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se encontra ainda em local incerto e não sabido, existindo fundado receio de que este
empreenda fuga para outro país.

Por fim, LUÍS DA COSTA foi descrito como pessoa perigosa, com fortes contatos na
facção criminosa que comanda o tráfico de drogas nos estados do Paraná e de São Paulo,
sendo certo que, em liberdade, poderá impor sérios riscos à instrução criminal. Assinale-se, de
igual sorte, que a sua primariedade não afasta a presunção de periculosidade, tampouco
possui o condão de impedir eventual decreto de prisão cautelar.

À vista do exposto e concluídos os autos do inquérito policial que ora seguem, a


autoridade policial que esta subscreve, respeitosamente, REPRESENTA pela decretação da
prisão preventiva de LUÍS DA COSTA, com base nos arts. 312 e 313, I, do Código de Processo
Penal, expedindo-se, por consequência, a efetiva ordem de prisão, após a oitiva do
representante do Ministério Público.

Local e data.

DELEGADO DE POLÍCIA

GABARITO DA BANCA EXAMINADORA:

Quesito 2.1 0 – Não faz a representação pela prisão preventiva. 1 – Apresenta representação
pela prisão preventiva, mas não inclui nenhum dos elementos que compõem a peça
processual (endereçamento, narrativa dos fatos, fundamentação jurídica e pedido). 2 –
Apresenta representação pela prisão preventiva, mas inclui apenas um ou dois dos elementos
que compõem a peça processual (endereçamento, narrativa dos fatos, fundamentação jurídica
e(ou) pedido). 3 – Apresenta representação pela prisão preventiva e inclui todos os elementos
que compõem a peça processual (endereçamento, narrativa dos fatos, fundamentação jurídica
e pedido). Quesito 2.2 0 – Não apresenta os fundamentos e requisitos do art. 312 do CPP
(fumus comissi delicti e periculum libertatis). 1 – Apresenta um ou dois dos requisitos da prisão
preventiva, aplicáveis à situação hipotética, porém, sem fundamentação jurídica consistente,
nos termos do art. 312 do CPP. 2 – Apresenta pelo menos três requisitos da prisão preventiva
elencados no art. 312 do CPP, aplicáveis à situação hipotética, com fundamentação jurídica
consistente. 3 – Apresenta todos os requisitos do art. 312 do CPP: provas suficientes da
existência dos crimes e seguros indícios de autoria (podendo fazer menção à expressão fumus
comissi delicti); prisão preventiva para a garantia da ordem pública, conveniência da instrução
criminal, e asseguração da aplicação da lei penal (podendo fazer menção à expressão
periculum libertatis). Quesito 2.3 0 – Não apresenta os fundamentos e requisitos do art. 313, I,
do CPP (crimes dolosos punidos com pena privativa de libe rdade máxima superior a quatro
anos). 1 – Apresenta apenas um dos requisitos do art. 313, I, do CPP, com fundamentação
jurídica limitada. 2 – Apresenta os requisitos do art. 313, I, do CPP (crimes dolosos punidos
com pena privativa de liberdade máxima superior a quatro anos), de forma satisfatória e
juridicamente consistente.

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