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Portugal
Sandra Esteves
Uma das Maravilhas de Portugal é, sem dúvida o
símbolo da nossa Pátria: o Castelo de Guimarães, de
facto é um trabalho cuja limitação de páginas deixa
muito mais a revelar pois o Castelo é uma
representação de um povo, de tempos vividos e que
sem eles nenhum monumento faria sentido se não
fosse a História dos Homens que por ele passaram e
o seu cunho representado com a amplitude e
Curso Técnico/a nobreza da cultura de um Portugal diferente mas
CAD/CAM ousado pela sua arrojada ambição de vitória!
Formadora: Dra.Helena
Portugal é uma vitória dos nossos antepassados, pelo
Carvalho seu sangue derramado e pela sua bravura a eles se
deve a herança do que somos, Portugueses.
Módulo:
12 de Fevereiro 2010
EPVC
Castelo de Guimarães
O castelo de Guimarães é sem sombra de dúvida, o símbolo da nacionalidade
portuguesa. Não poderia, portanto deixar de falar de forma especial deste belo
e altivo castelo construído com tanta arte, sabedoria e magnificência.
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Tendo enviuvado aproximadamente em 928,
Mummadona viu-se senhora de vastíssimos
bens, que em Julho de 950 partilhou com os
seus filhos – cinco homens e uma mulher – para
logo a seguir, animada de viva religiosidade,
fundar na vila baixa um mosteiro, ao qual, nove
anos depois, em Janeiro de 959, fez uma
amplíssima doação de terras, gados, rendimento,
ricos ornamentos de culto e livros religiosos.
Já nesse ano, e em anos seguintes por mais de uma vez, monges e monjas
estariam de olhos postos no seu refugio castrejo e prestes a correrem para ele.
Primeiro porque justamente desde os alvores desse 968, largamente se
espalharam pelas terras da Galiza, levando-as a ferro e fogo, os oito mil
normandos do viking Gunderedo, que só muito mais tarde vieram a ser
vencidos e expulsos; depois, porque em várias ocasiões andou a guerra pelo
norte de Portugal, movida ora por muçulmanos, ora por normandos.
Nomeadamente em 997, quando Mohâmede Abu-Amir, o celebre Al-mansor,
vindo de Cória, fez caminho pela Beira, veio ao Porto, e, como o seu objectivo
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era destruir Compostela, deve ter
seguido, desde aquela cidade, pela
estrada romana que a ligava a Braga,
passando portanto a uns quinze
quilómetros de Guimarães, em
marcha bélica embora não agressiva;
mais perigosamente em 1010 ou
1016, porque então uma orla
normanda invadiu a região ao sul do
Minho e chegou às vizinhanças de
Guimarães, pois assolou as terras da
vizinha Vermoim, e cujo castelo
assaltou.
Sobre as muralhas
corre um amplo
corredor, com acesso
interior por fortes
escadarias de pedra,
ligado na sua face
oeste por uma ponte
de madeira, à porta de entrada da torre de homenagem, aberta na equivalente
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altura duns extensos cinco metros; finalmente, corredores e terraços das torres
e pavilhões, defendido por parapeitos coroados de ameias. No terreiro, junto à
muralha do norte, uma casa, visivelmente de habitação, cujas reduzidas
dimensões testemunham esses
vestígios.
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mas, para tal, tem ainda de admitir-se que a reedificação empreendida por ele
ia já adiantada a ponto de abranger a conclusão do dito imóvel, e que só morto
o Conde, a viúva mudou-se do castelo para a vila. Tudo, afinal, hipóteses sobre
hipóteses, à espera dum milagre documental que resolva o problema. Aceite-
se, porém, que ou logo de começo, ou apenas depois, o discutido domicílio
serviu de moradia ao alcaide, que, no castelo de Guimarães, como
habitualmente, devia obrigatoriamente residir.
No decurso dos séculos XII a XIV, vários sucessos esmaltam a história militar
deste castelo. Nele deve ter resistido o jovem Afonso Henriques, quando em
1127, achando-se em Guimarães, ali veio mover-lhe guerra o rei de Leão,
Afonso VII, seu primo, com o objectivo de reduzi-lo à vassalagem de que, já em
luta com a mãe para obtenção do governo do condado portucalense, pretendia
libertar-se.
Em 1322, no decurso da
campanha movida pelo Infante D.
Afonso, futuro Afonso IV, contra o
pai, D. Dinis, pretendendo que
este lhe entregasse o governo,
tocou a vez a Guimarães, que o
impetuoso jovem veio cercar.
Novamente o castelo teve então
horas de fulgor, firmemente
defendido com êxito, bem como a
povoação, pelo seu alcaide, Mem
Rodrigues de Vasconcelos, avô dum homónimo que veio a ser, em 1385.
glorioso combatente na batalha de Aljubarrota.
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porque a ele se referiu um tanto pormenorizadamente o cronista Fernão Lopes.
Após a sua aclamação. D. João I seguiu para o norte em liquidação dos
núcleos de resistência ainda favoráveis à legalidade de poder régio da filha de
D. Fernando, e portanto as pretensões de seu marido, o rei de Castela; um
deles era o castelo de Guimarães, então a cargo de Aires Gomes da Silva. O
rei chegou ali no começo de Junho (1385), vindo do Porto com tropas e armas
julgadas suficientes, pois contava com elementos favoráveis na vila. Um
desses seus partidários, o escudeiro Afonso Lourenço Carvalho, que era o
melhor e mais honrado do lugar», ardilosamente conseguiu, numa das
imediatas noites que o guarda de uma das portas do muro exterior da vila a
abrisse: e logo por ela, com breve combate, entraram o Rei e os seus homens
de armas. Mas a resistência não tardou em organizar-se, e para assaltar o
chamado muro velho», decerto o do tempo de D. Alonso III, foi necessário
mandar vir do Porto mais material de guerra, prolongando-se a luta por
bastantes dias. Porém a decisão do alcaide, puramente legalista, e assim sem
o calor duma animação patriótica, acabou por fixar-se numa proposta de
tréguas, nos termos daquilo que se chamava «preitezia», isto é, numa
promessa de rendição, se em certo prazo a entidade a que fora prestada
fidelidade não acorria com socorro. Neste caso, estabeleceu se um prazo de 30
dias; mas o monarca castelhano, a quem foi passado o aviso, não enviou
Mas a história deste sucesso militar e político não haveria de encerrar-se sem
um apontamento sentimental. Gonçalo Marinho, que fora o emissário enviado a
Castela, estava noivo duma filha de Aires Gomes da Silva; porém quando a
mãe da noiva, após a derrota do marido, se acolheu a Castela, seu irmão,
Pedro Tenório, arcebispo de Toledo, opôs-se ao projectado casamento e
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consorciou-se com outro a prometida esposa de Gonçalo Marinho. Então este,
vendo afastada do seu lar aquela que sonhara lhe fosse nele companheira.
«fez-se frade de São Francisco, e assim acabou sua vida».
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Guimarães é uma cidade portuguesa situada no Distrito de Braga, região Norte e subregião
do Ave (uma das subregiões mais industrializadas do país), com uma população de 52 182
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Com os progresso militares, as muralhas e os castelos perdem importância e
no século XVI, o castelo de Guimarães funcionava como prisão, função que um
grupo de vimaranenses, em 1836, usou como justificação para pedirem a sua
demolição, o que não seria aceite, e já no reinado de D. Luís, em 1881, o
castelo é classificado como Monumento Histórico de Primeira Classe.
Actualmente está classificado como Monumento Nacional.
O seu aspecto exterior é muito nobre, com janelas ornadas de vitrais contendo
desenhos bastante harmoniosos. As proporções são muito agradáveis, sem
Em volta deste castelo existe toda uma áurea de prestígio, honra, emoção e
orgulho. A tudo isto há a acrescentar a beleza da paisagem e a obra de arte da
arquitectura feita na pedra.
habitantes. O município é limitado a norte pelo município de Póvoa de Lanhoso, a leste por
Fafe, a sul por Felgueiras, Vizela e Santo Tirso, a oeste por Vila Nova de Famalicão e a
noroeste por Braga. É uma das mais importantes cidades históricas do país, já com mais de
um milénio desde a sua formação, sendo o seu centro histórico considerado Património
Cultural da Humanidade
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Terá sido Guimarães a terra natal de Afonso Henriques que viria a ser o
primeiro Rei de Portugal.
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Lenda de Egas Moniz passada no Castelo de Guimarães
Egas Moniz passeou toda a noite na muralha do castelo de Guimarães. De vez em quando suspendia a
marcha e debruçava-se a olhar as fogueiras acesas no acampamento inimigo. O vento trazia-lhe vozes,
risos, palavras soltas que a distância não lhe permitia entender. Em todo o caso, uma coisa era certa: a
vantagem estava do lado de lá! D. Afonso VII trouxera consigo muitos cavaleiros, muitas armas e decerto
mantimentos para aguentar um cerco prolongado.
Ora dentro do castelo passava-se exactamente o contrário. Poucos eram os homens disponíveis e capazes
para a luta. Escasseavam as armas, e se ficassem ali fechados muito tempo faltariam não só os alimentos
como até a água.
Na qualidade de guerreiro apetecia-lhe apoiar os ímpetos de Afonso Henriques, que apesar de muito
jovem insistia em mandar abrir os portões para jogar tudo por tudo numa luta em campo aberto. Mas o
senso próprio da idade impedia-o. Já repetira várias vezes diante dos mais novos: «Só vale a pena ir à
luta quando há hipótese de vencer. Levantar a espada para uma derrota certa não é bravura, é loucura.»
Mas, por muito que se esforçasse, não conseguia convencer nem Afonso Henriques nem o seu filho
Lourenço, que o espicaçava por trás a dizer que eles os dois valiam por dez e dariam cabo dos inimigos à
espadeirada. A situação não podia prolongar-se indefinidamente; era preciso tomar uma decisão rápida,
não fossem os acontecimentos precipitar-se da pior maneira. Sempre passeando para cá e para lá nas
muralhas, Egas Moniz meditava: «D. Teresa encarregou-me de educar e proteger Afonso Henriques; essa
é a minha primeira obrigação. Não posso portanto consentir que arrisque a vida num acto tresloucado.
Que fazer, meu Deus?»
Para melhor equacionar o problema, foi formulando perguntas-chave, às quais dava resposta pronta.
«O que quer Afonso VII? Quer obrigar D. Teresa a jurar-lhe obediência. Ora ela não está cá, e se
estivesse também não sei o que faria; mas isso
agora não interessa. Preciso de forçar Afonso VII
a partir com os seus homens sem que haja luta.
Vou falar com ele.»
A primeira decisão estava tomada. Faltava decidir
o que havia de lhe dizer. Depois de muito pensar,
resolveu que tudo se passaria da seguinte
maneira: saía a horas mortas, para que ninguém
se apercebesse, dirigia-se à tenda do rei e
comprometia-se sob palavra de honra a que no
dia em que D. Afonso Henriques sucedesse à
mãe no governo do Condado Portucalense lhe
juraria obediência.
E assim foi. O rei aceitou a proposta; na manhã seguinte levantou o cerco e partiu.
No castelo de Guimarães toda a gente festejou o afastamento dos inimigos, e como não sabiam o porquê
da retirada inventaram-se logo uma série de versões.
No ano seguinte D. Afonso Henriques revoltou-se contra a mãe, derrotou os cavaleiros dela na batalha de
S. Mamede e tomou conta do governo. Só então Egas Moniz lhe contou a verdade sobre o cerco de
Guimarães. Em vez de agradecer, Afonso Henriques enfureceu-se:
- Jurar obediência ao meu primo? Prestar vassalagem a um homem que vale menos do que eu? Nunca!
Ele herdou o reino de Leão e Castela mas eu hei-de transformar o meu condado num reino independente.
Egas Moniz orgulhava-se de o ouvir falar assim, e não tentou dissuadi-lo. Mas como tinha dado a sua
palavra de honra, pensou que só a morte podia servir de resgate. Então dirigiu-se à cidade de Toledo
levando a mulher e os filhos, pois a vergonha da mentira recaía sobre toda a família. Apresentaram-se
diante de D. Afonso VII descalços, com o traje dos condenados à morte e uma corda ao pescoço. Perante
o assombro da corte, Egas Moniz declarou que, não podendo cumprir o juramento, estava ali disposto a
morrer com os seus. Pedia apenas para não ser enterrado por estranhos. Acompanhava-o um criado a
quem gostaria que encarregassem do serviço.
Afonso VII ficou profundamente impressionado. Um homem tão leal não merecia a morte! Libertou-o do
compromisso e mandou que regressasse a casa com a família em liberdade. O túmulo de Egas Moniz
encontra-se na igreja de Paço de Sousa e está decorado com figuras talhadas na pedra que ilustram a
história. Nem sequer falta o criado com a pá às costas.
in Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada, Portugal - História e Lendas, ed. Caminho
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